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LÍNGUA PORTUGUESA IV
CURSOS DE GRADUAÇÃO - EAD
Disciplina: 
Língua Portuguesa IV – Profª. Ms. Silvana Zamproneo
Meu nome é Silvana Zamproneo. Sou graduada em Letras pela Faculdade de Ciências 
e Letras da Unesp de Araraquara e mestre em Linguística e Língua Portuguesa pela 
mesma instituição. Antes de ingressar no mestrado, fui bolsista do CNPq em nível de 
aperfeiçoamento por dois anos. Durante a vigência da bolsa, participei de um projeto 
sobre descrição do português e estudos funcionalistas. Atualmente, dedico-me à 
pesquisa em estudos linguísticos e leciono Linguística e Língua Portuguesa em cursos 
de Letras. Tenho alguns artigos publicados em revistas científicas. Espero contribuir 
para a sua formação profissional e espero que você se torne, assim como eu, um 
apaixonado pelo estudo da linguagem humana.
e-mail: silvanazlopes@uol.com.br
LÍNGUA PORTUGUESA IV
Guia de Disciplina
Caderno de Referência de Conteúdo
Profª. Ms. Silvana Zamproneo
© Ação Educacional Claretiana, 2008 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP)
Cursos: Graduação 
Disciplina: Língua Portuguesa IV
Versão: fev./2013
Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva
Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida
Coordenador Geral de EAD: Prof. Artieres Estevão Romeiro
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Viviane Fernanda Zanotin
Revisão
Felipe Aleixo
Rodrigo Ferreira Daverni
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Centro Universitário Claretiano 
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo
Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretiano.edu.br
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão 
total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico 
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), 
ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a 
permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.
SUMÁRIO
GUIA DE DISCIPLINA
1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ VII
2 DADOS GERAIS DA DISCIPLINA .......................................................................... VII
3 CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................................. IX
4 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ...................................................................................... IX
5 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .......................................................................... IX
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 1
INTRODUÇÃO À DISCIPLINA
AULA PRESENCIAL ............................................................................................ 2
UNIDADE 1 – CONECTIVOS: ABORDAGENS SEMÂNTICA E ARGUMENTATIVO- 
 -PRAGMÁTICA
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
2 CONSTRUÇÕES CAUSAIS (FACTUAIS) .................................................................. 4
3 CONSTRUÇÕES CONDICIONAIS FACTUAIS, EVENTUAIS E CONTRAFACTUAIS ............ 5
4 CONSTRUÇÕES CONCESSIVAS FACTUAIS, EVENTUAIS E CONTRAFACTUAIS ............. 9
5 CONSTRUÇÕES FINAIS FACTUAIS, EVENTUAIS E CONTRAFACTUAIS ........................ 11
6 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO ............................................................. 12
7 CONSTRUÇÕES ADVERSATIVAS E CONSTRUÇÕES CONCESSIVAS: ABORDAGEM 
ARGUMENTATIVO-PRAGMÁTICA .......................................................................... 15
8 CONSTRUÇÕES CAUSAIS E CONSTRUÇÕES EXPLICATIVAS: ABORDAGENS 
SEMÂNTICA E ARGUMENTATIVO-PRAGMÁTICA ...................................................... 17
9 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO ............................................................. 20
10 OPERADORES ARGUMENTATIVOS ...................................................................... 22
11 SUGESTÕES DE LEITURA ................................................................................. 24
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 25
13 REFERÊNCIAS DAS OCORRÊNCIAS .................................................................... 25
UNIDADE 2 – MODALIDADE
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 28
2 DEFINIÇÕES DE MODALIDADE ............................................................................ 32
3 MODALIDADES ALÉTICAS .................................................................................. 34
4 MODALIDADES DINÂMICAS ................................................................................ 36
5 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO ............................................................. 37
6 MODALIDADES DEÔNTICAS ............................................................................... 38
7 OBSERVAÇÕES RELEVANTES .............................................................................. 46
8 MODALIDADES EPISTÊMICAS ............................................................................. 48
9 MODALIDADES AFETIVAS .................................................................................. 54
10 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO ........................................................... 55
11 MODALIDADE E ESCOPO DA NEGAÇÃO .............................................................. 59
12 ANÁLISE DE TEXTOS ....................................................................................... 60
13 SUGESTÕES DE LEITURA ................................................................................. 63
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 64
15 REFERÊNCIAS DAS OCORRÊNCIAS .................................................................... 65
UNIDADE 3 – TÓPICO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 68
2 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO ............................................................. 70
3 TÓPICO FRÁSICO E TEMA .................................................................................. 71
4 TÓPICO: OUTRAS DEFINIÇÕES ........................................................................... 74
5 TOPICALIZAÇÃO E DESLOCAMENTO À ESQUERDA ................................................. 76
6 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO ............................................................. 81
7 FOCO E CLIVAGEM ............................................................................................ 83
8 TÓPICO DISCURSIVO ........................................................................................ 86
9 SUGESTÕES DE LEITURA ................................................................................... 98
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 98
UNIDADE 4 – NOÇÕES DE ESTILÍSTICA: FIGURASDE LINGUAGEM
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 102
2 FIGURAS DE NATUREZA FONÉTICO-FONOLÓGICA ................................................. 104
3 RECURSOS EXPRESSIVOS DE NATUREZA MORFOLÓGICA ....................................... 107
4 FIGURAS DE PALAVRAS (TROPOS) ...................................................................... 107
5 FIGURAS DE PENSAMENTO................................................................................. 114
6 FIGURAS DE SINTAXE (OU DE CONSTRUÇÃO) ...................................................... 118
7 EXERCÍCIO PROPOSTO PARA FIXAÇÃO ................................................................ 121
8 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO ............................................................. 124
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 126
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 127
11 REFERÊNCIAS DAS OCORRÊNCIAS .................................................................... 127
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1 APRESENTAÇÃO
Nesta última etapa de estudos, optamos por apresentar uma abordagem 
descritiva da língua portuguesa. É importante você compreender que estamos utilizando 
o termo “descritiva” porque analisamos ocorrências reais da língua em uso, extraídas 
de textos falados e de textos escritos produzidos em situações formais e informais de 
comunicação. Tivemos a intenção de selecionar assuntos relativos à língua portuguesa, 
e a outras línguas, que não são tratados em gramáticas tradicionais, ou são tratados sob 
uma perspectiva diferente da que apresentamos nesta disciplina. É também importante 
você perceber que alguns assuntos são abordados à luz de teorias linguísticas, como o 
caso dos operadores argumentativos, da modalidade e do tópico.
Você já estudou em Língua Portuguesa a sintaxe tradicional do período simples 
e do período composto. Na Unidade 1 desta disciplina, abordaremos aspectos semânticos 
e argumentativo-pragmáticos das construções causais, condicionais, concessivas, finais, 
adversativas e explicativas. Operadores argumentativos como “até”, “mesmo”, “pelo 
menos”, “ainda”, “aliás”, “isto é” etc. também serão enfocados.
Na Unidade 2, você terá a oportunidade de saber o que é modalidade e o que é 
modalizar um discurso. Você saberá quais são os elementos da língua que o locutor pode 
utilizar para deixar suas marcas no discurso que produz, ou seja, para expressar sua 
atitude em relação ao alocutário e seu grau de conhecimento acerca do que diz.
Na Unidade 3, você saberá como se dão a organização tópica da frase e a 
organização tópica do texto falado e do texto escrito. Estudará, em um primeiro momento, 
o tópico da frase, sobretudo da língua falada, e as formas de salientá-lo e, em um segundo 
momento, o tópico discursivo.
Finalmente, na Unidade 4, você estudará um assunto relativo à Estilística: as 
figuras de linguagem.
Nosso objetivo é que você conheça aspectos relevantes da língua, mas nem 
sempre discutidos em salas de aula. A língua é um “universo”. Cabe aos profissionais de 
Letras desvendar seus “mistérios”.
2 DADOS GERAIS DA DISCIPLINA
Ementa
Abordagem semântica e argumentativo-pragmática dos conectivos; operadores 
argumentativos. Modalidades aléticas, deônticas, dinâmicas, epistêmicas e afetivas; 
a expressão da modalidade em português: verbos plenos, verbos auxiliares modais, 
advérbios, substantivos e adjetivos; a modalidade no português brasileiro falado. 
Distinção entre as funções sintáticas sujeito e predicado e as funções pragmáticas tópico 
e comentário; tema e rema; tópico frásico e estratégias de marcação do tópico; foco e 
clivagem; tópico discursivo. Noções de estilística: figuras de linguagem.
Objetivo Geral
Os alunos da disciplina Língua Portuguesa IV, dos Cursos de Graduação, 
na modalidade EAD do Claretiano, dado o Sistema Gerenciador de Aprendizagem e suas 
ferramentas, serão capazes de articular os conhecimentos adquiridos à sua futura prática 
docente e de analisar a língua materna sem preconceitos, conscientes da importância das 
abordagens tradicional e descritiva. Objetiva-se analisar a língua por meio de ocorrências 
reais extraídas de textos falados e de textos escritos produzidos em situações formais e 
GUIA DE DISCIPLINA
CRC • • • © Língua Portuguesa IV
Claretiano – BatataisVIII
Cursos de Graduação
informais de comunicação. Os conteúdos contemplados nesta disciplina visam à formação 
do pensamento crítico e reflexivo acerca dos estudos que vêm sendo desenvolvidos sobre 
a língua portuguesa. 
Com esse intuito, os alunos contarão com recursos técnico-pedagógicos facilitadores 
de aprendizagem, como material didático, bibliotecas físicas e virtuais, ambiente virtual, 
acompanhamento do tutor complementado por debates no Fórum e na Lista. 
Ao final desta disiciplina, de acordo com a proposta orientada pelo tutor, os 
alunos terão condições de interagir com argumentos contundentes, além de dissertar 
com comparações e demonstrações sobre o tema estudado nesta disciplina, elaborar um 
resumo, ou uma síntese, entre outras atividades. Para esse fim, levarão em consideração 
as ideias debatidas na Sala de Aula Virtual, por meio de suas ferramentas, bem como o 
que produziram durante o estudo.
Competências, habilidades e atitudes
Ao término desta disciplina, os alunos do curso de Letras terão uma visão geral 
de aspectos da língua portuguesa que não são contemplados em gramáticas tradicionais. 
Os discentes de Letras, futuros educadores, serão capazes de adotar uma postura crítica 
e consciente em relação ao ensino da língua materna. Adquirirão habilidades para atuar, 
seja na docência, seja na pesquisa, com ética e imparcialidade, sem preconceitos e 
julgamentos prévios. Além disso, serão capazes de respeitar a diversidade étnica, cultural 
e linguística.
Modalidade
( ) Presencial ( X ) A distância
Duração e carga horária
A carga horária da disciplina Língua Portuguesa VI: uma Abordagem 
Descritiva da Língua é de 60 horas. O conteúdo programático para o estudo das quatro 
unidades que a compõe está desenvolvido no Caderno de referência de conteúdo, anexo 
a este Guia de disciplina, e os exercícios propostos constam do Caderno de atividades e 
interatividades (CAI). 
ATENÇÃO! 
É importante que você releia no Guia Acadêmico do seu curso as informações 
referentes à Metodologia e à Forma de Avaliação da disciplina Língua 
Portuguesa VI: uma Abordagem Descritiva da Língua descritas pelo tutor 
na ferramenta “cronograma” na Sala de Aula Virtual – SAV.
3 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Nosso objetivo em Língua portuguesa VI: uma abordagem descritiva da 
língua é oferecer a você a oportunidade de entrar em contato com assuntos contemplados 
em algumas gramáticas descritivas, fundamentadas em teorias da ciência linguística. Você 
deve observar que utilizamos, na maioria das vezes, ocorrências reais da língua, extraídas 
de textos falados e diferentes tipos de textos escritos tanto em linguagem formal como 
em linguagem coloquial. Isso se justifica pelo fato de a abordagem descritiva prever os 
usos, e não prescrevê-los.
GUIA DE DISCIPLINA
Cursos de Graduação
© Língua Portuguesa IV • • • CRC
Batatais – Claretiano IX
Os assuntos das três primeiras unidades – aspectos semânticos e discursivos 
das construções adverbiais, relações entre construções adverbiais e coordenadas, marcas 
linguísticas das modalidades, tópico da frase e tópico do discurso – têm sido discutidos 
em poucas gramáticas e em trabalhos acadêmicos, aos quais, infelizmente, nem sempre 
o graduando tem acesso. É importante salientar que o estudo tradicional da língua é 
indispensável, mas o efetivo conhecimento de uma língua não para por aí. Um aluno de 
Letras deve dominar a norma padrão e deve conhecer a abordagem tradicional e outras 
abordagens.
Esperamos, com esta disciplina, aguçarainda mais sua curiosidade sobre a 
língua portuguesa e despertar em você a ânsia pelo saber.
Um professor de língua materna deve, antes de tudo, ser um pesquisador.
4 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: 
Lucerna, 2004.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46. ed. São 
Paulo: Nacional, 2005.
CUNHA, Celso Ferreira da; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova gramática do português 
contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 10. ed. São Paulo: Cortez, 
2006.
MATEUS, Maria Helena Mira et al. Gramática da língua portuguesa. 5. ed. Lisboa: A 
Caminho, 2003.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora 
Unesp, 2000.
______. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2006.
5 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CASTILHO, Ataliba Teixeira de; MORAES DE CASTILHO, Célia Maria. Advérbios 
modalizadores. In: ILARI, Rodolfo (Org.). Gramática do português falado: níveis de análise 
lingüística. Campinas: Editora da Unicamp, 1992, v. 2, p. 213-260. 
DALL’AGLIO-HATTNHER, Marize Mattos. Uma análise funcional da modalidade epistêmica. 
Alfa: Revista de Lingüística, São Paulo, Unesp, v. 40, p. 151-173, 1996.
GOUVÊA, Lúcia Helena Martins. Concessão e conectores. In: DECAT, Maria Beatriz 
Nascimento et al. (Orgs.). Scripta: lingüística e filologia, Revista do Programa de Pós-
Graduação em Letras e do CESPUC, Belo Horizonte, v. 5, n. 9, p. 234-240, 2º sem. 
2001.
ILARI, Rodolfo. Perspectiva funcional da frase portuguesa. 2. ed. Campinas: Editora da 
Unicamp, 1992.
JUBRAN, Clélia Cândida Abreu Spinardi. Inserção: um fenômeno de descontinuidade na 
organização tópica. In: CASTILHO, Ataliba Teixeira de (Org.). Gramática do português 
falado: as abordagens. 2. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1996, v. 3, p. 61-74. 
GUIA DE DISCIPLINA
CRC • • • © Língua Portuguesa IV
Claretiano – BatataisX
Cursos de Graduação
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Segmentação: uma estratégia de construção do texto 
falado. In: NEVES, Maria Helena de Moura (Org.). Gramática do português falado: novos 
estudos. Campinas: Editora da Unicamp / FFLCH/USP, 1999, v. 7, p. 29-52. 
KURY, Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática. 8. ed. São Paulo: Ática, 1999.
LOPES, Edward. Metáfora: da retórica à semiótica. 2. ed. São Paulo: Atual, 1987.
LYONS, John. Introdução à lingüística teórica. São Paulo: Nacional/EDUSP, 1979.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1986.
MESQUITA, Elisete Maria de Carvalho. A modalidade deôntica: um estudo na língua 
escrita contemporânea do Brasil. 1999. 147f. Dissertação (Mestrado em Linguística e 
Língua Portuguesa) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, 
Araraquara.
NEVES, Maria Helena de Moura. A modalidade. In: KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça (Org.). 
Gramática do português falado: desenvolvimentos. Campinas: Editora da Unicamp/Fapesp, 
1997a, v. 6, p. 163-199. 
______. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 1997b.
PEZATTI, Erotilde Goreti. Constituintes pragmáticos em posição inicial: distinção entre 
tema, tópico e foco. Alfa: Revista de Lingüística, São Paulo, Unesp, v. 42, p. 133-150, 
1998.
PONTES, Eunice Souza Lima. Topicalização e deslocamento para a esquerda. In: SIMÕES, 
Anilce Maria; REIS, César Augusto (Orgs.). Ensaios de lingüística: Cadernos de Linguística 
e Teoria Literária, Belo Horizonte, Faculdade de Letras da UFMG, Departamento de 
Linguística e Teoria da Literatura, ano 5, n. 9, p. 121-151, dez. 1983.
______. Sujeito: da sintaxe ao discurso. São Paulo: Ática, 1986.
______. O tópico no português do Brasil. Campinas: Pontes, 1987.
C
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Em Língua Portuguesa I a V, você estudou fonética e fonologia do português, 
classes gramaticais, processos de formação dos vocábulos, sintaxe do período simples e 
do período composto, sintaxe de concordância, de regência e de colocação.
Em Língua Portuguesa IV, você estudará os seguintes assuntos: aspectos 
semânticos e argumentativo-pragmáticos das construções causais, condicionais, 
concessivas, finais, adversativas e explicativas, alguns operadores argumentativos, 
modalidade, tópico da frase e do discurso e figuras de linguagem.
Tivemos a preocupação de extrair ocorrências reais da língua falada e da 
língua escrita de diferentes tipos de texto: romances, textos científicos e argumentativos 
encontrados em livros e na internet, poemas, letras de música, peças teatrais, bate- 
-papos na internet, conversações etc. Objetivamos verificar como os falantes efetivamente 
usam a língua, seja em situações mais formais, seja em situações menos formais, isto é, 
objetivamos descrever os usos.
Nessa visão descritiva da língua, você verificará a importância de uma análise 
semântica e argumentativa de construções adverbiais e construções coordenadas, as 
quais geralmente são abordadas pela gramática tradicional exclusivamente do ponto de 
vista sintático.
Você saberá o que é modalidade. Ao produzir um discurso, o locutor modaliza-o, 
ou seja, deixa nele suas marcas. O locutor assume atitudes em relação ao alocutário 
(modalidade deôntica) ou em relação ao enunciado que produz (modalidade epistêmica).
Você terá também a oportunidade de verificar como se organiza a informação de 
um texto e de uma frase. Sempre falamos de um assunto – o tópico discursivo – em nossos 
textos. É comum que ao tópico central se relacionem outros menores. Nas conversações, é 
possível interrompermos o tópico em curso, inserirmos um outro e retornarmos ao anterior.
Outro assunto importante que você estudará são as figuras de linguagem, 
presentes em uma diversidade de textos.
Um professor de língua portuguesa deve saber que é importante estudar a 
língua sob diferentes pontos de vista e deve estar consciente de que o seu maior objetivo 
é fazer que seu aluno se torne, nas palavras de Evanildo Bechara, um “poliglota dentro de 
sua própria língua”.
APRESENTAÇÃO
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AULA PRESENCIAL
Objetivos
•	Favorecer a interação entre os alunos e o professor.
•	Apresentar a disciplina Língua Portuguesa IV como 
uma outra possibilidade de observação e análise da língua 
materna.
•	Fazer uma introdução geral aos assuntos das quatro unidades.
Conteúdos
•	Introdução aos assuntos tratados em Língua Portuguesa 
IV.
•	Programa para o desenvolvimento da disciplina.
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 1CONECTIVOS: ABORDAGENS SEMÂNTICA E 
ARGUMENTATIVO-PRAGMÁTICA
Objetivos
•	Conhecer as abordagens semântica e argumentativo-
-pragmática de análise das construções causais, 
condicionais,	 concessivas,	 finais,	 adversativas	 e	
explicativas.
•	Perceber a importância dos operadores argumentativos 
na estruturação do texto.
•	Desenvolver o pensamento crítico e uma atitude de 
reflexão	em	relação	à	língua	portuguesa.
•	Comparar diferentes abordagens dos fatos da língua 
portuguesa.
•	Articular os conhecimentos adquiridos à futura prática 
docente e à análise da língua materna.
 Conteúdos
•	Aspectos semânticos e argumentativo-pragmáticos das 
construções	 causais,	 condicionais,	 concessivas,	 finais,	
adversativas e explicativas.
•	Operadores argumentativos.
CRC • • • © Língua Portuguesa IV
Claretiano – Batatais4
Cursos de Graduação
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Você já estudou em Língua Portuguesa, em Sintaxe, a coordenação e a 
subordinação. Nesta primeira unidade de Língua Portuguesa IV, você estudará alguns 
conectivos, em específico, as conjunções e as locuções conjuntivas, e a articulação de 
orações sob os pontos de vista semântico e argumentativo--pragmático.
Abordaremos, pois:
•	do ponto de vista lógico-semântico, as construções causais, as condicionais, 
as concessivas e as finais de natureza factual (real), eventual (hipotética ou 
potencial) e contrafactual (irreal);
•	do ponto de vista argumentativo-pragmático,as construções adversativas e 
as concessivas;
•	dos pontos de vista semântico e argumentativo-pragmático, as construções 
causais e as explicativas;
•	os operadores argumentativos.
É fundamental que você compreenda o termo “construção”, utilizado inúmeras 
vezes nesta unidade. Estamos denominando “construção” o conjunto formado de oração 
tradicionalmente dita subordinada adverbial e oração principal e, também, o conjunto 
formado de duas orações coordenadas entre si. Dessa forma, referimo-nos, por exemplo, 
a construção causal (oração subordinada adverbial causal + oração principal), construção 
condicional (oração subordinada adverbial condicional + oração principal), construção 
adversativa (oração coordenada assindética + oração coordenada sindética adversativa) 
etc.
Iniciemos nossos estudos.
2 CONSTRUÇÕES CAUSAIS (FACTUAIS)
As construções causais compreendem uma oração principal e uma oração 
que expressa a causa da consequência ou do efeito explicitados na principal. Em outros 
termos, a oração principal expressa a consequência ou o efeito e a oração adverbial, a 
causa. Observe os casos:
(1)
A Amanda não chegou ainda [consequência] porque a chuva está muito forte [causa].
(2)
“[...] esta senhora definha [consequência], porque lhe parece [que a não amo o . s. s 
.subjetiva] [causa] [...]”
1 (ASSIS, 1999, p. 6, grifos nossos).
(3)
Ela estava muito aflita [consequência] porque ainda não sabia o resultado dos 
exames [causa].”
(4)
“[...] (a mobília) se podia ver do lado de fora [consequência], porque as janelas viviam 
abertas [causa] [...]” (ASSIS, 1999, p. 12, grifos nossos).
Essas construções causais são factuais. Mas o que é uma construção factual?
(1) As referências das 
ocorrências encontram-se no 
fim desta unidade. Os exemplos 
ilustrativos que não constam das 
referências foram criados pela 
autora deste material.
Cursos de Graduação
© Língua Portuguesa IV • • • CRC
Batatais – Claretiano 5
UNIDADE 1
 
Uma construção factual é aquela em que o falante assume que os conteúdos 
das duas orações conectadas são reais, ou seja, dizem respeito a fatos que ocorrem no 
mundo real (MATEUS et al., 1983). Nos casos (1) a (4), os fatos expressos nos segmentos 
principal, que expressa a consequência, e causal são apresentados como reais, isto é, 
como fatos que realmente ocorrem ou ocorreram.
Todas as construções causais são factuais. Já as condicionais, as concessivas e 
as finais podem ser factuais, eventuais ou contrafactuais. Vamos estudá-las?
3 CONSTRUÇÕES CONDICIONAIS FACTUAIS, EVENTUAIS E 
CONTRAFACTUAIS
Como lembra Neves (2000), a oração que expressa a condição é denominada 
prótase (p) e a oração principal, que expressa a consequência, é denominada apódose 
(q). Na construção condicional, a realização do fato expresso na oração principal está 
condicionada à realização do fato expresso na subordinada. Observe o exemplo:
(5)
Se chover, não iremos ao clube.
 p q
Nele, temos: se p, q, em que a possível ocorrência de chuva implica não ir ao 
clube, ou seja, a ida ao clube está condicionada à não-ocorrência de chuva.
A construção condicional é semanticamente classificada em três subtipos, que 
você estudará a seguir.
Condicionais factuais (reais)
Já explicamos o que é uma construção de natureza factual. Nas condicionais 
factuais, o falante considera que o fato expresso na prótase (p) e o fato expresso na 
apódose (q) sejam factuais, ou seja, ocorram no mundo real. Observe os casos:
(6)
“[Se minha mãe teve o capricho de criá-la com todo o mimo e de dar-lhe 
uma primorosa educação [condição – prótase], não foi decerto para abandoná-la ao 
mundo, não achas?[consequência – apódose] ]” (GUIMARÃES, 2005, p. 22, grifos nossos).
(7)
“Na infância o cérebro, por assim dizer, está livre, sua receptividade absoluta. Tudo 
quanto nele fotografa permanece. [Se houve um bom trabalho [condição – prótase], se 
se gravaram imagens sãs, belas, nobres [condição – prótase], tudo a seguir é fácil 
[consequência – apódose]]” (LEÃO, 1950, v. 52, grifos nossos).
Nas ocorrências (6) e (7), os fatos expressos na prótase (oração adverbial 
condicional) são reais no passado, o que configura o factual no passado. Em (6), é tido 
como ocorrido, portanto real, o fato de que a mãe a criou com mimo e lhe deu primorosa 
educação, consequentemente, se agiu assim, não a abandonaria. Em (7), se o cérebro 
realizou um bom trabalho, se gravou imagens sãs, belas e nobres, consequentemente, 
tudo é fácil. Observe outras ocorrências:
(8)
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“No melhor dos mundos, Constituições seriam coerentes. Mas, [se dois dispositivos 
constitucionais se contradizem [condição – prótase], como no caso discutido aqui, só 
emenda constitucional pode conciliá-los [consequência – apódose]]” (PEREIRA. Disponível 
em: <http://www1.uol.com.br/cgibin/bibliot/arquivo.cgi?html=fsp2006&banner
=bannersarqfolha>. Acesso em: 5 jan. 2007, grifos nossos).
(9)
“Os processos educativos não devem deixar de variar de acordo com as necessidades 
funcionais dessa idade, os problemas de ajustamento e a preparação para o 
amadurecimento sadio. [Se há fenômenos [que são desse período e só dele 
o. s. adj. restritiva], se há necessidades [que são dessa época e só dela o. s. adj. restritiva], 
se há interesses [que são dessa idade e de nenhuma outra o. s. adj. restritiva], se há 
adaptações inerentes a essa fase da vida [condição – prótases coordenadas entre si], certamente 
a educação se terá de caracterizar por processos específicos. [consequência – apódose]] 
Em tal sentido há uma educação específica da adolescência” (Adaptado de LEÃO, 
1950, v. 52, grifos nossos).
(10)
Se a água atinge 100ºC [condição - prótase], entra em ebulição [consequência – apódose].
(11)
“Mas [se a senhora não gosta dessa cantiga [condição – prótase], não a cantarei mais 
[consequência – apódose]]” (GUIMARÃES, 2005, p. 14, grifos nossos).
Nos casos (8) a (11), os fatos expressos dizem respeito ao presente [(11)], a 
verdades absolutas [(8)] ou a fatos de natureza científica ou física [(9) e (10)]. São, portanto, 
factuais. Embora as construções condicionais factuais ocorram nas línguas naturais, como 
é o caso da língua portuguesa, não são as mais comuns, e sim as eventuais. 
Apresentamos apenas as construções condicionais introduzidas pela conjunção 
“se”, que é a prototípica. Lembra-se das demais conjunções que você já estudou? Caso 
seja necessário, releia o material de Língua Portuguesa referente à subordinação.
Podemos prosseguir?
Condicionais eventuais (hipotéticas ou potenciais)
O que é uma construção eventual (hipotética ou potencial)? Essa deve ser a sua 
pergunta. Vamos lá!
Nas construções eventuais, não se apresentam fatos reais, fatos que 
aconteceram, acontecem ou realmente acontecerão, mas fatos que podem acontecer ou 
não. Em outros termos, é apenas possível que os fatos aconteçam. São, por isso, tidos 
como eventuais. Trabalha-se no terreno da especulação, das hipóteses. Nas condicionais 
eventuais, caso o fato expresso na prótase aconteça, o fato expresso na apódose, por 
conseguinte, acontecerá. Como afirmam Mateus et al. (1983), o tempo verbal típico desse 
tipo de construção é o futuro. Leia atentamente as ocorrências:
(12)
“Jatene resume sua filosofia: ‘É uma armadilha essa história de produzir ou preservar. 
[Se não produzirmos [condição – prótase], vamos morrer todos [consequência – apódose].] [Se 
produzirmos sem preservar [condição – prótase] vamos morrer todos também [consequência 
– apódose].]” (ÂNGELO. Disponível em: <http://www1.uol.com.br/cgibin/bibliot/arquivo.
cgi?html=fsp2006&banner=bannersarqfolha>. Acesso em: 5 jan. 2007, grifos 
nossos).
(13)
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“[O Incor 2 só sairá das dificuldades financeiras [consequência – apódose] se pessoas 
físicas e jurídicas fizerem contribuições [condição – prótase].]” (Folha deS. Paulo. 
Disponível em: <http://www1.uol.com.br/cgibin/bibliot/arquivo.cgi?html=fsp2006&
banner=bannersarqfolha>. Acesso em: 5 jan. 2007, grifos nossos).
(14)
“Só dou quinhentos e [se você não aceitar [condição – prótase] será demitido da portaria 
[consequência – apódose]]” (SUASSUNA, 1963, grifos nossos).
(15)
“Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente 
aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe - para dizer alguma 
cousa - que [era capaz de os pentear [consequência – apódose], se quisesse [condição – prótase]]” 
(ASSIS, 1999, p. 37, grifos nossos).
(16)
“O pesquisador da Esalq afirma, ainda, que no Brasil os números seriam diferentes. 
[‘No nosso caso, se fosse feita uma comparação com a cana-de-açúcar [condição 
– prótase], a diferença energética seria muito menor [consequência – apódose]’]” (GERAQUE. 
Disponível em: <http://www1.uol.com.br/cgibin/bibliot/arquivo.cgi?html=fsp2006&banner=ban
nersarqfolha>. Acesso em: 5 jan. 2007, grifos nossos).
(17)
“Simão Bacamarte aceitou a postura com todas as restrições. Quanto à exclusão dos 
vereadores, declarou que [teria profundo sentimento [consequência – apódose] se fosse 
compelido a recolhê-los à Casa Verde [condição – prótase]]; [...]” (ASSIS, 1999, p. 29, 
grifos nossos).
Observe a correlação dos tempos verbais2, respectivamente, de (12) a (17):
Prótase / apódose 
produzirmos (futuro do subjuntivo) / vamos morrer (perífrase que indica futuro 
do presente = morreremos);
fizerem (futuro do subjuntivo) / sairá (futuro do presente do indicativo);
aceitar (futuro do subjuntivo) / será (futuro do presente do indicativo).
quisesse (pretérito imperfeito do subjuntivo) / era (pretérito imperfeito do 
indicativo);
fosse (pretérito imperfeito do subjuntivo) / seria (futuro do pretérito do 
indicativo);
fosse (pretérito imperfeito do subjuntivo) / teria (futuro do pretérito do 
indicativo).
Nas ocorrências (12) a (14), joga-se com o futuro do subjuntivo na prótase; já 
nas ocorrências (15) a (17), com o pretérito imperfeito do subjuntivo. No primeiro caso, 
os fatos hipotéticos estão mais próximos do real; no segundo, são mais remotos. Em 
outros termos, há maior probabilidade de ocorrência dos fatos expressos em (12) a (14) 
do que em (15) a (17).
(2) Obviamente, outras 
correlações modo-temporais 
acontecem na língua. 
Explicitamos somente aquelas 
presentes nos enunciados 
analisados.
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Condicionais contrafactuais (irreais)
Finalmente, você estudará as construções condicionais contrafactuais. Mãos à 
obra!
Nas construções contrafactuais, os fatos expressos na prótase e na apódose não 
se verificam no mundo real, mas em um mundo alternativo (MATEUS et al., 1983). As 
construções contrafactuais são identificadas pelo contexto linguístico ou extralinguístico, pelo 
nosso conhecimento de mundo ou, então, pelo tempo verbal. Observe as construções:
(18)
“Verdade é que, [se todos os gostos fossem iguais [condição – prótase], o que seria do 
amarelo [consequência - apódose]]?” (ASSIS, 1999, p. 15, grifos nossos).
(19)
“Minha irmã tem razão; é pena que uma menina assim tão linda não seja mais que 
uma escrava. [Se tivesses nascido livre [condição – prótase], serias incontestavelmente 
a rainha dos salões [consequência - apódose].]” (GUIMARÃES, 2005, p. 23, grifos nossos).
(20)
“Isaura teria soltado um grito de pavor [consequência – apódose], se há muito não 
estivesse familiarizada com aquela estranha figura, [condição – prótase] [...]” 
(GUIMARÃES, 2005, p. 28, grifos nossos).
(21)
“O rosto da cativa cobriu-se de lividez cadavérica, como lírio ceifado pendeu-lhe 
a fronte sobre o seio, e o donoso corpo desabou como bela estátua de mármore, 
que o furacão arranca do pedestal, e [teria rojado pela terra [consequência – apódose], se 
os braços de Álvaro e de Miguel não tivessem prontamente acudido [condição 
– prótase] [para amparar-lhe a queda o. s. adv. final]]” (GUIMARÃES, 2005, p. 88, grifos 
nossos).
Em (18), de acordo com o nosso conhecimento de mundo, sabemos que o gosto 
é pessoal. Joga-se, então, com a existência de um mundo irreal, alternativo, no qual 
todas as pessoas teriam um único gosto. Se isso ocorresse, consequentemente, ninguém 
gostaria, por exemplo, do amarelo. Trata-se de uma construção condicional irreal porque 
sabemos que, no mundo real, o gosto é pessoal.
Em (19), é o contexto linguístico, ou seja, a frase anterior, que evidencia a 
irrealidade dos fatos expressos na prótase e na apódose. O falante joga com um mundo 
alternativo – que, obviamente, não corresponde ao real – no qual Isaura seria livre, não 
uma escrava e, consequentemente, a rainha dos salões.
Em (20) e (21), é o tempo verbal que evidencia a irrealidade dos fatos. Observe 
as correlações verbais, respectivamente:
Prótase / apódose
estivesse (pretérito imperfeito do subjuntivo) / teria soltado (futuro do pretérito 
composto do indicativo);
tivessem acudido (pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo) / teria rojado 
(futuro do pretérito composto do indicativo).
 Passemos, agora, ao estudo das construções concessivas.
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UNIDADE 1
4 CONSTRUÇÕES CONCESSIVAS FACTUAIS, EVENTUAIS E 
CONTRAFACTUAIS
Do ponto de vista lógico-semântico, a relação concessiva tem sido tratada como 
negação da expectativa ou implicação negada. O falante, na oração concessiva (p), cria 
uma expectativa que é frustrada na oração principal (q). Em outros termos, a implicação 
que se pressupõe a partir do conteúdo de p é negada em q. Na prática, o que isso 
quer dizer? Simples! Retomemos o exemplo (5) e transformemo-lo em uma construção 
concessiva:
(5a)
Mesmo que chova, iremos ao clube.
Na construção concessiva, temos:
pressuposição da implicação: pressupõe-se que chover implique não 
irmos ao clube;
negação da pressuposição: iremos ao clube.
Cria-se a expectativa de que se chover, não iremos ao clube, pois este seria o 
comportamento esperado. Entretanto, essa expectativa é frustrada. A chuva não será, 
portanto, impedimento para a ida ao clube.
Assim como as condicionais, as construções concessivas são classificadas em 
factuais, eventuais e contrafactuais.
Tudo claro até o momento? Esperamos que sim. Prossigamos.
Concessivas factuais
Nas construções concessivas factuais, a realização do fato expresso na oração 
concessiva (p) não impede a realização do fato expresso na oração principal (q). Em 
outros termos, p é verdadeiro e q é igualmente verdadeiro. Observe as ocorrências3:
(22) 
“[...] o defeito não lhe escapou [or. principal], embora passasse de relance diante 
de seus olhos [or. concessiva]” (ALENCAR, s.d., p. 41, grifos nossos).
(23) 
“Na casa de D. Clementina sabia-se já [que Amélia fora pedida em casamento 
o. s. s. subjetiva - voz passiva sintética] [or. principal], embora se ignorasse o nome do pretendente 
[or. concessiva], [...]” (ALENCAR, s.d., p. 93, grifos nossos).
(24)
“As alusões e gracejos a respeito do segrêdo [sic] incomodaram a moça [or. 
principal], embora por outro lado lhe causassem certo desvanecimento [or. concessiva]” 
(ALENCAR, s.d., p. 94, grifos nossos).
(25)
“[...] Deus a fez para mim. Eu estava desde muito preparado para a notícia de seu 
casamento; [ela não me surpreendeu [or. principal], embora me entristecesse [or. 
concessiva]]” (ALENCAR, s.d., p. 94, grifos nossos).
(3) Apresentamos somente as 
construções concessivas factuais 
com a conjunção “embora”. 
Outras conjunções e locuções 
conjuntivas podem expressar 
factualidade: “conquanto”, “ainda 
que”, “mesmo que”, “se bem 
que” etc.
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UNIDADE 1
Podemos constatar que, nessas ocorrências, se trata de fatos reais, que já 
ocorreram.
 
Concessivas eventuais
Nas construções concessivas eventuais, a eventual realização do fato expresso 
na oração concessiva (p) não impedea realização do fato expresso na oração principal 
(q); isto é, quer p se realize ou não, q será, invariavelmente, verdadeiro. Observe:
(26) 
“Capitu não hesitou em jurar, e até lhe vi as faces vermelhas de prazer. Jurou duas 
vezes e uma terceira: 
 – [Ainda que você se case com outra [or. concessiva], cumprirei o meu juramento 
[or. principal]], não casando nunca” (ASSIS, 1999, p. 55, grifos nossos).
(27)
“Quando eu digo que eu faço uma coisa, [eu faço mesmo[oração principal], nem que me 
lasque toda[or. concessiva]]” (MARCOS, 1968, grifos nossos).
 
(28)
“A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) esclareceu na segunda-feira 
(30/10), durante a primeira audiência pública sobre Portabilidade Numérica realizada 
na capital paulista, que [mesmo que uma localidade não disponha de mais 
de uma prestadora de serviço telefônico (fixo ou móvel) [or. concessiva], a rede 
da concessionária [que atua ali o. s. adj. restritiva] terá de estar preparada para a 
portabilidade [or. principal em relação à concessiva]]” (Disponível em: <http://idgnow.uol.com.br/
telecom/2006/10/31/idgnoticia.2006-10-31.9569758681/IDGNoticia_view>. Acesso 
em: 7 jan. 2007, grifos nossos).
(29)
“Já me sucedeu, aqui no Engenho Novo, por estar uma noite com muita dor de 
cabeça, desejar que [o trem da Central estourasse longe dos meus ouvidos 
[or. principal em relação à concessiva] e interrompesse a linha por muitas horas, ainda que 
morresse alguém [or. concessiva]]” (ASSIS, 1999, p. 83, grifos nossos).
Você pode observar que, nessas ocorrências, se joga não com fatos reais, mas 
com fatos hipotéticos, que podem acontecer. Em (26) a (29), observe a correlação dos 
tempos verbais, respectivamente:
p q
case (presente do subjuntivo)
cumprirei (futuro do presente do 
indicativo)
lasque (presente do subjuntivo) faço (presente do indicativo)
disponha (presente do subjuntivo) terá (futuro do presente do indicativo)
estourasse (pretérito imperfeito do 
subjuntivo)
morresse (pretérito imperfeito do 
subjuntivo)
Concessivas contrafactuais
Nas construções concessivas contrafactuais, um fato é apresentado na oração 
concessiva (p) como irreal, ou seja, é um fato que não aconteceu ou nunca poderia 
acontecer. O que o falante faz é imaginar um mundo alternativo, que não corresponde ao 
mundo real, no qual q ocorreria mesmo se p (que, na realidade, não se realiza) também 
ocorresse. Observe:
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(30)
“[Ainda que a rosa tivesse outro nome [or. concessiva], seu perfume seria o mesmo 
[or. principal]]” (BATH, 1989, grifos nossos).
(31)
“Eu não sou acionista da empresa! Sou empregado como vocês! E [mesmo que 
fosse o dono [or. concessiva], não ia fazer a menor diferença [or. principal]]!” (AMARAL, 
1978, grifos nossos).
(32)
[Mesmo que eu tivesse abordado o assunto de maneira diversa [or. concessiva], o 
resultado teria sido o mesmo [or. principal]].
Nos três casos, imagina-se um mundo alternativo, que não corresponde ao real. 
Em (30), o falante imagina um mundo no qual a rosa teria outro nome, mas, mesmo 
nessa hipótese, o perfume dessa flor seria o mesmo. Em (31), pelo contexto linguístico 
- as frases precedentes -, sabemos que se trata de fatos irreais: na verdade, o falante é 
apenas empregado da empresa. Em (32), é a correlação modo-temporal pretérito mais- 
-que-perfeito do subjuntivo na oração concessiva (tivesse abordado) e futuro do pretérito 
composto do indicativo na oração principal (teria sido) que indica que se trata de fatos 
irreais.
Você estudará, finalmente, as construções finais.
5 CONSTRUÇÕES FINAIS FACTUAIS, EVENTUAIS E 
CONTRAFACTUAIS
Nas construções finais, apresentamos, na oração subordinada adverbial, a 
finalidade do fato expresso na oração principal. Observe a ocorrência:
(33)
“A menina recusou o mimo, formalmente. [Foi preciso a intervenção da velha 
[or. principal] para que ela consentisse em aceitá-lo [or. final]]” (AZEVEDO, 1976, p. 95, 
grifos nossos).
A intervenção da velha teve a finalidade de a menina aceitar o presente. 
Vejamos, a seguir, as construções finais factuais, eventuais e contrafactuais.
Finais factuais
São factuais as construções seguintes, em que os fatos são reais no passado:
(34)
“[...] desde pela manhã dera logo as providências [or. principal] para que tudo 
voltasse aos seus eixos o mais depressa possível [or. final] [...]” (AZEVEDO, 1976, 
p. 90, grifos nossos).
(35)
“[Ordens terminantes foram expedidas durante a noite aos coronéis de 
ordenanças [que se achavam mais próximos [o. s. adj. restritiva]] [or. principal], a fim de 
que antes do amanhecer se achassem com fortes partidas no lugar indicado 
[or. final]]” (TÁVORA, s.d., p. 189, grifos nossos).
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Finais eventuais
(36)
“— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
[É preciso cortá-la [or. principal], pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma [or. final]!]” (ANJOS. Disponível em: 
<http://www.casadobruxo.com.br/literatura.htm>. Acesso em: 7 jan. 2007, 
grifos nossos).
Observe que, nessa construção, a velhice calma é um fato que pode ocorrer no 
futuro. Observe outro caso:
(37)
[Trabalharei neste projeto com afinco [or. principal] a fim de que seja aprovado [or. 
final]].
O futuro do presente na oração principal determina a interpretação da ocorrência 
dos fatos como algo eventual, hipotético.
Finais contrafactuais
É contrafactual a construção:
(38)
“Não se pôde conter: enquanto Pombinha mudava de roupa, saiu ela ao pátio, 
apregoando aos quatro ventos a linda notícia. E, se não fora a formal oposição da 
menina, [teria passeado em triunfo a camisa ensangüentada [or. principal], para 
que todos a vissem bem [or. final] e para que todos a adorassem, entre hinos de 
amor [or. final]], que nem a uma verônica sagrada de um Cristo” (AZEVEDO, 1976, p. 
97, grifos nossos).
Nessa ocorrência, o fato expresso na oração principal não aconteceu, já que a 
menina se opôs formalmente. Temos, pois, um fato irreal.
Vamos realizar alguns exercícios a fim de verificar se você apreendeu o conteúdo 
apresentado? Mãos à obra!
6 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO
Nos enunciados seguintes, identifique o tipo e o subtipo de construção 
(condicional factual, concessiva eventual etc.).
1. “[...] se não se emendar, tenho um reio.” (PENA, Martins. O juiz de paz da roça. 
In: ______. O noviço e mais O juiz de paz da roça, O Judas em sábado de aleluia, Os 
irmãos das almas. 18. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996, p. 60).
2. “Tudo se teria passado sem mais nada, se Deus não houvesse escrito um 
libreto de ópera, do qual abrira mão, [...]” (ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. 
Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d., p. 48).
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3. “Isto está muito bonito! Um frade com uma moça desmaiada nos braços. Valha-me 
Santo Antônio! [O que diriam, se assim me vissem?]” (PENA, Martins. O noviço. 
In: ______. O noviço e mais O juiz de paz da roça, O Judas em sábado de aleluia, Os 
irmãos das almas. 18. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996, cena XIII, grifos nossos).
4. “[...] aquele mancebo, se bem que nenhuma aparência tivesse de um esbirro, 
andava à pista de Isaura.” (GUIMARÃES, Bernardo. A escrava Isaura. 27. ed. São 
Paulo: Ática, 1998, p. 105.) (esbirro: agente de polícia).
5. ”[...] eu nunca daria a liberdade a essa escrava, embora nenhum serviço me 
prestasse [...]” (GUIMARÃES, Bernardo. A escrava Isaura. 27. ed. São Paulo: Ática, 
1998, p. 115).
6. [...] mesmo que eu juntasse um por um os cacos todos, nunca mais o espelho 
seria como antes. (TELES, Lígia Fagundes. Ciranda de pedra. São Paulo: Martins, 
1955).
7. Ainda que tivesse conhecido o Norberto em 1950, não me teria casado com ele.
8. “Todo o [sic] homem pode ser rico, se atinar com o verdadeiro caminho da 
fortuna.” (PENA, Martins. O noviço. In: ______. O noviçoe mais O juiz de paz 
da roça, O Judas em sábado de aleluia, Os irmãos das almas. 18. ed. Rio de 
Janeiro: Ediouro, 1996, p. 11).
9. “[...] se tinha remorsos, é porque me não tinha amor [...]” (ASSIS, Machado 
de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 2. ed. São Paulo: FTD, 1991, p. 96).
10. “Se adotarmos um tipo de crescimento insustentável como o dos grandes países 
do bloco socialista, simplesmente estaremos cometendo um colossal erro estratégico.” 
(GABEIRA, Fernando. Índios, ecologistas e quilombolas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 
2 dez. 2006. Seção: Ilustrada, p. E16. Disponível em: <http://www1.uol.com.br/
cgibin/bibliot/arquivo.cgi?html=fsp2006&banner=bannersarqfolha>. Acesso em: 8 
jan. 2007).
Conseguiu resolver os exercícios? Esperamos que sim.
Quadro 1 Respostas 1. 
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
1.
“[...] se não se emendar [or. condicional], tenho um reio [or. principal].” Condicional eventual.
2. “Tudo se teria passado sem mais nada [or. principal], se Deus não houvesse escrito um 
libreto de ópera, [do qual abrira mão [or. sub. adj. explicativa] ] [or. condicional], [...]” Condicional 
contrafactual.
3.
O que diriam [or. principal], se assim me vissem [or. condicional]?]” Condicional eventual.
4. “[...] aquele mancebo, se bem que nenhuma aparência tivesse de um esbirro [or. concessi-
va], andava à pista de Isaura.” Concessiva factual.
oração principal: aquele mancebo andava à pista de Isaura.
5. ”[...] eu nunca daria a liberdade a essa escrava [or. principal], embora nenhum serviço me 
prestasse [or. concessiva] [...]” Concessiva factual.
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CONFIRA SUAS RESPOSTAS
6. [...] mesmo que eu juntasse um por um os cacos todos [or. concessiva], nunca mais o espe-lho seria como antes [or. principal]. Concessiva eventual.
7. Ainda que tivesse conhecido o Norberto em 1950 [or. concessiva], não me teria casado com 
ele [or. principal]. Concessiva contrafactual.
8. “Todo homem pode ser rico [or. principal], se atinar com o verdadeiro caminho da fortuna 
[or. condicional].” Condicional eventual.
9.
“[...] se tinha remorsos [or. condicional], é porque me não tinha amor [or. principal] [...]” Condi-
cional factual.
Observe que a oração que denominamos “principal” expressa a causa de a personagem 
ter remorsos. Construções desse tipo são tipicamente factuais. Sobre tais construções, 
sugerimos que você leia Neves (2000, p. 838-839).
10. “Se adotarmos um tipo de crescimento insustentável como o dos grandes países do 
bloco socialista [or. condicional], simplesmente estaremos cometendo um colossal erro es-
tratégico [or. principal].” Condicional eventual.
 
Esperamos que você tenha acertado tudo. A seguir, apresentamos uma síntese 
do que foi abordado.
Quadro 2 Resumo 1.
RESUMO 1
TIPO DE CONSTRUÇÃO/ CARACTERIZAÇÃO EXEMPLOS
Factuais: os conteúdos das orações conec-
tadas são reais, ou seja, dizem respeito a 
fatos que ocorrem no mundo real.
Se a água atinge 100ºC, entra em ebulição.
“O defeito não lhe escapou, embora passas-
se de relance diante de seus olhos”.
“Desde pela manhã dera logo as providên-
cias para que tudo voltasse aos seus eixos o 
mais depressa possível”.
Eventuais: os fatos apresentados nas ora-
ções conectadas são hipotéticos.
Se a miséria viesse de chofre, o pasmo de 
Itaguaí seria enorme.
“Ainda que você se case com outra, cumpri-
rei o meu juramento”.
Trabalharei	neste	projeto	com	afinco	a fim 
de que seja aprovado.
Contrafactuais: os fatos apresentados nas 
orações conectadas não ocorrem no mundo 
real, mas em um mundo alternativo imagi-
nado pelo falante.
“Se todos os gostos fossem iguais, o que 
seria do amarelo?”.
“Ainda que a rosa tivesse outro nome, seu 
perfume seria o mesmo”.
“Teria passeado em triunfo a camisa ensan-
güentada, para que todos a vissem bem”.
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UNIDADE 1
A seguir, você estudará as construções adversativas e as concessivas sob um 
enfoque argumentativo-pragmático.
7 CONSTRUÇÕES ADVERSATIVAS E CONSTRUÇÕES 
CONCESSIVAS: ABORDAGEM ARGUMENTATIVO-PRAGMÁTICA
Você já estudou nesta unidade que as construções concessivas, do ponto de vista 
lógico-semântico, podem ser tratadas como negação da expectativa ou implicação negada. 
O mesmo ocorre com as adversativas. Retomemos o exemplo (5a) e transformemo-lo em 
uma construção adversativa:
(5b)
Pode ser que chova, mas iremos ao clube.
A expectativa de não se ir ao clube em decorrência de chuva é negada na oração 
introduzida por “mas”.
As construções adversativas e as concessivas podem, portanto, ser analisadas 
de um ponto de vista lógico-semântico. No entanto, há casos nos quais não é possível 
pressupor uma expectativa ou implicação negada. Observe:
(39)
Embora eu compreenda o seu problema, o relatório tem de estar em minha mesa 
amanhã, sem falta.
(39a)
Eu compreendo o seu problema, mas o relatório tem de estar em minha mesa 
amanhã, sem falta.
Tanto na construção concessiva (39) como na adversativa (39a), não se frustra 
qualquer expectativa ou se nega uma relação de implicação pressuposta. Compreender o 
problema não implica o relatório não ter de estar na mesa do chefe.
De um ponto de vista argumentativo, nesses dois exemplos, o que existe é um 
contraste entre dois argumentos que levam a conclusões implícitas contrárias.
Para (39) e (39a), imaginemos uma situação em que o chefe queira o relatório 
pronto, porém, por algum motivo, o funcionário não o tenha feito a tempo. Após a justificativa 
do funcionário, o chefe faz uma concessão, em que admite compreender o problema, mas, 
em seguida, exige o relatório em sua mesa. Observe o jogo argumentativo:
•	1º argumento: eu compreendo o seu problema  leva à conclusão de que 
não será necessário fazer o relatório ou o relatório poderá ser entregue depois 
da data prevista;
•	2º argumento: o relatório tem de estar em minha mesa amanhã, sem 
falta  leva à conclusão de que será necessário fazer o relatório ou o relatório 
não poderá ser entregue depois da data prevista.
Se temos dois argumentos, certamente, um deles será mais forte e prevalecerá. 
Qual deles?
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O argumento mais forte, que prevalece, é o que, na construção concessiva, 
ocorre na oração principal e, na construção adversativa, ocorre na oração introduzida pela 
conjunção “mas”.
Essa concepção argumentativo-pragmática, ou discursiva, da concessão e da 
adversidade foi desenvolvida pela Teoria da Argumentação, sobretudo por dois linguistas 
que trabalham com a Semântica Argumentativa: Oswald Ducrot e Jean Claude 
Anscombre4.
A Teoria da Argumentação é enriquecida pela Teoria da Polifonia Discursiva, que 
rejeita a ideia de um sujeito falante único. Ducrot (1987 apud GOUVÊA, 2001) distingue, 
então, locutor de enunciador. Para ele, locutor é aquele que elabora o enunciado e 
enunciador é aquele que se expressa pela enunciação.
Aplicando-se os conceitos de locutor e enunciador às construções concessivas 
e às adversativas, verificamos a presença de um locutor, aquele que profere o enunciado 
concessivo ou o enunciado adversativo, e de dois enunciadores (hipotéticos), cada um 
responsável por um argumento. As construções concessivas e as construções adversativas 
são, portanto, polifônicas. Por quê? Porque nelas estão presentes várias vozes, ou seja, as 
vozes de dois enunciadores (polifonia: “poli” quer dizer várias e “fonia” é relativo a vozes). 
Assim, nos casos dados, temos:
•	Locutor: profere o enunciado concessivo “Embora eu compreenda o seu 
problema, o relatório tem de estar em minha mesa amanhã, sem falta”, ou 
profere o enunciado adversativo “Eu compreendo o seu problema, mas o 
relatório tem de estar em minha mesa amanhã, sem falta”.
•	Enunciador 1: responsável pelo argumento “eu compreendo o seu problema” 
(portanto não será necessário fazer o relatório ou o relatório poderá ser 
entregue depoisda data prevista).
•	Enunciador 2: responsável pelo argumento “o relatório tem de estar em 
minha mesa amanhã, sem falta” (portanto será necessário fazer o relatório ou 
o relatório não poderá ser entregue depois da data prevista).
No resultado final, o locutor identifica-se com a voz do enunciador 2, responsável 
pelo argumento mais forte, e não com a voz do enunciador 1, responsável pelo argumento 
mais fraco.
Verifiquemos se você compreendeu a concepção discursiva, ou argumentativo- 
-pragmática, das construções concessivas e das adversativas.
Dado o enunciado adversativo seguinte, identifique os argumentos, as conclusões 
a que se chega a partir deles, o locutor e os enunciadores.
– Paula, venha almoçar em casa amanhã. Farei lasanha.
– Renata, adoro lasanha, mas estou fazendo regime.
Fácil, não é mesmo?
Confira sua resposta.
Nessa construção, temos:
•	o locutor (no caso, a Paula), que profere o enunciado “Renata, adoro lasanha, 
mas estou fazendo regime”;
•	o enunciador 1, responsável pelo argumento mais fraco “adoro lasanha”, 
que leva à conclusão de que Paula irá comer lasanha no almoço na casa de 
Renata;
(4) Sugerimos a leitura do 
artigo: GOUVÊA, Lúcia 
Helena Martins. Concessão e 
conectores. In: DECAT, Maria 
Beatriz Nascimento et al. (Orgs.). 
Scripta: Lingüística e Filologia, 
Revista do Programa de Pós-
Graduação em Letras e do 
CESPUC, Belo Horizonte, v. 5, 
n. 9, p. 234-240, 2º sem. 2001. 
Nesse artigo, a autora aborda 
as construções concessivas e 
as adversativas na perspectiva 
argumentativa desses dois 
teóricos. Leia também: KOCH, 
Ingedore Grunfeld Villaça. 
Argumentação e linguagem. 9. 
ed. São Paulo: Cortez, 2006.
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•	o enunciador 2, responsável pelo argumento mais forte “estou fazendo 
regime”, que leva à conclusão contrária, de que Paula não irá comer lasanha 
no almoço na casa de Renata.
O locutor identifica-se com o enunciador 2. Portanto, prevalece o argumento 
que leva à conclusão de que Paula não irá comer lasanha no almoço. Em outros termos, 
apesar de sua paixão por lasanha, o regime é um argumento suficientemente forte para 
Paula não comê-la.
Apresentamos, a seguir, um resumo do que foi abordado neste item da 
unidade.
Quadro 3 Resumo 2.
RESUMO 2
- Do ponto de vista discursivo, as construções adversativas e as concessivas podem ser 
concebidas como oposição de argumentos.
- Do ponto de vista polifônico, nessas construções, estão presentes as vozes de dois 
enunciadores, cada um responsável por um argumento. Assim, temos:
•	 locutor: aquele que profere o enunciado concessivo ou o adversativo;
•	enunciador 1: aquele responsável pela argumento mais fraco, que conduz a uma 
conclusão implícita;
•	enunciador 2: aquele responsável pelo argumento mais forte, que conduz à 
conclusão implícita contrária à anterior.
Estudaremos, a seguir, sob as perspectivas semântica e argumentativo- 
-pragmática, as construções adverbiais causais e as coordenadas explicativas.
8 CONSTRUÇÕES CAUSAIS E CONSTRUÇÕES EXPLICATIVAS: 
ABORDAGENS SEMÂNTICA E ARGUMENTATIVO-PRAGMÁTICA
Comecemos o estudo da relação entre as orações subordinadas adverbiais 
causais e as orações coordenadas explicativas com uma reflexão. Pensemos em dois fatos 
que ocorrem no mundo:
chover;
a rua estar molhada.
Sabemos que, no mundo a nós acessível, do ponto de vista lógico, “chover” é 
causa que tem como uma de suas consequências “a rua estar molhada”.
A explicitação linguística dessa relação causa/consequência entre os fatos em 
tela pode efetivar-se sob a forma de diferentes enunciados. Observe alguns:
(40)
Choveu [causa]. A rua está molhada [consequência].
(40a)
A rua está molhada [consequência]. Choveu [causa].
(40b)
A rua está molhada [consequência] porque choveu [causa].
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(40c)
A rua está molhada [consequência], portanto choveu [causa].
(40d)
Choveu [causa], porque/pois a rua está molhada [consequência].
(40e)
Choveu tanto [causa] que a rua ainda está molhada [consequência].
Em sentido geral, nos seis enunciados, um termo indica causa e outro, 
consequência. Em (40) e (40a), a conexão sintática entre as duas frases é bastante frouxa, 
já que elas são separadas pelo ponto, não havendo nenhum conectivo (conjunção ou 
locução conjuntiva) que as una e explicite o tipo de relação que se estabelece. Entretanto, 
podemos depreender a relação semântica implícita causa/consequência.
Em (40b), temos uma construção adverbial causal: “a rua está molhada” 
(consequência) é a oração principal e “porque choveu” é a oração subordinada adverbial 
causal.
Em (40c), a oração “a rua está molhada” (consequência) é a coordenada 
assindética e “portanto choveu” é a oração coordenada sindética conclusiva. O falante 
observa a rua molhada e conclui que choveu. A partir de premissas, chegamos a 
conclusões.
Em (40d), “choveu” é a oração coordenada assindética e “porque/pois a rua está 
molhada” é a oração coordenada sindética explicativa. O falante observa a rua molhada e 
conclui que choveu. A seguir, ele apresenta sua conclusão (“choveu”) na primeira oração 
e, na sequência, justifica a sua afirmação de que choveu, ou seja, justifica o seu ato de 
fala declarativo.
Já em (40e), “choveu tanto” é a oração principal e “que a rua está molhada” é 
a oração subordinada adverbial consecutiva.
A que conclusão podemos chegar a partir dessas reflexões?
Podemos dizer que o falante organiza seus enunciados e seus textos de acordo 
com suas intenções comunicativas. Nos exemplos utilizados, o falante pode querer 
explicitar a causa da chuva (40b), a conclusão a que chegou a partir da observação de que 
a rua está molhada (40c), a justificativa (a explicação) da sua declaração de que choveu 
(40d) ou a consequência da chuva (40e).
Retome os exemplos (40b) e (40d). Dos pontos de vista semântico e 
argumentativo, a que se deve a diferença entre causa (subordinação) e explicação 
(coordenação)?
Na construção causal, na oração subordinada, expressa-se a causa de algo que 
ocorreu, ocorre ou ocorrerá. Na construção explicativa, na oração coordenada sindética 
(introduzida por “porque”, “pois”, “que”), não se apresenta a causa, mas a justificativa para 
o ato de fala anterior. Observe que, em (40d), não podemos dizer que a rua estar molhada 
seja causa de chover. Ao contrário, chover é que é causa de a rua estar molhada.
Neves (2000), em sua Gramática de usos do português5, admite a existência 
de uma causa lato sensu, que engloba três subtipos de construções causais:
(5) Como o próprio título do 
livro sugere, trata-se de uma 
gramática em que se registram 
os usos que os falantes fazem 
da língua portuguesa na 
sua modalidade escrita. As 
ocorrências são extraídas de 
textos efetivamente produzidos 
de diferente natureza: peças 
teatrais, romances, artigos 
científicos, textos técnicos, 
jornais, revistas, discursos 
políticos etc. A Gramática de usos 
do português está embasada 
na Teoria Funcionalista, cujos 
pressupostos básicos você 
estuda em Linguística.
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•	Causais reais: a relação causa/consequência dá-se entre estados de coisas, 
ou seja, entre fatos que ocorrem no mundo.
•	Causais formais: a relação causa/consequência não se dá, necessariamente, 
entre fatos do mundo, ou seja, não se trata de causa real. O falante, a partir 
de seu julgamento e de suas crenças, avalia, do ponto de vista epistêmico6, 
os fatos e atribui a eles a relação causa/consequência. Em outros termos, é o 
falante que assume a existência da relação causa/consequência entre os fatos 
expressos nas orações. Trata-se, pois, de avaliação subjetiva do falante.
•	Causais entre atos de fala: não se trata de relação causa/consequência, 
mas de relação explicativa entre dois atos de fala. O falante apresenta um 
ato de fala declarativo, interrogativo ou imperativoe, a seguir, justifica o 
proferimento desse ato de fala; consequentemente, a posição dos termos 
é sempre fixa: antes apresenta-se o ato de fala, depois sua justificativa 
(termo introduzido pelo conectivo). As construções causais entre atos de fala 
correspondem àquelas que a gramática tradicional denomina coordenadas 
explicativas.
Na prática, o que significa tudo isso? Observe as ocorrências seguintes para 
você compreender a proposta de classificação de Neves (2000).
(41)
“[...] os canos de água desse hospital foram obstruídos pela ferrugem, 
porque ninguém cuidou deles [causa real]” (ARRAES, 1964, grifos nossos).
(42)
“Ela recusou o casamento porque amava o Seixas [causa real] [...]” (ALENCAR, 
1995, p. 177, grifos nossos).
(43)
A água entrou em ebulição porque atingiu 100ºC [causa real].
(44)
“Jorge: Oi, gente, oi, mãe dos meus sonhos... Anita, não vou jantar, tenho que ir 
correndo pra uma conferência do Sindicato com os patrões, [eles não querem 
pagar a comissão normal de venda porque dizem que são uma indústria 
em instalação [causa formal]]... imagine, como se dedetização fosse indústria de 
base!” (VIANNA FILHO. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/arte/
culturainformacao/vianinhafamilia.html>. Acesso em: 17 jul. 2006, grifos nossos).
(45)
“[...] [os homens da corte, lá de Portugal e de Espanha, querem tratar-me 
com desprezo porque sou filho de uma índia [causa formal]]” (MONIZ, s.d., grifos 
nossos).
(46)
“[Tudo parece dar errado 
Deve ser porque eu mereço [causa formal].]” (DEBASSE. Disponível em: <http://
overmundo.com.br/banco/eu-mereco>. Acesso em: 11 jan. 2007, grifos nossos).
(47)
“Afonsinho: (MORRE DE RIR) Ah, essa eu vou contar... vou contar... entrementes, [dá 
licença de dizer que a piada é minha? porque eu também sou muito engraçado... 
[causa entre atos de fala]]” (VIANNA FILHO. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/arte/
culturainformacao/vianinhafamilia.html>. Acesso em: 17 jul. 2006, grifos nossos).
(6) A palavra “epistêmico” 
relaciona-se ao conhecimento. 
Você estudará isso na Unidade 2.
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(48)
“Anita: Jorge... [guarda suas forças, quer dar cem contos por mês, não dá, 
junta esse dinheiro... porque vem doença aí [causa entre atos de fala]], que Deus me 
perdoe!” (VIANNA FILHO. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/arte/
culturainformacao/vianinhafamilia.html>. Acesso em: 17 jul. 2006, grifos nossos).
(49)
“– Está um dia tão quente!... O melhor talvez fosse adiar nossas visitas. Que diz?
– Decida, porque ainda tenho tempo de ir à secretaria [causa entre atos de fala].
– Vamos almoçar. Resolverei depois” (ALENCAR, 1995, p. 145, grifos nossos).
Você pode constatar que, em (41), a falta de cuidados foi a causa real da 
obstrução, pela ferrugem, dos canos de água do hospital. Em (42), o amor por Seixas era 
a causa real da recusa do casamento. Em (43), a água atingir 100ºC é causa real de ela 
entrar em ebulição. Nesses casos, trata-se de fatos que ocorrem no mundo real.
Em (44), é o falante que, a partir de crenças, julgamento e avaliação epistêmica, 
atribui ao fato de os patrões dizerem que a indústria está em fase de instalação a causa 
de eles não quererem pagar a comissão normal de venda. Em (45), é o falante que afirma 
que será tratado com desprezo pelos homens da corte porque é filho de índia. Em (46), é a 
avaliação subjetiva do falante que atribui a relação causa/consequência entre ele merecer 
e tudo parecer dar errado. É interessante você observar, nesta ocorrência, a presença dos 
verbos epistêmicos “parecer” e “dever”7, os quais evidenciam essa avaliação subjetiva 
dos fatos. Temos, nas três ocorrências, não causas reais, mas causas formais, em que a 
relação causa/consequência entre os fatos expostos não é objetiva, e sim atribuída pelo 
falante.
Em (47), o falante pede licença para dizer que a piada é sua e, em seguida, 
justifica esse ato de fala. Em (48), o falante dá três conselhos (guarda suas forças, não dá, 
guarda esse dinheiro), depois os justifica. Em (49), o falante ordena e justifica a ordem 
dada. Trata-se, pois, de relação causal entre atos de fala. O segmento introduzido pela 
conjunção justifica o ato de fala anterior.
Sugerimos que você faça os exercícios seguintes a fim de testar seus 
conhecimentos acerca do assunto em questão.
9 EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA FIXAÇÃO
Identifique, em cada enunciado, a ocorrência de causa real, causa formal ou 
causa entre atos de fala:
1. “Um balão a pequena altitude sofre uma impulsão ligeiramente maior do 
que a grande altitude, porque o ar é mais denso perto da Terra do que 
na alta atmosfera” (Disponível em: <http://nautilus.fis.uc.pt/softc/Read_c/
gradiva1/exp_agar.htm>. Acesso em: 11 jan. 2007).
2. Você vai sair agora? Porque trocou de roupa.
3. “A carência nitrogenada, a seu turno, gera leve grau de esclerofilia, 
determinando certa rigidez porque o corpo vegetal se reduz e as paredes se 
espessam” (PIQUEIRA, J. R. C. et al. Termo-física. São Paulo: Anglo, 1985. 
(Livro Texto, nº 22)).
(7) “Dever” indica probabilidade.
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4. “OP – A senhora avalia que pode haver reviravolta e Berzoini ser afastado? 
 LL – [Acho que pode, porque o Marco Aurélio Garcia (então presidente 
nacional) estava fazendo um grande trabalho]” (O povo online. Disponível 
em: <http://www.opovo.com.br/politica/660750.html>. Acesso em: 11 jan. 
2007).
5. “Entenda-se aí com Vicentão, Borrote, porque eu estou fora!” (SUASSUNA, 
Ariano. A pena da lei. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1975).
6. “Eu nunca o tinha visto tão bonito, e quando comentei ele me falou que devia 
ser porque ele estava feliz” (Disponível em: <http://verystylishgirl.blogspot.
com/2003_03_02_archive.html>. Acesso em: 22 jul. 2007). 
Quadro 4 Respostas 2.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
1.
“Um balão a pequena altitude sofre uma impulsão ligeiramente maior do que a grande 
altitude, porque o ar é mais denso perto da Terra do que na alta atmosfera.” 
Causa real (Disponível em: <http://nautilus.fis.uc.pt/softc/Read_c/gradiva1/exp_
agar.htm>. Acesso em: 11 jan. 2007, grifos nossos).
2. Você vai sair agora? Porque trocou de roupa. 
Causa entre atos de fala.
3. “A	carência	nitrogenada,	a	seu	turno,	gera	leve	grau	de	esclerofilia,	determinando	cer-ta rigidez porque o corpo vegetal se reduz e as paredes se espessam.” 
Causa real (PIQUEIRA, 1985, grifos nossos).
4.
“OP – A senhora avalia que pode haver reviravolta e Berzoini ser afastado? 
LL – [Acho que pode, porque o Marco Aurélio Garcia (então presidente nacio-
nal) estava fazendo um grande trabalho.]” 
Causa formal (O povo online. Disponível em: <http://www.opovo.com.br/
politica/660750.html>. Acesso em: 11 jan. 2007, grifos nossos).
5. “Entenda-se aí com Vicentão, Borrote, porque eu estou fora!”
Causa entre atos de fala (SUASSUNA, 1975, grifos nossos).
6.
“Eu nunca o tinha visto tão bonito, e quando comentei ele me falou que devia ser por-
que ele estava feliz.”
Causa formal (Disponível em: <http://verystylishgirl.blogspot.com/2003_03_02_ar-
chive.html>. Acesso em: 22 jul. 2007, grifos nossos).
Apesar de parecer complicado, não é tão difícil! Basta analisarmos atentamente 
cada enunciado, assim fica fácil perceber essas ocorrências de causa real, formal ou entre 
atos de fala.
Façamos um breve resumo.
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Quadro 5 Resumo 3.
RESUMO 3
TIPOS EXEMPLOS
Causa real: a relação causa/consequência dá- 
-se entre fatos que ocorrem no mundo.
Causa formal: o falante, a partir de seu 
julgamento e de suas crenças, avalia os fatos 
e atribui a eles a relação causa/consequência. 
Trata-se, pois, de avaliação epistêmica do 
falante.
Causa entre atos de fala: o falante apresenta 
um ato de fala declarativo, interrogativo ou 
imperativo e, a seguir, justifica o proferimento 
desse ato de fala. As construções causaisentre atos de fala correspondem àquelas que 
a gramática tradicional denomina coordenadas 
explicativas.
A água entrou em ebulição porque atingiu 
100ºC.
“Tudo parece dar errado 
Deve ser porque eu mereço”.
Saia da chuva, menino, que/porque/pois 
você ficará doente.
A seguir, você estudará o último tópico desta unidade: alguns operadores 
argumentativos.
10 OPERADORES ARGUMENTATIVOS
Você estudou, nesta unidade, as construções explicativas, as adversativas 
e as concessivas sob o enfoque argumentativo-pragmático. As conjunções e locuções 
conjuntivas que atuam nessas construções são denominadas operadores argumentativos. 
Os conectivos adversativos e os concessivos são, por excelência, argumentativos, já que 
estabelecem oposição entre argumentos que conduzem a conclusões contrárias. Outros 
elementos operam argumentativamente no discurso. Você estudará alguns deles, de 
acordo com o que apresenta Koch (2006).
O primeiro tipo de operação argumentativa que a autora aponta é aquele no 
qual se estabelece uma relação hierárquica em um contínuo que vai do argumento mais 
forte ao argumento mais fraco. Atuam, nesse caso, elementos como “mesmo”, “até”, “até 
mesmo”, “inclusive”, “ao menos”, “pelo menos”, “no mínimo” (KOCH, 2006, p. 103-104). 
Observe, a seguir, as ocorrências que ilustram o uso de alguns desses operadores:
(50)
“Neli: O Arildo, eu posso falar com ele... ele... bem, o Arildo tem uma pequena 
fábrica de móveis e... bem, apareceram grandes organizações, hoje em dia estão 
vendendo móveis até nos supermercados, com prazos longos... a situação dele não 
é a ideal... talvez até seja muito ruim... o Arildo, ele está um pouco estremecido 
com a mãe dele... ela fica muito sozinha, pediu pra ir morar lá conosco...” (VIANNA 
FILHO. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/arte/culturainformacao/
vianinhafamilia.html>. Acesso em: 17 jul. 2006, grifos nossos).
(51)
“Beto: O Jorge faz a maior cara de vamos resolver isso já, mas está com duas prestações 
do carro atrasadas, foi até no cartório me pedir dinheiro! não é engraçada essa, 
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Batatais – Claretiano 23
UNIDADE 1
Sousa? Não sai com o carro no domingo pra não gastar gasolina, fica aí que parece o 
Ministro do Planejamento... põe essa roupa porque é vendedor na praça...” (VIANNA 
FILHO. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/arte/culturainformacao/
vianinhafamilia.html>. Acesso em: 17 jul. 2006, grifos nossos).
(52)
“Jorge: E se a gente alugasse uma casinha... mesmo num lugar afastado... qualquer 
coisa é melhor que separar os dois, Anita...” (VIANNA FILHO. Disponível em: <http://
paginas.terra.com.br/arte/culturainformacao/vianinhafamilia.html>. Acesso em: 
17 jul. 2006, grifos nossos).
Nessas três ocorrências, “até” e “mesmo” introduzem o elemento hierarquicamente 
mais forte em um contínuo:
Em (50), afirma-se que se vendem móveis inclusive em supermercados, isto 
é, dentre os locais menos prováveis para se encontrar móveis à venda, “supermercados” 
seria o elemento mais forte no contínuo. Na mesma ocorrência, afirma-se que a situação 
de Arildo - no contínuo que vai de ser ideal (positivo) a ser ruim (negativo) - se localiza 
no extremo negativo. Em (51), ir ao cartório é atitude considerada mais forte no contínuo, 
ou seja, demonstra o esforço de Jorge para conseguir dinheiro. Em (52), alugar a casa em 
local afastado é a pior hipótese; entretanto, não é descartada, e sim considerada, face à 
possibilidade de separação dos dois, o que seria ainda pior.
Observe, em (53) e (54), o inverso, ou seja, “pelo menos” introduz o elemento 
mais fraco em um contínuo. 
(53)
“Beto: Mas isso é evidente, o Sousa não quer ver filho nem dele nem dos outros, pelo 
menos durante os próximos 120 anos! (CORA RI)” (VIANNA FILHO. Disponível em: 
<http://paginas.terra.com.br/arte/culturainformacao/vianinhafamilia.html>. 
Acesso em: 17 jul. 2006, grifos nossos).
(54)
“Lu: ... deve ser porque a Anita não gosta mesmo de conversar... pelo menos 
comigo ela fala sim, não, é...” (VIANNA FILHO. Disponível em: <http://paginas.
terra.com.br/arte/culturainformacao/vianinhafamilia.html>. Acesso em: 17 jul. 
2006, grifos nossos).
Em (53), verificamos a ironia ao se utilizar “pelo menos” em relação a um 
tempo tão longo como é o caso de 120 anos. Em (54), o uso de “pelo menos” introduz o 
argumento fraco que justifica a afirmação de que Anita não gosta de conversar. Trata-se 
de argumento fraco porque a falante responde somente pelo que observa ocorrer com ela 
(“pelo menos comigo ela fala sim, não, é”).
Outros elementos da língua citados por Koch (2006) como casos de operadores 
argumentativos são “ainda”; “aliás” ou “além do mais”; “já”; “isto é”, “ou seja”, “em 
outros termos” ou “em outras palavras”. Observe as ocorrências:
(55)
“O barbeiro confessou que o novo governo não tinha ainda por si a confiança dos 
principais da vila, mas o alienista podia fazer muito nesse ponto” (ASSIS, 1999, p. 
24. grifos nossos).
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(56)
“— Sabe a razão por que não vê as suas elevadas qualidades, que aliás todos nós 
admiramos? É porque tem ainda uma qualidade que realça as outras: — a modéstia” 
(ASSIS, 1999, p. 35, grifos nossos).
(57)
“Afonsinho: [...] aí a gente decidiu for mar a Associação dos Veteranos Bombeiros 
Amigos do Canindé. A AVBAC. Entrementes, não quer ingressar na AVBAC?
Sousa: Infelizmente, eu não sou bombeiro. Além do mais, estou com o fogo 
apagado. (AFONSINHO MORRE DE RIR)” (VIANNA FILHO. Disponível em: <http://
paginas.terra.com.br/arte/culturainformacao/vianinhafamilia.html>. Acesso em: 
17 jul. 2006, grifos nossos).
Em (55), “ainda” marca tempo; em (56), introduz um argumento a mais: além 
das qualidades que todos admiram, há mais uma, que é a modéstia. “Aliás” em (56) e 
“além do mais” em (57) introduzem um argumento retoricamente decisivo.
(58)
“Sousa: Eu já era noivo da sua mãe e ele mandava flores e recadinhos pra ela. E 
ela lia os bilhetinhos.” (VIANNA FILHO. Disponível em: <http://paginas.terra.com.
br/arte/culturainformacao/vianinhafamilia.html>. Acesso em: 17 jul. 2006, grifos 
nossos).
Em (58), o uso de “já” reforça a pressuposição de que alguém que seja noiva 
não deva receber flores e recados de outro, tanto menos lê-los.
(59)
“A filosofia, ao nascer como cosmologia, procura ser a palavra racional, a explicação 
racional, a fundamentação pelo discurso e pelo pensamento da origem e ordem do 
mundo, isto é, do todo da realidade, do ser.” (OLIVEIRA. Disponível em: <http://
www.filosofiavirtual.pro.br/>. Acesso em: 13 jan. 2007, grifos nossos)
Operadores como “isto é”, “ou seja”, “em outros termos” ou “em outras palavras” 
introduzem expressões que esclarecem, desenvolvem ou retificam outras anteriores 
(KOCH, 2006).
Chegamos ao fim desta unidade. Sugerimos, a seguir, a leitura de alguns textos 
que tratam, de forma aprofundada, dos temas abordados.
11 SUGESTÕES DE LEITURA
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 6. ed. São Paulo: Cortez, 
2006, p. 102-108.
MATEUS, Maria Helena Mira et al. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 
1983, p. 457-474.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora 
Unesp, 2000, p. 801-893.
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12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOUVÊA, Lúcia Helena Martins. Concessão e conectores. In: DECAT, Maria Beatriz 
Nascimento et al. (Orgs.). Scripta: Lingüística e Filologia, Revista do Programa de Pós-
Graduação em Letras e do CESPUC, Belo Horizonte, v. 5, n. 9, p. 234-240, 2º sem. 
2001.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 6. ed. São Paulo: Cortez, 
2006.
MATEUS, Maria Helena Mira et al. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 
1983.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora 
Unesp, 2000.
13 REFERÊNCIAS DAS OCORRÊNCIAS
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