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SP3 Imuno

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SP3 - IMUNO …………………………………………………………
1. Bactérias
a) estrutura
As bactérias são representantes unicelulares dos procariontes, possuem vários
elementos estruturais e formatos variados que são determinados por sua parede
celular.
• Membrana plasmática: Fina membrana composta por uma bicamada
fosfolipídica. Desempenha função de: transporte de moléculas e íons por
intermédio de sua permeabilidade seletiva, geração de energia por fosforilação
oxidativa, secreção, síntese de precursores d a parede celular. Diferente das
células eucarióticas, a maioria das bactérias não possuem esteróis em sua
membrana plasmática, com exceção dos Mycoplasmas.
• Parede celular: Todas as bactérias, com exceto Mycoplasmas, possuem parede
celular semirrígida prote gendo internamente a membrana plasmática. Ela é
encarregada por prevenir a ruptura da bactéria quando a pressão dentro da
célula é maior do que fora dela. Contribui para patogenicidade de algumas
bactérias e é local de atuação d e determinados antibióticos. É composta por
uma camada macromolecular denominada peptideoglicana ou mureína. A
porção de dissacarídeos é composta por monossacarídeos (N-acetilglicosamina
ou NAG e ácido-N-acetilmurâmico ou NAM) enquanto a porção peptídica é
formada por polipeptídios.
• Mesossomos: Acredita-se que essas inva ginações da membrana plasmática
sejam formadas durante o processo de preparação de amostras para microscopia.
• Glicocálice: Polímero viscoso e gelatinoso que é secretado pela célula e
forma uma cápsula aderida à parede celular. Contribui na proteção e na virulência
bacteriana. • Citoplasma: Substância dentro da célula composta por água,
proteínas, carboidratos, lipídeos, íons orgânicos e compostos com baixo peso
molecular. É espesso, elástico e semitransparente.
• Nucleóide: Consiste no cromossomo bacteriano, frequentemente arranjado de
forma circular. Não é circundado por uma membrana, ou seja, não possui carioteca
e não é um núcleo, como ocorre em células eucarióticas. Pode ser esférico,
alongado ou em forma de halteres. • Plasmídeos: São elementos genéticos extra
cromossômicos, pequenas moléculas de fita dupla de DNA arranjados em
círculos. Replicam -se independentemente d o DNA do nucleóide. Uma célula
pode ter mais de um plasmídeo, e eles podem ser adquiridos, perdidos ou
transferidos sem causar danos à bactéria.
• Ribossomos: Estão presentes em maior quantidade em células que estão em
atividade, pois são local de síntese proteica. Os ribossomos bacterianos são do tipo
70S, formados por duas subunidades (30S e 50S), cada qual constituída de
proteína e um RNA ribossômico.
• Inclusões: São depósitos de reserva onde as bactérias acumulam nutrientes para
serem usados em momentos de escassez. Algumas inclusões são exclusivas
e acabam por contribuir na identificação da espécie bacteriana.
• Flagelos: Longos apêndices das bactérias que ajudam na locomoção das
mesmas. As que não possuem flagelo são chamadas de atríquias, enquanto
as flageladas são classificadas de acordo com a quantidade e distribuição dos
flagelos. Quando os flagelos se dispõe ao longo de toda célula, ela é denominada
peritríquea, e quando estão apenas nos polos, é uma bactéria polar. Os flagelos
polares ainda se classificam em montríqueos (um flagelo em um polo),
lofotríqueos (um tufo de flagelos em um dos polos) ou anfitríqueo (flagelos em
ambas as extremidades).
• Filamentos axiais: Também conhecidos como endoflagelos, são feixe de fibra que
se originam na extremidade bacteriana e fazem uma espiral ao redor da célula.
• Fímbrias: Apêndices semelhantes a pêlos, mais finos e curtos que os flagelos,
auxiliam na fixação da bactéria e podem estar presentes em centenas.
• Pili: Geralmente são mais longos que as fímbrias e são somente um ou dois por
célula. Auxiliam na troca de DNA entre bactérias, por isso também são
chamados de pili sexuais. A classificação das bactérias se dá não só pelos
flagelos como pelo tipo de parede celular, formato, respiração e nutrição.
b) características gerais
• Cocos: Bactérias com formato esférico que se arranjam em:
Diplococos: Agrupamento de dois cocos
Tétrades: Agrupamento de quatro cocos
Sarcina: Agrupamento de oito cocos
Estafilococos: Agrupamento de vários cocos, semelhante a um cacho de uvas
Estreptococos: Agrupados em cadeia, semelhante a um cordão de pérolas
• Bacilos: Bactérias com formato de bastão que se arranjam em:
Diplobacilos: Agrupamento de dois bacilos
Estreptobacilos: Agrupados em cadeia
• Cocobacilos: Assemelham-se a bastões muito curtos, são uma forma de
transição entre cocos e bacilos.
• Espiraladas: Bactérias com formato em espiral que em sua maioria ocorrem de
forma isolada. Classificam-se em:
Espirilos: Corpo rígido e flagelado
Espiroquetas: Flexíveis, se locomovem por contrações citoplasmáticas.
• Extremófilas: Bactérias que vivem em ambientes considerados extremos:
Termófilas: Vivem em altas temperaturas
Psicrófilas: Vivem em baixas temperaturas
Halófilas: Vivem em altas concentrações de sal
Acidófilas: Vivem em ambientes ácidos
Alcalinófilas: Vivem em ambientes básicos
• Aeróbicas: Bactérias que realizam respiração celular, portanto, necessitam de
oxigênio para sobreviver
• Anaeróbicas: Realizam fermentação, podendo ser estritas (que morrem na
presença de oxigênio) ou facultativas (que sobrevivem tanto na ausência
quanto na presença de oxigênio)
• Autótrofas: Bactérias que produzem glicose através dos processo s de
fotossíntese e quimiossíntese
• Heterótrofas: Bactérias que são incapazes de sintetizar sua glicose, devendo
obtê-la através de fermentação e respiração.
• Gram positivas: Em sua maioria possuem várias camadas de
peptideoglicana, e consequentemente sua parede celular é rígida e espessa,
contém ácidos teóicos e fosfato. Recebem esse nome pois durante o processo de
coloração de Gram coram-se de azul ou violeta.
• Gram negativas: A parede celular desse tipo de bateias contém uma ou poucas
camadas de peptideoglicana e uma membrana externa. Não contém ácidos
teóicos e são mais suscetíveis ao rompimento mecânico. Sua membrana
externa, lipossacarídica, é muito negativa, o que facilita n a evasão da fa
gocitose e na ação do complemento. Funciona como proteção contra alguns
antibióticos e possui porinas que formam canais para passagem de substâncias
que alimentam a bactéria. Na coloração de Gram, coram-se de vermelho.
• Mycoplasmas: Grupo de bactérias que não possui parede celular, e
consequentemente não se coram na coloração de Gram.
A replicação das bactérias pode ser assexuada, sexuada ou bipartição
(mitose):
• Transformação: Fragmentos de DNA livres (geralmente oriundos do
rompimento de alguma bactéria) são incorporados e o DNA da bactéria é
recombinação, e todos os seus descendentes, portanto seus genes. As alterações
na superfície da bactéria, que a tornam permeável ao material genético, são
denominadas competência.
• Conjugação: Durantes esse processo, duas bactérias entram em contato
direto, e uma delas réplica e passa seu plasmídeo para a outra.
• Trasdução: O material genético é transferido de uma bactéria para outra dentro
de um vírus bacteriófago. Após a infecção viral e síntese de novos fatos,
fragmentos de DNA são erroneamente empacotados pelo fato. Dessa forma, o
vírus após ser liberado, vai carregar DNA bacteriano e ao infectar uma nova
célula vai liberar esse DNA.
• Esporulação: Os endósporos consistem em células desidratadas e resistentes
que são formadas na membrana celular bacteriana. Possuem paredes
espessas e camadas adicionais. O processo de formação do endósporo é
chamado de esporulação ou esporogênese. Para liberação endósporo a célula
sofre lise e morre, o endósporo pode permanecer dormente por muito tempo.
Lesões físicas ou químicas na superfície do endósporo desencadear a
germinação que consiste no retorno ao metabolismo bacteriano.
2. Compreender o mecanismo de agressão das bactérias.
Quanto à patogênese bacteriana, podem ser pontuadas as seguintes etapas:
• Transmissão das bactérias para os hospedeiros,através do contato direto
entres seres humanos ou por meio de animais, solo, água e alimentos
contaminados.
• Fixação das bactérias nas células humanas por meio de fibras que se
estendem a partir da superfície bacteriana e medeiam a ligação a receptores
específicos das células. • Enzimas secretadas pelas bactérias favorecem a invasão
dos tecidos permitindo a rápida disseminação das bactérias no organismo do
hospedeiro.
• A presença de bactérias no corpo do hospedeiro induz uma resposta
imune, a inflamação. Existem dois tipos de inflamação, piogênica (produtoras
de pus) e granulomatosa (produtoras de granulomas).
• As bactérias podem invadir as defesas do hospedeiro por um processo
denominado sobrevivência intracelular, e ficam protegidas do ataque de macrófagos
e neutrófilos.
i) FATORES DE VIRULÊNCIA
1. FATOR DE ADESÃO
Tem por função aderir o microrganismo ao hospedeiro. São estruturas, um
exemplo é de microfilamentos proteicos, conhecidos como fímbrias, esses
filamentos interagem com receptores de membrana plasmática, assim podendo
aderir o microrganismo a seu hospedeiro, uma interação física por receptores de
membrana. Graças a essa capacidade de adesão a bactéria pode começar um
processo de colonização da cavidade onde ele se aderir. Infecções superficiais:
gastrite, comprometimento apenas de mucosas.
2. FATOR DE INVASÃO:
Permite que o microrganismo realize a invasão, superfície revestimento, um tecido,
e pode ser que chegue até na circulação. Um exemplo: As bactérias possuem
flagelos (tanto endo, quanto exo), são características que permitem a motilidade
e assim a invasão. Infecções profundas: sendo assim esse fator é mais virulento
do que de o de adesão.
3. FATOR TÓXICO OU DE TOXINAS
Microrganismos podem agredir hospedeiros via toxinas.
Endotoxinas e Exotoxinas.
4. FATOR DE ESCAPE IMUNE
As três características anteriores entram de infecção (ataque), já essa característica
desse fator é de defesa. Um dos melhores exemplos de escape imune é de
cápsula. Alguns cocos, podem possuir na sua membrana celular uma estrutura feita
a base de açúcares, uma camada viscosa fora da bactéria. E isso permite que a
bactéria consiga fugir das células fagocitárias, pois essa cápsula atrapalha na
interação para que se realize a fagocitose.
3. Como ocorre a resposta imune às bactérias ?
As bactérias extracelulares são capazes de se replicar fora das células
hospedeiras, por exemplo, no sangue, em tecidos conjuntivos, e nos espaços
teciduais, como os lumens das vias aéreas e do trato gastrintestinal. Muitas
espécies diferentes d e bactérias extracelulares são patogênicas, e a doença
pode ser causada por dois mecanismos principais.
Em primeiro lugar, essas bactérias induzem inflamação, o que resulta na destruição
dos tecidos no local da infecção. Em segundo lugar, as bactérias produzem
toxinas, que têm diversos efeitos patológicos. As toxinas podem ser
endotoxinas, que são componentes da parede celular bacteriana, ou exotoxinas,
que são secretadas pelas bactérias. A endotoxina de bactérias Gram
-negativas, também chamada de lipopolissacarídeo ( LPS), funciona como um
potente ativador de macrófagos, células dendríticas e células endoteliais.
Muitas exotoxinas são citotóxicas e outras causam doença por vários
mecanismos. Por exemplo, a toxina da difteria desliga a síntese de proteínas em
células infectadas, a toxina da cólera interfere no transporte de íons e de água,
a toxina do tétano inibe a transmissão neuromuscular, e a toxina antraz interrompe
várias vias bioquímicas de sinalização essenciais nas células infectadas. Outras
exotoxinas interferem nas funções celulares normais sem destruir as células,
outras exotoxinas ainda estimulam a produção de citocinas que podem causar
doença.
• Imunidade Inata contra Bactérias Extracelulares
A- Ativação do complemento.
Os peptideoglicanos na parede celular das bactérias Gram-positivas e o LPS
em bactérias Gram-negativas ativam o complemento da via alternativa. As
bactérias que expressam manose na sua superfície, podem se ligar à lectina de
ligação a manose, que ativa complemento pela via das lectinas. Um resultado
da ativação do complemento é opsonização e fagocitose aumentada de
bactérias. Além disso, o complexo de ataque à membrana gerado pela
ativação do complemento leva à lise de bactérias, e os subprodutos do
complemento estimulam a resposta inflamatória, recrutando e ativando os
leucócitos.
B- Ativação de fagócitos e inflamação.
Fagócitos (neutrófilos e macrófagos) utilizam receptores de superfície, incluindo
os receptores de manose e receptores scavenger para reconhecer as
bactérias extracelulares, e eles utilizam receptores Fc e receptores de
complemento para reconhecer bactérias opsonizadas com anticorpos e
proteínas do complemento, respectivamente. Os produtos microbianos ativam
receptores do tipo Toll (TLRs) e vários sensores citoplasmáticos em fagócitos
e em outras células. Alguns desses receptores funcionam principalmente para
promover a fagocitose dos microrganismos (p. ex., receptores de manose,
receptores scavenger); outros estimulam as atividades microbicidas dos fagócitos
(principalmente os TLRs); e outros ainda promovem tanto a fagocitose quanto
a ativação dos fagócitos (Fc e receptores de complemento). Em adição, as
células dendríticas e os fagócitos que são ativadas pelos microrganismos
secretam citocinas que induzem a infiltração leucocitária nos locais de infecção
(inflamação). Os leucócitos recrutados ingerem e destroem as bactérias.
• A Imunidade Adaptativa contra Bactérias Extracelulares
A imunidade humoral é uma importante resposta imunológica protetora contra
bactérias extracelulares, funciona para bloquear a infecção, para eliminar os
microrganismos e para neutralizar suas toxinas. As respostas dos anticorpos
contra bactérias extracelulares são dirigidas contra antígenos de parede
celular e toxinas segregadas e associados às células, que podem ser
polissacarídeos ou proteínas. Os polissacarídeos são antígenos prototípicos
T-independentes e a imunidade humoral é o principal mecanismo de defesa
contra bactérias encapsuladas ricas em polissacarídeo. Os mecanismos efetores
utilizados pelos anticorpos para combater essas infecções incluem neutralização,
opsonização e fagocitose e ativação do complemento pela via clássica. A
neutralização é mediada pela alta afinidade dos isotipos IgG, IgM, IgA, esta última
principalmente nos lumens dos órgãos das mucosas . A opsonização é
mediada por algumas subclasses de IgG e a ativação do complemento é iniciada
pela produção de IgM e subclasses de IgG. Os antígenos proteicos de bactérias
extracelulares também ativam a s células T CD4 + auxiliares, que produzem
citocinas que induzem inflamação local, aumentam as atividades fagocíticas e
microbicidas de macrófagos e neutrófilos e estimulam a produção de
anticorpos. As respostas TH17 induzidas por estes microrganismos recrutam
neutrófilos e monócitos e, assim, promovem a inflamação local em locais de
infecção bacteriana. Defeitos genéticos no desenvolvimento TH17 e pacientes
que produzem autoanticorpos neutralizantes específicos para a interleucina-17
(IL-17) têm aumentado a susceptibilidade a infecções bacterianas e fúngicas,
com a formação de múltiplos abscessos na pele. As bactérias também
induzem respostas TH1, e o interferon-γ (IFN-γ) produzido pelas células TH1
ativa os macrófagos para destruir los microorganismos fagocitados. Esta citocina
também pode estimular a produção de isotipos de anticorpos opsonizantes e de
ligação ao complemento. Vale lembrar que as principais consequências
prejudiciais da resposta do hospedeiro contra as bactérias extracelulares são a
inflamação e choque séptico e um mecanismo utilizado por bactérias para evadir a
imunidade humoral é a variação de antígenos de superfície.
IMUNIDADE CONTRA BACTÉRIAS INTRACELULARES
Uma característica de bactérias intracelulares facultativas é a sua capacidade
de sobreviver e até mesmo de se replicar dentro de fagócitos. Uma vez que esses
microrganismos são capazesde encontrar um nicho onde eles são
inacessíveis a anticorpos circulantes, sua eliminação requer mecanismos de
imunidade mediada pela célula (Fig. 16-4). Como discutiremos mais adiante
nesta seção, em muitas infecções bacterianas intracelulares, a resposta do
hospedeiro também causa lesão tecidual.
A resposta imunológica inata a bactérias intracelulares consiste em fagócitos
e nas células NK, interações entre eles são mediadas por citocinas (IL-12 e IFN-γ).
A resposta imune adaptativa típica para estes microrganismos é a imunidade
mediada por células, em que as células T ativam os fagócitos para eliminar
os microrganismos. A imunidade inata pode controlar o crescimento bacteriano,
mas a eliminação das bactérias requer a imunidade adaptativa. Estes
princípios são baseados fortemente na análise da infecção por Listeria
monocytogenes em camundongos; os números de bactérias viáveis mostrados no
eixo y são os valores relativos de colônias de bactérias que podem ser
cultivadas a partir de tecidos de camundongos infectados.
• A resposta imune inata contra bactérias intracelulares
É mediada principalmente por fagócitos e células natural killer (NK).
Fagócitos, inicialmente neutrófilos e posteriormente macrófagos, ingerem e
tentam destruir esses microrganismos, mas as bactérias intracelulares patogênicas
são resistentes à degradação dentro de fagócitos. Os produtos destas bactérias
são reconhecidos por T LR e por proteínas citoplasmáticas da família dos
receptores do tipo NOD (NLR), resultando na ativação dos fagócitos. O DNA
bacteriano no citosol estimula as respostas do interferon tipo I através da via STING.
As bactérias intracelulares ativam as células NK por induzir a expressão de ligantes
de ativação de células NK em células infectadas e pela estimulação da produção de
IL- 12 e IL-15 pelas células dendríticas e macrófagos e ambas são citocinas
ativadoras da célula NK. As células NK produzem IFN-γ, que por sua vez ativa os
macrófa gos e promove a morte da bactéria fagocitada. Assim, as células NK
proporcionam uma defesa inicial contra estes microrganismos, antes do
desenvolvimento da imunidade adaptativa. De fato, camundongos com severa
imunodeficiência combinada, que apresentam deficiência d e células T e B,
são capazes de controlar transitoriamente a infecção pela bactéria intracelular
Listeria monocytogenes pela produção de IFN-γ derivado de células NK. No entanto,
a imunidade inata geralmente não erradica essas infecções e a erradicação requer a
imunidade adaptativa mediada por células.
A Imunidade Adaptativa contra Bactérias Intracelulares
A principal resposta imunológica protetora contra bactérias intracelulares é o
recrutamento e ativação de fagócitos mediados por células T (imunidade mediada
por células). Indivíduos com deficiência na imunidade mediada por células, tais
como pacientes com AIDS, são extremamente suscetíveis a infecções por bactérias
intracelulares (bem como fungos e vírus intracelulares). Muitas das características
importantes da imunidade mediada por células foram estabelecidas com base nos
estudos das respostas imunológicas da bactéria intracelular Listeria
monocytogenes em camundongos. Essa forma de imunidade poderia ser
transferida ativamente para animais imaturos com células linfóides, mas não
com soro de animais infectados ou imunizados. As células T fornecem defesa
contra infecções por dois tipos de reações: células T CD4+ ativam fagócitos
através das ações do ligante de CD40 e IFN-γ, resultando na morte de
microrganismos que são ingeridos e sobrevivem dentro de fagócitos, e os
linfócitos T citotóxicos CD8+ (CTLs) que destroem células infectadas, eliminam
microrganismos que escapam aos mecanismos de morte dos fagócitos.
Células T CD4+ diferenciam-se em efetoras TH1 sob a influência da IL-12,
que é produzida por macrófagos e células dendríticas. As células T
expressam o ligante de CD40 e secretam IFN -γ, e esses dois estímulos
ativam macrófagos, induzindo a produção de várias substâncias microbicidas,
incluindo espécies reativas de oxigênio, o óxido nítrico e enzimas lisossomais.
Em camundongos, o IFN-γ também estimula a produção de isotipos de
anticorpos que ativam o complemento e opsonizam bactérias para fagoci tose,
aux iliando nas funções efetoras do s macrófagos. Os estímulos para a
produção desses anticorpos em seres humanos não são tão bem definidos. A
importância da IL-12 e IFN-γ na imunidade contra bactérias intracelulares foi
demonstrada em modelos experimentais e em imunodeficiências congênitas.
Por exemplo, indivíduos com mutações hereditárias em receptores para IFN -γ
ou IL-12 são altamente susceptíveis às infecções por micobactérias atípicas. As
bactérias fagocitadas estimulam respostas de células T CD8+ se os antígenos
bacterianos fo rem transportados a partir de f agossomos para o citosol ou se
as bactérias escaparem dos fa gossomos e entrarem no citoplasma das
células infectadas. No citosol, os microrganismos não são mais suscetíveis
aos mecanismos microbicidas de fagócitos, e para a erradicação da infecção,
as células infectadas devem ser destruídas pelos CTLs. Assim, os efetores
da imunidade mediada por células, isto é, células T CD4+ que ativam
macrófa gos e CTLs CD8+, funcionam de forma cooperativa na defesa contra
bactérias intracelulares. A ativação dos macrófagos, que ocorre em resposta
aos microrganismos intracelulares é capaz de causar lesão tecidual. Esta lesão
pode ser resultado de reações de hipersensibilidade do tipo tardia (DTH) aos
antígenos de proteína microbiana. Devido à evolução das bactérias
intracelulares para resistir à destruição dentro de fagócitos, elas muitas vezes
persistem por longos períodos e causam estimulação antigênica crônica e a
ativação das células T e de macrófagos, o que pode resultar na formação de
granulomas em torno dos microrganismos. A característica histológica da
infecção por algumas bactérias intracelulares é a inflamação granulomatosa.
Este tipo de reação pode servir para localizar e impedir a propagação dos
microrganismos, mas está também associada ao comprometimento funcional
grave causado pela necrose do tecido e pela fibrose. A tuberculose é um
exemplo de uma infecção por uma bactéria intracelular em que a imunidade
protetora e a hipersensibilidade patológica co existem e a resposta do hospedeiro
contribui significativamente para a patologia. Em uma infecção primária por M.
tuberculosis, os bacilos se multiplicam lentamente nos pulmões e causam
apenas uma inflamação leve. A infecção é contida por macrófagos alveolares (e
provavelmente células dendríticas). Mais de 90% dos pacientes infectados
permanecem assintomáticos, mas as bactérias sobrevivem nos pulmões,
principalmente em macrófagos. Cerca de 6 a 8 semanas após a infecção, os
macrófagos atingiram os linfonodos de drenagem e as células T CD4+ são
ativadas; as células T CD8+ podem também ser ativadas mais tarde. Essas células
T producen IFN-γ, que ativa macrófagos e aumenta a sua capacidade de destruir
bacilos fagocitados. O TN F produzido pelas células T e ma crófagos também
desempenha um papel na inflamação local e na ativação de macrófagos. A
reação das células T é adequada para controlar a disseminação bacteriana.
No entanto, o M. tuberculosis é capaz de sobreviver no interior dos
macrófagos, pois os componentes de sua parede celular inibem a fusão dos
vacúolos fagocíticos com os lisossomos. Como resultado, as bactérias
continuam a provocar as resposta das células T. A ativação prolongada das
células T leva à formação de granulomas, que podem cercar as bactérias e
são frequentemente associados à necrose central, chamado de necrose caseosa,
que é causada por produtos de macrófa gos tais com o enzimas lisossomais e
espécies reativas de oxigênio. Os granulomas necrosantes e a fibrose
(cicatrizes) que acompanham a inflamação granulomatosa são importantes
causas de lesão tecidual e doença clínica na tuberculose. Pessoas
previamente infectadas apresentam reações cutâneas de DTH ao desafio
cutâneo com uma preparação de antígeno bacteriano(derivado proteico
purificado, ou PPD). Os bacilos podem sobreviver durante muitos anos e
estão contidos sem quaisquer consequências patológicas, mas podem ser
reativados a qualquer momento, especialmente se a resposta imunológica se
torna incapaz de controlar a infecção. As diferenças entre indivíduos nos padrões de
respostas das células T a microrganismos intracelulares são determinantes
importantes da progressão da doença e da evolução clínica. O papel das citocinas
derivadas de TH1 e TH2 na determinação do resultado de infecção tem sido mais
claramente demonstrado na infecção pelo protozoário Leishmania major em
diferentes linhagens de camundongos isogênicos. Um exemplo desta relação
entre o tipo de resposta das células T e a evolução da doença em seres
humanos é a lepra, que é causada pelo Mycobacterium leprae. Existem duas
formas polares da hanseníase, as formas lepromatosa e a tuberculóide, embora
muitos pacientes caiam em grupos intermediários menos definidos. Na
hanseníase lepromatosa, os pacientes têm alta titulação de anticorpos
específicos, mas fracas respostas mediadas por células aos antígenos de M.
leprae. As mi cobactérias proliferam no interior dos ma crófagos e são
detectáveis em grandes números. O crescimento bacteriano e a persistente,
mas inadequada ativação dos macrófagos resulta em lesões destrutivas na pele e
no tecido subjacente. Em contraste, os pacientes com hanseníase tuberculóide
têm uma forte imunidade mediada por células, mas níveis baixos de anticorpos.
Este padrão de imunidade s e reflete em granulomas que se formam em torno
dos nervos e produzem defeitos nos nervos sensoriais periféricos e lesões
traumáticas secundárias da pele, mas com menos destruição de tecidos e um
a escassez de bactérias nas lesões. Uma possível razão para a s diferenças
nestas duas formas de doença causada pelo mesmo organismo pode ser a
existência de diferentes padrões de diferenciação de células T e produção de
citocinas nos indivíduos. Alguns estudos indicam que os pacientes com a forma
tuberculóide da doença produzem IFN -γ e IL-2 em lesões (indicativo de ativação
da célula TH1), enquanto os pacientes com hanseníase lepromatosa produzem
menos IFN-γ e podem apresentar uma fraca imunidade mediada por células
e incapacidade de controlar a propagação das bactérias.
a) Compreender o mecanismo de ação geral dos antibióticos (amplo
espectro e baixo espectro/ bactericida e bacteriostáticos)
Antibiótico: produtos microbianos de metabolismo secundário (fase estacionária),
não essenciais e síntese dependente do ambiente. Ex: penicilina, advém do fungo
penicillium.
Quimioterápico: agente sintético, com ação similar a de um antibiótico.
Logo, tanto antibióticos quanto quimioterápicos são denominados de
antibacterianos.
A antibioticoterapia se baseia no conceito de Toxicidade Seletiva → capacidade de
atuar de maneira seletiva sobre o microrganismo sem causar danos ao hospedeiro,
desde que o fármaco seja administrado em uma concentração tolerada pelo
hospedeiro, mas capaz de lesar um microrganismo infectante. Seu principal efeito
colateral é a seleção de mutantes
resistentes. Se dá pela função de um receptor específico necessário à ligação do
fármaco ou pela inibição dos eventos bioquímicos essenciais ao patógeno, mas não
ao hospedeiro.
Apesar do desenvolvimento de um número cada vez maior de diversas classes de
antibióticos, o mecanismo de ação dos mesmos sobre a célula microbiana se
resume essencialmente por:
i) inibição da síntese da parede celular
ii) inibição da síntese protéica
iii) inibição da replicação de ácidos nucléicos e da transcrição
iv) lesão da membrana plasmática
v) inibição da síntese de metabólitos essenciais
i) inibição da síntese da parede celular
As eubactérias, com exceção das micoplasmas, apresentam uma parede
celular constitu)da de cadeias contendo ligações cruzadas de peptideoglicanos@ou
mucopeptídeos "que consiste em polissacar)deos e um polipeptídeo que formam um
arcabouço rígido e resistente, que mantém a forma e o tamanho do microrganismo,
é capaz de impedir a ruptura da célula pela elevada pressão osmótica interna e
permite a bactéria reter nutrientes, proteínas e ácidos nucléicos no seu interior e
manter certas moléculas em seu exterior. As bactérias Gram-positivas têm camada
de peptidoglicano muito mais espessa na sua parede do que as Gram-negativas.
Os antibióticos polipeptídicos, como a bacitracina, os beta-lactâmicos e os
antibióticos glicopeptidicos, a exemplo da vancomicina e teicoplanina, agem
interferindo em uma ou algumas etapas da síntese destas macromoléculas de
peptideoglicanos.
Diferentes receptores possuem afinidades diversas por um fármaco, e cada
qual pode mediar um efeito distinto. Assim, por exemplo, a ligação da penicilina a
uma proteína ligante à penicilina (PBP) pode resultar principalmente em
alongamento anormal da célula, enquanto a ligação a outra PBP pode levar a um
defeito na periferia da parede celular com a consequente lise celular. As PBP estão
sob controle cromossômico, e a ocorrência de mutações pode alterar seu n6mero
ou a afinidade por agentes beta lactâmicos.
Após a ligação de um fármaco betalactâmico a um ou mais receptores, a
reação da transpeptidação é inibida, e ocorre bloqueio na síntese do peptidoglicano.
A etapa seguinte envolve provavelmente a remoção ou inativação de um inibidor
das enzimas autolíticas na parede celular, o que ativará a enzima lítica e resultará
em lise se o ambiente for isotônico (em ambiente hipertônico há transformação em
protoplasmos e esferoplastos - nessas células a síntese de proteínas e dos ácidos
nucléicos pode prosseguir por algum tempo). A inibição das enzimas de
transpeptidação pelas penicilinas e cefalosporinas pode ser devida a uma
semelhança estrutural desses fármacos com a acil-D-alanil-D-alanina. A reação de
transpeptidação envolve a perda de uma D-alanina de pentapeptídeo.
A notável ausência de toxicidade dos fármacos betalactâmicos para as
células de mamíferos deve ser atribuída à ausência, nas células animais, de uma
parede celular do tipo bacteriano com seu peptidoglicano. A resistência às
penicilinas pode ser determinada pela produção de enzimas pelo microrganismo
que destroem as penicilinas (betalactamases - rompem o anel betalactâmico das
penicilinas e cefalosporinas). São exemplos de fármacos que atuam por inibição da
síntese da parede celular as penicilinas, cefalosporinas, vancomicina e ciclosserina.
Vários outros fármacos, como a bacitracina, teicoplanina, ristocetina e novobiocina,
inibem as etapas iniciais na biossíntese do peptidoglicano. Como os estágios iniciais
da síntese ocorrem no interior da membrana citoplasmática, esses fármacos
precisam penetrar na membrana para serem eficazes.
ii) inibição da síntese protéica
Pelo fato das proteínas serem essenciais para o funcionamento de células,
drogas que inibam a síntese protéica podem ser usadas para matar ou impedir o
crescimento de uma população bacteriana. Essa ação pode acontecer em diferentes
etapas da síntese protéica: na síntese RNAribossomal ou RNA-transportador; na
fixação do RNAm ao ribossomo; por alteração ribossomal; na fixação do RNAt ao
ribossomo e no alongamento da cadeia polipeptidica. O RNA ribossomal bacteriano
é composto pelas subunidades 23S e 5S, que juntas formam a subunidade 50S, e a
subunidade 16S, que juntamente com proteínas forma a subunidade 30S
(antibióticos podem agir nessas subunidades).
iii) inibição da replicação de ácidos nucléicos e da transcrição
Antimicrobianos que atuam diretamente sobre enzimas que participam da replicação
do ácido nucléico ou interferindo na síntese de precursores dos constituintes
necessários.
iv) lesão da membrana plasmática
A membrana plasmática é o sítio de ação de outros agentes antimicrobianos que
provocam alterações físico-químicas levando à morte bacteriana. Neste mecanismo
de ação a permeabilidade seletiva é rompida, (havendo a saída de elementos vitais
à célula, como fosfatos, íons, purinas e entrada de substâncias nocivas ao
metabolismo.Além disso, a morte pode ocorrer por alterações do sistema
respiratório da célula, uma função exercida pe!a membrana em células procariontes.
v) inibição da síntese de metabólitos essenciais
Agem inibindo diferentes passos da síntese de precursores de DNA, RNA e
proteínas.
-Exemplo: Bloqueio da produção de ácido fólico que é uma importante coenzima,
essencial para a síntese de proteínas, DNA e RNA por Sulfonamidas (ação
bacteriostático)
Antibióticos podem variar com respeito a faixa de microorganismos que eles matam
ou inibem:
• Alguns matam somente uma faixa limitada: espectro restrito de atividade
• Outros matam uma larga faixa de microrganismos: amplo espectro de atividade
b) Funcionamento das vacinas anti bacterianas
4. Quais os sinais clínicos que se manifestam em infecções bacterianas?
Sintomas típicos de qualquer infecção, seja o causador um animal, fungo,
bactéria ou vírus incluem:
▪ Febre;
▪ Tosse e espirro;
▪ Dor no corpo;
▪ Cansaço/Fadiga;
▪ Náusea e vômito;
▪ Edema local.
Características de infecção bacteriana:
▪ A dor tende a ser mais localizada (como em apenas uma orelha, apenas
um olho, mais de um lado que de outro...);
▪ As bactérias produzem diversas toxinas que podem ser identificadas no local;
▪ A cor do catarro (esputo) costuma ser mais escuro, amarelado ou até esverdeado;
▪ A febre geralmente mais alta e inconstante durante o dia; ▪ Pode formar abcessos
(caroços com pus);
▪ Costumam durar mais e piorar com o tempo.
▪ Há um aumento maior no número de leucócitos
5. Febre:
a) Mecanismo de ação da febre
Febre, que significa temperatura corporal acima da faixa normal de variação, pode
ser causada por anormalidades no cérebro propriamente dito ou por substâncias
tóxicas que afetam os centros reguladores da temperatura. Algumas causas de
febre incluem doenças bacterianas, tumores cerebrais e condições ambientais que
podem resultar em uma intermação. Reajuste do Centro de Regulação
Hipotalâmico da Temperatura nas Doenças Febris
• Efeito dos Pirogênios.
Muitas proteínas, produtos da degradação das proteínas, e algumas outras
substâncias, especialmente toxinas de lipossacarídeos oriundas das membranas
celulares de bactérias, podem fazer com que o ponto de ajuste do termostato
hipotalâmico se eleve. As substâncias que causam esse efeito são chamadas
pirogênios. Os pirogênios liberados por bactérias tóxicas ou os liberados por
tecidos corporais em degeneração, causam febre durante condições
patológicas. Quando o ponto de ajuste do centro de regulação hipotalâmico
da temperatura se eleva acima do normal, todos os mecanismos para a elevação
da temperatura corporal começam a atuar, incluindo a conservação de calor e o
aumento da produção de calor. Em algumas horas, após a elevação do ponto de
ajuste, a temperatura corporal se aproxima desse nível.
• Mecanismo de Ação dos Pirogênios na Causa da Febre
- O Papel das Citocinas
Experimentos em animais demonstraram que alguns pirogênios, quando
injetados no hipotálamo, podem atuar direta e imediatamente sobre o centro de
regulação da temperatura no hipotálamo e aumentar seu ponto de ajuste. Outros
pirogênios atuam indiretamente e podem necessitar de várias horas de latência
antes de causar seus efeitos. Esse fato é válido para vários pirogênios
bacterianos, especialmente as endotoxinas das bactérias gram-negativas.
Quando as bactérias ou os produtos da degradação das bactérias estão
presentes nos tecidos ou no sangue, eles são fagocitados pelos leucócitos do
sangue, pelos macrófagos teciduais e pelos grandes linfócitos "killers"
granulares. Todas essas células digerem os produtos bacterianos e, em
seguida, liberam citocinas, grupo diferenciado de moléculas peptídicas de
sinalização, participantes das respostas imunes e adaptativas. Uma das mais
importantes dessas citocinas para causar febre é a interleucina-1 (IL-1),
também chamada de pirogênio leucocitário ou pirogênio endógeno. A
interleucina-1 é liberada pelos macrófagos para os líquidos corporais e, ao
chegar ao hipotálamo, quase imediatamente ativa os processos produtores de febre
aumentando, por vezes, a temperatura corporal, por valor significativo em apenas
8 a 10 minutos. Aproximadamente um décimo de milionésimo de grama do
lipossacarídeo endotoxina de bactéria, atuando e m conjunto com os
leucócitos do sangue, macrófagos dos tecidos e linfócitos exterminadores,
pode causar febre. A quantidade de interleucina-1 que é formada em resposta
ao lipossacarídeo suficiente para causar febre, é de apenas alguns
nanogramas.
Vários experimentos sugeriram que a interleucina-1 inicialmente cause febre
pela indução da formação de prostaglandinas, principalmente a prostaglandina
E2 ou substância similar, que atua no hipotálamo para desencadear a r eação
da febre. Quando a formação de prostaglandinas é bloqueada por fármacos, a
febre pode ser abortada ou diminuída. De fato, esta pode ser a explicação para
o mecanismo de atuação da aspirina na redução da febre, pois a aspirina impede a
formação de prostaglandinas, a partir do ácido araquidônico. Fármacos como a
aspirina, que reduzem a febre, são chamados antipiréticos.
Febre Causada por Lesões Cerebrais: Quando o neurocirurgião opera na
região do hipotálamo, quase sempre é desencadeada febre grave; raramente, o
efeito oposto, hipotermia, ocorre, demonstrando tanto a potência dos
mecanismos hipotalâmicos para o controle da temperatura corporal quanto a
facilidade com as quais as anormalidades do hipotálamo podem alterar o ponto de
ajuste do controle da temperatura. Outra condição que frequentemente causa
temperatura alta prolongada é a compressão do hipotálamo por tumor cerebral.
*É necessário fazer um diagnóstico diferencial da febre com a hipertermia. Este
constitui um estado termal que quase nunca se produz como conseqüência de uma
infecção, e, portanto não representa um mecanismo de defesa contra agressões. A
hipertermia consiste na elevação da temperatura corporal sem aumento da
temperatura do termostato hipotalâmico. Ocorre aumento na produção de calor sem
correspondente aumento da perda. Na febre, a termorregulação continua atuante,
mas com o ponto prefixado deslocado para níveis mais elevados, com ativação do
centro promotor de calor. Por este motivo, drogas antipiréticas não atuam em
estados de hipertermia, já que têm atuação somente no termostato hipotalâmico
alterado.
Vários são os fatores determinantes e geradores da febre; o mais comum é a
infecção. A febre ocorre com a produção de pirógenos endógenos (ou citocinas),
moléculas protéicas de peso molecular aproximado entre 10.000 e 20.000.
Já foram caracterizados vários pirógenos endógenos, entre os quais
destacamos a interleucina-1 (IL-1), a interleucina-6 (IL-6), o fator de necrose tumoral
(caquetina, TNF), interferon alfa e beta (FNT), proteína α1 inflamatória do macrófago
(PIM), entre outras. Estas substâncias são produzidas por grande variedade de
células do organismo, especialmente aquelas capazes de realizar a fagocitose
(essencialmente os macrófagos), no entanto acredita-se que outras células sejam
capazes de produzi-las, tais como, granulócitos, monócitos, linfócitos, eosinófilos,
hepatócitos, etc. Estes pirógenos endógenos não podem ser confundidos com
pirógenos bacterianos (exógenos) sendo distinguidos por produzir febre após
período de latência, causar leucopenia, e a injeção repetida do mesmo conduzir ao
estado de refratariedade. Para que os pirógenos endógenos sejam liberados pelas
células responsáveis pela sua produção, ocorre necessidade de indução, e entre os
indutores de pirógenos endógenos, destacamos: as endotoxinas de
microorganismos, vírus, bactérias, hormônios (esteróides, progesterona,
etiocolanolona), pólen, vacinas, proteínas ou produtos de sua desintegração, etc.
Estes agentes indutores estimulam a produção de pirógenos endógenos por estas
células.
É importante salientar que a febre não é produto do efeito farmacológico
destes mediadores químicos no organismo. Os pirógenos endógenos, por meio da
interação com elementossensoriais no órgão vascular da lâmina terminal (OVLT) e
outras regiões em torno do cérebro, promovem a síntese de prostaglandinas E2
pela estimulação da cicloxigenase. As prostaglandinas E2 difundem-se e
atravessam a barreira hemato-encefálica até a área pré-óptica do hipotálamo,
gerando a liberação de citocinas nos sítios terminais e distais dos neurônios
responsáveis pelos componentes autonômicos, endócrinos e condutores da
resposta febril. Existem evidências de que ocorre produção destas citocinas fora do
cérebro. A indução da variação do ponto prefixado hipotalâmico da temperatura está
mediada pela prostaglandina E2.. Ao gerar ascensão do ponto prefixado
hipotalâmico (Figura 1), estimula-se a produção de calor pelo centro promotor de
calor, por meio de seus mecanismos (calafrios, aumento do metabolismo celular e
vasoconstrição). O aumento no valor prefixado do hipotálamo desenvolverá
mecanismos cuja resultante funcional é a perda de calor, principalmente por
vasodilatação e sudorese, que tendem a abaixar a temperatura até a faixa
considerada normal. A este fenômeno dá-se o nome de crises e ocorre por
diferentes razões fisiológicas, tais como, o controle e ou o desaparecimento do
agente causador da febre, o uso de antipiréticos, etc.
b) Mecanismo de ação dos antipiréticos
Antipirético: Inibe a COX-1 no centro hipotalâmico regulador da temperatura.
Produz vasodilatação periférica.
Bloqueio da formação de PGs por inibição da COX.
6. Sobre a pneumonia:
a) Cite os tipos de pneumonia (fúngica/ bacteriana/ viral)
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA
São 4 tipos:
● Pneumonia comunitária
● Pneumonia hospitalar
● Pneumonia oportunista
● Pneumonia por aspiração
A diferença entre elas, basicamente, está no agente etiológico. E essa classificação
clínica é importante, pois é de acordo com ela que definimos o tratamento, de
acordo com o agente etiológico mais comum para ela.
A. PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Aquela que acomete o indivíduo fora do ambiente hospitalar (na comunidade – em
casa, na escola, trabalho, etc) ou nas primeiras 48 horas de após internação
hospitalar.
Principais agentes:
→ Streptococcus pneumoniae (pneumococo);
→ Haemophylus influenzae;
→ Legionella sp;
→ Clamydia pneumoniae
B. PNEUMONIA HOSPITALAR
Acomete pacientes hospitalizados após 48 horas de internação, ou até 7 dias após
a alta hospitalar. Faz parte das infecções hospitalares. Esses tipos de infecções são
as mais preocupantes,pois geralmente são causadas por microrganismo
mais resistente. Além do estresse da internação que o paciente sofre,
diminuindo a resistência imunológica do mesmo. Nesse tipo de pneumonia o
tratamento deve ser endovenoso.
Principais agentes: (geralmente são gram negativos)
→ Bacilos entéricos;
→ Escherichia coli;
→ Klebisiella sp;
→ Haemophylus influenzae;
→ Staphylococcus aureus - é o mais preocupante pois cada vez mais tem
cepas mais resistentes.
C. PNEUMONIA OPORTUNISTA
Causada por microrganismos que normalmente não são patogênicos (ou
não causam doença naquele local), e agora se aproveitam de uma
imunodepressão do indivíduo para causar uma doença. Às vezes os
microrganismos são patogênicos porém apresenta um baixo nível de
patogenicidade ou não apresentam infecções naquele local. Ex. herpes
simples (que geralmente acomete boca ou genitais) Fazem parte do grande grupo
das infecções oportunistas. Neste tipo de pneumonia temos várias classes de
agentes etiológicos, e o que vai nos auxiliar a definir o tratamento do paciente será a
história clínica do paciente, o raio X (existem padrões radiológicos que favorecem a
distinção dos tipos de infecções) e muitas vezes é necessário realizar um lavado
broncoalveolar (broncoscopia) , para realizar o diagnóstico.
Principais agentes:
→ Vírus: Citomegalovirose, Herpes simples;
→ Bactérias: Micobacterioses (tuberculose e complexo Mycobacterium
avium-intracellulare– (geralmente são mico bactérias atípicas), Pneumonias (S.
pneumoniae), Salmonelose).
→ Fungos: Pneumocistose, Candidíase, Criptococose, Histoplasmose;
→ Protozoários: Toxoplasmose, Criptosporidiose. Muitas vezes o diagnóstico
da imunossupressão é realizado através dessas doenças oportunistas, pois
deve ser buscada a causa da imunossupressão. A imunossupressão pode ser
causada devido a: AIDS, imunodeficiências congênitas, leucemia, quimioterapia,
uso de imunossupressor, uso crônico de corticoides. É um problema para
tratar, pois não tem auxílio do sistema imune, e às vezes há
necessidade de tratar com medicamentos mais fortes e etc; e também é difícil de
saber qual o agente etiológico.
D. PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO Aspiração de substâncias estranhas ao trato
respiratório, e associado aos agentes físicos e químicos aspira um agente
microbiológico.
Principais agentes:
→ Químicos: é o mais comum de ocorrer aspiração ex. o vômito/regurgitação de
bebê, ou engasgamento de comida e aspirar, problema disso é que está
aspirando conteúdo gástrico como pepsina e ácido clorídrico há uma digestão de
parênquima pulmonar e acaba virando meio de cultura. Há um comprometimento
pulmonar muito grande, pois além da lesão também haverá bactérias nesse tecido
aí terá uma infecção secundária agravando ainda mais a destruição do parênquima
pulmonar.
→ Físicos: (altas temperaturas podem lesar o trato respiratório)
→ Biológicos A pneumonia aspirativa é grave, pois causam lesões no parênquima
pulmonar.
b) Sintomatologia
Quais os principais sinais da doença e como é feito o diagnóstico?
Os sintomas mais comuns são tosse com secreção (pode haver sangue misturado),
febre alta (que pode chegar a 40°C), calafrios e falta de ar ou dor no peito durante a
respiração. O diagnóstico é feito por meio da história do paciente, do exame clínico
e de raio-x do tórax. Exames complementares também podem ser necessários para
identificar o agente causador da doença.
Qual o tratamento mais adequado?
O tratamento depende do microorganismo causador da doença. Nas pneumonias
bacterianas, devem-se usar antibióticos. Atualmente, amoxicilina, azitromicina e
claritromicina são os medicamentos mais recomendados no tratamento das
pneumonias comunitárias que comprometem pessoas previamente saudáveis. Na
maior parte das vezes, quando a pneumonia é causada por vírus, o tratamento inclui
apenas antitérmicos e analgésicos para aliviar os sintomas, podendo ser
necessários medicamentos antivirais nas formas graves da doença. Nas
pneumonias causadas por fungos, utilizam-se medicamentos específicos. É muito
importante saber que, se não tratada, a pneumonia pode evoluir para um quadro
mais grave, causando até a morte.
7. A respeito da microbiota normal e patogênica:
a) Diferencie-as
Microbiota normal é o termo utilizado para descrever as várias bactérias e
fungos que são residentes permanentes de determinados sítios corporais,
especialmente a pele, a orofaringe, o cólon e a vagina. Sem causar doenças no
lugar onde estão. Os vírus e parasitas, que correspondem aos dois outros
importantes grupos de micro -organismos, geralmente não são considerados
membros da microbiota normal, embora possam estar presentes em indivíduos
assintomáticos. Os membros da microbiota normal variam de um sítio a outro
quanto ao número e ao tipo
.
Embora a microbiota normal seja encontrada povoando intensamente várias
regiões do corpo, os órgãos internos habitualmente são estéreis. Regiões como o
sistema nervoso central, o sangue, os brônquios inferiores e alvéolos, o fígado,
o baço, os rins e a bexiga são desprovidas de organismos, exceto por
aqueles organismos transeuntes. Existe também uma distinção entre a
presença desses organismos e o estado de portador. Sobre determinados
aspectos, somos todos portadores de microorganismos, porém este não
corresponde ao uso habitual do termo no contexto médico. O termo “portador”
implica o fato de um indivíduo albergar um patógeno em potencial e, portanto,
poder representar uma fonte de infecção de terceiros. Esse termo é mais
frequentemente utilizado em referência a uma pessoa que apresenta infecção
assintomática ou a um indivíduo que se recuperou deuma doença, mas
ainda carreia o organismo, podendo albergá-lo por um longo período.
Deve-se também realizar uma distinção entre os membros da microbiota
normal, que são residentes permanentes, e a colonização do indivíduo por um
novo organismo. Em um contexto, somos todos colonizados pelos organismos
da microbiota normal; entretanto, o termo “colonização” refere-se tipicamente à
aquisição de um novo organismo. Após a colonização por um novo organismo
(isto é, adesão e crescimento, geralmente em uma membrana mucosa), esse
organismo pode causar uma doença infecciosa ou pode ser eliminado por
nossas defesas. Além disso, o indivíduo colonizado por um novo organismo
pode transmitir aquele organismo a outros, isto é, atuar como um reservatório de
infecção para terceiros. Os membros da microbiota normal desempenham papel
na manutenção da saúde, bem como na promoção de doenças, de três
maneiras significativas: (1). Podem causar doenças, especialmente em
indivíduos imunocomprometidos ou debilitados. Embora esses organismos não
sejam patogênicos em sua localização anatômica usual, podem ser patogênicos
em outras regiões do corpo. (2). Constituem um mecanismo de defesa
protetor. As bactérias residentes não patogênicas ocupam sítios de adesão na
pele e mucosa, podendo interferir na colonização por bactérias patogênicas. A
capacidade de os membros da microbiota normal limitarem o crescimento de
patógenos é denominada resistência à colonização. Quando a microbiota normal
é suprimida, os patógenos podem crescer e causar doenças. Por exemplo, os
antibióticos podem reduzir a microbiota normal do cólon, permitindo que
Clostridium difficile, organismo resistente a antibióticos, cresça em abundância,
causando uma colite pseudomembranosa. (3) podem desempenhar uma
função nutricional. As bactérias intestinais produzem grande quantidade de
vitamina B e vitamina K. Indivíduos mal nutridos, quando submetidos ao
tratamento com antibióticos orais, podem apresentar deficiências vitamínicas
como resultado da redução da microbiota normal. Todavia, uma vez que animais
livres de germes exibem bom estado nutricional, a microbiota normal não é
essencial à nutrição adequada.
A microbiota comensal do ser humano exerce funções fisiológicas no organismo:
participação no metabolismo de produtos alimentares, fornecimento de fatores
essenciais de crescimento, proteção contra infecções e estímulo à resposta imune.
A flora microbiana se inicia nos recém-nascidos e passa por transformação ao longo
da vida, sendo, ainda, sujeita a vários fatores, como idade, dieta, estado hormonal,
saúde e higiene pessoal.
É importante salientar a diferença entre colonização e doença. O primeiro se refere
a uma relação sem interrupção das funções normais do corpo, ao passo que a
doença se caracteriza por dano ao organismo.
A maioria das infecções humanas são causadas por patógenos oportunistas, ou
seja, aqueles que tipicamente compõem a microbiota normal do paciente e passam
a gerar processo patológico quando inseridos em sítios desprotegidos (ex: sangue e
tecidos), como Escherichia coli e Candida albicans.
Bactérias Gram-positivas, Gram -negativas, vírus, riquétsias, leptospiras e m esmo
helmintos são capazes de ser agentes etiológicos de choque. Por sua importância
maior, desde que são causa de 80% deste síndrome, o choque mais estudado é o
produzido por bacilos Gram -negativos. Dêstes os principais são Escherichia coli,
Klebsiella-Aerobacter que, em conjunto, representam 80% dos agentes etiológicos.
b) Indique sua localização : Existem diversas floras normais em nosso corpo,
sendo presente na pele, na boca e vias respiratórias superiores, no trato
intestinal, na uretra, na vagina e na conjuntiva.

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