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Forma de tromboembolismo venoso que acomete uma artéria pulmonar ou seus ramos. Geralmente acontece uma trombose em algum lugar do corpo, o trombo emboliza, fragmenta e chega até a artéria pulmonar pela circulação. A trombose mais comum é a de membros inferiores. Pode acontecer em vários sítios diferentes, em regiões de baixo fluxo sanguíneo (como é o caso de membros inferiores), bem como em regiões de alto fluxo sanguíneo (como, por exemplo, na veia cava, pelve, braço...) O tromboembolismo venoso TEV engloba a trombose venosa profunda TVP e a embolia pulmonar EP e causa morte cardiovascular e incapacidade, bem como doença psicológica e emocional. Os sobreviventes podem sofrer complicações da hipertensão pulmonar tromboembólica crônica, que causa dispneia nos esforços, ou síndrome pós-trombótica (insuficiência venosa crônica), que causa lesão das válvulas venosas nos MMII e piora a qualidade de vida por causar edema no tornozelo ou panturrilha, além de dores nas pernas. Na forma mais grave, a síndrome pós-trombótica causa úlcera varicosa. É uma das doenças cardiovasculares mais comuns do mundo e a principal complicação pulmonar aguda em um paciente internado. Por ano, acontecem mais de 112 casos a cada 100 mil pessoas estudadas. Antigamente era considerado raro, mas à medida que houve a disponibilização do D-dímero e da angio TC para comprovação, a incidência tem aumentado. EP é mais comuns em homens e, principalmente, idosos. Além disso, há outras parcelas da população que influenciam na incidência da doença, como: pacientes com neoplasias malignas, grávidas, pessoas com AVC, pacientes internalizados, pacientes com síndrome nefrótica etc. Ocorre primeiramente a inflamação e ativação plaquetária. Normalmente os fatores de risco estão associados a TRÍADE DE VIRCHOW: estase venosa (lentificação do fluxo venoso, hipercoagulabilidade (quanto maior a hipercoagulabilidade maior a chance de formar um trombo) e lesão endotelial (lesão na parede do vaso, predispõe a liberação de vários fatores que fazem um trombo). Essa tríade leva ao recrutamento de plaquetas ativadas, as quais liberam micropartículas. Essas micropartículas contêm mediadores pró- inflamatórios que se ligam a neutrófilos, estimulando-os a liberar seu material e formar redes extracelulares, as armadilhas extracelulares de neutrófilos. Essas redes pró- trombóticas contêm histonas que estimulam a agregação plaquetária e promovem a síntese de trombina dependente de plaquetas. Assim se formar os trombos venosos, os quais se desenvolvem em ambientes de estase, baixa tensão de oxigênio e aumento da expressão de genes pró-inflamatórios. ESTADOS PRÓ-TROMBÓTICOS As duas mutações autossômicas dominantes mais comuns são a do fator V de Leiden, que causa resistência ao anticoagulante endógeno (proteína C ativada que inativa fatores coagulantes V e VIII), e a mutação do gene da protrombina, que aumenta a concentração plasmática da trombina. A deficiência dos inibidores de coagulação natural, como antitrombina, proteína C e S, são raras e estão associadas ao TEV. A síndrome de antifosfolipídeo representa a causa adquirida mais comum de trombofilia, estando associada a trombose venosa ou arterial. Outros fatores predisponentes comuns são o câncer, obesidade, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, DPOC, doença renal crônica, transfusão sanguínea, viagens de longa distância, poluição do ar, contraceptivos orais estrogênicos, gestação, terapia de reposição hormonal pós-menopausa, cirurgia e traumatismo. A inflamação predispõe a trombose, além do estilo de vida sedentário poder ser mais prevalente ao EP e ser datal. EMBOLIZAÇÃO quando os trombos se desprendem do seu local de formação, eles embolizam para a veia cava, para o átrio direito e para o ventrículo direito, alojando-se na circulação pulmonar e causando EP agudo. Esses trombos as vezes embolizam para a circulação arterial através de um forame patente ou deum efeito do septo atrial. Muitos pacientes não apresentam sinais de TVP porque o trombo já embolizou para os pulmões. ALTERAÇÕES As anormalidades na troca gasosa são hipoxemia arterial e aumento no gradiente alveolar-arterial da tensão de O2, que representa a ineficiência na transferência de O2 nos pulmões. O espaço morto anatômico aumenta porque o gás respirado não entra nas unidades de troca gasosa do pulmão. O espaço morto fisiológico aumenta porque a ventilação para as unidades de troca excede o fluxo sanguíneo venoso que passa pelos capilares. Outras alterações fisiopatológicas compreendem o aumento da resistência vascular pulmonar causada por obstrução vascular ou secreção plaquetária de agentes vasoconstritores (serotonina), comprometimento da troca gasosa em razão do aumento no espaço morto alveolar causado por obstrução vascular, hipoxemia em ração de hiperventilação alveolar em relação á perfusão no pulmão não obstruído, shunt da direita para esquerda ou redução da transferência de CO em razão da perda de superfície de troca. Pode ainda ter hipoventilação alveolar devido á estimulação reflexa dos receptores alveolar, aumento da resistência das vias aéreas em razão da constrição de vias distais aos brônquios, e redução da complacência pulmonar por edema pulmonar, hemorragia pulmonar ou perda de surfactante. HIPERTENSÃO, DISFUNÇÃO E MICROINFARTO A obstrução da artéria pulmonar e os mediadores neuro-hormonais causam aumento na pressão arterial pulmonar e na resistência vascular pulmonar. Quando a tensão na parede do VD aumenta, ocorre dilatação e disfunção dele, com liberação do biomarcador cardíaco peptídeo natriurético arterial devido ao estiramento anormal do VD. O septo interventricular sofre protusão para o interior do VE e comprime o mesmo anormalmente. A disfunção diastólica do VE reduz a Distensibilidade do ventrículo e prejudica seu enchimento. O aumento da tensão na parede do VD também comprime a artéria coronária D, limita o suprimento de oxigênio para o miocárdio e desencadeia isquemia coronária direita e microinfarto do VD, com liberação de biomarcadores como a Troponina. A redução do enchimento do VE causa queda no débito cardíaco e na pressão arterial sistêmica, com consequente colapso circulatório e morte. CLASSIFICAÇÃO DA EP E DA TVP A EP maciça representa 5-10% dos casos e tem trombose extensa afetando pelo menos metade da vasculatura pulmonar. Ela tem como sinais característicos a dispneia, síncope, hipotensão e cianose, podendo apresentar choque cardiogênico e morrer com falência de órgãos. A EP submaciça corresponde a 20- 25% dos casos e tem disfunção do VD com PA normal, além de que, além de que a combinação de insuficiência cardíaca D e liberação de biomarcadores cardíacos sinaliza alto risco de deterioração clínica. A EP de baixo risco é 65-75% dos casos, com prognostico excelente. FATORES: Cirurgia prévia, gravidez, patologias, traumatismo, tabagismo, malignidade, idade, trombofilias hereditárias, imobilização prolongada, Trombose venosa de membro inferior (geralmente em ilíaca, femoral e poplítea), obesidade. Os fatores de risco podem ser hereditários ou adquiridos (geralmente mais modificáveis). Pode ser classificada de 4 maneiras. TEMPO Classifica-se de acordo com o tempo entre a obstrução pelo tromboembolismo e o surgimento de sintoma. Nessa classificação, o paciente pode ter um TEP agudo (no momento da obstrução já apresentou sintoma), subagudo (sintomas após dias/semanas) e crônico (sintomas anos depois). REGIÃO ANATÔMICA Classifica-se de acordo com a região do pulmão acometida pela doença. Nessa classificação, pode ser um trombo na bifurcação da artéria pulmonar principal, lobar, segmentar ou subsegmentar. Essa classificaçãoé mais radiológica do que clínica. PRESENÇA DE SINTOMA Classifica-se de acordo com os sintomas apresentados ou não pelo paciente. O paciente pode ser sintomático ou assintomático. Em pacientes assintomáticos, o TEP normalmente é achado por coincidência ao fazer outro exame. ESTABILIDADE HEMODINÂMICA Classifica-se de acordo com o grau de estabilidade hemodinâmica, paciente instável ou estável. O TEP pode ser maciço, também chamado de TEP de alto risco (instável) ou submaciços, podendo ser TEP de risco intermediário (acometimento de VD) ou TEP de risco baixo (sem acometimento de VD). Paciente com instabilidade hemodinâmica é Para classificar a estabilidade dinâmica, o que importa é a pressão arterial do paciente. Pacientes com PAs (pressão arterial sistólica) abaixo de 90 mmHg, hipotensos que precisam de tratamento ou que tiveram queda abrupta de mais de 40 mmHg são casos considerados instáveis. A clínica não é específica devido a sintomatologia ser semelhante a várias outras patologias. FISIOPATOLOGIA DOS SINAIS INFARTO: resposta fisiopatológica ao embolo que chegou na artéria pulmonar, deixando de carrear nutrientes e oxigênio para as células do pulmão, fazendo o parênquima pulmonar infartar. Isso normalmente vai acontecer em TEP que impactou em área menor, segmentar ou subsegmentar da anatomia pulmonar. Acontece em 10% dos casos. Paciente pode sentir dor pleurítica e hemoptise (tosse com sangue) devido ao infarto pulmonar. TROCA DE GÁS ANORMAL: Um dos motivos é a vascularização obstruída (obstrução mecânica e funcional do leito vascular pode atrapalhar a relação ventilação-perfusão). Também, a inflamação (que atrapalha a função do surfactante) e a atelectasia (resultante de um shunt intrapulmonar funcional). Todos geram hipóxia. COMPROMETIMENTO CARDIOVASCULAR: hipotensão pela redução do débito cardíaco e volume sistólico. Faz com que o paciente tenha um comprometimento da mecânica cardíaca e pulmonar. A resistência pulmonar vascular que está elevada (pelo trombo impactado), vai impedir que o VD libere o sangue com facilidade, ou, até mesmo, haja um abaulamento e atrapalhar a mecânica do outro ventrículo (esquerdo). SEMIOLOGIA • Pulsação no 2º ou 3º espaços intercostais na margem esternal; • Atrito pleural; • Sopros (sopro na área pulmonar ou interescapular); • Redução da expansibilidade unilateral (lado afetado ventila pior); • Aumento da macicez à direita do coração (percussão); • Distensão de veias do pescoço (mesmo com o paciente sentado); • Ritmo de galope; • Hepatomegalia; • Onda de sangue vermelha (raro – face cianótica e pulsação arterial). QUADRO CLÍNICO • Dispneia – 73% dos casos (mais comum, apresentada tanto em repouso quanto ao exercício físico. Costuma iniciar de forma rápida, dura minutos, mais provável em idosos com uma função cardiopulmonar já um pouco debilitada); • Dor torácica – 66% dos casos (geralmente é pleurítica, mas pode ter outros padrões); • Tosse – 37% dos casos; • Ortopneia – 28% dos casos; • Dor ou inchaço na panturrilha – 44% dos casos; • Sibilo – 21% dos casos (mais comum, mas as vezes pode ser estertor); • Hemoptise – 13% dos casos (infarto pulmonar). • Menos comuns – síncope (a hospitalização por síncope foi associada com uma taxa de 17% de TEP), arritmias (principalmente fibrilação atrial), instabilidade hemodinâmica (hipotensão marcada), rouquidão (rouquidão em contexto de TEP é chamada de Síndrome de Ortner, manifestação oriunda de uma dilatação da artéria pulmonar, podendo agredir o esôfago/traqueia do paciente), infarto pulmonar, febre (3% dos casos). O diagnóstico pode ser feito através de exames complementares comuns e outros, nem tanto. DICAS CLÍNICAS para TEP, os diagnósticos diferenciais se encontram em pneumonia, asma, DPOC, insuficiência cardíaca congestiva, pericardite, pleurisma, fratura de costela, pneumotórax, síndrome coronariana aguda e até ansiedade. Infarto pulmonar geralmente indica TEP de pequena monta. É um quadro doloroso porque o trombo se aloja perifericamente nos nervos pleurais. Pode-se ter TEP não trombótica por embola gordurosa após fratura pélvica ou de ossos longos, embolia tumoral, de medula óssea e embolia aérea. Usuários de drogas IV podem injetar substâncias capazes de embolizar e, também, pode ocorrer embolia de líquido amniótico. HEMOGRAMA E BIOQUÍMICA ALTERAÇÃO ESPERADA: Aumento do número de leucócitos (leucocitose), VHS (velocidade de hemossedimentação), LDH (lactato desidrogenase), e AST (transaminase oxalacética). Nenhum deles é específico de TEP. CREATININA E TFG Creatinina e taxa de filtração glomerular (TFG) analisam a possibilidade do uso de contraste para a angiotomografia de tórax. Se o exame estiver ruim, não é indicado usar contraste. GASOMETRIA ARTERIAL Bom valor prognóstico. Pode mostrar uma hipoxemia, em 74% dos casos. Hipoxemia e radiografia de tórax normal = cogita- se a possibilidade de TEP. Além disso, gradiente alvéolo arterial vai estar aumentado na maioria dos casos (62 a 86% dos casos), alcalose respiratória com hipocapnia em 41% dos casos. Saturação de oxigênio abaixo de 95 indica uma possibilidade maior de complicação. BNP O peptídeo natriurético cerebral possui bom valor prognóstico. Se o BNP estiver alterado, significa uma disfunção de ventrículo direito (VD). Não é muito comum no TEP, mas se tiver, paciente mais grave e provavelmente não vai evoluir bem. D-DÍMERO d-DÍMERO é o produto da degradação da fibrina. Sempre que há um coágulo, o sistema fibrinolítico tende a quebrar a fibrina. Se houve fibrina formada e consequentemente quebrada, é porque houve alguma lesão endotelial e/ou formação de trombo. É um exame de elevada sensibilidade e de elevado valor produtivo negativo (EVP). Exame muito bom para triagem, e não para selar diagnostico. CORTE: 500 NG/ML ou acima para a favor de TEP. D-dímero baixo descarta TEP; D-dímero alto também não significa TEP, mas auxilia. É um teste útil para exclusão. Não pedir em pacientes internados, pois há várias condições que elevam o D-dímero, como neoplasias, sepse, infarto agudo de miocárdio, doenças graves e até mesmo gestação. ESCORE DE WELLS Deve-se realizar o escore de Wells e analisar o nível plasmático de D-dimeros. Sistema de pontuação que aumenta a probabilidade de o paciente ter TEP. • Episódio prévio 1,5 • Malignidade 1 • Batata inchada 3 (trombose venosa profunda de MI) • Outro diagnóstico que não é provável 3 • Lung bleeding 1 (sangramento pulmonar, hemoptise) • Imobilização ou cirurgia 1.5 (nas últimas 4 semanas) • Alta frequencia cardíaca 1.5 (taquicardia) Segundo o Harrison, existe alta probabilidade clínica de TEP se o escore for superior a 4. Segundo o PIOPED (mais atualizado), a probabilidade de TEP é baixo com valor menor de 2 pontos, moderada de 2 a 6 pontos e elevada acima de 6 pontos. PROBABILIDADE BAIXA (MENOR QUE 2): Deve ser avaliado o PERC para comprovar baixa probabilidade clínica de TEC. O PERC avalia idade maior de 50 anos, frequência cardíaca menor de 100 bpm, saturação de O2 maior que 95, sem hemoptise, não utilizar estrogênio, sem história prévia de TVP ou TEP, sem edema de panturrilha, sem cirurgia/trauma com hospitalização (últimas 4 semanas). Paciente com nada fora do PERP, não é necessário exame algum. PROBABILIDADE MODERADA (ENTRE 2 E 6): Pacientes com algum item fora do PERC ou que pontuaram 2 a 6 no escore de Wells, PEDIR D- DÍMERO. D-dímero acima de 500, pedir exames de imagem (angiotomografia de tórax é o exame de escolha). PROBABILIDADE ELEVADA (ACIMA DE 6): Pede-se direto exames de imagem. OPÇÃO 1: angiotomografia computadorizada é o exame de escolha OPÇÃO 2: angiotomografia deu negativa ou nãoconseguiu realizar, pede-se a cintilografia ventilação-perfusão, salvo casos especiais. OPÇÃO 3: angiotomografia e cintilografia inconclusivas, pede-se ultrassonografia com doppler de Membro inferior. OPÇÃO 4: nenhum acima conclusivo, pede-se angiografia pulmonar (padrão outro) OU anticoagular de forma empírica (sem ter certeza). TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA a tomografia computadorizada de tórax com contraste intravenoso é o principal exame de imagem para diagnóstico de EP. Ramos de até sexta ordem podem ser visualizados com alta resolução. O aumento do VD indica maior probabilidade de morte em até 30 dias em comparação com os pacientes de EP sem aumento de VD. Nos pacientes sem EP, as imagens do parênquima pulmonar podem estabelecer diagnósticos alternativos não evidentes na radiografia de tórax que expliquem os sinais e sintomas de apresentação, como pneumonia, enfisema, fibrose pulmonar, massa pulmonar e patologia aórtica. A TC de Tripla Exclusão utiliza a aquisição sincronizada com o eletrocardiograma (ECG), ajusta o tempo do contraste e opacifica a aorta torácica e a circulação da artéria pulmonar para excluir as três principais causas de dor torácica aguda: EP, síndrome aórtica aguda e síndrome coronariana aguda. ANGIOTOMOGRAFIA DE TÓRAX Exame de escolha. Mostra um defeito de preenchimento em algum ramo. CINTILOGRAFIA PULMONAR Exame complementar de segunda linha para TEP, usada principalmente para pacientes que não podem fazer angiotomografia de tórax. Normalmente, esses pacientes possuem alergia severa ao contraste, hipotensão, insuficiência cardíaca, dificuldade de deitar, obesos... Pequenos agregados particulados de albumina marcada com um radionuclídeo emissor de raios gama são injetados por via Intravenosa e ficam retidos no leito capilar pulmonar. Mostra defeito de perfusão com a ventilação normal. A falha de perfusão na cintilografia indica ausência ou redução do fluxo sanguíneo, possivelmente em razão de EP. Na maioria dos pacientes as cintilografias não são diagnósticas, e menos da metade dos casos com EP confirmada por angiografia apresenta cintilografia com alta probabilidade. ULTRASSONOGRAFIA COM DOPPLER Depende da perda de compressibilidade das veias como principal critério diagnóstico para TVP (trombose venosa profunda). A principal etiologia de TEP é a formação de um TVP em qualquer lugar. Quando uma veia normal é visualizada em imagem com corte transversal, ela imediatamente colapsa quando se aplica uma leve pressão manual no transdutor de ultrassom. Na presença de TVP aguda, a veia perde a sua compressibilidade em razão da distensão passiva pelo trombo agudo. Justifica tratamento em vários casos, principalmente em situações que outros exames não puderam ser realizados. ANGIOGRAFIA PULMONAR Exame padrão ouro. Invasivo com uso de cateter para pacientes com tomografia computadorizada insatisfatória, por isso não é pedido para todos os pacientes. É pedido em casos de elevada probabilidade de TEP, mas outros exames deram negativos. Além disso, também é feito em pacientes que farão embolectomia (remoção cirúrgica de um embolo) ou trombólise guiada por cateter (procedimento que permite colocar agente de dissolução diretamente no coágulo). O diagnóstico definitivo depende da visualização de uma falha de preenchimento intraluminal em mais de uma incidência. Os sinais secundários de TEP incluem oclusão abrupta dos vasos, oligoemia segmentar ou ausência de vascularização, fase arterial prolongada com enchimento lento e vasos periféricos sinuosos e afunilados. ELETROCARDIOGRAMA Alterações não são exclusivas do TEP, mas podem acontecer. Arritmias atriais, bradicardia (abaixo de 50 bpm) ou taquicardia (acima de 100 bpm), novo bloqueio de ramo direito, onda Q inferiorizada, alterações do ST e inversão de T. sinal S1Q3T3 (onda S na derivação I, onda Q na derivação III e uma onda T invertida na derivação III). Não é patognomônico, mas é bem específico. A sobrecarga e isquemia de VD causam a anormalidade mais comum, que é a inversão da onda T nas derivações V1 até V4. ECOCARDIOGRAMA Não é um exame confiável para EP aguda, pois é na maioria das vezes normal. É um recurso diagnóstico muito útil para detectar condições que poderiam simular a TEP, como infarto agudo do miocárdio, tamponamento pericárdico e dissecção da aorta. Pode mostrar também disfunção de VD, principalmente em pacientes hemodinâmica- mente instáveis. Se mostrar, pior prognostico. A ecocardiografia transtorácica (ETT) raramente fornece imagens diretas do trombo. O sinal indireto mais conhecido de TEP na ETT é o sinal de McConnell: hipocinesia da parede livre do VD com movimento normal ou hipercinético do ápice do VD. RADIOGRÁFICA DO TÓRAX Em casos não específicos, pode acontecer da radiografia estar normal (22% dos casos) e ter derrame pleural e atelectasia. É normal ou quase normal em pacientes com TEP: sinal de Westermark, corcova de Hampton e sinal de Palla. Pouco sensíveis, mas muito específicos. SINAL DE WESTERMARK: Oligoemia focal, parte mais escurecida na radiografia. SINAL DE HAMPTON: Densidade periférica com hipotransparência na forma de triangulo, estando a base do triangulo na pleura. SINAL DE PALLA: Aumento do ramo descendente da artéria pulmonar direita. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA É excelente quando a ultrassonografia é ambígua. Com a antirressonância magnética pulmonar é possível detectar TEP proximal. ELEVAÇÃO BIOMARCADORES CARDÍACOS Os níveis séricos de Troponina e os níveis plasmáticos de proteína de ligação de ácidos graxos aumentam em razão do microinfarto do VD. O estiramento do miocárdio libera peptídeo natriurético cerebral. O paciente com TEC precisa ser tratado com terapia ora primária, ora secundária, ou, até mesmo, as duas. ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO Instabilidade hemodinâmica, disfunção do VD na ecocardiografia, aumento do VD na TC de tórax ou aumento dos níveis de Troponina implicam alto risco de um prognostico ruim quando se usa anticoagulantes. Porém, quando a função do VD fica normal em pacientes hemodinamicamente estáveis, é altamente provável obter bom resultado clínico com apenas anticoagulantes. TERAPIA PRIMÁRIA é aquela que vai resolver o trombo em si, uma trombólise, às vezes, uma embolectomia. São terapias um pouco mais agressivas, com mais efeitos colaterais, que não são utilizadas em todos os casos. Pacientes que fazem uso da terapia primária normalmente fazem as duas = primária + secundária. TROMBOLÍTICO quebra/dissolução do trombo tanto do pulmão, como de membros inferiores através de remédios (trombolíticos). Além disso, ainda atua na serotonina, mediador que evita a hipertensão pulmonar. Utiliza-Se o ativador do plasminogênio tecidual recombinante (rtPA), 100mg em 2h ou estreptoquinase, 250.000 U intravenosa em 30 minutos e depois 100.000 U/h por 24 horas. O tratamento com o trombolítico pode ser iniciado até 14 dias após os sintomas. A heparina não fracionada (terapia secundária) deve ser suspensa até o término da infusão do trombolítico. CONTRAINDICAÇÕES: pressão arterial acima de 185x110, distúrbio de glicemia alto ou baixo (<50 ou >400), coagulopatia, AVC grave recente (últimos 3 meses), cirurgia grande ou hemorragia gastrointestinal recente (últimas 3 semanas), alteração no nível de consciência. TERAPIA INTERVENCIONISTA Utilizada para pacientes muito graves, a beira da morte. Casos que realmente é vida ou morte, chance de 50%. Trombolítico intra-arterial, embolectomia succional, embolectomia por fragmentação, embolectomia por fragmentação, outros métodos. TERAPIA SECUNDÁRIA A anticoagulação impede que novos trombos sejam formados e vai segurar o trombo já formado, para que o sistemafibrinolítico endógeno consiga dar conta. Indicada para todos os pacientes. ANTICOAGULAÇÃO Indicada para todos os pacientes pois evita a recorrência de TEP e reduz a mortalidade em 80 a 90%. Deve ser feita tanto para o TEP quanto para o TVP. O objetivo é atingir a anticoagulação plena em 24 horas utilizando anticoagulantes parenterais ou os novos anticoagulantes orais. São essas as opções terapêuticas que têm início de ação imediato, enquanto os demais anticoagulantes orais levam cerca de 5 a 7 dias para atingir anticoagulação plena. O tempo de manutenção da anticoagulação varia com a presença de condições de risco subjacentes. • Naqueles em que o TEP foi associado a fator de risco pontual, como um trauma ou imobilização pós-operatória, o anticoagulante deve ser utilizado por 3 meses. • Naqueles que possuam fator predisponente de tempo limitado, porém maior do que 3 meses, ou TEP imotivado, a medicação é mantida por 6 a 12 meses, ou até que um fator mais duradouro seja eliminado. • Já a anticoagulação definitiva fica reservada para os portadores de fator de risco não modificáveis, como portadores de trombofilia. São opções de fármacos anticoagulantes: HFN (HEPARINA NÃO FRACIONADA) Efeito anticoagulante ligando-se á antitrombina e acelerando sua atividade. A heparina tem efeitos pleiotrópicos que podem diminuir inflamação local e sistêmica. Usada em casos de pacientes instáveis, candidatos a trombólise, obesos mórbidos e insuficiência renal. VANTAGENS: sua meia-vida curta, útil nos pacientes em que se deseja controle hora a hora. DESVANTAGENS: farmacocinética não previsível, precisa de monitorização, tem maior probabilidade de efeito adverso. HPM (HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR) Menor capacidade de ligação com as proteínas plasmáticas e células endoteliais, assim tendo mais biodisponibilidade e meia-vida prolongada. A mais usada. VANTAGENS: farmacocinética previsível, aplicação subcutânea, menos risco para trombocitopenia induzida por heparina. DESVANTAGENS: maior meia-vida (12h). FONDAPARINUX: injeção subcutânea com ação anti-Xa, com eficácia e segurança semelhantes à HBPM. não derivado de produtos de animais. VANTAGENS: uso subcutâneo, não precisa ser monitorado laboratorialmente. DESVANTAGENS: ausência de antídoto e a contraindicação em portadores de insuficiência renal. VARFARINA: Antagonista da vitamina K impede ativação da carboxilação dos fatores de coagulação II, VII, IX e X. São necessários pelo menos 5 dias para que esse fármaco exerça seu efeito completo. DESVANTAGENS: Pode causar hemorragia significativa, incluindo intracraniana, além de efeitos colaterais como alopécia ou calcificação vascular arterial. Além disso, há interação com medicações e diversas drogas, afetando sua efetividade. NOVOS ANTICOAGULANTES ORAIS: Anticoagulação efetiva em poucas horas, não exigem monitoramento laboratorial e possuem poucas interações medicamentosas ou alimentares. Entre eles: betrixaban, rivaroxaban, epixabana e dabigatrana. VANTAGENS: permite a anticoagulação plena por via oral sem a necessidade de monitorização laboratorial. COMPLICAÇÕES DOS FÁRMACOS O mais grave é a hemorragia, podendo-se administrar em resposta o sulfato de protamina quando causado por heparina. O anticorpo da dabigatrana, idarucizumabe, é um antídotoefetivo e de ação rápida para a dabigatrana que foi licenciado agora para uso. O andexanete é um antídotouniversal anti-Xa para betrixabana, rivaroxabana, apixabana e edoxabana. O causado por varfarina é mais bem tratado com concentrado de complexo protrombínico. No caso de sangramento menos grave, pode ser usado o plasma fresco congelado ou a vitamina K IV. A vitamina K VO é efetiva para tratamento de sangramentos menores ou de INR muito alta na ausência de sangramento. FILTROS DE VEIA CAVA INFERIOR As indicações para esse procedimento são: sangramento ativo que impede anticoagulação e trombose venosa recorrente mesmo com anticoagulação intensiva. A prevenção da EP recorrente em pacientes com insuficiência cardíaca direita que não sejam candidatos à fibrinólise e a profilaxia de pacientes com risco extremamente elevado são indicações mais leves para instalação de filtro. O próprio filtro pode falhar, permitindo a passagem de coágulos de tamanho pequeno a médio. Os grandes trombos podem embolizar para as artérias pulmonares por meio de veias colaterais que se desenvolvem. TROMBÓLISE A indicação absoluta de uso são os pacientes instáveis hemodinamicamente (PAS < 90 mmHg por mais de 15 min). Seu uso também pode ser considerado naqueles pacientes com disfunção de VD evidenciada pelo ecocardiograma ou sugerida pela angioTC associada a aumento de troponina. Somente podem ser utilizados após a confirmação do TEP e se não houver nenhuma contraindicação à trombólise, com objetivo de reduzir a carga dos trombos. A trombólise pode ser realizada até 14 dias após o evento. São opções a estreptoquinase, a uroquinase e o alteplase (rtap). TRATAMENTO DA EMBOLIA PULMONAR MACIÇA TEP maciça com hipotensão, pode-se administrar 500ml de soro fisiológico. A dopamina e a dobutamina constituem agentes inotrópicos de primeira linha para tratamento do choque relacionado à EP. É necessário manter um limiar baixo para iniciar esses agentes pressores. FIBRINÓLISE reverte rapidamente e insuficiência cardíaca direita e pode resultar em menor taxa de mortalidade e de EP recorrente, pois dissolve o trombo arterial pulmonar e impede a liberação contínua de serotonina e outros fatores neuro- hormonais que agravem a hipertensão pulmonar, e também lisa grande parte do trombo as veias pélvicas e profundas da perna. 100 mg de ativador do plasminogênio tecidual (tPA, de tissue plasminogem activator) recombinante, administrados em infusão IV periférica contínua ao longo de 2 horas. Quanto mais cedo se inicia a trombólise, mais efetiva ela é. Entretanto, essa abordagem pode ser usada por pelo menos 14 dias após a ocorrência da EP. Contraindicações para a fibrinólise estão doença intracraniana, cirurgia recente e traumatismo. A única indicação aprovada pela FDA para o uso de fibrinólise na EP é na EP maciça. TERAPIA DIRECIONADA POR CATETER Combina a fragmentação ou pulverização mecânica do trombo com trombólise em dose baixa direcionada por cateter. Entre as técnicas mecânicas usadas estão maceração e embolização distal intencional do coágulo, trombectomia por sucção, hidrólise reolítica e trombólise facilitada por ultrassom de baixa energia. Em 2014, a FDA aprovou a trombólise direcionada por cateter facilitada por ultrassom para a EP maciça e submaciça. EMBOLECTOMIA PULMONAR cirurgia que quase foi extinta, mas voltou pelo risco de hemorragia com administração sistema de fibrinolítico. TROMBOENDARTECTOMIA PULMONAR A cirurgia requer esternotomia mediana, by-pass cardiopulmonar, hipotermia profunda e períodos de parada circulatória hipotérmica. A taxa de mortalidade em centros experientes é de cerca de 5%. Pacientes inoperáveis devem ser tratados com terapia vasodilatadora pulmonar e angioplastia por balão das teias arteriais pulmonares. APOIO EMOCIONAL Os pacientes com TEV podem se sentir arrasados quando tomam conhecimento de que estão tendo EP ou TVP. Alguns jamais tinham experimentado doença cardiovascular grave. Eles temem não ser capazes de se adaptar às novas limitações impostas pela anticoagulação.
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