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Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Disciplina: Introdução à Sociologia II – 2021.1
Docente: Felipe Vargas
Discente: Vicente Matheus dos Santos Gomes
FICHAMENTO DE CITAÇÃO COM COMENTÁRIO PESSOAL DOS TEXTOS DE ANTHONY GIDDENS E WALTER MIGNOLO
Textos
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora UNESP, Capítulo II, p.  36-47, 1990.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade. O lado mais escuro da modernidade. RBCS, vol. 32, n. 94, p. 1-18, junho 2017.
Texto 01: As consequências da modernidade.
	Citação
	Comentário
	“O industrialismo, ademais, afeia não apenas o local de trabalho, mas os transportes, as comunicações e a vida doméstica.” (p. 36)
	Há um grande exemplo em São Paulo. As ilhas de calor geradas pela urbanização e industrialização na cidade elevam a temperatura média, ocasionando problemas de saúde por conta da baixa umidade relativa do ar.
	“(...) a economia é razoavelmente distinta, ou ‘insulada’ das outras arenas sociais, em particular das instituições políticas.” (p. 36)
	Uma grande característica do neoliberalismo, que consiste em afastar o Estado da regulação do mercado, deixando o mesmo, com sua racionalidade própria, operar a desregulação.
	“A supervisão pode ser direta (...) mas, mais caracteristicamente, ela é indireta e baseada no controle da informação.” (p. 37)
	Um grande exemplo atual brasileiro de tentativa de controle da informação aconteceu em 2020, com o Ministério da Saúde tentando ocultar os dados das mortes por covid-19 em um dado momento. 
	“A força militar das autoridades governantes dependia de alianças com príncipes ou senhores da guerra locais, que tendiam sempre ou ao rompimento com ou ao desafio direto aos grupos governantes.” (p. 37)
	Usando os termos príncipes e senhores da guerra locais, parece até que é um passado bem distante, mas ao ver todas as ditaduras militares que ocorreram na América Latina, vemos que somente os estados modernos dominantes que detinham autoridade de verdade, inclusive com evidências da forte influência estadunidense nessas ditaduras citadas.
	“A guerra total descarta o uso da guerra como instrumento político, pois as perdas infligidas em ambos os lados tendem a ultrapassar amplamente quaisquer ganhos diplomáticos que possam ser obtidos através dela. A possibilidade de guerra nuclear torna isto óbvio.” (p. 37) 
	Em 2021, os Estados Unidos e a Rússia têm mostrado seu poderio bélico para, respectivamente, a China ver sua presença na região do Taiwan e intimidar Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que repudia sua ocupação na região da Crimeia. Tirando o ataque à Hiroshima e Nagasaki feita pelos Estados Unidos, nunca presenciamos nenhuma guerra nuclear, e talvez nem estaremos mais aqui para ver caso ocorra. 
	“A vigilância, por sua vez, é fundamental a todos os tipos de organização associados à ascensão da modernidade, em particular o estado-nação, que se entrelaça historicamente com o capitalismo em seu desenvolvimento mútuo.” (p. 37-38) 
	Com toda a certeza a vigilância exerce um papel importantíssimo na manutenção do estado-nação com sua parceria capitalista que cada dia mais aumenta a desigualdade social e a fome. Dessa forma, qualquer ameaça, mesmo que mínima, ao cenário político e econômico atual, mesmo que apenas para o enfraquecimento, tende a ser descoberta e inibida.
	“(...) há relações diretas entre poder militar e industrialismo, uma expressão importante disso é a industrialização da guerra.” (p. 38)
	Um dos maiores exemplos recentes é os Estados Unidos, que no século XX promoveu e financiou guerras ao redor do mundo, com a obtenção de lucros astronômicos na venda de material bélico, e ainda hoje aplica essa política e obtém lucros altíssimos. 
	“Toda reprodução econômica no capitalismo é ‘reprodução expandida’, porque a ordem econômica não pode permanecer num equilíbrio mais ou menos estático, como era o caso na maioria dos sistemas tradicionais.” (p. 39)
	E essa expansão constante muitas vezes passa o próprio absurdo. Um exemplo é um projeto de lei que visa criar um imposto à energia solar. É querer “taxar o sol”. Outros exemplos maldosos podem ser encontrados no capitalismo e no Estado, como a obsolescência programada e a diminuição de direitos fundamentais ao povo, respectivamente. 
	“(...) as relações explorativas de classe eram em parte mantidas pela força ou pela ameaça de seu uso. A classe dominante era capaz de dispor de tal força através do acesso direto aos meios de violência” (p. 39)
	As relações de dominação da classe dominante, subordinando a classe dominada, nunca acabou, apenas foi mudada a forma como a força é aplicada, atualmente com o uso do poder, com o aval do Estado. Como defende o jurista brasileiro José Joaquim: “É ele poder político, enquanto organizador da coerção, que assegura, em última instância, a efetividade da ordem (social) de dominação (ou controle) instituída.” 
	“A violência, tal como era, foi ‘expelida’ do contrato de trabalho e concentrada nas mãos das autoridades do estado.” (p. 39)
	Tércio Sampaio, jurista brasileiro, demonstra que os romanos se interessavam muito mais em convencer sua população, em provocar o consentimento daquele que estará subordinado às decisões, do que impor por meio da força, pois a mesma força que provoca a subordinação é a mesma que gera a revolta e a rebelião. Da mesma forma o capitalismo atua. 
	“A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa.” (p. 40) 
	O ser humano sempre usou as ferramentas existentes em favor próprio, e hoje não é diferente. Esse imediatismo e propagação das informações geram diversas consequências negativas, como as notícias falsas, que interferem diretamente de uma opinião pessoal de um indivíduo até uma parcela inteira de uma sociedade, implicando em incontáveis consequências.
	“A perda de autonomia por parte de alguns estados ou grupos de estados tem sido frequentemente concomitante com um aumento dela por parte de outros, como resultado de alianças, guerras ou mudanças políticas e econômicas de diversos tipos.” (p. 42) 
	A matriz colonial de poder, defendida por Walter Mignolo, pode ser vista aqui. Diversos países nos séculos XIX e XX perderam a sua autonomia, através do colonialismo aplicado pelas grandes potências europeias, que se viam no direito de subordinar os países mundo afora como quisessem. 
	“O capitalismo foi uma influência globalizante fundamental precisamente por ser uma ordem econômica e não política; ele foi capaz de penetrar em áreas distantes do mundo onde os estados de sua origem não poderiam fazer valer totalmente sua influência política” (p. 42-43) 
	Como disse Milton Santos em um discurso: “As grandes empresas são esses centros ‘frouxos’ do mundo, e que, escapando ao controle dos Estados, e que se distanciando de uma relação mais obrigatória com os Estados, acaba por lhes permitir uma ação sem responsabilidade. As grandes empresas não têm responsabilidade social, não tem responsabilidade moral sobre tudo, e é por isso que desorganizam os territórios tanto socialmente quanto moralmente.” 
	“No final do século XX, quando o colonialismo em sua forma original já quase desapareceu, a economia capitalista mundial continua a envolver grandes desequilíbrios entre o centro, a semiperiferia e a periferia.” (p. 43)
	Trago novamente, a ideia citada em um comentário anterior: “a mesma força que provoca a subordinação é a mesma que gera a revolta e a rebelião”. As grandes potências veem a oportunidade de manterem a hegemonia em suas colônias, “devolvendo” a autonomia dos países subordinados. Hegemonia essa que poderia ter sido perdida caso a autonomia fosse tomada à força. Com isso, com certeza a economia capitalista mundial continuará a envolver grandes desequilíbrios. 
	“As firmas de negócios, especialmente as corporações multinacionais, podemcontrolar imenso poder econômico, e ter a capacidade de influenciar sistemas políticos em seus países-base e em outros lugares.” (p. 43)
	Segundo Stiglitz (2002), quando um país não segue os termos propostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), este nega a ajuda financeira requerida pelo país. Aqui vemos uma forte imposição entre o dominante (uma instituição financeira), que possui o poder aquisitivo, e o dominado, que nada pode fazer a não ser aderir aos ideais propostos a ele.
	“Não importa o quão grande possa ser seu poder econômico, as corporações industriais não são organizações militares (como algumas delas eram durante o período colonial), e não podem se estabelecer como entidades político/legais que governam uma determinada área territorial.” (p. 43-44)
	Essa situação cria um grande choque entre o Estado e as instituições econômicas. Em uma audiência feita nos Estados Unidos, algumas das grandes empresas que controlam boa parte do mercado tecnológico internacional, a saber: Amazon, Apple, Facebook e Google, foram questionadas pelo governo por monopólio. Não importa o quão grande elas são no mercado nacional e internacional, não podem tomar decisões e seguir regras próprias e devem respeitar o ordenamento vigente. 
	“(...) a economia mundial capitalista (...) envolvia, e envolve hoje, a transformação em mercadoria da força de trabalho em relações de classe que separam os trabalhadores do controle de seus meios de produção. Este processo, é claro, é pleno de implicações para as desigualdades globais.” (p. 44)
	Enquanto que as grandes multinacionais lucram bilhões de dólares ao redor do mundo e oferecem salários mínimos exigidos por cada país (que por muitas vezes é um absurdo de mínimo), a classe trabalhadora, por muitas vezes, não recebe nem o suficiente para se manter, tendo que recorrer a trabalhos extras. 
	“A indústria moderna se baseia intrinsecamente em divisões do trabalho, não apenas ao que diz respeito às tarefas mas também à especialização regional em termos de tipo de indústria, capacitações e a produção de matérias-primas.” (p. 46)
	Essa relação de especialização regional é muito mais complexa. As grandes instituições econômicas se aproveitam da situação para maximizar seus lucros, tratando-se de uma divisão internacional de trabalho injusta e desigual. Grandes empresas transferem suas produções industriais para países que não limitam a exploração de mão-de-obra. 
Texto 02: O lado mais escuro da modernidade.
	Citação
	Comentário
	“A colonialidade (...) é constitutiva da modernidade – não há modernidade sem colonialidade.” (p. 2)
	Quando Anthony Giddens traz um exemplo, no texto comentado anteriormente, de que a prosperidade de uma região pode ter a ver com o empobrecimento de outra, aqui fica bem mais claro. A prosperidade das grandes potências mundiais está diretamente ligada ao empobrecimento e exploração dos países colonizados.
	“(...) estamos presenciando a multiplicação e diversificação de movimentos, projetos e manifestações contra a globalização neoliberal.” (p. 3)
	A América Latina vivenciou diversos protestos contra privatizações. Nos anos 2000, o Equador entrou numa crise aguda provocada pelos programas de privatização e a extinção dos serviços estatais. Na Bolívia, ainda nos
anos 200u0, até a água foi privatizada, mas a pressão popular obrigo a desprivatizar.
	“(...) a modernidade anda junto com a colonialidade e, portanto, que a modernidade precisa ser assumida tanto por suas glórias quanto por seus crimes.” (p. 4)
	Nunca vimos os países europeus que colonizaram diretamente diversos países da África e Ásia responderem por seus crimes e dificilmente irão, pois quem irá sancionar? Infelizmente a reparação histórica devida está em um cenário muito distante. 
	“(...) ocultadas por trás da retórica da modernidade, práticas econômicas dispensavam vidas humanas, e o conhecimento justificava o racismo e a inferioridade de vidas humanas, que eram naturalmente consideradas dispensáveis.” (p. 4)
	Charles Kernaghan, no documentário “O mundo global visto do lado de cá”, traz o exemplo de que uma camisa, que é vendida nos Estados Unidos por 15 dólares, custou 3 centavos de dólar em remunerações para as trabalhadoras que a fizeram. Ou seja, o valor bruto de uma camiseta paga a remuneração equivalente à confecção de 500 camisas, ou, por outro ângulo, a receita gerada pela camisa equivale a 50.000% do gasto para produzi-la. As práticas econômicas continuam inumanas, apenas em alguns casos as justificativas mudaram.
	“O que sustenta as quatro ‘cabeças’, ou âmbitos inter-relacionados de administração e controle (a ordem mundial), são as duas ‘pernas’, ou seja, o fundamento racial e patriarcal do conhecimento (a enunciação na qual a ordem mundial é legitimada).” (p. 5)
	A dominação europeia na África sempre esteve sustentada pelo racismo. A citação anterior demonstra bem isso. Torna-se muito mais fácil para convencer àqueles que aplicam as atrocidades, quando lhes é imposto que se está lidando realmente com uma raça inferior, com o conceito de superioridade imposto. 
	“Proponentes de ambos eram cristãos, brancos e homens, e presumiam relações heterossexuais como a norma. Consequentemente, classificavam, também, as distinções de gênero e a normatividade sexual.” (p. 6)
	Esse, inclusive, ainda é o padrão normativo da sociedade. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Trabalhadores brancos, em 2018, ganhavam 73,9% a mais do que pretos ou pardos, e recebem 27,1% a mais que as mulheres. A desigualdade social tem caráter racista. 
	“(...) nenhum livro sobre a descolonialidade fará diferença, se nós (intelectuais, estudiosos, jornalistas) não seguirmos a vanguarda da sociedade política global emergente (os denominados ‘movimentos sociais’)” (p. 6)
	Há uma enorme diferença entre o tratamento dado à modernidade por Giddens e pelo Mignolo, e, neste trecho, torna-se evidente. Giddens preocupa-se em estudar como um fenômeno, já o Mignolo demonstra os efeitos negativos que se desdobra, inclusive com o intuito de confrontar a colonialidade, buscando relações mais justas. 
	“(...) podemos contribuir (...) ao agir no domínio hegemônico da academia, onde a ideia de natureza como algo fora dos seres humanos foi consolidada e persiste.” (p. 6)
	Como disse Leandro Karnal: “É no conhecimento que existe uma chance de libertação.”. Pode-se, a partir da própria academia, contornar pensamentos hegemônicos atuais, não só na área da colonialidade, mas em muitas outras.
	“(...) os cristãos ocidentais afirmavam o seu controle sobre o conhecimento da natureza ao desqualificar todos os conceitos existentes e igualmente válidos de conhecimento” (p. 7)
	A Igreja Católica sempre esteve lado a lado com o poder, desde o Império Romano, e, mesmo com a crise da Idade Média, possuía forte influência na sociedade, como ainda tem. Então, para impor suas ideias, não era muito difícil. 
	“(...) os trabalhos escravizado e assalariado tornaram-se naturalizados no processo de criar uma economia de acumulação, que é hoje reconhecida como mentalidade econômica capitalista.” (p. 7)
	O capitalismo impõe o trabalho para a sobrevivência. O indivíduo da classe dominada não é obrigado a trabalhar, porém, se o mesmo não o fizer, morrerá de fome, ainda mais em Estados neoliberais, que pouco se importam com o bem-estar social. 
	“(...) nossa presunção de que a ‘natureza’ é o fornecedor de “recursos naturais” para a sobrevivência diária: a água como mercadoria engarrafada.” (p. 7)
	A água é um elemento imprescindível para a sobrevivência do ser humano. O capitalismo consegue comercializar tudo, inclusive algo tão importante para a manutenção da vida.
	“(...) o conhecimento ocidental tornou-se uma mercadoria de exportação para a modernização do mundo não ocidental.” (p. 8)
	O sistema capitalista e neoliberal funciona para que detentores de poder (grandes empresas) continuem sendo os detentores de poder, de modo que tudo o que estes oferecem são consumidos. A exemplo disso, podemos citar a indústriamusical e cinematográfica norte-americana, que é consumida ao redor do mundo.
	“Uma consequência da etapa corporativa no controle de corpos e na conversão dos cidadãos em consumidores de saúde (...) é que engendrou a ‘máfia médica’.” (p. 8)
	Como mostra Dante Senra, em uma coluna escrita no UOL sobre a medicalização da vida: “As drogas psicotrópicas estão entre as mais anunciadas, porque são caras e lucrativas para as empresas. Isso conduziu ao aumento drástico dos índices de transtorno bipolar e de déficit de atenção.” O aumento do uso de remédios pela população cresceu exponencialmente nos últimos anos. Hoje são receitados remédios de tarja preta como se fossem remédios comuns. 
	“a mutação tem sido da civilização para o desenvolvimento: a salvação através (...) do assentimento à civilização ocidental enquanto se transformava em desenvolvimento econômico, o que foi uma conversão aos princípios econômicos ocidentais, como os do Consenso de Washington. 
	Segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (2000) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2004), após o Consenso de Washington, houve, na América Latina, um aumento da pobreza, de 200 para 211 milhões; e a taxa de desemprego avançou de 5,8% para 11%. O Consenso de Washington é um claro exemplo de colonialidade fantasiada de prosperidade econômica e salvação financeira, onde só fez acentuar a pobreza e o desemprego. 
	“Os valores corporativos requerem a eficiência: quanto mais se produz, quanto maiores os ganhos, tanto mais feliz se deveria estar.” (p. 9)
	Sílvio Almeida diz: “como há uma fragmentação do mundo em um contexto neoliberal, todo mundo tem que ser uma empresa, ter meta, tem que concorrer uns aos outros e se apresentar como produto, estimulando o individualismo e a concorrência.” É o sonho do capitalismo: tornar todos consumistas e produtores de um mercado, consolidando mais e mais o pensamento capitalista. 
	“No caso da formação e educação, a revolução tecnológica está criando um novo tipo de sujeito, cujo ‘conhecimento’ consiste em passar o tempo empacotando o ‘conhecimento’ segundo as opções tecnológicas do menu.” (p. 9)
	A educação que pode vir a ser um dos grandes meios de combate ao sistema capitalista neoliberal atual, pois, quando se cria uma sociedade crítica, esta, com certeza, observaria com mais clareza as mazelas desse sistema e confrontaria em massa, entretanto, como diz Paulo Freire: “Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica”
	“As diferenças coloniais e imperiais também moldaram relações patriarcais, uma vez que as relações hierárquicas sexuais dependem muito, no mundo moderno/colonial, da classificação racial.” (p. 9)
	Infelizmente ainda há exemplos tristes da tentativa de moldar relações. Recentemente surgiu, no contexto brasileiro, uma petição pública pedindo a proibição do casamento inter-racial e pela criminalização da miscigenação, alegando que a miscigenação pressupõe a extinção das raças puras, configurando uma espécie de genocídio. Um completo absurdo. 
	“Uma divisão internacional do trabalho entre centro e periferia em que o capital organizava o trabalho na periferia em torno de formas coercivas e autoritárias.” (p. 11)
	Os países subdesenvolvidos realizaram processos tardios de industrialização, ficando sujeitos a abrirem seu mercado financeiro, recebendo multinacionais oriundas de países desenvolvidos. Dessa forma, existe o que pode ser visto como um imperialismo contemporâneo, pois os países desenvolvidos tratam os subdesenvolvidos como colônias.
	“A hierarquia linguística na qual o eurocentrismo foi fundamentado (...) controla o conhecimento não somente pela dominância das próprias línguas, mas também das categorias em que o pensamento é baseado.” (p. 12) 
	Durante o imperialismo, até a língua do colonizador foi imposta, em detrimento das línguas nativas. O resultado hoje é a boa parte dos países mundiais com línguas oficiais originalmente europeias. Devemos seguir o exemplo da Nova Zelândia, que oficializou a língua maori (a nativa), e hoje é usada nos meios de comunicação, ensinada nas escolas, e há, inclusive, uma universidade onde todos os cursos, de todas as ciências, são dados exclusivamente em língua maori. 
	“(...) o Iluminismo (e a crescente dominância dos britânicos) inventou o Greenwich, remapeando a lógica da colonialidade e colonizando o espaço, localizando o Greenwich como o ponto zero do tempo global.”
	Outro exemplo de eurocentrismo é a Projeção de Mercator, que é uma projeção cartográfica que valoriza os países do hemisfério norte, tornando-os maiores do que realmente são, além do próprio mapa ser feito com a Europa na parte de cima e no centro do mapa, demonstrando superioridade.

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