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FISIOLOGIA AULA 4 Prof. Alex Luís Genari 2 CONVERSA INICIAL Na aula de hoje, veremos detalhes sobre a funcionalidade anatômica e fisiológica do sistema renal. O organismo necessita excretar resíduos e toxinas oriundas do metabolismo. O sistema renal procura manter o equilíbrio dos líquidos no interior do organismo humano, proporcionando a homeostasia hídrica. Esse equilíbrio se dá após a filtragem do sangue pelos rins de produtos que não foram absorvidos pelo próprio metabolismo interno como água, sais e ureia. Ainda, os rins apresentam função hormonal, na conversão de vitamina D em sua forma ativa, na produção de eritropoietina, hormônio que estimula a síntese de eritrócitos e na produção do hormônio renina, envolvido no controle da regulação da pressão arterial. O objetivo dessa aula é destacar a funcionalidade do sistema renal em relação à dinâmica do funcionamento do corpo humano, interagindo com os demais sistemas, para evidenciarmos que o nosso organismo é único e que todos os sistemas estão interligados, instigando qualidade de vida a todo e qualquer indivíduo. Esta aula irá abranger os seguintes tópicos: 1. Estudar as funções do sistema renal; 2. Conhecer os órgãos que compõem o sistema renal, apresentando a sua morfologia macroscópica; 3. Vislumbrar a importância do néfrons; 4. Destacar as características da filtração glomerular; 5. Identificar os mecanismos da filtração glomerular, realizada pelos rins. Bons estudos! TEMA 1 – FUNÇÕES DO SISTEMA RENAL A principal função dos rins é a filtragem do sangue. A partir dessa atividade, outras funções surgem ao longo do processo de filtragem: • Regulação do volume e da composição do sangue: os rins ajustam o volume sanguíneo no corpo, restituindo a água ao sangue ou a eliminando na urina. Quando os rins reabsorvem a água nos túbulos contorcidos, levando-a até a corrente sanguínea, a urina ficará mais concentrada, isto 3 é, terá maior concentração de metabólitos e eletrólitos. Diferente dessa situação, se a urina for eliminada em maior quantidade, a concentração será menor; • Regulação dos níveis iônicos (eletrólitos) no sangue: os rins promovem a regulação nos níveis sanguíneos de vários eletrólitos, como os íons de sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+), cloreto (Cl+) e fosfato (HPO42); • Regulação do equilíbrio ácido-básico: em um exame de urina, o indivíduo poderá constatar: a) densidade: a densidade muita alta indica um processo de alta desidratação do indivíduo; b) acidez: em caso de elevada presença de íons de H+ na corrente sanguínea, maior é a sua eliminação na urina. Isso demonstra que os rins estão removendo as impurezas por meio da urina, possibilitando a regulação e o controle do pH sanguíneo; • Conservação de nutrientes: os rins permitem que moléculas como glicose, proteínas e hemácias sejam mantidos na corrente sanguínea e não eliminados pela urina, vistos que são moléculas e nutrientes importantes para o funcionamento do organismo. A eliminação de glicose pelos rins se chama glicosúria. A perda de proteínas pelos rins é denominada de proteinúria, sendo caracterizada como patologia grave no organismo do indivíduo. Já as hemácias não são consideradas macromoléculas, e sua perda em pequenas quantidades pelos rins é normal. Quando a incidência está elevada, é denominado de hematúria e precisa ser investigado por um especialista da área; • Excreção de resíduos metabólicos: ocorre especialmente em relação a eliminação de substâncias nitrogenadas, como: a ureia, ácido úrico e metabólicos oriundos da alimentação; • Regulação da hemodinâmica: é a regulação da pressão arterial. É realizada por meio da secreção da enzima renina, que controla a ação do hormônio aldosterona, produzido pela glândula suprarrenal, criando o sistema renina-angiotensina aldosterona o qual regula a pressão arterial; • Estímulo de síntese de eritrócitos: ocorre a partir da produção do hormônio eritropoietina pelos rins (90%), juntamente com o fígado (10%); 4 • Metabolismo ósseo de cálcio e fosfato. Os rins convertem a vitamina D em sua forma ativa: calcitriol, A vitamina D aumenta a absorção intestinal de cálcio e fósforo, disponibilizando-os para o sistema ósseo. TEMA 2 – ANATOMIA DO SISTEMA RENAL A necessidade de eliminar produtos do metabolismo e elementos químicos não essenciais ao organismo faz do sistema renal imprescindível, pois promove o equilíbrio do organismo, ou seja, a homeostasia, ao controlar a composição e o volume do sangue. Compõem o sistema renal os seguintes órgãos (Figura 1): dois rins (direito e esquerdo), dois ureteres (direito e esquerdo), uma bexiga e uma uretra. Figura 1 – Composição do sistema renal Créditos: La gorda/Shutterstock A seguir apresentamos as principais estruturas anatômicas do sistema renal. RIM DIREITO RIM ESQUERDO URETER BEXIGA URETRA 5 2.1 – Anatomia externa do rim Os rins são órgãos pares de coloração marrom-avermelhada, apresentando formato de um grão de feijão (Tortora, 2006, p. 532). Eles pesam por volta de 150 gramas e possuem cerca de 12 cm de comprimento. “São considerados órgãos viscerais retroperitoneais” (Di Dio, 2002, p.606), ou seja, estão localizados na região posterior da cavidade abdominal, na altura do músculo psoas maior. Do lado direito, o rim está próximo ao fígado e, do lado esquerdo, encontra-se em contato com o estômago e o pâncreas, sendo, portanto, pouco mais alto que o rim direito. Conforme a anatomia externa dos rins (Figura 2), estes apresentam duas extremidades, denominadas de: polo superior (na qual encontramos a glândula suprarrenal) e o polo inferior. Os rins apresentam duas bordas: medial e lateral. Na borda medial, encontramos o hilo renal, local de entrada e saída de vasos (artérias e veias), nervos e a pelve renal. As faces também são duas nos rins: anterior e posterior. O órgão é revestido por uma membrana fibrosa, denominada de cápsula fibrosa. Figura 2 – Anatomia externa do rim Créditos: Explode/Shutterstock 2.2 – Anatomia interna do rim Internamente (Figura 3), o rim apresenta estruturas anatômicas das quais muitas são microscópicas. Contudo, podemos estudar certas estruturas anatômicas sem o auxílio de microscópio: o córtex renal, a medula renal e a GLÂNDULA SUPRA RENAL POLO SUPERIOR POLO INFERIOR BORDA MEDIAL BORDA LATERAL 6 pelve renal. Vamos destacar as principais estruturas anatômicas internas que formam o rim macroscopicamente. • Córtex renal – região periférica do rim, onde encontramos a unidade funcional do rim, os néfrons, que podem chegar aproximadamente a um milhão e têm função de filtrar o sangue. Os néfrons encontrados nessa região são denominados de néfrons corticais. Essas estruturas anatômicas possuem os glomérulos que internamente realizam a filtração do sangue. O sangue, para chegar até a parte interna do glomérulo, entra pela arteríola aferente e depois saí pela arteríola eferente (Figura 3). O subproduto produzido após a filtragem será a urina, que será coletada pelos túbulos coletores, levando para os cálices menores e estruturas seguintes (Figura 4); Figura 3 – Anatomia microscópica do rim Créditos: sciecepics/shutterstock • Medula renal – região central, abaixo do córtex renal, onde encontramos as pirâmides renais (estrutura anatômica que visa coletar a urina processada no córtex renal) e as colunas renais. Encontramos também, nessa região a presença de néfrons, denominados de néfrons justamedulares, os quais produzem mais urina em relação aos néfrons corticais, pois são mais longos; ARTERÍOLA EFERENTE GLOMÉRULO ARTERÍOLA AFERENTE CAPSULA DE BOWMAN TÚBULO PROXIMAL 7 • Pirâmides renais – estrutura anatômica, entre 8 a 18 cones invertidos, formados por inúmeros túbulos coletores.A função é drenar o produto da filtração do sangue para a pelve renal. A formação dos túbulos coletores se deu por meio de estruturas anteriores como: o túbulo contorcido distal – alça de Henle – túbulo contorcido proximal (em relação ao glomérulo, local onde aconteceu a filtragem do sangue). A estrutura detalhada do néfrons será abordada no Tema 3; • Coluna renal – expansão do córtex renal, entre as pirâmides renais, com a presença de grande quantidade de néfrons justamedulares (Figura 4); • Pelve renal – local onde estão presentes os cálices menores e cálices maiores (Figura 4). Cada pirâmide possui um cálice menor, onde irá encaminhar a sua urina processada, por meio das papilas renais. A junção de dois ou mais cálices menores formarão o cálice maior. A junção dos cálices maiores culmina na pelve renal. Mediante o que fora destacado, podemos afirmar que a pelve renal possui a função de coletar e canalizar a urina até os ureteres. Figura 4 – Anatomia interna do rim Créditos: CRYSTAL LIGHT/SHUTTERSTOCK 2.3 – Anatomia do ureter Todo o processo da urina nos rins necessita de canais para a condução e, assim, ser expelida ao meio externo. A condução da urina dos rins até a bexiga CÕRTEX RENAL = NÉFRONS PIRÂMIDE RENAL CÁLICE MENOR CÁLICE MAIOR PELVE RENAL URETER MEDULA RENAL COLUNA RENAL 8 é função exercida pelo ureter, presente em cada um dos rins (direito e esquerdo) (Figura 4). O ureter é um tubo muscular de contração involuntária. É formado pelo prolongamento da pelve renal, apresentando aproximadamente de 25 cm de comprimento, até chegar na bexiga urinária. 2.4 – Anatomia da bexiga urinária O ureter desemboca na bexiga (Figura 5). A bexiga é um órgão oco, formado por três camadas musculares: a) camada externa – serosa; b) camada média – muscular; c) camada interna – apresenta mucosidade em sua parede, tornando-a impermeável. A bexiga urinária apresenta contração involuntária, com grande sensibilidade, pois a atividade de urinar (micção) é controlada pelo sistema nervoso autônomo. Localiza-se na região pélvica, posterior ao osso púbis. Sua função básica é de tornar-se um reservatório para urina. Sua capacidade pode chegar até 700 a 800 mL nos homens, sendo menor nas mulheres. Mas, após 200 – 250 mL, ocorre a necessidade de urinar, sendo expelida em emissões periódicas e não em fluxo contínuo. Esse ato é denominado de micção. 2.5 – Anatomia da uretra O caminho final da urina, desde o processo iniciado nos rins, possui o seu desfecho ao meio externo por meio da uretra (Figura 4). A uretra, portanto, é o canal que conduz a urina da bexiga para o meio externo. O seu comprimento nos homens chega em média entre 18 a 20 cm e nas mulheres de 4 a 6 cm. A uretra masculina também tem a função de conduzir o líquido seminal. Após a saída da bexiga, na extremidade proximal, a uretra possui o esfíncter interno, de contração involuntária, ou seja, a pessoa não controla a passagem da urina da bexiga ao canal da uretra. 9 Na extremidade distal, está presente o esfíncter externo da uretra de contração voluntária, isto é, o indivíduo controla a passagem da urina da bexiga ao ambiente externo. Indivíduo que perderam o controle voluntário da uretra apresentam incontinência urinária. Figura 5 – Órgãos anatômicos do sistema renal Créditos: Lightspring/shutterstock TEMA 3 – NÉFRONS Encontramos em cada um dos rins (direito e esquerdo) aproximadamente 1.000.000 de néfrons, os quais são as unidades funcionais do sistema renal (Figura 6). Eles estão presentes tanto no córtex renal como na medula renal, local mais profundo do rim. Figura 6 – Estruturas microscópicas dos néfrons Créditos: Aldona griskeviciene/Shutterstock URETRA BEXIGA URINARIA TÚBULO COLETOR ALÇA DE HENLE TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL TÚBULO CONTORCIDO DISTAL CÁPSULA DE BOWMAN GLOMÉRULO 10 Segundo Guyton & Hall, “o rim não consegue regenerar seus néfrons. Por isso lesões, doenças renais e mesmo o envelhecimento normal, acarretam uma diminuição gradual no número de néfrons” (1997, p. 293). Os néfrons apresentam basicamente duas estruturas distintas: o corpúsculo renal (composto pelo glomérulo e a camada de proteção externa, a cápsula de Bowman, os quais se destacam pela presença de vasos sanguíneos, por onde passa o sangue a ser filtrado, produzindo ultrafiltrado); e os túbulos renais que fazem a reabsorção de água e nutrientes e os encaminham para a saída como subproduto, formando a urina. Conforme a anatomia microscópica, a formação dos túbulos renais se destaca conforme a passagem da urina pelas seguintes estruturas: túbulo contorcido proximal, Alça de Henle e o túbulo contorcido distal (Tortora, 2006. p. 532). Então a urina chegará, portanto, no túbulo coletor (Figura 6). Em relação a chegada do sangue no corpúsculo renal, se faz necessário destacar como o sangue chega até esta estrutura microscópica para o funcionamento dos néfrons no processo de filtragem. O sangue sofre pressão via ventrículo esquerdo (sangue arterial) sendo conduzido pela artéria aorta. A artéria renal, recebendo o sangue proveniente da artéria aorta, conduz até ao córtex renal, através da artéria renal, arqueada e interlobular, chegando aos néfrons. No córtex renal, cada glomérulo possui uma arteríola aferente, responsável por levar o sangue para ser filtrado. Após a primeira fase de filtragem, o sangue sai do glomérulo a partir da arteríola eferente, indo em direção aos vasos capilares peritubulares que circundam os túbulos coletores, fazendo o processo de reabsorção. Terminado o processo, o sangue retorna a corrente sanguínea pelas veias: interloburares, arqueada, renal, chegando à veia cava inferior, retornado à circulação sanguínea. A formação da urina se caracteriza por três processos: a) Filtração glomerular – a parede glomerular funciona como um filtro que permite a passagem de pequenas moléculas do sangue, mas restringe moléculas maiores como a albumina e os elementos formados do sangue (células sanguíneas). As forças que determinam o transporte de fluido pelos capilares sanguíneos são chamadas de forças de Starling (diferenças de pressões hidrostáticas e oncóticas existentes dentro e fora do capilar glomerular). O ultrafiltrado formado é armazenado na cápsula 11 de Bowman. Logo abaixo, daremos maior destaque a esta etapa que acontece nos rins; b) Reabsorção tubular – o túbulo contorcido proximal tem função de reabsorção da maioria dos componentes (nutrientes) do ultrafiltrado para a corrente sanguínea. No túbulo contorcido proximal, são reabsorvidos 80% glicose, aminoácidos, sódio, fósforo, água, ureia, creatinina e ácido úrico. A síndrome de Fanconi aparece quando há disfunção do túbulo contorcido proximal. É de origem genética ou causada por toxicidade medicamentosa (como a tetraciclina). Na Alça de Henle ainda há reabsorção de sódio e água. Os nutrientes, após serem reabsorvidos, retornam a corrente sanguínea, sendo levado por meio do sistema venoso ao coração, voltando novamente a circulação sanguínea normal; c) Secreção tubular – ocorre no túbulo contorcido distal e no ducto coletor. O ducto coletor tem a função de concentrar a urina, mas ainda pode reabsorver água. De acordo com a composição do que é encontrado no ducto coletor, a urina é mais ou menos concentrada. A urina produzida é afunilada no ducto e na pelve renal. A pelve renal estreita-se em um só ureter por rim, transporta a urina para a bexiga, onde se acumula antes da eliminação. 3.1 – Filtração glomerular A filtração glomerular é o primeiro passo na formação da urina. Podemos destacar que, em média, a cada minuto 125 mL do filtrado glomerular são formados coletivamente por todos os glomérulos, somando um total de 180 litros diários. O rim, portanto, é um órgão bastante “sobrecarregado”quanto a sua funcionalidade para o organismo humano. Não podemos deixar de mencionar que alguns indivíduos, por inúmeras circunstâncias, apresentam somente um rim, ao qual a sobrecarga aumenta consideravelmente. No entanto, levam uma vida normal, praticando atividades físicas e laborais sem nenhum problema. O fluido filtrado passa pelas membranas que compõem o glomérulo, possuindo a função de reter as células sólidas do sangue e as proteínas do plasma, mas facilitando a passagem da H2O e alguns solutos de pequena dimensão molecular para serem filtrados. Essas membranas importantes dos glomérulos são denominadas de: 12 a) Parede capilar glomerular – camada permeável a H2O e solutos de pequena dimensão são filtrados; b) Membrana basal – camada sem a presença de células no seu interior, sendo importante a não filtração de proteínas do plasma, pois esta membrana apresenta barreiras que impedem a passagem, visando a filtragem que acontece dentro dos capilares glomerulares; c) Camada interna da cápsula de Bowman – camada a qual existe a presença de podócitos, proporcionando a formação das fendas de filtração, favorecendo a passagem do fluido dos capilares glomerulares na cápsula de Bowman. A taxa de filtração glomerular é o resultado de forças que acontecem nos glomérulos, mediante a presença do plasma sanguíneo. Essas forças são calculadas a partir da fórmula denominada de Forças de Frank-Starling. Destacam-se: a) Pressão hidrostática do capilar glomerular – sendo a pressão do fluido (hidrostática) exercida pelo sangue dentro dos capilares glomerulares. Esta ação está associada ao bombeamento do coração, no ventrículo esquerdo, quando ejeta sangue arterial para o organismo de forma geral. Destaca-se a fonte de energia que produz a filtração glomerular; b) Pressão hidrostática no espaço de Bowman – é quando acontece a distribuição desigual das proteínas do plasma ao longo da membrana glomerular. Como as proteínas do plasma não podem ser filtradas, estão presentes nos capilares glomerulares, mas não na cápsula de Bowman. Assim, a concentração de H2O é maior na cápsula do que nos capilares glomerulares. Há a tendência de que a água se mova até atingir seu próprio nível de concentração entre a cápsula de Bowman para o glomérulo; c) Pressão oncótica no capilar glomerular – é a pressão das proteínas dentro do glomérulo, diante de seus capilares; d) Pressão oncótica no espaço de Bowman – é a pressão das proteínas presentes na cápsula de Bowman. Tanto a pressão hidrostática como a pressão oncótica possibilitam o balanceamento da filtração do sangue pelos néfrons. Quando alguma destas forças está desequilibrada, poderá ocorrer desequilíbrio hidrostático no 13 organismo, possibilitando o surgimento de patologias, relacionadas ao sistema renal. 3. 2 – Mecanismo da filtração glomerular O mecanismo da filtração glomerular acontece a partir da participação de variáveis importantes como as estruturas anatômicas do rim e a ação de hormônios, os quais promovem a reabsorção de eletrolíticos, em especial do sódio, no túbulo contorcido distal, sendo importantes para o bom êxito da filtragem do sangue nos néfrons e levando o equilíbrio acidobásico ao organismo. Isso acontece a partir de alguns processos glomerulares, já mencionados anteriormente. Vejamos as etapas principais: a) Filtração: sangue para o lúmen. Este processo acontece no glomérulo, onde o produto a ser filtrado está presente no sangue, sendo a passagem dos solutos para os túbulos coletores, visando à formação da urina; b) Reabsorção: do lúmen para o sangue. Processo pela qual existe o retorno de alguns solutos filtrados, água para o sangue. Ou seja, o retorno dos túbulos para corrente sanguínea, mais especificamente para a arteríola eferente e na sequência aos capilares peritubulares, aos quais estará presente ao longo de todo o túbulo contorcido proximal e distal, até chegar ao túbulo coletor. Será reabsorvido: glicose, água, eletrolíticos (sódio, potássio), vitaminas, aminoácidos; c) Secreção: do lúmen para o sangue. Esta etapa se caracteriza pela transferência de matérias ainda presentes no sangue após a realização da etapa da filtragem. Esse processo ocorre ao longo de toda a tubulação presente no córtex renal. Será reabsorvido, principalmente, o hidrogênio (H+), amônia (NH3) (produto residual tóxico, provindo dos aminoácidos, convertidos pelo fígado em ureia). Esta secreção H+, que acontece a partir dos capilares peritubulares, promove para o organismo humano o equilibro do pH sanguíneo; d) Excreção: do lúmen para o ambiente externo, ou seja, a realização da etapa final, quando acontece a eliminação da urina para o meio externo. No túbulo contorcido distal, existe a ação de alguns hormônios para a regulação dos valores hídricos nos rins: aldosterona e o ADH. 14 a) Hormônio aldosterona, provindo da glândula suprarrenal, realiza a regulação da reabsorção do sódio; b) Hormônio vasopressina (ADH), produzido na glândula hipófise, na região da neuro-hipófise, regula a reabsorção de água. Ou seja, se ação deste hormônio não se concretizar nos túbulos contorcidos distais, ocorrerá uma perda de grande quantidade de líquidos no organismo. E se, por acaso, de maneira contrária, o indivíduo venha apresentar retenção de líquidos, deve-se tomar medicamentos que ajudem a perder esse excesso de líquido. Outro agente que leva o túbulo contorcido distal a não fazer a reabsorção de água é a presença de álcool na corrente sanguínea. Ou seja, faz com o que o ADH não se fixe no túbulo contorcido distal, fazendo com que haja perda de água pelo organismo. TEMA 4 – REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL O mais importante e conhecido sistema hormonal envolvido na regulação do sódio (Na+) é o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA). Este sistema visa tratar de uma série de reações concebidas para ajudar a regular a pressão arterial. O sistema começa a funcionar quando, por exemplo, a pressão arterial diminui (no caso da pressão sistólica, para 100 mm Hg ou menos), e os rins liberam a enzima renina na corrente sanguínea. Como a renina é liberada no sangue, ela pode ser considera um hormônio ou mesmo uma enzima. Essa enzima, por sua vez, irá ativar o angiotensinogênio (proteína plasmática sintetizada pelo fígado e sempre presente no plasma sanguíneo), uma grande proteína que circula na corrente sanguínea, em partes, sendo a angiotensina I. A angiotensina I, se mantém relativamente inativa, até quando via circulação pulmonar (pequena circulação), será convertida em angiotensina II, pela enzima conversora de angiotensina (ECA), tornando-se um hormônio ativo, presente nos capilares pulmonares. A angiotensina II, realizando sua função indireta, permite que as paredes musculares das pequenas artérias (arteríolas) se contraiam, aumentando a pressão arterial, oportunizando ao indivíduo a vasoconstrição, ou seja, o restabelecimento da pressão arterial, implicando no aumento da resistência vascular periférica. Essa ação da angiotensina II desencadeia, também, a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas adrenais e da vasopressina (hormônio antidiurético = ADH) pela hipófise. O córtex adrenal faz parte da glândula suprarrenal, a qual é uma 15 das glândulas endócrinas que produz vários hormônios diferentes, cada um secretado em reação a estímulos diferentes. A aldosterona e a vasopressina fazem com que os rins reabsorvam o sódio (sal). O aumento de sódio faz com que a água seja retida, aumentando, assim, o volume de sangue e a pressão arterial. A aldosterona também faz com que os rins excretem o potássio (K+), tornando-se principal regulador do nível sanguíneo. O nível elevado de K+ na corrente sanguínea (plasma sanguíneo), causa grave perturbações no ritmo cardíaco ou até mesmo a parada cardíaca. Esta éa função indireta da angiotensina II. Abaixo, breve esquema simplificado do sistema-angiotensina-aldosterona (SRAA), visando melhor entendimento fisiológico do sistema descrito. Angiotensinogênio Renina Angiotensina I ECA Angiotensina II Vasoconstrição Secreção de aldosterona Aumento da resistência vascular periférica Retenção de sódio e água Aumento da pressão arterial TEMA 5 – ATIVAÇÃO DA VITAMINA D A vitamina D é um grupo de pró-hormônios lipossolúveis, e suas duas formas principais são a vitamina D2 e a vitamina D3. A vitamina D2 (ergocalciferol) está presente em vegetais. A vitamina D3 (colecalciferol) é produzida pela exposição ao sol, especificamente à radiação ultravioleta B. A vitamina D é importante para a saúde em geral e, em particular, para manter os ossos fortes e saudáveis. Também ajuda no funcionamento dos músculos, do 16 coração, dos pulmões e do cérebro, bem como no combate às infeções. O organismo consegue produzir vitamina D a partir da exposição à luz solar, embora também se possa obtê-la em suplementos e em pequenas quantidades nos alimentos. A vitamina D é necessária para absorver o cálcio e o fósforo. Se o organismo não tiver vitamina D suficiente, o cálcio e o fósforo não serão absorvidos adequadamente no intestino, mesmo que seja consumido alimentos com elevado teor destes minerais. Para a vitamina D funcionar adequadamente, esta deve ser “ativada” pelos rins. Se a função renal se encontra diminuída, a capacidade de ativar a vitamina D também é afetada. A principal fonte de cálcio para o organismo vem da dieta (fontes como queijo, leite, ovos etc.). Depois de ingerido, o cálcio é absorvido na mucosa intestinal e sua absorção nos enterócitos é totalmente dependente do hormônio calcitriol, produzido a partir da vitamina D nos rins. Grande quantidade de cálcio estará depositada nos ossos, juntamente com o fosfato, possibilitando a rigidez do tecido (ósseo). O fósforo é obtido, também, por meio de alimentos e é encontrado em todas as células do organismo, sendo absorvido com a ajuda da vitamina D. Muitas das células do nosso organismo precisam de cálcio para funcionar de forma correta. Se os níveis de cálcio no sangue forem demasiado baixos, o organismo vai buscar nos ossos o cálcio de que necessita. Os rins controlam o equilíbrio entre o cálcio e o fósforo. É importante que os valores de fósforo e de cálcio no sangue se mantenham dentro de níveis normais. Este equilíbrio (homeostasia) se dá por meio das glândulas paratireoides, as quais produzem o hormônio paratormônio (PTH). As glândulas paratireoides são quatro pequenas glândulas situadas no pescoço, na região posterior da glândula tireoide. A regulação da secreção de PTH se dá pelo próprio cálcio, por meio do feedback negativo. Quando a concentração de cálcio nas artérias que nutrem as paratireoides está baixa, o PTH é produzido e secretado para o sangue. Para restabelecer o nível de cálcio no sangue (calcemia), o PTH irá atuar em três frentes: 1. Quando o PTH ativa nos rins a produção de mais calcitriol, aumentando por sua vez a absorção intestinal de cálcio e fósforo; 2. O PTH também atua no osso, aumentando a reabsorção óssea. Dessa forma, o cálcio é retirado do tecido ósseo e liberado na corrente sanguínea, elevando a calcemia; 17 3. Quando ocorre o aumento de cálcio e fósforo na corrente sanguínea, pode haver risco de formação de cristais de cálcio e fósforo na circulação e nos tecidos. Para que isso não ocorra, o PTH atua nos rins, nos túbulos renais amentando a reabsorção tubular de cálcio e no aumento da secreção tubular do fósforo, fazendo que o fosfato seja eliminado na urina (fosfatúria). Dessa maneira, o fosfato é eliminado e a calcemia elevada é reduzida, não produzindo cristais em locais indesejados. NA PRÁTICA Para complementar essa aula, convido vocês para a realização de uma pesquisa bibliográfica em livros de fisiologia humana. O objetivo será descrever o processo de reabsorção da glicose e das proteínas durante a filtração glomerular pelos rins, destacando sua importância e características, associando com a própria homeostasia do corpo humano, sobre a presença dessas macromoléculas no organismo humano. Procurem destacar o que leva a perda da glicose pelos rins ao indivíduo de forma patológica. E descrevam a importância do hormônio antidiurético (ADH) na reabsorção de água nos túbulos contorcidos proximal e distal e a ação desse mesmo hormônio na realização de exercício intenso físico, proporcionando o equilíbrio hídrico ao praticante. FINALIZANDO Nesta aula, abordamos tópicos importantes sobre anatomia e fisiologia do sistema renal, em que alguns pontos foram enfatizados: • As funções que envolvem este sistema, a partir da filtragem do sangue, visando à formação da urina; • O equilíbrio proposto pelo sistema renal referente à realidade do controle do equilíbrio ácido-básico, e da manutenção dos macro-nutrientes: proteínas, glicose, vitaminas, aminoácidos no organismo; • A relação funcional dos hormônios quanto ao processo de filtragem dos rins, mediante a retenção de sódio e água, criando o equilíbrio eletrolítico no organismo do indivíduo. 18 REFERÊNCIAS TORTORA, G.J. & GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 6. Edição. Porto Alegre: Artemed. 2006. Conversa inicial
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