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16/03/2021 AULA 5 – MITOLOGIA 1 I. REVISÃO • Escola de Cambridge – pautada na noção de ritual, onde o mito reproduz no plano linguístico um procedimento ritualístico o O ritual enquanto mito posto em prática o O mito em gesto e performance • Escola Simbolista – concepções de Freud e Jung o Freud = mito enquanto sonho (imaginário) de um povo o Jung = o inconsciente coletivo e o arquétipo § Imagens movimentadas em um inconsciente coletivo e no arquétipo que fazem parte da cultura contemporânea • Escola Funcionalista – análise do caráter funcional de uma determinada cultura o Transmissão em ordem tradicional das instituições e condutas II. COSMOGONIA EM HESÍODO 1. Vida de Hesíodo • Hesíodo é considerado o segundo autor da Grécia (o primeiro foi Homero) • Hesíodo viveu, aproximadamente, no século VIII e suas obras se caracterizam pela tradição oral o Suas obras foram, durante dois séculos, transmitidas de maneira oral desde o século VIII – apenas no século VI, elas foram transcritas • Homero funda a tradição literária e Hesíodo foi o primeiro autor a, de fato, redigir suas obras o A escrita de Hesíodo é extremamente semelhante a escrita homérica • Aquilo que se sabe sobre a vida de Hesíodo são as informações fornecidas pelo autor sobre si mesmo nas obras que ele escreveu o Seu pai empobreceu na Ásia Menor e migrou para a Grécia Continental (Região de Tebas, Beócia) o Hesíodo e seu pai era agricultores e rapsodos (aquele que faz citação dos versos segundo uma melodia) o Hesíodo tinha um irmão chamado Persis o Após a morte do pai, Hesíodo e persis dividiram a herança, entretanto, Persis gasta toda a herança e empobrece o Em reunião na Ágora, é decidido que persis deve trabalhar pois só assim ele conquistaria prosperidade (esse conto é importante para o direito pois é uma apresentação do primeira decisão judicial) o Alguns acreditam que essa história não se trata de algo factual da vida de Hesíodo mas sim um Topus. 2. Características das obras de Hesíodo Topus – relação apresentada que sintetiza uma ideia compartilhada em várias culturas (que se repete, que é comum) Epíteto – apresentação fixa que caracteriza heróis, deuses e cidades Parataxe – quando se tem uma síntese de ideias justapostas • Poesias sempre escrita em versos • Presença de 6 unidades rítmicas do verso • O núcleo narrativo apresentado por Hesíodo tem como foco a sucessão das 3 gerações o Não existe uma relação de subordinação entre as 3 gerações, elas estão sempre em parataxe – justaposição – em relação as outras • Antes de apresentar a 1º geração, Hesíodo aponta para como surgimento do universo • A história de Hesíodo é dividida em cosmogonia e teogonia o Cosmogonia = surgimento do cosmos o Teogonia = surgimento dos deuses • Zeus surge enquanto um princípio de soberania na teogonia e instala a ordem da cultura no que antes era domínio do caos (desordem) • A narrativa de Hesíodo não é continua o Interrupção da narrativa central para inserir mitos secundários em justaposição (parataxes) • Importância da ideia de “gerar” nas narrativas de Hesíodo • Ideia do devir = tornar-se Gignomai = ideia de tornar-se Êinai = ideia de ser • O Gignomai está em oposição as ideias de nascer e morrer 1º Geração Uranidas 2º Geração Cronidas 3º Geração Olimpianos Nascimento do Caos Surgimento da ordem de Zeus • O êinai pode significar: ser, estar ou existir o O verbo é traduzido segundo o contexto • O grego não concebe a ideia de “gerar do nada” o O nada gera apenas o nada Exnihilo = não existe criação a partir do nada • O ponto de partida da mitologia de Hesíodo é sempre a geração o Tudo se da a partir de gerações 3. Cosmogonia: Surgimento do Cosmos • A cosmogonia de Hesíodo é Biomórfica1 o Ocorre por meio da ideia de gerar • A cosmogonia não é relacionada a religião o A religião é focada no culto aos deuses (aproximação do ser humano com os deuses) o A cosmogonia, entretanto, é interesse da ciência (física), mitologia e filosofia o A cosmogonia não se relaciona com uma ordem religiosa • Ideia do Gignomai (veio a ser) • O surgimento do Cosmos é demarcado por Hesíodo pelo nascimento do Caos • Hesíodo silencia de onde nasceu o caos o Poe o caos como ponto de partida para evitar um regreso at infinito (regresso infinito de gerações) 1 Que evoca formas orgânicas; O que é o Caos em Hesíodo? O Caos (kháos) é tido a partir da ideia de abertura (boca aberta) que está sempre aberto para o devir a partir dessa “boca” OBSERVAÇÃO: A ideia de que caos é definido através da desordem é contemporânea • Logo após o nascimento do Caos temos o nascimento da Terra (Gaia) • O Caos vai ter uma geração enquanto a Terra, paralelamente, terá outra • Surgimento do Tártaro enquanto local de maior profundidade nos planos • Surgimento do Eros enquanto princípio de diferenciação entre masculino e feminino (Eros primordial – mais belo entre deuses e mortais) • A partir desse momento, o mundo começa a se formar biomorficamente o Inicialmente por partenogênese e, posteriormente, pelo princípio de união 4. O Caos e as Gerações do Caos • O Caos gera sozinho (partenogênese) Caos Érebo Dia Noite Éter • O caos gera a escuridão (absoluta e relativa) Érebo – forma de escuridão profunda (escuridão absoluta) Noite – escuridão após o por do sol o Escuridão gerada pela alternância com o dia o Escuridão pautada na relação cíclica de alternância • Érebo e Noite se unem para gerar Dia e Éter o É da escuridão que nasce a claridade Dia – claridade Éter – claridade absoluta • O Éter nunca toca a escuridão, assim como o Érebo nunca toca a claridade • Éter e Érebo nunca se encontram • A mitologia coloca o Éter como a morada dos deuses • Já é pressuposto, nesse momento, a união do princípio masculino com o princípio masculino OBSERVAÇÃO: quando a noite nasceu, ainda não existia o dia OBSERVAÇÃO 2: Hesíodo recria o mundo apresentando como foi pela primeira vez o surgimento de cada elemento do mundo 5. Gaia: A Geração da Terra (Terra Cosmogónica) Gaia ≠ Deméter (Terra Cultivada) • Na mitologia, a mulher pari e o homem gera • Os três primeiros filhos de Gaia são gerados a partir de partenogênese Urano – céu constelado (considerado um duplo da terra) Mar – águas profundas Montanhas – abrigo das ninfas Gaia Urano Mar Montanhas GAIA Oceano Cóios Crios Hipérion Jápeto Téia Réia Témis Mnemosine Febe Tétis Cronos URANO • Gaia se une a Urano e, juntos, eles tem 12 filhos (os 12 titãs) • Cronos é caracterizado como “aquele de curvo pensar” o Cronos possui um ódio profundo pelo pai (urano) o Não tem pensamento reto Ciclopes – feição monstruosa, considera-se que não podem ser comparáveis aos deuses o Foram responsáveis por forjar no interior de gaia as armas de Zeus: trovão, raio e relâmpago Hecatonquiros – são os não nomeáveis o Monstruosidade da multiplicidade de cabeças e braços Gaia Ciclopes Urano Hecátonquiros
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