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Prévia do material em texto

História do Brasil Império: 
Aspectos Formativos
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Vanderlei Elias Nery
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone
Sede do império a nação
5
• A vinda da família real para o Brasil e suas consequências
• Fim do período Napoleônico e a Revolução do Porto de 1820
• A Proclamação e o significado da Independência
• D. Pedro e as Elites
Os objetivos da Unidade é discutir as transformações realizadas a partir da 
chegada da Corte portuguesa ao Brasil e as consequências desse processo 
para a independência brasileira.
Posteriormente, discutiremos a relação do fim das guerras Napoleônicas e 
a Revolução do Porto de 1820 com o processo emancipatório brasileiro.
Nesta unidade buscaremos compreender os principais aspectos do processo que levou à 
independência do Brasil de Portugal.
Faremos, também, algumas indicações de leituras importantes para que você compreenda melhor 
o que procuramos apresentar no texto. Não deixe de fazer essas leituras; com certeza você irá achá-
las bem interessantes!
De sede do império a nação, você deve estar atento à chegada da Corte portuguesa e às 
transformações ocorridas no Brasil a partir daí; a como o fim das guerras Napoleônicas e a 
Revolução do Porto de 1820 influenciaram o processo de emancipação brasileiro; e ao processo 
de independência e de formação do império.
É importante, também, que você participe dos fóruns propostos e se prepare para as avaliações 
planejadas. Nesta unidade haverá um fórum de discussão e seis questões de múltipla escolha na 
atividade de sistematização. Ao realizá-las, você poderá avaliar seus conhecimentos e preparar-se 
para a avaliação presencial que ocorrerá no final do semestre.
Sede do império a nação
6
Unidade: Sede do império a nação
Contextualização
Iniciamos os estudos relativos à disciplina História do Brasil Império, tratando do tema 
“De sede do império a nação”, pois, para compreendermos a independência brasileira, é de 
fundamental importância que busquemos as raízes do processo de emancipação.
Esta unidade está subdividida em 4 itens:
 » A vinda da família real para o Brasil e suas consequências
 » Fim do período Napoleônico e a Revolução do Porto de 1820
 » A Proclamação e o significado da Independência
 » D. Pedro e as elites
A vinda da família real para o Brasil levou a abertura dos portos para as nações amigas, 
o que quebrou o monopólio português sobre a colônia, ato que teve consequência direta no 
processo emancipatório.
Já o fim das guerras Napoleônicas e a Revolução do Porto de 1820 marcaram a tentativa de 
Portugal de recolonizar o Brasil, principalmente tentando fechar os portos, o que contrariava 
fazendeiros e comerciantes radicados no Brasil, pois estes tinham conseguido privilégios com 
a abertura dos portos.
Esses fatores foram preponderantes para a proclamação da independência, que teve como 
principal significado a instituição de uma monarquia quase absolutista no Brasil.
Outra consequência imediata do processo de independência foi a institucionalização de um 
governo oligárquico, no qual apenas os grandes fazendeiros e comerciantes tiveram acesso ao poder.
7
A vinda da família real para o Brasil e suas consequências
A família real portuguesa aportou em sua colônia da América em 1808, fugindo da invasão 
napoleônica em Portugal. Os lusitanos contaram com apoio da Inglaterra para a chegada à colônia, 
confirmando as relações entre essas duas nações, que datam do final do século XIV. Considerada 
a primeira aliança diplomática do mundo, a Aliança Luso-Britânica foi selada em 1383 e consistiu 
em ajuda inglesa para a casa de Avis. O tratado de Windsor (1386) confirmou a aliança Luso-
Britânica após ajuda inglesa aos portugueses na batalha de Aljubarrota contra os castelhanos. A 
vitória portuguesa pôs fim ao período de crise de sucessão (1383-1386), coroando D. João de Avis 
(D. João I) como rei de Portugal, o que deu início ao Absolutismo Português.
A lembrança da aliança Luso-Britânica não é fortuita. Ela é importante para entendermos os 
laços que ligavam Portugal à Inglaterra, uma vez que os ingleses foram os grandes beneficiários 
da chegada da Corte portuguesa à colônia. D. João VI, impedido de praticar o comércio 
diretamente de Portugal, abriu os portos da colônia para as nações “amigas”, dirigindo 
tratamento diferenciado à Inglaterra, sendo esta agraciada com privilégios e impostos mais 
baixos que os demais países no que tange ao comércio de importação e exportação.
O Tratado de Comércio de 1810 e o de Paz tiveram consequências para a futura nação brasileira.
O convênio mercantil, dando aos ingleses uma tarifa preferencial, afastou outros 
concorrentes e sobretudo abafou a esperança da indústria e de certas culturas incipientes. 
A Inglaterra ambicionava o mercado brasileiro, mas a abertura dos portos já lhe dera um 
virtual monopólio, pela força exclusão da Europa napoleônica. Mesmo quando viesse 
a paz geral, a superioridade da manufatura inglesa, apoiada em marinha igualmente 
superior, dispensaria proteção de alfândega para prosperar.
(CUNHA, 1993, p. 145).
A nobreza e os comerciantes portugueses foram duramente golpeados com as medidas 
adotadas por D. João VI. Além da abertura dos portos, o Rio de Janeiro tornou-se sede do 
governo; o Brasil foi elevado, em 1815, à categoria de Reino Unido.
[...] a elevação da antiga colônia à dignidade de reino foi, por outro lado, o reconhecimento 
de uma situação de fato. Era obviamente a independência dentro da união, como dois 
irmãos diferentes sob o pálio do trono. E que este agora preferia o filho maior – Brasil – seria 
mais evidente se a Coroa não empregasse ainda no Brasil agentes nascidos em Portugal.
(CUNHA, 1993, p. 149).
Foram tomadas medidas para regularizar a administração lusitana na colônia, com a criação 
de muitas instituições para adequá-la à sua nova função de sede do governo. “Entre aquelas 
medidas, talvez a mais nefasta aos portugueses tenha sido a extinção do monopólio comercial 
e a abertura dos portos” (COSTA, 1998, p. 40).
Segundo Cunha (1993, p. 146), Portugal foi muito mais prejudicado do que o Brasil: deixou 
de ser entreposto comercial, “onde tivera seu maior lucro, viu-se agora quase sem possibilidade 
de colocar a sua produção na antiga colônia; chegou a pagar, até 1818, uma tarifa 1% mais 
elevada do que a dos ingleses”.
8
Unidade: Sede do império a nação
A maior parte do comércio internacional português realizava-se com o Brasil, sendo a 
metrópole “entreposto da distribuição de todo o comércio exterior da colônia, assim como, 
consumidora dos produtos produzidos no Brasil” (COSTA, 1998, p. 40). O sistema de 
monopólio garantia privilégios a Portugal. Navios portugueses ganhavam com os fretes. 
As importações e exportações da colônia garantiam ganhos à alfândega. Os comissários 
portugueses lucravam, armazenando e revendendo os produtos.
Segundo Emília Viotti da Costa,
As rendas das alfândegas constituíam as rubricas principais das receitas. De outro modo, 
a renda dos capitais lusitanos investidos no comércio colonial oferecia ampla base de 
tributação. Todo esse esquema de lucro desmoronara com a abertura dos portos e os 
Tratados de Comércio com a Inglaterra, concedendo-lhe uma tarifa preferencial, mais 
favorável do que a outorgada a Portugal.
(COSTA, 1998, p. 40).
D. João VI adotou medidas para amenizar as perdas dos portugueses, como, por exemplo, 
favorecer produtos que fossem transportados em navios portugueses, concedendo “vantagens 
para a importação de vinhos, azeites e outros artigos fabricados em Portugal ou nas colônias 
portuguesas”. Essas medidas não tiveram êxito, porque Portugal enfrentava a concorrência de 
nações mais desenvolvidas, amplamente interessadas no comércio colonial. Por outro lado, 
tais medidas desagradavam os estrangeiros assim como os “próprios brasileiros. Pressionado 
por vários interesses contraditórios, D. João não conseguia satisfazer nenhum grupo e sua 
políticaagravava os ressentimentos de todos” (COSTA, 1998, p. 41).
A crise portuguesa estava relacionada à Revolução Industrial em curso, principalmente, na 
Inglaterra. O desenvolvimento técnico afetava a produção agrária e manufatureira de Portugal, 
que se mantinha com técnicas rudimentares. Porém, para os lusitanos, todo o problema estava 
relacionado à perda do monopólio sobre à colônia.
Esperavam eles que a volta de D. João VI a Portugal acarretasse a anulação das regalias 
concedidas ao Brasil e o restabelecimento do Pacto Colonial rompido. Não contavam 
eles com a oposição da colônia e da Inglaterra, ela própria beneficiária da nova situação 
criada pela transferência da Corte para o Brasil.
(COSTA, 1998, p. 41).
Portugueses e brasileiros posicionavam-se de forma divergente. Enquanto os lusitanos 
defendiam o retorno do Pacto Colonial, associando todos os males ao rompimento deste, 
os brasileiros viam o restabelecimento do monopólio da metrópole sobre à colônia como 
limitação das vantagens conseguidas com a instalação da Corte portuguesa no Brasil.
No momento em que as disputas entre metrópole e colônia estavam bastante acirradas, um fato 
novo contribuiu para a solução definitiva, a proclamação da independência do Brasil de Portugal.
Concorreram para o processo de independência não só a quebra do Pacto Colonial mas também 
as mudanças sociais e culturais advindas do estabelecimento do rei de Portugal no Rio de Janeiro.
9
Com a Corte portuguesa chegou um “imenso séquito de funcionários, fâmulos e parasitas que 
a acompanham”. A cidade passou a viver novos ares, acolhendo “ofícios antes desconhecidos, 
numa espécie de cosmopolitismo de que, mesmo em épocas mais tardias, não se conhecerão 
muitos exemplos” Apareceram profissionais de várias áreas e nacionalidades, como: “tanoeiro 
e caixeiro dinamarqueses; lavrador escocês; marceneiro, capoeiro suecos; colchoeiro e padeiro 
norte-americanos; sapateiro irlandês; boticário italiano” (HOLANDA, 1993, p. 11), entre outros.
Entre as medidas administrativas mais importantes, podemos citar as:
[...] que eram ao mesmo tempo de defesa e organização do país. Ainda em maio criou-se 
uma Escola de Marinha, com todos os instrumentos e livros que possuía em Portugal (e 
em 1809 um observatório astronômico); ao mesmo tempo reorganizaram-se os arsenais 
e fundou-se a fábrica de pólvora. Em 1811 abriu-se a Academia Militar, origem não só 
da atual como da Escola Politécnica, porque desde então lançada sobre base científica. 
(CUNHA, 1993, p. 143).
D. João VI fundou, ainda, a escola de cirurgia (futura faculdade de medicina), a Biblioteca 
Real, o Jardim Botânico, o primeiro Banco do Brasil e estimulou a difusão da Imprensa.
A vinda da Corte portuguesa transformou o Rio de Janeiro na verdadeira capital do 
reino, pois, até então, a transferência da capital para essa cidade tinha sido apenas uma 
formalidade; o Rio era apenas capital do sul. O norte da colônia dividia-se em três regiões que 
se comunicavam diretamente com Portugal. “Em 1808 a coroa convocou naturalmente para a 
Guanabara a justiça e administração de toda a colônia, e, aliás de toda a monarquia, incluindo 
domínios africanos e asiáticos” (CUNHA, 1993, p. 143).
O desenvolvimento da administração pública e de novas profissões e o consequente 
desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro formaram uma classe intermediária, que, 
grosso modo, podemos chamar de classe média, composta por estes os profissionais liberais: 
advogados, médicos e engenheiros.
Formou-se, na colônia, uma legião de pessoas, mesmo de portugueses vindos com a coroa, 
que, criando vínculos com o Brasil, no momento em que Portugal tentou impor o retorno ao 
Pacto Colonial, posicionaram-se pela independência ou, no mínimo, pelo estabelecimento de 
uma monarquia dual, porém mantendo a liberdade de comércio conseguida pela colônia a 
partir da abertura dos portos.
10
Unidade: Sede do império a nação
Fim do período Napoleônico e a Revolução do Porto de 1820
Em 1815, tiveram fim as guerras napoleônicas, com a derrota do exército francês para a 
Inglaterra na famosa batalha de Waterloo. Assim terminou a ocupação francesa em Portugal, 
o que levou à agitação pela volta de D. João VI à sua pátria.
No ano de 1820, aconteceu uma sublevação na cidade do Porto que exigia a organização 
das Cortes e a elaboração de uma Constituição assim como o retorno do rei para Portugal.
Em 26 de fevereiro de 1821, as tropas portuguesas reunidas no Rio de Janeiro obrigaram o 
rei a jurar a Constituição que seria elaborada em Lisboa. Esse ato tornou efetivo o novo regime.
[...] que eram ao mesmo tempo de defesa e organização do país. Ainda em maio criou-se 
uma Escola de Marinha, com todos os instrumentos e livros que possuía em Portugal (e 
em 1809 um observatório astronômico); ao mesmo tempo reorganizaram-se os arsenais 
e fundou-se a fábrica de pólvora. Em 1811 abriu-se a Academia Militar, origem não só 
da atual como da Escola Politécnica, porque desde então lançada sobre base científica 
(CUNHA, 1993, p. 143).
No Brasil, a revolução liberal repercutiu de forma contraditória. Os que tinham ligação com 
a coroa e com Portugal esperavam a reconciliação e o retorno do Pacto Colonial. Fazendeiros, 
comerciantes e funcionários da coroa radicados no Brasil argumentavam que deveriam ser 
garantidas as concessões liberais feitas por D. João VI à colônia; “viam na revolução uma 
conquista liberal que poria por terra o absolutismo, os monopólios e os privilégios que 
ainda sobreviviam”. Brasileiros e estrangeiros interessados em manter a abertura dos portos 
“Acreditavam que a instituição de um governo constitucional lhes daria a oportunidade de 
representar nas Cortes [portuguesas] os interesses da colônia” (COSTA, 1998, p. 44).
A Revolução do Porto teve como base o liberalismo, espelhando-se na Constituição 
espanhola de 1820. Porém, para o Brasil, ela teve um sentido antiliberal, pois propunha o fim 
das concessões liberais realizadas por D. João VI. “Uma vez que a nova praxe política pede, 
em Portugal, que se suprimam no Brasil regalias já alcançadas e irrevogáveis, é fatal que daí 
por diante os dois reinos devam tomar rumos distintos” (HOLANDA, 1993, p. 14).
A 15 de abril de 1821, o rei, seguindo as exigências constitucionais, retornou à Portugal, 
deixando seu filho D. Pedro como príncipe regente da colônia.
11
Figura: Quadro de Debret que retrata o embarque da Família Real de volta a Portugal em abril de 1821.
 
As Cortes portuguesas apressaram-se em obstruir os privilégios concedidos à colônia, 
tomando medidas para tal sem sequer esperarem a chegada dos deputados eleitos no Brasil 
para participarem da elaboração da Constituição. Os brasileiros achavam que poderiam 
defender os interesses da colônia, porém logo perceberam que isso não seria possível, pois, 
de 75 deputados eleitos, apenas 50 se dirigiram para Portugal, em um total de 205, o que 
dava ampla maioria aos portugueses.
Antes que os representantes brasileiros tivessem tido tempo de chegar a Lisboa, já as 
Cortes decidiam transferir para Portugal o Desembargo do Paço, a Mesa de Consciência 
e Ordens, o Conselho da Fazenda, a Junta de Comércio, a Casa de Suplicação e outras 
repartições instaladas no país por D. João VI.
(COSTA, 1998, p. 47).
Tais medidas demonstram a tentativa de retomada do monopólio português sobre a colônia. 
Mas as Cortes portuguesas ainda tomaram medidas que, no Brasil, repercutiram como uma 
declaração de guerra. Nomearam
para cada província [...] um governador de armas, independentemente das juntas 
governativas que se tinham criado. Ao mesmo tempo destacavam-se novos contingentes 
de tropas com destino ao Rio de Janeiro e a Pernambuco.
(COSTA, 1998, p. 47).
As decisões das Cortes agravaram as tensões na colônia, aumentando a cada dia o números 
de adeptos à causa da independência.
12
Unidade: Sede do império a nação
Porém, num primeiro momento, as classes dominantes brasileiras (fazendeiros e 
comerciantes) buscaram uma saídanegociada. Com medo de sublevações populares, 
inclusive de escravos, propuseram o estabelecimento de uma monarquia dual, mantendo 
a união entre Portugal e Brasil. “Essa era a opinião, por exemplo, de José Bonifácio1 
, figura de proa do movimento de independência, o qual encarava com suspeição as 
situações revolucionárias que envolviam mobilização das massas” (COSTA, 1998, p. 48). 
O problema era que, para “brasileiros” e portugueses, havia um ponto fundamental de 
discórdia. Enquanto, para as classes dominantes do Brasil, era fundamental a manutenção 
da abertura dos portos, para os lusitanos isso era inaceitável.
Com a partida de D. João VI para Portugal, D. Pedro I2 fez-se regente do Brasil.
Encetou um governo liberal. Apesar das enormes dificuldades financeiras ocasionadas 
pela retirada da Corte e retração das províncias, suprimiu impostos abusivos. Firmou 
regras acerca da desapropriação de bens particulares, visando “respeitar o Sagrado 
Direito de Propriedade”, e decretou todas as garantias da liberdade individual.
(CUNHA, 1993, p. 161).
1 Sobre José Bonifácio, ver: COSTA, Emilia Viotti da. José Bonifácio: mito e história. In: 
Da Monarquia à República. São Paulo: Unesp, 1998, p. 63-132
2 Sobre a construção da imagem de D. Pedro I, ver: MURANO, Ana Flor Guimarães. 
D. PEDRO I: uma análise iconográfica. (Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/
document/?code=000918055).
As Cortes ainda ordenaram a volta de D. Pedro para Portugal. Contrariando essas ordens, o 
príncipe regente, em 9 de janeiro de 1822, atendeu à solicitação do Senado da Câmara do Rio 
de Janeiro e decidiu-se a permanecer no Brasil, ato conhecido como o “Fico” (COSTA, 1998).
[...] de modo geral o Fico transcende qualquer cor política porque soma o passado 
para inaugurar a emancipação. Aglutina interesses e esperanças de indivíduos e de 
grupos, brasileiros que pretendem atrair D. Pedro e portugueses que veem nele ainda 
um compatriota; funcionários ameaçados nos seus proventos; monarquistas de todos os 
matizes e até republicanos disfarçados – que poderiam desejar a ausência do príncipe 
mas de repente veem, ou pelo menos entendem confusamente o que ela significa: não 
só a perda da empresa, de negócios, de regalais, mas a dissolução do Brasil.
(CUNHA, 1993, p. 165).
Apenas as tropas portuguesas instaladas no Rio de Janeiro eram favoráveis à ordem de 
Lisboa, mas esta foi “desafiada por soldados brasileiros e pelo povo, sem distinção de raça ou 
origem, armado de cacete, facão e carabina (CUNHA, 1993, p. 165).
A decisão de D. Pedro de ficar no Brasil não significou imediata ruptura com Portugal. 
O príncipe tinha em mente a manutenção da união luso-brasileira, com o estabelecimento 
de uma monarquia dual. Assim pensavam os portugueses, que viam no gesto do príncipe 
a concretização dessa união.
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000918055
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000918055
13
Os brasileiros que almejavam a preservação das regalias obtidas e pretendiam a criação 
de uma monarquia dual consideravam também essencial a permanência do príncipe. 
O mesmo pensavam os que almejavam a independência definitiva e total, mas temiam 
as agitações do povo. Para estes, o príncipe representava a possibilidade de realizar a 
Independência sem alteração da ordem.
(COSTA, 1998, p. 49).
Por algum tempo, ainda, buscou-se a constituição de uma monarquia dual. Três partidos 
disputavam a liderança do processo: um ligado aos portugueses que viviam no Brasil, mas 
buscavam restabelecer o monopólio comercial da metrópole sobre a colônia; outro liderado 
por fazendeiros brasileiros, comerciantes portugueses e de outras nacionalidades e ingleses 
e franceses, que ganharam com a quebra do Pacto colonial; e, por fim, os republicanos, 
que defendiam a completa independência com a constituição de uma República nos moldes 
dos demais países da América. “A liderança do príncipe permitiu a aglutinação dos grupos 
mais diversos. A despeito de conflitos de ordem pessoal [...] as divergências entre esses 
grupos não eram suficientemente fortes a ponto de impedir a união em torno do príncipe” 
(COSTA, 1998, 51).
Assim, a decisão de D. Pedro de ficar no Brasil aglutinou partidos divergentes num mesmo 
projeto, independência sem mudança nas estruturas sociais, econômicas e políticas. Constituiu-
se uma monarquia, quase absolutista; o latifúndio foi mantido, assim como a escravidão; o 
grande comércio ficou restrito a um pequeno grupo privilegiado; e a Inglaterra manteve sua 
preponderância sobre a nova nação, praticamente monopolizando o comércio de exportação 
de bens primários brasileiros e as importações de manufaturados.
A Proclamação e o significado da Independência
Após a decisão de ficar no Brasil, D. Pedro, utilizando-se de sua condição de herdeiro da 
coroa, tomou medidas que aprofundavam a separação do Brasil de Portugal.
Antes da proclamação da independência, D. Pedro viajou a Minas Gerais, província que 
havia se levantado pela independência e pela República em 1789. O futuro imperador 
incorporou “a independência mineira ao movimento nacional. Desse modo foi que 
obteve, em princípio, a adesão das províncias”
(CUNHA, 1993, p. 168).
No dia 1º de junho de 1822, aconteceu, no Rio de Janeiro, a “eleição de procuradores 
provinciais”. Era o “primeiro ato da convocação de um poder legislativo brasileiro – que seria 
o ponto culminante da campanha liberal e equivaleria a uma proclamação de independência” 
(CUNHA, 1993, p. 169).
14
Unidade: Sede do império a nação
No dia 3 de junho, foi convocada a eleição para a Assembleia Constituinte. “Não era ainda 
uma proclamação formal de Independência, pois o texto da convocação ressalvava a união 
com ‘a grande família portuguesa’, na realidade difícil de ser mantida depois de todos os atos 
de desrespeito às ordens das Cortes” (COSTA, 1998, p. 53). Anteriormente o regente já 
vinha dando mostras de insubordinação às Cortes portuguesas. Em 4 de maio, expediu ordem 
“para que os decretos de Lisboa não fossem obedecidos no Brasil sem o seu cumpra-se” 
(CUNHA, 1993, p. 173). Outros acontecimentos demonstram que a separação definitiva de 
Portugal estava a caminho. José Bonifácio nomeou um cônsul em Buenos Aires. O emissário, 
Caldeira Brant, que estava em Londres já havia muito tempo, foi confirmado como cônsul, e 
outros foram nomeados para Washington e Paris.
No plano interno, e ainda em junho, o príncipe estimula fortemente os baianos; no 
fim do mês estala a sublevação contra Madeira. No Rio, em julho, ao passo que José 
Bonifácio coloca na pasta da Fazenda o austero Martim Francisco, cria-se o Ministério 
da Justiça; embora autorizado formalmente por um decreto das Cortes, trata-se 
de aparelhar um governo autônomo. O caso aliás, nem mais reponta depois que se 
anunciou um legislativo próprio.
(CUNHA, 1993, p. 173).
Como se vê, nada mais falso de que interpretações fantasiosas de uma independência feita 
por um ato isolado de D. Pedro. O grito do Ipiranga em São Paulo foi resultado de intensas 
disputas, como demonstrado anteriormente.
A maçonaria (Grande Oriente)1 já havia decidido em “20 e 23 de agosto proclamar a 
separação e enviar emissários às províncias para tratar da investidura do regente na realeza 
brasileira”. A Câmara do Rio de Janeiro fazia o mesmo “a 7 de setembro, evidentemente sem 
saber o que estava ocorrendo em São Paulo” (CUNHA, 1993, p. 178).
A par de novas ameaças e insultos contra o Brasil por parte das Cortes Portugueses, José 
Bonifácio, já em 28 de agosto “preparou a mecha que iria espocar em 7 de setembro”. 
O ministro não perdeu tempo, provavelmente sabedor da reação de D. Pedro. “Conforme 
depoimento de Vasconcelos Drumond, no conselho de governo reunido a 29 sob a presidência 
e incentivo de Dona Leopoldina, ‘decidiu-se de se proclamar a independência’” (CUNHA, 
1993, p. 178).
3 Sobre a maçonaria ver: BARRETO, Celia de Barros. Ação das sociedades 
secretas. In: HOLANDA, S. B. Históriageral da civilização brasileira. Tomo II. 
O Brasil monárquico. 1º volume. O processo de emancipação. Rio de Janeiro: 
Bertand Brasil, 1993, p. 191-206.
15
Figura: Quadro de Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888) que retrata o grito da independência
A principal ameaça das Cortes ao Brasil foi a redução do
[...] príncipe a um delegado temporário das Cortes, com secretários de Estado nomeados 
em Lisboa, circunscrevendo sua autoridade às províncias em que ela se exercia de fato, 
anulando a convocação do Conselho de Procuradores e mandando processar quantos 
houvessem procedido contra a política das Cortes
(COSTA, 1998, p. 55-56).
A mecha a que nos referimos acima, escrita por José Bonifácio a D. Pedro, dizia que, de 
Portugal, o Brasil só deveria “esperar se não a escravidão e horrores” e conclamava D. Pedro 
a decidir-se pelo imediato rompimento com a antiga Metrópole.
Já havia algum tempo, vinha o ministro percebendo que a fórmula de uma monarquia dual, 
carinhosamente acalentada, era impossível. Convencera-se, afinal, da sua inviabilidade e não 
era dado a hesitações. Diante das disposições agressivas das Cortes nada havia a fazer senão 
proclamar o rompimento definitivo com Portugal. Para D. Pedro havia apenas duas alternativas: 
ou obedecer às Cortes e voltar degredado a Portugal ou romper definitivamente com elas 
proclamando a Independência. O príncipe preferiu esta solução. Tomando conhecimento das 
novas, proclamou oficialmente em 7 de setembro, em São Paulo, a Independência do Brasil” 
(COSTA, 1998, p. 56).
16
Unidade: Sede do império a nação
D. Pedro e as Elites
Após a proclamação da independência, os partidos passaram a disputar a liderança e a 
influência sobre D. Pedro I. José Bonifácio, um dos líderes do processo que culminou com a 
separação definitiva do Brasil de Portugal, buscava a instituição de um Império constitucional 
que tivesse como objetivo fundamental evitar o despotismo absolutista e também a anarquia 
(COSTA, 1998), esta entendida como qualquer reivindicação popular.
José Bonifácio, apesar de ideias avançadas para época, como a defesa da abolição da 
escravatura, “no terreno da política, [...] foi sobretudo um homem do passado”. Ele temia que 
as novas ideias (liberais) “perturbassem o fortalecimento da independência e da monarquia, 
sobretudo da unidade nacional” (CUNHA, 1993, p. 167).
Os vitoriosos nessa disputa foram os grandes “fazendeiros, comerciantes, pessoas que 
ocupavam altos postos na administração e no governo”, na sua maioria pessoas formadas na 
Universidade de Coimbra, acostumadas ao padrão europeu e que tinham prestado serviços 
à Coroa portuguesa. “Constituíram uma verdadeira oligarquia fazendo parte da Conselho de 
Estado, Senado, Câmara dos Deputados, exercendo funções de presidentes de províncias e de 
ministros de Estado” (COSTA, 1998, p. 57).
Essa classe dominante no poder de tudo fez para manter a ordem anterior à independência, 
combatendo, inclusive, qualquer tendência democratizante. Para isso instituíram o voto censitário, 
mantiveram o latifúndio com mão de obra escrava e a exportação de produtos tropicais.
A esses e, em particular, aos herdeiros diretos da revolução portuguesa – os que ocuparam 
posições nas províncias desde 1821 e bateram-se pelas liberdades constitucionais em 22, 
23 e 24 – também se poderia aplicar a pecha de “liberalismo de fachada”. Na sua maioria, 
esses líderes não revelaram incompatibilidade com a escravidão, como já não a revelaram no 
Pernambuco de 1817 (CUNHA, 1993, p. 155).
É desse período a criação da ideologia da vocação agrária brasileira, criada por fazendeiros 
e seus ideólogos, numa clara tentativa de impedir a industrialização no país. Alegavam que o 
Brasil não poderia concorrer com países mais adiantados como a Inglaterra. Portanto caberia 
à nova nação exportar bens primários e importar industrializados. Esse debate seguirá presente 
na história brasileira, pelo menos, até meados dos anos 1950.
Com a Independência, haviam atingido o objetivo fundamental a que se propunham: 
libertar o país das restrições impostas pelo Estatuto Colonial, assegurar a liberdade de 
comércio e garantir a autonomia administrativa. A organização do país independente 
refletiria os anseios desses grupos sociais que assumiram o poder no Primeiro Império. 
Ficaram excluídas do poder as camadas populares, uma vez que escravos e índios 
foram excluídos do conceito de cidadão, tendo-se adotado ainda um sistema de eleição 
indireta, recrutando-se os votantes segundo critérios censitários.
(COSTA, 1998, p. 60).
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Material Complementar
Ampliando Conhecimentos:
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, leia os textos 
disponibilizados nos links abaixo:
Vídeos:
500 Anos OoBrasil - Império na Tv: https://youtu.be/Z60eHBJ1xjY
Sites:
A independência do Brasil em perspectiva historiográfica: http://ref.scielo.org/zkbfp9
O império da lei: ensaio sobre o cerimonial de sagração de D. Pedro I (1822): http://ref.scielo.org/7p48ps
A idéia de império e a fundação da monarquia constitucional no Brasil (Portugal-Brasil, 1772-1824):
http://ref.scielo.org/zfwzgw
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Unidade: Sede do império a nação
Referências
BARRETO, Celia de Barros. Ação das sociedades secretas. In HOLANDA, S. B. História 
geral da civilização brasileira. Tomo II. O Brasil monárquico. 1º volume. O processo de 
emancipação. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 1993, p. 191-206.
COSTA, Emilia Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação política no Brasil. In: Da 
Monarquia à República. São Paulo: Unesp, 1998, p. 21-62.
CUNHA, Pedro Octávio Carneiro da. A fundação de um império liberal. In: HOLANDA, S. B. 
História geral da civilização brasileira. Tomo II. O Brasil monárquico. 1º volume. O processo 
de emancipação. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 1993, p. 135-178.
HOLANDA, Sergio Buarque. A herança colônia – sua desagregação. In: HOLANDA, S. B. 
História geral da civilização brasileira. Tomo II. O Brasil monárquico. 1º volume. O processo 
de emancipação. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 1993, p. 9-39.
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Anotações

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