Buscar

Chegada da família real ao Brasil - Processo de Emancipação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Chegada da família real ao Brasil
Napoleão tratou de organizar um poderoso exército com centenas de milhares de solados. O poderio militar terrestre não foi capaz de conter a superioridade naval da Inglaterra. A frustração de Napoleão no mar foi seguida de uma ousada estratégia: o Bloqueio Continental (1806). Para enfraquecer economicamente a Inglaterra, Napoleão estabeleceu que nenhum país do continente europeu poderia comercializar com os ingleses. O país que não res- peitasse a determinação teria o território invadido pelos soldados franceses. A situação da Coroa portuguesa era extremamente delicada – a dependência em relação à Inglaterra, oficializada através de medidas como o Tratado de Methuen (1703) dificultava uma tomada de decisão por parte do então príncipe regente D. João. Ele adotou uma política pendular, ora aproximando-se da Inglaterra ora da França, estratégia que durou apenas até 1807, ano em que o embaixador inglês Strangford apresentou um ultimato à Casa de Bragança. Caso aderisse ao bloqueio napoleônico, o litoral português seria bombardeado e o Brasil invadido pela marinha inglesa. Diante do ultimato, D. João assinou com a Inglaterra a Convenção Secreta (1807) que acertava a aliança anglo-lusitana e a transferência da Família Real para o Brasil em viagem escoltada pela marinha inglesa. A posição portuguesa fez com que Napoleão declarasse guerra a Portugal – soldados franceses comandados pelo general Junot chegaram a Portugal em novembro de 1807, pouco depois da partida da Família Real rumo ao Brasil.
Período Joanino (1808-1821)
Entre 1808 e 1821, o Rio de Janeiro foi a sede da Corte portuguesa, sob o comando de D. João. A primeira medida relevante do príncipe regente foi do decreto de abertura dos portos do Brasil às nações amigas (1808). Na prática, a medida dava ao Brasil o direito de comercializar com as nações aliadas, ou seja, era o fim do pacto colonial. Esta medida é o resultado das seguintes causas: 
• Pressões inglesas por mercados consumidores devido às restrições na Europa impostas pelo Bloqueio Continental napoleônico
• Necessidade da Família Real de obter produtos manufaturados europeus diante da ocupação francesa em Portugal
• Ampliação da arrecadação alfandegária no Brasil, uma das principais fontes de recurso do Estado português.
• Revogação do Alvará de 1785. Desta maneira, Brasil foi autorizado a ter indústrias e manufaturas, para atender, principalmente, às necessidades da Corte. Apesar de iniciativas isoladas, a industrialização do Brasil esbarrava na forte concorrência dos produtos ingleses, na falta de apoio do governo e na predominância da agro exportação escravocrata, que restringia a ampliação do mercado consumidor interno. 
Os tratados de 1810
• Tratado de Comércio e Navegação: a tarifa alfandegária para os produtos ingleses ficou estabelecida em 15%, enquanto Portugal e os outros países continuariam pagando, respectiva- mente, 16% e 24%. Os ingleses passaram a gozar de liberdade religiosa e poderiam indicar juízes para tratar de seus casos no Brasil, direito este que não era recíproco em relação aos portugueses estabelecidos na Inglaterra.
• Tratado de Aliança e Amizade: D. João comprometia-se a não instalar Santa Inquisição (os ingleses são em sua maioria anglicanos) e a extinguir o tráfico de escravos no Brasil. Devido às pressões dos latifundiários escravistas, D. João não cumpriu com este último compromisso.
Campanhas Militares
Em 1809, D. João ordenou a invasão à Guiana francesa, em represália à invasão napoleônica a Portugal. Porém, o Congresso de Viena (1814), encabeçado por países responsáveis pela queda de Napoleão Bonaparte como Áustria, Prússia, Rússia e Inglaterra, determinou a restauração das fronteiras francesas anteriores à eclosão da Revolução Francesa, de modo que D. João foi obrigado a desocupar a região. Em 1810, José Artigas declarou a independência do Uruguai em relação à Espanha. Artigas apresentou o projeto de formação de um único país, composto pelo Uruguai e pela Argentina (independente em 1816), que controlaria a navegação no importante Rio da Prata. Para evitar a coalizão, D. João ordenou que tropas lideradas por Carlos Frederico Lécor invadissem o Uruguai, que foi incorporado ao Brasil com o nome de Província Cisplatina.
Nova Administração
A presença da Família Real fez com que o Brasil, mais precisamente o Rio de Janeiro, adquirisse contornos europeus devido às várias melhorias realizadas. Entre as principais podemos citar o Jardim Botânico, a Escola Médico-Cirúrgica de Salvador, a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, a Casa da Moeda, a imprensa Régia, o Teatro Real de São João, a Biblioteca Real, a intendência Geral de Polícia, a Academia Real da Marinha, a Academia Real Militar, Banco do Brasil, Ministério de Guerra e Estrangeiros, Marinha, Fazenda e Interior, Junta Geral do Comércio, Fábrica de Pólvora, Casa da Suplicação(Supremo Tribunal) e iluminação a gás em ruas do centro, entre outras. No Rio de Janeiro, a população de cerca de 50 mil pessoas ultrapassou a marca de 100 mil indivíduos, entre nobres portugueses, militares, embaixadores e comerciantes estrangeiros. O luxo tomava conta dos trajes da aristocracia local que tentava romper com os ares coloniais aproximando-se dos hábitos europeus ditos “civilizados”. 
D. João concedeu diversos títulos de nobreza a projetados indivíduos no Brasil, com o intuito de obter o apoio da aristocracia local, formada principalmente por grandes proprietários de terras e comerciantes. Muitos destes tiveram suas residências confiscadas para abrigar a Corte, recebendo em troca privilégios como títulos, empregos públicos e favores reais.
A montagem dessa burocracia no Brasil, recebe o nome de Inversão Administrativa ou Inversão Brasileira. Isso porque o controle administrativo da colônia não é mais exercido em território português, mas da própria colônia.
Elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves
A inversão administrativa foi completada com a elevação do Brasil a Reino Unido. Em outras palavras, o Brasil perdia o status jurídico de colônia por conta das pressões, principalmente inglesas, que emanavam do Congresso de Viena. O grande intuito do congresso era promover a restauração do Antigo Regime, abalado pela difusão das ideias liberais após a Revolução Francesa (1789). Para tal fim, os países congressistas apresentaram o princípio da legitimidade que considerava legítimas as dinastias que comandavam seus países antes da eclosão da revolução. Entretanto, para serem considerados legítimos, os Braganças deveriam retornar para as fronteiras do reino, uma vez que o congresso considerava o Brasil apenas uma colônia.
D. João era manifestadamente apreciador do Rio de Janeiro, sem contar que, em Portugal, sofreria influências e pressões mais efetivas por parte da Inglaterra, ou seja, não fazia parte das pretensões do príncipe regente retornar a Portugal, apesar dos apelos efusivos da princesa Carlota Joaquina. Assim, em 1815, o Brasil foi elevado pelo príncipe a Reino Unido de Portugal e Algarves, recebendo a legitimidade do congresso sem a necessidade do retorno para Portugal. A ideia partiu de Talleyrand, embaixador francês em Viena, que procurava alianças externas para o combalido reino da França além da redução da influência inglesa em Portugal.
Missão Artística Francesa
Para celebrar a aliança entre os reinos de Portugal e França foi organizada uma missão de expressivos artistas franceses, chefiada por Joaquim Lebretton. Entre os artistas, destaque para Grandejan Montigny, Antoine Taunay e Jean-Baptiste Debret. A preocupação de Debret com o cotidiano do Rio de Janeiro fez suas obras importantíssimas para a compreensão da vida social em pleno início do XIX.
A missão foi responsável pela criação da Academia Real de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Além dos artistas franceses, vieram para o Brasil diversos viajantes a exemplo do zoólogo Spix, o botânico Von-Martius e o naturalista Auguste de Saint-Hilaire. Suas viagens pelo territóriobrasileiro produziram importantes relatos sobre o Brasil da época e também utilizados para compreensão da maneira com que os europeus viam o Brasil.
Insurreição Pernambucana (1817)
Este grande movimento separatista foi causado pela pauperização da população diante da crise da produção açucareira, pela elevação dos impostos devido aos altos gastos de D. João e pela centralização administrativa oriunda do processo de inversão administrativa. O fim do pacto colonial não deu fim à exploração dos comerciantes portugueses, uma vez que as principais casas comerciais ainda eram controladas pelos lusitanos. Assim, a lusofobia, herdada da Guerra dos Mascates, também estava entre os motivos de indignação dos pernambucanos, sensíveis aos impactos da difusão do liberalismo, e da influência da Independência dos EUA (1776) e da Revolução Francesa (1789).
Entre os líderes mais importantes estavam o comerciante Domingos José Martins, o padre João Ribeiro e o advogado Antônio Gonçalves da Cruz, vulgo “Cabugá”. Em suas reuniões discutiam ideias liberais outrora discutidas em um movimento precursor – a Conspiração dos Suassunas (1801), onde grandes proprietários liderados pela influente família Cavalcante e reunidos na sociedade secreta Areópago de Itambé discutiam a separação de Pernambuco. Apesar da conspiração ter sido debelada pelas tropas oficiais, as ideias liberais ainda estavam vivas em Pernambuco.
A mobilização popular contou com a participação dos padres Roma e Miguelinho. A presença de padres mostra como o Seminário de Olinda formou alguns indivíduos que romperam com o tradicionalismo da formação sacerdotal para se aproximar dos anseios populares.
Os rebeldes depuseram o governo de Pernambuco e criaram um Governo Provisório que apresentou a Lei Orgânica, contendo os anseios dos insurgentes. Lá estava a elevação dos soldos dos militares, o perdão dos impostos devidos, a liberdade de expressão, o tratamento de “vós” e “patriota” e a propriedade privada. Entretanto, não havia a proposta de dar fim à escravidão, por conta do envolvimento de escravocratas. Os pernambucanos chegaram mesmo a enviar Cabugá aos Estados Unidos em busca de apoio. Porém a viagem não foi bem-sucedida, pois os norte-americanos temiam entrar em conflito com a Inglaterra, tradicional aliada de Portugal.
A repressão oficial determinou o fim da insurreição com a prisão e morte de diversos envolvidos.
Revolução Liberal do Porto (1820)
A situação de Portugal era penosa nos primeiros anos do século XIX. Em 1809, os franceses foram expulsos por tropas anglo- lusitanas e o governo lusitano passou a ser exercido por regentes, fortemente influenciados pelo inglês lord William Beresford.
A ausência da Família Real era duramente questionada pela burguesia portuguesa, assim como a política joanina em relação ao Brasil. A abertura dos Portos abriu os mercados brasileiros à concorrência estrangeira; os Tratados de 1810 davam condições mais favoráveis aos produtos ingleses no Brasil; a instalação de órgãos administrativos e a elevação do Brasil a Reino Unido desequilibravam a balança política do império lusitano em detrimento de Portugal.
Aproveitando uma viagem de Beresford ao Rio de Janeiro, segmentos da burguesia e das forças armadas se insurgiram, derrubando o governo regencial e instalando a Corte Constitucional de Lisboa que exigia: fechamento de órgãos administrativos instalados no Brasil, elaboração de uma Constituição para Portugal dando fim ao absolutismo, imediato retorno da Família Real, recolonização do Brasil.
D. João optou pelo retorno da Família Real em 1821. Porém, antes de ir embora, aconselhado por seu ministro Tomás Antônio Vilanova Portugal, optou por deixar seu filho D. Pedro como príncipe regente do Brasil.
 Processo de Independência do Brasil (1821-1822)
Quando os portugueses insurgidos se depararam com a ausência de D. Pedro, exigiram seu retorno diante de ameaças de invasão ao Brasil. No dia 09 de janeiro de 1822, D. Pedro recebeu um abaixo- assinado com 8.000 assinaturas solicitando a sua permanência no Brasil. Após ler o documento, D. Pedro declarou: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação estou pronto. Diga ao povo que fico”. O “dia do Fico” marcou a coalizão de D. Pedro a indivíduos como José Bonifácio de Andrada, membro do Partido Brasileiro. O partido, formado principalmente por membros da aristocracia que gravitava em torno do Rio de Janeiro, defendia a emancipação política e a criação de uma monarquia centralizada capaz de manter a unidade do território brasileiro e a exclusão de segmentos populares. Contrapunha-se ao Partido Português, composto por comerciantes e militares portugueses defensores da restauração do colonialismo. A corrente dos liberais radicais era composta por membros da classe média urbana que além da emancipação, defendiam a ampliação da participação popular.
Independência do Brasil (1822)
À medida que as pressões dos insurgentes portugueses avançavam, as ações de D. Pedro caminhavam no sentido da emancipação. Em maio de 1822, a Lei do “Cumpra-se” decretava que, somente após a aprovação de D. Pedro, as determinações portuguesas seriam aplicadas no Brasil. Em junho de 1822, D. Pedro convocou uma Assembleia Constituinte para o reino do Brasil.
No dia 07 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga em São Paulo, D. Pedro, após receber um ultimato dos portugueses, declarou “É tempo... Independência ou Morte”. O Grito do Ipiranga foi considerado posteriormente marco fundador do Estado brasileiro. Em 01 de dezembro, D. Pedro foi coroado Imperador do Brasil.
Defensor Perpétuo do Brasil
A emancipação do Brasil foi fruto da articulação entre D. Pedro e o Partido Brasileiro, tendo a Maçonaria brasileira como palco (em maio de 1822, D. Pedro recebeu de influentes maçons, organizados em torno de sociedades secretas como o Grande Oriente e o Apostolado, o título de “Defensor Perpétuo do Brasil”). Assim, após a independência, o Brasil adotou o sistema de monarquia centralizada, reduzindo a autonomia das várias províncias para evitar confrontos locais que pudessem questionar a unidade do território. Sem levante contra a metrópole e sem participação popular, a independência do Brasil mantinha a exclusão política popular e a estrutura agroexportadora e escravista. A opção pela monarquia, ao contrário dos demais países da América, é explicada pela presença da Família Real no Brasil que criou um imaginário positivo em torno do sistema monárquico. A emancipação política não significou a independência econômica do Brasil. As medidas tomadas por D. João VI contribuíram diretamente para a subordinação da economia brasileira à Inglaterra.

Outros materiais