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MÓDULO 12 - VACINAÇÃO DA POPULAÇÃO INDÍGENA

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Vacinação Covid-19:
Protocolos e 
Procedimentos 
Técnicos
Vanessa Carvalho
Material com 
base no curso 
realizado pela
Plataforma da 
MÓDULO 12 –Sala de Vacina Covid-19 – Vacinação 
População Índigena
SALVA E CURTE
Povos indígenas: 
aspectos 
demográficos e 
sociodiversidade 
no Brasil
O Brasil é um dos países com a maior
sociodiversidade indígena do planeta. São
oficialmente reconhecidas 305 etnias
falantes de mais de 200 línguas e
presentes em todas as regiões do país.
Neste contexto, o volume populacional em
aldeias e terras indígenas é variado, sem
esquecer que a presença indígena em
áreas urbanas é um fenômeno cada vez
mais expressivo, com crescimento acima
de 10% ao ano nas cidades.
Povos indígenas: aspectos 
demográficos e 
sociodiversidade no Brasil
O Brasil é um dos países com a maior sociodiversidade indígena do
planeta. São oficialmente reconhecidas 305 etnias falantes de mais
de 200 línguas e presentes em todas as regiões do país. Neste
contexto, o volume populacional em aldeias e terras indígenas é
variado, sem esquecer que a presença indígena em áreas urbanas é
um fenômeno cada vez mais expressivo, com crescimento acima de
10% ao ano nas cidades.
Povos indígenas: aspectos 
demográficos e 
sociodiversidade no Brasil
Esta diversidade demográfica e sociocultural
corrobora que para que as políticas públicas se
preocupem com a situação dos povos indígenas,
uma vez que para este segmento são registradas
expressivas desigualdades e iniquidades sociais
Uma das características mais expressivas dos povos indígenas no Brasil é a pluralidade de sistemas 
culturais, nos quais se incluem diferentes línguas, crenças e modos de vida (organização social). 
Por isso, é fundamental que as equipes de 
saúde construam relações de confiança e 
espaços para escuta e diálogo com as 
lideranças e famílias indígenas para 
planejamento e implementação de suas 
ações. Nesse sentido, os Agentes Indígenas de 
Saúde são importantes aliados para 
comunicar as informações.
A ausência de sensibilidade por 
parte dos profissionais de saúde 
e gestores (na maioria, não 
indígenas) podem ser 
obstáculos para que os 
indígenas acessem os serviços e 
alcancem resolutividade para 
suas necessidades em saúde. 
Povos indígenas: aspectos 
demográficos e 
sociodiversidade no Brasil
Esta diversidade demográfica e sociocultural
corrobora que para que as políticas públicas se
preocupem com a situação dos povos indígenas,
uma vez que para este segmento são registradas
expressivas desigualdades e iniquidades sociais
Na relação com os indígenas, é fundamental que os trabalhadores da área da saúde sejam 
cautelosos e precavidos no sentido de não impor seu “modo de vida ocidental”, pois isso poderá 
estabelecer uma relação verticalizada e preconceituosa.
Para ilustrar as relações entre profissionais 
de saúde e os indígenas, sugerimos leitura 
da detalhada análise que Luiza Garnelo, 
médica, antropóloga e indigenista, realizou 
sobre os Baniwa, que vivem na Amazônia. 
O artigo está disponível na Scielo.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702011000100011
Organização do Subsistema de 
Atenção à Saúde Indígena no 
Sistema Único de Saúde
O Subsistema de Atenção à Saúde dos 
Povos Indígenas (SASI-SUS) se insere no 
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), 
seguindo seus princípios e diretrizes.
Conhecida como
Lei Arouca
o Subsistema está presente em todas as 
regiões do Brasil por meio dos Distritos 
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).
A operacionalização das ações de 
saúde é responsabilidade da Secretaria 
Especial de Saúde Indígena (SESAI) do 
Ministério da Saúde (MS).
Política Nacional de Saúde dos Povos Indígenas.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf
Distritos Sanitários Especiais Indígenas
O SASI é formado por 34 Distritos Sanitários Especiais 
Indígenas (DSEI), divididos estrategicamente por critérios 
territoriais, seguindo a ocupação geográfica das 
comunidades indígenas e de forma que pode não haver 
correspondência com os limites geográficos dos estados.
Sua estrutura de atendimento conta com unidades básicas 
de saúde indígenas, pólos base e as Casas de Apoio à 
Saúde Indígena (CASAI), tal estrutura deve ser articulada 
com a rede de serviços do SUS para garantir a assistência 
de média e alta complexidade.
Distritos Sanitários Especiais 
Indígenas
A Política Nacional de Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), que 
estabelece as diretrizes para o funcionamento do subsistema, 
esclarece que as necessidades de saúde dos indígenas que não forem 
cobertas pelos Distritos devem ser garantidas pelo restante da rede 
SUS, tais como as unidades de saúde e equipes de saúde da família, 
que são de responsabilidade dos respectivos municípios onde 
residem.
As ações que envolvem os processos para imunização para os 
indígenas que não residem em TI, incluindo a vacina contra 
Covid-19, deverão seguir os critérios do Ministério da Saúde, da 
Sesai e das gestões municipais. Destaca-se que no âmbito do 
enfrentamento da Covid-19, em julho de 2020, o Ministro Luís 
Roberto Barroso determinou a extensão imediata das ações do SASI-
SUS para as populações indígenas em terras não-homologadas e 
aquelas em área urbana com barreiras de acesso a rede SUS.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf
Distritos Sanitários Especiais 
Indígenas
A PNASPI refere que o atendimento às necessidades 
em saúde dos indígenas nos DSEI é realizado por 
equipes multidisciplinares de saúde (EMSI), 
compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de 
enfermagem, Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e 
de Saneamento (AISAN). 
Os trabalhadores enfrentam diversos desafios para 
que as ações sejam eficazes, sobretudo relacionados 
à logística e operacionalização dos recursos. No 
caso das ações de imunização, os desafios vão desde 
intempéries climáticas (elevadas temperaturas e 
longos períodos de chuvas), até longos percursos 
rodoviários e fluviais, passando pela ausência de 
energia elétrica para manutenção dos insumos e 
imunobiológicos.
O impacto da Covid-19 entre os 
povos indígenas
O enfrentamento da Covid-19 entre os indígenas vem 
sendo discutido pelo Supremo Tribunal Federal pela 
Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) Nº 709. Neste instrumento, 
argumenta-se sobre o dever constitucional do 
Governo Federal de proteger os direitos dos 
indígenas, garantindo e operacionalizando ações que 
reduzam a ocorrência de casos e óbitos por Covid-19 
entre os indígenas.
A chegada desta nova doença exigiu dos diversos 
órgãos (governamentais e não governamentais) 
inúmeros esforços, no sentido de compreender a 
dinâmica dos casos e óbitos, bem como analisar 
fatores de risco relacionados à chances mais elevadas 
de transmissão do Sars-Cov-2. No decorrer do ano 
de 2020 ficou evidente o quão importante é a 
garantia da proteção dos povos indígenas, em 
especial nos contextos de maiores vulnerabilidades.
O impacto da Covid-19 entre os 
povos indígenas
Desde o início da pandemia da Covid-19, a 
SESAI tem monitorado a ocorrência da 
doença entre os indígenas atendidos pelo 
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. 
Os dados são atualizados diariamente e 
divulgados em Boletins e Informes 
Epidemiológicos da SESAI - Covid-19.
De acordo com os dados do Informe 
Epidemiológico N. 35 da Doença por 
Coronavírus (Covid-19) entre os indígenas 
mostram que até a semana epidemiológica 
53/2020 (27 de dezembro de 2020 a 6 de 
janeiro de 2021), foram confirmados 
38.048 casos, distribuídos em todos os 
DSEI, dos quais 509 (1,4%) foram a óbito. 
https://saudeindigena1.websiteseguro.com/coronavirus/pdf/Informe%20Epidemiologico%20SE%2053-%20SESAI%20COVID%2019.pdf
O impacto da Covid-19 entre 
os povos indígenas
Número de casos e óbitos, 
incidência, mortalidade e 
letalidade por Covid-19 em 
indígenas assistidos pelo 
SASI-SUS, por DSEI, até a SE 
53.
Você pode acessar os boletinsna
página de Saúde Indígena do Ministério da Saúde
Fonte: Semana Epidemiológica 52 - SESAI/MS
https://mooc.campusvirtual.fiocruz.br/rea/vacinas-covid19/curso1/modulo4/aula1/topico2.html
O impacto da Covid-19 
entre os povos indígenas
Diante desses cenários, no âmbito do 
planejamento das ações para vacinação dos 
indígenas, há evidências que apontam para 
para monitoramento de casos e medidas 
primárias de prevenção (imunização) em 
localidades urbanas, sobretudo em contextos 
de dificuldades de acesso aos serviços do SUS. 
Esse monitoramento se justifica não só pela 
natureza transmissível da doença, mas 
também pelos contextos de expressivas 
desvantagens socioeconômicas, que têm 
maiores probabilidades de adoecimentos e 
mortes.
Estratégias de educação em saúde 
no contexto dos povos indígenas
A diversidade sociocultural também 
traz diferentes formas de 
interpretação da Covid-19 entre as 
diversas etnias. Assim, é necessário 
compreender qual a percepção que a 
população a ser vacinada tem sobre a 
doença e aproximar as múltiplas 
realidades.
Veja exemplos de estratégias usadas 
por alguns DSEI e pela SESAI na 
produção de cartilhas informativas 
sobre a Covid-19 - , em diferentes 
línguas, de acordo com a etnia 
destinada.
Estratégias de educação em saúde no 
contexto dos povos indígenas
O uso de figuras e fotografias pode 
auxiliar bastante na comunicação 
com etnias que não compreendem a 
língua portuguesa. A capacitação e 
o trabalho do Agente de Saúde 
Indígena é de extrema relevância 
nessa intercomunicação.
A adoção de estratégias são 
importantes para o sucesso da 
campanha de vacinação para Covid-19.
Plano Nacional de Vacinação
Por que priorizar a vacinação dos indígenas vivendo em terras
indígenas?
Os povos indígenas representam um grupo especialmente
vulnerável à Covid-19 por diversos fatores que já impactavam
negativamente em suas condições de vida e situação de saúde.
A maior vulnerabilidade dos povos indígenas à Covid-19 e outras
doenças transmissíveis se devem às desigualdades
socioeconômicas historicamente determinadas, bem como
barreiras no acesso à saúde, sobretudo quanto às longas
distâncias e obstáculos de caráter logístico, especialmente aos
centros de atenção à saúde de alta complexidade. A velocidade de
transmissão do SARS-CoV-2 (vírus causador da Covid-19) e das
demais doenças transmissíveis pode ser muito mais elevada em
contextos de comunidades geograficamente isoladas e de hábitos
coletivos. Estas são importantes justificativas para que o
planejamento da imunização priorize os povos indígenas.
Plano Nacional de Vacinação
No caso dos segmentos dos indígenas que vivem em territórios tradicionais, quase sempre 
caracterizados por difícil acesso a serviços e recursos, as condições de vulnerabilidade guardam 
relação histórica, refletidas nos indicadores epidemiológicos e qualidade de vida. 
Conforme mencionado, há parcela expressiva da população que vive em terras não 
homologadas e em localidades urbanas, em contextos nos quais se destacam vulnerabilidades 
socioeconômicas.
Um conjunto de fatores, como o isolamento geográfico, dificuldades de acesso aos serviços de 
saúde, rotatividade de equipes de saúde, dentre outros, fazem com que os indígenas 
apresentem indicadores de saúde menos favoráveis em comparação com o restante da 
população.
Além disso, as doenças infecciosas e transmissíveis são as que têm maior expressão entre os
indígenas, principalmente nas faixas de idade mais jovens, incluindo menores de um ano. As 
ameaças e falta de proteção dos territórios indígenas também corroboram para o maior risco
de transmissão de doenças e piora nas suas condições de vida, particularmente graves para os
povos isolados e de recente contato.
Plano Nacional de 
Vacinação
O Programa Nacional de Imunização (PNI),
implementado na década de 1970, tem
participação fundamental na redução dos
níveis de doenças transmissíveis,
sobretudo nas regiões mais remotas do
Brasil (Santos, 2019), com destaque para
especificidades relacionadas aos indígenas,
historicamente consideradas pelo PNI.
Nosso país tem a maior extensão territorial
do continente latinoamericano, com
aproximadamente 15% da população
residente em áreas rurais, sendo que no
caso dos indígenas, mais da metade reside
em localidades rurais, onde estão a maior
parte das TI.
Preparação para vacinação em terras indígenas
• Levantamento da população a ser vacinada
A vacinação contra a Covid-19 está indicada para população de 18 anos ou mais, conforme os 
grupos prioritários elencados no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a 
Covid-19. No que trata da população indígena, a indicação é indígenas com 18 anos ou mais, 
vivendo em terras indígenas, atendidos pelo Subsistema de Saúde Indígena - um total de 
410.348 pessoas.
É importante que o mapeamento e cadastro desses indivíduos esteja atualizado para viabilizar 
uma programação mais assertiva e fluida da vacinação. A participação dos agentes indígenas de 
saúde AIS) é fundamental, uma vez que são profissionais vinculados à Equipe Multiprofissional 
de Saúde Indígena (EMSI) com reconhecimento das pessoas da comunidade. Além disso, têm 
um papel de comunicador, principalmente no diálogo com os idosos, que muitas vezes não 
falam e não entendem português.
https://www.gov.br/saude/pt-br/Coronavirus/vacinas/plano-nacional-de-operacionalizacao-da-vacina-contra-a-covid-19
Preparação para vacinação em terras indígenas
• Organização da Logística
A organização para vacinação em terras indígenas, no 
âmbito do SASI-SUS, de forma geral, envolve grandes 
desafios que vão além das dificuldades de acesso às áreas. 
Alguns desses desafios terão particularidades específicas 
para a campanha de vacinação contra Covid-19.
Preparação para vacinação em terras indígenas
• Transporte e Conservação
Deve-se pensar a realidade local, os determinantes ambientais, os recursos 
e a logística de transporte das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena 
e dos insumos para a vacinação.
É preciso avaliar os diferentes modais (terrestres, fluviais, aéreos) 
necessários para acesso às localidades e o tempo de deslocamento para 
programar a manutenção e armazenamento adequados do imunobiológico.
Preparação para vacinação em terras indígenas
• Ações que podem ajudar no planejamento da vacinação
Avaliar a viabilidade de pontos de apoio mais interiorizados para 
otimizar acesso às áreas mais remotas.
Dispor, nestes pontos de apoio, por exemplo, de estoque de placas 
de gelo (gelox) para reposição nas caixas de transporte das vacinas 
até o local de vacinação, conforme organização de cada DSEI.
Observar a disposição de refrigeradores solares para melhor 
organização logística de armazenamento e transporte das vacinas.
Um último 
levantamento realizado 
pela SESAI descreve a 
disponibilidade de 287 
refrigeradores solares, 
distribuídos nos 34 
DSEI. Esses, que 
otimizam as ações de 
imunizações nas 
comunidades com 
maior dificuldade de 
acesso.
Preparação para vacinação em terras indígenas
• Equipe
Para as áreas remotas, cujo acesso pode se dar em várias horas ou até mesmo em 
dias, deverá ser avaliada a necessidade de deslocamento de uma nova equipe com as 
remessas para segunda dose da vacina antes mesmo do regresso da equipe primária. 
Essa organização vai depender do número de dias de viagem; do intervalo entre as 
doses da vacina disponível na região; e da disponibilidade de transporte para 
deslocamento.
Esse planejamento vai garantir a segunda dose em tempo oportuno para a 
população.
Preparação para vacinação em terras indígenas
Para avaliar a necessidade do envio de uma nova Equipe antes do 
retorno daquela responsável pela primeira dose, é preciso considerar:
Quanto tempo a Equipe vai permanecer na área?
Qual o tempo de viagem entre a área a ser vacinada e o polo 
base?
O período para retorno à área é compatível com o intervalo 
entre a primeira e segunda dose da vacina?
RegistroCadastro Nacional de 
Estabelecimentos de 
Saúde - CNES
Cadastro de Pessoa 
Física (CPF) ou Cartão 
Nacional de Saúde 
(CNS) do vacinado
Data de nascimento 
do vacinado
Nome da mãe
Sexo
Grupo-alvo 
pertencente: etnia 
indígena;
Data da vacinação
Nome da 
Vacina/fabricante
Tipo de Dose
Lote/validade da 
vacina
Todos os registros devem ser digitalizados, de acordo com o 
fluxo estabelecido pelos respectivos DSEI e SESAI.
Enfrentamento da Covid-19 no contexto dos povos indígenas
O Campus Virtual Fiocruz oferta o 
curso Enfrentamento da Covid-19 
no contexto dos povos indígenas. 
Nele você vai encontrar detalhes e 
aprofundamentos sobre as 
características dos povos indígenas 
no Brasil, incluindo cenários 
epidemiológicos e situações de 
desigualdade em comparação ao 
restante da população.
Acesse no Campus Virtual Fiocruz
https://campusvirtual.fiocruz.br/gestordecursos/hotsite/covid19_povos_indigenas
Vacinação Covid-19:
Protocolos e 
Procedimentos 
Técnicos
Vanessa Carvalho
Material com 
base no curso 
realizado pela
Plataforma da 
MÓDULO 13 –Vacinação no Contexto da População em 
Situação de Rua
SALVA E CURTE
PRÓXIMA AULA

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