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GNE156_Material_didatico_Avaliacao_3_2012_I_residuos_Solidos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA 
NÚCLEO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GNE156 – INTRODUÇÃO AO CONTROLE AMBIENTAL 
 
Material didático – Poluição por Resíduos Sólidos 
(3ª avaliação – Parte I) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Ronaldo Fia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lavras 
2012/II 
 
 79 
 
1. RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
1.1. Conceitos 
Nos últimos anos, um termo tem tomado lugar de destaque na mídia: resíduos. Até algum 
tempo atrás muito se falava sobre o lixo e pouco sobre os resíduos sólidos. 
Lixo é todo e qualquer material sólido ou semi-sólido indesejável e que necessita ser 
removido por ter sido considerado inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente 
destinado a este ato. 
Resíduo, vulgo lixo, significa resto, sobra ou sedimento de determinada substância, 
significado este que está mais próximo das questões atuais pela sua abrangência. Resíduos 
sólidos são materiais heterogêneos resultantes das atividades humanas e da natureza, 
constituindo problema sanitário, ambiental, econômico e estético, os quais podem ser 
parcialmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia 
de recursos naturais. 
Há de se destacar, no entanto, a relatividade da característica inservível do lixo, pois aquilo 
que já não apresenta nenhuma serventia para quem o descarta, para outro pode se tornar 
matéria-prima para um novo produto ou processo. Nesse sentido, a idéia do reaproveitamento 
do lixo é um convite à reflexão do próprio conceito clássico de resíduos sólidos. É como se o 
lixo pudesse ser conceituado como tal somente quando da inexistência de mais alguém para 
reivindicar uma nova utilização dos elementos então descartados (Monteiro et al., 2001). 
Assim, nos últimos anos e a partir deste novo conceito, o lixo passou a ser visto como 
fonte de contaminação sanitária e ambiental que deve ser tratado de forma a evitar 
contaminação da população e do ambiente. Além disso, os resíduos passaram a ser vistos 
como fontes alternativas de renda (Tenório e Espinosa, 2004). 
Segundo a NBR 10.004 (2004), resíduos sólidos são resíduos nos estados sólido e semi-
sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, 
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de 
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle 
de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu 
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções 
técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. 
 
1.2. Classificação 
São várias as maneiras de se classificar os resíduos sólidos. As mais comuns são quanto 
aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem. 
 
1.2.1. Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente 
A classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu 
origem e de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com 
listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. 
Assim, segundo a NBR 10.004(2004), os resíduos sólidos podem ser classificados em: 
 
 80 
Classe I - Resíduos Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio 
ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de 
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. 
 
Classe II - Resíduos Não Perigosos, subdivididos em: 
Classe IIA - Resíduos Não-inertes: são os resíduos que não apresentam periculosidade, 
porém não são inertes; podem ter propriedades tais como: combustibilidade, 
biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as 
características dos resíduos domiciliares. 
 
Classe IIB - Resíduos Inertes: Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma 
representativa, segundo a NBR 10.007(2004), e submetidos a um contato dinâmico e estático 
com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme NBR 10.006 (2004), 
não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos 
padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. 
 
Existem resíduos que já estão previamente classificados, de acordo com a NBR 10.004 
(2004) e que dispensam análises laboratoriais, dentre os quais podemos destacar os que 
seguem: 
Resíduos Classe I: solventes; lodos de estação de tratamento de efluentes industriais ricos em 
metais (galvanoplastias, pinturas, etc.) e de indústrias petroquímicas; efluentes líquidos e 
resíduos originados no processo de preservação da madeira; lâmpadas fluorescentes, pós e 
fibras de amianto (asbesto); óleo lubrificante usado, entre outros. 
 
Resíduos Classe IIA: restos de alimentos, resíduos de madeira, sucatas, etc. 
 
Resíduos Classe IIB: resíduos cerâmicos, resíduos de argamassa, solo, areia, etc. 
 
Nesta norma faz-se uma exceção aos resíduos radioativos, ficando a cargo da Comissão 
Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Além disso, as classificações perdem o valor quando 
ocorrer a contaminação dos não perigosos por perigosos, ou quando houver mistura entre 
inerte e não inertes. 
 
1.2.2. Quanto à origem 
Os diferentes tipos de resíduos de acordo com a classificação enunciada pela Política 
Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) serão agrupados em três grandes classes 
(Tabela 10). 
 
 81 
Tabela 10. Classificação dos resíduos sólidos enunciada pela Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (Lei nº 12.305/2010). 
Resíduos sólidos urbanos (RSU) 
Resíduos domiciliares 
Resíduos de limpeza urbana 
Resíduo domiciliar especial 
Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de 
serviços 
Resíduos da construção civil 
Pneus* 
Pilhas e baterias* 
Lâmpadas fluorescentes* 
Resíduos de fontes especiais 
Resíduos de serviços de saúde 
Resíduos de serviços de transportes 
Resíduos industriais 
Resíduos agrossilvopastoris 
Resíduos de mineração 
Resíduo radioativo** 
Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico 
* A lei não menciona de forma separada pneus, pilhas e baterias e lâmpadas fluorescentes. Assim, podem ser 
considerados como domiciliares. No entanto, o tratamento e a destinação final deverão ser específicos, como 
será visto posteriormente. 
** Os resíduos radioativos são normatizados por legislação específica e submetidos à Comissão Nacional de 
Energia Nuclear. 
 
1.3. Amostragem 
O objetivo da amostragem é a coleta de uma quantidade representativa de resíduo, visando 
determinar suas características quanto à classificação, métodos de tratamento, etc. Para tanto 
deve ser realizada uma pré-caracterização do resíduo, que é feita pelo levantamento do 
processo que lhe deram origem. As informações assim obtidas (volume aproximado, estado 
físico, constituintes principais, temperatura, etc.) permitem a definição do tipo de amostrador 
mais adequado, dos parâmetros que serão estudados ou analisados, do número de amostras e 
do seu volume, do tipo de frasco de coleta e do método de preservação que devem ser 
utilizados. Assim, após a pré-caracterização, pode ser feito o plano de amostragem. 
Sempre que possível na amostragem dos resíduos sólidos deve-se utilizar o processo de 
quarteamento, que consiste na divisão em quatro partes iguais de uma amostra pré-
homogeneizada, sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra 
e descartadas as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas totalmente e o 
processo de quarteamento é repetido até que se obtenha o volume desejado. 
 
2. LEGISLAÇÃO 
 
2.1. Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) reúne o conjuntode princípios, 
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal, 
isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou 
particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos 
resíduos sólidos. 
 82 
São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: 
I - a prevenção e a precaução; 
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; 
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, 
social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; 
IV - o desenvolvimento sustentável; 
V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços 
competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e 
tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais 
a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; 
VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais 
segmentos da sociedade; 
VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem 
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; 
IX - o respeito às diversidades locais e regionais; 
X - o direito da sociedade à informação e ao controle social; 
XI - a razoabilidade e a proporcionalidade. 
 
São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre outros: 
I - os planos de resíduos sólidos; 
II - os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos; 
III - a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à 
implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 
IV - o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de 
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; 
V - o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária; 
VI - a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o 
desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão, 
reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e disposição final ambientalmente adequada 
de rejeitos; 
VII - a pesquisa científica e tecnológica; 
VIII - a educação ambiental; 
IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios. 
 
Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem 
de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos 
sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. 
Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos 
urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a 
implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão 
ambiental. 
A PNRS institui a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser 
implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, 
 83 
importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços 
públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. 
São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno 
dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de 
limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores 
e comerciantes de: 
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, 
após o uso, constitua resíduo perigoso; 
II - pilhas e baterias; 
III - pneus; 
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes. 
 
2.2. Política Estadual de Resíduos Sólidos (Minas Gerais) 
 
Antecipando-se à legislação federal, o estado de Minas Gerais publicou em 2009 a Lei 
18.031, que dispões sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos. 
São princípios que orientam a Política Estadual de Resíduos Sólidos: 
I - a não-geração; 
II - a prevenção da geração; 
III - a redução da geração; 
IV - a reutilização e o reaproveitamento; 
V - a reciclagem; 
VI - o tratamento; 
VII - a destinação final ambientalmente adequada; 
VIII - a valorização dos resíduos sólidos. 
 
A Política Estadual de Resíduos Sólidos tem como diretrizes a participação da sociedade 
no planejamento, na formulação e na implementação das políticas públicas, bem como na 
regulação, na fiscalização, na avaliação e na prestação de serviços, por meio das instâncias de 
controle social; promovendo o desenvolvimento social, ambiental e econômico. 
Visa também à responsabilidade socioambiental compartilhada entre poder público, 
geradores, transportadores, distribuidores e consumidores no fluxo de resíduos sólidos; o 
incentivo ao uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados 
bem como o desenvolvimento de novos produtos e processos, com vistas a estimular a 
utilização das tecnologias ambientalmente adequadas; a promoção de padrões de produção e 
consumo sustentáveis e a adoção do princípio do poluidor pagador. 
A Política Estadual de Resíduos Sólidos têm como instrumentos, dentre outros, o 
estabelecimento de padrões setoriais relativos à gestão dos resíduos sólidos; os incentivos 
fiscais, financeiros e creditícios destinados a atividades que adotem medidas de não-geração, 
redução da geração, reutilização, reaproveitamento, reciclagem, geração de energia, 
tratamento ou disposição final de resíduos sólidos; e os Planos de Gestão Integrada de 
 84 
Resíduos Sólidos, elaborados com base em padrões setoriais, com definição de metas e 
prazos. 
 
São serviços públicos de caráter essencial, de responsabilidade do poder público 
municipal, a organização e o gerenciamento dos sistemas de segregação, acondicionamento, 
armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos 
domiciliares. Os usuários dos sistemas de limpeza urbana ficam obrigados a acondicionar os 
resíduos para coleta de forma adequada e em local acessível ao sistema público de coleta 
regular, cabendo- lhes observar as normas municipais que estabeleçam a seleção dos resíduos 
no local de origem e indiquem as formas de acondicionamento para coleta. A coleta dos 
resíduos sólidos urbanos se dará de forma preferencialmente seletiva. 
Compete aos geradores de resíduos das atividades industrial e minerária a responsabilidade 
pelo seu gerenciamento, desde a sua geração até a destinação final, incluindo: a separação e a 
coleta interna, o acondicionamento, a identificação, o transporte, o tratamento e a destinação 
final dos resíduos, na forma exigida pela legislação pertinente. 
São proibidas as seguintes formas de destinação dos resíduos sólidos: lançamento "in 
natura" a céu aberto, sem tratamento prévio, em áreas urbanas e rurais; queima a céu aberto 
ou em recipientes, instalações ou equipamentos não licenciados para esta finalidade; o 
lançamento ou disposição em lagoa, curso d'água, área de várzea, cavidade subterrânea, 
terreno baldio, poço, cacimba, rede de drenagem de águas pluviais, galeria de esgoto, duto 
condutor de eletricidade ou telefone, mesmo que abandonados, em área sujeita a inundação e 
em área de proteção ambiental integral. Ficam proibidas, nas áreas de destinação final de 
resíduos sólidos a utilização de resíduos sólidos como alimentação animal; a catação de 
resíduos sólidos em qualquer hipótese; e a fixação de habitações temporárias ou permanentes. 
O Município deverá apresentar proposta de inserção social para as famílias de catadores, 
incluindo programas de ressocialização paracrianças, adolescentes e adultos e a garantia de 
meios para que passem a frequentar a escola, medidas que passarão a integrar o Plano de 
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município. 
 
A gestão integrada de resíduos sólidos compreende as atividades referentes à elaboração e 
à implementação dos Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, assim como sua 
fiscalização e seu aperfeiçoamento, e o controle dos serviços de manejo integrado dos 
resíduos sólidos. 
O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, elaborado pelos Municípios e os 
gerenciadores, pelos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, prestadores de 
serviços e as demais fontes geradoras, deverá seguir os princípios e diretrizes estabelecidos na 
Política Estadual de Resíduos Sólidos contendo no mínimo: 
I - informações sobre a origem, a caracterização e o volume de resíduos sólidos gerados, 
bem como os prazos para sua destinação; 
II - os procedimentos a serem adotados na segregação, na coleta, na classificação, no 
acondicionamento, no armazenamento, no transporte, no tratamento e na destinação final 
licenciada, conforme a classificação dos resíduos sólidos, indicando-se os locais e as 
condições em que essas atividades serão executadas; 
 85 
III - as ações preventivas e corretivas a serem praticadas no caso de situações de manuseio 
incorreto ou acidentes; 
IV - a forma de operacionalização das exigências relativas à gestão de resíduos sólidos, 
bem como as intervenções necessárias e as possibilidades reais de implementação de tais 
exigências; 
V - as modalidades de manuseio que correspondam às particularidades dos resíduos sólidos 
e dos materiais que os constituem, inclusive no que se refere aos resíduos provenientes dos 
serviços de saúde, com vistas à proteção da saúde pública e do meio ambiente; 
VI - os procedimentos a serem adotados pelos prestadores de serviços e as respectivas 
formas de controle; 
VII - os indicadores de desempenho operacional e ambiental; 
VIII - as formas de participação da sociedade no processo de implementação, fiscalização e 
controle social do Plano; 
IX - as ações ou os instrumentos que poderão ser utilizados para promover a inserção das 
organizações produtivas de catadores de materiais recicláveis e de outros operadores de 
resíduos sólidos na coleta, no beneficiamento e na comercialização desses materiais. 
O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos dos Municípios estabelecerá as normas 
gerais de conduta para os geradores de resíduos sólidos, bem como instruções e diretrizes para 
que estes elaborem seus Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Além disso, serão 
asseguradas formas de participação da sociedade no processo de elaboração do Plano de 
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. 
 
A Fundação Estadual do Meio Ambiental de Minas Gerais (FEAM) está à frente do 
programa Minas sem Lixões com objetivo de apoiar os municípios no atendimento às normas 
de gestão adequada de resíduos sólidos urbanos definidas pelo Conselho Estadual de Política 
Ambiental (Copam). 
As metas do programa Minas sem Lixões é de até 2011 findar com 80% dos lixões e dispor 
adequadamente 60% dos resíduos sólidos urbanos gerados em Minas em sistemas 
tecnicamente adequados, devidamente licenciados pelo Copam. Para alcançar as metas, são 
promovidos seminários, cursos, publicação de cartilhas e vistorias técnicas, para orientação 
dos agentes municipais, bem como parcerias com a Fundação Israel Pinheiro e com as 
Universidades Federais de Lavras e de Viçosa. 
Em Minas Gerais, município que dispõe adequadamente os resíduos e trata o esgoto 
sanitário amplia o montante de repasse do ICMS por meio do ICMS Ecológico – subcritério 
Saneamento Ambiental. Para receber esse recurso, a administração municipal deve investir 
em pelo menos um desses sistemas, devidamente regularizados pelo órgão ambiental estadual: 
 Aterro sanitário ou usina de triagem e compostagem que atenda, no mínimo, a 70% da 
população urbana; 
 Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que atenda, no mínimo, a 50% da população 
urbana. 
A divisão de todo ICMS arrecadado pelo Estado é feita da seguinte forma: 75% do 
montante é destinado para a União e os outros 25% são distribuídos entre os municípios em 
vários critérios como determina a Lei 13.803. Dentre os critérios estabelecidos pela Lei, está o 
critério Meio Ambiente que fica com a quantia de 1% dos 25%. O critério está dividido em 2 
 86 
(dois) sub-critérios, o Índice de Conservação (IC), referente às Unidades de Conservação e 
outras áreas protegidas e o sub-critério Índice de Saneamento Ambiental (ISA), referente a 
Aterros Sanitários, Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) e Usinas de Compostagem. 
Cada sub-critério, IC e ISA, fica com a quantia de 0,5% cada um. 
Na Figura 28 e na Tabela 11 está apresentada a situação do tratamento e, ou, disposição 
final dos RSU em Minas. 
 
 
Figura 28. Situação do tratamento e, ou, disposição final dos resíduos sólidos urbanos em 
Minas (http://www.feam.br/minas-sem-lixoes). 
 
 87 
Tabela 11. Tipo de tratamento e, ou, disposição final dos resíduos sólidos urbanos em Minas 
Gerais em relação ao número de municípios e à população atendida. 
Tratamento / disposição 
final 
População
(1)
 
% da pop. 
urbana 
(2)
 
Nº de 
municípios 
% de 
municípios
(3)
 
UTC não regularizada 79.537 0,48 15 1,76 
UTC regularizada 676.043 4,04 121 14,19 
Aterro Sanitário 7.840.910 46,91 73 8,56 
Aterro Sanitário/UTC 
regularizados 
205.245 1,23 7 0,82 
Aterro Sanitário não 
regularizado 
0 0 0 0 
AAFs em verificação 510.610 3,05 49 5,74 
Aterro Controlado 3.049.930 18,25 307 35,99 
Fora do estado 5.239 0,03 3 0,35 
Lixão 4.347.702 26,01 278 32,59 
Total 16.715.216 100 853 100 
 (1)
 População urbana; 
(2)
 % da população urbana em relação à população do Estado; 
(3)
 % de municípios em 
relação ao número de municípios do Estado. 
Fonte: http://www.feam.br/minas-sem-lixoes. 
 
3. GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
O conceito de gestão integrada de resíduos sólidos é o da integração dos diversos atores, de 
forma a estabelecer e aprimorar a gestão dos resíduos, englobando todas as condicionantes 
envolvidas no processo e possibilitando um desenvolvimento uniforme e harmônico entre 
todos os interessados, de forma a atingir os objetivos propostos, adequados às necessidades e 
características de cada comunidade (Mesquita Júnior, 2007). 
O conceito de gestão integrada trabalha na própria gênese do processo e o envolve como 
um todo (aspectos institucionais, administrativos, financeiros, ambientais, sociais e técnico-
operacionais). Não é simplesmente um projeto, mas um processo, e, como tal, deve ser 
entendido e conduzido de forma integrada, tendo como pano de fundo e razão dos trabalhos, 
nesse caso, os resíduos sólidos e suas diversas implicações. Deve definir estratégias, ações e 
procedimentos que busquem o consumo responsável, a minimização da geração de resíduos e 
a promoção do trabalho dentro de princípios que orientem para um gerenciamento adequado e 
sustentável, com a participação dos diversos segmentos da sociedade, de forma articulada. 
Assim, a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos pode ser entendida como a maneira de 
“conceber, implementar e administrar sistemas de manejo de resíduos sólidos urbanos, 
considerando uma ampla participação dos setores da sociedade e tendo como perspectiva o 
desenvolvimento sustentável” (Mesquita Júnior, 2007). De natureza complexa, o problema 
deixa de ser simplesmente uma questão de gerenciamento técnico para inserir-se em um 
processo orgânico de gestão participativa, dentro do conceito de gestão integrada de resíduos 
sólidos. 
A gestão integrada focaliza com mais nitidez os objetivos importantes da questão, que é a 
elevação da urbanidade em um contexto mais nobre para a vivência da população, onde haja 
manifestações de afeto à cidade e participaçãoefetiva da comunidade no sistema, 
 88 
sensibilizada a não sujar as ruas, a reduzir o descarte, a reaproveitar os materiais e reciclá-los 
antes de encaminhá-los ao lixo (Monteiro et al., 2001). 
Finalmente, a gestão integrada revela-se com a atuação de subsistemas específicos que 
demandam instalações, equipamentos, pessoal e tecnologia, não somente disponíveis na 
prefeitura, mas oferecidos pelos demais agentes envolvidos na gestão, entre os quais se 
enquadram: 
 a própria população, empenhada na separação e acondicionamento diferenciado dos 
materiais recicláveis em casa; 
 os grandes geradores, responsáveis pelos próprio rejeitos; 
 os catadores, organizados em cooperativas, capazes de atender à coleta de recicláveis 
oferecidos pela população e comercializá-los junto às fontes de beneficiamento; 
 os estabelecimentos que tratam da saúde, tornando-os inertes ou oferecidos à coleta 
diferenciada, quando isso for imprescindível; 
 a prefeitura, através de seus agentes, instituições e empresas contratadas, que por meio 
de acordos, convênios e parcerias exerce, é claro, papel protagonista no gerenciamento 
integrado de todo o sistema. 
 
4. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 
 
Como apresentado anteriormente, os resíduos sólidos urbanos (RSU) compreendem os 
resíduos domiciliares, compostos por materiais secos (recicláveis ou não) e molhados (matéria 
orgânica), produzidos pelas atividades domésticas diárias tais como: restos de alimentos, 
embalagens vazias, lixo sanitário, etc.; e pelos resíduos de limpeza urbana formado por 
materiais provenientes dos serviços de limpeza urbana, como varrição, podas, limpeza dos 
sistemas de drenagem pluvial, etc. Neste material didático também comporão os RSU, os 
resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços de pequeno porte, na sua 
maioria, constituídos de embalagens (papel, papelão, plásticos, etc.), podendo ainda ser 
acrescido restos alimentares e de feiras, além de lixo sanitário. 
Cabe ressaltar que é de responsabilidade do governo municipal a coleta, o tratamento e a 
disposição final adequada dos RSU. Na maioria das cidades, principalmente as de pequeno 
porte, os resíduos dos estabelecimentos comerciais também são coletados, tratados ou não, e 
dispostos pelas prefeituras. 
O sistema de limpeza urbana da cidade deve ser institucionalizado segundo um modelo de 
gestão que, tanto quanto possível, seja capaz de: 
 promover a sustentabilidade econômica das operações; 
 preservar o meio ambiente; 
 preservar a qualidade de vida da população; 
 contribuir para a solução dos aspectos sociais envolvidos com a questão. 
Em todos os segmentos operacionais do sistema deverão ser escolhidas alternativas que 
atendam simultaneamente a duas condições fundamentais: 
 sejam as mais econômicas; 
 sejam tecnicamente corretas para o ambiente e para a saúde da população. 
O modelo de gestão deverá não somente permitir, mas sobretudo facilitar a participação da 
população na questão da limpeza urbana da cidade, para que esta se conscientize das várias 
 89 
atividades que compõem o sistema e dos custos requeridos para sua realização, bem como se 
conscientize de seu papel como agente consumidor e, por conseqüência, gerador de lixo. A 
consequência direta dessa participação traduz-se na redução da geração de lixo, na 
manutenção dos logradouros limpos, no acondicionamento e disposição para a coleta 
adequados, e, como resultado final, em operações dos serviços menos onerosas. 
 
O sistema de limpeza urbana da cidade pode ser administrado das seguintes formas: 
 diretamente pelo Município; 
 por empresa pública específica; 
 por empresa de economia mista criada para desempenhar especificamente essa função. 
 
Independente da forma de administração é consenso entre os especialistas da área que o 
sistema de limpeza urbana deve ser sustentado pela população, cabendo à prefeitura cobrar 
uma taxa específica, denominada taxa de coleta de lixo. No entanto, a remuneração do sistema 
de limpeza urbana, realizada pela população em quase sua totalidade, não se dá de forma 
direta, nem os recursos advindos do pagamento de taxas de coleta de lixo domiciliar podem 
ser condicionados exclusivamente ao sistema, devido à legislação fiscal. Da mesma forma, a 
prefeitura não pode cobrar dos moradores a varrição e a limpeza da respectiva rua por ser um 
serviço indivisível. É preciso, portanto, que a prefeitura garanta, por meios políticos, as 
dotações orçamentárias que sustentem adequadamente o custeio e os investimentos no 
sistema. 
O sistema de limpeza urbana, de um modo geral, consome de 7 a 15% do orçamento do 
município. Há uma tendência, no país, de as prefeituras remunerarem os serviços de limpeza 
urbana através de uma taxa, geralmente cobrada na mesma guia do Imposto Predial e 
Territorial Urbano – IPTU –, quase sempre usando a mesma base de cálculo, que é a área do 
imóvel. Essa é uma prática inconstitucional, que vem sendo substituída por diversas outras 
formas de cobrança, não havendo ainda um consenso quanto à maneira mais adequada de 
fazê-lo. Tem-se tentado correlacionar a produção de lixo com consumo de água, de energia 
elétrica, testada do terreno etc. Só mesmo uma reforma tributária poderá instrumentalizar os 
municípios a se ressarcirem, de forma socialmente justa, pelos serviços de limpeza urbana 
prestados à população. 
Torna-se necessário, então, contrariar a tendência de relegar a planos não prioritários os 
serviços de limpeza urbana que, por conta disso, recebem menos recursos que os necessários. 
Se não for possível a remuneração adequada do sistema, ficará prejudicada a qualidade dos 
serviços prestados e o círculo vicioso não se romperá. A limpeza urbana será mal realizada, 
pois não disporá dos recursos necessários, e a população poderá não aceitar as taxas por não 
contar com serviços de qualidade. 
A prefeitura precisa arcar, durante algum tempo, com o ônus de um aumento da carga 
tributária, se isso for necessário, até que o quadro se reverta com a melhoria da qualidade dos 
serviços prestados. A cobrança pelos serviços ainda está longe de ser uma prática geral, uma 
vez que 46,5% dos municípios afirmaram não realizar cobrança pelos serviços regulares de 
limpeza urbana (SNIS, 2010). 
 
 90 
4.1. Caracterização dos RSU 
4.1.1. Caracterização Quantitativa 
Como apresentado anteriormente, os resíduos sólidos urbanos (RSU) compreendem os 
resíduos domiciliares, compostos por materiais secos (recicláveis ou não) e molhados (matéria 
orgânica), produzidos pelas atividades domésticas diárias tais como: restos de alimentos, 
embalagens vazias, lixo sanitário, etc.; e pelos resíduos de limpeza urbana formado por 
materiais provenientes dos serviços de limpeza urbana (areia, solo, galhos, resíduos de poda 
de árvores e gramados, folhas, etc.). 
A "geração per capita" relaciona a quantidade de resíduos urbanos gerada diariamente e o 
número de habitantes de determinada região. Em levantamento realizado pela Secretaria 
Nacional de Saneamento Ambiental, em 2008, a produção média de RSU no Brasil foi de 
0,98 kg hab
-1
 d
-1
. Sendo os percentuais coletados em relação ao tamanho da população do 
município apresentados na Tabela 12. 
Parece importante comentar que o indicador médio encontrado foi de 0,98 kg hab
-1
 d
-1
, 
com viés de alta dado pelo peso do valor encontrado para a população acima de 3.000.000 de 
habitantes. Sem os 2 municípios desta faixa, Rio de Janeiro e São Paulo, o valor médio reduz-
se para 0,90 kg hab
-1
 d
-1
. Valores elevados como aqueles apresentados por Brasília-DF (2,37 
kg hab
-1
 d
-1
), Boa Vista-RO (2,84 kg hab
-1
 d
-1
) e Angra dos Reis-RJ (3,45 kg hab
-1
 d
-1
), foram 
expurgados do cálculo da média. 
Um erro muito comum cometido por alguns técnicos é correlacionar a geração per capita 
somente ao resíduo domiciliar, em lugar de correlacioná-la também aos resíduos da limpezaurbana. Os valores comumente utilizados para estimar as quantidades produzidas de resíduos 
pela população estão apresentados na Tabela 13. 
 
Tabela 12. Massa de resíduos coletada per capita em relação à população urbana, segundo 
porte dos municípios. 
Faixa populacional 
Resíduos domiciliares + 
resíduos de limpeza urbana 
Resíduos domiciliares 
kg hab
-1
 d
-1
 
< 30.000 0,75 0,54 
30.001 a 100.000 0,75 0,55 
100.001 a 250.000 0,79 0,60 
250.001 a 1.000.000 0,90 0,71 
1.000.001 a 3.000.001 1,01 0,76 
> 3.000.001 1,26 0,87 
Média 0,98 0,75 
Fonte: SNIS (2010). 
 
 91 
Tabela 13. Faixas mais utilizadas para quantificação da geração per capita de resíduos. 
Tamanho da cidade População Urbana Geração per capita (kg ha
-1
 d
-1
) 
Pequena < 30 mil 0,5 
Média 30 mil a 500 mil 0,5 a 0,8 
Grande 500 mil a 5 milhões 0,8 a 1,0 
Megalópole > 5 milhões > 1,0 
Fonte: Monteiro et al. (2001). 
 
5.1.2. Caracterização Qualitativa 
5.1.2.1. Composição Gravimétrica 
Representa o percentual de cada componente em relação ao peso total da amostra de 
resíduo analisada. Os componentes mais utilizados na determinação da composição 
gravimétrica dos RSU são: Matéria orgânica, Papel, Papelão, Plástico filme, Plástico rígido, 
Vidros, Metais, Outros (couro, trapo, cerâmica, madeira, etc.). 
Esse tipo de composição simplificada, embora possa ser usado no dimensionamento de 
uma usina de compostagem e de outras unidades de um sistema de limpeza urbana, não se 
presta, por exemplo, a um estudo preciso de reciclagem ou de coleta seletiva, já que o 
mercado de plásticos rígidos é bem diferente do mercado de plásticos maleáveis, assim como 
os mercados de materiais ferrosos e não-ferrosos. 
A composição dos RSU varia em função de vários fatores. Assim, na literatura são 
encontrados valores também bastante variados. Na Tabela 14 está apresentada a composição 
gravimétrica média para os resíduos domiciliares produzidos no Brasil segundo Pereira Neto 
(2007a). 
 
Tabela 14. Composição gravimétrica média dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. 
Material % em peso Material % em peso 
Matéria orgânica 64 Plástico Rígido 2,0 
Papel 8,5 Metais 1,5 
Papelão 5,0 Vidro 1,5 
Plástico Filme 2,7 Outros 14,8 
Fonte: Pereira Neto (2007a). 
 
5.1.2.2. Peso Específico 
Peso específico aparente é o peso do lixo solto em função do volume ocupado livremente, 
sem qualquer compactação. Sua determinação é fundamental para o dimensionamento de 
equipamentos e instalações. Na ausência de dados mais precisos, podem-se utilizar os valores 
de 230 kg m
-3
 para o peso específico dos resíduos domiciliares sem compactação e de 800 a 
1.200 kg m
-3
 com compactação. 
 
5.1.2.3. Compressibilidade 
Capacidade de redução do volume da massa de lixo quando submetido a uma força de 
compressão. Quando submetido a uma pressão de 4,0 kg cm
-2
, o volume do resíduo pode ser 
reduzido de 1/3 a 1/4 do seu volume original e há um aumento do peso específico de 200 para 
1.000 kg m
-3
. 
 92 
 
5.1.2.4. Umidade 
Representa o percentual de água, em peso, contida na massa de resíduos quando úmida, 
que no período chuvoso alcança entre 40 e 60%. A umidade favorece o processo de 
decomposição da matéria orgânica e aumenta a produção de chorume, além de proporcionar 
um aumento no peso específico. 
 
5.1.2.5. Poder Calorífico 
Capacidade potencial de um material desprender determinada quantidade de calor quando 
submetido à queima (Tabela 15), ou seja, é a quantidade de energia em calorias produzida 
pela combustão de 1 kg de material. 
 
Tabela 15. Poder calorífico de alguns resíduos sólidos. 
Material Poder calorífico (kcal kg
-1
) 
Bagaço de cana (50% de umidade) 1.800 
(a)
 
Casca de eucalipto 3.750 
(a)
 
Carvão vegetal 7.500 
(a)
 
Álcool 5.500 
(a)
 
Casca de arroz 3.300 
(a)
 
Casca de coco 4.000 
(a)
 
Casca de soja 3.300 
(a)
 
Casca de algodão 3.000 
(a)
 
Madeira de pinho (seca ao ar) 3.500 
(a)
 
Papel 4.200 
(a)
 
Borracha 4.000 
(a)
 
RSU (25% de umidade) 3.600 
(b)
 
RSU 2.431 
(c)
 
Fonte: 
(a)
 Aalborg (2011); 
(b)
 Cançado et al. (2007); 
(c)
 Paro et al. (2008). 
 
5.1.2.6. pH 
Com a degradação da matéria orgânica presente nos resíduos sólidos há produção de 
ácidos orgânicos que reduzem o valor do pH do meio. Em geral situa-se na faixa de 5 a 7. 
 
5.1.2.7. Composição química 
A composição química consiste na determinação dos teores de cinzas, matéria orgânica, 
carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e 
gorduras. A relação carbono/nitrogênio indica o grau de decomposição da matéria orgânica 
presente nos resíduos durante os processos de tratamento/disposição final. Em geral, essa 
relação encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1. Quanto maior a relação menos degradável é o 
material. 
 
 93 
5.1.2.8. Propriedades biológicas 
São aquelas determinadas pela população microbiana e pelos agentes patogênicos 
presentes nos resíduos que, ao lado das suas características químicas, permitem que sejam 
selecionados os métodos de tratamento e disposição final mais adequados. 
O conhecimento das características biológicas dos resíduos tem sido muito utilizado no 
desenvolvimento de inibidores de cheiro e de retardadores ou aceleradores da decomposição 
da matéria orgânica, normalmente aplicados no interior de veículos de coleta para evitar ou 
minimizar problemas com a população ao longo do percurso dos veículos. Da mesma forma, 
estão em desenvolvimento processos de destinação final e de recuperação de áreas degradadas 
com base nas características biológicas dos resíduos. 
 
5.1.3. Influência das características dos resíduos sólidos na gestão integrada 
Na Tabela 16 é apresentado um quadro-resumo descrevendo as principais características 
dos resíduos sólidos e sua importância no processo de gerenciamento dos resíduos. 
 
Tabela 16. Quadro-resumo sobre a importância das propriedades dos resíduos sólidos no 
gerenciamento destes. 
Características Importância 
Geração per capita 
Projetar as quantidades de resíduos a coletar e a dispor, bem como as 
etapas envolvidas no processo (usinas, aterros, veículos, etc.). 
Composição 
gravimétrica 
Aproveitamento das frações recicláveis para comercialização e da 
matéria orgânica para a produção de composto. 
Peso específico Dimensionamento da frota de coleta. 
Teor de umidade 
Velocidade de decomposição da matéria orgânica no processo de 
compostagem, influencia o poder calorífico e o peso específico dos 
resíduos e para quantificação da produção de chorume. 
Compressibilidade Dimensionamento de veículos coletores. 
Poder calorífico 
Dimensionamento e capacidade de aproveitamento por processos de 
tratamento térmico (incineração). 
pH 
Proteção contra a corrosão a ser usado em veículos, equipamentos, 
contêineres e caçambas metálicas. 
Composição química 
Ajuda a indicar a forma mais adequada de tratamento para os 
resíduos coletados. 
Características 
biológicas 
Inibidores de cheiro e de aceleradores e retardadores da 
decomposição da matéria orgânica presente no resíduo. Formas de 
tratamento e disposição final. 
 
5.1.4. Fatores que influenciam as características apresentadas pelos resíduos sólidos 
A quantidade e a qualidade dos RSU produzidos dependem de vários fatores entre os quais 
se destacam: nível cultural, social e econômico da população, datas festivas (natal, dia das 
mães, páscoa, carnaval, etc.), épocas do ano (verão e inverno), localização das cidades 
 94 
(turismo) e pontos de acumulação de pessoas (estádios de futebol, shopping, locais destinados 
a feiras, apresentações, etc.). 
Os principais fatores que exercem forte influência sobre as características dos resíduos 
estão listados na Tabela 17. 
 
Tabela 17. Fatores ambientais e sociais que influenciam as características apresentadas pelos 
RSU. 
Fatores Influência o 
Climáticos 
Chuvas Aumentodo teor de umidade. 
Outono Aumento do teor de folhas. 
Verão 
Aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros 
e plásticos rígidos). 
Épocas especiais 
Carnaval 
Aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros 
e plásticos rígidos). 
Natal/Ano Novo/ 
Páscoa 
Aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos 
maleáveis e metais) e aumento de matéria orgânica. 
Dia dos Pais/Mães 
Aumento de embalagens (papel/papelão e plásticos 
maleáveis e metais) e aumento de matéria orgânica. 
Férias escolares 
Esvaziamento de áreas da cidade em locais não turísticos 
e aumento populacional em locais turísticos. 
Demográficos População urbana 
Quanto maior a população urbana, maior a geração per 
capita. 
Socioeconômicos 
Nível cultural 
Quanto maior o nível cultural, maior a incidência de 
materiais recicláveis e menor a incidência de matéria 
orgânica. 
Nível educacional 
Quanto maior o nível educacional, menor a incidência de 
matéria orgânica. 
Poder aquisitivo 
Quanto maior o poder aquisitivo, maior a incidência de 
materiais recicláveis e menor a incidência de matéria 
orgânica. 
Desenvolvimento 
tecnológico 
Introdução de materiais cada vez mais leves, reduzindo o 
valor do peso específico aparente dos resíduos. 
Lançamento de novos 
produtos 
Aumento de embalagens. 
Promoções de lojas 
comerciais 
Aumento de embalagens. 
Campanhas 
ambientais 
Redução de materiais não-biodegradáveis (plásticos) e 
aumento de materiais recicláveis e, ou, biodegradáveis 
(papéis,metais e vidros). 
Fonte: Monteiro et al. (2001). 
 
4.2. Acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos 
Acondicionar os RSU significa prepará-los para a coleta de forma sanitariamente adequada 
e compatível com o tipo e a quantidade de resíduos. 
Entre os recipientes mencionados e considerando a adequação para acondicionamento do 
resíduos domiciliar, merecem destaque: sacos plásticos, contêineres de plástico e contêineres 
metálicos. 
 95 
A qualidade da coleta e transporte dos RSU depende da forma adequada do seu 
acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes no local, dia e horários 
estabelecidos pelo órgão de limpeza urbana para a coleta. A população tem, portanto, 
participação decisiva nesta operação. 
A importância do acondicionamento adequado está em: 
 evitar acidentes; 
 evitar a proliferação de vetores; 
 minimizar o impacto visual e olfativo; 
 reduzir a heterogeneidade dos resíduos (no caso de haver coleta seletiva); 
 facilitar a realização da etapa da coleta. 
 
O acondicionamento, além do simples ato de armazenar temporariamente o resíduo 
produzido, deve ser utilizado como parte inicial e principal do processo de conscientização da 
população para as questões ambientais, principalmente em relação à separação dos resíduos 
entre os recicláveis e não recicláveis ou, simplesmente, entre resíduos secos (papel, vidro, 
plástico, metais, etc.) e molhados (matéria orgânica). A separação dos resíduos na residência é 
passo importante para dar início ao processo de reciclagem dos resíduos. 
 
4.3. Coleta e Transporte dos resíduos sólidos urbanos 
Coletar significa recolher os resíduos acondicionados por quem os produziu e encaminhá-
los em transporte adequado a um eventual tratamento e, ou, disposição final. 
A coleta e o transporte dos RSU são de responsabilidade da prefeitura municipal por meio 
do órgão público ou terceirizado encarregados da limpeza urbana. A coleta deve ser efetuada 
sempre nos mesmos dias e horários, regularmente. Somente assim os cidadãos habituar-se-ão 
e serão condicionados a colocar os recipientes ou embalagens de acondicionamento nos locais 
de coleta, sempre nos dias e horários em que o veículo coletor irá passar, não deixando os 
resíduos expostos nas ruas. 
A percentagem de resíduos sólidos coletados nas áreas urbanas do Brasil em 2009 chegou 
a 88% (Tabela 18). 
 
Tabela 18. Índice evolutivo da coleta de RSU por região e no Brasil (%). 
Região 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 
Norte 85,33 85,33 88,12 88,67 66,71 69,07 71,28 73,56 78,70 80,12 
Nordeste 63,87 63,87 65,69 66,96 66,73 67,86 68,68 69,51 73,45 75,37 
Centro-oeste 82,86 82,86 84,06 84,00 83,94 84,37 85,16 85,96 90,36 89,15 
Sudeste 90,09 90,09 91,06 91,29 91,43 91,52 91,78 92,04 96,23 95,33 
Sul 80,84 80,84 81,33 81,99 82,24 82,51 83,01 83,51 90,49 90,74 
Brasil 80,87 80,87 82,15 82,71 82,06 82,06 82,68 83,30 87,94 88,15 
Fonte: PNAD (2009); ABRELPE (2009). 
 
A coleta dos RSU pode ser dos seguintes tipos: 
 Coleta normal: é aquela em que a população põe os resíduos sem nenhum tipo de 
separação em local determinado para ser coletado pelo veículo responsável pela coleta. 
 96 
 Coleta seletiva porta a porta: a população é responsável pela separação dos materiais 
recicláveis existentes nos resíduos domésticos para que posteriormente os mesmos sejam 
coletados. A coleta é feita de forma diferenciada em função dos resíduos separados, 
geralmente secos (recicláveis) e molhados (matéria orgânica). 
 Coleta em pontos de entrega voluntária (PEVs): Consiste na instalação de contêineres ou 
recipientes em locais públicos para que a população possa fazer o descarte dos materiais que 
foram separados em suas residências. 
 Coleta por meio de catadores: as pessoas individualmente ou associadas em cooperativas 
recolhem nas ruas, residências e lixões os materiais possíveis de serem reciclados. 
 
A coleta seletiva é praticada em 54,4% dos municípios, constatando-se que cresce 
claramente a proporção dos que fazem coleta seletiva segundo cresce o porte do município. 
Vale ressaltar que não se tem informações sobre a abrangência dessa coleta seletiva em cada 
município, podendo a mesma ocorrer somente em uma pequena parte como também em parte 
significativa do município. A forma predominante de realização da coleta seletiva é porta-a-
porta, com 91,0% das iniciativas. Do outro lado tem-se a coleta seletiva em postos de entrega 
voluntária que nasce mais tímida e assim permanece em todas as faixas populacionais 
(tamanho do município), mantendo uma relação de aproximadamente 50% sobre o montante 
da coleta porta-a-porta da respectiva faixa de população. Exceto para os municípios de São 
Paulo e Rio de Janeiro, que emprega somente a coleta em postos específicos (SNIS, 2010). 
Os veículos de coleta e transporte de resíduos podem ser desde simples tratores acoplados 
com carretas até caminhões compactadores (Figura 29). Os caminhões do tipo basculante, baú 
ou carroceria compõem 45,8% da frota informada, seguidos dos caminhões compactadores 
que chegam a 43,4% do total (Tabela 19). Dos demais, que somam 10,8%, destaca-se o trator 
agrícola com reboque que tem nos municípios de até 30 mil habitantes o seu maior índice de 
utilização (17,5%). Já o uso de carroças merece ser destacado nos municípios de 100 a 250 
mil habitantes, que mostrou uma taxa de 7,9% (SNIS, 2010). 
 
 97 
 
 
 
 
Figura 29. Exemplos de veículos utilizados no transporte de resíduos sólidos: (A) caminhão 
basculante; (B) caminhão compactador; (C) poliguindaste para entulho; (D) transporte de 
resíduos do serviço de saúde; (E) pá carregadeira; e (F) trator com carreta. 
 
Tabela 19. Taxa de incidência na frota de coleta de RSU, por tipo de veículo, segundo porte 
dos municípios. 
Faixa 
populacional 
Caminhão 
compactador 
Caminhão 
basculante, baú 
ou carroceria 
Caminhão 
Poliguidaste 
Trator 
agrícola 
com 
reboque 
Tração 
animal 
< 30.000 29,1 48,8 1,6 17,5 3,1 
30.001 a 100.000 45,4 37,3 3,7 11,4 2,2 
100.001 a 250.000 44,5 37,6 4,7 5,3 7,9 
250.001 a 1.000.000 50,0 41,0 4,1 3,8 1,1 
1.000.001 a 3.000.001 44,4 53,4 1,8 0,4 0,0 
> 3.000.001 33,8 55,6 2,5 8,1 0,0 
Total 43,4 45,8 3,3 5,4 2,0 
Fonte: SNIS (2010). 
 
A coleta que utiliza caminhões com trituradores/compactadores de resíduos aproveita 
melhor a capacidade do veículo transportador, reduzindo os custos de transportee consumo 
de energia. A principal desvantagem desse tipo de transporte é que promove uma acentuada 
mistura dos resíduos. Assim, a parte orgânica fica ainda mais ligada à parte inorgânica, o que 
causa dificuldades numa eventual etapa de tratamento posterior, por exemplo, a triagem de 
materiais recicláveis ou o aproveitamento da parte orgânica para a compostagem ou 
reciclagem do conteúdo energético (Tenório e Espinosa, 2004). Além disso, devido à 
(A) (B) 
(C) (D) 
(E) (F) 
 98 
compressão dos resíduos, pode haver vazamento de chorume nas vias públicas. A utilização 
de caminhão do tipo basculante (sem compactação) pode dificultar o trabalho de coleta por 
apresentar carroceria bastante elevada. Além disso, trafega geralmente cheio e sem proteção, 
facilitando o espalhamento do lixo pela ação do vento. 
A escolha do meio de transporte vai depender do tipo de resíduo, da quantidade produzida, 
características viárias, facilidade de acesso, tipo de pavimentação e topografia, 
disponibilidade financeira do município e condições para manutenção dos equipamentos. 
Devem transportar o material de modo a evitar a sua visualização, evitando assim a emanação 
de gases, contato com vetores, queda do material durante o transporte e entrada de água. 
Num processo de gestão integrada de resíduos sólidos de nada adianta a conscientização da 
população em relação à separação dos resíduos nas residências e, posteriormente, o transporte 
em caminhões compactadores. Como o próprio conceito, a gestão deve ser integrada, onde 
cada etapa ou elo da cadeia deve ser implantado para que não haja desmotivação dos 
participantes, principalmente da população geradora de resíduos, parte fundamental do 
processo integrado de gestão. 
Não se consegue conceber um programa de gestão integrada de resíduos sem se 
implementar um processo de educação ambiental junto à população geradora e um programa 
de coleta seletiva dos resíduos sólidos. 
Uma vez idealizado o sistema de coleta seletiva visando à reciclagem, do ponto de vista 
operacional o esclarecimento da comunidade envolvida torna-se etapa crítica. Essa atividade 
inicia-se antes mesmo do início da coleta e se perpetua enquanto ela existir. Dependendo da 
clareza, objetividade e abrangência, a população pode se sentir motivada a participar do 
programa. 
Qualquer programa de conscientização e engajamento passa pelo conceito dos “quatro 
erres” (4Rs) Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar – anteriormente denominado 3Rs, 
englobando apenas os três últimos procedimentos. 
Assim, na implantação de um sistema de gestão de resíduos sólidos, faz-se necessário uma 
visão educativa no sentido de reduzir a quantidade de resíduos encaminhados à destinação 
final e a possibilidade de comercialização dos materiais passíveis de serem reciclados. O 
argumento central dos 4Rs é o de que devemos repensar a questão “resíduos sólidos”, 
diminuir a quantidade de resíduos gerados, o que se faz – como indivíduos – consumindo 
menos, evitando compras desnecessárias e optando por produtos que tenham menor volume 
de embalagem. Evita-se, assim, inclusive, a reciclagem que consome energia e trabalho. Cabe 
aqui uma diferenciação importante dos conceitos: enquanto a reutilização pode ser feita em 
casa, como uma opção individual, a reciclagem é um processo industrial, que inclui os 
materiais descartados em um novo ciclo de produção. 
A proposta dos 4Rs pode ser adotada para sensibilizar e mobilizar indivíduos e grupos. 
Ajuda, didaticamente, a compreender como a problemática dos resíduos nas sociedades 
contemporâneas pode ser enfrentada. Mas exige que se vá adiante, discutindo mais 
profundamente este tema, com um olhar socioambiental e o envolvimento da indústria e do 
comércio no debate sobre a geração e o destino dos resíduos e definindo o papel de cada ator 
no processo de gestão integrada. 
No processo de mudança de atitudes pela sociedade, em relação aos resíduos da produção e 
consumo, bem como na aplicação do princípio dos 4Rs (Repensar, Reduzir, Reutilizar e 
 99 
Reciclar) através da educação ambiental, busca-se massificar no cotidiano das pessoas as 
mudanças comportamentais necessárias para a devida preservação do meio ambiente. Para 
tanto, cabe discutir a importância da coleta seletiva por intermédio de metodologia que 
desperte para a sensibilização, a informação e a mobilização das comunidades por meio de 
ações educativas diversificadas, entre estas: palestras, ciclo de vídeos, oficinas, temáticas, 
teatro, cursos e outros. 
No entanto, a contínua necessidade de crescimento econômico através do consumo do 
sistema capitalista gera um “falso” combate ao problema do lixo. A política dos 4Rs muito 
divulgada nos meios de comunicação tenta estabelecer um determinado tipo de conduta em 
relação aos resíduos produzidos pelo homem. O enfoque inicial da política dos 4Rs estava nas 
ações de redução e reutilização do lixo para se construir uma via na busca por uma relação 
homem-meio ambiente mais harmônica. A reciclagem seria apenas o último passo neste 
processo de “minimização” dos resíduos. Porém, devido aos interesses econômicos a política 
dos 4Rs foi modificada para que a reciclagem passasse a ser a principal ferramenta e não mais 
uma coadjuvante. Atualmente, o que se vê são ações paliativas em relação aos resíduos que 
não promovem o processo de conscientização em relação à diminuição do consumo e a 
reutilização de materiais, e sim, promovem a reciclagem como a melhor forma de combater o 
problema, dando a idéia de que se pode consumir o quanto quiser desde que se recicle tudo o 
que puder. 
 
4.4. Tratamento dos resíduos sólidos urbanos 
Define-se tratamento como uma série de procedimentos destinados a reduzir a quantidade 
ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja impedindo descarte de lixo em ambiente ou 
local inadequado, seja transformando-o em material inerte ou biologicamente estável. 
Os procedimentos adotados para o tratamento dos resíduos são, de forma geral, bastante 
limitados (Tenório e Espinosa, 2004) e variam em função das características dos resíduos. 
Cabe ao município escolher, dependendo das condições locais, o melhor conjunto de 
operações de manejo. Assim, não existem sistemas clássicos de gerenciamento de resíduos 
sólidos urbanos. 
O tratamento mais eficaz é o prestado pela própria população quando está empenhada em 
reduzir a quantidade de resíduo, evitando o desperdício, reaproveitando os materiais, 
separando os recicláveis em casa ou na própria fonte e se desfazendo dos resíduos que produz 
de maneira correta. Além desses procedimentos, existem processos físicos e biológicos que 
objetivam estimular a atividade dos micro-organismos que decompõem a matéria orgânica 
causadora de poluição. As usinas de incineração ou de reciclagem e compostagem interferem 
sobre essa atividade biológica até que ela cesse, tornando o resíduo inerte e menos poluente. 
 
5.4.1. Usinas de triagem e compostagem (UTC) 
Nos últimos anos a reciclagem tem ganhado muita importância como método de 
tratamento de resíduos sólidos. A palavra reciclagem tornou-se bastante popular. Do ponto de 
vista do cidadão a reciclagem tem sido a única alternativa para o problema dos resíduos. 
Infelizmente, não existe um padrão de coleta e de reciclagem consagrado. Reciclagem é um 
conceito vago, a respeito do qual todos acham que têm um entendimento claro, até que o 
comecem a praticá-lo (Tenório e Espinosa, 2004). 
 100 
Ao contrário do que intuitivamente se poderia acreditar, os custos dos programas de coleta 
seletiva não são cobertos pela arrecadação com as vendas dos produtos, o que se observa em 
todo o mundo. O custo líquido do processo de coleta seletiva por tonelada é maior que o custo 
do simples aterramento do resíduo. Consequentemente, a decisão de adotar um determinado 
programa de coleta seletiva é uma questão mais de gestão de resíduos do que de 
gerenciamento.O grande desafio para implantação de programas de reciclagem é buscar um 
modelo que permita a sua autossustentabilidade econômica. 
Apesar do elevado custo, a reciclagem propicia as seguintes vantagens: 
 Preservação de recursos naturais; 
 Economia de energia; 
 Economia de transporte (pela redução de material que demanda o aterro); 
 Geração de emprego e renda; 
 Conscientização da população para as questões ambientais. 
A reciclagem ideal é aquela proporcionada pela população que separa os resíduos 
recicláveis em casa, descartando apenas o material orgânico. O material reciclável que se 
encontra misturado a matéria orgânica pode ser separado em uma usina de reciclagem através 
de processos manuais e eletromecânicos. De qualquer forma, o material separado em geral é 
sujo, com terra, gordura e vários outros tipos de contaminantes. Por isso o beneficiamento 
correto desse material pelas indústrias é muito oneroso. 
A UTC é uma unidade industrial, onde se faz a separação dos materiais passíveis de serem 
reciclados, da matéria orgânica e dos rejeitos. Esta unidade é composta de uma área de 
recepção, mesa de triagem, pátio de compostagem, baias de armazenamento dos recicláveis, 
unidade de tratamento dos efluentes, valas de aterramento dos rejeitos e unidade 
administrativa com sanitários e refeitório (Figura 30). 
A recepção deve ser coberta para evitar o umedecimento da massa de resíduos e o piso 
revestido com concreto, circundada por drenos das águas de chuva. Na recepção é feita a 
aferição do peso ou volume por meio de balança ou cálculo estimativo. Pode ser necessário o 
armazenamento em silos ou depósitos adequados com capacidade para o processamento de, 
pelo menos, um dia. 
Entre a recepção e a mesa de triagem, tem-se uma moega que pode ser metálica ou de 
alvenaria, com a finalidade de conduzir os resíduos para a triagem. A mesa de triagem pode 
ser metálica com esteira de movimentação mecânica ou de concreto. Ao redor da mesa de 
triagem os operadores fazem a separação dos recicláveis, que são inicialmente armazenados 
em tambores ou sacos. Geralmente a primeira posição é ocupada por um "rasga-sacos", a 
quem também cabe a tarefa de espalhar os resíduos na esteira de modo a facilitar o trabalho 
dos outros catadores. Os operadores devem ser posicionados ao longo da esteira de catação, 
ao lado de dutos ou contêineres, separando no início da esteira os materiais mais volumosos 
como papel, papelão e plástico filme para que os materiais de menor dimensão (latas de 
alumínio, vidro, etc.) possam ser visualizados e separados pelos catadores no final da linha. 
Ainda, no final da mesa de triagem, faz-se a separação dos rejeitos (material proveniente de 
sanitários e outros não viáveis para a reciclagem) da matéria orgânica. 
Posteriormente, os materiais recicláveis são compactados em prensas hidráulicas e 
armazenados em fardos prontos para serem comercializados. Os rejeitos são conduzidos para 
as valas de aterramento e a matéria orgânica para o pátio de compostagem, permanecendo por 
 101 
120 dias para a maturação do composto orgânico que poderá ser utilizado como condicionante 
de solo e como adubo no cultivo e na revegetação de áreas degradas e de nascentes. 
Com relação aos processos de seleção, estes podem ser instalados de forma isolada ou 
associados entre si. As usinas simplificadas geralmente contam apenas com as esteiras de 
catação, enquanto usinas mais sofisticadas possuem outros equipamentos que separam 
diretamente os materiais recicláveis ou facilitam a catação manual. Entre estes podem ser 
citados as peneiras, os separadores balísticos, os separadores magnéticos e os separadores 
pneumáticos. 
Há ainda a possibilidade, em unidades menores (até 5 t h
-1
), de se substituir a esteira de 
catação por uma mesa de concreto, com pequena declividade e abas laterais que impedem o 
vazamento dos resíduos; estes são empurrados manualmente pelos catadores até o final da 
mesa, com auxílio de pequenas tábuas, ao mesmo tempo em que separam os recicláveis 
(Monteiro et al., 2001). 
 
 
Figura 30. Esquema simplificado de usina de triagem e compostagem. 
 
O balanço gravimétrico (em peso) das diversas frações dos RSU após o processamento em 
uma UTC, com uma unidade de compostagem acoplada, em geral mostra o aproveitamento 
expresso no fluxograma da Figura 31, de uma unidade hipotética, onde se pode observar que, 
de 100% do resíduo processado, apenas 12,6% serão transportados aos locais de destino final, 
desde que haja produção de composto orgânico. Assim mesmo, esse material é inerte, não 
poluente, pois a matéria orgânica residual, nele contida, já se encontra estabilizada, porque a 
maior parte foi transformada em composto orgânico. 
 
 102 
 
Figura 31. Fluxograma de processo e balanço de massa em uma Usina de Triagem e 
Compostagem (adaptado de Monteiro et al., 2001). 
 
5.4.1.1. Panorama da Reciclagem 
As atividades de reciclagem de resíduos sólidos urbanos no Brasil ainda registram índices 
insatisfatórios e apresentam alto potencial de ampliação para os próximos anos. No entanto o 
registro de determinados setores que representam alguns dos materiais recicláveis com índices 
de reciclagem mais expressivos demonstra que para esses materiais o Brasil conseguiu 
destacar-se perante o cenário mundial de reciclagem. 
Estudo realizado pelo IPEA (2010) estimou quais os benefícios, atuais e potenciais, 
gerados pela reciclagem dos principais materiais recicláveis. Esses benefícios foram definidos 
como a diferença entre os custos gerados pela produção a partir de matéria-prima virgem e os 
custos gerados para a produção dos mesmos bens a partir de material reciclável. Buscou-se 
incluir também os benefícios ambientais da reciclagem em relação à produção a partir de 
matéria-prima virgem. Os econômicos incluem primordialmente o custo evitado pela 
reciclagem em termos de consumo de recursos naturais e de energia. Já os benefícios 
ambientais são associados aos impactos sobre o meio ambiente devido ao consumo de 
energia, às emissões de gases de efeito estufa, ao consumo de água e à perda de 
biodiversidade. Apesar de inúmeras limitações em relação às fontes de informações 
consistentes e algumas diferenças nos métodos de cálculo entre os materiais, os valores 
apresentados na Tabela 20 devem ser entendidos como estimativas e utilizados com cautela. 
Entretanto, acredita-se que essas são as melhores e mais completas estimativas feitas até hoje 
sobre o tema. 
 
 103 
 
 
Tabela 20. Estimativa dos benefícios econômicos e ambientais gerados pela reciclagem (preços apresentados em Reais correntes de 2007). 
Materiais 
Benefícios relacionados ao 
processo produtivo (R$ ton
-1
) 
Benefícios (custos) associados à 
gestão de Resíduos sólidos (R$ 
ton
-1
) 
Benefício por 
tonelada (R$ 
ton
-1
) 
Quantidade disponível 
nos resíduos coletados 
(ton ano
-1
) 
Benefício 
potencial total 
(R$ mil ano
-1
) Benefícios 
econômicos 
Benefícios 
ambientais 
Coleta Disposição final 
Aço 127 74 
136 23 
88 1.014 89.232 
Alumínio 2.715 339 2.941 166 488.206 
Celulose 330 24 241 6.934 1.671.094 
Plástico 1.164 56 1.107 5.263 5.826.141 
Vidro 120 11 18 1.110 19.980 
Total 8.094.653 
Fonte: IPEA (2010). 
 
 
 79 
Embora os benefícios econômicos apareçam na Tabela 20 de forma relativamente mais 
significativa do que os benefícios ambientais, essa diferença se deve principalmente à limitação de 
dados específicos para a valoração ambiental de vários impactos ambientais. Apesar de o estudo 
considerar uma série de impactos, muitos outros, por falta de dados, deixaram de ser incluídos neste 
estudo, como a contaminação hídrica, a poluição atmosférica local e a geração de resíduos sólidos 
industriais. 
 
Alumínio 
As atividades de reciclagem de sucata de alumínio registradas no Brasil atingem quase vinte 
anos e os patamares alcançados são extremamentesignificativos. A partir de 2000 a quantidade 
reciclada de sucata de latas de alumínio caminhou para um nível próximo a 50% do total de 
alumínio reciclado. 
O Brasil é referência mundial em eficiência no ciclo de reciclagem de alumínio, com uma 
relação de 35,3% entre a quantidade de sucata recuperada e a quantidade de alumínio consumido 
pelo mercado interno em 2007. Este índice de reciclagem é superior à média mundial de 33,5%, 
porém corresponde a uma posição intermediária quando comparada com outros países (Reino 
Unido – 63,0%; Espanha – 41,7%; EUA – 41,4%; Alemanha – 37,5%, Itália – 37,0% e coréia do 
Sul – 36,3%) (ABRELPE, 2009). 
Em função de sua visibilidade e, principalmente, do seu curto ciclo de vida, a lata de alumínio 
aparece como um case de sucesso da reciclagem no Brasil. Em 2008, o país permaneceu na 
liderança mundial, atingindo o patamar de reciclagem de 91,5% do total de latas comercializadas no 
mercado interno. Porém, apresentou uma redução em relação ao ano anterior (Figura 32). O índice 
de reciclagem de latas de alumino é calculado através da divisão entre o consumo de sucata de 
alumínio desta origem, conforme processado pelas principais empresas recicladoras, pela 
disponibilidade de latas no mercado interno. 
 
0
20
40
60
80
100
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Anos
R
e
c
ic
la
g
e
m
 (
%
)
Argentina Brasil Europa EUA Japãp
 
Figura 32. Evolução dos índices de reciclagem de latas de alumínio (ABRELPE, 2009). 
 
Outro fator relevante e que favorece a reciclagem do alumínio é o preço relativamente elevado 
pago pelo produto (Tabela 21). 
 
 80 
Tabela 21. Preço de materiais reciclados por tonelada em Reais (R$) em algumas cidades 
brasileiras para o mês de janeiro de 2011. 
Estados/ 
Cidades 
Papelão 
Papel 
Branco 
Latas 
de Aço 
Alumínio 
Vidro 
Incolor 
Vidro 
Colorido 
Plástico 
Rígido 
PET 
Plástico 
Filme 
Longa 
Vida 
Espírito Santo 
Guarapari 270
PL
 170
L
 140
L
 2.800
L
 - - 500
PL
 800
PL
 500
PL
 100
P
 
Mato Grosso do Sul 
Brasilândia 110
PL
 100
PL
 70
L
 2.000
L
 - - 600
L
 550
PL
 350
PL
 100
PL
 
Minas Gerais 
Barão de 
Cocais 
280
PL
 280
PL
 200
PL
 300
L
 200
L
 200
L
 400
PL
 1.000
PL
 800
PL
 180
PL
 
Itabira 500
PL
 450
PL
 230
PL
 2.400
PL
 250
L
 180
L
 1000
PL
 1.500
PL
 1.200
PL
 477
PL
 
Pernambuco 
Jaboatão dos 
Guararapes 
290
PL
 320
PL
 290 2.200
L
 140 120 1.200
PL
 1.000
P
 1.000 - 
Rio de Janeiro 
Mesquita 250
L
 250
L
 170
L
 - 270 270 800
P
 1.200
P
 800
PL
 270
P
 
R. de Janeiro 300
PL
 250
L
 150
L
 2.400
L
 200
L
 200
L
 800
PL
 1.200
PL
 600
PL
 270
PL
 
Rio Grande do Norte 
Natal 280
L
 140
L
 - 2.000
L
 400 - 600
L
 450
L
 - - 
Rio Grande do Sul 
Canoas 320
P
 430
P
 160
P
 2.000 40 40 500 1.100
PL
 1.000
P
 120
P
 
Farroupilha 190 300 220 2.200 40 40 300 800 500 120 
Porto Alegre 340
PL
 550
PL
 160
PL
 2.400
PL
 60
L
 60
L
 500
PL
 1.100
PL
 450
P
 110
P
 
São Paulo 
Bauru 400
PL
 360
L
 250
L
 2.100
PL
 120
L
 120
L
 700
L
 1.200
PL
 800
PL
 180
PL
 
Guarujá 260
PL
 280
L
 150
L
 2.400
L
 70 50 1.400
L
 1.200
PL
 700
PL
 160
PL
 
São Bernardo 450
PL
 530
PL
 400
PL
 2.200
PL
 120 80 800
P
 1.100
P
 800
P
 270
P
 
Sergipe 
Aracaju 110
PL
 450
PL
 250
L
 1.500 30
L
 30
L
 600
L
 250
L
 600
PL
 - 
P = prensado; L = limpo; I = inteiro; C = cacos; UN = unidade. 
Fonte: www.cempre.org.br. 
 
Papel 
A reciclagem anual de papéis é indicada pela taxa de recuperação de papéis recuperáveis, cujo 
cálculo resulta da divisão da quantidade total de aparas consumidas no ano, a qual estabelece a 
quantidade mensurável de papéis realmente reciclados, pela quantidade total de papéis recicláveis 
consumidos no mesmo período. 
Em 2008, o Brasil apresentou uma taxa de consumo de papéis recicláveis de 50,8% e uma taxa 
de recuperação de 43,7%, resultando numa taxa global de 22,2%, a qual indica o percentual de 
reciclagem relativamente a todo o papel consumido no país no ano em apreço e não apenas aos 
passiveis de reciclagem (Figura 33) (ABRELPE, 2009). 
Pela série histórica brasileira nota-se que nos últimos cinco anos as taxas de recuperação de 
papéis recicláveis no país estão praticamente estabilizadas. A composição típica das aparas 
consumidas no Brasil é formada por papelão ondulado (60%). Este fator é determinante para o 
estabelecimento da taxa de recuperação de papéis recicláveis de cada ano, pois a taxa é influenciada 
diretamente pelo balanço entre a exportação e a importação de produtos em embalagens de papelão 
 81 
ondulado. Quando o país exporta maior quantidade de manufaturados neste tipo de embalagem do 
que as importa, a consequência é a queda da taxa de recuperação local (ABRELPE, 2008). 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
%
Taxa de consumo Taxa de recuperação Taxa global
 
Figura 33. Papéis Recicláveis: Taxas de Consumo, Taxas de Recuperação e Taxas Globais 
de reciclagem em 2008 (ABRELPE, 2009). 
 
Plástico 
Os dados disponíveis sobre a reciclagem de plásticos no Brasil retratam o universo da indústria 
de reciclagem mecânica dos plásticos, a qual converte os descartes plásticos pós-consumo em 
grânulos passíveis de serem utilizados na produção de novos artefatos plásticos. Nas Figuras 34, 35 
e 36 estão apresentadas a evolução do consumo de plásticos reciclados no Brasil, a evolução do 
índice de reciclagem de PET no Brasil, o tipo de plástico mais reciclado no país, e a comparação do 
índice de recuperação de PET no Brasil e em outros países. 
 
 
 
Figura 34. Evolução do consumo de plásticos reciclados no Brasil por tipo de plástico (ABRELPE, 
2009). 
 
 82 
0
10
20
30
40
50
60
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
R
e
c
ic
la
g
e
m
 (
%
)
AnosPET
 
Figura 35. Evolução do índice de reciclagem de PET no Brasil (%) (ABRELPE, 2009). 
 
76,0 74,8
61,9
67,5
70,1
48,1
35,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Japão Brasil Europa Austrália Argentina EUA Mexico
R
e
c
ic
la
g
e
m
 (
%
)
 
Figura 36. Índice de recuperação de PET no Brasil, na Europa e em alguns países (ABRELPE, 
2009). 
 
Vidro 
A reciclagem de vidros no Brasil concentra-se amplamente no segmento de embalagens e, assim, 
torna-se necessário e importante observar o perfil do destino das embalagens de vidro pós-consumo 
apresentada na Figura 37 e 38. É interessante a constatação que apenas 20% do vidro utilizado em 
embalagens teve destinação em aterros sanitários ou de forma ignorada. Se a parcela reciclada 
atingiu a casa dos 47%, a parcela reutilizada totalizou 33%, sendo que 24% correspondam a 
reutilizações consideradas indevidas, em geral como embalagens de produtos fabricados 
informalmente. Comercialmente, este reúso indevido é indesejável, mas do ponto de vista ambiental 
não significa um problema, uma vez que as embalagens assim utilizadas preservam seu potencial de 
reciclo. 
 
 83 
 
Figura 37. Perfil do destino das embalagens de vidro pós-consumo (retornáveis e não retornáveis - 
One Way) no Brasil (ABRELPE, 2009). 
 
 
Figura 38. Perfil do destino das embalagens de vidro não retornáveis (One Way) no Brasil 
(ABRELPE, 2009). 
 
Na Figura 39 está apresentada a evolução dos índices de reciclagem de vidro no Brasil de 2000 a 
2007. 
 
35
38
41
44
47
50
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
R
e
c
ic
la
g
e
m
 (
%
)
AnosVidro
 
Figura 39. Evolução dos índices de reciclagem de vidro no Brasil (ABRELPE, 2009). 
 
 84 
5.4.1.2. Compostagem 
A reciclagem tanto pode ser aplicada aos resíduos inertes (plásticos, vidros, metais, etc.) como 
aos resíduos orgânicos (restos de frutas, legumes e de alimentos em geral, folhas, gramas, etc.). A 
forma mais eficiente de reciclagem dos resíduos orgânicos é por intermédio de processos de 
compostagem. Toda a massa heterogênea de resíduos orgânicos presente nos resíduos sólidos 
(geralmentemaior que 60%) pode ser tratada (estabilizada) e transformada em fertilizante orgânico 
(humificada) para uso agrícola, eliminando, dessa forma, os vários problemas ambientais e 
sanitários associados a eles, contribuindo decisivamente para a melhoria da qualidade de vida da 
população. 
A compostagem é um processo natural de decomposição biológica de materiais orgânicos pela 
ação dos micro-organismos. Na compostagem a matéria orgânica é estabilizada, ou seja, chega a um 
estado tal que não se decompõe mais, ou se decompõe de forma muito lenta. São formadas 
moléculas orgânicas que não mais conseguem ser subdivididas pelos micro-organismos. O material 
produzido denominado de composto orgânico é rico em matéria orgânica e nutrientes. A 
compostagem, semelhante à reciclagem, traz benefícios como economia de energia e recursos 
naturais, geração de emprego e renda com a venda do composto e redução das quantidades a serem 
depositadas nos aterros, o que reduz o espaço necessário para disposição final. 
A decomposição é mais ou menos rápida, em função, principalmente, da característica do 
resíduo orgânico, ou seja, de sua estrutura molecular. Assim, materiais como serragem, materiais 
palhosos e secos apresentam mais resistência à decomposição que, por exemplo, os legumes. 
A biodegradação controlada dos resíduos orgânicos é uma medida necessária a fim de viabilizar 
o potencial de fertilização da matéria orgânica e de evitar os fatores adversos causados pela 
degradação descontrolada no meio ambiente. A forma mais eficiente de obter a biodegradação 
controlada dos resíduos orgânicos é por meio do processo de compostagem. 
O processo de compostagem é desenvolvido por uma população diversificada·de micro-
organismos e envolve necessariamente duas fases distintas; sendo a primeira de degradação ativa 
(necessariamente termofílica) e a segunda de maturação ou cura. Na fase de degradação ativa, a 
temperatura deve ser controlada a valores termofílicos, na faixa de 45 a 65°C. Já na fase de 
maturação ou cura, na qual ocorre a humificação da matéria orgânica previamente estabilizada na 
primeira fase, a temperatura do processo deve permanecer na faixa mesofílica, ou seja, menor que 
45°C (Pereira Neto, 2007b). 
 
5.4.1.2.1. Fatores que afetam o processo de compostagem 
Como um processo biológico, a compostagem é influenciada por todos os fatores que 
comumente afetam a atividade microbiológica. Dentre esses fatores, citam-se a seguir os principais: 
 Umidade; 
 Oxigenação; 
 Temperatura; 
 Concentração de nutrientes; 
 Tamanho das partículas; 
 pH. 
Vale mencionar que esses parâmetros apresentam limites que são, nesse caso, uma imposição 
técnica e operacional do processo. 
 
 85 
Umidade 
Devido à necessidade de se obter uma configuração geométrica definida nas leiras ou pilhas de 
compostagem, bem como de manter uma porosidade adequada à passagem livre do ar para 
oxigenação do material, a umidade fica restringida a um valor máximo, situado no entorno de 60%. 
Sabe-se que alguns materiais como, por exemplo, os vegetais secos, vão requerer índices de 5 a 10 
pontos percentuais maiores. 
 
Oxigenação 
A oxigenação da leira de compostagem pode ser efetuada por processos artificiais (mecânicos) 
ou naturais (reviramentos). A aeração tem por finalidade básica suprir a demanda de oxigênio 
requerida pela atividade microbiológica e atuar como agente de controle da temperatura. 
Para os processos simplificados de compostagem, a aeração é efetuada em função das 
características da matéria-prima por meio de ciclos predeterminados de reviramento. O reviramento 
das leiras de compostagem pode ser manual ou mecânico, com o auxílio de uma pá-carregadeira ou 
de um trator específico para essa finalidade. O ciclo de reviramento, quer para os resíduos orgânicos 
urbanos ou agrícolas, situa-se, em média, a dois reviramentos por semana. O calor resultante da 
oxidação biológica da matéria orgânica, principalmente devido à oxidação do carbono, é retido na 
leira devido às características isolante-térmicas da matéria orgânica. Durante o reviramento, o calor 
é liberado para o meio ambiente na forma de vapor de água. Nesse momento, faz-se a correção da 
umidade, por meio da distribuição uniforme de água na massa de compostagem, de modo a repor a 
perda de água do sistema. 
 
Temperatura 
A temperatura constitui-se em um dos fatores mais indicativos da eficiência do processo. O valor 
médio ideal da temperatura nos processos de compostagem é de 55°C, temperaturas acima de 65°C 
devem ser evitadas por causarem a eliminação dos micro-organismos mineralizadores, responsáveis 
pela degradação dos resíduos orgânicos. 
A manutenção de temperaturas termofílicas (45-65°C) controladas, na fase de degradação ativa 
(1ª fase do processo), é um dos requisitos básicos, uma vez que somente por meio desse controle é 
que se pode conseguir o aumento da eficiência do processo, ou seja, o aumento da velocidade de 
degradação e a eliminação dos micro-organismos patogênicos. 
 
Concentração de nutrientes 
Os micro-organismos necessitam da presença de macro e micronutrientes para o exercício de 
suas atividades metabólicas. Dentre os nutrientes usados pelos micro-organismos, dois são de 
extrema importância, quais sejam: o carbono e o nitrogênio, cuja concentração e disponibilidade 
biológica de ambos afetam o desenvolvimento do processo. Por isso, esses dois elementos se 
constituem fatores limitantes nos processos de compostagem. 
O carbono (C), dentre outras funções, é a fonte básica de energia para as atividades vitais dos 
microrganismos. Por sua vez, o nitrogênio (N) é a fonte básica para a reprodução protoplasmática 
dos micro-organismos. A atividade de degradação dos resíduos orgânicos na leira de compostagem 
está diretamente relacionada à reprodução celular microbiana. Na ausência de nitrogênio, não há 
reprodução celular. 
A relação C:N satisfatória para a obtenção de uma alta eficiência nos processos de tratamento 
biológico dos resíduos sólidos orgânicos deve situar-se no entorno de 30:1. Em geral, os resíduos 
palhosos (vegetais secos) são fontes de carbono; já os legumes (frescos) e os resíduos fecais se 
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caracterizam por serem fontes de nitrogênio. Desse modo, para que se consiga alta eficiência no 
processo, é importante que a relação C:N seja criteriosamente balanceada. 
Na compostagem da fração orgânica do RSU a relação C:N já se encontra dentro da faixa ótima 
de projeto, isto é, de 30 a 40:1. Na prática, tanto a fração orgânica dos RSU como o lodo de esgotos 
e o esterco são ótimos materiais para auxiliar a compostagem dos materiais palhosos. A proporção, 
prática, em peso, de mistura desses materiais é de 70% de material palhoso para 30% de esterco ou 
resíduo orgânico domiciliar. 
 
Tamanho das partículas 
O tamanho médio das partículas de matéria orgânica que compõe a massa de compostagem 
também exerce grande influência no período de compostagem. Antes da montagem da leira de 
compostagem, os resíduos devem ser submetidos a uma correção do tamanho das partículas, o que 
favorece a vários outros fatores, como: homogeneização da massa de compostagem; melhoria da 
porosidade; menor compactação; e maior capacidade de aeração. 
Na prática, o tamanho das partículas da massa de compostagem deve situar-se entre 1 e 5 cm. 
 
pH 
O pH é tido como um parâmetro que afeta os sistemas de compostagem. Alguns trabalhos 
citados pela bibliografia especializada registram que a faixa ótima para a compostagem deve situar-
se entre 6,5 a 8,0. Entretanto, outros trabalhos, indicam que a compostagem pode ser desenvolvida 
com uma faixa bem mais ampla de pH, entre 4,5 a 9,5, e que os valores extremos são 
automaticamente regulados pelos micro-oganismos por meio da degradação de compostos que irão 
produzir subprodutos ácidos ou básicos em função da necessidade do meio (Pereira Neto, 2007a). 
Geralmente,

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