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Mári� Sale� 1. Quais os pacientes que estão sob risco de desenvolver episódios de tromboembolismo pulmonar? Os fatores de risco são Condições que prejudicam o retorno venoso, incluindo o repouso em leito e a restrição à deambulação, Condições que causam lesão ou disfunção endotelial e Transtornos de hipercoagulabilidade (trombofilia) subjacentes. A tríade de Virchow, composta por hipercoagulabilidade, estase venosa e lesão endotelial Primários: Fator V de Leiden, Deficiência de proteína C e ou S, Mutação no gene da protrombina, Deficiência de plasminogênio, Hiper-homocisteinemia, Deficiência de antitrombina III e Deficiência de fator XII Secundários: Trauma/fraturas, Gestação/puerpério, Cirurgia com anestesia por mais de 30 minutos, Anticoncepcionais orais, Imobilização e AVC 2. Descrever a fisiopatologia do tromboembolismo pulmonar. Após se desprender do local de origem, o êmbolo se aloja na circulação arterial pulmonar causando um distúrbio ventilação-perfusão, por causar aparecimento de áreas que são ventiladas, mas inadequadamente perfundidas, ou seja, aumentando o espaço-morto pulmonar. Há liberação de mediadores vasoativos pelas plaquetas, entre eles a serotonina, causando vasoconstrição e aumentando a resistência pulmonar, com redistribuição do fluxo sanguíneo e causando efeito shunt, ou seja, áreas hiperperfundidas com hipoventilação relativa. Essas alterações explicam parcialmente o aparecimento de hipóxia, mas existem outros fatores que contribuem para alterações nas trocas gasosas, entre eles a broncoconstrição reflexa com aumento da resistência ao fluxo aéreo e a liberação de mediadores que diminuem a síntese e a liberação de surfactante pulmonar com perda do volume alveolar e atelectasias. Além desses fatores, o edema pulmonar concomitante diminui a complacência piorando ainda mais a ventilação pulmonar e as trocas gasosas. Além das alterações ventilação-perfusão no pulmão, a oclusão da vasculatura pulmonar pode causar consequências hemodinâmicas sistêmicas, dependentes do tamanho do êmbolo e da reserva cardíaca e pulmonar do indivíduo. No embolismo maciço, pode ocorrer pelo aumento súbito da pós-carga do ventrículo direito (VD). O aumento da pressão na artéria pulmonar leva ao aumento na tensão da parede ventricular direita, podendo causar dilatação, disfunção e isquemia, culminando com diminuição da pré-carga do ventrículo esquerdo (VE). Com a dilatação do VD, ocorre o movimento paradoxal do septo interventricular para a esquerda, restringindo o volume diastólico do VE adjacente. A somatória das alterações em VD e VE produz a queda da fração de ejeção, diminuição do débito cardíaco e hipotensão. Mári� Sale� 3. Quais as principais manifestações clínicas do tromboembolismo pulmonar? Os êmbolos frequentemente causam: Dispneia aguda e Dor torácica pleurítica (quando há infarto pulmonar) - A dispneia pode ser mínima em repouso e pode piorar durante as atividades. Os sintomas menos comuns incluem: Tosse (geralmente causada por doenças comórbidas) e Hemoptise (ocasionalmente quando há infarto pulmonar) Em pacientes idosos, o primeiro sintoma pode ser o estado mental alterado. A TEP maciça pode se manifestar com hipotensão, taquicardia, tontura leve/pré-síncope, síncope ou parada cardíaca Os sinais mais comuns da TEP são: Taquicardia e Taquipneia, tendo também: Aumento do componente pulmonar da 2ª bulha, Estertores crepitantes, Estase jugular, Cianose e Quarta bulha 5. Como fazer a estratificação de risco? (clínica, ecocardiograma, troponina, pró-BNP) Probabilidade pré-teste de Tromboembolismo pulmonar (Wells): Sinais e sintomas de TVP - 3 pontos, Ausência de diagnóstico diferencial mais provável - 3 pontos FC > 100 - 1,5 pontos, Imobilização ou cirurgia nas últimas 4 semanas - 1,5 pontos TVP ou TEP prévios - 1,5 pontos, Hemoptise - 1 ponto, Neoplasia (em tratamento, tratada nos últimos 6 meses ou em cuidados paliativos) - 1 ponto Probabilidade clínica: Baixa < 2, Intermediária 2 a 6 e Alta > 6 Ecodopplercardiograma: Apresenta baixa sensibilidade e especificidade, mas tem valor prognóstico e serve para avaliação de diagnósticos diferenciais das doenças cardíacas. É também útil, pela rapidez de realização à beira do leito, na avaliação de pacientes em UTI e na hipótese de TEP agudo maciço com instabilidade hemodinâmica, no qual é indicada a trombólise. As alterações típicas são dilatação e hipocinesia ventricular direita, alteração septal com diminuição do diâmetro ventricular esquerdo e regurgitação mitral por hipertensão pulmonar aguda. Troponinas I e T: estão elevadas em até 50% das embolias maciças, sendo fator de mau prognóstico por se relacionar com maior tempo de hipotensão e maior mortalidade. PRÓ-BNP: em concentrações elevadas (> 400 pg/mL), que está intimamente relacionado com insuficiência cardíaca, parece ser preditor de complicações e hospitalização prolongada no paciente com TEP; por outro lado, baixos valores (< 50 pg/mL) podem se relacionar com um curso clínico benigno. Mári� Sale� 4. Como fazer o diagnóstico? Descrever métodos gerais (eletrocardiograma, radiografia de tórax, gasometria arterial, d-dímero) e específicos (angiotomografía de tórax, cintilografia de ventilação/perfusão pulmonar e arteriografia pulmonar). Eletrocardiograma: O ECG é pouco sensível e específico, comumente apresentando somente taquicardia sinusal. Se alterado, o acometimento mais comum é do segmento ST e da onda T. Sinais de hipertensão de câmaras direitas e bloqueio de ramo direito podem ser sugestivos, e o padrão S1Q3T3 (S profundo na derivação I, Q proeminente e onda T invertida na III), apesar de descrito como típico de TEP, apresenta baixa especificidade. Radiografia de Tórax PA/Perfil: Achados mais comuns incluem atelectasias e infiltrados parenquimatosos (pouco mais de 50% dos casos), derrame pleural (cerca de 40% dos casos) e elevação da cúpula diafragmática. Padrões descritos como típicos são menos comuns, sendo eles a oligoemia focal (sinal de Westermark), a opacidade no seio costofrênico (giba de Hampton) e o aumento da artéria pulmonar descendente direita (sinal de Palla). Gasometria Arterial: Pode haver hipoxemia no TEP em até 80% dos casos, mas as alterações mais frequentes são a alcalose respiratória e a hipocapnia, pelo aumento da frequência respiratória. A diferença alvéolo-arterial de oxigênio (D(A-a)O2) pode estar aumentada pelo aumento do espaço morto, mas é normal em até 20% dos casos confirmados de Tromboembolismo pulmonar. Deste modo, uma gasometria normal não exclui o diagnóstico de TEP, e tampouco há um padrão que o diagnostique com certeza. D-dímero: Pela sua alta sensibilidade, ele pode ser usado para afastar o diagnóstico de embolia pulmonar (< 500 ng/mL) em pacientes no pronto-socorro que tenham baixa probabilidade clínica. Tomografia Helicoidal de Tórax (Angiotomografia): Com sensibilidade de 70% e especificidade de 90%, esse exame tem a vantagem de, além do diagnóstico da embolia pulmonar pela visualização direta do trombo, servir para avaliação de diagnósticos diferenciais pela avaliação do parênquima pulmonar e câmaras cardíacas, podendo ainda avaliar o território venoso de membros inferiores concomitantemente. Cintilografia Pulmonar de Inalação-Perfusão (V/Q): Por muitos anos, foi o principal exame não-invasivo na avaliação dos pacientes com suspeita de Tromboembolismo pulmonar. Se for negativa, pela sua alta especificidade, este exame exclui o diagnóstico mesmo em pacientes com alta probabilidade clínica. Se o resultado for positivo e associado a Doppler positivo de membros inferiores, o diagnóstico de TEP é feito e o tratamento indicado, independentemente da probabilidade pré-teste. Arteriografia Pulmonar: É ainda o exame padrão-ouro para diagnóstico de Tromboembolismo pulmonar, pois por esta técnica pode ser visualizada a falha de enchimento vascular por contraste característica da embolia. Entretanto, deve ser reservada aos pacientes sem diagnóstico por avaliação não-invasiva, visto que este procedimento pode ocasionar mortalidadeao redor de 1% e morbidade de até 5%. Mári� Sale� Objetivos extra mapa: 1. Quais as medidas terapêuticas que estão disponíveis para o tratamento da embolia pulmonar? Terapia de suporte, Anticoagulação, Colocação de filtro na veia cava inferior (em pacientes selecionados) e Redução rápida da quantidade de coágulos (em pacientes selecionados) As opções de anticoagulação inicial para EP aguda incluem: Heparina não fracionada intravenosa, Heparina de baixo peso molecular subcutânea, Fondaparinux subcutâneo, Inibidores de fator Xa (apixabana e rivaroxabana) e Argatrobana intravenosa para pacientes com trombocitopenia induzida por heparina A anticoagulação de manutenção é indicada para reduzir o risco de extensão de coágulos ou embolização e para reduzir o risco de formação de novos coágulos. As opções de fármaco para a anticoagulação de manutenção incluem: Antagonista oral da vitamina K (varfarina nos EUA), Inibidor oral direto de trombina (dabigatrana) Inibidores orais do fator Xa (apixaban, rivaroxaban, edoxaban) Terapia trombolítica sistêmica, Terapia guiada por cateter Embolectomia cirúrgica e Oxigenação extracorpórea por membrana 2. Que medidas profiláticas em pacientes cirúrgicos podem ser tomadas para diminuir a probabilidade de eventos tromboembólicos? Prevenção de tromboembolia venosa grave: A prevenção da embolia pulmonar significa prevenção da trombose venosa profunda (TVP); a necessidade depende dos riscos do paciente, incluindo ● Tipo e duração da cirurgia ● Condições comórbidas, incluindo câncer e transtornos de hipercoagulabilidade ● Presença de um acesso venoso central ● História prévia de TVP ou EP 0 Muito baixo Deambulação precoce 1- 2 Baixo Dispositivo de compressão sequencial (DCS) 3–4 Modera da Heparina a cada 8 h ou heparina de baixo peso molecular +/- DCS ≥ 5 Alto Heparina ou heparina de baixo peso molecular + DCS
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