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A Santa e O Lobisomem I. INTRODUÇÃO • Surge, a partir de um texto de Richard Schechner, o conceito de antropologia da performance > surge como um campo de estudo nas interfaces da antropologia e do teatro > campo de afinidades • Barthes reconhece o teatro como "uma prática que calcula o lugar olhado das coisas" e acredita-se que a antropologia pode ser reconhecida da mesma forma • Victor Turner produz um "desvio" metodológico em relação aos procedimentos antropológicos > ele sugere uma "anti-estrutura" que seja capaz de captar a intensidade da vida social sendo preciso compreendê-la desde as suas margens • Recriar o cosmos a partir do caos • Experiências de limiaridade suscitam efeitos de estranhamento em relação ao cotidiano • Segundo Turner, a vida social se movimenta a partir de um movimento dialético, envolvendo uma estrutura e uma "anti-estrutura" > esse fenômeno alimenta as práticas rituais • A subjetividade é responsável por caracterizar o estado performático como um "espelho mágico" > o fenômeno performático ritual e estético provoca algo que extrapola o real II. TRANSFORMAÇÃO DO SER E DA CONSCIENCIA • A performance suscita uma experiência limiar > trata-se de um estranhamento do "eu" que, no entanto, não se transforma simplesmente em "outro" > condição subjetiva que envolve uma capacidade de ser outro ("não-eu") e também requer um estranhamento de um "eu" vendo-se sendo visto de um outro lugar OBS: O estranhamento do "eu" não transforma o "outro" em uma experiência familiar • No teatro, o uso das máscaras produz um efeito de Montagem que produz um estranhamento da máscara em relação ao corpo do ator > a máscara modela e também desconstrói > a máscara produz uma transformação e relatividade das coisas na medida em que o corpo impede o esquecimento da impermanência da própria máscara Victor Turner concebe a ideia de liminaridade como o momento de margem dos ritos de passagem: fase na qual os sujeitos apresentam-se indeterminados, uma espécie de processo transitório de "morte" social para, em seguida, "renascerem" e reintegrar-se a estrutura social. Liminaridade pode ser concebida como um período transitório, uma condição na qual os sujeitos encontram-se destituídos de suas posições sociais anteriores, ocupando um "entre-lugar" indefinido na qual não é possível caracteriza-los plenamente III. INTENSIDADE DA PERFORMANCE • Em seus estudos sobre o processos de criatividade, Mihaly Csikszentmihaly aponta para a experiência de flow (fluxo) • O estado de fluxo representa um envolvimento total com a atividade que está sendo realizada > elimina-se a separação entre ação e consciência > produção de uma sensação holística > os momentos de maior intensidade das performances produzem o estado do flow Fluxo é um estado somático em que "as ações parecem seguir umas às outras de acordo com uma lógica interna sem necessidade de qualquer intervenção consciente de nossa parte". • Segundo Schechner, o estado de flow pode ser criado a partir de diferentes modos > associação a diversas estéticas • Formas estéticas interagem com ritos e dramas da vida social À esquerda sinaliza-se a esfera do drama social, subdividida em áreas de drama explícito (acima da linha) e estrutura retórica implícita (abaixo). À direita, em simetria, demarca-se a esfera do drama estético (de palco), repartida em regiões de performance manifesta (acima da linha) e processo social implícito (abaixo). Flechas indicam a natureza dinâmica das relações. • Trata-se de um processo de espelhamento interativo: dramas sociais espelham formas estéticas > pessoas, que se revelam como personas, performatizam suas vidas OBS: A ideia de a vida imita a arte tanto quanto a arte imita a vida percorre a obra de Victor Turner OBS 2: Turner elaborou o modelo drama social que lhe serviria como instrumento de análise ao longo da trajetória intelectual • Formulação da antropologia da performance e da antropologia da experiência • Van Gennep aponta que os ritos de passagem envolvem três "momentos" 1. Separação 2. Transição (liminares) 3. Reagregação • No drama social de Turner os momentos de Gennep se desdobram em quatro "momentos" 1. Ruptura 2. Crise e intensificação da crise 3. Ação reparadora 4. Desfecho (que leva à harmonia ou à cisão social) IV. INTERAÇÃO ENTRE PERFORMERS E PÚBLICO • O comportamento do público é relacionado a interação entre performer e público • As experiências liminares são particularmente relevantes na criação de um espaço de interrupção do cotidiano V. SEQUÊNCIA TOTAL DA PERFORMANCE • Schechner sugere sete momentos sequenciais no que se refere a performance 1. Treinamento 2. Oficinas 3. Ensaios 4. Aquecimento 5. Performance propriamente dita 6. Esfriamento 7. Desdobramentos • No estilo de Van Gennep, os momentos evocam um rito de passagem SEPARAÇÃO Treinamento Oficinas Ensaios Aquecimento TRANSIÇÃO Performance Propriamente Dita REAGREGAÇÃO Esfriamento Desdobramentos • A cultura popular diz muito a respeito do processo ritual, reformulando a sequência total da performance que se constitui VI. TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO PERFORMÁTICO • Não é um fenômeno que se transmite por meio de livros e textos escritos • A transmissão é algo que faz parte da experiência e do sensorial
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