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SCHWARCZ, Lilia & STARLING, Heloisa. HOMENS À VISTA: UMA CORTE AO MAR; D. JOÃO E SEU REINO AMERICANO. In: SCHWARCZ, Lilia & STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das letras, 2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL
ICHCA – Instituto de ciências humanas, comunicação e arte.
História – Licenciatura
RAYSSA DANIELLE LINS DE AQUINO
1808 – TEXTO 1
Fichamento
Maceió - AL
2017
SCHWARCZ, Lilia & STARLING, Heloisa. HOMENS À VISTA: UMA CORTE AO MAR; D. JOÃO E SEU REINO AMERICANO. In: SCHWARCZ, Lilia & STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das letras, 2015. pp. 151-171; 172-199. 
6. HOMENS À VISTA: UMA CORTE AO MAR
“No final do século XIII, palavras como “revolução, “motim”, “rebelião”, “sedição” começavam a fazer parte do vocabulário cotidiano, anunciando muita comoção e grandes doses de mudança. Talvez uma boa metáfora desses tempos velozes seja a invenção da locomotiva, em 1804.” (p.151);
“E a agenda de fatos bem lembravam a frase que viajava junto com aquela locomotiva. Em 1776, as treze colônias inglesas na América fizeram sua independência da Grã-Bretanha durante o processo revolucionário que, (...) integrou a ideia de Republica à modernidade política e provou que a condição colonial não era um estatuto perene. (...) por volta de 1780, uma ampla revolução industrial eclodiu na Inglaterra, gerando um movimento contínuo, que envolveu largos investimentos econômicos novas tecnologias e uso indisciplinados da mão de obra. (...) em 1789 se deu mais um evento que assumiria notáveis proporções: na França, a Revolução derrubou o que parecia estável como como a ordem da natureza. (...) Isso sem esquecer a Revolução Haitiana (1791-1804), que revolveu a ilha de São Domingos: aboliu-se a escravidão por lá, e a primeira republica africana – fora de seu continente – foi decretada. (...) o evento mostrou ao mundo que o sistema escravista era apenas uma perversa circunstância histórica, e por isso mutável.” (p.151);
““Revolução” é um vocábulo típico da modernidade (...) a palavra designa derrubada do que é considerado velho, concentração de uma experiência de aceleração do tempo e inauguração de um futuro, o qual, por suposto, seria não só melhor como até então desconhecido.” (p.152); 
“Enquanto Inglaterra e França vinham disputando o posto de grande potência europeia e mundial, a Espanha lutava para guardar qualquer rudimento de autonomia, e o antes vasto e poderoso Império lusitano não escondia mais suas inúmeras fragilidades. Dependia largamente de sua colônia americana, e a riqueza fora em boa parte consumida por sua administração metropolitana pouco rigorosa e dada a ostentações, expressas na construção de monumentos, sobretudo igrejas. E diante do contexto desvantajoso, para Portugal a saída era tentar manter a imagem de neutralidade, manifesta em atitudes contraditórias que visavam agradar a todos sem no fundo contentar a ninguém.” (p.152); 
“(...) Bonaparte – imperador dos franceses desde 1804 -, que almejava redefinir o mapa da Europa, ele tinha agora que tirar as última pedra do seu sapato: a Inglaterra. Assim em 1806 era declarado o Bloqueio Continental, proibindo todas as nações europeias de comprar qualquer produto vindo da Grã-Bretanha. (...) Em julho do ano seguinte, foi a vez da Rússia e Prússia, derrotadas em batalha, assinarem a paz com Napoleão.” (p.156);
“O governo inglês, por seu turno, insistia no translado com urgência da família real. Em 1806, uma missão britânica foi ao gabinete de Lisboa para alertar sobre o iminente perigo francês e sugerir que, caso Portugal não se decidisse por um “vigoroso e eficiente” enfrentamento, a mudança para o Brasil seria a melhor alternativa, contando com o apoio de seu país. Entretanto, em julho de 1807 Napoleão deu um basta, e o cerco se fechou. (...) era chegada a hora de os portugueses declararem guerra à Inglaterra. Seu embaixador deveria deixar Londres, e Portugal precisava exigir a saída de Lisboa do representante inglês; os portos teriam de ser fechados aos navios britânicos, e os ingleses residentes de Portugal seriam presos, além de terem suas propriedades confiscadas. (...) estabelecia-se o prazo de um mês, até o dia 1º de setembro. Depois disso, o não cumprimento seria considerado declaração de guerra contra França e Espanha, que também assinava nota.” (pp.156-157);
“Entre o recebimento do ultimato de Napoleão e o embarque da corte, os dias passaram ligeiros e decisões importante foram tomadas secretamente (...) De toda forma, começava nesse contexto um momento definidor para a história de Portugal e do Brasil. Monarquias se movem pouco e, quando o fazem, levam malas pesadas. (...) No fundo o príncipe [d. João] sabia o tamanho da tarefa: não só transportar a família real, como transladar instituições e a própria corte imperial.” (p.157);
“(...) a situação requereu a convocação urgente do conselho, (...) A primeira sessão deu-se lá mesmo, em Mafra, em 19 de agosto, quando se redigiu uma minuta, bem no calor da hora: Portugal concordava fechar os portos aos ingleses, aderindo ao Bloqueio Continental; mas prende-los, expulsa-los e confiscar seus bens, nem pensar.” (pp.157-158);
“Nova reunião ocorreu dia 26 de agosto. A tentativa de adiar a decisão final foi, porém, percebida por todos, incluindo o inglês Percy Clinton Sidney Smythe, visconde de Strangford, enviado de seu governo em Lisboa. Escreveu ele que a intenção dos portugueses era ganhar tempo e montar “uma aparente sistema de hostilidade” contra a Inglaterra. Como Portugal não tinha jeito de se esquivar de Bonaparte, essa guerra seria mera simulação: “para francês ver”. (p.158); 
“(...) no mesmo dia 22 [decreto de 22 de outubro, dia de fechamento dos portos para qualquer navio britânico], em Londres foi assinado um tratado secreto: Portugal fecharia seus portos, mas garantiria o direito da monarquia insular de ocupar a ilha da Madeira, assim como abriria algum ponto do Brasil onde mercadorias inglesas poderiam ser importadas, com impostos reduzidos. Em contrapartida, a Inglaterra escoltaria a família real em caso de viagem para a colônia e somente reconheceria como rei de Portugal o legitimo herdeiro da Casa de Bragança. O governo lusitano se envolvia de modo simultâneo em duas graves decisões, contraditórias entre si, favorecendo publicamente a França e secretamente a Inglaterra.” (p.159);
“Apesar de Portugal haver declarado apoio à França em 22 de outubro, só o dia 1º de novembro tomou conhecimento das exigências que tinham sido transmitidas por Napoleão em 15 de outubro: “Se Portugal não fizer o que eu quero, a Casa de Bragança não reinará na Europa”. E mais: para acabar com o jogo duplo, a França enviou um exército chefiado por Junot, o qual, já estava em marcha pelo Pirineus.” (p.160);
“Até que a Inglaterra cansou de esperar. O ministro Canning mandou avisar que aceitava o fechamento dos portos mas que qualquer outra medida contra os ingleses seria considerada declaração de guerra. E mais: caso o príncipe regente não fosse para o Brasil, Londres iniciaria o bombardeio de Lisboa.” (p.160);
“O governo começou então os preparativos para o embarque. Uma Junta de Governo do reino foi nomeada para reger Portugal na ausência do soberano, e redigiu-se uma declaração sobre a viagem ao Brasil a ser divulgada por d. João. No dia 27 o príncipe embarcou, de madrugada, seguido de toda família real. (...) Na manhã do domingo 29 de novembro levantaram âncoras. No mesmo dia que, os soldados de Napoleão entravam em Lisboa.” (p.162);
“(...) o governo d.João deliberou que os ministros de Estado e empregados do Paço viajassem com a família real; também deixou claro que todos os súditos que o quisessem acompanhar estavam livres para fazê-lo, e, não havendo lugar nas embarcações, poderiam preparar navios particulares e seguir a real esquadra” (p.163);
“O secretário do bispo Caleppi, que tudo assistiu, avaliou que 10 mil pessoas embarcaram na esquadra real. Já o funcionário Pereira da Silva (...) avaliou “cerca de 15 mil pessoas de todos os sexos e idades abandonaram neste dia a terra de Portugal.” (p.166);
7. D. JÃO E SEU REINO AMERICANO
“No dia 22 de janeiro de 1808, uma sexta-feira, d. João e parte da corte chegaram à sua colônia d’além-mar.Coincidência ou não, o príncipe regente foi obrigado a fazer parada transitória na primeira cidade que os portugueses fundaram no Novo Mundo e que fora, até 1763, a sede do governo do Brasil e a maior do vice-reino: Salvador, na baía de Todos os Santos.” (p.172);
“Foi por lá mesmo, em 28 de janeiro, sem a presença de seus mais destacados ministros e conselheiros, que d. João assinou a primeira medida régia na nova sede do Império lusitano: a carta de abertura dos porto brasileiros às nações amigas. A partir de então fica permitida a importação “de todos e quaisquer gêneros, fazendas e mercadorias transportadas ou em navios estrangeiros das potencias que se conservavam a paz e harmonia com a minha Real Coroa”, ou em navio da metrópole” (p.173);
“O governo do príncipe regente procuraria, ainda em Salvador, organizar internamente a colônia americana como sua sede. Entre condecorações e medidas administrativas de rotina, d. João tomou atitudes até então inéditas, ao menos para a colônia portuguesa. Concedeu licença, (...) para que fosse criada (...) nossas primeiras escolas de medicinas. A colônia carecia de especialistas na área, porque a política da Coroa era concentrar o ensino superior no reino.” (p.175);
“As promessas eram muitas (...) e apesar dos esforços dos baianos para que a família real permanecesse por lá, (...) em 26 de fevereiro a esquadra levantou âncoras e deixou a baía de Todos os Santos.” (p.175).
 O texto expõe, de forma geral, os motivos que que levaram a coroa portuguesa a “fugir” para a colônia escoltada pela Inglaterra. Mostra a tentativa e falha, de Portugal, de se manter neutra durante o conflito que ocorre na Europa estralado, principalmente, pelo Império Napoleônico e a Inglaterra.

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