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1 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - CAMPUS QUIXADÁ ANDRÉIA LETÍCIA BARROS FRANCISCA BEATRIZ SEVERO MAGALHÃES FRANCISCO WESLEY MENDONÇA SILVA ÍTALA DA SILVA LOPES PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS - PRAD RECUPERAÇÃO DE TRECHO DA MARGEM DO RIO SITIÁ Quixadá 2020 2 LISTA DE FIGURAS por: Ítala da Silva Lopes Figura 1 - Imagem de satélite com demarcação da área estudada.........................6 Figura 2 - Imagem ilustrativa das queimadas..........................................................7 Figura 3 - Imagens ilustrativas da poluição do solo e água.....................................7 Figura 4 - Sistemas hídricos próximos a área........................................................12 Figura 5 - Croqui da distribuição das mudas..........................................................19 Figura 6 - Distribuição espacial das espécies vegetais.…………………................19 Figura 7 - Aplicação do método de estimativa da cobertura de copas em vista de perfil…………………………………….…………………….……………………...……25 Figura 8 - Vista superior do método de estimativa da cobertura de copas............26 LISTA DE TABELAS por: Ítala da Silva Lopes Tabela 1 - Matriz de avaliação para projetos de recuperação de matas ciliares....23 Tabela 2 - Exemplo de recomendações técnicas da matriz de avaliação..............24 Tabela 3 - Periodicidade da matriz de avaliação....................................................27 Tabela 4 - Cronograma físico.................................................................................28 Tabela 5 - Cronograma financeiro..........................................................................34 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 5 I. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 6 II. IDENTIFICAÇÃO DO INTERESSADO 6 III. ORIGEM DA DEGRADAÇÃO 6 1 Identificação da área degradada ou perturbada 7 2 Causa da degradação ou alteração 8 3 Descrição da atividade causadora do impacto 8 4 Efeitos causados ao ambiente 8 IV. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL E LOCAL 9 1 Regional 9 1.1 Região e Hidrografia 10 1.2 Relevo e Solos 10 1.3 Clima 10 1.5 Vegetação 11 2 Local 11 2.1 Região e Hidrografia 11 2.2 Vegetação e fauna 11 V. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA A SER RECUPERADA 12 1. Relevo 12 2. Solo e subsolo 13 3. Hidrografia 13 4. Cobertura vegetal 14 5. Fauna 14 VI. OBJETIVO GERAL 15 VII. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15 4 VIII. DA IMPLEMENTAÇÃO 16 1. Isolamento da área 16 2. Preparo do solo 16 3. Controle das espécies exóticas 17 4. Seleção de espécies 18 5. Modelo de recuperação 19 IX. MANUTENÇÃO 21 1. Irrigação e adubação de cobertura 21 2. Roçada e coroamento 22 3. Controle de pragas e doenças 22 X. MONITORAMENTO DA RECUPERAÇÃO 23 1. Indicadores de monitoramento e avaliação 23 1.1. Parâmetros de diagnóstico dos indicadores 27 2. Periodicidade da coleta de dados e da apresentação dos relatórios 28 XI. CRONOGRAMA FÍSICO E 30 1. Cronograma físico 30 2. Cronograma financeiro 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40 5 APRESENTAÇÃO por: Ítala da Silva Lopes O conteúdo deste projeto se refere ao Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD com a finalidade da recuperação de área degradada nas margens do Rio Sitiá, localizada no perímetro urbano da cidade de Quixadá, no estado do Ceará. O projeto prevê executar ações de controle e recuperação ambiental com o intuito de mitigar ou corrigir os processos de perda da vegetação nativa, restabelecimento da fauna local e nativa. A recuperação da vegetação inclui a plantação de mudas, utilizando técnicas consolidadas, bem como planos de monitoramento e manutenção das ações implementadas. A manutenção da dinâmica hidrológica do Rio Sitiá é de suma importância para o projeto, evitando assim, possíveis transtornos para a população em períodos de cheia do rio. Quixadá, 07 de setembro de 2020. 6 I. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA Descrição da área: Margem do Rio Sitiá Endereço completo: Rua Florêncio Lopes (extremidade da rua ao sul) Localidade: Combate Município/UF/CEP: Quixadá, Ceará, 63.903-413 Coordenadas do centro da área: 4° 58' 33.1" S, 39° 01' 14.3" W (Figura 1) Acesso ao local: Via de pavimentação asfáltica e de terra. Figura 1 – Imagem de satélite com demarcação da área estudada. Fonte: Adaptação de Google Earth, 2018. II. IDENTIFICAÇÃO DO INTERESSADO Razão social: Prefeitura Municipal de Quixadá CNPJ: 23.444.748/0001-89 Endereço completo: Rua Tabelião Enéas, 649 - Centro Município/UF/CEP: Quixadá, Ceará, 63.900-169 Endereço eletrônico: comunicacao@quixada.ce.gov.br III. ORIGEM DA DEGRADAÇÃO por: Francisco Wesley Mendonça Silva 7 Para descrever a origem da degradação foram levantados os seguintes pontos 1 Identificação da área degradada ou perturbada O local de execução do PRAD, localiza-se no bairro Combate, município de Quixadá - Ceará. A área encontra-se às margens do rio Sitiá, sendo considerada uma área de preservação permanente, possuindo 8.543,34 metros quadrados (0,85 hectares). Mesmo sendo uma área de proteção, às práticas inadequadas por parte da população são bem recorrentes, provocando um desequilíbrio tanto no solo como no corpo hídrico. São dois tipos de atividade que causam degradação: queimadas (Figura 2) e poluição da água e do solo (Figura 3). Figura 2 - Imagem ilustrativa das queimadas. Fonte: Autores, 2020. Figura 3 - Imagens ilustrativas da poluição do solo e água. Fonte: Autores, 2020. 8 2 Causa da degradação ou alteração Na área estudada é comum o descarte inadequado de resíduos sólidos urbanos e da construção civil, a queima desses resíduos e o despejo inadequado de efluentes domésticos. A prática de queimadas na área é aplicada para limpar o terreno e não gerar grandes quantidades de resíduos, e devido à falta de coleta de esgotos na cidade de Quixadá, a população que se encontra perto da área, adaptou um canal para fazer esse despejo inadequado. 3 Descrição da atividade causadora do impacto Em detrimento das ações antrópicas, os danos causados ao meio ambiente refletem na diminuição da cobertura vegetal, contaminação do solo e redução da qualidade dos recursos hídricos. Portanto, são uma ameaça à coletividade, provocando modificações e alterando a qualidade de vida da população. 4 Efeitos causados ao ambiente Em relação às queimadas, os riscos advindos desse tipo de atividade, incluem um ciclo de prejuízos e danos ambientais que vão desde a redução da biodiversidade local como alterações no sistema de distribuição de chuvas, diminuição da proteção dos rios, arrefecimento de espécies essenciais à manutenção da qualidade de vida de populações, bem como aumento da temperatura e emissão de gases nocivos à saúde humana (NOBRE et al., 2017). Quando as APP’s são desmatadas, queimadas, degradadas ou indevidamente ocupadas, os rios perdem proteção, isso faz com que a área seja afetada por deslizamentos de solo ou rochas e posterior transporte de sedimentos para o leito dos rios, provocando processos de assoreamento (SANCHES, 2011). É notório que no momento em que um contaminante ou poluente atinge a superfície do solo, ele pode ser adsorvido, arrastado pelo vento ou pelas águas do escoamento superficial, ou lixiviado pelas águas de infiltração, passando para as camadas inferiores e atingindo as águas subterrâneas. As atividades resultantes do crescimento urbano, a extração de recursos e o descarte de resíduos sólidos são alguns dos processos que podem provocar impactos no solo e nas águas subterrâneas (RODRIGUES; DUARTE, 2003). No que se refere aos impactos ambientais negativos que podem ser originados a partir do resíduo produzido, estão os efeitos decorrentes da prática de disposição inadequada em fundos de vale, às margens de ruasou cursos d’água. 9 Essas práticas habituais podem provocar, entre outras coisas, contaminação de corpos d’água, assoreamento, enchentes, proliferação de vetores transmissores de doenças, tais como cães, gatos, ratos, baratas, moscas, vermes, entre outros. Com também poluição visual, mau cheiro e contaminação do ambiente (MUCELIN; BELLINI, 2008). O solo constitui a parte superficial da camada terrestre, sua função é servir como substrato e fonte de nutrientes para produtividade das plantas e, consequentemente, dos animais e atuar na formação, atenuação e degradação de compostos que são prejudiciais ao meio ambiente (VEZZANI, 2001). A contaminação do solo é um agravante ambiental que não afeta somente áreas de mineração. Em regiões urbanas a contaminação por deposição de resíduos e despejos de esgotos domésticos acaba sendo uma opção devido à falta de saneamento e coleta, principalmente em terrenos não ocupados que se tornam atrativos para despejo de resíduos de construção civil, poda, resíduos domésticos e até carcaças de animais. Estas atividades são degradantes ao meio, pois geram poluição do solo, alterando suas propriedades, poluição visual e caso atinja o lençol freático, poluição hídrica. Neste cenário, a prática de queimada para limpar o solo é comumente utilizada, com objetivo de “se livrar” dos resíduos. Entretanto, esta atividade também é degradante ao meio ambiente, causando impactos negativos como: redução da umidade do solo e capacidade de retenção de água, alterações na ciclagem de nutrientes, aumento do risco de erosão e, consequentemente, o assoreamento de rios, redução da matéria orgânica no solo, perda de comunidades microbianas e de macro invertebrados e a morte de plantas e animais (NEARY et al., 1999; DIAZ et al., 2002; LOUZADA; MACHADO; BERG, 2003; KEELEY, 2009). IV. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL E LOCAL A caracterização em escala regional e local mostra algumas semelhanças e também divergências, que podem ser analisadas nos tópicos a seguir: 1 Regional por: Francisca Beatriz Severo Magalhães Para especificar a caracterização da área em escala regional foram levantados os seguintes pontos: 10 1.1 Região e Hidrografia A área a ser recuperada está localizada no centro urbano do município de Quixadá, estado do Ceará, situado nas coordenadas geográficas latitude: 4° 58' 33.1" S, e longitude 39° 01' 14.3" W, distante cerca de 160 km de Fortaleza (DNOCS, 2019). Por onde percorre o rio Sitiá, sistema do Jaguaribe, pertencente à Bacia Hidrográfica do Banabuiú, sub-Bacia Hidrográfica do Rio do Banabuiú com extensão territorial de 2 019,8 km² (CRUZ, 2006). 1.2 Relevo e Solos A quase totalidade territorial de Quixadá está englobada por depressões sertanejas com maciços residuais, como a serra do Estevão. Notabiliza-se, também, pela geografia rica em inselbergs (formações rochosas isoladas na paisagem), que dominam boa parte da área do município, dos quais o mais famoso é a “Pedra da Galinha Choca”, que tem este nome por conta do curioso formato. Os solos são pouco profundos em sua maior parte e têm como principal característica encharcar na estação chuvosa e ressecar facilmente nos períodos de estiagem. Os lençóis de água são geralmente salinizados devido às características geológicas da região (IPECE, 2016). 1.3 Clima O clima é tropical quente semiárido. A temperatura média anual é de 30 °C, com pluviometria média anual de 818 mm e chuvas concentradas de fevereiro a abril (IPECE, 2017). 1.4 Bioma O bioma o qual pertence o município é Savana. De acordo com Coutinho (2006) a caatinga nordestina sensu lato, é um bioma de savana semi-árida do Zonobioma II, com temperaturas mais elevadas e acentuada evapotranspiração potencial, o que agrava ainda mais os efeitos da baixa e irregular pluviosidade. Assemelha-se ao bioma de savana do Cerrado, sendo também formada por um complexo de formas fisionômicas distribuídas em mosaico, como caatinga arbórea, caatinga arbustiva, caatinga espinhosa etc. Pode-se considerá-la como savana semiárida, em contraste com a savana úmida do Cerrado, à semelhança do que ocorre na África. 11 1.5 Vegetação A vegetação característica da maior parte do município é a caatinga arbustiva densa ou aberta, caracterizada pela presença de cactos e vegetação rasteira com árvores baixas e cheias de espinho e é coberta por uma vegetação xerófila, com fisionomia e florística variadas (RODAL; SAMPAIO; FIGUEREDO, 2013), composta por um mosaico de especies herbáceas, arbustivas, arbóreas e cactáceas. As espécies desse domínio são adaptadas a condições ambientais adversas como irregularidade pluvial, alta radiação solar e altas temperaturas, baixa umidade relativa, elevada evapotranspiração, além de apresentam peculiaridades nas formas de vegetação. Em estudos realizados em áreas de Caatinga no Quixadá – CE, Costa e Araújo (2003) observaram que as famílias com maior riqueza de espécies foram Poaceae, Euphorbiaceae e Convolvulaceae. Nas áreas mais elevadas da Serra do Estevão ocorre a floresta caducifólia espinhosa, ou Caatinga arbórea. Sua cobertura vegetal tem sofrido grande intervenção, através de desmatamentos e queimadas com o objetivo de preparar o solo para a agricultura e a pecuária extensiva, além da extração ilegal de madeira para lenha e carvoarias (FUNCEME, 2017). 2 Local por: Andréia Letícia Barros Para especificar a caracterização da área em escala local foram levantados os seguintes pontos: 2.1 Região e Hidrografia A área de interesse deste trabalho corresponde a área urbana com urbanização recente, cerca de 10 anos, em local que anteriormente era ocupado por vegetação. Com a urbanização da área ocorreram perturbações no local devido a construção de residências e equipamentos públicos. Na última década o local foi gradativamente desmatado e a vegetação deu lugar às moradias, a área específica a qual se destina esse PRAD é um terreno ocupado pela vegetação nativa com aproximadamente 5 m de distância da margem do rio Sitiá, que é um rio em parte urbano que percorre a extensão do município. 2.2 Vegetação e fauna A área tem vegetação nativa característica da caatinga arbustiva aberta na qual é possível avistar alguns indivíduos de espécies nativas da vegetação da 12 caatinga. Por exemplo, o bamburral (Hiptis suaveolens), imburana (Commiphora leptophloeos), malva (Waltheria bracteosa) e trepadeiras. Há também outras espécies como algaroba (Prosopis juliflora), pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia) e mamona (Ricinus communis), que embora não sejam nativas são facilmente encontradas no sertão e têm um bom desenvolvimento na região. Embora na estação seca percam as folhas e apresentem aspecto seco com as primeiras chuvas já se restabelecem naturalmente. É possível avistar em algumas residências árvores popularmente conhecidas como Nim (Azadirachta indica) plantadas, elas são citadas por conta da dispersão que pode ocorrer, embora na área específica não tenham sido avistadas preliminarmente. Também se pode ver plantas de jardim da família Nyctaginaceae a Bougainvíllea spectabilis e Bougainvíllea glabra, que são nativas do Brasil, conhecida como primavera. Nas áreas desocupadas do entorno também se vê plantas das famílias Apocynaceae, a Calotropis procera que é exótica, mas pode ser encontrada em vários estados da região Nordeste, e Agavaceae, a Agave angustifolia que também é exótica. Ambas as espécies se desenvolvem bem em regiões áridas e com pouca precipitação. Em relação à fauna já foram vistos diversos animais, entre eles répteis como tejo (Tupinambis merianae/Tupinambis teguixim), camaleão (Chamaeleonidae), cágado (Chelidae), tijubina (Ameivula ocellifera). Também há algumas espécies de aves como bem te vi (Pitangus sulphuratus), urubu cabeça preta (Coragyps atratos), carcará (Caracara plancus),garça branca (Ardea alba), saracura (Aramides cajaneus), anu preto (Crotophaga ani), lavadeira (Fluvicula nengeta), juriti (Leptotila varreauxi). Há ainda uma população de gatos, provenientes de abandono e outros que nasceram no local. Vale ressaltar, que alguns dos felinos são alimentados por moradores, enquanto outros sobrevivem da caça, ou de restos de comida que conseguem no lixo. V. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA A SER RECUPERADA por: Francisco Wesley Mendonça Silva 1. Relevo O município se encontra na depressão sertaneja, com alguns resquícios de maciços residuais (IPECE, 2012). Portanto, o local analisado, encontra-se em sua totalidade na depressão sertaneja. 13 2. Solo e subsolo Na área em questão, os solos são rasos, bastante erodidos e de grande salinização. O solo por si só não consegue suprir as necessidades nutricionais das plantas, sendo considerado de baixa fertilidade (SANTOS; VIEIRA; CASTELO, 2011). Durante a análise observou-se que a camada superficial do solo é composta por areia, mais precisamente de granulometria fina, possuindo um certo grau de permeabilidade da água. No que se diz respeito ao subsolo, a área se encontra no escudo cristalino. É a estrutura que suporta o relevo, composto por fissuras entre rochas, onde comumente as águas encontradas são salinas (BRASIL, 2018). 3. Hidrografia A área degradada localiza-se próxima ao rio Sitiá (Figura 2), sendo um rio temporário, pertencente a bacia hidrográfica do rio Banabuiú, conseguinte, pertencente a bacia hidrográfica do rio Jaguaribe. Além do despejo de esgoto dentro do curso do rio, a disposição irregular de resíduos e o desmatamento das matas ciliares podem gerar mudanças na dinâmica do rio, aumentando sua área de inundação nos períodos de cheia devido ao assoreamento e o barramento do curso natural da água. Figura 4 - Sistema hídrico próximo a área. Fonte: Adaptação de Google Earth, 2018. 14 4. Cobertura vegetal De acordo com o Perfil Básico Municipal do IPECE (2007) e com o Relatório Técnico elaborado por Souza et. al. (2006), Quixadá apresenta três unidades vegetacionais, sendo elas: Caatinga Arbustiva, Caatinga Arbórea, e a Vegetação de Várzea. Na área em questão é encontrado a caatinga arbustiva, onde fisionomicamente a principal característica é o seu caráter caducifólio. Na época chuvosa, é perceptível a presença de um estrato arbustivo e outro gramíneo. Devido às práticas antrópicas, a vegetação encontra-se alterada pelas ações antrópicas, mas apresenta um potencial de regeneração. Para melhor entendimento foram encontradas as seguintes espécies: ● Algaroba - Prosopis juliflora; ● Pinhão-roxo - Jatropha gossypiifolia; ● Bamburral - Hiptis suaveolens; ● Malva - Waltheria bracteosa; ● Imburana - Commiphora leptophloeos; ● Nim - Azadirachta indica. 5. Fauna No período de observância foram encontradas as seguintes espécies animais na área a ser recuperada: ● Tejo - Tupinambis merianae/Tupinambis teguixim; ● Camaleão - Chamaeleonidae; ● Cágado - Chelidae; ● Tijubina - Ameivula ocellifera; ● Bem te vi - Pitangus sulphuratus; ● Urubu cabeça preta - Coragyps atratos; ● Carcará - Caracara plancus; ● Garça branca - Ardea alba; ● Saracura - Aramides cajaneus; ● Anu preto - Crotophaga ani; ● Lavadeira - Fluvicula nengeta; ● Juriti - Leptotila varreauxi; ● Gato - Felis catus. 15 VI. OBJETIVO GERAL por: Ítala da Silva Lopes O PRAD tem como objetivo apresentar orientações para a recuperação lato senso de uma área degradada no entorno do Rio Sitiá, desenvolvendo ações de controle do cenário atual, mediante a interferência antrópica, bem como adotando medidas de minimização da ação de agentes degradantes e a recuperação da área analisada (BRASIL, 2013b). VII. OBJETIVOS ESPECÍFICOS por: Ítala da Silva Lopes Podem ser citados como objetivos específicos do plano: a) Executar ações de controle e recuperação ambiental com o intuito de mitigar ou corrigir os processos de perda da vegetação nativa; b) Executar ações de limpeza da área degradada, promovendo a retirada de resíduos sólidos queimados e a desativação de tubulações irregulares de esgoto bruto; c) Executar ações de retirada de indivíduos de espécies exóticas, a fim de aumentar a diversidade da fauna local; d) Promover recuperação de áreas degradadas que possam alterar a dinâmica hidrológica do rio Sitiá em período de cheia; e) Monitorar áreas comumente utilizadas para queimadas, despejo de resíduos sólidos e esgoto não tratado; f) Gerar conscientização dos residentes da área do entorno do rio acerca da importância da preservação das margens, a fim de cessar o despejo de materiais poluentes como resíduos domiciliares, de poda, de construção civil, bem como esgoto bruto; g) Mobilizar os residentes da área do entorno do rio a cultivarem espécies da flora local e nativa da região; h) Monitorar a área recuperadas, avaliando periodicamente a efetividade das ações de recuperação executadas por meio de indicadores ambientais, para dessa forma, identificar possíveis desvios no plano de recuperação e executar recomendações para adequação nos parâmetros pré- estabelecidos. 16 VIII. DA IMPLEMENTAÇÃO por: Francisca Beatriz Severo Magalhães e Francisco Wesley Mendonça Silva Atividades de degradação ambiental vem crescendo de forma crítica em escala global. No Brasil, este processo se caracterizou, dentre outros fatores, pela falta de planejamento ocupacional (MARTINS, 2017). Dessa forma, atividades de recuperação são fundamentais, pois seu objetivo é o “retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente” (BRASIL, 1989). Assim, as etapas para implementação do Plano de Recuperação de Área Degradada estão a seguir: 1. Isolamento da área Como a área está inserida no centro urbano de Quixadá e seus impactos são oriundos principalmente das residências em seu entorno, neste caso é requerido o isolamento da área a ser recuperada. Antes de tudo é necessário limpar o terreno, com retirada dos resíduos jogados na área. Para impedir o acesso e continuidade dos despejos de resíduos e esgoto será realizado cercamento com sinalização da área. Como o terreno é plano o arame para cerca será do tipo liso (ovalado). Para prevenção dos focos de queimadas será feito aceiros ao longo do cercamento. O aceiro consiste na eliminação da cobertura vegetal, viva ou morta, presente sobre o solo o que pode ser realizado manualmente com o uso de enxada ou pelo seu revolvimento e incorporação por meio da aragem e/ou gradagem leve do solo, em faixas paralelas às cercas (EMBRAPA, 2016). De acordo com o Decreto 47.700/2003 o comprimento mínimo recomendado para o aceiro é de 3 metros para demais áreas. 2. Preparo do solo Diante das práticas de poluição do solo por esgotos e resíduos sólidos e dos focos de queimadas na área, a interrupção imediata dessas atividades são fundamentais para ocorrência das atividades de recuperação, as práticas de limpeza e isolamento da área citadas no item anterior colaboram para os próximos passos. O esgoto a céu aberto na área apresenta prejuízo não apenas no âmbito ambiental, mas para as pessoas que residem e transitam na região. A interrupção 17 da canalização clandestina deve ser realizada com a retirada dos canos e do material residual, ou seja, a camada superior do solo que está contaminada será removida. Para o restabelecimento das condições físicas, químicas e nutritivas do solo haverá deposição de adubo orgânico em toda área onde o solo sofreu degradação, visando aumentar atividade microbiana do solo para a posterior origem de serapilheira. • Tipo de adubo orgânico: Esterco de Gado; • Quantidade por metro quadrado: 5Kg; • Área degradada:800m². 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 5 𝑘𝑔 𝑚2 × 800 𝑚2 = 4000 𝑘 (1) 3. Controle das espécies exóticas Espécies exóticas invasoras são consideradas a segunda maior causa de perda de diversidade biológica em nível global, de acordo com a International Union for Conservation of Nature (IUCN, 2000). As espécies exóticas identificadas na área foram: ● Prosopis juliflora (Algaroba): No Brasil, a algaroba se dispersa exclusivamente na Caatinga e em zonas de tensão ecológica desta formação savânica com a Mata Atlântica (Agreste) e com as Florestas Estacionais (FABRICANTE, 2013). Status da espécie: exótica invasora; Impactos: (i) afeta a resiliência de sítios invadidos; (ii) promove a homogeneização da flora; (iii) altera a química e a fertilidade dos solos; (iv) diminui a disponibilidade de recursos hídricos; (v) afeta arranjos produtivos (FABRICANTE, 2013). Controle: (i) indivíduos jovens - mecânico (arranquio); (ii) indivíduos adultos - mecânico + químico (corte raso ou anelamento seguido de aplicação de óleo queimado)(FABRICANTE, 2013). ● Azadirachta indica A. Juss (Nim): é originário da Índia e Myanmar, onde está presente em florestas de regiões tropicais e subtropicais, apresentando enorme capacidade de adaptação a determinados fatores, como climáticos, topográficos e edáficos (KARAN & SUBUDHI, 2012). Status da espécie: exótica invasora; 18 Impactos: (i) tem ação comprovada sobre mais de 400 espécies de insetos e ácaros, causando neles redução de alimentação, repelência de postura, interrupção do desenvolvimento, da ecdise, da fertilidade, fecundidade e na fisiologia, podendo levá-los à morte (FORIM, 2006); (ii) raízes profundas; (iii) compete com nativas; Controle: (i) indivíduos jovens - mecânico (arranquio)(FABRICANTE, 2014); Indivíduos adultos- anelamento da árvore-mãe e aplicação de herbicida (SARTORELLI et.al, 2018). A aplicação de herbicida na base do anel será à base de triclopyr em diluição de 2% assim como recomendado por ICMBIO (2019). 4. Seleção de espécies A escolha das espécies para recuperação e proteção ambiental dessas áreas é afetada por fatores edáficos, climáticos e ambientais. É notório que o fator climático é considerado o mais importante, pois não pode ser reproduzido artificialmente; assim deve-se atentar para a tolerância a secas, geadas, déficits hídricos da região, precipitação, temperatura e umidade (PEREIRA, 2008). Ainda segundo o autor, a seleção correta de plantas a serem utilizadas em áreas degradadas pode efetivamente estabilizar e reconstruir a área. Esse objetivo pode ser alcançado porque as plantas aumentam a resistência do solo através de suas raízes, reduzindo o transporte de sedimentos (PEREIRA, 2008). Portanto, como estratégia para recomposição florestal, foi levado em consideração as informações obtidas no diagnóstico (meio físico, biótico, presença de regeneração e os fatores limitantes), serem nativas da caatinga e terem um retorno acelerado. Assim as espécies estão descritas a seguir: ● Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia): espécie pioneira e tem apresentado bom desenvolvimento em solos mais pobres (EMBRAPA, 2007). ● Catingueira (Caesalpinia pyramidalis): Adapta-se muito bem aos diferentes tipos de solos, incluindo os mais pobres, especialmente os solos pedregosos (MAIA, 2012). ● Jucá (Libidibia ferrea): É uma planta perenifólia ou semidecídua, de ampla dispersão e baixa densidade populacional, com importante uso na ornamentação, construção civil e marcenaria. Por ser uma espécie tolerante a áreas abertas e também utilizada em programas de reflorestamento de áreas degradadas (LORENZI, 1992). 19 ● Aroeira (Myracrodruon urundeuva): É considerada uma espécie secundária tardia, precisando de bastante luz para se desenvolver, sendo uma árvore longeva (CARVALHO, 2003). ● Angico (Anadenanthera colubrina): espécie heliófila, considerada pioneira a secundária inicial. A mesma se desenvolve em climas com temperaturas entre 16-17 ºC, mas mesmo que de forma lenta também pode se desenvolver em solos rasos e de fertilidade química baixa (CARVALHO, 2002). ● Juazeiro (Ziziphus joazeiro): é uma árvore perenifólia o ano todo, graças ao amplo e profundo sistema radicular, capaz de coletar a escassa umidade existente no subsolo (OLIVEIRA, 1976). 5. Modelo de recuperação Na área a ser recuperada, existe vegetação com potencial de regeneração, sendo feita a recuperação utilizando mudas de espécies pioneiras e não pioneiras. O modelo utilizado será o plantio de mudas que tem o objetivo de acelerar o processo de sucessão, proteger rapidamente o solo contra a erosão e garantir o aceleramento e sucesso da recuperação. A grande vantagem deste método é termos o controle da densidade de plantio, que deverá ser preferencialmente próxima da original. Além, é claro, de fácil operacionalização e de custo reduzido em áreas de fácil acesso (ALMEIDA, 2016). As mudas serão plantadas de forma sistemática com espaçamento 2m x 2m, seguindo o modelo do croqui da figura 5. Com uma enxada serão feitas coroas com 50cm de diâmetro e no centro dessas coroas, covas com 25cm de largura e 25cm de profundidade. A terra será misturada 120g de adubo químico NPK, hidrogel e depois do plantio das mudas serão aplicadas cobertura morta na coroa para evitar ervas daninhas e manter a umidade do solo. Vale lembrar que se deve ter bastante cuidado com a retirada dos sacos plásticos das mudas, para não desmanchar o torrão em voltas das raízes. Na etapa do transplante, em cada cova será adicionado um condicionador de solo, para auxiliar na posterior manutenção da área degradada. 20 Figura 5 - Modelo de croqui da distribuição das mudas. Fonte: Adaptação de Macedo, 1993. A distribuição espacial das mudas em toda a extensão da área será realizada como ilustrado na figura 6. A recuperação ocorrerá em 5000 m² (0,5 hectares), pois o restante da área conta com vegetação e não será preciso removê-la. Desse modo, na poligonal que delimita a área serão inseridas as 6 espécies, totalizando 1250 mudas, cálculo realizado a partir do espaçamento estabelecido de 2m x 2m. 21 Figura 6 - Distribuição espacial das espécies vegetais. Fonte: Autores, 2020. ● Cor verde: Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia); ● Cor cinza: Aroeira (Myracrodruon urundeuva); ● Cor laranja: Angico (Anadenanthera colubrina); ● Cor preta: Juazeiro (Ziziphus joazeiro); ● Cor amarela: Catingueira (Caesalpinia pyramidalis); ● Cor azul: Jucá (Libidibia ferrea). IX. MANUTENÇÃO por: Ítala da Silva Lopes As medidas de manutenção têm o intuito de garantir a efetividade das medidas de recuperação durante o período de monitoramento, até que o plano seja concluído. 1. Irrigação e adubação de cobertura Na etapa de implementação do plano será utilizada a irrigação por gotejamento, para manter um alto nível de umidade no solo. Para auxiliar na contenção de água no subsolo será utilizado o hidrogel, constituído por copolímero de acrilamida e acrilato de potássio, que pode absorver até 100x do volume seu volume original em líquidos e diminuir o volume de água necessária para a irrigação por gotejamento. A irrigação será feita por meio de sistema “tambor e gotas”, com abastecimento de água doce por meio de caminhão-pipa. 22 A adubação da cova será feita com adubo químico NPK, hidrogel. Para a manutenção da umidade do solo será aplicada a cobertura do coroamento pela vegetação serrapilheira, sendo reposta sempre que necessário. 2. Roçada e coroamento Nos primeiros anos após a implantação deverá ser promovida a roçada manual da área. Nos primeiros anos as roçadas deverão acontecer durante os 11 meses após o período chuvoso, do segundo ano em diante deverão acontecer durante o período chuvoso e os meses seguintes, diminuindoo intervalo a cada ano (11, 9, 6, 3, 3 meses consecutivamente). Durante a operação de roçadas, deverá se evitar danos na vegetação nativa regenerante. O coroamento, assim como a roçada visa a retirada de espécies que possam competir por nutrientes com as mudas. A técnica consiste em capinas superficiais e arranquio das ervas e matos junto à cova, formando uma espécie de pequena bacia de acumulação junto a cada muda, isso facilita a infiltração da água acumulada no solo, essa bacia deve ter capacidade para receber 20 litros de água. Esse processo deve ser refeito, caso necessário, a cada adubação de cobertura, respeitando o formato circular com 50 centímetros de raio a partir do caule. A capina da coroa deve ser cuidadosa, de modo que não danifique as raízes das mudas. 3. Controle de pragas e doenças De acordo com Brasil (2013a apud BOARETTO E FORTI, 1997) há uma preocupação com o controle de formigas cortadeiras, na maioria dos ecossistemas brasileiros, em diversas modalidades de plantio, estima-se um consumo de aproximadamente 12.000 toneladas/ano de iscas tóxicas, forma amplamente utilizada para minimizar efeitos negativos destes insetos. Na execução desse plano daremos prioridade a métodos naturais, sem uso de controle químico. Uma das estratégias propostas pela Embrapa (2005) é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que o define como “sistema de manejo de pragas que no contexto associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano”. As seguintes técnicas do MIP podem ser utilizadas no plano: ● Monitoramento de pragas do solo: consiste em examinar amostras de solo de 30 x 30 por 15 cm de profundidade, utilizando-se uma peneira 23 granulométrica e procurando por insetos. Para a detecção da presença de insetos na área, pode-se enterrar 200g de semente, e enterrar em locais com identificação, dentro da área a ser cultivada e cobrir com um pedaço de plástico transparente; alguns dias depois, desenterrar o material e procurar por insetos. ● Substituição de mudas atacadas: o plano prevê a de substituição das mudas arbóreas plantadas no primeiro ano, reduzindo assim o inevitável dano causado pelas formigas sobre as plantas introduzidas. ● Plantio de espécies atrativas para a fauna nativa: consiste na inserção de plantas que atraiam espécies que se alimentam de pragas e que atraiam a fauna nativa. O enriquecimento florestal com tais espécies poderá favorecer inimigos naturais e minimizar o dano por formigas nas plantas introduzidas. X. MONITORAMENTO DA RECUPERAÇÃO por: Ítala da Silva Lopes A metodologia utilizada para o monitoramento da recuperação é a proposta por Melo et al. (2010), uma vez que a mesma se mostra eficaz para áreas de pequenas magnitudes, por oferecer uma análise detalhada, com coleta de amostras a cada 0,1 ha e ser adequada para o levantamento de indicadores RAD em áreas degradadas de mata ciliar em todo o território nacional. Considerando a completa retirada das espécies exóticas na fase inicial da restauração, o método consiste na avaliação de sete (7) indicadores. 1. Indicadores de monitoramento e avaliação Os sete indicadores que serão monitorados nessa etapa da recuperação foram separados em três (3) categorias, sendo elas: ● Reparo: envolve todas as tarefas necessárias para o preparo da área de plantio, levando em conta também interferências antrópicas e dispositivos que afastam as mesmas. Inclui os indicadores “Cercamento” e “Proteção de Perturbadores”; ● Manutenção: abrange todas as tarefas de manutenção do plantio da área em recuperação. Inclui os indicadores “Mortalidade de mudas”, “Ataque de formigas”, “Matocompetição na coroa das mudas” e “Matocompetição na entrelinha”; 24 ● Estrutura: compreende o aspecto da estrutura da comunidade vegetal formada a partir do plantio. Inclui o indicador “Cobertura de copas (%)”; O técnico responsável pela avaliação deverá, durante a visita à área, realizar as observações considerando que o valor levantado em campo para cada um dos indicadores, em cada reflorestamento, deverá ser comparado a um valor ideal, e então poderá ser avaliada a situação do reflorestamento. Estima-se que o plano alcançará o Nível de adequação 1 em todos os indicadores a partir de 2º ano. Esse valor ideal é apresentado na Matriz de Avaliação (Tabela 1), nas diferentes colunas de Níveis de Adequação. A comparação dos valores obtidos pelas observações em campo, que deverão ser anotados na coluna Valor estimado com os valores de referência das colunas Níveis de adequação permitem avaliar a eficiência da recuperação, sendo que o avaliador deverá anotar, na coluna Avaliação, o número correspondente ao nível de adequação obtido para cada indicador. 25 Tabela 1 - Matriz de avaliação para projetos de recuperação de matas ciliares Etapa Indicador Norma (Nível de adequação) Valor encontrad o Avaliação 1 2 3 Preparo Cercamento Área completamente cercada ou cercamento desnecessário Área parcialmente cercada Área não cercada Proteção de perturbadores Não se detectam sinais de perturbação ou, quando existem, não comprometem mais que 5% da área São detectados sinais de perturbação que comprometem entre 5 e 30% da área São detectados sinais de perturbação em mais de 30% da área Manutenção Mortalidade de mudas Até 10% Entre 10 e 20% ou menor, localizada em reboleiras Entre 10 e 20% localizada em clareiras ou acima de 20% dispersos na área Ataque de formigas Até 10% das árvores parcialmente desfolhadas Entre 10 e 20% das árvores parcialmente desfolhadas ou até 10% de árvores totalmente desfolhadas Mais de 20% de árvores parcialmente desfolhadas ou mais de 10% de árvores totalmente desfolhadas Matocompetição na coroa das mudas Ocorrência em até 10% da coroa Observa-se ocorrência de competidoras em área entre 10 e 30% das coroas Observa-se ocorrência de competidoras em área maior que 30% da área das coroas Matocompetição na entrelinha Menor que 30% da área Ocorrência de competidoras em área equivalente a 30 – 50% da área Mais de 50% da matocompetição dispersa nas entrelinhas Estrutura Cobertura de copas Acima de 80% do valor na melhor área de mesma idade na mesma microbacia Entre 50 e 80% do valor na melhor área de mesma idade na mesma microbacia Abaixo de 50% do valor na melhor área de mesma idade na mesma microbacia Fonte: Adaptação de Melo et al. (2010). 26 A comparação entre os valores obtidos em campo e os Níveis de Adequação sugere o nível de urgência de realização das atividades de manutenção. Quando a avaliação do indicador levantado nos plantios de mudas não alcançar o nível 1 de adequação, o avaliador define os procedimentos a serem adotados em função das condições locais, dos recursos materiais, de equipamentos ou mão-de-obra disponível, ou seja, realizar a Recomendação de Manejo (Tabela 2). Tabela 2 - Exemplo de recomendações técnicas da matriz de avaliação Etapa Indicador Recomendação Preparo Cercamento Completar o isolamento nos pontos necessários Proteção de perturbadores Completar proteção para os elementos de degradação detectados. Analisar o caso e definir medidas para cessar perturbações em toda a área. Em caso de interferências antrópicas, reforçar as atividades de educação ambiental à população do entorno. Manutenção Mortalidade de mudas Analisar causa da mortalidade e adotar medidas necessárias de controle de doenças, pragas ou adequação de espécies às condições ambientais Ataque de formigas Analisar espécie infestante, condições climáticas e adotar técnica de controle. Analisar se houve mortalidade de mudas e, caso necessário,realizar replantio Matocompetição na coroa das mudas Analisar espécie infestante, condições climáticas e priorizar região da “coroa” das mudas para adoção de medidas manuais, químicas ou mecânica de controle de infestantes das mudas. Matocompetição na entrelinha Analisar espécie infestante, condições climáticas e adotar medidas manuais, químicas ou mecanizadas de controle de infestantes das mudas. Estrutura Cobertura de copas Verificar se o conjunto de espécies plantadas contempla aquelas de maior crescimento na região e proceder ao adensamento associado com outras medidas de adequação dos indicadores do Grupo Manutenção Fonte: Adaptação de Melo et al. (2010). 27 1.1. Parâmetros de diagnóstico dos indicadores Para o diagnóstico do nível de adequação de cada indicador da matriz o avaliador deve observar os seguintes pontos: ● Cercamento: avaliar o nível de isolamento da área de implantação do plano de recuperação ou a presença de agentes que impeçam a entrada de agentes perturbadores do processo; ● Proteção de perturbadores: avaliar visualmente o nível de perturbação, estimando (em porcentagem) a área do terreno em que cada evento ocorre; ● Mortalidades de mudas: avaliar a uma linha de plantio de 20 mudas escolhida aleatoriamente, posteriormente verifica o número de falhas e obter a mortalidade através da equação (2). Deve-se evitar a área de bordas. Na área estudada serão coletadas 20 amostras; 𝑀𝑜𝑟𝑡𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (%) = 𝑛º 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 × 5 (2) ● Ataque de formigas: avaliar a possibilidade de ocorrência de ataque em reboleiras, principalmente nas bordas do reflorestamento. Utilizando as 20 mudas analisadas no cálculo do indicador anterior, o avaliador determina a quantidade de mudas suscetíveis ao ataque para aplicar na equação (3); 𝐴𝑡𝑎𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑖𝑔𝑎𝑠 (%) = 𝑛º 𝑚𝑢𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑡𝑎𝑐𝑎𝑑𝑎𝑠 × 5 (3) ● Matocompetição na coroa das mudas: avaliar visualmente a ocorrência de matocompetição na região da coroa das mudas para comparação com os níveis de adequação; ● Matocompetição na entrelinha: avaliar visualmente a ocorrência de matocompetição na região das entrelinhas para comparação com os níveis de adequação; ● Cobertura de copas (%): com uma trena de 15 metros, o avaliador a estende sobre o terreno, no sentido diagonal ao do plantio (Figura 7). Todas as copas que estiverem sobre a linha da trena terão o comprimento da copa medidas (Figura 8), a somatória do comprimento das copas de cada amostra é aplicada na equação (4). O processo deve ser repetido três vezes, cobrindo a maior extensão do terreno. 𝐶𝐶 (%) = ∑ 𝐴1𝑖 𝑛 𝑖=1 +∑ 𝐴2𝑖 𝑛 𝑖=1 2×𝐿 × 100 (4) onde: CC - Cobertura de copas (%); A1 - Amostra 1 (m); 28 A2 - Amostra 2 (m); n - número de copas analisadas (indivíduos); L - comprimento da trena (15 m). Figura 7 - Aplicação do método de estimativa da cobertura de copas em vista de perfil. Fonte: Autores (2020) Figura 8 - Vista superior do método de estimativa da cobertura de copas. Fonte: Autores (2020) 2. Periodicidade da coleta de dados e da apresentação dos relatórios O monitoramento necessita do estabelecimento de uma periodicidade, que tem o intuito de gerar uma análise confiável de cada um dos indicadores, e a verificação da evolução do reflorestamento, durante os cinco (5) anos de execução 29 do plano, o grau de desenvolvimento das mudas e da eficácia do manejo recomendado na implementação do projeto (Tabela 2). Os intervalos podem ser alterados em função de características ligadas à logística da organização realizadora da avaliação. Tabela 3 - Periodicidade da matriz de avaliação Etapa Indicador Periodicidade Preparo Cercamento Mensal no 1º ano Trimestral a partir do 2º ano Proteção de perturbadores Manutenção Mortalidade de mudas Mensal no 1º ano Trimestral a partir do 2º ano Ataque de formigas Matocompetição na coroa das mudas Matocompetição na entrelinha Estrutura Cobertura de copas Trimestral no 1º ano Semestral a partir do 2º ano Fonte: Adaptação de Melo et al. (2010). 30 XI. CRONOGRAMA FÍSICO E : : 1. Cronograma físico Tabela 4 – Cronograma físico 1º ANO Etapa Atividade Meses JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ IMPLANTAÇÃO ISOLAMENTO DA ÁREA PREPARO DO SOLO CONTROLE DAS ESPÉCIES EXÓTICAS SELEÇÃO DE ESPÉCIES PLANTIO DE MUDAS MANUTENÇÃO IRRIGAÇÃO ADUBAÇÃO 31 ROÇA E COROAMENTO CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS SUBSTITUIÇÃO DE PLANTAS NOVAS CONTENÇÃO DA EROSÃO NO TALUDE DO RIO COM COBERTURA VEGETAL MONITORAMEN TO DA RECUPERAÇÃO INDICADORES DE MONITORAMENT O E AVALIAÇÃO PARÂMETROS E INTERVALOS DE DIAGNÓSTICO DOS INDICADORES PERIODICIDADE DA COLETA DE DADOS E DA APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIOS 32 2º ANO Etapa Atividade Meses JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ IMPL ANT AÇÃ O ISOLAMENTO DA ÁREA PREPARO DO SOLO CONTROLE DAS ESPÉCIES EXÓTICAS SELEÇÃO DE ESPÉCIES PLANTIO DE MUDAS MAN UTE NÇÃ O IRRIGAÇÃO ADUBAÇÃO ROÇA E COROAMENTO CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS SUBSTITUIÇÃO DE PLANTAS NOVAS 33 CONTENÇÃO DA EROSÃO NO TALUDE DO RIO COM COBERTURA VEGETAL MON ITOR AME NTO DA REC UPE RAÇ ÃO INDICADORES DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PARÂMETROS E INTERVALOS DE DIAGNÓSTICO DOS INDICADORES PERIODICIDADE DA COLETA DE DADOS E DA APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIOS 3º ANO Etapa Atividade Meses JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ IMPL ANT AÇÃ O ISOLAMENTO DA ÁREA PREPARO DO SOLO CONTROLE DAS ESPÉCIES EXÓTICAS 34 SELEÇÃO DE ESPÉCIES PLANTIO DE MUDAS MAN UTE NÇÃ O IRRIGAÇÃO ADUBAÇÃO ROÇA E COROAMENTO CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS SUBSTITUIÇÃO DE PLANTAS NOVAS CONTENÇÃO DA EROSÃO NO TALUDE DO RIO COM COBERTURA VEGETAL MON ITOR AME NTO DA REC UPE INDICADORES DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PARÂMETROS E INTERVALOS DE DIAGNÓSTICO DOS INDICADORES 35 RAÇ ÃO PERIODICIDADE DA COLETA DE DADOS E DA APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIOS 4º e 5º ANOS Etapa Atividade Trimestres 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º IMP LAN TAÇ ÃO ISOLAMENTO DA ÁREA PREPARO DO SOLO CONTROLE DAS ESPÉCIES EXÓTICAS SELEÇÃO DE ESPÉCIES PLANTIO DE MUDAS MA NUT ENÇ ÃO IRRIGAÇÃO ADUBAÇÃO ROÇA E COROAMENTO 36 CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS SUBSTITUIÇÃO DE PLANTAS NOVAS CONTENÇÃO DA EROSÃO NO TALUDE DO RIO COM COBERTURA VEGETAL MO NIT ORA ME NTO DA REC UPE RAÇ ÃO INDICADORES DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PARÂMETROS E INTERVALOS DE DIAGNÓSTICO DOS INDICADORES PERIODICIDADE DA COLETA DE DADOS E DA APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIOS Fonte: Autores (2020) 37 2. Cronograma financeiro Tabela 5 – Cronograma financeiro ITENS PERÍODO 1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO Mudas 13.081,75 Arame para cerca 3.658,41 Enxada 506,00 Adubo químico NPK 6.120,00 6.120,00 Material para irrigação 73.667,38 100,00 100,00 EPI 4.782,20 4.782,20 2.391,10 2.391,10 2.391,10 Material para plantio 1.485,80 250,00 250,00 Hidrogel245,00 Óleo diesel queimado 50,00 Mão de obra 36.000,00 36.000,00 18.000,00 18.000,00 18.000,00 Caminhão pipa 240,00 240,00 120,00 120,00 120,00 Esterco Bovino 6716,00 6716,00 Custo por ano R$ 146.552,54 R$ 53.858,2 R$ 20.861,10 R$ 20.511,10 R$ 20.861,10 Custo total R$ 262.644,04 Fonte: Autores (202 38 3. Valores utilizados nos cálculos dos custos Os valores que compõem o cronograma financeiro foram obtidos a partir da pesquisa de preços realizada comparando os valores em pelo menos três lojas, escolhendo o menor preço. Outro fator considerado foi a quantidade de meses em que o item seria utilizado. Abaixo foram listados os itens e os respectivos preços e quantidades: ● Mudas Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) - R$ 1,20 (174 mudas); Catingueira (Caesalpinia pyramidalis) - R$ 23,00 (150 mudas); Jucá (Libidibia ferrea) - R$ 12,25 (313 mudas); Aroeira (Myracrodruon urundeuva) - R$ 2,39 (313 mudas); Angico (Anadenanthera colubrina) - R$ 12,26 (313 mudas); Juazeiro (Ziziphus joazeiro) - R$ 20,00 (150 mudas). ● Arame para a cerca – R$ 406,49 (5000m²) ● Enxada – R$ 506,00 (20 unidades) ● Adubo químico NPK - R$ 193,56/kg (150kg/mês) ● Material para irrigação - R$ 73.667,38 (Sistema de gotejamento) ● EPI Touca árabe - R$ 10,27 (20 unidades) Luvas - R$ 8,84 (20 unidades) Camisa - R$ 40,00 (20 unidades) Calça - R$ 60,00 (20 unidades) Botas - R$ 80,00 (20 unidades) ● Material para plantio Cavadeira – R$ 35,00 (5 unidades) Pá - R$ 25,54 (10 unidades) Pazinha – R$ 7,52 (20 unidades) Carro de mão - R$ 110,00 (5 unidades) Picareta – R$ 35,50 (10 unidades) 39 ● Hidrogel - R$ 245,00 (7kg) ● Óleo diesel queimado – R$ 50,00 (10L) ● Mão de obra – R$ 50,00 (20 trabalhadores por diária) ● Caminhão pipa – R$ 120,00 ● Esterco de gado – 16,79/10kg (4000kg) 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, D.S. 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