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CÁLCULO II: VOLUME II MAURICIO A. VILCHES - MARIA LUIZA CORRÊA Departamento de Análise - IME UERJ 2 3 Copyright by Mauricio A. Vilches Todos os direitos reservados Proibida a reprodução parcial ou total 4 PREFÁCIO "Por favor, poderia me dizer que caminho devo seguir agora? Isso depende bastante de até onde você quer chegar." Lewis Carrol - Alice no País das Maravilhas Esta notas são a continuação natural dos livros CÁLCULO I: VOLUME I e CÁLCULO I: VOLUME II, que é pré-requisito para este livro. Da mesma forma que o Cálculo Diferencial e Integral de uma variável, os conceitos centrais do Cálculo Diferencial e Integral de várias variáveis são relativamente pro- fundos e não se espera que possam ser assimilados de uma só vez. Neste nível, o importante é que o leitor desenvolva a habilidade de calcular e adquira a compreensão geométrica dos problemas. Esperamos que o livro permita ao leitor um acesso rápido e agradável ao Cálculo Di- ferencial e Integral de uma variável. Não podemos deixar de recomendar aos alunos a utilização, criteriosa, dos softwares de Cálculo existente no mercado, pois eles são um complemento útil ao aprendizado da disciplina. Desejamos agradecer aos nossos colegas do Departamento de Análise e do IME-UERJ que, de algum modo, nos motivaram e deram condições para escrever estas notas e à Sra. Sonia Maria Alves pela digitação. Certamente, todos os erros são exclusivamente de responsabilidade dos autores. Mauricio A. Vilches - Maria Luiza Corrêa Rio de Janeiro Conteúdo 1 INTEGRAÇÃO DUPLA 7 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2 Integração Dupla sobre Retângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.3 Significado Geométrico da Integral Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.4 Integrais Iteradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.5 Teorema de Fubini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.6 Extensão do Teorema de Fubini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.7 Integração Dupla sobre Regiões mais Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.8 Regiões de tipo I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.9 Regiões de tipo II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 1.10 Regiões de tipo III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 1.11 Regiões Elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.12 Extensão da Integral Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 1.13 Integral Dupla e Volume de Sólidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 1.13.1 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 1.14 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 2 MUDANÇA DE COORDENADAS 45 2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 2.2 Jacobiano da Mudança de Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 2.3 Mudança de Coordenadas e Integrais Duplas . . . . . . . . . . . . . . . . 50 2.4 Mudança Linear de Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 2.5 Mudança Polar de Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 2.6 Regiões Limitadas por Círculos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 2.7 Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 2.8 Exercícios de Mudança de Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 2.9 Outras Aplicações da Integral Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 2.10 Massa Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 2.11 Momento de Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 2.11.1 Centro de Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 2.12 Momento de Inércia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 5 6 CONTEÚDO 2.13 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 3 INTEGRAÇÃO TRIPLA 97 3.1 Integração Tripla sobre Paralelepípedos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 3.2 Integrais Triplas sobre Regiões mais Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 3.2.1 7.2.1 Regiões Elementares no Espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 3.2.2 Regiões de tipo I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 3.2.3 Regiões de tipo II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 3.2.4 Regiões de tipo III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 3.2.5 Região de tipo IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 3.3 Extensão da Integral Tripla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 3.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 4 MUDANÇA DE COORDENADAS 115 4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 4.2 Coordenadas Cilíndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 4.3 Coordenadas Esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 4.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 5 APÊNDICE 139 5.1 Limite e Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 5.2 Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 5.3 Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 Bibliografia 159 Capítulo 1 INTEGRAÇÃO DUPLA 1.1 Introdução As integrais duplas tem inúmeras aplicações em diversas Áreas da Ciência, como por exemplos na Geometria e a Física. Na Geometria as integrais duplas podem ser utiliza- das no cálculo de áreas de regiões planas, e do vólume de sólidos no espaço. Na Física podem ser utilizadas para cálcular massa, momentos de massa e de inercia de regiões planas. Inicialmente, estudaremos o conceito de integração dupla para funções, que tem como domínio, retângulos, posteriormente extenderemos o conceito para outros tipos de do- mínios bem mais gerais. Estudaremos nos próximos parágrafos, como reconhecer o domínio de integração das integrais duplas, pois saber reconhecer estes domínios é fundamental para cálculo das integrais duplas. 1.2 Integração Dupla sobre Retângulos Denotemos por: R = [a, b]× [c, d] = {(x, y) ∈ R2/a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d} um retângulo em R2. Consideremos P1 = {x0, x1, ...., xn} e P2 = {y0, y1, ...., yn} partições de ordem n de [a, b] e [c, d] respectivamente, tais que: a = x0 < x1 < . . . . . . < xn = b e c = y0 < y1 < . . . . . . < yn = d e: 7 8 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA xi+1 − xi = b− a n e yj+1 − yj = d− c n . a b c d x x R i i+1 yj+1 yj R ij Figura 1.1: Partição de R Note que se P1 determina n sub-intervalos e P2 determina m sub-intervalos, então P1 × P2 determina n ·m sub-retângulos. Definição 1.1. O conjunto P1×P2 é denominada partição do retângulo R de ordem n. Observações 1.1. 1. Lembremos que f : A ⊂ R2 −→ R é uma função limitada se existe k ∈ R tal que |f(x, y)| ≤ k, para todo (x, y) ∈ A. 2. Isto é, se f é limitada, então G(f) está contido entre os planos paralelos z = ±k. 3. A função f(x, y) = sen(x y) é limitada. De fato, temos que |f(x, y)| ≤ 1, para todo (x, y) ∈ R2. 4. A função f(x, y) = e−(x2+y2) é limitada. De fato, temos que 0 < f(x, y) ≤ 1, para todo (x, y) ∈ R2. Consideremos a função limitada: f : R ⊂ R2 −→ R, 1.2. INTEGRAÇÃO DUPLA SOBRE RETÂNGULOS 9 os n2 sub-retângulos: Rij = [xi, xi+1]× [yj, yj+1] e cij ∈ Rij arbitrário tal que i, j = 0, ...., n− 1. Definição 1.2. A soma: Sn = n−1∑ i=0 n−1∑ j=0 f(cij) ∆x ∆ y, onde: ∆x = b− a n e ∆ y = d− c n . é dita soma de Riemann de f sobre R. Definição 1.3. Uma função f : R ⊂ R2 −→ R limitada é integrável sobre R se lim n→+∞ Sn = lim n→+∞ n−1∑ i=0 n−1∑ j=0 f(cij) ∆x ∆ y, existe independente da escolha de cij ∈ Rij e da partição. Definição 1.4. Se f íntegrável sobre R, denotamos este limite por:∫∫ R f(x, y) dx dy, que é denominada integral dupla de f sobre R. Teorema 1.1. Seja R ⊂ R2 é um retângulo e f : R ⊂ R2 −→ R é contínua, então f é integrável sobre R. A prova deste teorema pode ser vista em [EL]. 10 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA 1.3 Significado Geométrico da Integral Dupla Seja: f : R ⊂ R2 −→ R contínua tal que f(x, y) ≥ 0 para todo (x, y) ∈ R. A existência da integral dupla de f sobre R tem um significado geométrico direto. Consideramos o sólido W ⊂ R3 definido por: W = {(x, y, z) ∈ R3 / a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d, 0 ≤ z ≤ f(x, y)} Figura 1.2: Vista do sólido W W é um conjunto fechado e limitado superiormente pelo gráfico da função z = f(x, y), inferiormente pelo retângulo R e lateralmente pelos planos x = a, x = b, y = c e y = d. Se denotamos por V (W ) o volume de W , então: V (W ) = ∫∫ R f(x, y) dx dy Observemos primeiramente, que os conjuntos Rij são fechados e limitados, por outro lado, as restrições de f a estes sub-intervalos são contínuas, então, pelo Teorema de Weierstrass f atinge seu máximo e seu mínimo sobre Rij . 1.3. SIGNIFICADO GEOMÉTRICO DA INTEGRAL DUPLA 11 Escolhendo cij como o ponto onde f atinge seu máximo sobre Rij , então: f(cij)×∆x×∆y é o volume de cada paralelepípedo de base Rij e altura f(cij). Figura 1.3: Partição e os paralelepípedos de W , respectivamente Sn = n−1∑ i=0 n−1∑ j=0 f(cij) ∆x∆y é o volume do sólido circunscrito a W . Analogamente se eij é o ponto onde f atinge seu mínimo sobre Rij (pois R é fechado, limitado e f é contínua), então: sn = n−1∑ i=0 n−1∑ j=0 f(eij) ∆x∆y é o volume do sólido inscrito em W . Como f é integrável, os limites das somas de Riemann Sn e sn independem da escolha de cij e eij : 12 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA lim n→∞ Sn = lim n→∞ sn = ∫∫ R f(x, y) dx dy. Em outras palavras os volumes dos sólidos inscritos e circunscritos a W , tendem ao mesmo limite. Portanto, é razoável chamar este limite de volume de W . Figura 1.4: Partição e os paralelepípedos de W , respectivamente Figura 1.5: Reconstrução do sólido 1.3. SIGNIFICADO GEOMÉTRICO DA INTEGRAL DUPLA 13 Figura 1.6: Reconstrução do sólido Observações 1.2. 1. Novamente notamos que é possível mostrar rigorosamente que o significado ge- ométrico da integral dupla independe da escolha da partição e dos pontos cij e eij . 2. A integral dupla tem propriedades análogas às das integrais das funções de uma variável. Proposição 1.1. 1. Linearidade da integral dupla. Se f e g são funções integraveis sobre R então para todo α, β ∈ R, α f + β g é integrável sobre R, e: ∫∫ R ( α f(x, y) + β g(x, y) ) dx dy = α ∫∫ R f(x, y) dx dy + β ∫∫ R g(x, y) dx dy 2. Se f e g são integráveis sobre R e g(x, y) ≤ f(x, y), para todo (x, y) ∈ R, então: ∫∫ R g(x, y) dx dy ≤ ∫∫ R f(x, y) dx dy 14 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA 3. Se R é subdividido em k retângulos e f é integrável sobre cada Ri, i = 1, ..., k então f é integrável sobre R e, ∫∫ R f(x, y) dx dy = k∑ i=1 ∫∫ Ri f(x, y) dx dy 1.4 Integrais Iteradas Uma integral iterada de f sobre R é uma integral do tipo:∫ d c [∫ b a f(x, y) dx ] dy. Para calculá-la fixamos y e calculamos a integral ∫ b a f(x, y) dx como integral de uma veriável em x; o resultado é uma função de y que é novamente integrada em y, com limites de integração c e d. A integral ∫ b a [∫ d c f(x, y) dy ] dx é calculada de forma análoga. Exemplo 1.1. [1] Calcule ∫ 2 0 [∫ 3 1 x2y dy ] dx.∫ 3 1 x2y dy = x2 ∫ 3 1 y dy = 4x2 e ∫ 2 0 [∫ 3 1 x2y dy ] dx = ∫ 2 0 4x2 dx = 32 3 . [2] Calcule ∫ pi 0 [∫ pi 0 cos(x+ y) dx ] dy. ∫ pi 0 cos(x+ y) dx = sen(x+ y) ∣∣∣∣x=pi x=0 = sen(y + pi)− sen(y), e ∫ pi 0 [∫ pi 0 cos(x+ y) dx ] dy = ∫ pi 0 (sen(y + pi)− sen(y)) dy = −4. 1.4. INTEGRAIS ITERADAS 15 [3] Calcule ∫ 1 −1 [∫ 1 −2 (x2 + y2) dx ] dy.∫ 1 −2 (x2 + y2) dx = (x3 3 + x y2 )∣∣∣∣x=1 x=−2 = 3 + 3 y2 e ∫ 1 −1 [∫ 1 −2 (x2 + y2) dx ] dy = ∫ 1 −1 (3 + 3 y2) dy = 8. [4] Calcule ∫ pi 3 pi 6 [∫ 4 0 ρ2 eρ 3 sen(φ) dρ ] dφ. ∫ 4 0 ρ2 eρ 3 sen(φ) dρ = sen(φ) ∫ 4 0 ρ2 eρ 3 dρ = sen(φ) eρ 3 3 ∣∣∣∣4 0 ; logo: ∫ 4 0 ρ2 eρ 3 sen(φ) dρ == sen(φ) e64 − 1 3 e ∫ pi 3 pi 6 [∫ 4 0 ρ2 eρ 3 sen(φ) dρ ] dφ = e64 − 1 3 ∫ pi 3 pi 6 sen(φ) dφ logo: ∫ pi 3 pi 6 [∫ 4 0 ρ2 eρ 3 sen(φ) dρ ] dφ = (e64 − 1) (√3− 1) 6 . [5] Calcule ∫ 1 0 [∫ √1−y2 0 √ 1− y2 dx ] dy.∫ √1−y2 0 √ 1− y2 dx = 1− y2 e: e ∫ 1 0 [∫ √1−y2 0 √ 1− y2 dx ] dy = ∫ 1 0 (1− y2) dy = 2 3 . 16 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA [6] Seja a função f : [0, 1]× [0, 1] −→ R definida por: f(x, y) = { 1 se x ∈ Q 2 y se x /∈ Q. Então: ∫ 1 0 dy = ∫ 1 0 dy = 1 se x ∈ Q ∫ 1 0 2 y dy = 1 se x /∈ Q. Logo, ∫ 1 0 [ ∫ 1 0 dy ] dx = 1. Por outro lado ∫ 1 0 f(x, y) dx não existe, exceto quando y = 1 2 ; logo,∫ 1 0 [ ∫ 1 0 dx ] dy não existe. Em geral, nada garante a existência das integrais iteradas. 1.5 Teorema de Fubini O seguinte teorema fundamental relaciona a integral dupla com as integrais iteradas, o que facilitará seu cálculo. Teorema 1.2. (Fubini): Seja f : R −→ R contínua sobre R. Então:∫∫ R f(x, y) dx dy = ∫ d c [∫ b a f(x, y) dx ] dy = ∫ b a [∫ d c f(x, y) dy ] dx Prova: Veja o apêndice. Observações 1.3. 1. Uma visualização geométrica do teorema de Fubini pode ser feita usando o prin- cípio de Cavalieri: “ Dado um sólido, se denotamos por A(y) a área da seção transversal ao sólido, medida a uma distância y de um plano de referência, o vo- lume do sólido é dado por: V = ∫ d c A(y) dy, onde c e d são as distâncias mínima e máxima ao plano de referência”. 1.5. TEOREMA DE FUBINI 17 2. Se f é uma função contínua e f(x, y) ≥ 0 em todo R, então:∫∫ R f(x, y) dx dy representa o volume do sólido W : W = {(x, y, z) ∈ R3 /a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d, 0 ≤ z ≤ f(x, y)}. c Rb d a Figura 1.7: 3. Se intersectamos o sólido por um plano paralelo ao plano yz a uma distância x da origem, obtemos uma seção plana que tem como área: A(x) = ∫ d c f(x, y) dy. Pelo princípio de Cavalieri, o volume total do sólido é: ∫∫ R f(x, y) dx dy = ∫ b a A(x) dx = ∫ b a [∫ d c f(x, y) dy ] dx. 4. Analogamente, se intersectamos o sólido por um plano paralelo ao plano xz a uma distância y da origem obtemos uma seção plana de área: A(y) = ∫ b a f(x, y) dx. 18 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA Pelo princípio de Cavalieri: ∫∫ R f(x, y) dx dy = ∫ d c A(y) dy = ∫ d c [∫ b a f(x, y) dx ] dy. Exemplo 1.2. [1] Calcule ∫∫ R dx dy, onde R = [a, b]× [c, d].∫∫ R dx dy = ∫ b a [∫ d c dy ] dx = ∫ b a (d− c) dx = (b− a) (d− c); numericamente a integral dupla ∫∫ R dx dy, corresponde a área de R ou ao volume do paralelepípedo de base R e altura 1. [2] Calcule ∫∫ R f(x, y) dx dy, onde R = [a, b]× [c, d] e f(x, y) = h, h constante positiva.∫∫ R f(x, y) dx dy = h ∫∫ R dx dy = h× A(R) = h (b− a) (d− c), onde a última igualdade expressa o volume do paralelepípedo de base R e altura h. [3] Calcule ∫∫ R (x y + x2) dx dy, onde R = [0, 1]× [0, 1]. ∫∫ R (x y + x2) dx dy = ∫ 1 0 [∫ 1 0 (x y + x2) dx ] dy = ∫ 1 0 [ x2 y 2 + x3 3 ]∣∣∣∣x=1 x=0 dy = ∫ 1 0 [ y 2 + 1 3 ] dy = 7 12 . O número 7 12 representa o volume do sólido limitado superiormente pelo gráfico da função f(x, y) = x y + x2, tal que (x, y) ∈ [0, 1]× [0, 1] e pelos planos coordenados. 1.5. TEOREMA DE FUBINI 19 Figura 1.8: Sólido do exemplo [3] [4] Calcule ∫∫ R x y2 dx dy, onde R = [−1, 0]× [0, 1]. ∫∫ R x y2 dx dy = ∫ 1 0 [∫ 0 −1 x y2 dx ] dy = −1 2 ∫ 1 0 y2dy = −1 6 . [5] Calcule ∫∫ R sen(x+ y) dx dy, onde R = [0, pi]× [0, 2pi]. ∫∫ R sen(x+ y) dx dy = ∫ 2pi 0 [∫ pi 0 sen(x+ y) dx ] dy = ∫ 2pi 0 (cos(y)− cos(y + pi)) dy = 0. [6] Calcule o volume do sólido limitado superiormente por z = 1 − y e inferiormente pelo retângulo definido por 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ 1. 20 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA Figura 1.9: Sólido do exemplo [6] O sólido está limitado superiormente pelo plano z = 1− y e inferiormente pelo retân- gulo R = [0, 1]× [0, 1]; então, o volume V é: V = ∫∫ R (1− y) dx dy = ∫ 1 0 [∫ 1 0 (1− y) dx ] dy = ∫ 1 0 (1− y) dy = 1 2 u.v. [7] Calcule o volume do sólido limitado por z = x2 + y2 e pelos planos x = 0, x = 3, y = 0 e y = 1. Figura 1.10: Sólido do exemplo [7] 1.6. EXTENSÃO DO TEOREMA DE FUBINI 21 R = [0, 3]× [0, 1]. O volume é: V = ∫∫ R (x2 + y2) dx dy = ∫ 1 0 [∫ 3 0 (x2 + y2) dx ] dy = ∫ 1 0 (9 + 3y2) dy = 10u.v. u.v. =unidades de volume. [8] Calcule o volume do sólido limitado por z = 1 − y2 e pelos planos x = −1, x = 1, y = −1 e y = 1. Figura 1.11: Sólido do exemplo [8] R = [−1, 1]× [−1, 1]. O volume é: V = ∫∫ R (1− y2) dx dy = ∫ 1 −1 [∫ 1 −1 (1− y2) dx ] dy = 2 ∫ 1 −1 (1− y2) dy = 8 3 u.v. 1.6 Extensão do Teorema de Fubini Antes de estudar a integral dupla em regiões mais gerais enunciaremos uma generera- lização do teorema 1.1. Definição 1.5. Seja A ⊂ R tal que R = [a, b] × [c, d]. O conjunto A ⊂ R tem conteúdo nulo se existe um número finito de sub-retângulos Ri ⊂ R, (1 ≤ i ≤ n) tais que: A ⊂ R1 ∪R2 ∪ . . . ∪Rn−1 ∪Rn e: lim n→+∞ n∑ i=1 |Ri| = 0; 22 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA onde |Ri| é a área de Ri. Exemplo 1.3. [1] Se A = {p1, p2, ......., pm}, tal que pi ∈ R, (1 ≤ i ≤ m). O conjunto A tem conteúdo nulo. De fato, utilizando uma partição de ordem n de R como antes, temos: |Ri| = (b− a) (d− c) n2 , 1 ≤ i ≤ n. Como cada ponto pode estar no máximo em quatro sub-retângulos, então: 0 < n∑ i=1 |Ri| ≤ 4m (b− a) (d− c) n2 . Logo: lim n→+∞ n∑ i=1 |Ri| = 0. [2] ∂R tem conteúdo nulo. b c d x xa i i+1 yj+1 y RRij j Figura 1.12: ∂R Os pontos de ∂R estão distribuido em 4n− 4 sub-retângulos Rij : 0 < n∑ i=1 |Ri| ≤ (4n− 4) (b− a) (d− c) n2 ≤ 4 (b− a) (d− c) n , 1.7. INTEGRAÇÃO DUPLA SOBRE REGIÕES MAIS GERAIS 23 pois n− 1 n < 1. Logo: lim n→+∞ n∑ i=1 |Ri| = 0. É possível provar que o gráfico de uma função contínua f : [a, b] −→ R tem conteúdo nulo. Figura 1.13: G(f) Teorema 1.3. Se f : R −→ R é uma função limitada e o conjunto onde f é descontínua tem conteúdo nulo, então f é integrav´el sobre R. Prova: Veja [EL] na bibliografia. 1.7 Integração Dupla sobre Regiões mais Gerais Definiremos três tipos especiais de subconjuntos do plano, que serão utilizados para estender o conceito de integral dupla sobre retângulos a regiões mais gerais 1.8 Regiões de tipo I Seja D ⊂ R2. D é uma região de tipo I se pode ser descrita por: D = {(x, y) ∈ R2/a ≤ x ≤ b, φ1(x) ≤ y ≤ φ2(x)} sendo φi : [a, b] −→ R (i = 1, 2) funções contínuas tais que φ1(x) ≤ φ2(x) para todo x ∈ [a, b]. 24 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA a b D D ba φ φ φ φ 1 2 2 1 Figura 1.14: Regiões de tipo I 1.9 Regiões de tipo II D é uma região de tipo II se pode ser descrita por: D = {(x, y) ∈ R2/c ≤ y ≤ d, ψ1(y) ≤ x ≤ ψ2(y)} sendo ψi : [c, d] −→ R (i = 1, 2) funções contínuas tais que ψ1(y) ≤ ψ2(y) para todo y ∈ [c, d]. D d c ψ Dψ ψ1 2 ψ 1 2 Figura 1.15: Regiões de tipo II 1.10 Regiões de tipo III D é uma região de tipo III se pode ser descrita como região de tipo I ou de tipo II. 1.11. REGIÕES ELEMENTARES 25 1.11 Regiões Elementares Observações 1.4. 1. As regiões de tipos I, II ou III são chamadas elementares. 2. As regiões elementares são fechadas e limitadas. Exemplo 1.4. [1] A região limitada pelas curvas y = x2 e y = 4x− x2 pode ser descrita como de tipo I: A interseção das curvas é dada pela solução do sistema:{ y = x2 y = 4x− x2, do qual obtemos: x = 0 e x = 2; logo, D = {(x, y) ∈ R2 / 0 ≤ x ≤ 2, x2 ≤ y ≤ 4x− x2}. 0.5 1.0 1.5 2.0 1 2 3 4 Figura 1.16: Região de tipo I [2] Seja a região D limitada pelas seguintes curvas: y2 − x = 1 e y2 + x = 1. A região pode ser descrita por: D = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ y ≤ 1, y2 − 1 ≤ x ≤ 1− y2}; D é uma região de tipo II. 26 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA -1.0 -0.5 0.5 1.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.5 1.0 1.5 Figura 1.17: Região de tipo II [3] A região D limitada pela reta x + y = 2 e pelos eixos coordenados, no primeiro quadrante, pode ser descrita como de tipo II: D = {(x, y) ∈ R2/0 ≤ y ≤ 2, 0 ≤ x ≤ 2− y}. 0.5 1.0 1.5 2.0 0.5 1.0 1.5 2.0 Figura 1.18: Região de tipo III [4] A região D limitada pelas curvas y = x − 1 e y2 = 2 x + 6, pode ser descrita como de tipo II. A interseção das curvas é dada pela solução do sistema:{ y = x− 1 y2 = 2x+ 6, 1.11. REGIÕES ELEMENTARES 27 do qual obtemos: x = −1 e x = 5; logo: D = {(x, y) ∈ R2/− 2 ≤ y ≤ 4, y 2 2 − 3 ≤ x ≤ y + 1}. -2 2 4 6 -2 -1 1 2 3 4 Figura 1.19: Região de tipo II [5] Seja D a região limitada pela curva x2 + y2 = 1; esta região é do tipo III. De fato: De tipo I: D = {(x, y) ∈ R2/− 1 ≤ x ≤ 1, φ1(x) = − √ 1− x2 ≤ y ≤ φ2(x) = √ 1− x2}. De tipo II: D = {(x, y) ∈ R2/− 1 ≤ y ≤ 1, ψ1(y) = − √ 1− y2 ≤ x ≤ ψ2(y) = √ 1− y2}. 28 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA -1.0 -0.5 0.5 1.0 -1.0 -0.5 0.5 1.0 Figura 1.20: Região de tipo III 1.12 Extensão da Integral Dupla Seja D uma região elementar tal que D ⊂ R, onde R é um retãngulo e f : D −→ R uma função contínua (logo limitada). Definamos f ∗ : R −→ R por: f ∗(x, y) = { f(x, y) se (x, y) ∈ D 0 se (x, y) ∈ R−D. f ∗ é limitada e contínua, exceto, possivelmente, em ∂D; mas se ∂D consiste de uma união finita de curvas que são gráficos de funções contínuas, pelo teorema 1.1, f ∗ é integrável sobre R. D R R D Figura 1.21: Gráficos de f e f ∗, respectivamente 1.13. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 29 Definição 1.6. f : D −→ R é integrável sobre D se f ∗ é integrável sobre R e em tal caso definimos: ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫∫ R f ∗(x, y) dx dy. Se R1 é outro retângulo tal que D ⊂ R1 e f ∗1 : R1 −→ R é definida como antes, então:∫∫ R f ∗(x, y) dx dy = ∫∫ R1 f ∗1 (x, y) dx dy, pois f ∗ = f ∗1 = 0 onde R e R1 diferem. R D R f* =f* =0 1 1 Figura 1.22: Região de tipo III Logo, ∫∫ D f(x, y) dx dy não depende da escolha do retângulo. 1.13 Integral Dupla e Volume de Sólidos Proposição 1.2. Se f : D −→ R é uma função contínua e limitada sobre D, então: 1. Se D é uma região de tipo I: ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫ b a [∫ φ2(x) φ1(x) f(x, y) dy ] dx 30 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA 2. Se D é uma região de tipo II: ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫ d c [∫ ψ2(y) ψ1(y) f(x, y) dx ] dy Para a prova, veja o apêndice. Corolário 1.1. Se f(x, y) = 1 em todo D, então:∫∫ D dx dy = Área(D) De fato, se D é de tipo I, temos ∫∫ D dx dy = ∫ b a [ φ2(x)− φ1(x) ] dx = A(D). Corolário 1.2. Se f(x, y) ≥ 0 e é contínua em D, podemos novamente interpretar a integral dupla de f sobre D como o volume do sólido W limitado superiormente pelo gráfico de f e inferiormente por D. W = {(x, y, z) ∈ R3/(x, y) ∈ D, 0 ≤ z ≤ f(x, y)} D é a projeção de W sobre o plano xy e: V (W ) = ∫∫ D f(x, y) dx dy 1.13.1 Exemplos [1] Calcule ∫ 1 0 [∫ 1 y ex 2 dx ] dy. A integral não pode ser calculada na ordem dada. Ob- serve que: ∫∫ D ex 2 dx dy = ∫ 1 0 [∫ 1 y ex 2 dx ] dy. A região D, onde está definida a integral, é de tipo II: 0 ≤ y ≤ 1 e y ≤ x ≤ 1. 1.13. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 31 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Figura 1.23: Região D A região D é de tipo III; logo, D também é de tipo I. De fato: 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ x e:∫∫ D ex 2 dx dy = ∫ 1 0 [∫ x 0 ex 2 dy ] dx = ∫ 1 0 x ex 2 dx = e− 1 2 . [2] Calcule ∫ 1 0 [∫ 1 x sen(y) y dy ] dx. 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Figura 1.24: Região D A região D, onde está definida a integral é de tipo I: 0 ≤ x ≤ 1 e x ≤ y ≤ 1. Por outro lado, D é de tipo III, logo D também é de tipo II: 0 ≤ y ≤ 1 e 0 ≤ x ≤ y, logo: 32 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA ∫ 1 0 [∫ 1 x sen(y) y dy ] dx = ∫ 1 0 [∫ y 0 sen(y) y dx ] dy = ∫ 1 0 sen(y) dy = 1− cos(1). [3] Calcule ∫∫ D √ 1− y2 dx dy, onde D é a região limitada por x2 + y2 = 1 no primeiro quadrante. 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Figura 1.25: Região D Consideramos D como região de tipo II: D = {(x, y) ∈ R/0 ≤ y ≤ 1, 0 ≤ x ≤ √ 1− y2}. Pela proposicão: ∫∫ D √ 1− y2 dx dy = ∫ 1 0 [∫ √1−y2 0 √ 1− y2 dx ] dy = ∫ 1 0 (1− y2) dy = 2 3 . Note que se escrevemosD como região de tipo I, a integração é muito mais complicada. 1.13. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 33 [4] Calcule ∫∫ D (x+ y)2 dx dy, se D é a região limitada por y = x, 2 y = x + 2 e o eixo dos y. 0.5 1.0 1.5 2.0 0.5 1.0 1.5 2.0 Figura 1.26: Região D As retas se intersectam no ponto (2, 2). Escrevendo D como região de tipo I: D = {(x, y) / 0 ≤ x ≤ 2, x ≤ y ≤ x 2 + 1}. Logo: ∫∫ D (x+ y)2 dx dy = ∫ 2 0 [∫ x 2 +1 x (x+ y)2 dy ] dx = 1 3 ∫ 2 0 [(3x 2 + 1 )3 − 8x3] dx = 21 6 . [5] Determine o volume do sólido limitado por y−x+z = 1 e pelos planos coordenados. Para ter uma visão geométrica do problema, fazemos o desenho do sólido, que é li- mitado superiormente pelo plano que passa pelos pontos (0, 0, 1), (0, 1, 0), (−1, 0, 0) e inferiormente pelo plano z = 0. 34 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA -1 1 Figura 1.27: O sólido e a região, respectivamente A integral dupla representa o volume do sólido limitado superiormente pelo gráfico da função z = f(x, y) = 1 + x − y e, inferiormente pela região D projeção de W no plano xy. W = {(x, y, z) ∈ R3 / (x, y) ∈ D, 0 ≤ z ≤ 1 + x− y}, onde: D = {(x, y) ∈ R2/ − 1 ≤ x ≤ 0, 0 ≤ y ≤ x+ 1} é região do tipo I. Logo, o volume é: V (W ) = ∫∫ D (1 + x− y) dx dy = ∫ 0 −1 [∫ x+1 0 (1 + x− y) dy ] dx = 1 2 ∫ 0 −1 (x+ 1)2dx = 1 6 u.v. [6] Determine o volume do sólido limitado por z = 2x+ 1, x = y2 e x− y = 2. 1.13. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 35 Figura 1.28: O sólido Vista da reigião D: 1 2 3 4 1 2 Figura 1.29: A região D Observe que z = f(x, y) = 2 x+ 1 e V (W ) = ∫∫ D (2x+ 1) dx dy, onde D é a projeção do sólido no plano xy. Considerando D como região do tipo II, ela é definida por: D = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ y ≤ 2, y2 ≤ x ≤ y + 2}. O volume é: 36 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA V (W ) = ∫∫ D (2x+ 1) dx dy = ∫ 2 −1 [∫ y+2 y2 (2x+ 1) dx ] dy = ∫ 2 −1 (5 y + 6− y4) dy = 189 10 u.v. [7] Calcule o volume do sólido que está acima do plano xy e é limitado por z = x2+4 y2 e x2 + 4 y2 = 4. O gráfico de z = x2 + 4 y2 é um parabolóide elítico e o de x2 + 4 y2 = 4 é um cilindro elítico. Figura 1.30: O sólido Vista da rigião D: 1.13. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 37 -2 2 -1 1 Figura 1.31: A região D Pela simetria do sólido, calculamos o volume no primeiro octante e multiplicamos o resultado por 4. 2 1 Figura 1.32: A região D D é a projeção do cilindro no plano xy. D é do tipo I: D = {(x, y) / 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ √ 4− x2 2 }. e: 38 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA V = 4 ∫∫ D (x2 + 4y2) dx dy = 4 ∫ 2 0 [ ∫ √4−x2 2 0 (x2 + 4 y2) dy ] dx = 2 ∫ 2 0 ( x2 √ 4− x2 + (4− x 2) 3 2 3 ) dx = 4pi u.v. [8] Calcule a área da região plana limitada pelas curvas y = x2 e y = 4x− x2. As curvas são parábolas: { y = x2 y = 4x− x2, os pontos de interseção das curvas são: (0, 0) e (2, 4). 0.5 1.0 1.5 2.0 1 2 3 4 Figura 1.33: A região D D é do tipo I: 0 ≤ x ≤ 2 e x2 ≤ y ≤ 4x− x2. 1.13. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 39 A = ∫∫ D dx dy = ∫ 2 0 [∫ 4x−x2 x2 dy ] dx = 2 ∫ 2 0 (2x− x2) dx = 8 3 u.a. [9] Calcule o volume do sólido obtido pela interseção dos cilindros: x2 + y2 = a2 e x2 + z2 = a2, a 6= 0. O sólido determinado pela interseção dos cilindros: Figura 1.34: O sólido do exemplo [9] Como o sólido é simétrico em relação à origem, calculamos o volume da porção do sólido no primeiro octante e multiplicamos o resultado por 8. 40 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA Figura 1.35: O sólido no primeiro octante Claramente D é região do tipo I: D = {(x, y) / 0 ≤ x ≤ a, 0 ≤ y ≤ √a2 − x2}. 1 Figura 1.36: A região D A altura do sólido W é dada por z = f(x, y) = √ a2 − x2 e: V = 8 ∫∫ D √ a2 − x2 dx dy = 8 ∫ a 0 [∫ √a2−x2 0 √ a2 − x2dy ] dx = 8 ∫ a 0 (a2 − x2) dx = 16 a 3 3 u.v. 1.13. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 41 [10] Calcule o volume do sólido limitado por 3x+ 4 y = 10, z = x2 + y2 e situado acima do plano xy, no primeiro octante. 2 1 Figura 1.37: Sólido e região do exemplo [10], respectivamente D é uma região do tipo II: D = {(x, y) / 0 ≤ y ≤ 5 2 , 0 ≤ x ≤ 10− 4 y 3 }; logo: V = ∫∫ D (x2 + y2) dx dy = ∫ 5 2 0 [∫ 10−4 y 3 0 (x2 + y2) dx ] dy = − 2 81 ∫ 5 2 0 [ 2 y − 5] [43 y2 − 80 y + 100] dy = − 2 81 ∫ 5 2 0 [ 86 y3 − 375 y2 + 600 y − 500] dy = 15625 1296 u.v. [11] Calcule o volume do sólido limitado por z − x y = 0, z = 0, y = x2 e y2 − x = 0. 42 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA Figura 1.38: Sólido do exemplo [11] D é uma região do tipo I: D = {(x, y) / 0 ≤ x ≤ 1, x2 ≤ y ≤ √x}. 1 Figura 1.39: Região D Logo: V = ∫∫ D x y dx dy = ∫ 1 0 [∫ √x x2 x y dy ] dx = 1 2 ∫ 1 0 [x2 − x5] dx = 1 12 u.v. 1.14. EXERCÍCIOS 43 1.14 Exercícios 1. Calcule ∫∫ R f(x, y) dx dy, se: (a) f(x, y) = x2 y3 e R = [0, 1]× [0, 1] (b) f(x, y) = (x+ y)2 (x2 − y2) e R = [0, 1]× [0, 1] (c) f(x, y) = x2 + 4 y e R = [0, 2]× [0, 3] (d) f(x, y) = x2 y2 + 1 e R = [−1, 1]× [−1, 1] (e) f(x, y) = ex y (x2 + y2) e R = [−1, 3]× [−2, 1] (f) f(x, y) = x y − y2 e R = [0, 5]× [0, 4] (g) f(x, y) = 5 x y2 e R = [1, 3]× [1, 4] (h) f(x, y) = 2 x+ c2 y e R = [−2, 2]× [−1, 1] (i) f(x, y) = x2 − y2 e R = [1, 2]× [−1, 1]. 2. Calcule o volume do sólido limitado superiormente pelo gráfico da função e in- feriormente pelo retângulo dado: (a) z = √ 9− y2 e R = [0, 4]× [0, 2] (b) z = x2 + y2 e R = [−2, 2]× [−3, 3] (c) z = y2 − x2 e R = [−1, 1]× [1, 3] (d) z = 2x+ 3 y + 6 e R = [−1, 2]× [2, 3] (e) z = a cos(2 θ) + b sen(2α) e R = [0, pi 2 ]× [0, pi 2 ] (f) z = x sen(y) e R = [0, pi]× [0, pi] 3. Calcule as seguintes integrais mudando a ordem de integração: 44 CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO DUPLA (a) ∫ 1 0 [ ∫ 1 y tg(x2) dx ] dy (b) ∫ 2 1 [ ∫ x 1 x2 y2 dy ] dx (c) ∫ 1 0 [ ∫ √1−x2 0 √ 1− y2 dy ] dx (d) ∫ 1 0 [ ∫ 1 x sen(y2) dy ] dx (e) ∫ 1 0 [ ∫ y 3y ex 2 dx ] dy (f) ∫ 3 0 [ ∫ 9 y2 y cos(x2) dx ] dy 4. Calcule as seguintes integrais sabendo que D é limitada pelas curvas dadas: (a) ∫∫ D y dx dy; y = 2x2 − 2, y = x2 + x (b) ∫∫ D x y dx dy; x 2 a2 + y 2 b2 = 1, x, y ≥ 0 (c) ∫∫ D x dx dy; x− y2 = 0, x = 1 (d) ∫∫ D dx dy x2 + 1 ; y − x2 = 0, y = 1 (e) ∫∫ D (x2 + y2) dx dy; y = 0, y = x− 1 e x = 1, x = 0 (f) ∫∫ D ex+y dx dy; y = 0, y = x e x− 1 = 0 (g) ∫∫ D x cos(y) dx dy; y = 0, y = x2 e x = 1 (h) ∫∫ D 4 y3 dx dy; y = x− 6 e y2 = x (i) ∫∫ D (y2 − x) dx dy; y2 = x e x = 3− 2 y2 (j) ∫∫ D (x2 + 2 y) dx dy; y = 2x2 e y = x2 + 1 (k) ∫∫ D (1 + 2 x) dx dy; x = y2 e y + x = 2 (l) ∫∫ D dx dy; y2 = x3 e y = x Capítulo 2 MUDANÇA DE COORDENADAS 2.1 Introdução Seja D∗ ⊂ R2 uma região elementar no plano uv e: x, y : D∗ −→ R, onde x = x(u, v) e y = y(u, v) são funções contínuas e com derivadas parciais contínuas num retângulo aberto R tal que D∗ ⊂ R. Estas duas funções determinam uma transformação do plano uv no plano xy. De fato: T : D∗ −→ R2, onde T (u, v) = (x(u, v), y(u, v)). A transformação T é também denotada por: { x = x(u, v) y = y(u, v), (u, v) ∈ D∗. Denotemos a imagen de D∗ por T como D = T (D∗), contida no plano xy. 45 46 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS D u v * y D x T Figura 2.1: Mudança de coordenadas Exemplo 2.1. Seja D∗ = [0, 1]× [0, 2pi] e T (r, t) = (r cos(t), r sen(t)). Determinemos D = T (D∗) no plano xy.{ x = r cos(t) y = r sen(t); logo: x2 + y2 = r2 ≤ 1; então D = {(x, y) ∈ R2/x2 + y2 ≤ 1}. r 2 pi L D* x y T D Figura 2.2: Mudança do exemplo Definição 2.1. Uma transformação T é injetiva em D∗ se: T (u1, v1) = T (u2, v2) implica em u1 = u2 e v1 = v2, para todo (u1, v1), (u2, v2) ∈ D∗. 2.2. JACOBIANO DAMUDANÇA DE COORDENADAS 47 Observação 2.1. No exemplo 2.1, temos que: D∗ = [0, 1]× [0, 2pi] e T (r, t) = (r cos(t), r sen(t)). A transformação T não é injetiva. De fato, T (0, t1) = T (0, t2) = (0, 0) para t1 6= t2. Observe que: T (L) = (0, 0), onde L = {(0, t)/0 ≤ t ≤ 2pi}. Mas se D∗ = (0, 1]× (0, 2pi], T é injetiva. 2.2 Jacobiano da Mudança de Coordenadas Seja T : D∗ −→ D uma transformação definida por: { x = x(u, v) y = y(u, v), (u, v) ∈ D∗. Considere a seguinte matriz: J(u, v) = ∂x ∂u ∂x ∂v ∂y ∂u ∂y ∂v onde as derivadas parciais são calculadas nos pontos (u, v) ∈ D∗. Definição 2.2. 1. J é chamada matriz Jacobiana (de Jacobi) da transformação T . 2. O determinante da matriz J , dito jacobiano de T , é denotado e definido por: ∂(x, y) ∂(u, v) = det(J(u, v)) , onde as derivadas parciais são calculadas nos pontos (u, v) ∈ D∗. 48 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS Observações 2.1. 1. O jacobiano de T : ∂(x, y) ∂(u, v) = ∂x ∂u ∂y ∂v − ∂x ∂v ∂y ∂u , onde as derivadas parciais são calculadas nos pontos (u, v) ∈ D∗. 2. A importância da matriz Jacobiana de uma transformação deverá ser estudada com mais rigor, em disciplinas mais avançadas. Por enquanto citaremos a se- guinte proposição, sem prova: Proposição 2.1. Se: ∂(x, y) ∂(u, v) (u0, v0) 6= 0, (u0, v0) ∈ D∗, então existe uma vizinhança do ponto (u0, v0) tal que a restrição de T a esta vizinhança é injetiva. Exemplo 2.2. [1] No exemplo 2.1, temos que: D∗ = [0, 1]× [0, 2pi] e T (r, t) = (r cos(t), r sen(t)). Logo, ∂(x, y) ∂(r, t) = r. Note que para todo (r, t) ∈ L temos: ∂(x, y) ∂(r, t) = 0. [2] Seja o quadrado D∗ = [0, 1]× [0, 1] e T (u, v) = (u+ v, u− v).{ x = u+ v y = u− v. 2.2. JACOBIANO DAMUDANÇA DE COORDENADAS 49 Se u = 0, então y = −x; se v = 0, então y = x, se u = 1; então y = 2− x e se v = 1, então y = x− 2. A região D = T (D∗) é a região do plano xy limitada pelas curvas y = x, y = −x, y = x− 2 e y = 2− x. O jacobiano: ∂(x, y) ∂(u, v) = −2. 1 1 2 -1 1 Figura 2.3: Regiões D∗ e D, respectivamente [3] Seja D∗ a região limitada pelas curvas u2 − v2 = 1, u2 − v2 = 9, u v = 1 e u v = 4 no primeiro quadrante, sendo T (u, v) = (u2 − v2, u v). Determinemos T (D∗) = D, fazendo: { x = u2 − v2 y = u v; se u2 − v2 = 1, então x = 1; se u2 − v2 = 9, então x = 9, se u v = 1, então y = 1 e se u v = 4, então y = 4 50 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS 1 2 3 1 2 1 9 1 4 Figura 2.4: Regiões D∗ e D, respectivamente ∂(x, y) ∂(u, v) = 2 (u2 + v2) 6= 0, para todo (u, v) ∈ D∗. 2.3 Mudança de Coordenadas e Integrais Duplas O seguinte teorema nos ensina o comportamento das integrais duplas sob mudanças de coordenadas. Teorema 2.1. Sejam D e D∗ regiões elementares no plano, T uma transformação de classe C1 e injetiva em D∗. Suponha que T (D∗) = D. Então, para toda função integrá- vel f sobre D temos:∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫∫ D∗ f(u, v) ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ du dv onde: ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ é o valor absoluto do determinante Jacobiano e a função nas novas coordenadas: f(u, v) = f(x(u, v), y(u, v)). 2.4. MUDANÇA LINEAR DE COORDENADAS 51 Corolário 2.1. Em particular a área de D é: A(D) = ∫∫ D dx dy = ∫∫ D∗ ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ du dv Observações 2.2. 1. É possível mostrar que o teorema anterior é ainda válido se T não é injetiva num subconjunto de conteúdo nulo de D∗, como no caso de L, no exemplo 1. 2. Observe que podemos ir do plano uv ao plano xy e vice-versa, pois T é bijetiva. 2.4 Mudança Linear de Coordenadas A mudança linear é definida pela seguinte transformação: x = x(u, v) = a1 u+ b1 v y = y(u, v) = a2 u+ b2 v onde a1 b2 − a2 b1 6= 0. Como: ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = |a1b2 − a2b1|, do teorema anterior, segue: Corolário 2.2. Se f(u, v) = f(a1 u+ b1 v, a2 u+ b2 v), então: 1. ∫∫ D f(x, y) dx dy = |a1b2 − a2b1| ∫∫ D∗ f(u, v) du dv 2. Em particular, a área de D é: A(D) = |a1b2 − a2b1| ∫∫ D∗ du dv = |a1b2 − a2b1|A(D∗) 52 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS Observação 2.2. As inversas da transformação linear são: u = u(x, y) = b2 x− b1 y a1b2 − a2b1 v = v(x, y) = −a2 x+ a1 y a1b2 − a2b1 , e que: ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣−1. Exemplo 2.3. [1] Seja D a região limitada pelas curvas y = 2x, y = x, y = 2x− 2 e y = x+ 1, calcule:∫∫ D x y dx dy. 1 2 3 1 2 3 4 Figura 2.5: Região D A presença dos termos 2x− y e y − x sugerem a seguinte mudança:{ u = 2x− y v = y − x. A nova região D∗ é limitada pelas seguintes curvas: u = 0, u = −2, v = 0 e v = 1. 2.4. MUDANÇA LINEAR DE COORDENADAS 53 -2 1 Figura 2.6: Região D∗ Note que: { x = u+ v y = u+ 2 v, logo: ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 1 e f(u, v) = (u+ v) (u+ 2 v) = u2 + 3u v + 2 v2. Então: ∫∫ D x y dx dy = ∫ 1 0 [∫ 0 −2 (u2 + 3u v + 2 v2) du ] dv = 1. [2] Seja D a região limitada pela curva y + x = 2 e pelos eixos coordenados, calcule:∫∫ D e y−x x+y dx dy. 1 2 1 2 Figura 2.7: Região D 54 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS A presença dos termos x+ y e x− y sugerem a seguinte mudança:{ u = x+ y v = y − x. D é limitada pelas curvas x = 0, y = 0 e x + y = 2; então, D∗ é limitada pelas curvas u = v, u = −v e u = 2, respectivamente. 1 2 -2 2 Figura 2.8: Região D∗ ∣∣∣∣∂(u, v)∂(x, y) ∣∣∣∣ = 2, ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 12 e f(u, v) = e vu ; então: ∫∫ D e y−x x+y dx dy = 1 2 ∫∫ D∗ e v u du dv = 1 2 ∫ 2 0 [∫ u −u e v u dv ] du = 1 2 ∫ 2 0 u e v u ∣∣∣∣v=u v=−u du = [ e− e−1 2 ] ∫ 2 0 u du = e− e−1. 2.4. MUDANÇA LINEAR DE COORDENADAS 55 [3] Determine a área da região D limitada pela curva fechada (2x− 4 y + 7)2 + (x− 5 y)2 = 16. -10 -5 1 -3 Figura 2.9: Região D Considere a mudança: { u = 2x− 4 y v = x− 5 y. D∗ é a região limitada pela curva (u + 7)2 + v2 = 16 que é um círculo centrado em (−7, 0) de raio 4. -10 -5 -4 4 Figura 2.10: Região D∗ 56 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 6; então ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 16 e: A(D) = 1 6 ∫∫ D∗ du dv = 1 6 A(D∗) = 8 pi 3 u.a. [4] Seja D a região limitada pela curva y + x = 1 e pelos eixos coordenados, calcule: ∫∫ D cos (x− y x+ y ) dx dy. 1 Figura 2.11: Região D A presença dos termos x+ y e x− y sugerem a seguinte mudança: { u = x− y v = x+ y. 2.4. MUDANÇA LINEAR DE COORDENADAS 57 -1 1 1 Figura 2.12: Região D∗ D∗ é a região limitada pelas seguintes curvas: u = v, u = −v e v = 1, logo:∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 12 e f(u, v) = cos(uv ); então: ∫∫ D cos ( y − x x+ y ) dx dy = 1 2 ∫∫ D∗ cos (u v ) du dv = 1 2 ∫ 1 0 [∫ v −v cos (u v ) du ] dv = 1 2 ∫ 1 0 v ( sen(1)− sen(−1)) dv = sen(1) ∫ 1 0 v dv = sen(1) 2 . [5] SejaD a região limitada pelas curvas y−2x = 2, y+2x = 2, y−2x = 1 e y+2x = 1, calcule: ∫∫ D y + 2x (y − 2x)2 dx dy. 58 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS -1 10.5-0.5 1 2 Figura 2.13: Região D A presença dos termos y + 2x e y − 2x sugerem a seguinte mudança:{ u = y + 2x v = y − 2x. D∗ é a região limitada pelas seguintes curvas: u = 1, u = 2, v = 1 e v = 2. 1 2 1 2 Figura 2.14: Região D∗ ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 14 e f(u, v) = uv2 ; então: 2.4. MUDANÇA LINEAR DE COORDENADAS 59 ∫∫ D y + 2x (y − 2x)2 dx dy = 1 4 ∫∫ D∗ u v2 du dv = 1 4 ∫ 2 1 [∫ 2 1 u v2 du ] dv = 3 16 . [5] Seja D a região limitada pelas curvas y + x = 1, y + x = 4, x − y = −1 e x − y = 1, calcule: ∫∫ D (x+ y)2 ex−y dx dy. 1 2 4 1 2 3 Figura 2.15: Região D A presença dos termos y + x e y − x sugerem a seguinte mudança: { u = x+ y v = x− y. D∗ é a região limitada pelas seguintes curvas: u = 1, u = 4, v = −1 e v = 1. 60 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS 2 4 -1 1 Figura 2.16: Região D∗ ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 12 e f(u, v) = u2 ev; então: ∫∫ D (x+ y)2 ex−y dx dy = 1 2 ∫∫ D∗ u2 ev du dv = 1 1 ∫ 1 −1 [∫ 4 1 u2 ev du ] dv = 21 (e− e−1) 2 . 2.5 Mudança Polar de Coordenadas Um ponto P = (x, y) em coordenadas retangulares tem coordenadas polares (r, θ) onde r é a distância da origem a P e θ é o ângulo formado pelo eixo dos x e o segmento de reta que liga a origem a P . 2.5. MUDANÇA POLAR DE COORDENADAS 61 r x y θ P’ r P Figura 2.17: Mudança polar de coordenadas A relação entre as coordenadas (x, y) e (r, θ) é dada por:{ r = √ x2 + y2 θ = arctg (y x ) x 6= 0. Ou, equivalentemente: { x = r cos(θ) y = r sen(θ). Esta mudança é injetiva em: D∗ = {(r, θ)/r > 0, θ0 < θ < θ0 + 2pi}, com θ0 =constante. Note que a região circular D = {(x, y) /x2 + y2 ≤ a2} corresponde, em coordenadas polares, à região retangular: D∗ = {(r, θ) /0 ≤ r ≤ a, 0 ≤ θ ≤ 2pi} = [0, a]× [0, 2 pi]. Exemplo 2.4. [1] A cardióide é uma curva de equação cartesiana x2 + y2 = √ x2 + y2 − y; em coorde- nadas polares fica r = 1− sen(θ), r ≥ 0. 62 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS -1 1 -2 1 Figura 2.18: Cardióide [2] A lemniscata de Bernoulli é uma curva de equação cartesiana: (x2 + y2)2 = a2 (x2 − y2); em coordenadas polares fica r2 = a2 cos(2θ). -1 1 1 Figura 2.19: Lemniscata [3] O cilindro circular reto de raio a, em coordenadas cartesianas é definido como o seguinte conjunto: C = {(x, y, z) ∈ R3/ x2 + y2 = a2, a ≥ 0}; em coordenadas polares: C∗ = {(r, θ, z) ∈ R3/r = a, 0 ≤ θ ≤ 2 pi}. Calculemos o jacobiano da mudança de coordenadas polares: 2.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS 63 ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = r > 0. Do teorema anterior, segue: Corolário 2.3. Se f(r, θ) = f(r cos(θ), r sen(θ)), então: 1. ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫∫ D∗ r f(r, θ) dr dθ 2. Esta igualdade ainda é válida se: D∗ = {(r, θ)/r ≥ 0, θ0 ≤ θ ≤ θ0 + 2pi}. 3. Em particular a área de D é: A(D) = ∫∫ D dx dy = ∫∫ D∗ r dr dθ 2.6 Regiões Limitadas por Círculos Seja a > 0. A região D, limitada pelo círculo x2 + y2 = a2, em coordenadas polares é dada por: D∗ = {(r, θ) ∈ R2/0 ≤ r ≤ a, 0 ≤ θ ≤ 2pi}. 64 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS 1 1 Figura 2.20: A região D Neste caso: ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫ 2pi 0 [∫ a 0 r f(r, θ) dr ] dθ A região D, limitada pelo círculo (x− a)2 + y2 ≤ a2, em coordenadas polares é: D∗ = {(r, θ) ∈ R2/0 ≤ r ≤ 2 a cos(θ), −pi 2 ≤ θ ≤ pi 2 }. Figura 2.21: A região D Neste caso: 2.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS 65 ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫ pi 2 −pi 2 [∫ 2 acos(θ) 0 r f(r, θ) dr ] dθ A região D, limitada pelo círculo x2 + (y − a)2 ≤ a2, em coordenadas polares é: D∗ = {(r, θ) ∈ R2/0 ≤ r ≤ 2 a sen(θ), 0 ≤ θ ≤ pi}. Figura 2.22: A região D Neste caso: ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫ pi 0 [∫ 2a sen(θ) 0 r f(r, θ) dr ] dθ Exemplo 2.5. [1] Calcule ∫∫ D (x2 + y2) dx dy, onde D é a região limitada pelas curvas: x2 + y2 = 1, x2 + y2 = 4, y = x e y = √ 3x 3 , no primeiro quadrante. 66 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS Figura 2.23: A região D Usando coordenadas polares, a nova região D∗ no plano rθ é determinada por: D∗ = {(r, θ) /1 ≤ r ≤ 2, pi 6 ≤ θ ≤ pi 4 }. Como x2 + y2 = r2, temos:∫∫ D (x2 + y2) dx dy = ∫∫ D∗ r3 dr dθ = ∫ pi 4 pi 6 [∫ 2 1 r3 dr ] dθ = 5 pi 16 . [2] Calcule ∫∫ D ln(x2 + y2) dx dy, onde D é a região limitada pelas curvas: x2 + y2 = a2 e x2 + y2 = b2, (0 < a < b). Usando coordenadas polares temos que D∗ está determinada por: D∗ = {(r, θ) / a ≤ r ≤ b, 0 ≤ θ ≤ 2pi}. Por outro lado, ln(x2 + y2) = 2 ln(r), ∫∫ D ln(x2 + y2) dx dy = ∫∫ D∗ 2 r ln(r) dr dθ = 4pi ∫ b a r ln(r) dr = pi (r2(2 ln(r)− 1)) ∣∣∣∣b a = pi (2 b2 ln(b)− 2 a2 ln(a) + a2 − b2). 2.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS 67 [3] Determine o volume do sólido situado acima do plano xy e limitado pelos gráficos de z = x2 + y2 e x2 + y2 = 2 y. O gráfico de z = x2 + y2 é um parabolóide centrado na origem e o do cilindro circular reto x2 + y2 = 2y que é centrado em (0, 1, 0) e de raio 1, pois, podemos escrever x2 + y2 − 2 y = x2 + (y − 1)2 − 1. Figura 2.24: O sólido do exemplo [3] Logo D = {(x, y) ∈ R2/x2 + (y − 1)2 ≤ 1}, em coordenadas polares é: D∗ = {(r, θ) ∈ R2/0 ≤ r ≤ 2 sen(θ), 0 ≤ θ ≤ pi}. O sólido W é limitado superiormente pelo parabolóide; logo: V = ∫∫ D (x2 + y2) dx dy. Utilizando coordenadas polares temos x2 + y2 = r2 e: 68 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS V = ∫∫ D (x2 + y2) dx dy = ∫∫ D∗ r3 dr dθ = ∫ pi 0 [∫ 2sen(θ) 0 r3 dr ] dθ = 4 ∫ pi 0 sen4(θ) dθ = 4 ∫ pi 0 [ 3 8 + cos(4θ 8 − sen(2θ 2 ] dθ = [− sen3(θ) cos(θ)− 3 2 cos(θ) sen(θ) + 3 θ 2 ]∣∣∣∣pi 0 = 3pi 2 u.v. [4] Calcule o volume do sólido limitado externamente por x2 + y2 + z2 = 25 e interna- mente por x2 + y2 = 9. Figura 2.25: O sólido do exemplo [4] 2.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS 69 3 5 3 5 Figura 2.26: A região D Pela simetria do sólido, calculamos o volume no primeiro octante e multiplicamos o resultado por 8. V = 8 ∫∫ D √ 25− x2 − y2 dx dy, onde D é a projeção do sólido no plano xy. Usando coordenadas polares obtemos a nova região D∗ definida por: D∗ = {(r, θ) / 3 ≤ r ≤ 5, 0 ≤ θ ≤ pi 2 } e √ 25− x2 − y2 = √25− r2: V = 8 ∫∫ D √ 25− x2 − y2 dx dy = 8 ∫ pi 2 0 [∫ 5 3 r √ 25− r2 dr ] dθ = 256pi 3 u.v. [5] A seguinte integral é muito utilizada em Estatística:∫ +∞ 0 e−x 2 dx. Seja R = [−a, a]× [−a, a]. Então: ∫∫ R e−(x 2+y2) dx dy = ∫ a −a [∫ a −a e−x 2 e−y 2 dy ] dx = [∫ a −a e−x 2 dx ] [∫ a −a e−y 2 dy ] . 70 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS Figura 2.27: Gráfico de f(x, y) = e−(x2+y2) Se denotamos por : L(a) = ∫ a −a e−u 2 du = 2 ∫ a 0 e−u 2 du, temos: L2(a) = ∫∫ R e−(x 2+y2) dx dy. SejamD eD1 regiões elementares tais queD ⊂ R ⊂ D1 ondeD é a região limitada pelo círculo inscrito em R e D1 é a região limitada pelo círculo circunscrito a R: R D1 D Figura 2.28: Como f(x, y) = e−(x2+y2) é contínua em D1 e e−(x 2+y2) > 0, para todo x, y,∫∫ D e−(x 2+y2) dx dy ≤ L2(a) ≤ ∫∫ D1 e−(x 2+y2) dx dy. 2.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS 71 Usando coordenadas polares, D é definida por 0 ≤ r ≤ a e 0 ≤ θ ≤ 2pi, D1 é definida por 0 ≤ r ≤ √2 a e 0 ≤ θ ≤ 2pi: e−(x 2+y2) = e−r 2 e: ∫ 2pi 0 [∫ a 0 r e−r 2 dr ] dθ = pi (1− e−a2); então, √ pi (1− e−a2) ≤ L(a) ≤ √ pi (1− e−2a2). Como: lim a→+∞ ∫ a 0 e−u 2 du = ∫ +∞ 0 e−u 2 du, temos: ∫ +∞ 0 e−u 2 du = √ pi 2 . [6] Se D = {(x, y) ∈ R2/1 ≤ (x− y)2 + (x+ y)2 ≤ 4, y ≤ 0, x+ y ≥ 0}, calcule: ∫∫ D e x+y x−y (x− y)2dx dy. Usamos mudança linear: { u = x− y v = x+ y. Logo, a nova região D∗ é limitada pelas curvas u2 + v2 = 1, u2 + v2 = 4, v ≤ u e 0 ≤ v: 72 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS 1 2 1 2 Figura 2.29: A região D ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 2; então ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 12 e: ∫∫ D e x+y x−y (x− y)2dx dy = 1 2 ∫∫ D∗ e v u u2 du dv. Usando coordenadas polares obtemos a região D∗∗ definida: D∗∗ = {(r, θ) / 1 ≤ r ≤ 2, 0 ≤ θ ≤ pi 4 }. 1 2 ∫∫ D∗ e v u u2 du dv = 1 2 ∫∫ D∗∗ r etg(θ) r2 cos2(θ) dr dθ = ln(2) (e− 1) 2 . 2.7 Aplicação Seja D região do tipo II, limitada por curvas de equações (em forma polar): r = g(θ) e r = h(θ) e definida por: D = {(r, θ)/g(θ) ≤ r ≤ h(θ), θ1 ≤ θ ≤ θ2}, onde g, h : [θ1, θ2] −→ R são funções contínuas tais que 0 ≤ g(θ) ≤ h(θ). Então: 2.7. APLICAÇÃO 73 ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫ θ2 θ1 [∫ h(θ2) g(θ1) r f(r, θ) dr ] dθ Em particular, a área de D é: A(D) = ∫∫ D dx dy = 1 2 ∫ θ2 θ1 [ (h(θ))2 − (g(θ))2 ] dθ Exemplo 2.6. [1] Calcule o volume do sólido limitado pelo cone z = √ x2 + y2 e pelo cilindro r = 4 sen(θ), no primeiro octante. Usando coordenadas polares temos que o cone escreve-se z = r; no plano r θ o cilindro projeta-se no círculo r = 4 sen(θ); logo 0 ≤ r ≤ 4 sen(θ) e 0 ≤ θ ≤ pi 2 . Figura 2.30: A região D 74 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS -2 -1 1 2 1 2 3 4 Figura 2.31: A região D V = ∫∫ D∗ r2 dr dθ = ∫ pi 2 0 [∫ 4 sen(θ) 0 r2dr ] dθ = 128 9 u.v. [2] Calcule a área da região limitada pelo interior do círculo r = 4 sen(θ) e pelo exterior do círculo r = 2. -2 -1 1 2 1 2 3 4 Figura 2.32: A região D Os círculos se intersectam em: θ = pi 6 e θ = 5pi 6 e: A(D) = 1 2 ∫ 5pi/6 pi/6 (16 sen2(θ)− 4) dθ = (2pi 3 + 2 √ 3 ) u.a. [3] Calcule a área da região limitada por r = 2(1 + sen(θ)). 2.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 75 Figura 2.33: A região limitada por r = 2(1 + sen(θ)) 0 ≤ θ ≤ 2pi. Logo: A(D) = 2 ∫ 2pi 0 (1 + sen(θ))2dθ = 6piu.a. [4] Calcule a área da região limitada por r = sen(3θ). Figura 2.34: A região D 0 ≤ θ ≤ 2pi. Logo: A(D) = 1 2 ∫ 2pi 0 sen2(3θ) dθ = pi 2 u.a. 2.8 Exercícios de Mudança de Coordenadas Nesta seção apresentaremos mudanças de coordenadas não usuais. Lembremos, que utilizaremos o teorema de mudança de coordenadas e a fórmula: 76 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS ∫∫ D f(x, y) dx dy = ∫∫ D∗ f(u, v) ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ du dv onde: ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ é o valor absoluto do determinante Jacobiano e f(u, v) = f(x(u, v), y(u, v)). Exemplo 2.7. [1] Calcule: ∫ 2 1 [ ∫ √x 0 y e √ x dy ] dx. Primeiramente observamos que:∫ 2 1 [ ∫ √x 0 y e √ x dy ] dx = ∫∫ D y e √ x dx dy, onde D = {(x, y) / 1 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ √x}; D é região de tipo I. 1 2 1 Figura 2.35: A região D Utilizemos a mudança de coordenadas: 2.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 77 { x = u2 y = v; =⇒ x = 1 =⇒ u = 1 x = 2 =⇒ u = √2 y = 0 =⇒ v = 0 y = √ x =⇒ v = u. Logo, D∗ = {(u, v) / 1 ≤ u ≤ √2, 0 ≤ v ≤ u}. 1 2 1 Figura 2.36: A região D∗ O jacobiano da mudança é: ∂(x, y) ∂(u, v) = det [ 2u 0 0 1 ] = 2u; que é não nulo em D∗ e f(x, y) = y e √ x = v eu. Logo: ∫∫ D y e √ x dx dy = ∫∫ D∗ 2u v eu du dv = 2 ∫ √2 1 [ ∫ u 0 u v eu dv ] du = ∫ √2 1 u3 eu du = 6 + 4 e √ 2 (2 √ 2− 3). 78 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS [2] Calcule: ∫∫ D (x2 + y2) dx dy, onde D é limitada por x y = 2, x y = 4, x2−y2 = 1 e x2−y2 = 9, no primeiro quadrante. 1 2 3 1 2 Figura 2.37: A região D Façamos a seguinte mudança de coordenadas: { u = x2 − y2 v = 2x y. =⇒ x y = 2 =⇒ v = 4 x y = 4 =⇒ v = 8 x2 − y2 = 1 =⇒ u = 1 x2 − y2 = 9 =⇒ u = 9. Então D∗ = [1, 9]× [4, 8]. Por outro lado: ∂(u, v) ∂(x, y) = det [ 2x −2 y 2 y 2x ] = 4 (x2 + y2) =⇒ ∂(x, y) ∂(u, v) = 1 4 (x2 + y2) ; logo: (x2 + y2) ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 14 , e: 2.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 79 ∫∫ D (x2 + y2) dx dy = 1 4 ∫∫ D∗ du dv = 1 4 ∫ 9 1 ∫ 8 4 dv du = 8. [3] Calcule: ∫∫ D (y + 2x2) (y − x2) dx dy, onde D é limitada por x y = 1, x y = 2, y = x2 e y = x2 − 1, no primeiro quadrante. 0.5 1.0 1.5 2.0 0.5 1.0 1.5 2.0 Figura 2.38: A região D Façamos a seguinte mudança de coordenadas: { u = x y v = y − x2 =⇒ x y = 1 =⇒ u = 1 x y = 2 =⇒ u = 2 y = x2 =⇒ v = 0 y = x2 − 1 =⇒ v = −1. Então D∗ = [1, 2]× [−1, 0]. O jacobiano da mudança é: ∂(u, v) ∂(x, y) = det [ y x −2x 1 ] = y + 2x2 =⇒ ∂(x, y) ∂(u, v) = 1 y + 2x2 . Então: 80 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS (y + 2x2) (y − x2) ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = v, logo: ∫∫ D (y + 2x2) (y − x2) dx dy = ∫∫ D∗ v du dv = ∫ 0 −1 ∫ 2 1 v du dv = −1 2 . [4] Calcule: ∫∫ D e−x 2−x y−y2dx dy, onde D é limitada por x2 + y2 + x y ≤ 1. - 1 1 - 1 1 Figura 2.39: A região D Completando os quadrados: x2 + y2 + x y = ( x+ y 2 )2 + (√3 y 2 )2 . Utilizemos a mudança linear de coordenadas: u = x+ y 2 v = √ 3 y 2 2.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 81 A região é dada porD∗ = {(u, v) / u2+v2 ≤ 1}. Por outro lado, o jacobiano da mudança é: ∂(u, v) ∂(x, y) = det 1 1 2 0 √ 3 2 = √ 3 2 =⇒ ∂(x, y) ∂(u, v) = 2 √ 3 3 . Então: ∫∫ D e−x 2−x y−y2dx dy = 2 √ 3 3 ∫∫ D∗ e−(u 2+v2) du dv. Utilizando coordenadas polares, temos que D∗∗ = {(r, θ) / 0 ≤ r ≤ 1, 0 ≤ θ ≤ 2 pi} e: ∫∫ D e−x 2−x y−y2dx dy = 2 √ 3 3 ∫∫ D∗ e−(u 2+v2) du dv = 2 √ 3 3 ∫∫ D∗∗ e−r 2 r dr dθ = 2 √ 3 3 ∫ 1 0 ∫ 2pi 0 r e−r 2 dθ dr = 2pi √ 3 3 (1− e−1). [5] Calcule: ∫∫ D (x2 − y2) exy dx dy, onde D é limitada por x y = 1, x y = 4, y = x e y = x+ 2 no primeiro quadrante. 82 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 1 2 3 4 Figura 2.40: A região D Façamos a seguinte mudança de coordenadas: { u = x y v = −x+ y. =⇒ x y = 1 =⇒ u = 1 x y = 4 =⇒ u = 4 −x+ y = 0 =⇒ v = 0 −x+ y = 2 =⇒ v = 2. Logo a região D∗ = [1, 4]× [0, 2]: 1 4 2 Figura 2.41: A região D O jacobiano da mudança é: ∂(u, v) ∂(x, y) = det [ y x −1 1 ] = x+ y =⇒ ∂(x, y) ∂(u, v) = 1 x+ y ; observe que como x, y > 0, temos: (x2 − y2) exy ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = (x− y) (x+ y) exyx+ y = (x− y) exy = −v eu. 2.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 83 Então: ∫∫ D (x2 − y2) exy dx dy = − ∫∫ D∗ v eu du dv = − ∫ 4 1 ∫ 2 0 v eu dv du = 2 (e− e4). [6] Calcule: ∫∫ D e x3+y3 xy dx dy, onde D = {(x, y) / y2 − 2x ≤ 0, x2 − 2 y ≤ 0}. 2 2 Figura 2.42: A região D Façamos a seguinte mudança de coordenadas:{ x = u2 v y = u v2. Então: { y2 − 2x ≤ 0 =⇒ 0 ≤ v ≤ 3√2 x2 − 2 y ≤ 0 =⇒ 0 ≤ u ≤ 3√2. A região D∗ = [0, 3 √ 2]× [0, 3√2]. Por outro lado: x3 + y3 xy = u3 + v3 e ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 3u2 v2. 84 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS Então: ∫∫ D e x3+y3 xy dx dy = ∫∫ D∗ 3u2 v2 eu 3+v3 du dv = 3 ∫∫ D∗ u2 v2 eu 3 ev 3 du dv = 3 ∫ 3√2 0 [ ∫ 3√2 0 u2 v2 eu 3 ev 3 du ] dv = ∫ 3√2 0 v2 ev 3 [ eu 3 ∣∣∣∣ 3 √ 2 0 ] dv = (e2 − 1) ∫ 3√2 0 v2 ev 3 dv = 1 3 (e2 − 1)2. [7] Calcule: ∫∫ D x3 y3 √ 1− x4 − y4 dx dy, onde D = {(x, y) / x4 + y4 ≤ 1}, no primeiro quadrante. 1- 1 - 1 1 Figura 2.43: A região D Façamos a seguinte mudança de coordenadas: 2.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 85 x = √ r cos(θ) y = √ r sen(θ). O jacobiano da mudança é: ∂(x, y) ∂(r, θ) = 1 4 √ sen(θ) √ cos(θ) Então: x3 y3 √ 1− x4 − y4 ∣∣∣∣∂(x, y)∂(r, θ) ∣∣∣∣ = 14 cos(θ) sen(θ) r3√1− r2 Logo, D∗ = {(r, θ) / 0 ≤ r ≤ 1, 0 ≤ θ ≤ pi 2 } e: ∫∫ D x3 y3 √ 1− x4 − y4 dx dy = 1 4 ∫∫ D∗ cos(θ) sen(θ) r3 √ 1− r2 dr dθ = 1 4 [ ∫ 1 0 r3 √ 1− r2 dr ] [ ∫ pi/2 0 cos(θ) sen(θ) dθ ] = 1 60 . [8] Determine a área da região limitada por y2 = 2 p x, y2 = 2 q x, x2 = 2 r y e x2 = 2 s y tais que 0 < p < q e 0 < r < s. Figura 2.44: A região D 86 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS Façamos a seguinte mudança de coordenadas: u = y2 2x v = x2 2 y =⇒ y2 = 2 p x =⇒ u = p y2 = 2 q x =⇒ u = q x2 = 2 r y =⇒ v = r x2 = 2 s y =⇒ v = s. Então D∗ = [p, q]× [r, s]. Por outro lado: ∂(u, v) ∂(x, y) = det − y2 2x2 y x x y − x 2 2y2 = −34 =⇒ ∣∣∣∣∂(x, y)∂(u, v) ∣∣∣∣ = 43 . Então: A(D) = ∫∫ D dx dy = ∫∫ D∗ 4 3 du dv = 4 3 (q − p) (s− r). [9] Determine a área da região limitada por: √ x a + √ y b = 1, √ x a + √ y b = 4, y = b x a e y = 9 b x a , tal que a, b > 0. Figura 2.45: A região D Façamos a seguinte mudança de coordenadas: 2.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 87 u = √ a y b x v = √ x a + √ y b =⇒ a y = b x =⇒ u = 1 a y = 9 b x =⇒ u = 3√ x a + √ y b = 1 =⇒ v = 1√ x a + √ y b = 4 =⇒ v = 4. Então D∗ = [1, 3] × [1, 4]. Não é difícil calcular a inversa da transformação de coorde- nadas: x = a v2 (1 + u)2 y = b u2 v2 (1 + u)2 . Logo: ∂(x, y) ∂(u, v) = det − 2 v 2 a (1 + u)3 2 v a (1 + u)2 2u v2 b (1 + u)3 2u2 v b (1 + u)2 = −4 a b u v3(1 + u)4 . E: A(D) = ∫∫ D dx dy = ∫∫ D∗ 4 a b u v3 (1 + u)4 du dv = ∫ 3 1 [ ∫ 4 1 4 a b u v3 (1 + u)4 dv ] du = 255 a b ∫ 3 1 u (1 + u)4 du = 935 a b 64 . [10] Calcule o volume do sólido limitado pelo elipsóide: x2 a2 + y2 b2 + z2 c2 = 1; 88 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS onde a, b, c 6= 0. Pela simetria do sólido calculamos o volume relativo ao primeiro octante; logo: V = 8 c ∫∫ D √ 1− [ x2 a2 + y2 b2 ] dx dy. A região D é limitada pela porção de elipse x2 a2 + y2 b2 = 1 no primeiro quadrante. Use- mos a seguinte mudança: { x = a r cos(θ) y = b r sen(θ); o determinante Jacobiano da mudança é: ∂(x, y) ∂(r, θ) = [ a cos (t) −ar sin (t) b sin (t) br cos (t) ] = a b r. Por outro lado: √ 1− [ x2 a2 + y2 b2 ] = √ 1− r2. A região D∗ = [0, 1]× [0, pi 2 ]: V = 8 a b c ∫∫ D∗ r √ 1− r2 dr dθ = 4 a b c pi ∫ 1 0 r √ 1− r2 dr = 4 a b c pi 3 u.v. Em particular, se a = b = c, temos uma esfera de raio a e: V = 4pi a3 3 u.v. 2.9 Outras Aplicações da Integral Dupla Como em uma variável, outras aplicações, além do cálculo de volumes, podem ser de- finidas através de integrais duplas, tais como, massa total, centro de massa e momento de inércia. 2.10. MASSA TOTAL 89 2.10 Massa Total Suponha que uma lâmina fina tem a forma de uma região elementar D e consideremos que a massa está distribuida sobre D com densidade conhecida, isto é, existe uma função z = f(x, y) > 0 em D que representa a massa por unidade de área em cada ponto (x, y) ∈ D. Se a lâmina é feita de material homogêneo, a densidade é constante. Neste caso a massa total da lâmina é o produto da densidade pela área da lâmina. Quando a densidade f varia de ponto a ponto em D e f é uma função integrável sobre D, a massa total M(D) de D é dada por: M(D) = ∫∫ D f(x, y) dx dy 2.11 Momento de Massa O momento de massa de uma partícula em torno de um eixo é o produto de sua massa pela distância (na perpendicular) ao eixo. Então, os momentos de massa da lâmina D em relação ao eixo dos x e dos y são respectivamente: Mx = ∫∫ D y f(x, y) dx dy, My = ∫∫ D x f(x, y) dx dy D (x,y) Figura 2.46: A região D 2.11.1 Centro de Massa O centro de massa da lâmina é definido por (x, y), onde: 90 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS x = My M(D) , y = Mx M(D) Fisicamente (x, y) é o ponto em que a massa total da lâmina poderia estar concentrada sem alterar seu momento em relação a qualquer dos eixos. Se f(x, y) = k, (k > 0) em todo D, (x, y) é chamado centróide de D. Neste caso o centro de massa é o centro geométrico da região D. Exemplo 2.8. [1] Calcule o centro de massa do retângulo [0, 1] × [0, 1] se a densidade é dada pela função: f(x, y) = ex+y. A massa total de D = [0, 1]× [0, 1] é: M(D) = ∫ 1 0 [∫ 1 0 ex+y dx ] dy = e2 − 2e+ 1. Os momentos de massa respectivos são: Mx = ∫ 1 0 [∫ 1 0 y ex+y dx ] dy = e− 1 e My = ∫ 1 0 [∫ 1 0 x ex+y dx ] dy = e− 1 e o centro de massa de D é ( 1 e− 1 , 1 e− 1). [2] Determine o centro de massa da região limitada por um semicírculoD de raio a cen- trado na origem, sabendo que sua densidade em cada ponto é proporcional à distância do ponto à origem. Figura 2.47: A região D 2.11. MOMENTO DE MASSA 91 f(x, y) = k √ x2 + y2. Calculamos a massa total usando coordenadas polares. A nova região D∗ é definida por: 0 ≤ r ≤ a e 0 ≤ θ ≤ pi;√x2 + y2 = r: M(D) = k ∫ pi 0 [∫ a 0 r2 dr ] dθ = k pi a3 3 . Os momentos de massa respectivos são: Mx = ∫ a 0 [∫ pi 0 r3 cos(θ) dθ ] dr = 0 e My = ∫ a 0 [∫ pi 0 r3 sen(θ) dθ ] dr = a4 2 ; o centro de massa de D é (0, 3 a 2 k pi ). [3] Determine o centróide da região limitada pelas curvas y = x2 e y = 4x− x2. 1 2 4 2 1 2 4 2 Figura 2.48: A região D Neste caso f(x, y) = 1 para todo (x, y) ∈ D, onde: D = {(x, y) ∈ R2/0 ≤ x ≤ 2, x2 ≤ y ≤ 4x− x2} e M(D) = A(D) = 8 3 . Esta área já foi calculada anteriormente. Mx = ∫ 2 0 [∫ 4x−x2 x2 y dy ] dx = 16 3 e My = ∫ 2 0 [∫ 4x−x2 x2 x dy ] dx = 8 3 ; o centróide de D é (2, 1). [4] Determine o centro de massa da região limitada pelas curvas y = x + x2, y = 0 e x = 2 se a densidade em cada ponto é Exe f(x, y) = y 1+x . 92 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS M(D) = ∫ 2 0 [∫ x(x+1) 0 y 1 + x dy ] dx = 1 2 ∫ 2 0 (x3 + x2) dx = 10 3 , Mx = ∫ 2 0 [∫ x(x+1) 0 y2 1 + x dy ] dx = 1 2 ∫ 2 0 (x4 + x3) dx = 412 45 , My = ∫ 2 0 [∫ x(x+1) 0 x y 1 + x dy ] dx = 1 3 ∫ 2 0 (x5 + 2x4 + x3) dx = 26 5 ; o centro de massa de D é ( 39 25 , 206 75 ). 2.12 Momento de Inércia Sejam L uma reta no plano, D uma lâmina como antes e δ(x, y) = d((x, y), L), onde d é a distância no plano e (x, y) ∈ D. D L(x,y) δ Figura 2.49: Se f(x, y) é a densidade em cada ponto de D, o momento de inércia da lâmina em relação à reta L é: IL = ∫∫ D δ2(x, y) f(x, y) dx dy Em particular, se L é o eixo dos x: 2.12. MOMENTO DE INÉRCIA 93 Ix = ∫∫ D y2 f(x, y) dx dy Se L é o eixo dos y: Iy = ∫∫ D x2 f(x, y) dx dy O momento de inércia polar em relação à origem é: I0 = Ix + Iy = ∫∫ D (x2 + y2) f(x, y) dx dy O momento de inércia de um corpo em relação a um eixo é sua capacidade de resistir à aceleração angular em torno desse eixo. Exemplo 2.9. [1] Determine o momento de inércia polar da região limitada pelas curvas y = ex, x = 1, y = 0 e x = 0, se a densidade em cada ponto é f(x, y) = x y. Ix = ∫∫ D xy3 dx dy = ∫ 1 0 [∫ ex 0 x y3 dy ] dx = 1 64 (3 e4 + 1), Iy = ∫∫ D yx3 dx dy = ∫ 1 0 [∫ ex 0 y x3 dy ] dx = 1 16 (e2 + 3); logo, o momento de inércia polar é: I0 = Ix + Iy = 1 64 (3 e4 + 4 e2 + 13). [2] Uma lâmina fina com densidade constante k é limitada por x2+y2 = a2 e x2+y2 = b2, (0 < a < b). Calcule o momento de inércia polar da lâmina. Usando coordenadas polares, a nova região é definida por: a ≤ r ≤ b e 0 ≤ θ ≤ 2pi e o momento de inércia polar é: I0 = k ∫ 2pi 0 [∫ b a r3 dr ] dθ = k (b4 − a4)pi 2 . 94 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS 2.13 Exercícios 1. Determine o volume dos seguintes sólidos: (a) Limitado superiormente por z = x2+y2 e inferiormente pela região limitada por y = x2 e x = y2. (b) Limitado superiormente por z = 3x2 + y2 e inferiormente pela região limi- tada por y = x e x = y2 − y. (c) Limitado por y2 + z2 = 4 , x = 2 y, x = 0 e z = 0, no primeiro octante. (d) Limitado por z = x2 + y2 + 4 , x = 0, y = 0, z = 0 e x+ y = 1. (e) Limitado por x2 + y2 = 1 , y = z, x = 0 e z = 0, no primeiro octante. 2. Calcule a área da região limitada pelo eixo dos y e as curvas y = sen(x) e y = cos(x). 3. Calcule a área das regiões limitadas pelas seguintes curvas: (a) y = x2, y = 2x+ 5 4 (b) y = −x2 − 4, y = −8 (c) y = 5− x2, y = x+ 3 (d) x = y2, y = x+ 3, y = −2, y = 3 (e) y3 = x, y = x (f) y = −x2 − 1, y = −2x− 4 (g) x = y2 + 1, y + x = 7 (h) y = 4− x2, y = x2 − 14 4. Determine o centro de massa da lâmina plana R, no plano xy e densidade dada f : (a) R é limitado por x2 + y2 = 1 no primeiro quadrante e f(x, y) = x y (b) R é limitado por y = x e y = x2 e f(x, y) = x2 + y2 5. Definimos o valor médio de f sobre a região D por: VM = 1 A ∫∫ D f(x, y) dx dy, onde A é a área de D. Calcule VM se: 2.13. EXERCÍCIOS 95 (a) f(x, y) = x2, e D do retângulo de vértices (0, 0), (4, 0), (4, 2) e (0, 2) (b) f(x, y) = x2 y2 e D do retângulo de vértices (0, 0), (4, 0), (4, 2) e (0, 2) (c) f(x, y) = x2 y2 e D do triângulo de vértices (0, 0), (4, 0), e (0, 2) (d) f(x, y) = x2 y2 e D do triângulo de vértices (−1, 0), (1, 0), e (0, 1) Mudanças de Variáveis 1. Utilizando a mudança de variáveis: x = u+ v e y = u− v, calcule:∫ 1 0 [ ∫ 1 0 ( x2 + y2 ) dx ] dy. 2. Utilizando a mudança de variáveis: x+ y = u e x− y = v, calcule:∫∫ D ( x+ y )2 (x− y)2 dx dy, onde D é limitado pelo quadrado de vértices (1, 0), (2, 1) e (0, 1). 3. Utilizando a mudança de variáveis: u = x− y e v = x+ y, calcule:∫∫ D ( x2 − y2) sen2(x+ y) dx dy, onde D = {(x, y)/− pi ≤ x+ y ≤ pi, −pi ≤ x− y ≤ pi}. 4. Utilizando coordenadas polares, calcule as seguintes integrais duplas: (a) ∫∫ D ex 2+y2 dx dy, sendo D = {(x, y)/x2 + y2 ≤ 1} (b) ∫∫ D ln(x2 + y2) dx dy, sendo D = {(x, y)/x ≥ 0, y ≥ 0, a2 ≤ x2 + y2 ≤ b2} (c) ∫∫ D sen( √ x2 + y2)√ x2 + y2 dx dy, sendo D limitadas por x2 + y2 = pi 2 4 e x2 + y2 = pi2 5. Calcule a área da região limitada pelas seguintes curvas: x = 4−y2 e x+2 y−4 = 0. 96 CAPÍTULO 2. MUDANÇA DE COORDENADAS 6. Utilizando coordenadas polares, calcule a área da região limitada pelas curvas: (a) r = 1 e r = 2cos(θ)√ 3 (fora a circunferência r = 1). (b) r = 2 (1 + cos(θ)) e r = 2 cos(θ). (c) r = 2 (1− cos(θ)) e r = 2. 7. Calcule ∫∫ D sen(x2 + y2) dx dy, sendo D o disco unitário centrado na origem. 8. Sendo dadas a parábola y2 = x+1 e a reta x+y = 1, calcule o momento de inércia em relação a cada eixo e o momento de inércia polar. 9. Calcule ∫∫ D (x2 − y2) dx dy, onde D é a região limitada por x2 + y2 ≤ 1, y ≥ 0 e x2 + y2 = 2. 10. Calcule ∫∫ D y + 1 x2 + (y + 1)2 dx dy, onde D é a região limitada por x2 + y2 ≤ 1 e y ≥ 0. 11. Calcule ∫∫ D y ln(x+ y) x2 dx dy, onde D é a região limitada por x+y = 1, x+y = 2, y = x e y = 0. 12. Determine a área da região limitada por x2 + 3 y2 − 2x− 6 y + 1 = 0. 13. Determine a área da região limitada por x y = 4, x y = 8, x y3 = 5 e x y3 = 15. 14. Calcule ∫∫ D cos(x + 2 y) sen(x − y) dx dy, onde D é a região limitada por y = x, x+ 2 y = 2 e y = 0. 15. Calcule ∫∫ D √ x+ y x− 2 y dx dy, onde D é a região limitada por y = 0, 2 y = x e y = 1− x. 16. Determine o momento de inércia polar da região limitada por x2−y2 = 1, x2−y2 = 9, x y = 2 e x y = 4. Capítulo 3 INTEGRAÇÃO TRIPLA O conceito de integrais triplas é análogo ao das integrais duplas, as propriedades e teoremas são análogos aos estudados no capítulo anterior. As definições são obtidas através de somas triplas de Riemann. As aplicações são, cálculo de volume de sólidos, massa, centros de massa e de momentos de inercia de corpos no espaço. 3.1 Integração Tripla sobre Paralelepípedos Este capítulo é totalmente análogo ao anterior. Sejam R ⊂ R3 o paralelepípedo retangular definido por: R = [a, b]× [c, d]× [p, q] Consideremos as seguintes partições de ordem n dos intervalos: [a, b], [c, d] e [p, q]: a = x0 < x1 < ...... . . . . . . < xn = b c = y0 < y1 < ...... . . . . . . < yn = d p = z0 < z1 < ...... . . . . . . < zn = q. Subdividamos R em n3 sub-paralelepípedos: Rijk = [xi, xi+1]× [yj, yj+1]× [zk, zk+1], i, j, k = 1 . . . n. 97 98 CAPÍTULO 3. INTEGRAÇÃO TRIPLA b c d a p q R Figura 3.1: Subdivisão de R Denotemos por: ∆x = b− a n , ∆ y = d− c n e ∆ z = q − p n . Seja: f : R ⊂ R3 −→ R uma função limitada. Escolhamos cijk ∈ Rijk e formemos a seguinte soma de Riemann: Sn = n−1∑ i=0 n−1∑ j=0 n−1∑ k=0 f(cijk)∆x∆y∆z. Definição 3.1. Se lim n→+∞ Sn existe e é independente da escolha dos cijk ∈ Rijk e da par- tição, denominamos este limite de integral tripla de f sobre R e a denotamos por: lim n→+∞ Sn = ∫∫∫ R f(x, y, z) dx dy dz Em tal caso f é dita integrável sobre R. Teorema 3.1. Se f é contínua em R, então f é integrável sobre R. Para a prova do teorema veja [EL]. 3.1. INTEGRAÇÃO TRIPLA SOBRE PARALELEPÍPEDOS 99 Observação 3.1. No capítulo anterior vimos que se: f : [a, b]× [c, d] −→ R, f(x, y) ≥ 0 e contínua para todo (x, y) ∈ [a, b]× [c, d], a integral dupla:∫∫ R f(x, y) dx dy representa o volume do sólido: W = {(x, y, z) ∈ R3 / (x, y) ∈ [a, b]× [c, d], 0 ≤ z ≤ f(x, y)}. Para integrais triplas esta interpretação geométrica não é conveniente, pois o gráfico de f é um subconjunto de R4 o qual não é possível visualizar. Mas se f(x, y, z) = 1 para todo (x, y, z) ∈ R:∫∫∫ R dx dy dz representa o volume de R (veja o exemplo 1). Isto se justifica, pois a soma de Riemann correspondente: Sn = n−1∑ i=0 n−1∑ j=0 n−1∑ k=0 ∆x∆y∆z é a soma dos volumes dos n3 sub-paralelepípedos formado pela partição; então: lim n→+∞ Sn é exatamente o volume de R. A integral tripla tem propriedades análogas às das integrais duplas. Proposição 3.1. Seja x = (x, y, z) ∈ R. 1. Linearidade da integral tripla. Se f e g são funções integráveis sobre R, então para todo α, β ∈ R, α f + β g é integrável sobre R, e: ∫∫∫ R ( α f(x) + β g(x) ) dx dy dz = α ∫∫∫ R f(x) dx dy dz + β ∫∫∫ R g(x) dx dy dz onde x = (x, y, z). 100 CAPÍTULO 3. INTEGRAÇÃO TRIPLA 2. Se f e g são integráveis sobre R e g(x) ≤ f(x), para todo x ∈ R, então: ∫∫∫ R g(x) dx dy dz ≤ ∫∫∫ R f(x) dx dy dz 3. Se R é subdividido em k paralelepípedos e f é integrável sobre cada Ri, i = 1, ..., k então f é integrável sobre R e, ∫∫∫ R f(x) dx dy dz = k∑ i=1 ∫∫∫ Ri f(x) dx dy dz A prova segue diretamente das definições. Observações 3.1. 1. A noção de conteúdo nulo poder ser estendida ao paralelepípedo R de forma completamente análoga ao caso do retângulo; mudando sub-retângulos por sub- paralelepípedos e área por volume. 2. Como antes, o teorema é válido se o conjunto de descontinuidades de f é de conteúdo nulo. 3. Para integrais triplas continua valendo o teorema de Fubini. Agora temos 3 ! = 6 possíveis integrais iteradas. Teorema 3.2. (Fubini) Seja f : R −→ R contínua em R. Então: ∫∫∫ R f(x, y, z) dx dy dz = ∫ b a [∫ d c [∫ q p f(x, y, z) dz ] dy ] dx = ∫ q p [∫ d c [∫ b a f(x, y, z) dx ] dy ] dz = ∫ d c [∫ b a [∫ q p f(x, y, z) dz ] dx ] dy = ∫ b a [∫ q p [∫ d c f(x, y, z) dy ] dz ] dx = .................. 3.1. INTEGRAÇÃO TRIPLA SOBRE PARALELEPÍPEDOS 101 A prova do teorema de Fubini para integrais triplas é completamente análoga à das integrais duplas, que pode ser vista no apêndice. Exemplo 3.1. [1] Se R = [a, b]× [c, d]× [p, q], calcule∫∫∫ R dx dy dz. ∫∫∫ R dx dy dz = ∫ b a [∫ q p [∫ d c dy ] dz ] dx = (d− c) (q − p) (b− a), que é o volume de R. [2] Se R = [0, 1]× [1, 2]× [0, 3], calcule:∫∫∫ R xyz dx dy dz. ∫∫∫ R xyz dx dy dz = ∫ 2 1 [∫ 1 0 [∫ 3 0 xyz dz ) dx ] dy = 9 2 ∫ 2 1 [∫ 1 0 x y dx ] dy = 27 8 . [3] Se R = [0, pi]× [0, pi]× [0, pi], calcule:∫∫∫ R sen(x+ y + z) dx dy dz. ∫∫∫ R sen(x+ y + z) dx dy dz = ∫ pi 0 [∫ pi 0 [∫ pi 0 sen(x+ y + z) dz ] dx ] dy = −8. [4] Se R = [0, 1]× [0, 1]× [0, 1], calcule:∫∫∫ R (x2 + y2 + z2 + x y z) dx dy dz. 102 CAPÍTULO 3. INTEGRAÇÃO TRIPLA ∫∫∫ R (x2 + y2 + z2 + x y z) dx dy dz = ∫ 1 0 [∫ 1 0 [∫ 1 0 (x2 + y2 + z2 + xyz) dz ] dx ] dy = ∫ 1 0 [∫ 1 0 (x2 + y2 + 1 3 + 1 2 x y)) dx ] dy = ∫ 1 0 [2 3 + y 4 + y2 ] dy = 9 8 . 3.2 Integrais Triplas sobre Regiões mais Gerais 3.2.1 7.2.1 Regiões Elementares no Espaço De forma análoga ao estudado no capítulo das integrais duplas definidas em regiões mais gerais. Consideremos W ⊂ R3. 3.2.2 Regiões de tipo I A região W é do tipo I se pode ser descrita por: W = {(x, y, z) ∈ R3/(x, y) ∈ D, f1(x, y) ≤ z ≤ f2(x, y)} onde D é a região elementar do plano, projeção de W no plano xy e f1, f2 : D −→ R contínuas, sendo f1 ≤ f2. D W z=f z=f 2 1 Figura 3.2: Região de tipo I 3.2. INTEGRAIS TRIPLAS SOBRE REGIÕES MAIS GERAIS 103 3.2.3 Regiões de tipo II W é do tipo II se pode ser descrita por: W = {(x, y, z) ∈ R3/(x, z) ∈ D, g1(x, z) ≤ y ≤ g2(x, z)} onde D é a região elementar do plano, projeção de W no plano xz e g1, g2 : D −→ R contínuas, sendo g1 ≤ g2. W y=g y=g 2 1D Figura 3.3: Região de tipo II 3.2.4 Regiões de tipo III W é do tipo III se pode ser descrita por: W = {(x, y, z) ∈ R3/(y, z) ∈ D, h1(y, z) ≤ x ≤ h2(y, z)} onde D é a região elementar do plano, projeção de W no plano yz e h1, h2 : D −→ R contínuas, sendo h1 ≤ h2. 104 CAPÍTULO 3. INTEGRAÇÃO TRIPLA W D x=hx=h 12 Figura 3.4: Região de tipo III 3.2.5 Região de tipo IV A região W é de tipo IV se é do tipo I, ou tipo II, ou tipo III. como por exemplo região limitada por uma esfera, ou por um elipsóide. Observações 3.2. 1. Em qualquer dos casos anteriores, W é chamada região elementar do espaço. 2. As regiões W são conjuntos fechados e limitados em R3. 3. Alguns exemplos de regiões elementares: Figura 3.5: Região elementar 3.3. EXTENSÃO DA INTEGRAL TRIPLA 105 De tipo III: Figura 3.6: Região elementar Em geral: Figura 3.7: Região elementar 3.3 Extensão da Integral Tripla Seja W uma região elementar em R3 tal que W ⊂ R, R um paralelepípedo como antes. Se f : W −→ R é uma função contínua, definamos f ∗ : R −→ R por 106 CAPÍTULO 3. INTEGRAÇÃO TRIPLA f ∗(x, y, z) = { f(x, y, z) se (x, y, z) ∈ W 0 se (x, y, z) ∈ R−W. Se ∂W tem conteúdo nulo, então, f ∗ é integrável sobre R e definimos a integral tripla de f sobre W como:∫∫∫ W f(x, y, z) dx dy dz = ∫∫∫ R f ∗(x, y, z) dx dy dz. Em tal caso dizemos que f é integrável sobre W . A integral não depende da escolha do paralelepípedo R. Proposição 3.2. Seja f : W ⊂ R3 −→ R contínua. 1. Se W é do tipo I: ∫∫∫ W f(x, y, z) dx dy dz = ∫∫ D [∫ f2(x,y) f1(x,y) f(x, y, z) dz ] dx dy 2. Se W é do tipo II: ∫∫∫ W f(x, y, z) dx dy dz = ∫∫ D [∫ g2(x,z) g1(x,z) f(x, y, z) dy ] dx dz 3. Se W é do tipo III: ∫∫∫ W f(x, y, z) dx dy dz = ∫∫ D [∫ h2(y,z) h1(y,z) f(x, y, z) dx ] dy dz Observação 3.2. Observe que em todos os casos anteriores D é uma região elementar do plano e, portanto, pode ser do tipo I, II ou III; dependendo do tipo continuamos com a integral dupla. 3.3. EXTENSÃO DA INTEGRAL TRIPLA 107 Corolário 3.1. Se f(x, y, z) = 1 para todo (x, y, z) ∈ W , então:∫∫∫ W dx dy dz = V (W ) onde V (W ) é o volume de W . Exemplo 3.2. [1] Calcule ∫ 2 0 ∫ 4−x2 0 ∫ x 0 sen(2 z) 4− z dy dz dx. Note que: ∫ 2 0 ∫ 4−x2 0 ∫ x 0 sen(2 z) 4− z dy dz dx = ∫∫ D [ ∫ x 0 sen(2 z) 4− z dy ] dz dx, onde: D = {(x, z) / 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ z ≤ 4− x2}. 2 2 4 Figura 3.8: A região D Calculamos primeiro: ∫ x 0 sen(2 z) 4− z dy = x sen(2 z) 4− z ; 108 CAPÍTULO 3. INTEGRAÇÃO TRIPLA a seguir, precisamos calcular:∫ 2 0 ∫ 4−x2 0 ∫ x 0 sen(2 z) 4− z dy dz dx = ∫∫ D x sen(2 z) 4− z dz dx, onde consideramos D = {(x, z) / 0 ≤ x ≤ √4− z, 0 ≤ z ≤ 4} como uma região de tipo III; logo, ∫ 2 0 ∫ 4−x2 0 ∫ x 0 sen(2 z) 4− z dy dz dx = ∫ 4 0 ∫ √4−z 0 x sen(2 z) 4− z dx dz = ∫ 4 0 sin(2 z) 2 dz = 1− cos(8) 4 . [2] Calcule o volume do sólido limitado superiormente por z + x2
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