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Apostila de LIBRAS -UFRGS, 2012

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LIBRAS 
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
 
 
 
2011
 
 
2 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Car@ alun@: 
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a língua utilizada pelas 
comunidades surdas do Brasil, reconhecida oficialmente pela Lei Nº 10.436/2002 e 
pelo Decreto 5626/2005. 
O Curso Básico de LIBRAS que você está realizando tem como objetivo 
proporcionar o aprendizado básico dessa língua, apresentar aspectos das 
comunidades surdas, da cultura e das identidades surdas e aspectos lingüísticos 
(gramaticais) da LIBRAS através de aulas teóricas e práticas. 
As aulas teóricas serão expositivo-dialogadas com base nos textos desta 
apostila. As aulas práticas serão desenvolvidas através de estratégias visuais para o 
uso da LIBRAS, não devendo haver fala ou tradução aos colegas dos sinais e das 
expressões que estão sendo produzidas, visto que o objetivo é proporcionarmos 
aulas em que uma língua visual-gestual seja utilizada. Serão trabalhados 
classificadores e expressões faciais e corporais e realizadas conversações em sinais 
em duplas ou grupos. 
Com isso, acreditamos que vocês poderão estabelecer uma comunicação 
básica com os surdos em LIBRAS. Desejamos, com isso, que o uso da Língua 
Brasileira de Sinais seja ampliado em nossa instituição. 
Um bom curso a tod@s! 
 
 
 
 
 
 
3 
1 COMUNIDADES, CULTURA, IDENTIDADES E MOVIMENTO SURDO 
 
ProfªAdriana da Silva Thoma 
 
Uma língua só pode ser utilizada em contato com outros sujeitos, portanto, 
em comunidade. Em comunidade, valores e experiência são compartilhados e vão 
engendrando modos de ser e estar no mundo e esses valores e experiências 
constituem aquilo que chamamos de cultura. Em um contexto cultural comunitário, 
identidades ou modos de ser surdo são constituídos. 
Partindo desses entendimentos, o texto que segue problematiza a questão 
dos nomes (surdo-mudo, deficiente auditivo ou surdo? língua ou linguagem de 
sinais?) e as marcas que constituem a surdez e os surdos, bem como questões que 
envolvem a constituição da língua de sinais, das comunidades, da cultura, das 
identidades e do movimento surdo. 
 
 
1.1 Sobre os nomes: surdo-mudo, deficiente auditivo ou simplesmente surdo? 
Língua ou linguagem de sinais? 
Com grande freqüência somos questionados sobre qual o melhor nome para 
se referir às pessoas surdas: deficiente auditivo, surdo-mudo ou simplesmente 
surdo? Como se referir a comunicação dos surdos: língua ou linguagem de sinais? 
Os termos carregam significados e por isso as perguntas são relevantes. 
O senso comum costuma atribuir mudez à surdez e, por isso o termo surdo-
mudo é bastante utilizado. Porém, nem do ponto de vista clínico nem do ponto de 
vista cultural essa idéia faz sentido. Do ponto de vista clínico-biológico são 
considerados mudos aqueles que possuem algum impedimento nos variados órgãos 
envolvidos na emissão da fala e os surdos, em geral, não possuem esse 
impedimento; o que ocorre é uma falta de feedback, ou seja, não falam porque lhes 
falta a audição. Mas esse não é o argumento mais importante para os surdos, que 
se valem de uma compreensão cultural da surdez para dizer que se comunicam em 
um modalidade gestual visual até hoje pouco conhecida entre os ouvinte: pela língua 
de sinais (LS) falam com as mãos e ouvem com os olhos. 
A comunidade surda organizada representada pela FENEIS (Federação 
Nacional de Educação e Integração dos Surdos) fez uma campanha, algum tempo 
atrás, e buscou divulgar essa idéia em camisetas e adesivos onde se lê: Surdo- 
mudo: apague essa idéia, colocando um X sob a palavra mudo. 
 
 
4 
O termo deficiente auditivo é o termo clínico que define o grau da surdez e 
que aparece nas audiometrias que dizem se a perda da audição do sujeito surdo é 
leve, moderada, severa ou profunda, classificações apresentadas em gráficos de 
freqüência e em medidas de decibéis. Para a comunidade surda esse também não é 
um bom termo, pois coloca em primeiro plano o déficit, aquilo que falta para os 
surdos em relação a uma norma ouvinte. Em uma perspectiva cultural, podemos 
dizer que os deficientes auditivos são aqueles que vivem a condição da surdez como 
deficiência, aqueles que são subjetivados pelo discurso da ausência e conduzidos a 
passar a vida correndo atrás da cura da surdez, através do aprendizado da leitura 
labial e da fala. 
O termo surdo tem sido o preferido pela comunidade surda. Surdo não como 
deficiente, mas como minoria lingüística. Essa é uma discussão que teve início nos 
anos de 1960, quando os primeiros estudos da área da lingüística foram 
desenvolvidos por William Stokoe nos Estados Unidos e que comprovaram que a 
língua de sinais possui status lingüístico e deve ser reconhecida como língua. Houve 
época em que se convencionou utilizar s minúsculo para se referir a surdez como 
deficiência e S maiúsculo para se referir à surdez como uma categoria cultural, mas 
hoje isso caiu em desuso e temos utilizado simplesmente surdo quando nos 
referimos aqueles que são usuários da língua de sinais e que construíram uma 
identidade surda em comunidades de surdos. 
Esses termos de referência aos surdos estão situados em duas grandes 
formas representacionais: uma que denominamos de clínico-terapêutica e outra que 
denominamos de sócio-antropológica. 
A representação clínico-terapêutica entende os surdos como deficientes e os 
classifica segundo graus de perda e a representação sócio-antropológica entende os 
surdos como sujeitos pertencentes a um grupo cultural e lingüístico minoritário. 
Ambas estão presentes na história da educação de surdos até os dias atuais, não 
sendo possível falarmos que, apesar das mudanças sociais e culturais da 
contemporaneidade, a visão clínico-terapêutica tenha sido superada em prol de uma 
visão sócio-antropológica. 
 
1.2 Marcas surdas e a invisibilidade da surdez no corpo 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A surdez é invisível. Invisível enquanto marca física no corpo daqueles que 
são surdos. Podemos estar diante de um sujeito surdo e não sabermos que ele é 
surdo, pois ainda que diante de nós estejam pessoas sinalizando, não podemos 
dizer que todas são surdas. Pode ser (e é provável que sim) que entre os 
sinalizantes tenha ao menos um que seja surdo, mas não há como termos certeza 
disso já que há muitos ouvintes conhecem e se utilizam da língua de sinais para 
comunicarem-se com outros (surdos ou ouvintes) que conheçam essa língua. 
Quais são, então, as marcas da surdez? 
Podemos dizer que a língua de sinais é o principal marcador surdo, apesar do 
que acabo de dizer acima. E talvez, justamente por ser a marca que mais identifica 
os surdos, essa forma de comunicação foi, ao longo dos tempos (e talvez até hoje) 
considerada um empecilho para a inclusão dos surdos na sociedade. 
Além da LS, podemos destacar também, como marcadores surdos, o olhar, a 
presencialidade e a cultura visual. O olhar não como recompensa à falta de audição, 
mas como uma experiência que constitui modos de ser surdo. Essa experiência 
necessita da presença do outro: é mais fácil a comunicação frente a frente com 
interlocutores que sabem sinais e os surdos, em geral, sentem-se bem na presença 
de amigos (surdos ou ouvintes) com quem possam conversar em sinais. 
A escola, nesse sentido, é um espaço de encontro significativo, pois é nela 
que muitos surdos se constituem como sujeitos culturais e conseguem romper com 
as amarras sociais que os colocam na condição de deficientes a quem falta algo, 
como sujeitos que necessitam ser corrigidos, forçadamente e com grande esforço, 
através do aprendizado da língua oral da maioria ouvinte. 
A experiência visual e a presença do outro para sinalizar são, assim, 
marcadores importantes que constituem as identidades e a diferença surda. 
 
QUAL DELES É SURDO? 
 (Francesco Tonucci,1997) 
 
 
6 
 
 
1.3 Comunidades surdas 
 
Pelas razões acima citadas, podemos dizer que muitos surdos,quando 
conhecem outros surdos, sentem necessidade de estar em comunidade e a escola é 
um espaço importante para a constituição da comunidade surda, sendo o primeiro 
lugar de encontro da maioria daqueles que pertencem à famílias ouvintes. Mas além 
da escola, também os clubes e associações são espaços importantes que 
promovem uma vida em comunidade mais tranqüila aos surdos. 
Bauman (2003) em sua obra intitulada Comunidades: a busca por segurança 
no mundo atual nos diz que: 
“Comunidade” é uma dessas palavras que transmitem uma sensação 
boa: é bom “pertencer a uma comunidade”, “estar em comunidade”. 
Associamos a ela imagens de um lugar aconchegante, onde 
podemos nos refugiar das ameaças que nos espreitam “lá fora”, e de 
um mundo no qual gostaríamos de viver mas que, infelizmente, não 
existe. 
Ao contrário de grande parte de comunidades culturais e lingüísticas 
minoritárias, como as de alemães, italianos, japoneses, indígenas, ciganos e outros, 
a comunidade surda não possui um território geográfico definido. A surdez é um 
acontecimento disperso1 e os surdos vivem em um “país invisível” (WRIGLEY, 
1996). 
A escola de surdos tem sido apontada como o lugar onde as comunidades 
surdas emergem e muitos a defendem como sendo de crucial importância para que 
as crianças surdas se encontrem com outros surdos e constituam de modo positivo. 
No encontro com outros surdos é que as crianças surdas se percebem como 
diferentes e não como deficientes e inferiores. Quando isoladas e convivendo 
apenas com ouvintes, essas crianças tendem a se olharem e a se narrarem de modo 
negativo, como sujeitos incompletos a quem falta algo. 
O encontro surdo-surdo possibilita uma forma oposicional e positiva de ser 
surdo e é comum que após esse encontro muitos surdos passem a ter orgulho da 
sua condição, percebendo suas possibilidades e reinventando modos de ser e estar 
no mundo. 
 
1
 Estima-se que mais de 90% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes e esses, na grande maioria das vezes, 
desconhecem outros surdos e a língua de sinais e tendem a ver a surdez como um problema. Em geral são 
orientados, pelos especialistas da área médica que avaliam a surdez, a evitarem o uso de sinais e estimularem 
seus filhos a falar e ler lábios, de modo a que se assemelhem a norma ouvinte e sejam incluídos socialmente, 
adaptando-se `a maioria 
 
 
7 
Mas pertencer a uma comunidade nem sempre pode ser tranqüilo, pois “em 
troca da segurança prometida, a vida em comunidade parece nos privar da 
liberdade, do direito de sermos nós mesmos” (2003). Nas comunidades surdas, 
podemos entender essa dualidade quando líderes e militantes surdos esperam que 
todos estejam engajados do mesmo modo nas lutas surdas, que todos sejam 
fluentes na língua de sinais e não usem a oralidade para se comunicar, que dêem as 
costas às “coisas dos ouvintes”... 
 
1.4 Cultura surda 
Para Stuart Hall (1997), a cultura “determina uma forma de ver, de interpelar, 
de ser, de explicar, de compreender o mundo”. O viver e compartilhar experiências 
em comunidades é o que possibilita a (re)invenção e o desenvolvimento de uma 
cultura surda. 
A cultura surda é constituída de códigos, hábitos, humor e histórias que são 
compartilhados entre seus integrantes em espaços como as escolas, as associações 
e em famílias surdas. 
A cultura dos surdos é uma cultura visual e a língua de sinais é o código mais 
compartilhado e o marcador cultural que mais aproxima os surdos, aquele que faz 
com que se sintam à vontade nos espaços comunitários em que se reúnem e que 
permite a troca de experiências. È pela língua de sinais, como um marcador cultural, 
que as identidades surdas vão sendo constituídas e significadas culturalmente no 
grupo. 
 
1.5 Identidades surdas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que é ser surdo? A ausência da audição é condição suficiente para 
dizermos que um sujeito é surdo, do ponto de vista cultural? 
SURDOS NO TRABALHO 
Imagem de Maristela Alano 
In: Direitos humanos e surdez: a 
acessibilidade promovendo a 
cidadania dos surdos (2002) 
 
 
8 
Os surdos são homens, mulheres, homossexuais, heterossexuais... são 
negros, índios, brancos, ocidentais ou orientais... são pobres, ricos, trabalhadores ou 
desempregados... são honestos ou nem tanto... vivem em situação de dependência 
dos ouvintes ou de forma livre e independente. São tantas condições quantas forem 
possíveis de pensarmos. 
Ser surdo é um traço identitário que se hibridiza com outros na constituição de 
um sujeito e não pode ser reduzida a condição biológica do não ouvir. A surdez é 
uma experiência constituída na relação com outros (surdos ou ouvintes) e não há 
como descrevermos a todos os surdos segundo alguns tipos ou categorias fixas e 
puras. 
Ser surdo é uma condição plural e as identidades surdas podem ser tantas 
como podem ser qualquer outra, embora, como busquei demonstrar na seção acima, 
alguns marcadores sejam comuns à maioria dos surdos que se narram como 
sujeitos surdos culturais. 
 
1.6 Movimento Surdo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Movimento Surdo articula as lutas políticas dos surdos, entre as quais a luta 
pelo reconhecimento e a oficialização da língua de sinais e diferentes países. No 
Brasil, o movimento surdo teve importante papel na conquista desse direito, que se 
materializa na Lei Nº 10.436/2002 e no Decreto 5626/2005. 
O Movimento Surdo está representado em entidades como a Federação 
Mundial de Surdos (FMS), na Finlândia, que reúne federações de diferentes países. 
No Brasil, a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) é 
a que articula as lutas e dá visibilidade às demandas dos surdos em todo o território 
nacional. A FENEIS tem sede no Rio de Janeiro e escritório regional no Rio Grande 
BANQUETES SURDOS 
França, Século XVIII 
In: COUTURIER & 
KARACOSTAS (1990) 
 
 
9 
do Sul desde o ano de 1996, quando iniciaram-se as atividades na cidade de Porto 
Alegre. Com a abertura de um escritório na capital gaúcha, muitas conquistas 
aconteceram nos últimos anos e o número de Associações de Surdos nas cidades 
do interior do estado aumentou significativamente. 
Talvez uma das maiores conquistas das lutas articuladas pelo movimento 
surdo seja a divulgação da língua de sinais em espaços de trabalho onde os surdos 
estão entrando cada vez com mais freqüência e o ensino dessa língua como 
obrigatória em todos os cursos de formação de professores. 
 
1.7 Fragmentos da História da Educação dos Surdos2 
Século XVI 
Primeiras tentativas de educação dos surdos. Girolamo Cardano 
(1501-1578) abole o conceito de que o surdo não pode ser 
ensinado. 
1520-1584 Pedro Ponce de Leon, monge beneditino (Espanha), é o primeiro 
educador a desmutizar surdos. 
1712-1789 Samuel Heinick é considerado na época o maior educador de 
surdos da Alemanha, segue o método de oralização de Giovanni 
Conrado Amam. Funda a primeira escola pública baseada no 
método oral (1750). 
1750 O abade Charles Michel de L‟Epée inicia a instrução formal de 
duas crianças surdas, com grande êxito. Em 1760, transforma 
sua casa na primeira escola pública para surdos (Instituto de 
Surdos e Mudos em Paris), utilizando uma abordagem 
gestualista. 
1745-1751 O abade Etienne François Dechamps, também na França, abre 
em sua casa uma escola para crianças surdas, utilizando uma 
abordagem gestualista, e publica diversos trabalhos. 
1802 Jean-Marie Garpard Itard, médico, é o primeiro a fazer 
treinamento auditivo com os hipoacústicos. A partir daí, surgem 
novos estudos sobre o treinamento auditivo e a leitura labial; o 
método oral passa a ser mais divulgado e aceito. Alexander 
Grahan Bell, gênio da tecnologia e da telefonia, de uma família 
tradicional no trabalho com a fala, defende o ensino dos surdos 
apenas pelo método oral. 
1815 Thomas Hopkins Gallaudet visita o abade L‟Epée com o objetivo 
de conhecerseu trabalho. Convida um dos melhores alunos 
(Laurent Clerc) para implantar nos Estados Unidos o ensino a 
surdos utilizando a Língua de Sinais. Fundam a primeira escola 
americana para surdos em Connecticut, em 1817. 
1821-1885 Aparecem as primeiras escolas especiais para surdos na 
América Latina. 
1835 16% dos professores de escolas públicas americanas para 
surdos são surdos; em 1858, 40,8%; em 1870, 42,5%. 
1857 Eduard Huet, professor de francês surdo, convidado por D. Pedro 
 
2
 SÁ, Nídia Regina Limeira de. Educação de Surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EDUFF, 1999. 
 
 
10 
II, cria no Rio de Janeiro o Instituto Nacional dos Surdos-Mudos – 
INSM3. Começa provisoriamente em uma sala do Colégio 
Wassiman (no centro do Rio de Janeiro), com duas crianças 
surdas. 
1864 Criada nos Estados Unidos a Universidade Nacional para 
Surdos-Mudos, hoje Universidade Gallaudet4. 
1880 Congresso Internacional de Educadores de Surdos realizado em 
Milão, na Itália. Graham Bell usa todo o seu prestígio na defesa 
do Oralismo. Juan Jacob Valade Gabel, professor do Instituto de 
Paris, apresenta um método de educação visando a eliminar os 
gestos e as Línguas de Sinais. Trava-se grande disputa. Os 
professores surdos são excluídos da votação. O Oralismo vence 
com a recomendação da proibição oficial do uso das Línguas de 
Sinais nas escolas. 
Início do 
século XX 
A maior parte das escolas americanas para surdos usa o método 
oral puro. 
1902-1912 Comercialização dos primeiros aparelhos de surdez. 
1911 É remodelado o regulamento do Instituto Nacional de Surdos 
(que já havia excluído a expressão Surdos-Mudos) e o método 
oral fica oficialmente mantido em todas as disciplinas. As 
meninas são mantidas fora da instituição até 1932. 
1915 O INS muda-se para um imponente prédio na Rua das 
Laranjeiras, 232, onde está até hoje. 
1933 Para atender a demanda feminina, é fundado o Instituto Santa 
Terezinha em São Paulo, ligado à Igreja Católica5. 
1960 Willian Stokoe, nos Estados Unidos, publica o primeiro estudo 
lingüístico sobre a ASL, demonstrando que é uma língua com 
todas as características equivalentes às das línguas que se 
utilizam da modalidade oral. 
Década de 
1960 
Dorothy Shifflet, professora secundária, mãe de menina surda, 
descontente com os métodos oralistas, começa a utilizar um 
método combinado de linguagem sinalizada, fala, leitura labial e 
treino auditivo, numa escola na Califórnia, denominando seu 
trabalho de Total Approach – Abordagem Total. 
1968 Roy Holcomb, professor surdo, adota o Total Approach com 
todos os surdos da instituição; passa a chamar o método de 
Total Communication – Comunicação Total. 
1969 Eugênio Oates, missionário americano, faz a primeira tentativa 
de registrar a Língua de Sinais Brasileira. Publica um pequeno 
dicionário de Sinais o qual vem a ser o primeiro ato de atenção à 
Língua de Sinais em nosso país. 
1977 Criado no Rio de Janeiro a Federação Nacional de Educação e 
Integração dos Deficientes Auditivos, FENEIDA, com diretoria de 
ouvintes. 
1978 Gallaudet promove um Congresso Internacional; difunde as 
idéias da Comunicação Total e influencia diversos países. 
 
3
 Hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), situado na Rua das Laranjeiras, 232, Rio de Janeiro. 
4
 Segundo Reis (1992) atualmente o Tsukuba College of Technology, fundado no Japão em 1987, e a 
Universidade de Gallaudet são as duas únicas escolas superiores para surdos no mundo. 
5
 Muitas famílias de surdos no Brasil são constituídas de ex-alunos do INES e do Santa Terezinha. 
Provavelmente estas duas escolas constituíram o berço da LSCB tal como a conhecemos hoje” (BRITO, 1993, 
p.6-7). 
 
 
11 
Final da 
década de 
70 
Introduzida a Comunicação Total no Brasil pela professora Ivete 
Vasconcelos, fundadora da Escola Santa Cecília, escola especial 
particular para surdos, sob a influência do Congresso 
Internacional de Gallaudet. 
1978 O Dutch Council of Deaf, na Holanda, institui um grupo para 
investigar a Comunicação Total. Publicam, em 1981, os 
resultados do estudo, afirmando que a comunicação manual 
ajuda no desenvolvimento da fala. 
1981 Parlamento da Suécia aprova lei que dá direito aos surdos de 
serem bilíngües. 
1981 Início das pesquisas sistematizadas sobre a Língua de Sinais no 
Brasil. 
1982 Quatro das cinco escolas para surdos na Holanda mudam do 
Oralismo para a Comunicação Total. 
1983 Criação no Brasil da Comissão de Luta pelos Direitos dos 
Surdos. 
1983 Implantação na Suécia de um novo currículo que valoriza a 
Língua de Sinais. 
1983-1984 A Associação de Surdos da Alemanha lança um documento 
reivindicando o reconhecimento da Língua de Sinais. Em 1984, 
as autoridades educacionais autorizam apoio financeiro para 
pesquisas sobre a utilização do alemão sinalizado, como 
resultado de intensas discussões no seio da comunidade 
acadêmica. 
1981 Início das pesquisas sistematizadas sobre a LIBRAS no Brasil. 
Na 33ª Reunião Anual da SBPC, em Salvador (BA), pela primeira 
vez a lingüista Lucinda Ferreira Brito fala sobre Bilingüismo para 
surdos. 
1982 Elaboração em equipe de um projeto subsidiado pela ANPOCS e 
pelo CNPq intitulado Levantamento lingüístico da Língua de 
Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros (LSCB) e sua aplicação 
na educação. A partir desta data, diversos estudos lingüísticos 
sobre a LIBRAS são efetuados sobre a orientação da lingüista 
Lucinda Ferreira Brito, principalmente na UFRJ. A educação de 
surdos passa a ser alvo de estudos para diversas Dissertações 
de Mestrado. 
1984 A lingüista Eulália Fernandes defende sua tese de doutorado: O 
Surdo e seu Desempenho Lingüístico, no Rio de Janeiro. 
1985 Durante a Conferência Latino-Americana de Surdos, em Buenos 
Aires, é criado o GELES, Grupo de Estudos sobre Linguagem, 
Educação e Surdez. 
1986 O Centro SUVAG (PE) faz sua opção metodológica pelo 
Bilingüismo, tornando-se o primeiro lugar no Brasil em que 
efetivamente esta orientação passou a ser praticada. 
1987 Lançada a proposta para a Implementacion de la Educacion 
Bilingue en el Sordo, pelo Consejo Nacional de Educacion 
(Uruguai). 
1987 Criação da Federação Nacional de Educação e Integração de 
Surdos (FENEIS), em 16/05/1987, sob a direção de surdos. 
1989 Eulália Fernández publica o livro Problemas lingüísticos e 
cognitivos do surdo. 
1990 Carlos Sanchéz, assessor de Educação Especial na Venezuela, 
 
 
12 
implanta um trabalho bilíngüe em 42 escolas públicas do seu 
país. 
1991 A LIBRAS é reconhecida oficialmente pelo Governo do Estado de 
Minas Gerais (lei nº 10.397 de 10/1/91). 
1993 Lucinda Brito publica o livro Integração social e educação de 
surdos. 
1994 Começa a ser exibido na TV Educativa o programa VEJO 
VOZES (out/94 a fev/95), usando a Língua de Sinais Brasileira. 
1995 Criado por surdos no Rio de Janeiro o Comitê Pró-Oficialização 
da Língua de Sinais. 
1995 Lucinda Ferreira Brito publica o livro Por uma gramática de 
Línguas de Sinais. 
1996 Iniciam-se pesquisas e estudos sobre a Educação de Surdos no 
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS. Funda-
se o NUPPES (Núcleo de Pesquisas em Políticas Educacionais 
para Surdos), sob a orientação do Prof. Carlos Skliar. 
1996 Instala-se, em Porto Alegre, um escritório regional da FENEIS 
(Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos), que 
tem sede no Rio de Janeiro. 
1999 A LIBRAS é oficializada no Rio Grande do Sul (lei nº 11.045, 
publicada no Diário Oficial do Estado do dia 31 de dezembro de 
1999). 
2005 Decreto nº 5.626/05 - Regulamenta a Lei 10.436 que dispõe 
sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS 
2008 A disciplina de LIBRAS começa ser oferecida como obrigatória 
em cursos de Licenciatura na UFRGS. 
No dia 28 de junho de 2008 iniciam as aulas do Curso de Letras-
Libras na UFRGS, oferecido na modalidade de ensino à distância 
e coordenado pela UFSC, com 30 alunos surdos (Licenciatura)e 
30 alunos ouvintes (Bacharelado). 
 
 
13 
2 LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA: estudos lingüísticos 
 
Profª Lodenir Becker Karnopp 
 
 
“Contrário ao modo como muitos definem a surdez – isto é, 
como um impedimento auditivo – pessoas surdas definem-se 
em termos culturais e lingüísticos.” (Wrigley 1996, p. 13). 
 
A população surda global está estimada em torno de quinze milhões de 
pessoas (Wrigley 1996, p. 13), que compartilham o fato de serem lingüística e 
culturalmente diferentes em diversas partes do mundo. No Brasil, estima-se que, em 
relação à surdez, haja um total aproximado de mais de cinco milhões, setecentos e 
cinqüenta mil casos (conforme Censo Demográfico de 2000), sendo que a maioria 
das pessoas surdas utiliza a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). 
 
 
 Censo Demográfico - 
2000 
 
Total c/surdez Idade: 0 -17 Idade: 18 -24 
5.750.805 519.460 256.884 
Tabela 1: Quantitativo de Surdos no Brasil (www.feneis.com.br) 
 
As línguas de sinais existem em comunidades lingüísticas de pessoas surdas. 
Entretanto, o reconhecimento formal do status lingüístico das línguas de sinais é 
bastante recente. Encontramos declarações da UNESCO, da Organização Mundial 
da Saúde, da Federação Mundial dos Surdos e do Encontro Global dos 
Especialistas sobre o status lingüístico das línguas de sinais. A UNESCO, apenas 
em 1984, declarou que “a língua de sinais deveria ser reconhecida como um sistema 
lingüístico legítimo e deveria merecer o mesmo status que os outros sistemas 
lingüísticos (Wrigley, 1996, p. xiii)“. 
A Federação Mundial do Surdo, em julho de 1987, adotou sua primeira 
Resolução sobre Línguas de Sinais, rompendo com uma tradição oralista. O 
Encontro Global de Especialistas, em dezembro de 1987, apresentou entre suas 
principais recomendações a seguinte: 
 
pessoas surdas e com grave impedimento auditivo [devem] ser 
reconhecidas como uma minoria lingüística, com o direito 
específico de ter sua língua de sinais nativa aceita como sua 
primeira língua oficial e como o meio de comunicação e 
instrução, tendo serviços de intérpretes para a língua de sinais 
(Wrigley, 1996, p. xiv). 
 
No Brasil, a partir da luta da comunidade de surdos, que se organizaram em 
associações, instituições e através da Federação Nacional de Educação e 
Integração dos Surdos (FENEIS) ocorreu a oficialização da LIBRAS, conforme 
consta na lei federal 10.436 (24/04/2002) a seguir: 
 
 
 
 
14 
LEI FEDERAL Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 
 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira 
de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com 
estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e 
fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. 
 
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas 
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão 
da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização 
corrente das comunidades surdas do Brasil. 
 
Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de 
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores 
de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. 
 
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e 
do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação 
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino 
da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade 
escrita da língua portuguesa. 
 
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República. 
 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Paulo Renato Souza 
 
 
As línguas de sinais são denominadas línguas de modalidade gestual-visual 
(ou espaço-visual), pois a informação lingüística é recebida pelos olhos e produzida 
pelas mãos e rosto. 
Os articuladores primários das línguas de sinais são as mãos, que se 
movimentam no espaço em frente ao corpo e articulam sinais em determinadas 
locações neste espaço. Um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos. Um 
mesmo sinal pode ser articulado tanto com a mão direita quanto com a mão 
esquerda; tal mudança, portanto, não é distintiva. Sinais articulados com uma mão 
são produzidos pela mão dominante (tipicamente a direita para destros e a esquerda 
para canhotos), sendo que sinais articulados com as duas mãos também ocorrem e 
apresentam restrições em relação ao tipo de interação entre ambas as mãos. 
O objetivo deste texto é introduzir alguns estudos realizados na área da 
lingüística das línguas de sinais. Para isso, inicialmente discutiremos aspectos 
compartilhados entre línguas orais e línguas de sinais. Em seguida, detalharemos 
aspectos lingüísticos envolvidos na produção dos sinais. 
 
 
 
 
15 
2.1 Aspectos compartilhados entre línguas de modalidades diferentes6 
 
A lingüística é o estudo científico das línguas naturais e humanas e as 
pesquisas realizadas nesta área incluem tanto as línguas orais quanto as línguas de 
sinais. A lingüística está voltada para a descrição e explicação da estrutura, do uso 
e do funcionamento das línguas. Muitas pessoas desconhecem a área da lingüística 
relacionando-a simplesmente com o uso de diferentes línguas ou gramáticas 
normativas. No entanto, lingüística é a área que se preocupa com temas como a 
linguagem e a comunicação humana, procurando desvendar a complexidade das 
línguas e as diferentes formas de comunicação. A lingüística é uma ciência que 
busca respostas para problemas relacionados à linguagem, tais como: Qual a 
natureza da linguagem humana? Como a comunicação se constitui? Quais os 
princípios que determinam a habilidade dos seres humanos em produzir e 
compreender uma língua? A lingüística discute tais questões com a finalidade de 
elaborar uma teoria da linguagem humana e uma teoria da comunicação. (Quadros 
e Karnopp 2004) 
O trabalho de um gramático é explicar, e não determinar, as leis de uma 
língua. É precisamente isto que os lingüistas tentam fazer – descobrir as leis de 
uma língua, assim como as leis que dizem respeito a todas as línguas. Neste 
sentido, podemos perceber que há diferenças entre as línguas orais e as línguas de 
sinais, mas também encontramos aspectos comuns entre elas, aspectos que são 
compartilhados entre essas diferentes línguas. A lingüística procura responder as 
seguintes questões: quais os aspectos lingüísticos compartilhados entre as línguas 
de sinais e as línguas orais? Quais as diferenças entre as línguas de sinais, por 
exemplo, entre a língua de sinais brasileira e a língua de sinais portuguesa? 
Uma das principais diferenças a considerar entre as línguas de sinais e as 
línguas orais é em função do modo como essas línguas são produzidas e percebidas. 
Utilizamos para as línguas orais o termo oral-auditivo e para as línguas de sinais o 
termo gestual-visual. O termo visual-gestual significa aqui o conjunto de elementos 
lingüísticos manuais, corporais e faciais necessários para a articulação do sinal em um 
determinado espaço de enunciação7, oposto ao termo oral-auditivo que representa a 
produção da informação lingüística através do aparelho fonador. Quanto à percepção, 
nas línguas de sinais, a construção das sentençase dos significados ocorre através 
da visão e nas línguas orais através da audição. Desta forma, nas línguas de sinais, já 
que a informação lingüística é recebida pelos olhos, os sinais são construídos de 
acordo com as possibilidades perceptuais do sistema visual humano. 
Nas investigações sobre os universais lingüísticos compartilhados entre 
línguas orais e línguas de sinais, encontramos uma sistematização proposta em 
Fromkin & Rodman (1993, p. 24-6) e abordada em Salles et al. (2003). Devemos 
salientar que, em muitos casos, a comparação entre línguas de modalidades 
diferentes não é imediata nem muito adequada, mas o objetivo é apresentar através 
disso uma breve descrição da língua. 
 
2.1.1 Onde houver seres humanos, haverá língua(s) 
 
Todas as sociedades (comunidades) utilizam uma (ou mais) língua(s). A língua está 
inserida em uma cultura. O quadro abaixo enumera algumas línguas, com o objetivo 
de exemplificar as muitas línguas usadas no mundo. Apesar do grande número de 
línguas existentes, metade da população mundial fala apenas quinze línguas. Como 
 
6
 Esta seção tem como base o capítulo 1 de QUADROS E KARNOPP (2004) e KARNOPP (1999). 
7
O espaço de enunciação dos sinais é o local onde os sinais são realizados, ou seja, sinais são produzidos no 
corpo e no espaço em frente ao corpo (denominado espaço neutro). 
 
 
16 
se pode ver no quadro, se falarmos chinês mandarim, inglês, hindi e russo, 
poderemos nos comunicar com mais de um bilhão de pessoas. (Fromkin & Rodman 
1993, p. 337-341) 
 
Quadro 1: Algumas línguas no mundo 
Ramo Língua Principais áreas geográficas 
onde se fala 
Nº de falantes 
Posição em ( ) 
FAMÍLIA INDO-EUROPÉIA 
Germânico Dinamarquês o D
i
n
a
m
a
r
c
a 
5.000.000 
 Holandês Holanda; Indonésia 13.000.000 
 Inglês América do Norte, Grã-
Bretanha, Austrália, Nova 
Zelândia 
(2) 
300.000.000 
 Frísio Norte da Holanda 400.000 
 Flamengo Bélgica 5.000.000 
 Alemão Alemanha, Áustria, Suíça 100.000.000 
 Islandês Islândia 200.000 
 Norueguês Noruega 4.300.000 
 Sueco Suécia 8.000.000 
 Ídixe (sem área determinada) 4.000.000 
Românico 
(Latim) 
Catalão Andorra, Espanha 5.000.000 
 Francês França, Bélgica, Suíça, 
Canadá 
(11) 75.000.000 
 Italiano Itália, Suíça (12) 60.000.000 
 Português Portugal, Brasil (7) 100.000.000 
 Provençal Sul da França 9.000.000 
 Romeno Romênia 20.000.000 
 Espanhol Espanha, América Latina (3) 200.000.000 
OBS: Selecionamos somente essas línguas como ilustração. O quadro apresentado pelos autores é 
completo e inclui as línguas da família indo-européia e não indo-européia. A língua mais falada no 
mundo é o Mandarim (do ramo Sino-Tibetano), no Norte da China, usada por 387.000.000 de 
pessoas. 
 
 
No entanto, no Brasil, podemos considerar as muitas línguas aqui existentes. 
Além da língua portuguesa, temos as línguas indígenas, as línguas de sinais, as 
línguas de migração e quilombolas. Se considerarmos as línguas indígenas veremos 
que, ao final do século XV, havia em torno de 1175 línguas indígenas faladas no 
Brasil. Atualmente restam somente 180 línguas indígenas diferentes faladas no 
Brasil, as quais pertencem a mais de 20 famílias lingüísticas. (Rodrigues, 1993). 
Além da LIBRAS, conhecida também como LSB (Língua de Sinais Brasileira) 
há registros da existência, no Brasil, de uma outra língua de sinais entre índios 
Urubu-Kaapor, habitantes da floresta amazônica (Ferreira Brito, 1990). Os índios 
Urubu-Kaapor utilizam a denominada LSKB (Língua dos Sinais Kaapor Brasileira), 
 
 
17 
que não apresenta relação estrutural ou lexical com a LIBRAS, devido à inexistência 
de contato entre ambas. 
 
Algumas línguas de sinais do mundo: 
 
 Língua de Sinais Brasileira 
 Língua de Sinais Portuguesa 
 Língua de Sinais Holandesa 
 Língua de Sinais Americana 
 Língua de Sinais Boliviana 
 Língua de Sinais Argentina 
 Língua de Sinais Britânica 
 Língua de Sinais Chilena 
 
 
2.1.2 Não há línguas primitivas 
Todas as línguas são igualmente complexas e igualmente capazes de expressar 
qualquer idéia. O vocabulário de qualquer língua pode ser expandido a fim de 
incluir novas palavras (ou sinais) para expressar novos conceitos. 
 
 
CELULAR 
 
CELULAR ilustra um sinal criado no contexto do recente surgimento dessa 
tecnologia.8 
 
 
 
2.1.3 Todas as línguas mudam ao longo do tempo 
 
Vejamos alguns exemplos de sinais que mudaram ao longo do tempo. 
 
 
 
Sinal CANAL DE TELEVISÃO. O primeiro utilizando o controle remoto (utilizado 
atualmente); o segundo expressa a mudança de canal de forma manual, girando o 
botão (utilizado no passado). 
 
 
 
8
 Agradeço aos surdos que contribuíram com as ilustrações de sinais. 
 
 
18 
 
 
2.1.4 As relações significado e significante são arbitrárias 
 
Nas línguas de sinais, os sinais são arbitrários e imotivados, apesar da aparente 
semelhança entre sinal e referente. Nas línguas orais e de sinais temos, portanto, a 
arbitrariedade do signo, pois o significante é arbitrário em relação ao significado. 
Algumas pessoas consideram a língua de sinais uma língua icônica ao 
considerar sinais como CASA, ÁRVORE e CARRO. 
 
 
CASA ÁRVORE 
 
CARRO 1 CARRO 2 
 
Exemplos como esses são considerados como sinais icônicos (pictográficos). No 
entanto, pode-se dizer que um sinal não é imediatamente ou naturalmente 
identificado, já que cada língua pode abordar um aspecto visual diferente em relação, 
por exemplo, ao mesmo objeto, diferenciando os sinais de língua para língua. Os 
sinais são diferentes de uma língua para outra e também passam por mudanças 
através dos tempos. (KARNOPP, 1994). O que pode haver é uma exploração do 
espaço de enunciação na realização de alguns sinais, relacionando a questões 
culturais (por exemplo, o sinal AMAR pode ter o coração/ tórax como ponto de 
articulação). 
 
2.1.5 Todas as línguas utilizam um conjunto finito de unidades 
 
Essas unidades são combinadas para formar elementos significativos ou 
palavras, os quais por sua vez formam um conjunto infinito de sentenças possíveis. 
Todas as gramáticas contêm regras de um tipo semelhante para formação de 
palavras e sentenças. 
 
Um processo recorrente de formação de palavras na LIBRAS é a derivação e 
a composição. Um dos exemplos de derivação na Língua de Sinais Brasileira é a 
incorporação de numeral, nos sinais, ONTEM, ANTEONTEM, 1HORA, 2HORAS, 
3HORAS, 4HORAS, UM-MÊS, DOIS-MESES, TRÊS-MESES, QUATRO-MESES... 
 
 
19 
 
 
 (Figura retirada de Quadros e Karnopp 2004, p. 107) 
 
 
2.1.6 Toda língua falada inclui segmentos sonoros discretos 
 
Elementos como p, n, ou a, os quais podem ser definidos por um conjunto de 
propriedades ou traços. Toda língua falada tem uma classe de vogais e uma classe 
de consoantes. Línguas de sinais apresentam segmentos discretos na composição 
dos sinais. 
 
Nas línguas faladas encontramos o conjunto das vogais e das consoantes. 
Elas são combinadas para formar morfemas e palavras, por exemplo, se juntarmos 
os segmentos sonoros /m/, /a/, /p/ podemos formar a palavra /mapa/. 
Nas línguas de sinais encontramos os seguintes segmentos que compõem os 
sinais: Configuração de mão, locação, movimento, orientação de mão e expressões 
não-manuais. Se juntarmos alguns desses elementos podemos formar morfemas e 
sinais, conforme exemplo a seguir: 
 
 
 
 
Exemplo de segmentos que formam sinais (retirado de Quadros e Karnopp 2004, p. 51) 
 
 
 UM-MÊS DOIS-MESES
 
TRÊS-MESES QUATRO-MESES
 
 
 
20 
2.1.7 Todas as línguas apresentam categorias gramaticais (ex: nome, 
verbo) 
 
“uma das principais funções da morfologia é a mudança de classe, isto 
é, a utilização da idéia de uma palavra em uma outra classe 
gramatical. Forma-se um novo sinal para poder utilizar o significado de 
um sinal já existente num contextoque requer uma classe gramatical 
diferente.” (Quadros e Karnopp 2004, p. 96) 
 
 
(Retirado de Quadros e Karnopp 2004, p. 97) 
 
 
 
2.1.8 Universais semânticos, como fêmea ou macho, animado ou humano, 
são encontrados em todas as línguas 
 
Segundo Ilari (2002, p. 39-40), para entendermos o significado das palavras, 
dispomos de dois recursos: através da análise componencial ou por protótipos. 
Tanto nas línguas orais quanto nas línguas de sinais observamos que ocorre a 
utilização tanto da análise componencial quanto da análise por protótipos para a 
identificação de aspectos nocionais do significado das palavras ou dos sinais. 
 
2.1.9 Todas as línguas possuem formas para indicar tempo passado, 
negação, pergunta, ordem, etc 
 
Quadros e Karnopp (2004) afirmam que a negação, por exemplo, é um processo 
produtivo na língua de sinais brasileira. Há alguns sinais que podem incorporar a 
negação através da alteração de um dos parâmetros. Nos exemplos a seguir, o 
movimento é alterado, acarretando, assim, o aparecimento da incorporação da 
negação ao sinal. 
 
TELEFONAR TELEFONE
 
 SENTAR CADEIRA
 
 
 
21 
 
Retirado de Quadros e Karnopp 2004, p. 110) 
 
 
2.1.10 Pessoas de todas as línguas são capazes de produzir e 
compreender um conjunto infinito de sentenças 
 
 
2.1.11 Qualquer criança, nascida em qualquer lugar do mundo, de 
qualquer origem racial, geográfica, social ou econômica, é capaz de adquirir 
qualquer língua à qual está exposta 
 
Obviamente que crianças surdas expostas à língua de sinais irão adquirir 
essa língua, visto que essa é uma língua que podem perceber/ compreender e 
produzir de forma espontânea, da mesma forma que crianças ouvintes adquirem a 
língua oral à qual estão expostas. 
 
 
2.2 O SINAL 
 
As línguas de sinais começaram a ser pesquisadas pela lingüística a partir de 
1960. Uma das primeiras descrições sobre a estrutura, uso e funcionamento das 
línguas de sinais foi feita por W. Stokoe na Língua de Sinais Americana. 
Stokoe propôs um esquema lingüístico estrutural para analisar a formação 
dos sinais na American Sign Language (ASL). Estava preocupado em identificar as 
unidades que formam os sinais. A partir de pesquisas, propôs a decomposição de 
sinais em três unidades ou parâmetros que não carregam significados 
isoladamente, a saber: 
 
(1) a. Configuração de mão (CM) 
b. Locação da mão (L) 
c. Movimento da mão (M) 
TER NÃO-TER
GOSTAR NÃO-GOSTAR
 
 
 
22 
 
Análises posteriores sugeriram a adição de outras unidades ou parâmetros, 
por exemplo, orientação da mão e expressões não-manuais (expressões faciais e 
corporais). Todas essas unidades formam os sinais nas línguas de sinais e isso foi 
aceito por muitos pesquisadores e identificado em muitas línguas de sinais. O 
estudo dessas unidades isoladamente é realizado por uma das áreas da lingüística, 
denominada de Fonética e Fonologia das línguas de sinais. 
Estudos realizados pela lingüística das línguas de sinais descrevem e/ou 
explicam alguns dos aspectos de diferentes línguas de sinais, incluindo outras áreas 
além da fonética e fonologia, tais como morfologia (estudo das palavras/sinais), 
sintaxe (estudo das sentenças/frases), semântica (estudo do significado) e 
pragmática (estudo do uso da língua). 
A seguir serão apresentadas as propriedades de cada unidade/parâmetro em 
LIBRAS, isto é, propriedades de configurações de mão, movimentos, locações, 
orientação de mão, bem como dos aspectos não-manuais dessa língua, conforme 
descrição feita por Ferreira Brito (1990, 1995) e Quadros e Karnopp (2004). 
 
2.2.1 Língua Brasileira de Sinais 
 
A LIBRAS, assim como as outras línguas de sinais, é basicamente produzida 
pelas mãos, embora movimentos do corpo e da face também desempenhem 
funções. Como vimos, as principais unidades que formam sinais são locação, 
movimento e configuração de mão. 
Uma das tarefas de um investigador de uma língua de sinais particular é 
identificar as configurações de mão, as locações e os movimentos que têm um 
caráter distintivo9. Isso pode ser feito comparando-se pares de sinais que 
contrastam minimamente, um método utilizado na análise tradicional de fones 
distintivos das línguas orais. Nas línguas orais, podemos exemplificar o caráter 
distintivo com as palavras: bala, fala, cala, mala, rala, gala). 
O valor contrastivo dos parâmetros fonológicos é ilustrado na figura 2 abaixo, 
em que se observa que o contraste de apenas um dos parâmetros provoca diferença 
no significado dos sinais. 
 
Fig. 2: Pares mínimos na LIBRAS (Quadros & Karnopp 2004) 
 
9
Pequenas diferenças na forma como os sinais são produzidos, mas que acarretam mudanças de significado, por 
exemplo, os sinais ilustrados na figura 2. 
Sinais que se opõem quanto à
Configuração de mão
PEDRA QUEIJO
 
Sinais que se opõem quanto ao Movimento
TRABALHAR VÍDEO
 
Sinais que se opõem quanto à Locação
 APRENDER SÁBADO
 
 
 
23 
 
Esses exemplos mostram a complexidade das línguas de sinais. No entanto, 
como os sinais são produzidos em contextos discursivos e não isoladamente, 
podemos abstrair o significado dos sinais a partir dos contextos em que são 
produzidos. 
 
2.2.2 Configuração de Mão (CM) 
 
As configurações de mão da LIBRAS foram descritas a partir de dados 
coletados nas principais capitais brasileiras, sendo agrupadas verticalmente segundo 
a semelhança entre elas, mas ainda sem uma identificação enquanto básicas ou 
variantes. Dessa forma, o conjunto de configurações de mão refere-se apenas às 
manifestações de superfície, isto é, de nível fonético, encontradas na LIBRAS. 
 Quadro 1: As 
Configurações de Mão da 
LIBRAS (Ferreira Brito e 
Langevin, 1995) 
 
 
Um sinal pode ser produzido com uma única configuração de mão, por 
exemplo, MÃE. 
 
 
Mãe com a mão direita 
 
Mãe com a mão esquerda 
 
 
24 
Exemplo do sinal mãe (pode ser articulado com a mão esquerda ou com a mão 
direita) 
 
Percebe-se que a configuração de mão pode permanecer a mesma durante a 
articulação de um sinal (PAI), ou pode passar de uma configuração para outra, por 
exemplo, SOL. Além disso, os sinais podem ser produzidos com as duas mãos, por 
exemplo, TELEVISÃO e VOTAR. 
 
Pai (sinal articulado com uma mão) 
 
Televisão (sinal articulado com as duas mãos – condição de 
simetria) 
 
 Votar (sinal articulado com as duas mãos – condição de 
dominância) 
 
O alfabeto manual (abecedário), utilizado também na LIBRAS, é usado na 
soletração manual de palavras da língua portuguesa (ou de outras línguas), em 
especial, nomes próprios que ainda não tem um sinal correspondente. As 
configurações de mão é uma das unidades que formam os sinais. 
 
 
2.2.3 Movimento (M) 
 
Nas línguas de sinais, a(s) mão(s) do enunciador realiza o movimento no 
espaço de enunciação. O movimento é definido como uma unidade complexa que 
pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos internos 
 
 
25 
da mão, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais no espaço (Klima e 
Bellugi 1979). 
As variações no movimento são significativas na gramática da língua dos 
sinais. Um exemplo disso são as cores na Língua de Sinais Americana (AZUL, 
VERDE, AMARELO e ROXO) articuladas no espaço neutro. O movimento básico do 
sinal AZUL (BLUE) envolve um pequeno contorno na mão. Todavia, se esse 
movimento é alterado ocorre mudança no significado do sinal: 
 
 
 
 
Fig. 3: Exemplos de sinais na American Sign Language (Baker e Padden 1978, 
p.12) 
 
 
O exemplo na fig. 3 mostra que o movimento pode variar (de certo modo 
previsto pelas regras da língua), do que resulta um significadodiferente mas 
relacionado ao da forma base (Baker e Padden 1978, p. 11-12). 
Mudanças no movimento servem também para distinguir verbos. Na Língua 
de Sinais Americana, cem pares de nomes/verbos foram investigados, já que esses 
nomes/verbos possuíam significados associados e supostamente não diferiam no 
modo de fazer o sinal. Eles tentaram descobrir, por exemplo, como o sinal 
CADEIRA (substantivo) poderia ser diferente do sinal SENTAR (verbo). Concluíram 
que os verbos, em geral, apresentam movimentos variados. Alguns verbos são 
produzidos com um movimento simples; outros, com movimento repetido. Mas os 
nomes têm uma característica comum: tendem a ter movimentos mais curtos, são 
sempre repetidos e tensos (Supalla e Newport 1978). Essa distinção também foi 
encontrada na LIBRAS, conforme investigações de Quadros e Karnopp (2004). 
As variações no movimento podem estar também ligadas à direcionalidade 
do verbo. A forma básica do verbo OLHAR, por exemplo, tem um movimento para 
fora (do emissor em direção ao receptor), e significa “eu olho para você”. Se o 
movimento dá-se na direção oposta, isto é, se o sinal move-se do receptor em 
direção ao emissor, então o significado é “você olha para mim”. Assim, o significado 
de um sinal está relacionado com a direção do movimento. Estudos na LIBRAS 
sobre a sintaxe e verbos direcionais podem ser conferidos em Quadros e Karnopp 
(2004). 
O movimento pode estar nas mãos, pulsos e antebraço. Os movimentos 
identificados na LIBRAS e em outras línguas de sinais estão relacionados ao tipo de 
movimento (reto, circular, alternado, simultâneo...), à direção do movimento 
(unidirecional/ bidirecional/ multidirecional), à maneira (categoria que descreve a 
 
 
26 
qualidade, a tensão e a velocidade do movimento) e à freqüência do movimento 
(número de repetições de um movimento). 
 
2.2.4 Locação (L) ou Pontos de Articulação 
 
Locação ou ponto de articulação é aquela área no corpo em que o sinal é 
realizado. Na LIBRAS, assim como em outras línguas de sinais até o momento 
investigadas, o espaço de enunciação é uma área que contém todos os pontos 
dentro do raio de alcance das mãos em que os sinais são produzidos. 
 
 
 
 
Fig. 5: Espaço de realização dos sinais (Ferreira Brito 1990, p. 33) 
 
Dentro desse espaço de enunciação, pode-se determinar um número finito 
(limitado) de pontos, que são denominados „pontos de articulação‟. Alguns pontos 
são mais precisos, tais como a ponta do nariz, e outros são mais abrangentes, como 
a frente do tórax. O espaço de enunciação é um espaço ideal, no sentido de que se 
considera que os interlocutores estejam face a face. Pode haver situações em que o 
espaço de enunciação seja totalmente reposicionado e/ou reduzido; por exemplo, se 
um enunciador A faz sinal para B, que está à janela de um edifício, o espaço de 
enunciação será alterado. O importante é que, nessas situações, os pontos de 
articulação têm posições relativas àquelas da enunciação ideal. Os pontos dividem-
se em quatro regiões principais: cabeça (testa, rosto, orelha, nariz, boca, queixo, 
bochechas...), mão (palma, dedos, juntas, costas das mãos...), tronco (pescoço, 
ombro, busto, estômago,cintura, braços, antebraço, cotovelo, pulso...) e espaço 
neutro. (Ferreira Brito e Langevin, 1995) 
 
2.2.5 Orientação da Mão (Or) 
 
Orientação é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do 
sinal. Ferreira Brito (1995, p. 41) enumera seis tipos de orientações da palma da 
mão na LIBRAS: para cima, para baixo, para o corpo, para a frente, para a direita ou 
para a esquerda. 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 6: Orientações de Mão (retirado de Marentette 1995, p. 204) 
 
2.2.6 Expressões Não-manuais (ENM) 
 
As expressões não-manuais (movimento da face, dos olhos, da cabeça ou do 
tronco) prestam-se a dois papéis nas línguas de sinais: marcação de construções 
sintáticas e de sinais específicos. As expressões não-manuais que têm função 
sintática marcam sentenças interrogativas sim-não, interrogativas, topicalizações etc. 
As expressões não-manuais podem também marcar referência específica, referência 
pronominal, partícula negativa, advérbio ou aspecto. Expressões não-manuais da 
LIBRAS podem ser encontradas no rosto, na cabeça e no tronco. Deve-se salientar 
que duas expressões não-manuais podem ocorrer simultaneamente, por exemplo, 
as marcas de interrogação e negação. 
 
 
Conclusão 
 
Com essa introdução aos estudos da lingüística das línguas de sinais, esperamos 
que nossas discussões sobre a LIBRAS seja relevante no aprendizado dessa língua, 
bem como na discussão de temas relacionados ao funcionamento e ao uso dessa 
língua. 
 
 
28 
 
 
 
29 
3 AULA PRÁTICA DE LIBRAS 
 
Profª Carolina Hessel Silveira 
 
 
 
SALA DE AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. 1 ALFABETO MANUAL 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2 NÚMEROS 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
0 1 2 3 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 6 7 8 9 
 
 
É importante observar diferenças pequenas entre os sinais de letras e números. 
Vou mostrar neste material, letras e números do alfabeto manual que é comum as 
pessoas confundirem; observe com atenção essas diferenças. 
 
A Configuração de Mão (CM) representa a forma que a mão assume durante a 
realização de um sinal; movimento representa o deslocamento de uma ou de 
ambas as mãos no espaço; posição mostra a direção da palma da mão: para 
cima, para baixo, para dentro, para fora, para direita, para esquerda, na diagonal. 
Exemplos de diferenças pequenas: 
 
Nas letras A e S, as CM são diferentes; o A é com polegar ao lado do dedo indicador 
e S com polegar sobre o dedo médio, com a mão fechada, como um soco. 
*** 
 
 
As CM de F e T são parecidas, só que no F o polegar fica pra fora e no T o polegar 
fica por dentro no dedo indicador. Estas CM geralmente são muito confundidas pelas 
pessoas; até as crianças surdas pequenas confundem. 
 
 
32 
 
 
A CM de G é parecida com a CM de Q e com a CM do número 7. 
Quais são as diferenças? 
Na CM de G, os dedos indicadores e polegar ficam para cima. 
A CM de Q e do número 7 são iguais, só a posição é diferente. Em Q o indicador e o 
polegar são abaixados; no número 7, os dois ficam quase na horizontal. 
 
*** 
 
 
 
Todas as CM são iguais, só têm movimento e posições diferentes; 
P não tem movimento; 
H tem movimento de rotação; 
K tem movimento para cima. 
*** 
 
 
 
As CM de 6 e de 9 são iguais, só muda a posição; na do número 6, a palma está 
para cima; na de número 9, a palma está para baixo. 
 
 
 
 
Fonte das ilustrações: Adaptado de Alfabeto Manual em LSB, Contracapa. Coleção “Aprendendo LSB” Volume I 
Básico – Curso de Língua de Sinais Brasileira - Nelson Pimenta. 
 
 
 
 
 
 
 
33 
EXERCÍCIOS: 
 
I) Escrever os nomes que estão abaixo: 
 
1) : 
 
2) : 
 
3) : 
 
4) : 
 
5) : 
 
6) : 
 
7) : 
 
8) : 
 
9) : 
 
10) : 
 
11) : 
 
12) : 
 
 
 
II) Ditado: 
 
Nome E-mail Celular Endereço 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
3.3 CUMPRIMENTOS 
NOME - Identificar os nomes dos colegas através de sinais e manual alfabeto. 
a) MEU NOME10 
b)VOCÊ NOME? 
QUEM É? – Identificar os nomes dos colegas, quem é quem na sala de aula. 
a) QUEM VOCÊ? 
b) QUEM EL@? 
ONDE? – Identificar os nomes dos colegas, sinalizar onde eles estão na sala de 
aula. 
a) ONDE FULANO? 
 
Cumprimento com aluno(a) e professor: 
A: OI TUDO BEM? 
B: EU BEM. (balança a cabeça afirmando e sinal de positivo) 
C: EU MAIS OU MENOS. (balança a cabeça negando) 
D: EU MAL (balança a cabeça negando e sinal de negativo) 
 
ATIVIDADES: 
Diálogo em dupla: (NOME e PRAZER) 
Obs: As frases não estão estruturadas em Língua Portuguesa, mas sim em LIBRAS. 
Questão: (1) 
A: OI TUDO BEM? MEU NOME MARA 
B: BEM, VOCÊ É NARA? 
A: NÃO, ERRADO. MEU NOME MARA 
B: DESCULPE, BOM NARA! 
A: PRAZER 
 
Questão (2): 
A: DESCULPA, VOCÊ IVO? 
B: NÃO, MEU NOME RUIA: PRAZER 
B: BOM CONHECER! 
A: CONHECER IVO, ONDE MORA? 
B: CONHECER, MORA LÁ. 
A: AH, MUITO OBRIGADO! 
B: DE NADA 
A: TCHAU! 
 
 
 
10
 As frases que estão escritas com letras maiúsculas não estão estruturadas em Língua Portuguesa, 
mas sim em LIBRAS. 
 
 
 
35 
3. 4 PRONOMES PESSOAIS 
Na língua de sinais usa-se a apontação para indicar: 
 As pessoas: EU, TU, EL@, NÓS, VOCÊS, ELES. 
 Localização: AQUI, ALI, LÁ. 
 Pronomes Demonstrativos: ESTE, ESSE. 
 
3.5 ROTINA: ATIVIDADES DIÁRIAS 
Vocabulários: 
acordar tomar café tomar banho ir / vir 
trabalhar almoçar lanche intervalo 
fim voltar jantar olhar tv 
internet estudar namorar dormir 
mulher/homem menina/menino passear começar 
 
 
EXERCICIO: 
 
1. __________________________________________________ 
 
2. __________________________________________________ 
 
3. __________________________________________________ 
 
 
 
36 
4. 
__________________________________________________ 
 
5. ______________________________________________ 
. 6. ____________________________________________________ 
 
 
 
3. 6 USO DE EXPRESSÕES 
Expressões faciais são formas de comunicar algo, um sinal pode mudar 
completamente seu significado em função da expressão facial utilizada. Quadros e 
Pimenta (2006) explicam que existem dois tipos diferentes de expressões faciais: as 
afetivas e as gramaticais (lexicais e sentenciais). As afetivas são as expressões 
ligadas a sentimentos / emoções. 
 
Veja os exemplos: 
 
 
 
 
As expressões faciais gramaticais lexicais estão ligadas ao grau dos 
adjetivos: 
 
 
 
37 
 
 
 
E as expressões faciais gramaticais sentenciais estão ligadas às sentenças: 
INTERROGATIVAS 
 
 
 
 
38 
 
AFIRMATIVAS / NEGATIVAS 
 
 
EXCLAMATIVAS 
 
Outro pronome interrogativo: Para 
que 
 
 
Exemplo: PARA QUE ESTUDAR? 
 
EXERCICIOS: 
a) ALEGRIA e) ESTRANHEZA i) RAIVA 
b) ADMIRAÇÃO f) ZANGADO j) TRISTEZA 
c) DÚVIDA g) PENSATIVO k) ESPANTO 
d) MEDO h) DESÂNIMO l) SATISFAÇÃO 
 
 
2) O professor sinaliza os números em ordem e as frases e a/as aluno/as anotam o 
que professor sinalizou. 
 
( ) Quem faltar hoje? ( ) Fazer o que? 
( ) Quem saber LIBRAS? ( ) Você saber? Como? 
( ) O que você quer? ( ) Como você vir? 
( ) Falar o que? ( ) Para que namorar? 
( ) Onde UFRGS? ( ) Quem nascer Porto Alegre? 
( ) Onde sala? ( ) Porque ele não vir aula? 
( ) Pode vir minha casa? ( ) Quer passear? 
 
 
 
39 
3. 7 ADVÉRBIO DE TEMPO 
 
TURNOS DE DIA 
 
 MANHÃ TARDE NOITE MADRUGADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAS DA SEMANA 
. 
Vocabulário: dia, semana, semana que vem, hoje, ontem, amanhã, até, bom final 
de semana, bom domingo, bom dia, boa tarde, boa noite, dia todo, todo dia, todas 
quartas. 
 
EXERCÍCIO: 
Preencha a tabela abaixo com suas atividades regulares durante a semana. 
 
 Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado 
Manhã 
Tarde 
Noite 
 
QUANDO e DIA 
 
Simultaneamente aos pronomes ou expressões interrogativas Sempre há uma 
expressão facial indicando que a frase está na forma interrogativa. 
A pergunta com QUANDO requer, na resposta, um advérbio de tempo na resposta 
ou a um dia específico. Por isso há três sinais para “quando”. 
Um sinal especifica passado: QUANDO-PASSADO (palma da mão virada para o 
emissor e o braço à altura do ombro com um movimento para o corpo do emissor). 
 
 
40 
Outro sinal especifica futuro: QUANDO-FUTURO (palma da mão direita virada 
para o emissor e o braço dobrado à frente do emissor com um movimento circular 
para fora do corpo do emissor). 
Outro sinal soletrado especifica o dia: DIA. Exemplos: 
11 
 
 
1. VOCÊ VIAJAR QUANDO? (FUTURO) 
2. TRABALHO JÁ COMEÇAR , QUANDO? (PASSADO) 
3. VOCÊ VIR MINHA CASA. VOCÊ PODER QUANDO? 
4. VOCÊ NASCER DIA? MÊS? 
5. DIA AULA LIBRAS TERMINAR? 
 
3. 8 NÚMEROS ORDINAIS 
Nos números 1º ao 9º a mão sempre treme; nas dezenas a mão fica parada. 
 
Diálogo em dupla (TEMPO): 
Obs: As frases não estão estruturadas em Língua Portuguesa, mas sim em LIBRAS. 
Questão: (1) 
A: OI TUDO BEM? 
B: TUDO! 
A: VOCÊ PASSEAR AMANHÃ? 
B: SIM VOCÊ? 
A: EU NÃO. IR TRABALHAR 
B: AH! PENA! 
 
Questão: (2) 
A: AMANHÃ COMEÇA AULA? 
B: NÃO, SEMANA QUE VEM, COMEÇA 
AULA. 
A: TODOS DIAS? 
B: NÃO, TODA TERÇA-FEIRA MANHÃ. 
A: AH, QUERO FAZER MATRÍCULA 
ONDE? 
B: 7ª ANDAR, BOA SORTE! 
A: OBRIGADO, TCHAU! 
 
 
Fonte: Adaptação de FELIPE, Tanya; MONTEIRO, Myrna. LIBRAS em Contexto: Curso Básico: Livro 
do Professor/. 4º edição - Rio de Janeiro: LIBRAS Editora Gráfica, 2005. 
 
 
 
41 
3.9 . QUE-HORA e QUANTA-HORA 
Na LIBRAS para se referir a horas, usa-se a mesma configuração dos numerais para 
quantidade. Após doze horas (depois do meio-dia), não se continua a contagem, 
começa-se a contar novamente: HORA 1, HORA 2, HORA 3, acrescentando o sinal 
TARDE, quando necessário, porque geralmente pelo contexto já se sabe se está 
referindo à manhã, tarde, noite ou madrugada. 
 
A expressão interrogativa QUE-HORA? (apontar para o pulso com a expressão 
facial para frase interrogativa) se relaciona com o tempo cronológico (quando foi). 
 
Já a expressão interrogativa QUANTA-HORA (um círculo ao redor do rosto com a 
expressão facial para frase interrogativa) está sempre relacionada ao tempo gasto 
para se realizar alguma atividade ou acontecer alguma coisa (quanto tempo gastou, 
levou), exemplo: 
 
QUE-HORA? 
 
1. AULA COMEÇAR QUE-HORA 
AQUI? 
2. VOCÊ TRABALHAR COMEÇAR 
QUE-HORA? 
3. AULA TERMINAR QUE-HORA? 
4. QUE-HORA ENCONTRAR? 
5. VOCÊ DORMIR QUE-HORA? 
 
QUANTA-HORA? 
 
1. VIAJAR PORTO ALEGRE ATÉ 
CAXIAS QUANTA-HORA? 
2. TRABALHAR UFRGS QUANTA-
HORA? 
3. AULA LIBRAS QUANTA-HORA? 
 
Fonte: FELIPE, Tanya; MONTEIRO, Myrna. LIBRAS em Contexto: Curso Básico: Livro do Professor/. 
4º edição - Rio de Janeiro: LIBRAS Editora Gráfica, 2005. (Adaptado) 
 
 
3. 10 AMBIENTE DE ESTUDOS 
 
UNIVERSIDADE / FACULDADES: 
UFRGS, ULBRA, PUC, UNISINOS, FEEVALE 
 
professor aluno curso disciplina 
semestre formar passar reprovar 
colega prova vestibular. largar 
ensinar fazer matrícula trancar 
coordenação reitor 
 
 
 
 
 
mailto:QUANT@-HORA
mailto:QUANT@-HORA
 
 
42 
 
Exercício: Para ler. 
Mulher nome Ana homem nome Ivo dois colegas trabalho. Ana estuda pedagogia 
UFRGS, Ivo estuda matemática também UFRGS. Ana vai formar este ano 2011, Ivo 
vai formar ano breve 2014. 
Ana trabalha professora escola primeira série ensino fundamental. Ivo trabalha 
professor matemática escola ensino médio. 
 
Fique atento(a) através da sinalização da professora que vai perguntar em LIBRAS e 
você responde assinalando V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmações abaixo. 
 
a) V ( ) F ( )____________________________________________________ 
 
b) V ( ) F ( )____________________________________________________ 
 
c) V ( ) F ( )____________________________________________________ 
 
d) V ( ) F ( )____________________________________________________ 
 
e) V ( ) F ( )____________________________________________________ 
 
3. 11 LOCALIZAÇÕES 
A professora sinalizará os números em ordem e os sinais dos locais.O/a(s) 
alunas (os) anotarão qual é o número e escreverão o nome do local que a 
professora sinalizou. 
 
 
( ) _______________ 
 
 
 
( ) _________________ 
 
 
 
( ) _______________ 
 
( ) _______________ 
 
 
( ) _________________ 
 
 
 
( ) __________________ 
 
 
43 
 
 
 
( ) _______________ 
 
 
 
( ) __________________ 
 
 
 
( ) __________________ 
 
 
 
( ) _______________ 
 
 
 
( ) _________________ 
 
 
 
( ) _________________ 
 
Outros: POSTO DE GASOLINA, PADARIA, LIVRARIA, PRAÇA, ETC. 
 
Vocabulário: 
Frente, Lado, atrás, perto e longe 
 
3. 12 FAMÍLIA 
Conheçaos sinais da família. 
Pai Mãe Filh@ Irm@ Vov@ 
Ti@ Prim@ Bebê Espos@ Marido 
Cunhad@ Sogr@ Madrinha Padrinho Gême@ 
Net@ Solteir@ Namorad@ Noiv@ Casad@ 
Viuv@ Separad@ Divorciad@ Padrasto Madrasta 
 
Exercício: 
 
Cada aluno deve produzir pequena descrição da própria família e apresentar para os 
colegas em LIBRAS. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BATTISON, R. Lexical borrowing in American Sign Language. Silver Spring, MD: Linstok, 1978. 
BAUMAN, Zigmund. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar E., 2003. 
BRASIL. Lei Nº 10.436/2002. 
______. Decreto 5626/2005. 
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; 
UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia, 1995. 
 
 
44 
COUTURIER, L. et KARACOSTAS, A. Le pouvoir des signes. Institut National de Jeunes Sourds de 
Paris, 1990. 
FELIPE, Tanya; MONTEIRO, Myrna. LIBRAS em Contexto: Curso Básico: Livro do Professor/. 4º 
edição - Rio de Janeiro: LIBRAS Editora Gráfica, 2005. 
FROMKIN, V. & RODMAN, R. An Introduction to Language. Forth Worth: 5ª ed., Harcourt Brace 
Jovanovich College, 1993. 
HOEMANN, H. The Transparency of Meaning of Sign Language Gestures. Sign Language Studies 7, 
1975. p. 151-161. 
ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico - brincando com as palavras. São Paulo: Contexto, 
2002. 
JORDAN, J. K. & BATTISON, R. A Referential Communication Experiment with Foreign Sign 
Languages. Sign Language Studies 10, 1976. p. 69-80. 
KARNOPP, L. B. Aquisição do parâmetro configuração de mão na Língua Brasileira de Sinais 
(LIBRAS): estudo sobre quatro crianças surdas, filhas de pais surdos. Porto Alegre, PUC: 
Dissertação de Mestrado, 1994. 
KLIMA, E. & BELLUGI, U. Wit and poetry in American Sign Language. Sign Language Studies 8, 
p.203-24, 1975. 
MOURA, Maria Cecília de. O surdo, Caminhos para uma nova Identidade. Rio de Janeiro: Ed. 
Revinter, 2000. 
PIMENTA, Nelson ; QUADROS, Ronice Muller de . Curso de Libras 1. 1. ed. Rio de Janeiro: LSB 
Vídeo, 2006. v. 1. 104 p. 
QUADROS, Ronice Müller. Educação de Surdos: A Aquisição da Linguagem. Porto Alegre: Editora 
Artmed, 1997. 
QUADROS, Ronice Muller; KARNOPP, Lodenir. Língua de Sinais Brasileira: Estudos Lingüísticos. 
Porto Alegre: Editora Artmed, 2004. 
RODRIGUES, Aryon D. (1993). Línguas indígenas: 500 anos de descobertas e perdas. D.E.L.T.A 9, 
1, 83-103. 
SACKS, Oliver. Vendo vozes – uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1990. 
SALLES, Heloisa M. M. Lima, FAULSTICH, Enilde, CARVALHO, Orlene L., RAMOS, Ana A. L. Ensino 
de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: Ministério da 
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003. 
TONUCCI, Francesco. Com olhos de criança. Tradução Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 1997. 
WILCOX, Sherman. Aprender a ver. Rio de Janeiro: Editora Arara Azul, 2005. 
WOODWARD, J. C. Jr. Signs of change: historical variation in American Sign Language. Sign 
Language Studies, 10: 81-94, 1976 
WRIGLEY, Owen. The politcs of deafness. Washington: Gallaudet Universty Press, 1996. 
 
Sites consultados: 
http://www.acessobrasil.org.br/libras/ (dicionário) 
http://www.editora-arara-azul.com.br/ 
http://www.feneis.com.br/page/index.asp 
http://www.ines.org.br/ 
http://www.lsbvideo.com.br/ 
 
Elaboradores: 
Carolina Hessel Silveira, Carolina Comerlatto Sperb, Claudio Henrique Nunes Mourão e 
Erika Vanessa de Lima Silva 
 
http://www.acessobrasil.org.br/libras/
http://www.editora-arara-azul.com.br/
http://www.feneis.com.br/page/index.asp
http://www.ines.org.br/
http://www.lsbvideo.com.br/
 
 
45 
ANEXO 1 - Legislação 
 
 
(Retirado de http://www.feneis.org.br/page/legislacao.asp) 
 
As conquistas da comunidade surda estão intrinsecamente ligadas às aprovações do legislativo. Por 
isso, a Feneis desenvolve um trabalho de divulgação junto às entidades filiadas e/ou não filiadas para 
que estas mobilizem e conscientizem os surdos da existência de seus direitos. 
 
Legislação Específica / Documentos Internacionais 
LEIS 
 Constituição Federal de 1988 - Educação Especial 
 Lei nº 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBN 
 Lei nº 9394/96 - LDBN - Educação Especial 
 Lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - Educação Especial 
 Lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente 
 Lei nº 8859/94 - Estágio 
 Lei nº 10.098/94 - Acessibilidade 
 Lei nº 10.436/02 - Libras 
 Lei nº 7.853/89 - CORDE - Apoio às pessoas portadoras de deficiência 
 Lei n° 8.899/94 - Passe Livre 
 Lei nº 9424/96 - FUNDEF 
 Lei nº 10.845/04 - Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado 
às Pessoas Portadoras de Deficiência 
 Lei nº 10.216/01 - Direitos e proteção às pessoas acometidas de transtorno mental 
 Plano Nacional de Educação - Educação Especial 
DECRETOS 
 Decreto nº 5.626/05 - Regulamenta a Lei 10.436 que dispõe sobre a Língua Brasileira de 
Sinais - LIBRAS 
 Decreto nº 2.208/97 - Regulamenta Lei 9.394 que estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional 
 Decreto nº 3.298/99 - Regulamenta a Lei no 7.853/89 
 Decreto nº 914/93 - Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência 
 Decreto nº 2.264/97 - Regulamenta a Lei nº 9.424/96 
 Decreto nº 3.076/99 - Cria o CONADE 
 Decreto nº 3.691/00 - Regulamenta a Lei nº 8.899/96 
 Decreto nº 3.952/01 - Conselho Nacional de Combate à Discriminação 
 Decreto nº 5.296/04 - Regulamenta as Leis n° 10.048 e 10.098 com ênfase na Promoção de 
Acessibilidade 
PORTARIAS 
 Portaria nº 976/06 - Critérios de acessibilidade os eventos do MEC 
 Portaria nº 1.793/94 - Formação de docentes 
 Portaria nº 3.284/03 - Ensino Superior 
 Portaria nº 319/99 - Comissão Brasileira do Braille 
 Portaria nº 554/00 - Regulamenta Comissão Brasileira do Braille 
 Portaria nº 8/01 - Estágios 
RESOLUÇÕES 
 Resolução CNE/CEB nº 1 - Estágio 
 Resolução CNE/CP nº 1/02 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de 
Professores 
 Resolução CNE/CEB nº 2/01 - Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação 
Básica 
 Resolução CNE/CP nº 2/02 - Institui a duração e a carga horária de cursos 
 Resolução nº 02/81 - Prazo de conclusão do curso de graduação 
 Resolução nº 05/87 - Altera a redação do Art. 1º da Resolução nº 2/81 
 
 
46 
PARECERES 
 Parecer nº 17/01 
AVISO 
 Aviso Circular nº 277/96 
DOCUMENTOS INTERNACIONAIS 
 Carta para o Terceiro Milênio 
 Declaração de Salamanca 
 Conferência Internacional do Trabalho 
 Convenção da Guatemala 
 Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes 
 Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão 
LEI DE LEGENDA 
LEI Nº 2.469, DE 19 DE JUNHO DE 2002. 
ANEXO 2 – Símbolo Internacional da Surdez 
 
 
Retirado de http://www.feneis.org.br 
 
 
Lei nº 8.160, de 08 de Janeiro de 1991 
 
 
 
ANEXO 3 – Dia do Surdo 
 
 
26 DE SETEMBRO DIA NACIONAL DO SURDO 
 A Comunidade Surda Brasileira comemora em 26 de setembro, o Dia Nacional do Surdo, data em 
que são relembradas as lutas históricas por melhores condições de vida, trabalho, educação, saúde, 
dignidade e cidadania. A Federação Mundial dos Surdos já celebra o Dia do Surdo 
internacionalmente a cada 30 de setembro. No Brasil, o dia 26 de setembro é celebrado devido ao 
fato desta data lembrar a inauguração da primeira escola para Surdos no país em 1857, com o nome 
de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual INES-Instituto Nacional de Educação 
de Surdos. 
http://www.feneis.org.br/page/diadosurdo.asp Acesso em 08/08/08 
 
 
http://aacpdappls.net.ms.gov.br/appls/legislacao/secoge/govato.nsf/1b758e65922af3e904256b220050342a/74f8e15bb18cab5f04256c5d00498b23?OpenDocument&Highlight=2,Legenda
http://www.feneis.org.br/
http://www.feneis.org.br/page/diadosurdo.asp

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