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André Henrique Rosa Leonardo Fernandes Fraceto Viviane Moschini-Carlos Organizadores M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] / Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-407-0197-7 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini- Carlos, Viviane. CDU 502-022.316 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 12 Restauração de áreas degradadas OSMAR CAVASSAN Objetivos do capítulo A elevada biodiversidade terrestre brasileira atraiu os europeus desde o descobri- mento; inicialmente pela extração de madeira e, posteriomente, pela expansão agrícola e pecuária. As consequências da degradação dos ecossistemas naturais brasileiros não tardaram a surgir, comprometendo a qualidade do solo, recursos hí- dricos e biodiversidade. A restauração desses ecossistemas exige o seu conheci- mento estrutural e dinâmico em condições de não perturbação, a capacidade de restauração natural e as técnicas mais adequadas, para os casos de degradação total. Não existe uma única receita para restauração de áreas degradadas, mas sim uma série de métodos que se apresentam a partir da publicação de cada pesquisa que deverão ser eleitos como os mais adequados para cada situação. Basicamente, a escolha reside em se atingir os objetivos de cada intervenção com o máximo da eficiência e o mínimo de custo. As experiências iniciais utilizavam o plantio de mudas, nem sempre nativas e em proporções e quantidades geralmente derivadas da disponibilidade em viveiro do que àquelas que melhor atendiam a intenção de se restaurar o ecossistema degradado. A tentativa de se obedecer às leis da suces- são natural esbarrou na discussão do conceito de sucessão e na identificação das espécies que compunham as comunidades pioneiras e climácicas. De qualquer forma, a restauração pelo plantio se revelou difícil e cara e é indicada apenas nas si- tuações onde não se diagnostica capacidade de regeneração natural. Os processos alternativos como nucleação são desejáveis, desde que se tenha uma razoável certeza de que atenderá os propósitos do procedimento. Apresenta-se uma chave de toma- da de decisões para procedimentos de restauração vegetal que poderá nortear a ela- boração do protocolo para cada situação. A restauração de áreas degradadas é um processo em evolução, que deverá agregar procedimentos técnicos, legislação am- biental e políticas públicas que associem a capacidade de desen volvimento com o mínimo de impacto ambiental. A VEGETAÇÃO BRASILEIRA Vegetação corresponde ao conjunto de plantas que ocorrem em uma determinada região. Pode ser caracterizada pela sua com- posição florística ou pela combinação de suas características estruturais e funcionais referentes à aparência ou fisionomia (Moore 284 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) e Chapman, 1986). As características domi- nantes da vegetação associadas às relações que possui com os fatores abióticos do meio onde ocorrem são utilizadas na definição dos conceitos de ecossistema, bioma e áreas de domínio. Até o início do século XX, o Brasil mantinha, em quase todo território, a sua vegetação nativa com raros episódios de perturbação ou degradação. Atualmente, fragmentos com diferentes tamanhos teste- munham a existência dessa vegetação pre- térita. Assim, no Domínio Amazônico, lo- calizado na região equatorial brasileira, predomina uma vegetação florestal om- brófila, com diferentes adaptações ao regi- me dos rios da bacia amazônica. Em menor porção, se verifica a presença de campina- ranas em solos oligotróficos, com fisiono- mia variando de campestre à savânica; cer- rados em solos ácidos e oligotróficos e can- gas, vegetação semelhante às caatingas, nas porções superiores das elevações da Serra dos Carajás. No domínio da caatinga, encontrado no interior da região nordeste, encontra-se a savana estépica, vegetação adaptada a um clima semiárido, com pluviosidade irregu- lar no tempo e espaço, exibindo, em alguns trechos, longos períodos de seca, em um solo eutrófico. Fisionomicamente variando de campo à floresta seca, apresenta como característica dominante a caducifolia no período de estiagem, além da presença de muitas espécies suculentas da família Cac- taceae. Acompanhando a costa leste brasilei- ra, desde o sul do Rio Grande do Norte até o norte do Rio Grande do Sul, predomina a vegetação florestal. Nas porções mais úmi- das – decorrentes da proximidade do Ocea- no Atlântico, muitas vezes associada ao re- levo de escarpa da Serra do Mar, principal- mente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo – se observa a mata ombrófila densa, vegetação higrófita, perenifólia e rica em es- pécies e formas de vida. Naquela mata, tem- -se a maior riqueza e abundância de plantas epífitas, principalmente das famílias Orchi- daceae, Bromeliaceae, Gesneriaceae, Polypo- diaceae e Piperaceae. Essa vegetação, embo- ra próxima dos grandes centros urbanos, é a que possui a maior área ainda preservada, principalmente no Vale do Ribeira, na re- gião sul do estado de São Paulo Compartilhando a mesma situação climática determinada pela proximidade do oceano, têm-se, na planície litorânea, as ve- getações de restinga e mangue. A primeira, com fisionomia predominante florestal, ocorre em formações geológicas recentes, com solo arenoso sobre um lençol freático raso e que, quando aflora, determina am- bientes brejosos. Os mangues ocorrem em estuários onde a vegetação apresenta alta especialização que permite a sobrevivência em margens de rios inundados duas vezes por dia com água salobra, durante os perío- dos de marés cheias. Esses ambientes ocor- rem uma elevada produtividade e represen- ta um ecossistema que interage fortemente com os ecossistemas aquáticos litorâneos. Nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, em altitudes variando de 800 a 1.800 metros e nos planaltos dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em clima temperado, en- contramos mata ombrófila mista, onde a espécie arbórea dominante na paisagem é o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze). No interior dos estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e parte do Paraná e Mato Grosso do Sul a ve- getação florestal existente está adaptada a uma situação climática caracterizada por um verão úmido e temperatura elevada e inverno seco e temperatura média menos elevada: matas estacionais semidecíduas e decíduas. A primeira ocorre em solos oligo- tróficos e tem como principal estratégia, que permite a adaptação ao clima, a queda Meio ambiente e sustentabilidade 285 parcial das folhas no período desfavorável, fenômeno conhecido como semideciduida- de ou subcaducifolia. A segunda, geralmen- te ocorrendo em solos eutróficos, exibe a total queda de folhas no período seco, ou seja, a deciduidade ou caducifolia. Tais matas podem ocorrer às margens de nas- centes ou rios, sendo conhecidas como matas ciliares ou ribeirinha, (Rodrigues e Leitão Filho, 2000). Nesse caso, sofrem in- fluência do encharcamento das margens, que pode ser sazonal ou permanente (mata de brejo ou paludosa), além da remoção e deposição de sementes e/ou sedimentos. O Planalto Central Brasileiro é reves- tido em sua maior parte pelo cerrado, nome popular das savanas brasileiras que ocupa- vam no início do século XX, 25% do terri- tório brasileiro (Cavassan et al., 2006). De fisionomia predominantemente savânica, ocorre em solos geralmente ácidos, ricos em alumínio ou ferro e com pequena disponi- bilidade de fósforo, potássio, cálcio e nitro- gênio. Varia, no entanto, fisionomicamente de um campo (campo cerrado) até uma flo- resta (cerradão), embora apresente muitas espécies em comum. Tal variação fisionô- mica estáassociada à variação dos fatores edáficos citados além da frequência de in- cêndios. Essa formação vegetal apresenta uma área nuclear no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Tocantins, em parte de Minas Gerais e da Bahia, no leste de Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul (Rizzini, 1979). No estado de São Paulo, provavel- mente, a ocorrência do cerrado se deve à sua expansão do Triângulo Mineiro, acom- panhando a linha de cuestas basálticas, que divide a Depressão Periférica Paulista do Planalto Ocidental Paulista. Além desses tipos de vegetação, tem- -se ainda uma elevada diversidade de for- mações vegetais no Pantanal Matogrossen- se, onde cerrado, mata estacional semidecí- dua e matas ribeirinhas se fazem representar além dos ambientes revestidos por vegeta- ção paludosa ou aquática. Na porção mais elevada, principalmente das Serras da Man- tiqueira e do Mar, se encontram os campos de altitude, adaptados a um clima tempera- do de regiões elevadas a mais de 2 mil me- tros. No extremo sul do país, outro ambien- te de clima temperado, mas em função da maior latitude, se encontram as estepes gaúchas, popularmente conhecidas como pampas. IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA Inúmeras razões justificam os programas de preservação e restauração da vegetação. A vegetação nativa constitui o hábitat e base da cadeia alimentar de todos os demais or- ganismos de um ecossistema. Mantém a biodiversidade do planeta constituída pelo conjunto de seres vivos, pelo seu material genético e pelos complexos ecológicos dos quais eles fazem parte (Lévêque, 1999). Considerando-se os motivos ecológi- cos, deve-se atentar para a evolução dos processos do mundo vivo que ocorrem em ecossistemas naturais. A supressão dessa si- tuação modificará a direção dessa evolução em uma alta velocidade e sentido desconhe- cido. Acrescente-se a isso a quebra dos gran- des equilíbrios físico-químicos da biosfera, muitas vezes com a participação de uma biota de microrganismos incomensurável e de ação desconhecida em sua maior parte, porém presentes na serapilheira ou estrutu- ra das plantas superiores. Algumas ações são mais conhecidas e fáceis de serem medi- das quando ocorrem desmatamentos, tais como: erosão do solo e consequente perda de fertilidade, assoreamento dos rios, alte- ração do ciclo hidrológico e aumento da concentração do gás carbônico atmosférico. De acordo com Lévêque (1999, p. 16), existem também os motivos éticos e patri- 286 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) moniais: considera-se que o homem tem o dever moral de não eliminar as outras for- mas de vida, além de, segundo o princípio da igualdade entre as gerações, “nós deve- mos transmitir aos nossos filhos a herança que recebemos”. Se motivos ecológicos e éticos não forem suficientes, apresentam-se os motivos econômicos. O número de espécies vegetais domesticadas para a alimentação é muito pequeno em relação ao número de espécies vegetais existentes na vegetação natural. O homem domesticou, na sua existência, somente cerca de cem a duzentas de milha- res de espécies vegetais. Destas, menos de 15 atualmente suprem a maior parte da dieta humana (Conway e Barbier,1990). Essas 15 espécies podem ser agrupadas nas seguintes classes: (a) Cereais: arroz, trigo, milho, sorgo e cevada; (b) Raízes e caules: beterraba, cana-de-açúcar, batata, mandio- ca e inhame; (c) Legumes: feijão, soja e amendoim; e (d) Frutas: citros e banana (Borém e Milach, 1999, p. 69). No entanto, existem aproximadamen- te 250 mil espécies vegetais compondo os ecossistemas naturais no planeta. Da mesma forma, a vegetação natural como fonte de princípios ativos para a in- dústria farmacêutica ainda não foi suficien- temente estudada, embora o Brasil possua a maior farmacopeia do mundo. Pode-se acrescentar a importância dos vegetais na estrutura da paisagem, importante compo- nente na atividade turística, ainda pouco explorada no Brasil. CAUSAS DO DESMATAMENTO Historicamente, o homem sempre buscou na natureza recursos para sua subsistência: alimentos, construção de abrigos, armas, enfeites, remédios, lenha para combustível. Ao caçar, muitos índios usavam a coivara, ateando fogo na vegetação onde supunham existir algum animal, que, ao fugir por um corredor não queimado, era abatido facil- mente. O homem moderno, ao domesticar animais e plantas, substitui a vegetação na- tural por plantações e pastagens. A expansão da agricultura avançou e avança em áreas antes ocupadas por vegeta- ção natural. No início do século XX, princi- palmente no estado de São Paulo, planta- ções de café e algodão lideravam as causas da devastação florestal. A necessidade de es- coamento daquela produção até o porto de Santos justificou a construção das ferrovias que, além do uso de dormentes de madeira, utilizavam a lenha das matas nativas como combustível das locomotivas. Atualmente, plantações de soja, cana-de-açúcar, citricul- tura e silvicultura com pinus (Pinus sp) e eucalipto (Eucaliptus sp) ocupam grandes áreas em zonas ocupadas por matas nativas. O cerrado, inicialmente utilizado como pastagem natural, hoje é substituído por pastagens construídas, principalmente por capim braquiária (Urochloa sp), origi- nária do continente africano e que tem se revelado extremamente agressiva quanto à sua capacidade de invasão em ambientes degradados e/ou perturbados. Mesmo em campos cerrados não perturbados, a ilumi- nação natural no nível do solo favorece a instalação desse tipo de gramínea, que, com- petindo com as espécies do estrato herbá- ceo do cerrado, instalam-se rapidamente. Atualmente, a expansão do perímetro urbano em cidades em crescimento tem ameaçado os remanescentes de matas e cer- rados. No litoral, a restinga e o mangue são frequentemente agredidos pela instalação de estruturas destinadas ao turismo. Diante desse quadro, várias ações que envolvem a elaboração de leis que estabele- cem normas de ocupação, preservação e re- cuperação foram elaboradas. Da mesma forma, pesquisas visando conhecer a me- lhor forma de manejar tais processos foram realizadas. Meio ambiente e sustentabilidade 287 CONCEITOS E DEFINIÇÕES A partir da realização de pesquisas visando discutir tais questões e propor processos de restauração, muitos conceitos e definições foram apresentados, nem sempre coinci- dentes. Assim, propõem-se apresentar, quais serão adotados neste capítulo. Área degradada: aquela que sofreu impacto de forma a impedir ou diminuir drastica- mente sua capacidade de retornar ao estado original, ou ao ponto de equilíbrio, pelos meios naturais (Reis et al., 1999). Essa situ- ação ocorre com frequência em áreas de mi- neração, construção de caixas de emprésti- mo, prática agrícola por muito tempo, onde ocorreu movimentação de máquinas pesa- das ou deposição de lixos e entulhos. A in- tervenção nessas áreas exige, muitas vezes, práticas de engenharia civil e recuperação do solo (São Paulo, 2004). Área perturbada: aquela que após distúr- bio ainda mantém meios de regeneração bi- ótica (Kageyama et al., 1992). Em geral, re- sulta de incêndios rápidos, retirada seletiva de madeira e ação temporária do pastejo de gado bovino. Nesse caso, a regeneração na- tural ou apenas técnicas silviculturais bas- tam para a recuperação. Recuperação: é a restituição de um ecossis- tema ou de uma população silvestre degra- dada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original (São Paulo, 2004). Nesse caso, a preocupa- ção é com o retorno das funções que a vege- tação original desempenhava com o meio e quando há interesse da comunidade envol- vida, tais como, proteção do solo ou mar- gem de rios e nascentes. Restauração: é um processo intencional para estabelecer um ecossistema, com o ob- jetivo de se aproximar de sua estrutura, fun- ção, diversidade e dinâmica originais (Bar- bosa e Mantovani, 2000). Tal processo é difí- cil de ser realizado, uma vez que nem sempresão conhecidas as condições originais. Tam- bém as relações existentes no ecossistema de- gradado são complexas, principalmente em condições tropicais, e exigem um estudo em nível interdisciplinar envolvendo principal- mente botânica, zoologia, ecologia, geologia, hidrologia e climatologia. Reflorestamento: termo bastante utilizado principalmente nas primeiras experiências sobre o assunto, significa “refazer a floresta”. De uso frequente em silvicultura, é aplica- do, em geral, em processos de plantio de ár- vores independentemente se a preocupação for relativa à produção de madeira ou ma- nejo ambiental. Zona tampão: zona adjacente à área restau- rada e com ações diferenciadas de manejo, visando ao amortecimento dos impactos (p. ex., culturas perenes, sistemas agroflores- tais, restrições de uso de fogo e herbicidas). Sucessão ecológica: é o processo pelo qual uma comunidade vegetal se modifica. Ela envolve a imigração e extinção de espécies, associadas às alterações na abundância rela- tiva das diferentes populações. Representa a dinâmica da comunidade que ocorre em uma escala de tempo relativa ao tempo de vida das plantas dominantes. A sucessão ocorre porque, para cada espécie, a possibi- lidade de estabelecimento naquela comuni- dade vegetal se altera através do tempo à medida que os fatores abióticos (p. ex., con- dições do solo e luminosidade) e bióticos (p. ex., competição por outras espécies, herbi- voria) são alterados (Crawley, 1997). Nos processos de regeneração natural, espera-se que ocorra a sucessão ecológica. Quando é necessária a intervenção do homem, há pre- ocupação em não contrariar tal processo. Comunidade vegetal: conjunto populacio- nal com unidade florística de aparência re- lativamente uniforme, com área espacial conhecida (Manual Técnico da Vegetação Brasileira, 1991). Em um sentido mais prá- tico, no entanto, comunidade vegetal pode 288 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) ser definida como todas as plantas que ocu- pam uma determinada área, que comparti- lham de alguma característica comum e que algum pesquisador definiu para fins de es- tudo (Crawley, 1997). Pode-se considerar comunidade vegetal também o conjunto de plantas de uma vegetação que o ecólogo tem interesse em estudar. Floresta: termo semelhante à mata no sen- tido popular. Caracteriza-se pela presença de um estrato arbóreo contínuo como ele- mento dominante no dossel. Nas florestas tropicais, podem ser encontrados vários es- tratos arbóreos, além dos estratos arbusti- vos. O estrato herbáceo é constituído de es- pécies de sombra no interior da vegetação, podendo ter espécies heliófitas nas clareiras e bordas. Savana: vegetação onde o estrato arbóreo não é contínuo e as árvores, em média, são menores do que na mata. Entre as árvores, encontra-se um denso estrato herbáceo-ar- bustivo. Savana também é utilizada para de- signar um tipo de bioma onde predomina a fisionomia anteriormente descrita. Nesse sentido, foi criada por Oviedo e Valdez (1851) para designar os lhanos arbolados da Venezuela. Foi introduzido na África pelos naturalistas espanhóis com Savannah e no Brasil por Gonzaga de Campos (1926) (Ma- nual Técnico da Vegetação Brasileira, 1991) referindo-se ao cerrado. Campo: vegetação onde as árvores não exis- tem ou são raras. A fisionomia campestre é caracterizada por um denso estrato herbá- ceo e/ou arbustivo. HISTÓRICO DA RECUPERAÇÃO E RESTAURAÇÃO VEGETACIONAL NO BRASIL Provavelmente, o Brasil é o primeiro país do mundo a desenvolver a recuperação de um maciço florestal heterogêneo – a flores- ta da Tijuca no Rio de Janeiro (Leão, 2000). Em 1861, como os mananciais que abaste- ciam o Rio de Janeiro estavam comprome- tidos, a falta de água fez com que Dom Pedro II determinasse o reflorestamento dos morros da Tijuca, naquela época ocu- pados principalmente por plantações de café e cana-de-acúcar. Atribuiu essa função ao Major Manuel Gomes Archer e ao administrador Thomas Nogueira da Gama que, em 13 anos, planta- ram, de acordo com seus registros, 13.616 árvores, tais como, jacarandás, jataís, ce- dros, pequiás, além de palmeiras e 308 bam- bus (Leão, 2000). Apesar do Major Archer não ter formação em silvicultura (Conti et al., 2008), apresentava experiência de campo, e o reflorestamento heterogêneo aproximou a mata secundária das caracte- rísticas da vegetação original que foi supri- mida. No entanto, atualmente, essa mata exibe características de vegetação natural apenas onde ocorreu regeneração natural. Muitas espécies exóticas, como as jaqueiras plantadas naquele processo, hoje consti- tuem problemas para a evolução das comu- nidades lá existentes. Em 1955, no município de Cosmópo- lis, na bacia do rio Mogi-Guaçu, foi iniciado um plantio de árvores visando restaurar a floresta outrora destruída para o plantio de cana-de-açúcar (Nogueira, 1977). De acor- do com a informação do autor do relato que participou daquele processo, além de espécies reconhecidamente nativas daquela área, foram introduzidas espécies exóticas às margens do rio, plantas produtoras de frutas “para proporcionar alimento à fauna ictiológica” (Nogueira, 1977, p. 10). O plan- tio se estendeu até 1960 e, em 1977, quando da publicação daquele livro, o autor consi- derou que os objetivos foram alcançados, pois se desenvolveu lá uma pujante floresta, muito semelhante à mata original. Tem-se que admitir, no entanto, que o processo descrito demandou custos elevadíssimos, o Meio ambiente e sustentabilidade 289 que inviabiliza, na maioria dos casos, a res- tauração vegetal de grandes áreas. Na década de 1980, tem-se que desta- car os trabalhos liderados pelo Prof. Dr. Paulo Yoshio Kageyama nas cabeceiras do Rio Corumbataí, visando reconstruir matas ciliares com espécies nativas; assim como aqueles realizados às margens das represas do rio Tietê em convênio entre a Compa- nhia Energética de São Paulo (CESP) e a ESALQ/USP no período de 1988 a 2001 (Kageyama e Gandara, 2000). Nas duas últimas décadas, inúmeras experiências foram realizadas, e a eficiência dos projetos de recomposição vegetal vem sendo discutida com maior ênfase. São reali- zados diagnósticos em áreas reflorestadas com diferentes idades, visando mostrar erros e acertos (Barbosa e Barbosa, 2006). Hoje a discussão extrapola os aspectos técnicos dos processos de recomposição e inclui legisla- ção, educação e políticas públicas. Este capítulo tem como objetivo dis- cutir tais aspectos da restauração de áreas degradadas, considerando-se que é um as- sunto em evolução. Assim, deve-se reco- nhecer que a atualização constante é neces- sária aos pesquisadores e aos técnicos en- volvidos e interessados no assunto. PROCEDIMENTOS PARA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁREAS DEGRADADAS Embora possa existir o interesse em se recu- perar áreas degradadas, o enfoque dado neste capítulo será o da restauração o mais próximo possível dos ecossistemas antes lá existentes. Todos os procedimentos para isso são definidos a partir da identificação dos agentes de degradação ou perturbação. Tais informações, associadas ao tipo de vegetação que se pretende restaurar, são importantes na definição das técnicas a serem utilizadas. Desse modo, corte seletivo de madeira geralmente permite um alto po- tencial de regeneração, tanto em matas quanto cerrado. Fogo, via de regra, é mais agressivo em matas do que em cerrado, uma vez que o cerrado apresenta uma estrutura vegetal subterrânea muito mais desenvolvi- da permitindo a brotação, além do que, muitas espécies lenhosas exibem folhas es- cleromórficas e súber bem desenvolvido no caule, garantindo maior proteção durante os incêndios. Tal situação se repete com muita frequência em áreas utilizadas como pastoreio. No entanto, em agricultura in- tensiva e duradoura, terraplanagem e mine- ração, a chance de regeneração natural é quase nula para os dois tipos de vegetação (São Paulo, 2004). Após esse procedimento,torna-se ne- cessária, portanto, a eliminação desses agen- tes. Nem sempre a responsabilidade por essas ações é dos interessados na restauração, envolvendo muitas vezes ações fiscalizadoras e jurídicas contra terceiros. Vencidos tais obstáculos, faz-se o isolamento da área. No caso de incêndios que fogem do controle du- rante queimadas autorizadas, como em ca- naviais, a manutenção de aceiros e participa- ção de brigadas de combate a incêndios são imprescindíveis. Quando a construção de uma cerca se faz necessária, principalmente para impedir o acesso do gado bovino, tem- -se que respeitar algumas normas para ga- rantir menor chance de rompimento dos arames. Geralmente, em períodos de tempo seco, a pastagem se torna menos densa e as regiões protegidas com maior volume de biomassa verde. Assim, as tentativas de ultra- passagens desse obstáculo se acentuam. Re- comenda-se, portanto, espaçamento entre moirões de 6 metros, sendo um moirão esti- cador a cada 12 metros; dois balancins entre eles e pelo menos quatro fios de arame. (São Paulo, 2004). Evidentemente, esses moirões não deverão ser obtidos a partir do corte de madeira nativa. O diagnóstico da potencialidade de regeneração deverá considerar a presença 290 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) de plântulas de espécies nativas, banco de sementes, ocorrência e os tipos de fragmen- tos de vegetação natural no entorno que poderão servir como fonte de propágulos (Rodrigues e Gandolfi, 2000). Em cerrados degradados recentemente, a biomassa sub- terrânea, mais desenvolvida do que nas matas, apresenta grande potencialidade de brotamento. Pouco se conhece a respeito da colonização natural de plantas de cerrado pela chegada de propágulos reprodutivos, principalmente a curto prazo. Em todos os casos, quando a potencialidade de regene- ração natural é elevada e o objetivo é a res- tauração dos ecossistemas dos quais a vege- tação faz parte, o processo, embora mais de- morado, é mais barato e implica menos chances de erro. Sempre que possível, é importante o conhecimento da vegetação degradada. Quando o evento é muito antigo, tem-se que recorrer a evidências indiretas, tais como entrevistas com antigos moradores da região, fotos antigas e topônimos. Neste último caso, nomes de cidades de origem tupi podem servir de aliados no levanta- mento das condições pretéritas da vegeta- ção da região. Pode-se citar, por exemplo, cidades como Macatuba, que significa muita macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.), palmeira típica de mata es- tacional semidecídua ou Catanduva, mato fechado, designação dada aos cerradões. O tipo de solo na região, além das condições climáticas, é um excelente indicador dos tipos de vegetação outrora associados. Se existirem fragmentos de vegetação nativa remanescentes na região, torna-se imprescindível a sua caracterização florísti- ca e fitossociológica. Martins (2004) consi- dera que a Fitossociologia é uma ferramen- ta poderosa da bioprospecção e conserva- ção. De acordo com esse autor O levantamento de dados, especialmente os do solo e do relevo (como altitude, por exemplo), possibilita estabelecer associa- ções entre espécies e variáveis ambientais. Essa informação é muito importante, quando se tem em mente a conservação ex situ, a recuperação de áreas degradadas ou o paisagismo. Saber as preferências ecoló- gicas de cada espécie é um pré-requisito para eleger quais espécies devem ser plan- tadas num dado ambiente. A espécie prefe- re solos arenosos ou argilosos? É sensível ao alumínio no solo? Ocorre em altas ou baixas altitudes? É resistente à geada? Qual seria o consórcio de espécies mais indica- do? Essas são perguntas respondidas me- diante a investigação da associação das es- pécies entre si e com variáveis ambientais (Martins, 2004, p.6). Cuidado especial deve ser tomado quando é utilizado um único critério para identificação da vegetação pretérita na área a ser restaurada. Por exemplo, a margem de um rio ou represa frequentemente é consi- derada ambiente ciliar, e os métodos muitas vezes se apoiam em um único procedimen- to. No entanto, tem-se que considerar uma heterogeneidade ambiental às margens de rios, associada à diferentes comunidades. Mardegan e Cavassan (2009) chamam a atenção de que margens de represas não são inundadas periodicamente, não havendo, portanto, encharcamento sazonal, remoção e deposição de sedimentos e sementes. Consideram que, muitas vezes, é mais apro- priada a restauração com técnicas de plan- tio com espécies do interflúvio do que aquelas típicas do ambiente ripário. Gandolfi (2006) considera importante também o conhecimento de aspectos auto- -ecológicos das espécies, tais como cresci- mento, cobertura e ciclo de vida, além do papel trófico, competitivo que interfere na criação, manutenção e modificação de há- bitat. Argumenta que se devem conhecer quais espécies podem favorecer o aumento da biodiversidade e o restabelecimento da dinâmica do ecossistema local. Tais procedimentos devem anteceder a qualquer tipo de intervenção visando a re- Meio ambiente e sustentabilidade 291 cuperação da área degradada. A partir desse diagnóstico é que deverão ser definidas as estratégias mais adequadas. Tem-se que reconhecer também que o conhecimento da florística regional, mesmo a de fragmentos menores ou de outro tipo de vegetação, é importante. De acordo com a hipótese probabilística da sucessão de Glea- son (1926), a chegada de propágulos, poten- ciais colonizadores, ocorre totalmente ao acaso, de diferentes origens e direções. O que se pode afirmar com mais segurança é que, se as espécies que chegam possuem limites de tolerância que suportam aquelas condi- ções onde ocorre a colonização, terão mais chances as espécies oriundas de fragmentos mais próximos do que distantes. INTERVENÇÕES POSSÍVEIS No caso de se constatar que a regeneração natural não é possível nas condições que se apresentam, o plantio pode ser a forma mais adequada. Nesse caso, pode ser feito a partir de mudas ou direto. Nas duas situa- ções, tem-se que obter sementes das espé- cies selecionadas para o plantio provenien- tes de lotes que garantam a variabilidade genética, devendo ser obtidas de vários in- divíduos. O plantio a partir de propagação vegetativa, tal como estaquia, reduz a varia- bilidade genética e deve ser usada apenas naqueles casos em que as espécies apresen- tam baixa germinação ou frutificação irre- gular (Santos Júnior e Barbosa, 2006). Uma descrição técnica mais completa dos procedimentos de coleta e produção de mudas de essências destinadas à recupera- ção florestal poderá ser encontrada no livro Recuperação Florestal: da semente à muda (São Paulo, 2004). O plantio direto ou semeadura dire- ta é recomendado para áreas de difícil aces- so, principalmente em escarpas de monta- nhas ou planaltos. Geralmente os resulta- dos são menos satisfatórios do que o plantio de mudas, mas o custo é menor, o que pode justificar esse método também para áreas planas. É muito comum, sob o dossel de plan- tações de Eucaliptus sp e Pinus sp, a germi- nação de sementes oriundas da vegetação nativa que outrora cobria aquela área. A co- leta dessas plântulas e a transposição para a área em recuperação, abrevia o tempo de coleta de sementes e formação de mudas. No entanto, a plântula coletada deve ser en- vasada e aclimatada em viveiro antes do plantio em local definitivo. Existem inúmeros procedimentos de restauração de áreas degradadas. Em co- mum, todos esses procedimentos devem obedecer aos princípios da sucessão ecoló- gica. Entende-se por sucessão ecológica as mudanças que ocorrem na estrutura da co- munidade ao longo do tempo. Resulta de modificações do ambiente pela comunida- de e de interações de competição e coexis- tência em nível de população (Reis-Duarte e Galvão-Bueno, 2006). A sucessão é con- trolada pela comunidade, embora o am- biente físico determine o padrãoe a veloci- dade das mudanças (Odum, 1997). Cada comunidade transitória é denominada es- tágio de desenvolvimento ou estádio se- rial. Na prática, as espécies que formam as comunidades pioneiras são reconhecidas por ocorrerem naturalmente nas clareiras ou bordas das matas. São as primeiras a co- lonizarem ambientes degradados, sombre- ando-o, produzindo serapilheira e servindo de poleiro ou hábitat para muitos animais, alguns potenciais dispersores de sementes. A existência dessa comunidade pioneira, de alguma maneira, modifica o ambiente físi- co, contribuindo para alterar a temperatura do solo, mantendo maior umidade atmos- férica próximo ao solo, alterando quimica- mente a sua composição a partir da de- composição da serapilheira e proporcio- nando hábitat para outros organismos animais e vegetais que não encontravam condições favoráveis de sobrevivência no 292 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) ambiente desprovido de vegetação. Assim, a comunidade que adquire condições de colonizar o local, resultante das modifica- ções físicas do meio e competição com as espécies pioneiras, constituirá o estágio se- rial secundário inicial, e assim por diante. Para Odum (1997), essa sucessão ocorrerá até o clímax, mantendo-se sem alteração, a não ser que ocorram novas mudanças am- bientais. Engel e Parrota (2008) chamam a atenção que clímax não significa estagna- ção, mas sim estabilidade, que deve ser en- tendida como um grau de ajuste ao regime local de distúrbios. Na prática, no entanto, reconhecer as espécies de cada um desses estágios seriais é difícil. Algumas espécies medram tanto a pleno sol como em ambiente sombreado. Cada tipo de vegetação apresenta caracte- rísticas que resultam de uma interação de um grande número de fatores. Assim, neste capítulo, serão descritas apenas característi- cas de duas classes: a pioneira, formada pelas espécies pioneiras propriamente ditas, e a não pioneira, formada pelas espécies consideradas secundárias tardias e climáci- cas (Tabela 12.1). A importância na identificação desses dois grupos reside na intenção de, obede- cendo ao que acontece naturalmente nas florestas tropicais, se formar um bosque inicial que cria condições de sombreamento para as espécies dos estágios posteriores da sucessão (Kageyama e Gandara, 2000). Métodos de plantio de mudas Essa técnica pode ocorrer para se fazer o en- riquecimento, adensamento ou implanta- ção florestal. Os dois primeiros casos são in- dicados em áreas perturbadas e que mantém indivíduos remanescentes da vegetação ori- ginal. O enriquecimento consiste na rein- trodução de espécies, quando existem indi- cadores de sua existência pretérita, mas foram extintas no local. Visa aumentar a ri- queza em espécies e, consequentemente, a diversidade, condição necessária para maior sustentabilidade da floresta. TABELA 12.1 Algumas características de espécies arbóreas nativas do Brasil, considerando-se os estágios seriais pioneiro e não pioneiro (Baseado em Budowsky, 1965; Barbosa et al., 1996; São Paulo, 2004). CARACTERÍSTICAS PIONEIRAS NÃO PIONEIRAS Ciclo de vida Curto (1 a 15 anos) Longo (mais que 15 anos) Sementes e frutos Pequenas e abundantes Grandes e pequena quantidade Crescimento Rápido Lento Densidade da madeira Leve Pesada e rígida Necessidade de luz Muita luz (heliófilas) Pouca luz quando jovem Forma de regeneração Colonizam áreas abertas Colonizam áreas sombreadas Viabilidade da semente Longa. Latentes no solo Curta Altura dos indivíduos Até 20 metros Mais que 20 metros Presença de epífitas Ausente ou eventuais musgos Presente em grande quantidade e líquens Disseminação das sementes Pássaros, morcegos, vento Gravidade, mamíferos Resistência à herbivoria Baixa Alta Meio ambiente e sustentabilidade 293 O adensamento consiste no plantio de espécies que, embora representadas na vegetação degradada, não apresentam si- nais de capacidade de produção de semen- tes e plântulas de modo a aumentar a abun- dância dos indivíduos daquelas populações que, em florestas preservadas e de mesma natureza, apresentam alta densidade relati- va. Nesses dois casos, o plantio deve ser feito nos espaços livres sem, no entanto, contra- riar sua aptidão ecofisiológica. Espécies pioneiras devem ser plantadas a pleno sol e não pioneiras à sombra das outras, assim como observar sua aptidão para ambientes encharcados ou secos. Em casos de restau- ração de áreas totalmente degradadas, faz-se, então, a implantação florestal com plan tio de mudas heterogêneo. A primeira preocupação consiste na definição da quantidade de espécies, pro- porção de pioneiras e não pioneiras e modo de distribuição das mudas. Considerando- -se que quanto maior a diversidade maior a sustentabilidade da floresta implantada, maior deverá ser o número de espécies uti- lizadas e mais equitativa a distribuição dos indivíduos nas diferentes espécies. No en- tanto, tem-se que respeitar os valores de ri- queza em espécies arbóreas de cada tipo de vegetação observado nos levantamentos florísticos dos fragmentos remanescentes. Por exemplo, as matas estacionais semidecí- duas ribeirinhas com encharcamento per- manente (matas de brejo) do interior do es- tado de São Paulo raramente apresentam mais que 40 espécies arbóreas por hectare e H’ inferior a 3 nats/indivíduo. Do mesmo modo, apresentam elevada abundância re- lativa de poucas espécies tais como Calo- phyllum brasiliensis; Cambess. e Magnolia ovata (A.St.–Hil.) Spreng. (Paschoal; Cavas- san, 1999; Carboni, 2007). Por outro lado, em matas ombrófilas densas da encosta da Serra do Mar (Guedes-Bruni, 1998), tem-se elevada diversidade. Quanto à proporção de pioneiras e não pioneiras, Rodrigues (2002) recomen- da a introdução em proporções diferentes em ordem decrescente: espécies pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e climácicas. De acordo com a SMA 8 de 31 de 01 de 2008 (p. 3-4) Artigo 6o – Em áreas de ocorrência das for- mações de floresta ombrófila, de floresta estacional semidecidual e de savana flores- tada (cerradão), a recuperação florestal de- verá atingir, no período previsto em proje- to, o mínimo de 80 (oitenta) espécies flo- restais nativas de ocorrência regional, conforme o Artigo 8o e/ou identificadas em levantamentos florísticos regionais. § 1º – Em relação ao número de espé- cies a ser utilizado nas situações de plantio: a) devem ser utilizadas, no mínimo, 20% de espécies zoocóricas nativas da vegetação regional; b) devem ser utilizadas, no míni- mo, 5% de espécies nativas da vegetação regional, enquadradas em alguma das cate- gorias de ameaça (vulnerável, em perigo, criticamente em perigo ou presumivel- mente extinta); c) nos plantios em área total, as espécies escolhidas deverão con- templar os dois grupos ecológicos: pionei- ras (pioneiras e secundárias iniciais) e não pioneiras (secundárias tardias e climáci- cas), considerando-se o limite mínimo de 40% para qualquer dos grupos, exceto para a savana florestada (cerradão). § 2º – Em relação ao número de indiví- duos a ser utilizado nas situações de plantio: a. O total dos indivíduos pertencentes a um mesmo grupo ecológico (pioneiro e não pioneiro) não pode exceder 60% do total dos indivíduos do plantio; b. Nenhuma es- pécie pioneira pode ultrapassar o limite máximo de 20% de indivíduos do total do plantio; c. Nenhuma espécie não pioneira pode ultrapassar o limite máximo de 10% de indivíduos do total do plantio; d. Dez por cento (10%) das espécies implantadas, no máximo, podem ter menos de doze (12) indivíduos por projeto. 294 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) Artigo 7o – Para outras formações ou situa- ções de baixa diversidade de espécies flores- tais (áreas rochosas, florestas paludosas, flo- restas estacionais deciduais, floresta de res- tinga e manguezal), o número de espécies a ser utilizado será definido por projeto técni- co circunstanciado, a ser aprovado no âmbi- to da Coordenadoriade Licenciamento Ambiental e de Proteção de Recursos Natu- rais – CPRN, considerando-se a maior di- versidade possível. (São Paulo, 2008, p. 3-4). Quanto à distribuição, tem-se que es- colher o mais adequado, considerando-se tipo de vegetação, solo, relevo e espécies dis- poníveis. Assim, pode-se misturar as espé- cies não obedecendo a um alinhamento predefinido. O outro procedimento consiste no es- tabelecimento de linhas de pioneiras e não pioneiras alternadas. Embora possa ser uti- lizado em qualquer situação, é bastante comum nas encostas de vales, onde as li- nhas obedecem às curvas de nível. O plantio em módulos é realizado a partir de desenhos preestabelecidos que se repetem no campo, formados por espécies pioneiras e não pioneiras, obedecendo à proporção já descrita. Geralmente, tem-se um indivíduo de uma espécie não pioneira no centro e as demais espécies pioneiras ao redor. As linhas de preenchimento e linhas de diversidade correspondem ao plantio de linhas alternadas de espécies que possuem crescimento vigoroso e desenvolvem copas frondosas e de espécies nativas que visam aumentar a riqueza, podendo ou não apre- sentar características das linhas de preen- chimento. Geralmente utilizam o espaça- mento de três metros entre linhas e dois metros entre plantas; tal disposição permite a mecanização e é suficiente para manter a densidade arbórea observada em matas na- turais. Atualmente, é o método que apre- senta melhores resultados, principalmente no desenvolvimento de um estrato regene- rativo (Figura 12.1). Técnicas de plantio Essa etapa depende das condições do solo e das atividades que precederam a recupera- ção daquela área. O solo deve apresentar condições físicas, químicas e de retenção de água que viabilizem o desenvolvimento das plantas introduzidas. Tem-se também que executar obras de engenharia visando con- ter os processos erosivos. Em caixas de em- préstimo ou áreas de mineração, onde os horizontes superficiais foram removidos, muitas vezes se faz necessária a transposi- ção de solos superficiais de outra região, assim como o uso de implementos agríco- las. Fertilizantes e calcário deverão ser adi- cionados quando necessário, a partir da análise prévia das características do solo. No entanto, a vegetação adaptada a solos ácidos, como o cerrado, dispensa o uso do calcário. As covas, abertas manual ou mecani- camente, devem ter no mínimo 30 cm x 30 cm x 30 cm. Metade do volume de terra, após destorroadas e retiradas as touceiras de gramíneas, deve ser misturado com ferti- lizantes e recolocado no fundo da cova. A outra metade deverá ser misturada com cal- cário e completar o aterro da cova. Figura 12.1 Plantio em Área de Preservação Permanente em Guaiçara, SP, CATI, EDR de Lins. Foto: C. M. Mardegan. Meio ambiente e sustentabilidade 295 Os cuidados pós-plantio envolvem o coroamento das mudas, impedindo a re- brota de plantas invasoras, combate a for- migas cortadeiras e adubação de cobertu- ra. Periodicamente, deve-se avaliar o índice de mortalidade de mudas e realizar o re- plantio, se possível com a mesma espécie daquela que morreu. Na Figura 12.2 tem-se a vegetação plantada em área de preserva- ção permanente após um ano. Técnicas de nucleação A nucleação consiste em incorporar os prin- cípios-chave da metáfora do “fluxo da natu- reza” à prática da restauração ecológica. Visa formar micro-hábitats em núcleos favoráveis à ocorrência de vários eventos que favore- cem a regeneração natural, tais como a che- gada de plantas de várias formas de vida, proporcionando a formação de uma teia ecológica complexa na área. É implantada através de várias técnicas, sempre em núcleos nunca ultrapassando 5% da área, deixando espaços abertos para o eventual se expressar (Reis et al., 2006). A transposição de galharia consiste no transporte de toda biomassa removida de um ecossistema natural onde foi autori- zado o desmatamento, para a área onde se pretende recompor. Assim, parte de caules, raízes, folhas, além de eventuais flores, fru- tos e sementes, são enleirados, compondo a técnica nucleadora inicial. Admite-se que, nesse transporte, toda a biota associada, tais como insetos, fungos, líquens, etc., que junto com animais buscam naquela galha- ria abrigo ou alimento, iniciam um ecossis- tema pioneiro. Tem-se também na decom- posição da biomassa morta a formação de uma camada de húmus, que contribuirá para a fertilidade do solo (Reis, et al., 2006). Essa técnica tem apresentado resultado sa- tisfatório em ambiente de mata ombrófila densa. Experiência em cerrado no municí- pio de Bauru, desenvolvida pelo autor deste capítulo, apresenta resultados parciais se- melhantes àqueles obtidos para matas. A transposição de solo de ecossiste- mas naturais para as áreas em recuperação visa transportar o banco de sementes e a biota edáfica lá existentes, além de incre- mentar matéria orgânica aumentando a fertilidade. A rápida germinação das se- mentes transportadas e o desenvolvimento das plântulas que conseguiram adaptação às novas condições, funcionarão como po- leiros de aves, potenciais dispersores de se- mentes de vegetais do entorno. Esse proces- so, no entanto, é questionado, pois causará uma perturbação no ambiente de origem. A coletada em pequenas porções distantes umas das outras poderá atenuar tal proble- ma, prevendo-se uma rápida cicatrização do local que cedeu esse solo. No entanto, a retirada de solo de áreas onde o desmata- mento foi autorizado é recomendável. Reis e colaboradores (2006) descre- vem experiências com poleiros artificiais como estratégia para facilitar a dispersão de sementes por aves em florestas tropicais. Consistem de árvores exóticas em pé, torres de bambus servindo de suporte de plantas trepadeiras ou simplesmente um poleiro formado por uma vara ou tronco suportan- FIGURA 12.2 Vegetação plantada no município de Guaimbê, SP, CATI, EDR de Lins. Foto: C. M. Mardegan. 296 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) do um travessão na porção terminal. Tal processo é considerado facilitador do incre- mento de espécies nas áreas, principalmen- te nas ornitocóricas. Tais procedimentos podem muitas vezes ser associados a outros já descritos, como estratégias que visam aumentar a ri- queza em espécies e, consequentemente, à diversidade, garantindo maior estabilidade dos ecossistemas em recuperação. CHAVE PARA TOMADA DE DECISÃO NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Os procedimentos para recuperação de áreas degradadas devem visar sempre bus- car maior eficiência com o mínimo de cus- tos. A escolha dos métodos é a parte mais difícil e também a mais importante. Visan- do discutir modelos para recuperação de áreas degradadas no ambiente ribeirinho, foi realizado, em 2006, no Instituto de Botâ- nica de São Paulo, o “Workshop Sobre Re- cuperação de Áreas Degradadas: Modelos Alternativos para Recuperação de Áreas Degradadas em Meios Ciliares no estado de São Paulo”. Em um dos grupos temáticos foi proposta uma “Chave para tomada de deci- são na recuperação de áreas degradadas”, após discussão em plenária, ficou disponí- vel no site http://www.ibot.sp.gov.br. Apre- sentamos a seguir uma cópia dessa chave, extraída do site mencionado no dia 13 de outubro de 2009. CHAVE PARA TOMADA DE DECISÃO NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS 1 Buscando contemplar as diversas situações que possam ser encontradas diante do processo de recupe ração, principalmente de mata ciliar, apresenta-se uma chave que considera inúmeras possibilidades de aplicação dos modelos e recomendações anteriormente citadas. Instruções para uso da chave Para o uso desta chave, as características da área em questão devem ser consideradas. O primeiro item (o de número 1) apresenta duas possibilidades mutuamente exclusivas (no caso, com ou sem remanescentes florestais), marcados com “a” e “b”, e em cada um a chave conduz ou a uma série de ações possíveis ou ao envio a um novo item. Nessecaso, se a área apresenta remanescentes florestais isolados, são possíveis as seguintes ações: enriquecimento florístico com diversidade genética e/ou manejo de espécies-problema (invasoras ou superabundantes) e/ou implantação de zona tampão. Se, entretanto, não existe na área remanescentes florestais, a chave indica uma nova bifurcação (agora com o número 2) em área abandonada ou em área utilizada. 1 a. com remanescente florestal isolado (pouco/muito degradada): 1 O grau de degradação é avaliado de acordo com a fisionomia, composição e estrutura florestal. Pontos positivos: riqueza, número de estratos (inclui regenerantes), presença de epífitas. Pontos negativos: lianas em desequilíbrio (borda e interior) e gramíneas invasoras (borda e interior). Ações possíveis n enriquecimento florístico com diversidade genética n manejo de espécies-problema (invasoras ou superabundantes) n implantação de zona tampão 1 b. sem remanescente florestal ................................................................................vai para o item 2 2 a. em área abandonada ..........................................................................................vai para o item 3 Meio ambiente e sustentabilidade 297 2 b. em área utilizada .................................................................................................vai para o item 7 3 a. em solo não degradado .....................................................................................vai para o item 4 3 b. em solo degradado ............................................................................................vai para o item 6 4 a. não inundado ......................................................................................................vai para o item 5 4 b. inundado ou naturalmente mal drenado (com/sem regenerantes naturais): Ações possíveis n adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética n plantio em área total (mudas ou semeadura) n manejo de espécies-problema (invasoras ou superabundantes) n implantação de zona tampão 5 a. com regenerantes naturais: Ações possíveis n indução e condução da regeneração n adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética n nucleação (ilhas de diversidade) n implantação de zona tampão 5 b. sem regenerantes naturais: Ações possíveis n plantio em área total (mudas ou semeadura) n nucleação (ilhas de diversidade) n implantação de zona tampão 6 a. sem exposição de rocha: problemas físicos e/ou químicos (incl. várzeas drenadas): Ações possíveis n aração e/ou dragagem e/ou subsolagem n adubação verde n transferência de serapilheira, camada superficial do solo e banco de sementes n plantio em área total (mudas ou semeadura) n implantação de zona tampão 6 b. com exposição de rocha (material de origem): Ações possíveis n transferência de subsolo n transferência de serapilheira, camada superficial do solo e banco de sementes n adubação verde n plantio em área total (mudas ou semeadura) n implantação de zona tampão 7 a. em área de pecuária ............................................................................................vai para o item 8 7 b. em área não de pecuária ....................................................................................vai para o item 9 8 a. pastagem com regenerantes naturais: Ações possíveis n conservação e descompactação do solo n indução e condução da regeneração n adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética n nucleação (ilhas de diversidade) n implantação de zona tampão 8 b. pastagem sem regenerantes naturais: 298 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) CONSIDERAÇÕES FINAIS O conhecimento dos processos de restaura- ção de áreas degradadas é um processo em evolução. Apesar do grande avanço nas últi- mas décadas, a complexidade ambiental e vegetacional do Brasil exige uma constante realização de experiências visando definir melhores estratégias de intervenção nos ecossistemas naturais, quer visando seu manejo ou restauração. No estado de São Paulo, o maior conhecimento ainda se con- Ações possíveis n conservação e descompactação do solo n plantio em área total (mudas ou semeadura) n nucleação (ilhas de diversidade) n implantação de zona tampão 9 a. área de reflorestamento econômico (pinus, eucalipto, seringueira, etc.) ........vai para o item 10 9 b. área agrícola .....................................................................................................vai para o item 11 10 a. com regenerantes naturais: Ações possíveis n desbaste n morte em pé da espécie econômica n corte total n indução e condução da regeneração n adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética n implantação de zona tampão 10 b. sem regenerantes naturais: Ações possíveis n corte total n plantio em área total (mudas ou semeadura) n nucleação (ilhas de diversidade) n implantação de zona tampão 11 a. pouco tecnificada: Ações possíveis n pousio para avaliação da expressão da regeneração natural n indução e condução da regeneração n adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética n plantio em área total (mudas ou semeadura) n nucleação (ilhas de diversidade) n implantação e zona tampão 11 b. altamente tecnificada: Ações possíveis n plantio em área total (mudas ou semeadura) n nucleação (ilhas de diversidade) n implantação e zona tampão n adubação verde Extraído de http://www.ibot.sp.gov.br/areasdegradadas (São Paulo, 2009). Meio ambiente e sustentabilidade 299 centra na restauração de matas ombrófilas e estacionais. Pouco é conhecido a respeito dos cerrados, de modo que a recomendação mais segura no momento é acompanhar a sua regeneração natural, quando demons- trar potencialidade para isso. O cumprimento da legislação am- biental, no que se refere à autorização ou multa pelo desmatamento, esbarra na real caracterização do tipo de vegetação pertur- bada ou degradada, assim como na orienta- ção sobre a melhor maneira de restauração. Se os processos de manejo e restaura- ção de áreas degradadas evoluem tecnica- mente, espera-se que igual evolução aconte- ça na divulgação desse conhecimento, não só entre os pesquisadores, mas na comuni- dade. Nesse sentido, propostas de educação ambiental deverão estar associadas aos pro- cedimentos técnicos. A participação dos pro- prietários e de toda comunidade envolvida é fundamental para o sucesso dos processos de restauração. Tê-los como parceiros é garan- tia de continuidade dos programas. Para isso, é importante também propostas de sis- temas agroflorestais, onde se associa a pre- servação ambiental com o mínimo de per- das na produção agrícola ou, se possível, que permita um retorno econômico supe- rior às atividades convencionais. REFERÊNCIAS BARBOSA, L. M.; ASPERTI, L. M.; BARBOSA, J. M. Características importantes de componentes arbóreos na definição dos estádios sucessionais em florestas implanta- das. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ECOSSISTE- MAS FLORESTAIS, 4., 1996, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: [s.n], 1996. p. 242-245. BARBOSA, L. M.; BARBOSA, K. C. Políticas públicas para a recuperação de áreas degradadas. In: SIMPÓSIO SOBRE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS (RAD) COM ÊNFASE EM MATAS CILIARES, 2006, São Paulo. Anais... São Paulo: SMA, 2006. BARBOSA, L. M.; MANTOVANI, W. Degradação ambien- tal: conceituação e bases para o repovoamento vegetal. 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