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www.coc .com.br Volume 3 Ensino Fundamental - Anos Finais NONO ANO G ru po 3 O po si çã o CO EF 09 LV 03 MI DMUL AL.indd 2 18/09/2019 19:33 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l DA DO S ESCOLA: NOME: TURMA: NÚMERO: HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO CO EF 09 LV 03 MI DMUL AL.indd 3 18/09/2019 19:33 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Volume 3 Ensino Fundamental - Anos Finais NONO ANO G ru po 3 O po si çã o CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 1 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l EDITORIAL Todos os direitos desta publicação são reservados à Pearson Education do Brasil S.A. Fone: (16) 3238.6300 Av. Dr. Celso Charuri, 6391 Jardim São José – Ribeirão Preto - SP CEP 14098-510 www.coc.com.br Vice-presidência de Educação Juliano de Melo Costa Gerência editorial de portfólio de Educação Básica e Ensino Superior Alexandre Ferreira Mattioli Gerência de produtos editoriais Matheus Caldeira Sisdeli Gerência de design Cleber Figueira Carvalho Coordenação editorial Felipe A. Ribeiro Coordenação de design Diogo Mecabô Autoria Amir Abdala, Anayra G. Lamas Alcantara, André R. de O. Fabri , Ariane Pelegrin Fabossi Resende, Fábia Alvim, Fábio Henrique Romano, Gustavo Barros Alcantara, Paula Adriana Arraya Aviles, Tatiana Adas Gallo, Wagner Fonzi Editoria responsável Erika Akime Tawada Boldrin, Marcela Pelizaro S. da Silva, Maria Cecília R. Dal Bem Ribeiro, Mariana Prudenciatto, Natália H. P. Coelho, Paula Garbellini de Barros Rodrigues Editoria pedagógica Anita Adas Editoria de conteúdo Antônio Sérgio M. Castro, Breno Carlos da Silva, Daniela Paula de Melo Longo, Emanuella Kalil, Gilson Caires Marçola, Jennifer Zsürger, Marco Aurélio Caetano Oliveira, Mariana Bortoletto Grizante, Matheus Silva Norberto, Péricles Macedo Polegatto, Rafael dos Santos Ferreira, Renato Bortollato Nunes, Thiago Ferreira Luz, Vanessa Navarro Roma, Winnie Damas Controle de produção editorial Lidiane Alves Ribeiro de Almeida Assistência de editoria Camila Rocha, Eloá Thaís Matielo de Campos,Fabiana Carla Cosenza Oliveira, Jurema Aprile, Mariana Paulino Silva, Mariane de Mello Genaro Feitosa, Marília de Oliveira, Paula Garbellini de Barros Rodrigues Preparação e revisão gramatical Ana Lúcia Alves Vidal, Fabiana Carla Cosenza Oliveira, Fernanda Regina Braga Simon, Ivone Teixeira, Jurema Aprile, Leandro Requena Pereira, Milena Contador Lotto, Miriam M. Grisolia, Roseli Deienno Braff, Stella de Mello Organização de originais Marisa Aparecida dos Santos e Silva, Luzia Lopez Editoria de arte Natália Gaio Lopes Coordenação de pesquisa e licenciamento Maiti Salla Pesquisa e licenciamento Andrea Bolanho, Cristiane Gameiro, Heraldo Colon Jr., Maricy Queiroz, Paula Quirino, Rebeca Fiamozzini, Sandra Sebastião Editoria de Ilustração Carol Plumari Ilustração Leopoldo Anjo & Estúdio Pastelaria Capa e projeto gráfico APIS design Diagramação e arte final Diagrama Soluções Editoriais PCP George Romanelli Baldim, Paulo Campos Silva Jr. SISTEMA COC DE ENSINO CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 2 04/10/2019 09:57 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l 3 GRUPO “A consciência não consente em se identificar com o corpo, que é para ela um companheiro cego e indócil, nem com o espírito, diante do qual é ora aquiescente, ora rebelde. O eu consiste preci- samente nesse movimento de vaivém que alternadamente torna minha convivência mais estreita ora com um, ora com outro. A consciência nos incita a agir para sair da imobilidade, mas tam- bém a só agir por uma finalidade capaz de nos satisfazer plena- mente. A liberdade se exerce no intervalo entre essas duas aspi- rações, uma que nos impele, outra que nos retém, e oscila entre todas as aparências que a seduzem. Assim, na consciência existe, a um só tempo, perfeição – visto que ela acresce o que somos, nos permite brilhar no mundo para além dos limites do corpo e nos dá uma espécie de posse espiritual do Universo – e imperfeição – visto que, ao mesmo tempo, ela é feita de idgnorância, de erro e de desejo. A consciência é uma transição entre a vida do corpo e a vida do espírito. É um perigo, visto que pode ser ultrapassado por ela. É uma interrogação perpétua, uma hesitação que não para de nos dar insegurança em nossa vida cotidiana; e, no entanto, é uma luz que nos guia para a segurança de uma vida sobrenatural.” Louis Lavelle Macaco-da-neve bebendo água. O teste do autorreconhecimento no espelho (MSR) é usado como evidência de autoconhecimento nos animais, ou seja, é um indicativo de que têm consciência de si mesmo. O macaco-da-neve não “passa” nesse teste, ao contrário do chimpanzé, do golfinho, do elefante asiático e de uma espécie de corvo (pega-rabuda). D AV O R LO VI N CI C/ IS TO CK OPOSIÇÃO CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 3 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l SUMÁRIO LÍNGUA PORTUGUESA PÁG. 11 MATEMÁTICA PÁG. 65 FÍSICA PÁG. 137 QUÍMICA PÁG. 159 BIOLOGIA PÁG. 175 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 4 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l HISTÓRIA PÁG. 191 EDUCAÇÃO FÍSICA PÁG. 303 GEOGRAFIA PÁG. 223 CIÊNCIAS SOCIAIS PÁG. 263 ARTE PÁG. 287 CONHEÇA SEU LIVRO MAPA INTERDISCIPLINAR REDAÇÃO: PRODUÇÃO DE TEXTO PÁG. 006 PÁG. 010 PÁG. 301 CONHEÇA SEU LIVRO MAPA INTERDISCIPLINAR ENCARTE REDAÇÃO: PRODUÇÃO DE TEXTO PÁG. 006 PÁG. 010 PÁG. 325 PÁG. 327 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 5 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l 6 CONHEÇA SEU LIVRO ABERTURA DE CAPÍTULO Traz elementos que dialogam com o texto introdutório, buscando contextualização e estimulando a reflexão sobre o assunto em estudo. MÓDULOS Reunido em capítulos, sistematiza a teoria que será trabalhada no grupo. Os exercícios referentes aos módulos são organizados após a teoria para facilitar a rotina de estudos. OBJETIVOS DO GRUPO Relação dos objetivos de aprendizagem a serem desenvolvidos no grupo. EXERCÍCIOS Agrupados para facilitar o estudo e a revisão de conteúdos, são divididos em exercícios de aplicação, trabalhados em sala, e exercícios propostos, realizados em casa ou em outros momentos. CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 6 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l ORGANIZADOR VISUAL Propõe uma revisão dos conceitos e estabelece conexões entre eles, proporcionando uma articulação entre os conteúdos do capítulo. 7 PRODUÇÃO DE TEXTO As folhas de redação são destacáveis, facilitando o uso pelo aluno e a correção pelo professor. ENCARTES E ADESIVOS Apresentam recursos complementares que enriquecem o desenvolvimento dos módulos. PARA CONFERIR Momento indicado para conferir a aprendizagem de conteúdos. Pode ser aplicado ao final do capítulo ou durante seu desenvolvimento. CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 7 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l 8 EXPLORE MAIS São dicas de sites, textos e links, em ambiente digital, relacionados ao conteúdoestudado, possibilitando ampliação e aprofundamento. NOTA Traz informações históricas ou sobre estudiosos que se destacaram no contexto do conteúdo em estudo. Pouco a pouco, Sem que qualquer coisa me falte, Sem que qualquer coisa me sobre, Sem que qualquer coisa esteja [exatamente na mesma posição, Vou andando parado, Vou vivendo morrendo, Vou sendo eu através de uma [quantidade de gente sem ser. Vou sendo tudo menos eu. Acabei. Álvaro de Campos QUADRO DE TEXTO Com referência direta ao que está sendo trabalhado, permite o contato com diversos autores. VOCABULÁRIO Explica, de maneira mais acessível e dentro do contexto, termos e conceitos, favorecendo sua assimilação, compreensão e apropriação. CONHEÇA SEU LIVRO As miniaturas são um recurso discursivo que facilitam a contextualização dos quadros com o texto principal, indicando nele em que ponto a informação adicional está relacionada. MINIATURAS DOS ÍCONES BOXES E ÍCONES Mais-valia: excedente obtido pela diferença en- tre o custo de produção de um produto e o valor de sua venda. O custo de produção é obtido pela soma do valor da matéria- -prima, os gastos com a produção e o salário pago ao operário produtor. VOCABULÁRIO NOTA Anaxágoras (500-430 a.C.) A palavra “física” tem origem no termo grego, physis, cujo significado é natureza. Um dos primeiros físicos foi pro- vavelmente Anaxágoras, que viveu na costa oeste da atual Turquia. Professor de Filoso- fia em Atenas, sua principal contribuição foi o Nous, que ele considerava o princípio de todas as coisas, ou seja, um simples objeto que conteria todos os elementos do uni- verso. Com esse pensamento, Anaxágoras tornou-se um dos primeiros estudiosos a des- vincular a ciência da religião e foi, por isso, condenado à morte, embora tenha fugido. Ser ou não-ser Para entender melhor a filosofia de Heráclito, acesse o vídeo apresen- tado por Viviane Mosé, “Ser ou não-ser – Heráclito – devir e a luta dos con- trários”. Disponível em: <coc.pear.sn/tCxWrnc>. EXPLORE MAISW O R LD H IS TO R Y A R CH IV E/ A LA M Y ST O CK P H O TO CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 8 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l SELOS pág. Encarte 399 pág. Redação 399 Colaborativo 9 GRUPO TEMÁTICO Momento em que o grupo temático é trabalhado, por meio do qual as ligações entre as disciplinas são evidenciadas. PARA IR ALÉM Oportunidade de aprofundar o conteúdo e desenvolver uma postura investigativa, estimulando a reflexão ao despertar a curiosidade e o interesse. Os selos remissivos indicam o momento em que serão disponibilizados materiais complementares ao desenvolvimento do módulo. E também em partes da página: O selo colaborativo indica exercícios que exploram estratégias diferenciadas de aprendizagem: pág. 399Redação pág. 399Encarte Adesivo Eles podem aparecer no texto: GRUPO TEMÁTICO Porcentagem nos preços A porcentagem é usada para muitas finalidades, sendo a observação das variações de valores, como preços de produtos, uma das aplica- ções mais comuns. Como exemplo, temos a variação de preço de produtos da nossa alimentação ou a variação de preços de moedas estran- geiras. Sempre que um valor aumenta, ou diminui, temos de tomar como referência o valor anterior. Por exemplo, se um produto custa 2 reais, e seu valor aumenta 1 real, um economista dirá que o au- mento foi de 50%, pois 1 real é 50% de 2 reais, ou seja, a metade do preço. Em contra- partida, se um produto custa 100 reais e tem o mesmo au- mento de 1 real, o economis- ta dirá que o aumento foi de 1%, pois 1 real corresponde a 1% de 100 reais. O quarto estado: plasma Já são conhecidos três es- tados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso. No entanto, ainda existe outro estado, o plasmático. Se considerarmos todo o Uni- verso, o estado plasmático é o mais encontrado, apesar de não o ser no planeta Ter- ra. O próprio Sol é constituí- do por plasma, que, assim como os outros estados físi- cos, ocorre pelo aumento de pressão e temperatura. Se adicionarmos alta pressão e alta temperatura a um gás, atingiremos o plasma. PARA IR ALÉM Representação do plasma, o quarto estado da matéria. SA KK M ES TE R KE /I ST O CK NA PRÁTICA Apresenta conceitos da disciplina aplicados em situações do cotidiano ou em outras áreas do conhecimento, servindo também à divulgação científica. NA PRÁTICA Não confunda peso com massa! É comum confundirmos es- sas duas grandezas físicas, principalmente quando utilizamos, erroneamente, no nosso cotidiano, o termo “peso” como sinônimo de “massa”. Essas duas gran- dezas têm conceitos e defi- nições distintos. Peso é a quantidade de força com que a gravidade terrestre atrai os corpos para o centro do planeta. Por exemplo, o peso de um astronauta na Lua é aproximadamente seis vezes menor do que o peso dele na Terra, porém sua massa que é a quantidade de matéria de determinado corpo, continua a mesma, in- dependentemente da quan- tidade de força gravitacional exercida nela. CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 9 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l MAPA INTERDISCIPLINAR 10 Este mapa mostra ligação entre os conteúdos das disciplinas, sendo ponto de partida para um trabalho interdisciplinar. ARTE Arte moderna e contemporânea no Brasil CS HI MA QUÍMICA Modelos atômicos e distribuição eletrônica GEOGRAFIA Europa: economia, industrialização e desenvolvimento tecnológico CS LP CIÊNCIAS SOCIAIS Racionalismo e empirismo AR FÍSICA Vetores e leis de Newton MA QI HI EDUCAÇÃO FÍSICA Condicionamento físico BIHI LÍNGUA PORTUGUESA Variação linguística, crase, regência nominal, complemento nominal, gênero palestra e produção de texto HI HISTÓRIA Crise do capitalismo, entreguerras e regimes totalitários LP AR GE MATEMÁTICA Segmentos proporcionais, semelhança de triângulos e teorema de Tales LP CS HICS GRUPO 3 Oposição LP MA HIBI BIOLOGIA Evolução biológica LP GE HI HI CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 10 18/09/2019 19:20 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l POR TU GUE SA LÍNGUA CAPÍTULO 5 A língua é de todos CAPÍTULO 6 Exposição oral 12 42 PÁG. CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 11 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l CAPÍTULOCAPÍTULO A LÍNGUA É DE TODOS5 OBJETIVOS DO GRUPO • Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma- -padrão e o de preconceito linguístico. • Identificar o fenômeno da crase e sua indicação, na escrita, por meio do uso do acento grave nos complementos verbal e nominal. • Comparar o uso das regências verbal e nominal na norma-padrão com o uso no português brasileiro coloquial oral. • Identificar o complemento nominal e diferenciar essa função sintática da desempenhada pelo adjunto adnominal. • Tomar nota em palestras, como forma de documentar o evento e apoiar a própria fala. • Planejar textos de divulgação científica, como relatórios, tendo em vista seus contextos de produção. • Analisar os elementos paralinguísticos para melhor performar apresentações orais no campo da divulgação do conhecimento. • Usar adequadamente as ferramentas de apoio a apresentações orais. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 12 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 12 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l SK YNES H ER /I ST O CK O Brasil é um país de contrastes. Sua diversidade pode ser observada em diversos aspectos, como na natureza, no clima, na cultura, na população, entre outros. Nossa língua também é diversificada em relação à maneira que a utilizamos. Esses di- ferentes modos de falar carregam riquezas, heranças culturais e representam a identidade do povo brasileiro. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 13 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 13 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Módulos 37 e 38 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Você já reparou que o falar de uma pessoa que nasceu no Rio de Janeiro é diferente do falar de alguém que nasceu no Rio Grande do Sul? Assim como é diferente do de alguém nascido em Sergipe ou até mesmo em Portugal? Você sabe por que o mesmo idioma pode ser falado de diferentes modos? Isso decorre de um fenômeno denominado variação linguística. Cada idioma constitui um sistema linguístico. Em razão das diferentes necessidades de comunicação de seus falantes, esse sistema é constante- mente modificado por fatores históricos, geográficos, sociais e culturais. No texto a seguir, de Sergio da Motta e Albuquerque, são discutidos alguns aspectos da variação linguística existente na língua portuguesa. Acento: sotaque. Lema: sentença curta que resume um ideal. Mote: o mesmo que lema. Paradoxo: contradição. Película: filme. RTP: Rádio e Televisão de Portugal. Subtítulo: legenda. Timorense: quem nasce no Timor Leste. VOCABULÁRIO Diversidade e unidade da língua portuguesa O Canal Brasil, presente na grade de programação de quase todas as operadoras de TV por assinatura, tem um lema: “Vários sotaques, uma só língua”. Pois no dia 9 de julho (00h15min), no programa Mostra do Cinema Português, a emissora não seguiu seu justo mote. O apresentador Ricardo Pereira, português de nascimento, anunciou o filme da noite: A outra margem, do realizador Luís Felipe Rocha (2007, Portugal), em português do Brasil. Com o acento dos cariocas. O ator já conhece o Brasil há um bom tempo e, agora, vive no Brasil. Enquanto Ricardo apresentava a película aos telespectadores, um pensamento cruzou minha mente: “Depois dessa introdução feita por um lusitano em perfeito português brasileiro, só falta agora exibirem uma fita com legendas e gente brasi- leira no elenco”. Dito e feito: mal começou a conversação, e lá estavam os subtítulos e os brasileiros na tela. Se o Canal Brasil tem “vários sotaques e uma só língua”, para que as legendas? Nossos falares tornaram-se tão diferentes que agora precisamos de tradução e legendas para manter a conversação? Enquanto isso, na fita, portu- gueses e brasileiros conversavam naturalmente. Entendiam-se perfeitamente. Mas havia legenda na tela. O paradoxo foi constrangedor e não guardava relação com o que acontecia na fita e na vida. Acaso não podemos dialogar entre nós, brasileiros, portugueses, angolanos, timo- renses e todos os povos de fala portuguesa, sem necessidade de tradutores? Há di- ficuldades em entender o que falam os portugueses, mesmo quando eles conversam com brasileiros em um filme? Os diálogos não fluem naturalmente na cena em tela e fora dela também? Acaso alguém esqueceu a memorável cobertura que a RTP fez da Primeira Guerra do Iraque em 2003? Alguém, por acaso, teve dificuldade de entender o que falava lá de Bagdá o excelente Carlos Fino? Não podem os portugueses assistir à programação brasileira sem necessidade de legendas? Não compramos e vende- mos, brigamos e festejamos sem precisar de tradução? Por que legendar os filmes? […] Ancestral comum Essa é uma questão que estava a incomodar-me há anos. Em 2010 (09/11), abor- recido com um tradutor francês que acredita que Brasil e Portugal falam línguas diferentes, decidi fazer minha própria pesquisa, para argumentar com o sujeito. En- trei em contato com o professor da Universidade de Vigo, Carlos Garrido, à época presidente da Comissão Linguística da Associação Galega da Língua (CL-AGAL), por CA P ÍT U LO 5 14 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 14 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l No texto apresentado, Sérgio da Motta e Albuquerque questiona a ne- cessidade do uso de legendas em um filme português exibido na televi- são brasileira. O autor defende que as variações linguísticas presentes no Brasil, em Portugal ou em qualquer outro país lusófono são variedades da mesma língua – a língua portuguesa –, ou seja, que as variações linguísti- cas existem, mas fazem todas parte do mesmo idioma. Sendo assim, para o autor, é desnecessária a utilização de legendas para um filme no qual todas as personagens comunicam-se fazendo uso da língua portuguesa, independentemente da variação linguística utilizada. meio do Portal Galego da Língua. Garrido pertence a um movimento cultural cha- mado de “reintegracionismo linguístico galego-português”. Sua resposta trouxe contribuições fundamentais para o debate: “O galego, o português e o brasileiro são variedades ou normas da mesma língua, língua que nasceu como diferenciação de latim no canto nor-ocidental da Penín- sula Ibérica no território da antiga Gallaecia. Essa língua é conhecida internacio- nalmente sob o nome de 'português' e, na Galícia, habitualmente, sob os nomes de ‘galego-português’ ou, simplesmente, de ‘galego’. O caso da língua portuguesa (ou galego-portuguesa) é similar ao de outras gran- des línguas de difusão pluricontinental: são sistemas pluricêntricos, articulados em várias normas ou variedades, as quais, por cima de legítimas peculiaridades (fonéticas, lexicais, sintáticas), apresentam-se como sistemas coesos.” A coisa agora ficou mais clara: o português do Brasil e o de Portugal têm um an- cestral comum. Os dois descendem do “galego-português” e são criações originais que surgiram do galego. Não há uma “língua comum unitária”, mas, sim, antes, três derivações originais de uma mesma matriz, compartilhada por Brasil, Portugal e Galícia. Cada uma delas seguiu seu próprio caminho na História. Diante da argumentação sólida do professor Garrido, fica mais fácil entender que não importa o nome da língua que falamos aqui no Brasil, seja ela português, portu- guês do Brasil ou brasileiro. O importante é entendermos que a nossa língua passou por um processo de difusão policêntrico, que originou singularidades e variações locais, mas manteve a coerência ancestral que permite a brasileiros, portugueses e galegos reintegracionistas comunicarem-se sem nenhum problema. Falamos uma língua comum que apresenta grande “diversidade interna”, de acordo com Garrido, graças à sua evolução diferenciada em diferentes partes do globo. Hoje, podemos afirmar que vivemos, em termos linguísticos, num universo lusó- fono, que permite uma variedade linguística ampla dentro de uma matriz ancestral comum. Assim, poderemos entender melhor o lema do Canal Brasil (“Vários sota- ques, uma só língua”). Realmente, a língua é uma só, com variações locais que não deveriam separar os que a falam. A ideia de um português unitário ignora a história da língua em suas várias expressões em diferentes continentes. […] Mas e as legendas? São mesmo necessárias? Se forem para resolver problemas de áudio, que seja: legendaremos os filmes por imposição técnica. Em outros casos, quando não há problema com a transmissão do som, os subtítulos só atrapalham. Não levam as audiências de outros países lusófonos ao hábito de ouvir o falar dis- tinto das variações da nossa língua comum em outros continentes e, ao fazê-lo, ajudam a reforçar a ideia equivocada de que falamos línguas diferentes. ALBUQUERQUE, Sérgio da Motta e. Diversidade e unidade da língua portuguesa. São Paulo: Observa- tório de Imprensa. 17 set. 2013. Disponível em: <https://coc.pear.sn/9uJBcq6>.Acesso em: jul. 2019. Adaptado. Lusófono: que fala portu- guês. Nor-ocidental: norte- -ocidental. Pluricêntrico: que tem mais de um centro. Policêntrico: o mesmo que pluricêntrico. VOCABULÁRIO Países lusófonos São aqueles nos quais o português é a língua oficial ou dominante. Além de ter colonizado o Brasil, Por- tugal teve outras colônias pelo mundo, que, atual- mente, também são países onde o português é uma das línguas oficiais. São nove países, dispersos em quatro continentes: Brasil (América); Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe (África); Timor-Leste (Ásia); Portugal (Europa). PARA IR ALÉM Comunidade dos Países de Língua Portuguesa Conjuntamente, os paí- ses lusófonos criaram, em 1996, uma entidade internacional de coopera- ção entre seus membros: a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A organização tem como objetivos principais a valorização e a difusão da Língua Portuguesa. Você pode conhecer um pouco mais sobre a história dessa importante institui- ção acessando o link: <coc. pear.sn/oh2kQ8H>. EXPLORE MAIS 15 LÍ N G U A P O R TU G U ES A CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 15 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Esta fruta tem diferentes nomes, dependendo da região do Brasil onde é encontrada. A variação linguística entre os países lusófonos é ocasionada pela diferen- ça existente em relação ao espaço geográfico. Esse tipo de variação não se dá apenas na relação entre diferentes países que falam o mesmo idioma, mas ocorre também em diferentes regiões de um único território – assim como foi dito no início do texto sobre os variados falares presentes dentro do Brasil. Além dos sotaques, outro exemplo de variação geográfica é o uso de palavras diferentes para designar objetos iguais. Observe o exemplo. Qual é o nome da fruta ao lado? É uma mexerica, uma tangerina, uma bergamota ou uma mimosa? Todos esses nomes são utilizados, no Brasil, para designar a mesma fruta. No Su- deste e no Nordeste do país, ela é mais comumente conhecida como mexe- rica ou tangerina. Já no Rio Grande Sul e em Santa Catarina, ela é chamada de bergamota. Em Curitiba, ela pode ser encontrada como mimosa. Além da variação linguística geográfica, outro tipo é a variação situacional, relacionada – como o próprio nome sugere – à situação em que acontece a co- municação. O contexto em que ocorre o ato comunicativo acaba determinan- do a escolha da variante que será utilizada para se comunicar, podendo ser ela formal ou informal. Uma pessoa que está em um ambiente entre amigos provavelmente se comunicará com uma linguagem informal; já alguém que está apresentando um trabalho de conclusão de curso em uma universidade precisará fazer uso de uma linguagem mais formal. Outra variação linguística possível é a social, estabelecida levando-se em conta a convivência entre os grupos sociais, que, por compartilharem ativi- dades e conhecimentos, acabam por adotar uma linguagem particular. Isso acontece em diferentes grupos, como surfistas, pessoas que trabalham com informática, médicos, advogados, que utilizam jargões e gírias que reme- tem a seu universo de convívio ou trabalho. Outro tipo de variação linguística é a histórica. Ela está relacionada às alterações ocorridas na língua com o passar dos anos. Leia os textos a se- guir e preste atenção nos termos sublinhados. Dar nas ancas do prome- ter: cumprir o que foi pro- metido, sem falhas. Largueza tem por divisa: valorizar a generosidade. Mister: necessário. Singular: único. VOCABULÁRIO A um fidalgo que lhe tardará com uma camisa que lhe prometera Quem no mundo quisera ser Havido por singular, Para mais se engrandecer, Há-de trazer sempre o dar Nas ancas do prometer. E já que Vossa Mercê Largueza tem por divisa, Como todo mundo vê, Há mister que tanto dê, Que venha a dar a camisa. CAMÕES, Luís Vaz. A um fidalgo que lhe tardará com uma camisa que lhe prometera. Disponível em: <https://coc.pear.sn/zNNZl3n>. Acesso em: set. 2019. SE R EB R YA KO VA /I ST O CK Sotaques Em comemoração ao dia da Língua Portuguesa e da Cultura do CPLP, foi di- vulgado o vídeo Sotaques, que apresenta diferentes pessoas lendo O Paraíso são os outros, do escritor português Valter Hugo Mãe, mostrando a diversi- dade linguística existente na língua portuguesa. Para assistir ao vídeo, acesse o link: <coc.pear.sn/ cVEKwYu>. EXPLORE MAIS CA P ÍT U LO 5 16 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 16 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l […] — Vamos, tome o remédio, deixe-se disso, vosmecê agora é meu filho... […] ASSIS, Machado de. Anedota pecuniária. In: ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro: Garnier, 1884. Disponível em: <https://coc.pear.sn/REOD4z3>. Acesso em: jul. 2019. Leia, a seguir, um trecho do poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Cá estamos no píncaro – nós dois Cá estamos no píncaro – nós dois. Nós dois e Homero? Não sabemos. Esse está mais abaixo. Estendemos a mão e cada qual ainda que cego chega a Deus (ele não) O quê – você não chega? Então você desaparece? – ou não chegou. […] CAMPOS, Álvaro de. Cá estamos no píncaro – nós dois. In: PESSOA, Fernando. Livro de versos. Disponível em: <https://coc.pear.sn/ VxMFEoQ>. Acesso em: set. 2019. Nos textos, os termos sublinhados indicam uma variação histórica da expressão de tratamento utilizada para se referir a alguém a quem não é possível chamar de “tu”: vossa mercê – vosmecê – você. É possível per- ceber por meio dos textos de representantes de diferentes períodos da literatura em língua portuguesa, que, ao longo do tempo, a expressão foi se modificando, passando de “vossa mercê” para “vosmecê”, até se consoli- dar na expressão “você” – que, atualmente, tem sido usada, muitas vezes, apenas como “cê”. Heterônimo: refere-se a um autor fictício que apre- senta personalidade, ou seja, que tem característi- cas e tendências próprias, as quais são distintas das do autor que o criou. Píncaro: auge. VOCABULÁRIO NOTA Fernando Pessoa (1888-1935) Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa (Portugal). Exerceu várias atividades, mas se destacou como escritor, principalmen- te como poeta. Criou perso- nalidades próprias, os hete- rônimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro. Cada um deles tem uma biografia e traços di- ferentes de personalidade, pois são indivíduos distintos. A PI C/ G ET TY IM AG ES PARA IR ALÉM As variações variam As variações linguísticas geográficas também são conhecidas como variações diatópicas ou regio- nais. São exemplos desse tipo de variação, os diferentes sotaques, dialetos e falares e as reduções das palavras ou perdas fonéticas, além do uso de diferentes palavras para designar um mesmo objeto, como no caso da palavra “mandioca” que, dependendo da região, é conhecida como “ma- caxeira” ou “aipim”. Já as variações situacionais são chamadas também de diafásicas ou estilísticas. São exemplos desse tipo de variação o uso das linguagens informal e formal dependendo do contexto, conforme já foi mencionado. As variações linguísticas sociais também recebem o nome variações diastráticas. Elas são identi- ficadas por dois fatores: pelo uso de gírias, que conforme vimos, geralmente são próprias de um grupo de interesse em comum, como os dos skatistas que usam a palavra “basudo” para falar que o skatista é ruim, e pelo uso de jargões, que costumam ser usados por um grupo profissional, como os dos jornalistas quando usam a palavra “furo”, isto é, informações publicadas antes de todos os demais veículos de comunicação. E, por último, as variações históricas também denominadas como diacrônicas. Esse tipo devariação é geralmente percebido por meio do uso de palavras, expressões e grafias que caíram em desuso no decorrer do tempo, como pharmácia (com ph). 17 LÍ N G U A P O R TU G U ES A CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 17 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Módulos 39 e 40 PRECONCEITO LINGUÍSTICO Anteriormente, você estudou que a língua pode variar, dependendo de quem, de onde e com quem se fala. A variação linguística mostra que a ade- quação da língua a diversas situações permite que a comunicação continue fluida e que a língua não deixe de existir. Muitas vezes, a oposição entre diferentes maneiras de falar gera situações preconceituosas, simplesmen- te porque certas pessoas desconhecem o que outras dizem e acham que existe somente um padrão da língua. A norma-padrão refere-se ao uso da língua que segue não somente pres- crições gramaticais, mas também orientações de determinado momento da história e de uma sociedade específica. O emprego da língua é flexível, de modo que nem sempre seguimos a norma-padrão – o que não significa que estejamos falando de maneira errada. A adequação ou a inadequação de determinado modo de falar dependem da situação em que cada pessoa se encontra e de seus possíveis interlocutores. Existem inúmeras possibilidades de se utilizar a língua. O preconceito linguístico ocorre quando não se compreendem essas possibilidades. O texto a seguir trata de uma variação da língua portuguesa. Norma-padrão, norma gramatical e norma culta Norma-padrão: refere-se a uma língua modelo. Segue regras indicadas na gramá- tica, mas se altera de acordo com o momento histórico ou com a sociedade na qual é utilizada. A língua está em constante transformação. Portanto, com o tempo, dife- rentes formas de linguagem que não são consideradas atualmente pela norma- -padrão, podem vir a se le- gitimar. Norma gramatical: segue a gramática normativa, ou seja, aquela que prescreve as regras.Diferentemente da norma-padrão, nem sem- pre ela se altera em razão de momentos históricos ou so- ciais; por isso, muitas de suas regras podem não estar em uso no cotidiano. Norma culta: segue a prática da língua em meios conside- rados cultos, habitualmente utilizada na camada mais escolarizada da população. PARA IR ALÉM Li geiro e nasalado, sotaque paulista teve influência de índios e migrantes Língua portuguesa em SP ganhou traços indígenas e italianos no modo de falar e nas expressões Avenida Paulista, um dos símbolos da cidade de São Paulo. Lige iro e nasalado, o português paulista tem pressa. Atropela os plurais das frases e suprime o “lh” das palavras. Em São Paulo se toma dois café com dois pão na chapa por quinze real. E filha, milho, velho e mulher são reduzidos a fia, mio, véio e muié. Ainda que incomodem os ouvidos mais sensíveis, esses usos da língua têm origem na mistura do português dos colonizadores com algumas das 350 línguas indígenas que existiam no território brasileiro à época do descobrimento – hoje são cerca de 180. […] W SF U R LA N /I ST O CK Variação linguística e gramática normativa Leia mais sobre o assunto no artigo disponível em: <coc.pear.sn/w2NPZYk>. EXPLORE MAIS Fluido: relativo a um mo- vimento fluente. VOCABULÁRIO CA P ÍT U LO 5 18 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 18 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Abranger: circunscrever; ter ou conter em seus li- mites; avistar. Ignoto: ignorado; obscuro. Longínquo: que se encon- tra distante, longe. Oriundo: originário. Retroflexo: dobrado para trás. VOCABULÁRIO “Quem se debruça sobre as origens de São Paulo vai se deparar com a enorme in- fluência indígena nesse começo de cultura e civilização que se estava estabelecen- do neste pedacinho ignoto e longínquo da colônia portuguesa”, explica o jornalista Roberto Pompeu de Toledo, autor de A capital da solidão (Editora Objetiva), sobre a formação daquela que viria a ser a maior cidade da América do Sul. O cruzamento do idioma de Portugal com o tupi deu origem à chamada língua geral, utilizada no cotidiano da nova colônia até a segunda metade do século XVIII. Uma de suas marcas, que hoje caracteriza o português paulista, era o “r” retroflexo, também conhecido como “r” caipira. Ele substituiu o “r” chiado dos portugueses, que os índios não conseguiam pronunciar. Na sintaxe indígena, o plural não redunda ao longo da sentença, o que poderia explicar o hábito paulista. “A língua tupi não tinha ainda sons de f, l nem r e, por isso, colonizadores referiam-se a esses índios como sem fé nem lei nem rei”, conta a professora da USP Patrícia Carvalhinhos, especialista em toponímia, que investiga a origem dos nomes dos lugares. “Basta prestar atenção nos nomes com que batizamos pontos-chave da cidade para entendermos a enorme influência dos índios”, destaca. Ibirapuera e Anhanga- baú não deixam dúvidas disso. “Em São Paulo falava-se português com fonética tupi. E isso foi tratado, por sé- culos, como uma maneira errada de falar”, aponta Ivan Vilela, professor da USP e pesquisador de cultura caipira. Com a expansão dos bandeirantes pelo interior do país, essa língua geral de so- taque paulista, que se confunde com o idioma caipira, passa a abranger um vasto território: do Mato Grosso a Minas Gerais, de Goiás à parte do Rio Grande do Sul. Tamanha abrangência, no entanto, não impactou seu status. “Na Constituinte de 1823, durante o debate sobre onde seria instalada a primeira universidade do país, que veio a ser a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a candidatura de São Paulo encontrou forte oposição, e um de seus argumentos era a pronúncia local da língua”, conta Pompeu de Toledo, sobre documentos que encontrou em sua pesquisa sobre a cidade. Numa ata, está registrado o discurso do deputado baiano José da Silva Lisboa (1753-1835) de que se “nas províncias há dialetos com seus particulares defeitos, é reconhecido que o de São Paulo é o mais notável”. Nos defeitos, que fique claro. E segue: “A mocidade do Brasil, fazendo aí seus estudos, contrairia sotaque mui desagradável”. Para além da fonte indígena, o português paulista bebeu das imigrações que se concentraram no estado, sendo a dos oriundos da Itália a mais notória. Há quem credite aos italianos a diferenciação que o sotaque da capital ganhou em relação ao do estado, desenvolvendo um “r” vibrante, que treme atrás dos dentes. A esses imigrantes também se atribui a incorporação de outras expressões carica- turais dos paulistanos – como “meu” – hoje tão típicos quanto o mano e a fita, gírias típicas da cultura hip hop e periférica. Foi nas periferias e na Grande São Paulo que ressurgiu o “r” caipira, cercando o “r” vibrante do centro expandido, que, segundo a professora da USP e pesquisadora Ma- ria Célia Lima-Hernandez, vem perdendo terreno, numa espécie de volta às origens. Ela questiona: “Podemos colocar os dois erres num ringue de luta. O povo da terra ganha em massa porque produz mais filhos, portanto uma herança mais numerosa do que a das elites. Qual será o ‘r’ que vence?” MENA, Fernando. “Ligeiro e nasalado, sotaque paulista teve influência de índios e migrantes”. Folha de S.Paulo, 23 abr. 2018. Disponível em: <https://coc.pear.sn/6q61q3B>. Acesso em: set. 2019. Adaptado. 19 LÍ N G U A P O R TU G U ES A CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 19 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Módulo 41 CRASE (II) No capítulo anterior, você estudou que a crase é o nome dado à fusão de duas vo- gais “a”. Ela é indicada pelo acento grave quando a preposição “a” funde-se com artigo feminino, pronome demonstrativoou expressão pronominal. Relembre. a) Preposição “a” + artigo definido “a/as” = à/às b) Preposição “a” + pronome demonstrativo “a/aquela(s)/aquele(s)/aquilo” = à/àquela(s)/àquele(s)/àquilo c) Preposição “a” + expressão pronominal “a qual” = à qual Leia o texto a seguir sobre a variação do significado da palavra “tarde” e observe o uso da crase. Memórias da Rua do Ouvidor Era uma tarde... Convém não esquecer os costumes do tempo. No século décimo sexto e ainda até quase o fim do décimo oitavo, os antigos colo- nos portugueses não tinham no Brasil café para tomá-lo com a aurora; mas almoça- vam com o sol às seis ou sete horas da manhã, e jantavam com ele em pino ao meio- -dia, salvo o direito de merendar (hoje se diz fazer lunch) às dez horas da manhã. Atualmente a sociedade civilizada almoça à hora em que os velhos portugueses janta- vam, e jantam de luzes à mesa à hora em que se levantavam da ceia aqueles nossos avós. História de progresso e de civilização, que levam e estendem o sol de seus dias até depois da meia-noite com a iluminação a gás, e, ainda preguiçosos, saúdam o rom- pimento de suas auroras às 9 horas da manhã, quando abrem as cortinas dos seus macios leitos, e tomam, ainda bocejantes, o seu café madrugador. Portanto, a tarde tem hoje horas novas, que se confundem com a noite, e eu come- çava este capítulo, indicando a tarde do outro tempo, que atualmente é a hora em que almoçam a começar o dia o progresso e a civilização. Estamos entendidos. […] MACEDO, Joaquim Manuel de. Memórias da Rua do Ouvidor. Domínio Público. Disponível em: <https://coc.pear.sn/OmRbiY3>. Acesso em: set. 2019. NOTA Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) Foi um escritor brasileiro do Romantismo. Uma de suas obras mais conhecida é A Moreninha (1844), que tra- ta da história de amor entre Augusto e D. Carolina (a mo- reninha). Ele também foi um memorialista, sendo a obra Memórias da Rua do Ouvidor um exemplo que representa essa característica literária. TH E H IS TO R Y CO LL EC TI O N / A LA M Y ST O CK P H O TO Repare que, no texto, a crase é empregada sempre antes de se falar das horas. […] mas almoçavam com o sol às seis ou sete horas da ma- nhã e jantavam com ele em pino ao meio-dia, salvo o direito de merendar (hoje se diz fazer lunch) às dez horas da manhã. Isso ocorre porque há a determinação exata das horas, existindo, portan- to, a fusão da preposição “a” com o artigo definido “as”. Esse é um dos casos que você já viu em que sempre ocorre a crase. Ocorre o uso de crase também antes de expressões adverbiais, prepositi- vas e conjuntivas: à noite, à parte, às escondidas, à vista de, à maneira de, à exceção de, à medida que, à proporção que etc. CA P ÍT U LO 5 20 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 20 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Veja o seguinte trecho do texto. Atualmente a sociedade civilizada almoça à hora em que os velhos portugueses jantavam [...] Observe que, mesmo sem a indicação exata do número de horas, há o uso de crase antes da palavra "hora", isso ocorre porque a expressão formada por ela tem o sentido da locução adverbial "na hora". Há casos, no entanto, em que o uso da crase é facultativo. Veja-os a seguir. • Antes de pronomes possessivos femininos Exemplo: Enviei um e-mail a minha amiga./Enviei um e-mail à minha amiga. • Antes de nomes próprios femininos Exemplo: O apresentador não fez referência a Maria./O apresentador não fez referência à Maria. Esses casos são opcionais porque o artigo definido antes de pronomes possessivos e de nomes próprios é opcional. Em se tratando dos casos em que nunca se usa a crase, você já viu que ela não ocorre antes de nomes masculinos, de verbos e em expressões forma- das por palavras repetidas. Há também alguns outros casos de não ocor- rência da crase, como os descritos a seguir. • Antes de artigo indefinido Exemplo: Fui a uma mercearia comprar frutas. • Antes de pronomes pessoais, de tratamento (exceto para senhora, se- nhorita e dona) e indefinidos Exemplo: Informei a todos minha decisão. • Antes de numeral que não esteja acompanhado de substantivo suben- tendido ou determinado. Exemplo: Ela respondeu às questões de 1 a 10. • Antes das palavras “casa”, “terra” e “distância” quando não estiverem determinadas. Exemplo: Chegamos a casa exaustos. Evitando a ambiguidade com a crase PARA IR ALÉM O uso da crase evita a ambiguidade quando se tem a preposição “a” seguida de um substantivo feminino que indica circunstância. Observe os dois exemplos a seguir. I. Chegou a noite. II. Chegou à noite. Enquanto na primeira oração “a noite” é o sujeito da oração, na segunda oração o su- jeito é oculto (ele), e “à noite” é um adjunto adverbial. Por conta disso, a primeira oração significa “anoiteceu”, e a segunda, “chegou no período da noite”. 21 LÍ N G U A P O R TU G U ES A CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 21 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Módulos 42 e 43 REGÊNCIA NOMINAL Ao estudar a crase, você viu que, para que ela ocorra, deve haver um termo determinante e um termo determinado. Essas denominações podem também ser chamadas de termo regente e termo regido. Na gramática, existe uma rela- ção entre termos de uma oração que é semelhante à condução que um maes- tro faz de sua orquestra, em que ele é o regente e a orquestra é regida por ele. O termo regente necessita do termo regido para ter um sentido completo. Quando o termo regente é um verbo, temos a regência verbal. Nesse caso, ele rege objetos direto e/ou indireto. Quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), temos a regência nominal. Nesse caso, ele rege o complemento nominal. A ligação entre o termo regente e o termo regido, na regência nominal, é sempre feita por preposição. Leia a crônica a seguir, em que Carlos Drummond de Andrade discorre sobre como a língua muda com o tempo. Alteia: denominação de plantas herbáceas do gê- nero Althea. Artioso: arteiro. Balaio: cesto grande de cipó, palha ou taquara. Cumbuca: tipo de recipien- te feito com a casca do fruto da cuieira. Escarradeira: vaso em que se escarra. Mimoso: gracioso; mimado. Perder a tramontana: ficar sem rumo; descontrolar-se. Vila-diogo: fugir, debandar. VOCABULÁRIO Antigamente ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila- -diogo. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao ani- matógrafo e, mais tarde, ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água. HAVIA OS QUE tomaram chá em criança e, ao visitarem família da maior considera- ção, sabiam cuspir dentro da escarradeira. Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes: “Farei presente.” Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, ao que o Reverendíssimo correspondia:“Para sempre seja louvado.” E os eruditos, se alguém espirrava – sinal de defluxo – eram impelidos a exortar: Dominus tecum. Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário e, com isso, metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tra- montana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. […] ACONTECIA o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtysica, feia era o gálico. Antigamente, os sobra- dos tinham assombrações, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam Ditados populares Conheça alguns ditados mais usados pelos brasi- leiros. Acesse: <coc.pear. sn/0D80Ppq> EXPLORE MAIS CA P ÍT U LO 5 22 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 22 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l NOTA Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) Foi um escritor da segunda geração do Modernismo do Brasil. Considerado um dos maiores poetas brasileiros, ele fazia uso frequente de ver- so livre, ou seja, sem padrão métrico, e de linguagem colo- quial, com uma sensibilidade poética única. ES TA D ÃO C O N TE Ú D O Observe as frases seguintes, retiradas do texto. I. “Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo […].” II. “A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita […].” Em ambas as frases, ocorre regência nominal nos termos destacados. Na primeira frase, em “depois da janta”, o advérbio “depois” é o termo regente de “janta” – termo regido. Já, na segunda frase, em “cheia de melindres”, o adjetivo “cheia” é o termo regente de “melindres”, que é o termo regido. Para estabelecer a regência nominal, além da preposição “de”, outras pre- posições mais utilizadas são: “a”, “com”, “em”, “para” e “por”. Veja a regência de alguns substantivos, adjetivos e advérbios comumente utilizados em nossa língua. ceroulas, botinas e capa-de-goma, a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O. Lon- don, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. MAS TUDO ISSO era antigamente, isto é, outrora. ANDRADE, Carlos Drummond de. Antigamente, In: Quadrante (1962), obra coletiva reproduzida em Caminhos de João Brandão. São Paulo: José Olympio, 1970. Admiração a, por Afeto a, para, para com, por Afinidade com, de, entre, para, por Aflito com, por Alheio a, de Amigo de Apto a, para Bacharel em, por Bastante a, para Benéfico a Bloqueio a, contra, de Compaixão de, para com, por Compatível com Conforme a, com Contente com, de, em, por Curioso de, por Desprezo a, de, por Dúvida acerca de, de, em, sobre Empenho de, em, por Equivalente a Fácil a, de, para Favorável a Hostil a, para com, contra Habituado a Imune a, de Impróprio para Junto a, de Lento em, de Longe de Maior de Peculiar a Propenso a, para Próximo a, de Respeito a, com, de, para com, por Satisfeito com, de, em, por Simpatia a, para com, por Situado a, em, entre Sonho de Último a, de, em União a, com, entre Vazio de Vizinho a, com, de Asthma: asma. X.P.T.O: o que é de qualida- de, sofisticado. VOCABULÁRIO 23 LÍ N G U A P O R TU G U ES A CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 23 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Módulos 44 e 45 COMPLEMENTO NOMINAL Anteriormente, você viu que a regência nominal relaciona um termo re- gente a um termo regido. Este termo regido é o complemento nominal, que é um termo integrante da oração, ou seja, é utilizado para completar o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), por meio de uma preposição. Ele pode ser representado por substantivo, pronome, nume- ral ou oração com valor de substantivo (denominada oração subordinada substantiva completiva nominal). Veja outros exemplos de complemento nominal. Marcos tem orgulho do sotaque dele. Substantivo Complemento nominal Você é atento à fala dos outros? Adjetivo Complemento nominal Ela escutou atentamente a fala de todos. Advérbio Complemento nominal Adjunto adnominal ≠ complemento nominal Quando o adjunto adnominal, que é um termo acessório (aquele que pode ser retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática, pois não é indispensável), é uma locução adjetiva, pode ser confundido com o complemento nominal, pois ambos são regidos por uma preposição. Há, no entanto, algumas características que os diferenciam. O com- plemento nominal refere-se a substantivos abstratos, adjetivos e ad- vérbios, enquanto o adjunto adnominal indica somente substantivos abstratos ou concretos. Assim, só haverá dúvida se é complemento no- minal ou adjunto adnominal quando a referência for um substantivo abstrato. Veja os exemplos a seguir. I. Amor de mãe II. Amor à/pela mãe No primeiro exemplo, quem ama é a mãe, ou seja, ela é agente da ação ver- bal, enquanto, no segundo exemplo, a mãe é amada por alguém, isto é, ela é paciente do amor. Isso significa que, em caso de um substantivo abstrato que indica ação, o termo referente a ele será adjunto adnominal se for agente da ação verbal, e será complemento nominal se for paciente/alvo da ação verbal. Outra diferença entre esses dois termos é que somente o adjunto ad- nominal indica uma relação de posse. CA P ÍT U LO 5 24 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 24 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Os pronomes oblíquos podem ter função tanto de complemento nominal quanto de adjunto adnominal. Observe os exemplos a seguir. I. A lição será útil a mim. Neste caso, “a mim” é complemento nominal. II. Não lhe seguirei os passos. Neste caso, “lhe” é adjunto adnominal. O pronome oblíquo tem valor de possessivo (Não seguirei seus passos.). Agora, leia o texto a seguir, que trata de gírias. Fulano: indivíduo indeter- minado. Gatuno: aquele que furta, ladrão. Incógnito: não conhecido. Lograr: enganar. Pernóstico: pretensioso, afetado. VOCABULÁRIO Emília no País da Gramática […] — Que molecada é esta? — perguntou a menina. — São palavras da Gíria, criadas e empregadas por malandros ou gatu- nos, ou então por homens dum mesmo ofício. A especialidade delas é que só os malandros ou tais homens dum mesmo ofício as entendem. Para o resto do povo nada significam. Narizinho chamou uma que parecia bastante pernóstica. — Conte-me a sua história, menina. A moleca pôs as mãos na cintura e, com ar malandríssimo, foi dizendo: — Sou a palavra Bamba, nascida não sei onde e filha de pais incógnitos, como dizem os jornais. Só a gente baixa, a molecada e a malandragem das cidades é que se lembram de mim. Gente fina, a tal que anda de automóveis e vai ao teatro, essa tem vergonha de utilizar-se dos meus serviços. — E que serviço presta você, palavrinha? — perguntou Emília. — Ajudo os homens a exprimirem suas ideias, exatamente como fazem todas as palavras desta cidade. Sem nós, palavras, os homens seriam mudos como peixes e incapazes de dizer o que pensam. Eu sirvo para exprimir valentia. [...] “Fulano é um bamba!”, dizem. Mas como a gente educada não me emprega, tenho de viver nesses subúrbios, sem me atre- ver a pôr o pé lá em cima. — Onde é lá em cima? — Nós chamamos “lá em cima” à parte boa da cidade; [...] — Vejo que você tem muitas companhias — observou Narizinho, cor- rendo os olhos pela molecada que formigava em redor. — Tenho, sim. Toda esta rapaziada é gentinha da Gíria, como eu. Preste atenção naquela de olho arregalado. É a palavra Otário, que os gatunosusam para significar um “trouxa” ou pessoa que se deixa lograr pelos espertalhões. Com a palavra Otário está conversando outra do mesmo tipo, Bobo. […] LOBATO, Monteiro. Emília no país da gramática. São Paulo: Círculo do livro. Adaptado. Diferença entre adjunto adnominal e comple- mento nominal Saiba mais sobre como dis- tinguir adjunto adnominal de complemento nominal no artigo disponível em: <coc.pear.sn/GBeUr1e>. EXPLORE MAIS 25 LÍ N G U A P O R TU G U ES A CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 25 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Módulos 46 e 47 USO DAS REGÊNCIAS NA LINGUAGEM COLOQUIAL As diversas regras de regências nominal e verbal nem sempre são empre- gadas no dia a dia. Isso ocorre porque a fala cotidiana, muitas vezes, não segue a norma-padrão, sendo utilizada de forma diferente da escrita. Para saber mais sobre esse tema, leia o texto a seguir. Registro linguístico pode variar de acordo com a situação e o assunto Ideia de que há a língua “certa” de um lado e as variedades de outro vai na con- tramão dos estudos científicos “Me avisaram do meu gabinete que eu ‘tava com uma marca de batom, um beijo, no rosto. É o único problema que eu não preciso nessa altura da minha vida.” A frase foi dita pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), durante a votação do pedido de habeas corpus para o ex-presidente Lula no último dia 4 de abril. Antes de retomar a leitura de seu voto, depois de aparte do ministro Dias Toffoli, Barroso permitiu-se um momento de descontração. Não paira dúvida acerca da formalidade do ambiente nem se questiona o grau de conhecimento da língua portuguesa do magistrado, mas o fato é que ele não disse “Avisaram-me”, “estava” ou “problema de que eu não preciso nes- ta altura”. Será que o ministro errou? Segundo o sociolinguista Carlos Alberto Faraco, professor titular aposentado e ex-reitor da Universidade Federal do Paraná, não há cortes rígidos entre for- mal e informal, entre oral e escrito, entre “certo” e “errado”. “A mudança estilística do ministro está ligada ao assunto; as pessoas mo- dulam a língua de acordo com interlocutores, ambiente, assunto, gênero do discurso etc. O mais importante é fugir sempre das dicotomias. Dicotomizar a realidade linguística é falseá-la; a língua varia muito seja na fala, seja na escrita”, afirma. Além disso, segundo o professor, esse registro linguístico já pertence à nor- ma culta, embora não corresponda por inteiro à norma-padrão. “São muito frequentes as orações relativas cortadoras (do tipo de “O livro que eu gosto”, com apagamento da preposição “de”) nos debates do STF. Os falantes, mesmo os altamente escolarizados, nem se dão conta de quanto a língua que falam está mudando”, diz Faraco. Segundo o professor, é preciso distinguir “norma culta” (o registro efetiva- mente usado pelo segmento social letrado) de “norma-padrão” (modelo con- vencional de correção estipulado por gramáticos). A ideia de que há a língua “certa” de um lado e as variedades de outro, ainda presente no senso comum, vai na contramão dos estudos científicos. É com base nos corpora (conjuntos de dados linguísticos sistematicamente coletados e representativos dos usos) que se pode afirmar que a norma culta já não se identifica plenamente com a norma-padrão, nem mesmo nas situa- ções de formalidade. Em suma, a norma culta de hoje já não é a língua de Rui Barbosa (1849-1923), embora a gramática normativa nos remeta com frequência a modelos da época do célebre orador, escritor e jurista baiano. Dicotomia: divisão de um conceito cujas partes, ge- ralmente, são opostas. Habeas corpus: recurso judicial que garante o direito de liberdade de locomoção. Suma: resumo. VOCABULÁRIO CA P ÍT U LO 5 26 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 26 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Observe que o texto faz uso de um exemplo de fala de um juiz da mais alta posição da Justiça brasileira para demonstrar que mesmo uma pes- soa bastante letrada não utiliza o português normativo na oralidade. Um aspecto presente em seu discurso é o uso de oração relativa cortadora. Observe. É o único problema que eu não preciso nessa altura da minha vida. Com o sentido de “ter necessidade de algo”, o verbo “precisar” pede a pre- posição “de”. Assim, antes do pronome relativo “que”, deveria haver a pre- posição “de” referente ao verbo “preciso”: “É o único problema de que eu não preciso…”. A oração relativa cortadora, portanto, ocorre quando há omissão da pre- posição (exigida pelo verbo) antes do pronome relativo. Observe outro exemplo. O filme que assistimos ontem era ruim. O verbo “assistir”, no sentido de “estar presente vendo algo”, pede a preposição “a”. Com isso, na norma-padrão do português, a frase ade- quada seria: O filme a que assistimos ontem era rui.. Transformações da língua portuguesa Veja o vídeo Quando se trata de português falado, não existe certo e errado, disponível em: <coc.pear. sn/hiB62y9>. EXPLORE MAISEsse desencontro ocorre porque a língua está em constante mudança, en- quanto o padrão tradicional de correção tende a se manter estático desde suas origens, no século XIX, quando se pautou pelos usos de Portugal. A norma-padrão é, segundo Faraco, um modelo idealizado. “O resultado do abismo que se cria entre as práticas correntes e as regras postuladas como padrão é esta espécie de anomia linguística em que vivemos no Brasil. O ensino não tem norte e o uso não tem norte. Há uma grande insegurança linguística entre os falantes porque muitas regras não fazem sentido em confronto com as práti- cas concretas”, afirma. Faraco lembra que o gramático Celso Cunha (1917-1989) já apontava o pro- blema brasileiro da “dualidade de normas”, ou seja, há uma realidade pratica- da e uma prescrita. “Isso não é um problema só brasileiro. Criou-se, na tradição histórica da América Latina, a ideia de que a língua como se fala nas colônias é incorreta, descuidada, portanto a língua modelar (a que devemos usar na escrita etc.) mora em outro lugar. O espanhol mora em Madri e o português mora em Lisboa”, conclui. […] CAMARGO, Thaís Nicoleti de. “Registro linguístico pode variar de acordo com a situação e o assunto”. Folha de S.Paulo, 24 abr. 2018. Disponível em: <https://coc.pear.sn/DAJIkmi>. Acesso em: set. 2019. Anomia: ausência de lei ou de regra, desvio das leis naturais; anarquia, desorganização. VOCABULÁRIO Verbos e variedade coloquial Veja alguns verbos em que ocorre a variedade colo- quial. • Assistir – Os amigos assis- tiram o jogo de futebol. A regência é “assistir a”. • Chegar – O chefe chegou no escritório atrasado. A regência é “chegar ao”. • Ir – Nas férias, fomos na praia. A regência é “ir a”. • Preferir – Antônio prefere comida doce do que sal- gada. A regência é “preferir (alguma coisa) a (outra)”. • Visar – O estudante visou a vaga de Medicina. A re- gência é “visar a (alguma coisa)” quando este verbo é usado no sentido de “ob- jetivar, ter como meta”. PARA IR ALÉM 27 LÍ N G U A P O R TU G U ES A CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 27 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l CAPÍTULO 5 A LÍNGUA É DE TODOS Módulos 37 e 38 | Variação linguística Responda às questões de 1 a 5 com base no texto “Diversidade e unidade da língua portuguesa”. 1. O que incomodou o autor do texto em um programa do Canal Brasil? 2. No terceiro parágrafo do texto, o autor faz diversas perguntas. Ele espera que elas sejam respondidas? 3. Qual é a origem do galego, do português de Portugal e do português do Brasil? 4. O texto dá quais exemplos de países quesão falantes do português? 5. Considerando o que você leu no texto, pode-se dizer que a variação linguística a. impede a comunicação entre as pessoas. b. cria a necessidade do uso de legendas. c. representa a riqueza de uma língua. d. desestrutura a unidade de uma língua. e. desconsidera a diversidade dos falantes. 6. Enem Até quando? Não adianta olhar pro céu Com muita fé e pouca luta Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer E muita greve, você pode, você deve, pode crer Não adianta olhar pro chão Virar a cara pra não ver Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer! Gabriel, o pensador. Até quando? In: Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001. Fragmento. As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto a. caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet. b. cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas. c. tom formal, pela recorrência de gírias. d. espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial. e. originalidade, pela concisão da linguagem. Exercícios de aplicação CA P ÍT U LO 5 28 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 28 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Leia novamente o texto “Diversidade e unidade da língua portuguesa” e responda às questões 7 e 8. 7. Por que Sergio da Motta e Albuquerque resolveu pesquisar sobre a língua portuguesa? 8. Para Sergio da Mota e Albuquerque, deveria haver o uso de legendas em filmes em português e destinados ao público de falantes do português de variados países? Justifique sua resposta. 9. Observe a imagem ao lado. a. Como você chama esse legume? b. A ocorrência de diferentes denominações desse legume é exemplo de que tipo de variação linguística? Explique. 10. Quais são os tipos de variação linguística? Dê um exemplo de cada uma delas. Se necessário, faça uma pesquisa. 11. Enem A utilização de determinadas variedades linguísticas em campanhas educativas tem a função de atingir o público-alvo de forma mais direta e eficaz. No caso do texto a seguir, identifica-se essa estratégia pelo(a) Seu organismo já está acostumado com o açúcar e está difícil largar? O ideal é ir se acostumando aos poucos com cada vez menos açúcar. Ministério da Saúde. a. discurso formal da língua portuguesa. b. registro padrão próprio da língua escrita. c. seleção lexical restrita à esfera da medicina. d. fidelidade ao jargão da linguagem publicitária. e. uso de marcas linguísticas típicas da oralidade. Exercícios propostos G W EN G O AT /I ST O CK LÍ N G U A P O R TU G U ES A 29 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 29 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l CAPÍTULO 5 12. Enem Em bom português No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e, a cada dia, uma parte do léxico cai em desuso. Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam assim: — Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem. Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com um ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um au- tomóvel em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher. SABINO, F. Folha de S.Paulo, 13 abr. 1984. Adaptado. A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica essa característica da língua, evidenciando que a. o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas. b. a utilização de inovações no léxico é percebida na comparação de gerações. c. o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza a diversidade geográfica. d. a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o falante. e. o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as regiões. Módulos 39 e 40 | Preconceito linguístico Exercícios de aplicação Responda às questões de 1 a 5 com base no texto “Ligeiro e nasalado, sotaque paulista teve influência de índios e migrantes”. Ligeiro e nasalado, o português paulista tem pressa. Atropela os plurais das frases e supri- me o “lh” das palavras. Em São Paulo se toma dois café com dois pão na chapa por quinze real. E filha, milho, velho e mulher são reduzidos a fia, mio, véio e muié. 1. Pode-se identificar qual é o tipo de variação linguística presente no texto? 2. Onde você mora há variações iguais às de São Paulo ou você identifica outros tipos? Quais são eles? CA P ÍT U LO 5 30 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 30 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l 3. No texto, há três variações do modo de falar o “r”: “r” caipira, “r” chiado e “r” vibrante. Você reconhece seu modo de falar o “r” em alguma dessas variantes? Ou você o pronuncia de outra forma? 4. De acordo com o texto, o português paulista recebeu influências de que povos? Exemplifique. 5. O trecho “Na sintaxe indígena, o plural não redunda ao longo da sentença, o que poderia explicar o hábito paulista.” afirma que existe um plural redundante ao longo de uma sentença. Por que ele seria redundante? Use a frase “Em São Paulo se toma dois café com dois pão na chapa por quinze real.” para explicar. 6. Enem Palavras jogadas fora Quando criança, convivia no interior de São Paulo com o curioso verbo pinchar e ainda o ouço por lá esporadicamente. O sentido da palavra é o de “jogar fora” (pincha fora essa por- caria) ou “mandar embora” (pincha esse fulano daqui). Teria sido uma das muitas palavras que ouvi menos na capital do estado e, por conseguinte, deixei de usar. Quando indago às pessoas se conhecem esse verbo, comumente escuto respostas como “minha avó fala isso”. Aparentemente, para muitos falantes, esse verbo é algo do passado, que deixará de existir tão logo essa geração antiga morrer. As palavras são, em sua grande maioria, resultados de uma tradição: elas já estavam lá an- tes de nascermos. “Tradição”, etimologicamente, é o ato de entregar, de passar adiante, de transmitir (sobretudo valores culturais). O rompimento da tradição de uma palavra equiva- le à sua extinção. A gramática normativa, muitas vezes, colabora criando preconceitos, mas o fator mais forte que motiva os falantes a extinguirem uma palavra é associar a palavra, influenciados direta ou indiretamente pela visão normativa, a um grupo que julga não ser o seu. O pinchar, associado ao ambiente rural, onde há pouca escolaridade e refinamento citadino, está fadado à extinção? É louvável que nos preocupemos com a extinção das ararinhas-azuis ou dos micos-leão- -dourados, mas a extinção de uma palavra não promove nenhuma comoção, como não nos comovemos com a extinção de insetos, a não ser dos extremamente belos. Pelo contrário, muitas vezes, a extinção das palavras é incentivada. VIARO, M. E. Língua Portuguesa, n. 77, mar. 2012. Adaptado. A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo “pinchar” nos traz uma reflexão sobre a lingua- gem e seus usos, com a qual compreende-se que Pronúncias do “r” pelo Brasil Ouça as diversas pronúncias do “r” pelo Brasil e conhe- ça outros sotaquesnos vídeos disponí- veis em: <coc.pear. sn/2xoLQdh>. EXPLORE MAIS VOCABULÁRIO Citadino: que faz referência à cidade, que ou aquele que é natural ou habitante de cidade. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 31 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 31 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l CAPÍTULO 5 a. as palavras esquecidas pelos falantes devem ser descartadas dos dicionários, conforme sugere o título. b. o cuidado com espécies animais em extinção é mais urgente do que a preservação de palavras. c. o abandono de determinados vocábulos está associado a preconceitos socioculturais. d. as gerações têm a tradição de perpetuar o inventário de uma língua. e. o mundo contemporâneo exige a inovação do vocabulário das línguas. 7. Explique o preconceito linguístico retratado no texto “Ligeiro e nasalado, sotaque paulista teve influência de índios e migrantes”. 8. De acordo com o texto “Ligeiro e nasalado, sotaque paulista teve influência de índios e migrantes”, responda às questões a seguir. a. Qual é a expressão caricatural dos paulistanos? b. Cite expressões caricaturais de outros lugares que você conheça. 9. Enem Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma de lín- gua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não! Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos corde- listas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas. POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011. Adaptado. Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domí- nio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber a. descartar as marcas de informalidade do texto. b. reservar o emprego da norma-padrão aos textos de circulação ampla. c. moldar a norma-padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico. d. adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto. e. desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola. Exercícios propostos CA P ÍT U LO 5 32 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 32 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l Módulo 41 | Crase (II) 1. Leia o seguinte trecho do texto Memórias da Rua Ouvidor. ...e jantam de luzes à mesa ... Por que ocorre a crase neste caso? 2. Cesgranrio-RJ Assinale a frase em que “à” ou “às” está empregado de maneira incorreta, de acordo com a norma- -padrão da língua portuguesa. a. Amores à vista. b. Referi-me às sem-razões do amor. c. Desobedeci às limitações sentimentais. d. Estava meu coração à mercê das paixões. e. Submeteram o amor à provações difíceis. 3. Assinale as frases em que o emprego da crase é facultativo. Dei à minha mãe um grande abraço quando cheguei de viagem. Assistimos a alguns filmes no fim de semana. Não me referia a Joaquina na carta. Fomos à casa de Mariana ontem. X X Exercícios de aplicação 4. No trecho “[…] jantavam com ele em pino ao meio-dia […]”, se o termo em destaque fosse substi- tuído por “doze horas”, como ficaria a reescritura desse trecho? 5. Insper-SP Talvez espante ao leitor franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocri- dade; advirto que franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo. Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis. As lacunas desse excerto de Machado de Assis estão corretamente preenchidas em a. à, a, a, à. b. a, a, a, à. c. a, à, à, à. d. a, a, a, a. e. à, a, à, à. Exercícios propostos LÍ N G U A P O R TU G U ES A 33 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 33 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l CAPÍTULO 5 6. Observe as duas frases a seguir. I. Desenhei a caneta. II. Desenhei à caneta. Qual é a diferença de sentido entre elas? Módulos 42 e 43 | Regência nominal Responda às questões de 1 a 3 com base no texto “Antigamente”, de Carlos Drummond de Andrade. 1. O texto discorre sobre que tipo de variação linguística? Dê um exemplo. 2. No trecho “[…] mas ficavam longos meses debaixo do balaio […]”, indique os termos regente e regido da expressão destacada. 3. No trecho “[…] sonhavam em andar de aeroplano […]”, caso o verbo “sonhavam” fosse trocado por “tinham sonho”, como ficaria a reescrita da frase? 4. Cescea-SP As palavras “ansioso”, “contemporâneo” e “misericordioso” regem, respectivamente, as preposições a. a – em – de – para. b. de – a – de. c. por – de – com. d. de – com – para com. e. com – a – a. Exercícios de aplicação CA P ÍT U LO 5 34 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 34 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l 5. Agora, você e os colegas vão construir frases que contenham um caso de regência nominal. pág. 325Encarte Material necessário • Folha de encarte Como fazer a. Em grupo, destaque todas as partes do encarte que está no final do livro. Nele há diferentes palavras e expressões. b. Embaralhe essas partes e reorganize-as de modo coerente. Combine as palavras ou expressões montando frases que contenham um caso de regência nominal. Faça o maior número de combi- nações possíveis. Dica: é possível formar mais de uma frase com os mesmos sujeitos e/ou com os mesmos verbos. c. Registre, no caderno, as frases que vocês criaram. 6. Considerando o contexto da palavra destacada em “[…] mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas.”, qual seria o termo atual- mente utilizado para “botica”? 7. Considere a frase “Estavam todos escondidos atrás da igreja.”. Sobre a expressão destacada é pos- sível dizer que a. “atrás” é o termo regido. b. há uma regência nominal. c. “igreja” é o termo regente. d. “atrás” é um substantivo. e. “igreja” é um advérbio. 8. Complete as lacunas com as preposições adequadas: a, com, de, por e sobre. a. A união Mariana Pedro foi desastrosa. b. O desprezo ele resultou em sua destruição. c. O estudante esclareceu suas dúvidas a lição de casa. d. Fernanda estava alheia problemas políticos. 9. Na frase “João respeita o pai”, caso o verbo “respeita” fosse substituído por “tem respeito”, como ficaria a reescrita da frase? Módulos 44 e 45 | Complemento nominal Exercícios propostos 1. Destaque o complemento nominal das orações a seguir. a. Você sabe qual é a origem daquele grupo? b. Ela estava certa de que iríamos conhecê-lo. c. A língua dos portugueses é um pouco diferente da nossa. Exercícios de aplicação LÍ N G U A P O R TU G U ES A 35 CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DLPO G030 - CAP05.indd 35 18/09/2019 17:16 Pa ra u so e xc lu si va m en te d o di gi ta l P ar a us o ex cl us iv am en te d o di gi ta l CAPÍTULO 5 2. De acordo com o texto Emília no país da gramática, o que significa gíria? 3. Assinale a alternativa em que a oração apresenta um complemento nominal. a. Os
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