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41ª RAPv – REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO Fortaleza, CE - 3 a 5 de outubro de 2012 AVALIAÇÃO DA IRREGULARIDADE LONGITUDINAL APLICADA À EXECUÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO DA PISTA DE POUSO E DECOLA GEM DA CONSTRUÇÃO DO NOVO AEROPORTO INTERNACIONAL DA GRANDE NATAL Filipe A. C. Nascimento 1; Bruno B. M. Leitão 2; André L. L. Toledo 3 & Antonio C. R. Guimarães 4 RESUMO O presente trabalho apresenta resultados de ensaios de Irregularidade Longitudinal (IRI) através equipamento laser RSP (Road Surface Profiler), bem como a apresentação do Boeing Bump Index (BBI) da pista de pouso e decolagem da construção do Novo Aeroporto Internacional da Grande Natal. As características físicas e mecânicas das camadas do pavimento serão estudadas, relacionando-as com os índices citados. Dessa forma, serão avaliadas e descritas as técnicas construtivas da pavimentação em vigor na obra, cujo parâmetro fora determinante para a obtenção do elevado grau de qualidade nas observações laboratoriais. PALAVRAS-CHAVE: Irregularidade Longitudinal, Boeing Bump Index, Características Mecânicas, Técnicas de Pavimentação. ABSTRACT This paper presents test results from assays of Longitudinal Irregularity (IRI) using RSP (Road Surface Profiler) laser equipment, as well as the presentation of the Boeing Bump Index (BBI) of the runway of Natal New International Airport construction. The physical and mechanical characteristics of the pavement layers will be studied, relating them to the mentioned rates. Thus, will be evaluated and described the pavement construction techniques in the work force, which was a crucial parameter for obtaining high quality observations in the laboratory. KEY WORDS: Longitudinal Irregularity, Boeing Bump Index, Mechanical Characteristics, Pavement Techniques. 1 1º Batalhão de Engenharia de Construção: Rua Tonheca Dantas, 463 – Penedo – Caicó/RN. filipeacn@yahoo.com.br 2 1º Batalhão de Engenharia de Construção: Rua Tonheca Dantas, 463 – Penedo – Caicó/RN. leitao_bruno@hotmail.com 3 1º Grupamento de Engenharia: Avenida Epitácio Pessoa, 2205 – Tambauzinho – João Pessoa/PB. toledoandre@yahoo.com.br 4 Instituto Militar de Engenharia: Praça General Tibúrcio, 80 – Urca – Rio de Janeiro/RJ. guimarães@ime.eb.br INTRODUÇÃO No município de São Gonçalo do Amarante/RN encontra-se em construção um novo complexo aeroportuário com pista de pouso, pistas de taxiamento e pátio de estacionamento de aeronaves. O projeto de pavimentação prevê a utilização do solo laterítico do local da obra como camada de sub- base do pavimento flexível em CBUQ. O referido solo apresenta características geotécnicas que atendem a todos os requisitos de projeto. Para a camada de base do pavimento aeroportuário foi prevista uma camada de BGS – Brita graduada simples. Sobre a camada de BGS foram previstas duas camadas em CBUQ: a primeira, binder, e a final, capa. As camadas de aterro da terraplenagem, sub-base e base recebem a energia de compactação Proctor Modificado (100%). Figura 1. Camadas de pavimento da pista de pouso e decolagem As camadas executadas em concreto asfáltico (CA) tiveram seus traços definidos pelo método Marshall, tradicional para a elaboração de projeto e de controle de qualidade de misturas betuminosas usinadas a frio ou a quente. A primeira fase do projeto consiste em estabelecer uma composição granulométrica de agregado que se enquadre numa faixa especificada. Em seguida, procura-se determinar a quantidade de cimento asfáltico, que misturado ao agregado, proporcione uma mistura que atenda os requisitos das especificações. Foi utilizada como base a especificação de projeto SGA. 01/800.82/01260/0, o Anexo 14 da ICAO, Manual de procedimentos da INFRAERO – MP – 22.04(MNT) e a Instrução de Aviação Civil – Normativa – IAC 4302. O município de São Gonçalo do Amarante situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Macaíba, limitando-se com os municípios de Ceará-Mirim, Extremoz, Natal, Macaíba e Ielmo Marinho, abrangendo uma área de 261 km². A sede do município tem uma altitude média de 15 m e apresenta coordenadas 05°47.34,8 de latitude sul e 35°19.44,4 de longitude oeste, distando da capital cerca de 16 km, sendo seu acesso, a partir de Natal-RN, efetuado através da rodovia pavimentada RN-160. O município possui um clima do tipo tropical chuvoso com verão seco e estação chuvosa adiantando-se para o outono, precipitação pluviométrica média anual de 1.177,4 mm, período chuvoso de fevereiro a setembro, temperatura média anual em torno de 27,0ºC e umidade relativa média anual de 76% (IDEMA, 1999). Quanto à pedologia os solos predominantes são: Latossolo Vermelho-amarelo Distrófico, Solos Aluviais Eutróficos e Solos Indiscriminados de Mangues. O município de São Gonçalo do Amarante encontra-se inserido geologicamente na Província da Borborema, sendo constituído pelos litotipos do Complexo Presidente Juscelino (A23 j), da Formação Seridó (NP3 ss) da Suíte Natal (NP3 2n), dos sedimentos do Grupo Barreiras (ENb) e pelos depósitos Colúvio-eluviais (NQc), de Pântanos (Qpm) e Aluvionares (Q2a), como pode ser observado no Mapa geológico (IDEMA, 1999). Figura 2. Localização município de São Gonçalo do Amarante - RN (Fonte: Google Maps 2012) Figura 3. Mapa geológico do estado do RN (Fonte:IDEMA-1999) METODOLOGIA Irregularidade Longitudinal (IRI) e Boeing Bump Ind ex (BBI) Para o levantamento da irregularidade longitudinal na pista de pouso e decolagem do Novo Aeroporto Internacional da Grande Natal, houve o levantamento de uma extensão total de 32,56 km, dividida em 11 faixas de 2,96 km cada, constituídas do eixo da pista mais 5 faixas construtivas de cada lado (direito e esquerdo). O sistema de medida utilizado foi com equipamento com sensores sem contato do tipo laser. O RSP (Road Surface Profiler), Mark III Dynatest 5051, equipamento utilizado para esta avaliação, teve sua calibração efetuada antes dos ensaios, regida pelas especificações das normas DNER-PRO 164/94 – Calibração e controle de sistemas medidores de irregularidade de superfície de pavimento e DNER-ES 173/86 – Método de nível e mira para calibração de sistemas medidores de irregularidade tipo resposta. O equipamento manteve-se, durante os ensaios, a uma velocidade de 40 km/h, realizando leituras a cada 0,102 metros ao longo de todo o trecho. Para uma melhor avaliação da irregularidade longitudinal, as medidas foram obtidas a cada 3 metros, contrastando com os 200 metros normalmente utilizados para as avaliações em rodovias. Os procedimentos estiveram alinhavados com a norma DNER-PRO 182/94 – Medição da irregularidade de superfície de pavimento com sistemas integradores IPR/USP e maysmeter. Figura 4. Equipamento utilizado Figura 5. Croqui esquemático do levantamento Após o processamento das frequências de IRI (Índice de Irregularidade Internacional) pelo equipamento, conceituou-se a faixa estudada de acordo com a tabela abaixo. Para fins de estudo, separou-se os dados em Lado Direito (faixas 1 a 5), Lado Esquerdo (Faixas 1 a 5) e Eixo Central. Após este levantamento categorizado, apanhou-se os dados para uma avaliação global da pista. Tabela 1. Conceituação de IRI (Fonte: Pinto & Preussler (2001)) CONCEITO FAIXA (m/km) Excelente 1,0 – 1,9 Bom 1,9 – 2,7 Regular 2,7 – 3,5 Ruim 3,5 – 4,6 Péssimo > 4,6 Por fim, de posse dos resultados dos perfis de irregularidade longitudinal, calculou-se os Boeing Bump Index (BBI) para cada faixa estudada, com seus respectivos Bump Height, Bump Length e os limites aceitáveis da norma FAA Advisory Circular nº 150/5380-9 - Guidelines and Procedures for Measuring Airfield Pavement Roughness. Ciente do conceito do BBI, que é a razão entre o Bump Height e seu limite de aceitação, torna-se necessária a apresentação do critério abaixo. Figura 6. Critérios de aceitação de um evento isolado de Bump Height Calculado o BBIde cada evento, ele é considerado aceitável se for menor que 1,0, de acordo com a norma FAA AC nº 150/5380-9. 0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 10.00 12.00 14.00 16.00 18.00 20.00 0 10 20 30 40 50 60 Bump Length, meters B u m p H ei gh t, cm 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Bump Length, Feet B um p H ei gh t, in Unacceptable Acceptable Excessive FAA Standard of Construction -Straightedge Tolerance (0.25 in per 16 ft) FAA Standard for Temporary Transitions During Construction (1.0 in per 15 ft) FAA Design Standard - Maximum Vertical Curve Group C and D Características Geotécnicas e Mecânicas Foram moldados corpos-de-prova de dimensões 10 x 20 (cmxcm), com energia equivalente à do ensaio proctor modificado, e realizados ensaios de módulo resiliente. Os ensaios de deformação permanente foram conduzidos em corpos-de-prova moldados com energia equivalente ao ensaio proctor modificado, e com variados estados de tensão. A frequência de aplicação do carregamento foi de 1 Hz e o número de aplicação de ciclos foi maior ou igual a 150.000. Os ensaios de Módulo Resiliente foram realizados com os materiais das respectivas camadas colocados na sua umidade ótima, esta fornecida pelo executante da obra. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DO CONCRETO ASFÁLTICO Ligante O cimento asfáltico de petróleo (CAP) utilizado na mistura asfáltica é o CAP-50/70 da LUBNOR – Refinaria de Petróleo da PETROBRAS S.A. em Fortaleza-CE, confirmado pelos ensaios de caracterização previstos na norma DNIT 095/2006-EM – Cimentos asfálticos de petróleo – Especificação de material. Agregados Os agregados constituintes do concreto asfáltico na obra são o agregado graúdo (brita 25mm e brita 19mm), agregado miúdo (bica de ½” e areia artificial) e fíler (cimento Portland tipo CP II Z 32 RS). Todos foram caracterizados segundo os ensaios previstos nas especificações da obra (Abrasão “Los Angeles”, durabilidade, adesividade, índice de forma, densidade real, densidade aparente equivalente de areia e granulometria), cujos índices apresentaram-se satisfatoriamente. Mistura e dosagem Marshall O método Marshall foi utilizado para a elaboração do projeto e controle da qualidade das misturas asfálticas. Na obra, foram utilizadas duas dosagens de concreto asfáltico, sendo uma para binder tipo “A” (faixa 7) e outra para a capa tipo “A” (faixa 2). Seguem abaixo as faixas granulométricas e as características das dosagens. Tabela 2. Composição granulométrica do binder e da capa Série ASTM Abertura (mm) % em massa, passando Faixa 2 Projeto de mistura Camada superficial Faixa 7 Projeto de mistura binder 1” 25,4 100 100 100 100 ¾” 19,1 80-98 94 72-96 86 ½” 12,7 68-93 73 61-89 73 N° 4 4,8 45-75 53 38-66 49 N° 10 2,0 32-62 35 25-50 33 N° 40 0,42 16-37 20 12-28 17 N° 80 0,18 10-24 12 7-18 11 N° 200 0,075 3-8 7 3-7 5 Tabela 3. Traço de projeto do binder e da capa Camada Insumo Brita 25mm Brita 19mm Brita ½” Areia Artificial Cimento CAP Capa 14,00% 17,00% 67,00% - 2,00% 4,20% Binder 28,00% - 23,00% 48,00% 1,00% 3,50% Tabela 4. Características das misturas asfálticas da obra Características Camada superficial (tipo “A”) Binder (tipo “A”) Especificações INFRAERO Valores obtidos Especificações INFRAERO Valores obtidos Estabilidade mínima (kgf) 816 1.789 816 1.549 Fluência máxima (mm) 4 3,18 4 3,23 Vazios da mistura (Vv, %) 3-5 3,64 5-7 5,56 Relação betume-vazios 70-80 73 50-70 59,25 Moldagem do corpo de prova (golpes em cada face) 75 75 75 75 RESULTADOS DOS ENSAIOS Irregularidade Longitudinal (IRI) e Boeing Bump Ind ex (BBI) De posse dos resultados processados pelo equipamento RSP, cada faixa do lado direito (1 a 5) da pista de pouso e decolagem foi estudada separadamente e, para fins de estudo, foram agrupadas para tornar mais visível o resultado dos ensaios do lado direito (LD). Constata-se que 71,43% dos resultados estão dentro das faixas de classificação “Excelente” e “Bom”, conforme tabela e figura abaixo. Tabela 5. Frequência de resultados de IRI do lado direito (LD) da pista de pouso e decolagem BLOCO CONCEITO FREQUÊNCIA LD % % ACUMULADO 1,0 – 1,9 Excelente 1996 40,50% 40,50% 1,9 – 2,7 Bom 1524 30,93% 71,43% 2,7 – 3,5 Regular 848 17,21% 88,64% 3,5 – 4,6 Ruim 412 8,36% 97,00% > 4,6 Péssimo 148 3,00% 100,00% Da mesma maneira, cada faixa do lado esquerdo (1 a 5) da pista de pouso e decolagem foi estudada separadamente e, para fins de estudo, foram agrupadas para tornar mais visível o resultado dos ensaios do lado esquerdo (LE). Constata-se que 75,52% dos resultados estão dentro das faixas de classificação “Excelente” e “Bom”, conforme tabela e figura abaixo. Tabela 6. Frequência de resultados de IRI do lado esquerdo (LE) da pista de pouso e decolagem BLOCO CONCEITO FREQUÊNCIA LE % % ACUMULADO 1,0 – 1,9 Excelente 2210 44,83% 44,83% 1,9 – 2,7 Bom 1513 30,69% 75,52% 2,7 – 3,5 Regular 740 15,01% 90,53% 3,5 – 4,6 Ruim 333 6,75% 97,28% > 4,6 Péssimo 134 2,72% 100,00% O último bloco de estudo é o eixo central, que apresenta apenas uma única faixa, cujos resultados estão descritos abaixo. Nota-se que 84,89% dos resultados estão dentro das faixas de classificação “Excelente” e “Bom”. Tabela 7. Frequência de resultados de IRI do eixo central da pista de pouso e decolagem BLOCO CONCEITO FREQUÊNCIA EIXO % % ACUMULADO 1,0 – 1,9 Excelente 508 51,52% 51,52% 1,9 – 2,7 Bom 329 33,37% 84,89% 2,7 – 3,5 Regular 105 10,65% 95,54% 3,5 – 4,6 Ruim 35 3,55% 99,09% > 4,6 Péssimo 9 0,91% 100,00% Com os resultados dos três blocos de estudo bem semelhantes, a análise da pista de pouso e decolagem segue a mesma tendência, com 74,51% de dados classificados como “Excelente” e “Bom”, de acordo com a tabela e figura abaixo. Tabela 8. Frequência de resultados de IRI da pista de pouso e decolagem (PPD) BLOCO CONCEITO FREQUÊNCIA PPD % % ACUMULADO 1,0 – 1,9 Excelente 4714 43,47% 43,47% 1,9 – 2,7 Bom 3366 31,04% 74,51% 2,7 – 3,5 Regular 1693 15,61% 90,12% 3,5 – 4,6 Ruim 780 7,19% 97,32% > 4,6 Péssimo 291 2,68% 100,00% Após o processamento dos resultados de IRI apresentados, é possível calcular os valores de Bump Height e Bump Lenght para a determinação dos Boeing Bump Index (BBI) de cada faixa. Para efeito de estudo, será apresentado os valores consolidados de todas as faixas estudadas, tornando palpável o resultado da pista de pouso e decolagem como um todo. Evidencia-se 96,94% dos cálculos de BBI dentro da faixa aceitável da norma FAA AC nº 150/5380-9, ou seja, menor que 1,0. Tabela 9. Frequência de resultados de BBI da pista de pouso e decolagem (PPD) BLOCO FREQUÊNCIA LD FREQUÊNCIA LE FREQUÊNCIA EIXO FREQUÊNCIA TOTAL % % ACUMULADO 0,0 – 0,2 7726 7179 1676 16581 15,56% 15,56% 0,2 – 0,4 10554 9766 2103 22423 21,05% 36,61% 0,4 – 0,6 12842 12258 2658 27758 26,06% 62,67% 0,6 – 0,8 10971 11287 2094 24352 22,86% 85,53% 0,8 – 1,0 5128 6066 965 12159 11,41% 96,94% 1,0 – 1,2 1041 1556 162 2759 2,59% 99,53% 1,2 – 1,4 120 251 25 396 0,37% 99,90% > 1,4 33 67 3 103 0,10% 100,00% Características Geotécnicas e Mecânicas Nas tabelas a seguir são apresentados as características geotécnicas e índices físicos dos três tipos de materiais estudados neste trabalho, sendo eles o solo do subleito, o solo utilizado na sub-base e a brita graduada simples utilizada na base do pavimento. As tabelas abaixo tratam respectivamente dos índices físicos e da composição granulométrica dos materiais. Tabela 10. Índices Físicos dos Materiais da Obra Material LP LL IP (%) Solo do Subleito 13 18 5 Solo da Sub-base 17 NP NP Tabela 11. Composição Granulométrica dos Solos Composição Granulométrica (%) – Escala ABNT Material Solo Subleito Solo Sub-base Brita Base BGS Argila - < 0,002 (mm) 2,7 2,3 0,4 Silte - 0,002 – 0,06 (mm) 71,8 39,8 3,5 Areia Fina - 0,06 - 0,2 (mm) 25,5 43,4 5,2 Média - 0,2 – 0,6 (mm) - 14,5 8,9 Grossa - 0,6 – 2 (mm) - - 23,4 Pedregulho- 2 – 60 (mm) - - 58,6 A tabela a seguir apresenta as classificações dos materiais dos pavimentos flexíveis do Aeroporto, sendo que os solos do subleito e sub-base ambos apresentaram classificação Laterítico Arenoso (LA’), segundo a classificação MCT (Miniatura Compactado Tropical). Segundo a classificação USCS (Sistema Unificado de Classificação de Solos), o solo do subleito apresenta classificação de Areia siltosa (SM); o solo da sub-base, de Areia bem graduada siltosa (SW-ML); e, para a Brita Graduada, de Pedregulho bem graduado. Na classificação HRB, o subleito ficou enquadrado como um solo siltoso (A-4), que tem seu comportamento tido como regular a pobre; a sub-base, de areia argilosa (A-2-6); e o material da base, de pedra britada (A-1a). De acordo com esta classificação, os materiais tem comportamento excelente a bom. Tabela 12. Classificação MCT, USCS e HRB CLASSIFICAÇÃO SOLO SUBLEITO SOLO SUB-BASE BRITA BGS BASE MCT LA’ LA’ - USCS SM SW-ML GW HRB A-4 A-2-6 A-1a Os ensaios de Módulo Resiliente dos materiais das camadas de subleito, sub-base e base do pavimento flexível do Aeroporto foram realizados pelo laboratório da COPPE/UFRJ. Para modelagem da variação do MR com o estado de tensão, foram utilizadas três relações, denominadas equações 1, 2 e 3. A calibração destes modelos é apresentada em Motta e Medina (2005). �� = �� . � � .... (1) �� = �� . ��� .................................................. ...(2) � = �� . ���� . ���� .. ... . (3) onde: MR: módulo de resiliência (MPa); σ3: tensão confinante (MPa); σd: tensão desvio (MPa); k1, k2, k3: parâmetros de regressão. A tabela abaixo apresenta o resumo dos parâmetros de regressão e coeficientes de determinação para as três equações apresentadas, muito utilizadas no país, para relações de MR com os estados de tensão. Nota-se que os parâmetros da Equação (3), apresentam os valores mais elevados de R2, indicando que esta equação é a mais adequada para a descrição do comportamento resiliente dos materiais, principalmente no que se refere à simulação numérica. Tabela 13. Parâmetros de regressão e coeficientes de determinação para os três tipos de equações utilizadas Camada do Pavimento Modelo (Equação) k1 k2 k3 R 2 Subleito 1 664,21 0,016 - 0,02 2 828,8 0,0644 - 0,17 3 922,8 0,24 -0,18 0,89 Sub-base 1 477,68 0,1231 - 0,24 2 770,96 0,2648 - 0,73 3 834,8 0,4 -0,14 0,92 Base 1 481,69 0,4512 - 0,67 2 1070,7 0,6377 - 0,95 3 1140,7 0,56 -0,13 0,99 PROCESSOS CONSTRUTIVOS Um dos fatores preponderantes para a causa de irregularidades no pavimento é a técnica de construção adotada (KSAIBATI et. al., 1998). Portanto, serão enumerados os principais cuidados geométricos na execução da base do pavimento do aeroporto em vigor pelo executante. Base de Brita Graduada Simples Preparo da superfície A superfície a receber a camada de base de brita graduada, deve estar totalmente concluída, ser previamente limpa, além de ter recebido prévia aprovação por parte da fiscalização (controle tecnológico da terraplanagem). Marcação topográfica Após o preparo da superfície, é realizada a marcação topográfica, delimitando a faixa a ser executada (alinhamento) e o seu nivelamento. O nivelamento da linha guia é função da espessura da base a executar, obtida pela diferença de cotas entre a terraplanagem executada e a base de BGS de projeto. De posse da espessura da camada de base a ser lançada, é acrescido o percentual empolado (obtido em pista experimental). Na obra, obtivemos os seguintes valores: Tabela 14. Parâmetros de regressão e coeficientes de determinação para os três tipos de equações utilizadas As juntas de construção foram defasadas de 50cm em relação a camada executada e as larguras das faixas variam de 3,50m a 4,50m. Fator de conversão = � ������ ����������� ��� !��!��" (4) Porcentagem do empolamento = � � #!��$ �� ��%��$�ã� − 1" (100 (5) Espalhamento Antes do início do espalhamento, a superfície da camada é umedecida, de maneira a evitar a perda de umidade da BGS. O espalhamento é realizado através de vibroacabadora de esteiras, com capacidade de pavimentação de até 450 ton/h. Durante o espalhamento, é realizada a conferência do material solto com a utilização de réguas de alumínio. A referida régua é apoiada na superfície do material e projetada em direção à linha guia. Caso haja a necessidade de correção, esta deve ser realizada imediatamente antes da compactação, com o auxílio de ferramentas (carro de mão, pá e rastelo) e material. No início de cada jornada de trabalho, a equipe de topografia realiza a conferência do trecho em execução, para conferência e ajuste de possíveis variações do equipamento/material. Revestimento Asfáltico Distribuição e compactação da mistura Quando da chegada das caçambas ao local de lançamento, os pneus são umedecidos com uma mistura de óleo vegetal e álcool, para evitar a aderência do pneu à pintura de ligação. O lançamento é realizado através vibroacabadora de esteiras, dotada de alisadores e dispositivo de aquecimento (botijão de gás), para colocação da mistura sem irregularidade. Durante o lançamento, é conferida a espessura do material solto, com a utilização de réguas de alumínio, visando atingir a cota de projeto. Em pista experimental, foram calculados os valores percentuais do empolamento de cada mistura asfáltica (binder e capa). Na referida pista, foram definidos os parâmetros de compactação, conforme abaixo: a) Execução de juntas (transversais e longitudinais) com utilização de rolo de cilindro de 6,5 ton, sem de vibração; b) Rolagem de compactação com 02 (dois) rolos de pneus a 100 lbs e 02 (dois) rolos a 120 lbs (todos com 24 ton); c) Rolagem de acabamento com rolo tandem de 17,00 ton, na vibração baixa do equipamento e temperatura da massa em torno de 100°C. d) Esquema de padrão de rolagem, dotado de fresagem da junta longitudinal, execução de junta transversal e lançamento de concreto asfáltico. EQUIPAMENTO FATOR DE CONVERSÃO PORCENTAGEM DO EMPOLAMENTO Vibroacabadora de esteira 01 1,25 20% Vibroacabadora de esteira 02 1,40 29% Figura 7. Suporte e linha guia Figura 8. Controle topográfico da camada de base Figura 9. Compactação da brita graduada simples Figura 10. Fresagem da junta longitudinal Figura 11. Execução de junta transversal Figura 12. Lançamento do concreto asfáltico CONCLUSÃO Quanto à irregularidade longitudinal, pode-se extrair que, de maneira geral, as faixas apresentaram uma homogeneidade nos resultados, refletindo a padronização da execução das camadas do pavimento e seus respectivos materiais constituintes. Tal situação fora corroborada pelos elevados índices de conceituação encontrados, situados nas faixas “Excelente” e “Bom”. De maneira geral, pode-se dizer que 74,51% dos pontos da pista de pouso estão em bom nível de controle quanto à irregularidade longitudinal (71,43% nas faixas LD, 75,52% nas faixas LE e 84,89% no eixo central). Outro fator positivo aflorou nos cálculos do Boeing Bump Index (BBI), onde se obteve uma média geral de 1,73 cm em Bump Height, 2,95 m em Bump Lenght e 0,50 de BBI, ou seja, metade do limite máximo de aceitação pela norma FAA AC nº 150/5380-9, com 96,94% dos pontos dentro da faixa aceitável. Considerando apenas as variações do módulo resiliente em função apenas de uma das tensões de ensaio, o solo do subleito não apresentou bom enquadramento, enquanto que o material de sub-base apresentou enquadramento razoável (R2 = 0,73) para variação em função da tensão confinante. A norma FAA Advisory Circular nº 150/5320-6E – Airport Pavement Design and Evaluation se utiliza das Equações (6) ou (7), para estimar o módulo do solo do subleito (E), assumindo que seja de espessura infinita; desta maneira, correlaciona o valor do módulo com o CBR para utilizar no programa de dimensionamento FAARFIELD. Conformerelação da equação (7), o módulo do subleito seria fixo e no valor de 485,98 MPa. * = �+,, - ./�, (* 23 456) (6) * = �,, �8 - ./�, (* 23 �9:) (7) A partir das figuras abaixo, pode-se analisar o efeito simultâneo da tensão desvio e confinante, do subleito, sub-base e base. O elevado módulo resiliente do solo do subleito pode ser explicado parcialmente pela sua classificação MCT (LA´), mas provavelmente a umidade ótima de projeto não é exatamente a umidade ótima para a amostra de solo ensaiado em laboratório. Isto pode ter acontecido em função das mudanças de características físicas ao longo do perfil de ocorrência do solo de subleito. O módulo resiliente do subleito mostrou-se pouco dependente da tensão desvio, e mais dependente da tensão confinante, conforme pode ser constatado na figura 13. O módulo resiliente do material de sub-base mostrou-se dependente tanto da tensão desvio quanto da tensão confinante, conforme pode ser observado na figura 14. Analogamente o módulo resiliente do material de base mostrou-se dependente de ambas as tensões, apresentando valores bem baixos (abaixo de 150 MPa) para os níveis mais baixos de tensões utilizados no ensaio. Tal constatação não é incomum quando se trata de brita graduada simples, que constitui um tipo de material cujo comportamento resiliente é bastante dependente do enquadramento granulométrico. Figura 13. Módulo Resiliente do Subleito. Energia Proctor Modificado. Modelo Combinado. Figura 14. Módulo Resiliente da Sub-base. Energia Proctor Modificado. Modelo Combinado. Figura 15. Módulo Resiliente da Base. Energia Proctor Modificado. Modelo Combinado. Os gráficos que apresentam a variação do módulo resiliente em função de simultaneamente são mais adequados para a descrição do comportamento do material, entretanto uma melhor visualização dos resultados é observada quando se analisa a variação do módulo em função de cada uma das tensões isoladamente, caso das constatados os comentários feitos anteriormente. Figura 16. Análise comparativa do Módulo Resiliente variado em função da tensão desvio (σd de camadas. Energia Proctor Modificado Segundo KSAIBATI et. al. (1998), potencial fator na irregularidade longitudinal. materiais constituintes dessas camadas, seus elevados módulos resilientes compatibilizam energia Proctor Modificado nas camadas do pavimento incidência do evento estudado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DNER, 1986, Método de nível e mira para calibração de sistemas medidores de irregularidade tipo resposta. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Especificação de Serviço DNER 173/86. DNER, 1994, Calibração e controle de sistemas medidores de irregularidade de superfície de pavimento. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Procedimento DNER DNER, 1994, Medição da irregularidade de superfície de pavimento com sistemas integradores IPR/USP e maysmeter. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Procedimento DNER PRO 182/94. DNIT, 2006, Cimentos asfálticos de petróleo Transportes, Especificação de material FAA, 2009, Airport Pavement Design and Evaluation Circular nº 150/5320-6E. FAA, 2009, Guidelines and Procedures Aviation Administration, Advisory Circular nº 150/5380 IDEMA/RN, 1999, Informativo municipal Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande KSAIBATI, K. et al., 1998, A comparison of roughness measurements from laser and ultrasonic road profilers, Florida, FL, Estados Unidos da América MEDINA, J.; MOTTA L. M. G., 2005, Editora UFRJ. PINTO, Salomão; PREUSSLER, Ernesto, 2002, sobre pavimentos flexíveis. 2ª Edição Copiarte, Os gráficos que apresentam a variação do módulo resiliente em função de simultaneamente são mais adequados para a descrição do comportamento do material, entretanto uma melhor visualização dos resultados é observada quando se analisa a variação do módulo em função de cada uma das tensões isoladamente, caso das figuras abaixo, nos quais podem ser constatados os comentários feitos anteriormente. . Análise comparativa do Módulo Resiliente d) para os três tipos das. Energia Proctor Modificado Figura 17. Análise comparativa do Módulo Resiliente variado em função da tensão confinante ( tipos de camadas. Energia Proctor Modificado (1998), a compactação inicial inadequada da base ou do subleito agrega potencial fator na irregularidade longitudinal. De acordo com a caracterização mecânica dos materiais constituintes dessas camadas, seus elevados módulos resilientes compatibilizam rgia Proctor Modificado nas camadas do pavimento (subleito, sub-base e base) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Método de nível e mira para calibração de sistemas medidores de irregularidade tipo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Especificação de Serviço DNER Calibração e controle de sistemas medidores de irregularidade de superfície de . Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Procedimento DNER Medição da irregularidade de superfície de pavimento com sistemas integradores . Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Procedimento DNER Cimentos asfálticos de petróleo. Departamento Nacional de Infraestrutura de Especificação de material DNIT-EM 095/2006. Airport Pavement Design and Evaluation. Federal Aviation Administration, Guidelines and Procedures for Measuring Airfield Pavement Roughness dvisory Circular nº 150/5380-9. Informativo municipal. Município de São Gonçalo do Amarante. Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. A comparison of roughness measurements from laser and ultrasonic , Florida, FL, Estados Unidos da América. MEDINA, J.; MOTTA L. M. G., 2005, Mecânica dos Pavimentos. 2ª Edição, Rio de TO, Salomão; PREUSSLER, Ernesto, 2002, Pavimentação rodoviária: conceitos fundamentais ª Edição Copiarte, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Os gráficos que apresentam a variação do módulo resiliente em função de ambas as tensões simultaneamente são mais adequados para a descrição do comportamento do material, entretanto uma melhor visualização dos resultados é observada quando se analisa a variação do módulo em , nos quais podem ser Análise comparativa do Módulo Resiliente variado em função da tensão confinante (σ3) para os três tipos de camadas. Energia Proctor Modificado a compactação inicial inadequada da base ou do subleito agrega a caracterização mecânica dos materiais constituintes dessas camadas, seus elevados módulos resilientes compatibilizam-se com a base e base), diminuindo a Método de nível e mira para calibração de sistemas medidores de irregularidade tipo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Especificação de Serviço DNER-ES Calibração e controle de sistemas medidores de irregularidade de superfície de . Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Procedimento DNER-PRO 164/94. Medição da irregularidade de superfície de pavimento com sistemas integradores . Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Procedimento DNER- . Departamento Nacional de Infraestrutura de . Federal Aviation Administration, Advisory for Measuring Airfield Pavement Roughness. Federal . Município de São Gonçalo do Amarante. Instituto de do Norte, Natal, RN, Brasil. A comparison of roughness measurements from laser and ultrasonic . 2ª Edição, Rio de Janeiro-RJ, Pavimentação rodoviária: conceitos fundamentais
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