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1 Maryanna Dantas Questões de epidemiologia Questão 1: Prevalência Um investigador fez um estudo para conhecer qual a prevalência de infecção por Clamídia na população. Além disso, o pesquisador desejava saber qual a relação da prevalência com o uso de anticoncepcionais orais. Para isso, o investigador definiu a população em estudo, ou seja, a população-alvo, neste caso, as mulheres atendidas num determinado Serviço de Ginecologia de um Hospital Central. Em seguida, selecionou uma amostra de 200 mulheres. Posteriormente, o pesquisador escolheu as características que queria estudar através do registo da história de uso de anticoncepcionais orais no último ano. Realizou, também, swab vaginal para posterior exame microbiológico. O pesquisador demorou cerca de 6 meses para examinar todas as mulheres pertencentes à amostra. Os resultados obtidos foram: 1) 60 mulheres apresentavam história de uso de anticoncepcionais orais no último ano, tendo 20 delas exames de cultura para Clamídia positiva. 2) 140 mulheres não tinham história de uso de anticoncepcionais orais, apresentando 10 delas exames de cultura positivos. 3) 200 mulheres das quais 30 apresentaram exame de cultura positivo. a) Qual a Prevalência de mulheres que usam anticoncepcional com exame de cultura positivo? b) Qual a Prevalência de mulheres que não usavam anticoncepcional com exame de cultura positivo? Questão 2: Indicadores de Saúde Gerais e Específicos A população da região administrativa de Ribeirão Preto, estimada para 01/07/1196, foi de 1.635.000 habitantes, sendo 428.000 o número de mulheres entre 15 e 45 anos. Neste mesmo ano, houve 42.805 nascimentos vivos e 630 nascidos mortos. Ocorreram ainda 11.582 óbitos. - 41 óbitos por doenças ligadas à gestação, parto e puerpério; - 4068 óbitos por doenças cardiovasculares; -1160 óbitos por doenças infecciosas, das quais 488 por enterites e outras doenças diarreicas; - 6976 óbitos de indivíduos com idade maior ou igual a 50 anos; - 1968 óbitos de menores de 1 ano; Dadas as informações acima, calcule e interprete os dados: a) Qual o coeficiente geral de mortalidade? b) Qual o coeficiente geral de natalidade? c) Qual o coeficiente de mortalidade materna? d) Qual o coeficiente de mortalidade infantil? e) Qual o coeficiente de mortalidade específico por doenças infecciosas? f) Qual o coeficiente de mortalidade específico por doenças cardiovasculares? 2 Maryanna Dantas Questão 3: Indicadores de saúde, incidência e prevalência No município de Cajarana existiam no início de 2009, 100 casos de tuberculose pulmonar. No decorrer do ano foram diagnosticados 15 novos casos. A população total desse município é de 15.350 pessoas. Nesse mesmo ano morreram 15 pessoas por tuberculose, e cinco foram morar em outra cidade. Calcule: a) O coeficiente de letalidade da tuberculose nesse município no ano de 2009; b) Mortalidade por tuberculose nesse município no ano de 2009; c) A taxa de prevalência de tuberculose no ano de 2009; d) A taxa de incidência de tuberculose no ano de 2009. Questão 4: Indicadores de Saúde Os indicadores de saúde são ferramentas importantes por possibilitarem a descrição das condições de saúde de uma população, auxiliarem nas investigações epidemiológicas e principalmente por estabelecerem parâmetros para a avaliação da qualidade dos serviços de saúde. Assinale V para verdadeiro e F para falso nas alternativas abaixo: I. Os indicadores sócio-ambientais apresentam baixa influência no processo saúde- doença das populações. (F) II. O Coeficiente de Mortalidade Geral (CMG) mede o risco de se morrer especificamente por determinada causa numa população num ano de referência. (F) III. O Coeficiente de Mortalidade Materna é um indicador que precisa ser ajustado por um fator de correção devido a problemas de subregistro e subinformação. (V) IV. Para calcular do Coeficiente de Mortalidade Infantil devemos considerar no numerador o número de óbitos de crianças com menos de um ano e no denominador o número de partos. (F) V. É possível fazer comparações entre municípios utilizando o CMG independentemente da estrutura etária de suas populações. (F) a) F, F, V, F, F b) F, V, V, F, F c) F, V, F, F, V d) F, V, F, F, F Questão 5: Odds Ratio – Estudo de Caso Controle Para avaliar a influência do fumo passivo sobre o risco de câncer de pulmão, foi feito um estudo em que se mediu a frequência de câncer de pulmão em mulheres não fumantes, com marido fumante e não fumantes. O resultado mostrou um odds ratio (OR) de 1,8 para as mulheres com maridos fumantes em relação aos não fumantes. Interprete esse resultado. Questão 6: Incidência e Risco Relativo – Estudo de Coorte Em janeiro de 1974 a B.F. Goodrich Company notificou ao National Institute of Occupacional Safety and Health (NIOSH) 4 casos de angiosarcoma hepático, ocorridos deste 1967 em uma de suas fábricas industriais. Os casos ocorreram na força de trabalho de 500 trabalhadores da produção de PVC. Assumindo 10 anos de exposição ao risco para cada trabalhador e que ocorreram 27 casos em 10 anos em uma população de 200.000.000 de habitantes (EUA), calcule as incidências da doença nos trabalhadores da indústria e da população em geral. Calcule o risco relativo e comente o resultado. 3 Maryanna Dantas Questão 7: Indicadores de Saúde e Risco Relativo Estudo de coorte realizado em trabalhadores de meia-idade do comércio para investigar associação entre exercício físico e mortalidade por coronariopatias apresentou os seguintes resultados: Tabela 2 - Investigação sobre associação entre exercício físico e mortalidade por coronariopatias em trabalhadores do comércio. a) Calcule as taxas de mortalidade para os sedentários e não sedentários. b) Calcule o risco relativo e interprete o resultado. Questão 8: Odds Ratio Um estudo procurou avaliar se ser diabético era fator de risco para ter AVCI. Os resultados são mostrados na tabela abaixo. Calcule o OR e interprete o resultado. Questão 9: Erros Aleatórios O que é o erro aleatório e como pode ser reduzido? Questão 10: Erros Sistemáticos Quais são os principais tipos de erros sistemáticos em estudos epidemiológicos e como seus efeitos podem ser reduzidos? Questão 11: Risco Relativo versus Odds Ratio Em quais estudos o risco relativo (RR) e a razão de odds (RO) são utilizados? Quais as razões para utilizar o RR e a RO em determinado estudo, mas não em outro? 4 Maryanna Dantas Gabarito 1 – a) A prevalência revela a quantidade de indivíduos doentes. Nesse caso, percebe-se uma forte correlação entre o uso de ACO e mulheres com exames de cultura positivos para clamídia pois: em 60 mulheres, 20 testaram positivo, então 20/60 = 0,33 aproximadamente. Ou seja, a prevalência de infecção por clamídia nessa amostra é de 33%. b) Das 140 mulheres que não utilizaram ACO, 10 foram positivadas. Então: 10/140 = 0,071. Isso revela que 7,1% das mulheres sem administração de ACO foram positivadas. 2 – a) O coeficiente geral de mortalidade (CMG) equivale ao número total de óbitos no período dividido pela metade do total da população nesse mesmo período. Sendo assim: CMG = (n° total de óbitos no período/população total na metade do período) x 1000 CMG = (11.582 + 630)/1.635.000 x 1000 CMG = 7,47 óbitos por 1000 habitantes aproximadamente. b) O coeficiente geral de natalidade equivale ao número de nascidos vivos no período dividido pela população na metade desse mesmo período. Sendo assim: CGN = (n° total de nascidos vivos no período/população total na metade do período) x 1000 CNG = (42.805)/1.635.000 x 1000 CGN = 26,18 nascidos vivos por 1000 habitantes. c) O coeficiente de mortalidade materna (CMM) equivale ao número de óbitos maternos relacionados a gestação, parto e puerpério em um ano dividido pelo total de nascidos vivos durante o mesmo ano. Sendo assim: CMM = (n°óbitos maternosdiretos e indiretos em um ano/n°de nascidos vivos no período) x 100.000 CMM = (41/42.805) x 100.000 CMM = 95,78 óbitos maternos para 100.000 nascidos vivos. d) O coeficiente de mortalidade infantil equivale ao número de óbitos entre menores de um ano, inclusive o número de nascidos mortos, dividido pelo número de nascidos vivos no mesmo ano. Sendo assim: CMI = (n° de óbitos de menores de um ano/ n° de nascidos vivos no período) x 1000 CMI = (1968+630/42805) x 1000 CMI = 60,62 óbitos de menores de 1 ano para 1000 nascidos vivos. e) Os coeficientes de mortalidades específicos equivalem ao nº de óbitos pela causa específica, em determinado local e período dividido pela população total do mesmo local e período. Nesse caso, o coeficiente de mortalidade específico por doenças infecciosas é: 5 Maryanna Dantas CDI = (n°de óbitos por infecções/população total na metade do período) x 100000 CDI = (1160/1635000) x 100000 CDI = 70,95 mortes por doenças infecciosas para 100.000 habitantes. f) O coeficiente de mortalidade específico por doenças cardiovasculares equivale ao número de óbitos por essa causa em um período dividido pela população total nesse período. Sendo assim: CMDC = (n°de óbitos por doenças cardiovasculares/população total no período) x 100.000 CMDC = (4068/1635000) x 100000 CMDC = 248,81 óbitos por doenças cardiovasculares para 100.000 habitantes. 3 - a) A letalidade mede a severidade de uma doença e é definida como a proporção de mortes dentre aqueles doentes por uma causa específica em um certo período de tempo. Sendo assim, dentre os 115 doentes (100 casos antigos + 5 casos novos), 15 foram a óbito e 15/115 = 0,13. O coeficiente de letalidade nesse município foi de 13% no ano de 2009. b) A mortalidade por causa específica leva em consideração o número de óbitos por determinada causa em um período de tempo dentre a população total desse mesmo período. No caso, foram 15 mortes entre 15.345 pessoas, já que 5 emigraram, então 15/15.345 = 0,0009775 9,7 por 10.000 habitantes. c) A taxa de prevalência de tuberculose levará em consideração todos os 115 casos (100 antigos e 5 novos). Então, 115/15.345 = 0,007494 7,4 por 1000 habitantes. d) A taxa de incidência de tuberculose levará em consideração os novos casos. Sendo assim, 15/15.345 = 0,009775 9,7 por 10.000 habitantes. 4 – A 5 – Odds ratio (OR) é a razão entre a probabilidade de um evento ocorrer sobre a probabilidade dele não ocorrer. Nesse sentido, é como um risco da mesma doença acontecer em duas amostras com exposições distintas. Assim, um OR de 1,8 para as mulheres com maridos fumantes em relação aos não fumantes revela que as passivas apresentam 80% de chance a mais de desenvolver câncer de pulmão do que as casadas com não fumantes. O risco delas é 1,8 vezes maior. 6 – Incidência equivale aos casos novos ocorridos em um certo período de tempo em uma população específica. A incidência de angiosarcoma hepático nos trabalhadores da fábrica é de 4/500 0,008. Na população a incidência dessa doença é 27/200.000.000= 0,000000135. O risco relativo trata-se da razão entre a entre a ocorrência de doença no grupo exposto pela ocorrência de doença no grupo não exposto. Nesse caso, os funcionários foram expostos enquanto a população não foi exposta. Assim, 4/500 dividido por 27/200.000.000 = 59259,25. O risco relativo é de 59259, ou seja, o risco de ocorrer casos 6 Maryanna Dantas de angiosarcoma hepático entre trabalhadores dessa indústria é 59259 vezes maior do que o risco de ocorrer na população. 7 – a) A taxa de mortalidade entre os sedentários será de 400/5000 (total de sedentários) = 0,08, ao passo em que a taxa de mortalidade entre os não sedentários é de 80/2000 = 0,04. Isso quer dizer que 80 sedentários a cada 1000 habitantes virá a óbito por coronariopatias, enquanto 40 não sedentários a cada 1000 habitantes virá a óbito pela mesma causa. b) O risco relativo (RR), nesse caso, é a razão entre os riscos de morte dos dois grupos pela mesma causa. RR = 400/5000 dividido por 80/2000 400/5000 x 2000/80 800.000/40.000 = 2. Sendo assim, e considerando o exposto da alternativa anterior, o risco de morte entre os sedentários é duas vezes maior do que entre os não sedentários. 8 - O OR, nesse caso, será a razão entre a probabilidade de ocorrência de AVCI entre os diabéticos sobre a probabilidade de não ocorrência entre eles dividida pela razão entre a probabilidade de ocorrência de AVCI entre os não diabéticos sobre a probabilidade de não ocorrência entre eles. Sendo assim, considerando o total de diabéticos 34 e não diabéticos 240, a primeira razão (entre os diabéticos) é 22/34 dividido por 12/34 22/12 e a segunda (entre os não diabéticos) é 115/240 dividido por 125/240 125/115. Agora divide-se ambas para achar o OR: 22/12 dividido por 125/115 = 1,99. O OR, portanto, estabelece que o odds de diabéticos terem AVCI é praticamente o dobro do odds em não diabéticos. 9 – O erro aleatório é a diferença entre o valor medido da amostra e o verdadeiro valor da população. Nunca é possível eliminar totalmente os erros pois, por si só, a amostragem apresente variabilidades individuais. Porém, é possível reduzi-los sobretudo com o uso de protocolos rigorosos e de medidas individuais mais precisas possíveis. Vale ressaltar que, quanto maior a amostra, maior a chance de reduzir erros aleatórios, já que essa terá maior representatividade, ao passo em que é mais fidedigna à variedade populacional. 10 – Os erros sistemáticos ou vieses são utilizados para verificar a precisão do estudo. Eles ocorrem quando os resultados diferem sistematicamente dos verdadeiros valores e, quanto menores, maior a acurácia do estudo. Os principais são os viés de seleção e viés de mensuração, ou de classificação que considera a precisão das medidas individuais ou classificação da doença. Os vieses de seleção podem ser minimizados quando se realiza uma seleção rigorosa, que vise a menor discrepância entre os selecionados por meio de critérios, quando se leva em consideração o conhecimento da história natural, do manejo da doença e da alta taxa de resposta. Os de mensuração podem ser reduzidos por um bom delineamento de estudo, feito por meio de padronização diagnóstica e coleta de dados imparcial, ou seja, sem o conhecimento da doença do selecionado. 11 - O RR é utilizado em Estudos de Coorte enquanto o RO é utilizado em Estudos de Caso-Controle. O estudo de coorte envolve experiências de grupos expostos e não expostos a um determinado fator e sua razão deve englobar a ocorrência da doença em 7 Maryanna Dantas cada um desses grupos. Desse modo, o RR é o mais adequado. Já os casos controle são estudos que comparam um grupo de pessoas que sofrem de uma doença ou condição com um grupo que não sofre daquela doença ou condição. Sendo assim, ele precisa usar uma taxa que estabeleça uma razão entre as probabilidades dessa doença ocorrer e de não ocorrer. Essa razão é justamente o que determina o RO. Resta evidente, portanto, que, enquanto o RR engloba pessoas doentes ou afetadas por alguma condição, o RO compara uma amostra afetada a outra não afetada, sendo medidas de objetivos distintos.
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