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CAPÍTULO 10 NICOLAU MAQUIAVEL p. 218 – 220 2º ANOS FILOSOFIA Professora: Valdenise Morais NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) • Foi um importante teórico, pensador político, filósofo, historiador, diplomata, músico e escritor do Renascimento. Considerado o "Pai do Pensamento Político Moderno", nasceu em Florença, Itália, no dia 03 de maio de 1469. Pertencente a uma família pobre, Nicolau desde cedo aprendeu línguas (grego e latim) e foi estimulado nos estudos. • Defensor dos ideais republicanos, sua teoria estava pautada nos princípios morais e éticos para a Política. Foi o primeiro a separar a Política da Ética com o intuito de estudar a cultura política como ela é realmente e não como ela deveria ser. • Em 1520, Maquiavel recebe o título de mais importante historiador de Florença. Em 1527, com a queda dos Médici, foi considerado um tirano. CONTEXTO HISTÓRICO • A obra de Maquiavel está diretamente associada ao contexto histórico da Europa do século XV. Como mencionamos anteriormente, Nicolau Maquiavel nasceu na Itália e passou grande parte de sua infância e adolescência sob a responsabilidade de governos tiranos e confusos. O poder na região estava dividido em pequenos principados governados por mercenários ou déspotas (tiranos) sem direitos e com ilegitimidade religiosa (sem dinastia), o que gerava uma guerra pelo poder e instaurava o caos. A figura de Lourenço de Médici ajudou muito para conter invasões estrangeiras e sua morte, em 1492, foi crucial para a invasão de Carlos VIII, causando a expulsão dos Médici de Florença e restabelecendo a força da Igreja Católica na região. CONTEXTO HISTÓRICO • Foi nesse cenário que Nicolau Maquiavel encontrou espaço para a disseminação de suas teorias. Quem nunca ouviu a expressão “os fins justificam os meios”, ou ainda usou a palavra maquiavélica para definir uma atitude premeditada ou traiçoeira? Aliás, as palavras ‘maquiavélico’ e ‘maquiavelismo’, na verdade, foram empregadas para caracterizar determinadas situações políticas. Porém, o uso caiu no popular e acabou sendo importado para as relações privadas. O que muitas pessoas não sabem sobre essas expressões é que ela vieram de ideais e propostas apresentadas pelo filósofo em sua obra-prima, o livro O Príncipe, publicado em 1513. O sucesso de um Estado ou de uma nação é o fim supremo. Quem quer que governe o Estado ou a nação deve lutar para assegurar... ... Sua própria glória. ... O sucesso do Estado. A fim de realizar isso, ele não pode ser limitado pela moralidade. Os fins justificam os meios. Visão realista. PRINCIPAIS OBRAS Maquiavel teve uma ampla obra bibliográfica: • Relatos sobre os fatos na Alemanha (1508); • Retrato das coisas da França (1510); • Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1513 a 1521); • A arte da guerra (1517 a 1520); • A mandrágora (1518). Entretanto, sua principal obra, notoriamente, é: • O príncipe (1932). O PRÍNCIPE • A obra “O Príncipe”, escrita por Maquiavel em 1513, e publicada postumamente em 1532. O livro, um manual sobre a arte de governar, foi inspirado no estilo político de César Bórgia um dos mais ambiciosos comandantes italianos, que ficou conhecido por seu poder e atrocidades que cometeu para conseguir o que queria. Maquiavel viu nele o modelo para os demais governantes da época. • A obra revela a preocupação de Maquiavel com o momento histórico da Itália, fragilizada pela falta de unidade nacional e alvo de invasões e intrigas diplomáticas. Indignado com a decadência política e moral da Itália, o autor dirige conselhos a um príncipe imaginário, com o único objetivo de unificar a Itália e criar uma nação moderna e poderosa. O PRÍNCIPE • Em suas observações, Maquiavel acreditava que a boa administração do soberano dependia de uma articulação política rígida e de muita sabedoria, ligadas às características pessoais, como a ousadia, a sagacidade, a perspicácia e o carisma. O pensador florentino sustentava a ideia de que o bom exercício da vida política dependia da felicidade do homem e da sociedade, pois nenhum príncipe, mesmo o mais sábio, podia ser tão sábio quanto o povo. • Maquiavel fez uma análise de como poderia ser a reconstrução da Itália nos princípios de um Estado moderno e unitário, porque, para ele, “jamais país algum viveu unido e próspero se não foi submetido inteiramente”, e caberia ao príncipe a responsabilidade de unir politicamente a fracassada Itália. QUALIDADES DO PRÍNCIPE • Em sua obra, Maquiavel descreve quais as qualidades que um príncipe deve possuir e como deve usá-las. O príncipe deve ser ponderado, humanitário, prudente, agir de forma equilibrada. Deve querer ser considerado piedoso e não cruel, necessita empregar de modo conveniente á piedade e saber usar a crueldade, desta forma, o príncipe “não deve guardar a palavra empenhada quando isso lhe é prejudicial e quando os motivos que o determinaram deixarem de existir”. • Maquiavel faz uma analogia representando o príncipe como a composição do leão (força - deve se impor pelo respeito e temor) e a raposa (astúcia- inteligência, melhores atitudes), “precisa, portanto, ser raposa para conhecer as laças e leão, para amedrontar as lobos”. VISÃO NEGATIVA DA HUMANIDADE • Para Maquiavel, os seres humanos são ingratos, volúveis, fingidos e dissimulados. "Assim, enquanto o príncipe agir com benevolência, eles se doarão inteiros, lhe oferecerão o próprio sangue, os bens, a vida e os filhos, mas só nos períodos de bonança, como se disse mais acima; entretanto, quando surgirem as dificuldades, eles passarão à revolta, e o príncipe que confiar inteiramente na palavra deles se arruinará ao ver-se despreparado para os reveses“. É MELHOR SER AMADO OU TEMIDO • Pode-se responder que todos gostariam de ser ambas as coisas; porém, como é difícil conciliá-las, é bem mais seguro ser temido que amado, caso venha a faltar uma das duas. Porque, de modo geral, pode-se dizer que os homens são ingratos, volúveis, fingidos e dissimulados, avessos ao perigo, ávidos de ganhos; assim, enquanto o príncipe agir com benevolência, eles se doarão inteiros, lhe oferecerão o próprio sangue, os bens, a vida e os filhos, mas só nos períodos de bonança, como se disse mais acima; entretanto, quando surgirem as dificuldades, eles passarão à revolta, e o príncipe que confiar inteiramente na palavra deles se arruinará ao ver-se despreparado para os reveses. É MELHOR SER AMADO OU TEMIDO • Pois as amizades que se conquistam a pagamento, e não por grandeza e nobreza de espírito, são merecidas, mas não se podem possuir nem gastar em tempos adversos; de resto, os homens têm menos escrúpulos em ofender alguém que se faça amar a outro que se faça temer: porque o amor é mantido por um vínculo de reconhecimento, mas, como os homens são maus, se aproveitam da primeira ocasião para rompê-lo em benefício próprio, ao passo que o temor é mantido pelo medo da punição, o qual não esmorece nunca. A VIRTÙ • Trata-se da capacidade do príncipe em controlar as ocasiões e acontecimento do seu governo, das questões do principado. O governante com grande Virtù constrói uma estratégia eficaz de governo capaz de sobrestar as dificuldades impostas pela imprevisibilidade da história. Assim, o político com grande Virtú observa na Fortuna a probabilidade da edificação de uma estratégia para controlá-la e alcançar determinada finalidade, agindo frente a uma determinada circunstancia, percebendo seus limites e explorando as possibilidades perante a mesma. • A virtú seria uma forma de manter a paz e estabilidade do Principado. Outro ponto importante é acerca da superioridade da vida pública em detrimento da vida privada na constituição da Virtù. Por fim, destaca-se a contestação dos valores e virtudes da moral cristã tradicional à época de Maquiavel. A FORTUNA• Diz respeito às circunstâncias, ao tempo presente e às necessidades do mesmo: a sorte individual. É, para o filósofo, a ordem das coisas em todas as dimensões da realidade que influenciam a política. Observa-se que a Fortuna não pode ser vista como um obstáculo ao governante, mas um desafio político que deve ser conquistado e atraído. • O príncipe que vive despreparado em função da Fortuna apenas atrairia desonra e fracasso, mas o de Virtù procura utilizá-la, controlá-la da tal forma que lhe possa ser útil. A ÉTICA PARA MAQUIAVEL • A ética em Maquiavel se contrapõe a ética cristã herdada por ele da Idade Média. Para a ética cristã, as atitudes dos governantes e os Estados em si estavam subordinados a uma lei superior e a vida humana destinava-se à salvação da alma. Com Maquiavel a finalidade das ações dos governantes passa a ser a manutenção da pátria e o bem geral da comunidade, não o próprio, de forma que uma atitude não pode ser chamada de boa ou má a não ser sob uma perspectiva histórica. • A teoria de Maquiavel torna-se interessante por não ter vínculos éticos, morais e religiosos, ele mesmo apoia hora o bem, hora o mal e diz que a conduta do príncipe deve ser de acordo com a situação.
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