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Conceitos - Base sobre patrimônio e restauro II

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Patrimônio e Restauro
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Grace Vasconcellos
Revisão Textual:
Maria Cecília Andreo
Conceitos-Base sobre Patrimônio e Restauro II – John Ruskin
Conceitos-Base sobre Patrimônio 
e Restauro II – John Ruskin
 
 
• Conhecer as ideias e os conceitos de John Ruskin sobre Patrimônio e Restauro.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Patrimônio e Restauro – Inglaterra;
• Revolução Industrial – O Contexto;
• John Ruskin;
• As Ideias de Ruskin no Brasil.
UNIDADE Conceitos-Base sobre Patrimônio e Restauro II – John Ruskin
Patrimônio e Restauro – Inglaterra
John Ruskin (1819-1900) foi considerado o principal teórico da preservação na 
Inglaterra do século XIX. Viveu no auge do poderio econômico e militar da Inglaterra, 
durante a Era Vitoriana (a Rainha Vitória reinou de 1837 a 1901) e a Revolução Industrial.
Para uma melhor compreensão do pensamento de John Ruskin e sua importância 
na história, faz-se necessária uma breve abordagem sobre o contexto no qual ele vivia, 
diretamente relacionado à Revolução Industrial.
Revolução Industrial – O Contexto
A primeira Revolução Industrial teve início na Inglaterra, por volta de 1760, e durou 
até 1820 ou 1840, mas em pouco tempo se espalhou por toda a Europa, chegando até 
os Estados Unidos. 
Foi um momento de transformação e transição do processo de produção artesanal 
e manual para a produção utilizando máquinas; da fabricação e uso de novos produtos 
químicos; do desenvolvimento de novos processos de fabricação de ferro; do uso mais 
eficiente da energia da água (rodas-d’água) e do vapor para a movimentação de máqui-
nas; do desenvolvimento de máquinas-ferramentas (tornos, fresas e outras); e da substi-
tuição da madeira pelo carvão como combustível.
Considerada um “divisor de águas”, alterou de forma profunda quase todos os aspec-
tos da vida cotidiana. Inicialmente, a população passou a ter um aumento crescente de 
renda e, consequentemente, melhoria nas condições de vida.
A Segunda Revolução Industrial (iniciada entre 1840 e 1870) teve origem com o au-
mento do progresso econômico e tecnológico, com o uso da energia a vapor em barcos, 
navios, ferrovias, em máquinas, gerando um importante aumento da produção, já que a 
caldeira que produzia o vapor poderia ser instalada em qualquer lugar e no número que fos-
se necessário, enquanto as rodas-d’água que movimentavam máquinas dependiam de sua 
proximidade com um fluxo de água corrente, o que limitava de forma significativa seu uso. 
Antes da Revolução Industrial, todo o processo produtivo era manufaturado (produzi-
do à mão) por artesãos, que dominavam todo o processo de produção, desde a obtenção 
da matéria-prima até a venda do produto final. Ele era o dono de seu negócio e ficava 
com todo lucro que obtivesse.
Com a industrialização, os produtos eram fabricados por pessoas que não eram arte-
sãos, mas operários (operavam as máquinas), que não dominavam o processo como um 
todo, mas executavam tarefas que lhes eram atribuídas, usando máquinas que não eram 
suas; consequentemente, não ficavam com todo lucro do que produziam. 
A Inglaterra possuía grandes reservas de minério de ferro e carvão, além de ser gran-
de produtora de lã. Com isso, usando o carvão como combustível para impulsionar as 
máquinas, tornou-se uma potência mundial na produção têxtil e de ferro. 
8
9
A possibilidade de trabalho nas indústrias gerou, pela primeira vez, um repentino e 
crescente fluxo de pessoas das áreas rurais para as áreas urbanas. No entanto, as cida-
des não tinham estrutura para receber tantas pessoas, que passaram a se amontoar em 
pequenos espaços, a viver sob condições nulas de salubridade, conforto ou dignidade. 
Com a grande oferta de mão de obra, que incluía crianças e mulheres, a jornada de 
trabalho era de 80 horas semanais e os salários eram cada vez mais baixos, até que os 
trabalhadores se organizaram e criaram os sindicatos, de forma clandestina, buscando 
melhores salários e diminuição da jornada de trabalho. Em 1864, foi criada a Associa-
ção Internacional de Trabalhadores em Londres, a primeira do tipo no mundo.
Aos poucos, com melhores salários, os operários podiam consumir os bens que 
produziam, gerando, dessa forma, a necessidade de mais produção e, com isso, um 
equilíbrio na economia.
John Ruskin
Definido o contexto no qual vivia John Ruskin, agora é o momento da apresentação 
de seus ideais e pensamentos.
John Ruskin era considerado excêntrico, intransigente, reacionário e inimigo da in-
dustrialização. Foi um ativo crítico da sociedade capitalista industrial e de todos os pro-
blemas sociais causados por ela, como a destruição da natureza, a superlotação das 
cidades, a miséria generalizada, a injustiça social. Contribuiu para que, mesmo que de 
forma lenta, fossem feitas reformas sociais, urbanísticas e de proteção ambiental.
Em muitos momentos, na “Lâmpada da memória”, em sua abordagem sobre a pre-
servação da natureza, fonte da beleza, segundo ele, Ruskin faz referências extremamen-
te inovadoras para a época, mas totalmente atuais, sobre a inclusão ecológica, quando 
diz que “a terra é um legado inalienável, não uma propriedade”.
John Ruskin foi autor de um grande número de obras, sendo algumas delas Modern painters I
(1843) e Modern painters II (1846) (Pintores modernos), As sete lâmpadas da arquitetura, 
um extenso e fundamental ensaio publicado pela primeira vez em 1849. O termo “lâmpadas” 
do título refere-se a cada um dos princípios da arquitetura de Ruskin, sendo eles: Sacrifício, 
Verdade, Poder, Beleza, Vida, Memória e Obediência. Posteriormente, ampliou os conceitos nos 
três volumes da obra Stones of Venice (As pedras de Veneza – 1851-1853). Foi professor em 
Oxford, lecionando Artes, em 1869, período em que suas palestras eram muito concorridas.
Foi crítico de arte e artista, formado em 1842 em Oxford. Participou como finan-
ciador e como colaborador no projeto em estilo gótico veneziano do Museu de História 
Natural de Oxford, sendo essa a única obra com elementos arquitetônicos desenhados 
por Ruskin. 
9
UNIDADE Conceitos-Base sobre Patrimônio e Restauro II – John Ruskin
Figura 1 – Museu de História Natural em Oxford (1850) – Inglaterra – 
Estilo gótico veneziano – Coautoria John Ruskin
Fonte: Wikimedia Commons
Durante os anos 1860, suas atividades teóricas no campo da crítica de arte deixam 
de ter importância, passando a assumir uma posição de cunho político, defendendo 
questões ainda atuais, como o ensino público obrigatório, a nacionalização da produ-
ção e do comércio de bens de consumo, previdência social para invalidez e velhice e 
seguro-desemprego.
Como forma de confirmar suas convicções, inicia a Guilda de São Jorge, organização 
social e industrial, em sistema de cooperativa, contribuindo com 7.000 libras, usadas 
para a compra de terras, moinhos e equipamentos. Também colabora para a fundação 
de um Museu de Arte e Ciência em Sheffield, com a intenção de melhorar a qualidade e 
o desenho dos produtos produzidos na localidade.
A influência de Ruskin no pensamento sobre questões de preservação ficou clara 
depois que se manifestou contra um procedimento usual, chamado de scrape, que 
consistia em raspar a pintura antiga das paredes dos monumentos, com o objetivo de 
dar aparência de recém-construído, dar unidade e clareza espacial. Essa manifestação 
originou uma linha de pensamento preservacionista, tipicamente inglesa, chamada de 
Anti-Scrape Movement ou, em português, Movimento Antirrestauração (com conceitos 
apresentados especificamente na “Lâmpada da memória”).
O Movimento Antirrestauração é a favor do cuidado e da manutenção constantes dos 
monumentos, mas, como o nome mesmo diz, contrário à restauração.
Tal movimento foi muito popular na Inglaterra e no continente europeu, na segunda 
metade do século XIX, influenciando particularmente o arquiteto William Morris, que 
em 1877 fundou a Society for the Protection of Ancient Buildings – SPAB (Sociedade 
para a Proteção dos Edifícios Antigos).10
11
Você Sabia?
William Morris, influenciado pelas ideias de Ruskin, liderou importante movimento es-
tético surgido na Inglaterra na segunda metade do século XIX, denominado Arts & Crafts 
(Artes e Ofícios), que defendia o artesanato criativo como alternativa à produção mecani-
zada em grande escala e pretendia o reconhecimento do traço autoral do artesão-artista 
nos objetos produzidos (o princípio do que seria mais tarde a função do designer). Esse 
movimento durou pouco, mas influenciou o movimento Art Nouveau na França (podendo 
ser traduzido esteticamente como Arte Nova), que é considerado a raiz no design gráfico, 
desenho industrial e arquitetura modernos. Foi a “base conceitual” para o surgimento da 
primeira escola de design do mundo, a fundamental Bauhaus (Alemanha, 1919 a 1933).
Maria Pinheiro aponta que, ao longo da obra As sete lâmpadas da arquitetura, 
Ruskin vai apresentando seus conceitos relacionados à arquitetura, como na “Lâmpada 
do sacrifício”, em que ele diz que “arquitetura é a arte que de tal forma dispõe e adorna 
os edifícios construídos pelo homem, para quaisquer usos, que a sua visão possa contri-
buir para a sua saúde mental, poder e prazer”.
Ruskin é entusiasta e defensor do estilo medieval (gótico). Vê o ornamento (elemento 
decorativo na arquitetura) como imprescindível para a beleza arquitetônica. Para ele, 
os ornamentos simples ou mesmo os importantes (capitéis de colunas, frisos, baixos-
-relevos) precisam contar uma história, pois, a seu ver, é “preferível a obra mais rude que 
conta uma história ou registra um fato do que a mais rica sem significado. Não se deveria 
colocar um único ornamento em grandes edifícios, sem alguma intensão intelectual”.
Para ele, o ornamento tem valor na arquitetura, por ser fruto do trabalho humano. 
Portanto, os ornamentos feitos por máquinas, mesmo que perfeitos, não têm valor algum.
Figura 2 – Detalhes de capitéis de pilares e outros ornamentos
do interior da igreja de Kloster Ebrach (1127) – Ebrach, Alemanha
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Conceitos-Base sobre Patrimônio e Restauro II – John Ruskin
A passagem do tempo dá “vida” e valores humanos à obra arquitetônica, daí a im-
portância da construção de edificações que sejam duráveis e de preservar aquelas que, 
apesar do tempo, ainda existem. 
A passagem do tempo também origina a pátina, que Ruskin chama de “acessório 
que condensa os sinais da passagem do tempo”, permitindo que a obra arquitetônica 
evidencie as sucessivas levas da humanidade pelas quais passou e as ligações entre os 
períodos da história. Daí a enorme necessidade de sua manutenção.
Pátina é a oxidação das tintas e sua mudança gradual, decorrente da ação do tempo e da 
luz. É o depósito escurecido que se forma sobre prédios antigos e objetos. É a oxidação, ge-
ralmente esverdeada, em superfícies de bronze (estátuas) e cobre (coberturas) em contato 
com o ar durante algum tempo.
Para Ruskin, o que qualifica uma edificação como digna de preservação não é sua 
beleza, mas sim seu aspecto histórico.
A história da edificação, o que ela significa e representa para o coletivo ou de modo 
particular, é tão importante para Ruskin que ele chega a admitir a decoração com bra-
sões e inscrições – apesar de não os considerar ornamentos e, portanto, não serem 
parte dos aspectos de Beleza, sendo somente utilizados em lugares onde a inscrição, 
como significado e valor para a edificação, fosse mais importante do que sua função 
como ornamento externo. 
As inscrições eram encontradas nas fachadas de edificações domésticas, normais, 
modestas, como em uma pequena casa de térreo e dois pavimentos, em rua secundária, 
no norte da Itália, com rica decoração floral na fachada, com balcões sustentados por 
elementos decorativos e com as inscrições: 1481 e II nést rose sans épine (Não há rosas 
sem espinhos).
Outro exemplo de inscrição foi copiado por Ruskin da fachada de um chalé na aldeia 
de Grindelwald: 
Com afetuosa confiança / Johannes Moote e Maria Rubi / Fizeram cons-
truir esta casa. / Queira nosso amado Deus nos proteger / De toda a 
infelicidade e perigos, / E mantê-la [a casa] abençoada. / Na viagem atra-
vés deste vale de lágrimas / Ao Paraíso celeste, / Onde habitam todos os 
piedosos, / Lá Deus os recompensará/ Com a Coroa da Paz, / Por toda 
a eternidade. (PINHEIRO, p. 62)
É exatamente pela história, pelo que significa e representa, que para Ruskin existe 
importância na arquitetura doméstica, vernacular (própria de uma região ou país), em que 
o sentido da relação entre o homem e a arquitetura é o principal valor a ser destacado. 
Para Ruskin, a moradia deveria ser construída com cuidado, de modo que durasse 
muito e se tornasse um registro dos pais para os filhos. Quando as casas fossem cons-
truídas desse modo, haveria a verdadeira arquitetura doméstica, tratando com respeito 
e consideração a habitação, tanto a pequena quanto a grande.
Esse tipo de pensamento de Ruskin repercutiu de forma significativa no Brasil, no 
início do século XX.
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13
As Ideias de Ruskin no Brasil
As ideias de Ruskin influenciaram, principalmente, os adeptos do estilo neocolonial 
no Brasil, relacionado à busca de uma arte genuinamente nacional. 
O lançamento do movimento neocolonial no Brasil aconteceu em 1914, durante a 
conferência “A Arte Tradicional no Brasil”, do arquiteto e engenheiro português Ricardo 
Severo, na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo. 
Severo defendeu que o verdadeiro estilo brasileiro era o colonial brasileiro, de origem 
lusitana. A partir dessa conferência, o estilo neocolonial passou a ser muito difundido na 
arquitetura brasileira. Um exemplo ainda existente é o edifício da Faculdade de Direito 
da Universidade de São Paulo (1939) no Largo São Francisco, obra de Ricardo Severo.
Figura 3 – Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1939)
– Largo São Francisco – Obra do Arquiteto e Engenheiro Ricardo Severo
Fonte: Wikimedia Commons
Ricardo Severo, em sua conferência “A Arte Tradicional no Brasil”, coloca:
[...] há que se ponderar que o caráter de uma cidade não lhe é dado pelos 
seus monumentos, colocados em pontos dominantes, grandes praças ou 
lugares históricos. Ligam esses locais as ruas e avenidas, marginadas por 
casas de variado destino; e são estas que dão a característica arquitetôni-
ca da cidade; com efeito, o monumento é uma exceção, a casa é a nota 
normal da vida cotidiana do cidadão, é como uma lápide epigráfica de sua 
ascendência e da sua história. Se algumas ou muitas dessas casas conser-
varem seu cunho tradicional, o visitante terá uma impressão integral do 
caráter dessa arte e desse povo. (SEVERO, p 79-80)
As ideias de Severo encantaram o escritor paulista Mário de Andrade, que viria a 
tornar-se o principal defensor da cultura e arte genuinamente brasileiras.
13
UNIDADE Conceitos-Base sobre Patrimônio e Restauro II – John Ruskin
Você Sabia?
Mário de Andrade (1893-1945), paulista, foi poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, 
folclorista, ensaísta e fotógrafo. Uma das principais figuras por trás da Semana de Arte 
Moderna de 1922, também conhecida como Semana de 22, que reformulou a litera-
tura e as artes visuais no Brasil. Autor, entre outros, de Paulicéia desvairada (1922) e 
Macunaíma (1928). Em 1936, a pedido das autoridades do setor de preservação, Mário 
de Andrade elabora projeto propondo definições sobre o que deveria ser considerado 
Patrimônio Artístico Nacional.
Antes de alcançarem Ricardo Severo, as ideias de Ruskin influenciaram, em 
1904, Euclides da Cunha.
Maria Pinheiro cita o relatório de Euclides da Cunha sobre “Os Reparos nos 
Fortes de Bertioga”, elaborado para o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo:
Trata-se de conservar duas grandes relíquias que compensam a falta [...] 
de importância [...] utilitária com o incalculável valor histórico que lhes ad-
vém de nossas mais remotas tradições. Compreende-se, porém, que tais 
reparos tendam apenas a sustar a marcha das ruínas. Quaisquer melho-ramentos ou retoques, que se executem, serão contraproducentes, desde 
que o principal encanto dos dois notáveis monumentos esteja, como de 
fato está, [...], no aspecto característico que lhe imprimiu o curso das ida-
des. (PINHEIRO, p. 40)
Fica evidente nesse relatório a preocupação de Euclides da Cunha com a pátina pre-
sente nos fortes de Bertioga, um dos temas de atenção de Ruskin.
Figura 4 – Forte São João (Bertioga – SP)
Fonte: Wikimedia Commons
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Nos anos 1920, no Rio de Janeiro, um arquiteto entusiasta do neocolonial, Lúcio 
Costa, em seu artigo “A alma de nossos lares”, critica o ideal de arquitetura doméstica 
da época, colocando que as casas não deveriam ter eterno aspecto novo, reluzente. 
Concorda com Ruskin, em relação à valorização da empatia entre o morador e a edifica-
ção, quando diz que com o mesmo valor em dinheiro que se faz uma casa pretenciosa, 
inexpressiva e fria, pode ser feita uma casa rica de simplicidade, de beleza, de conforto 
que pareça viver e sentir, que tenha personalidade e esteja em harmonia com o tempe-
ramento dos moradores: que tenha alma.
Empatia é a capacidade de projetar a personalidade de alguém em um objeto, de forma 
que este pareça como que impregnado dessa personalidade. É também a capacidade de 
compreender, emocionalmente, um objeto, como um quadro, uma escultura.
Em 1928, o poeta Manuel Bandeira, no artigo “Defesa de Ouro Preto”, chama aten-
ção para a necessidade de proteção do patrimônio de Ouro Preto (MG) quando diz que 
não deveria ser permitido que os templos se tornassem ruínas, mas, mais importante, 
não se poderia concordar com as restaurações que destruíssem o “velho caráter dos mo-
numentos”, pois isso destruiria a “alma” do monumento; nesse caso, era preferível que 
fosse deixado sem intervenção, ao sabor dos tempos, assim, a matéria seria destruída, 
mas a “alma” seria mantida.
A importância de John Ruskin em todas as áreas nas quais atuou, arquitetura, preser-
vação, restauro, nas artes, no campo social, político, ambiental, foi, como apresentado, 
muito além de sua ilha, a Inglaterra, e de seu próprio tempo. 
Como visto, no Brasil, influenciou Ricardo Severo, Mário de Andrade, Euclides da Cunha, 
Lúcio Costa e outros tantos, sendo suas ideias usadas como base, até mesmo, de novos mo-
vimentos estéticos, como o Neocolonial Brasileiro, significativo até os dias de hoje.
Mas suas ideias foram além da arquitetura, ecoando em personalidades fundamentais 
para o pensamento moderno, como os escritores Leon Tolstói (1828-1910), que descre-
veu Ruskin como um homem raro, e Marcel Proust (1871-1922), que traduziu sua obra 
para o francês; Mahatma Gandhi (1869-1948) disse ter sido Ruskin a maior influência 
de sua vida.
15
UNIDADE Conceitos-Base sobre Patrimônio e Restauro II – John Ruskin
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
A Linguagem Arquitetônica – Resultados da Pesquisa Parte 03
Neste vídeo, a arquiteta Vanessa Maria Pereira, coordenadora-geral do projeto, 
aborda questões como a linguagem das edificações, os elementos tipo e as caracte-
rísticas internas. Este vídeo é a parte final da divulgação dos resultados da pesquisa 
de campo realizada pela equipe do “Projeto Arquitetura Neocolonial em Santa 
Catarina: do erudito ao popular”. 
Este vídeo faz parte do conjunto de palestras previstas para o “Seminário Arqui-
tetura Neocolonial em SC: do erudito ao popular”, que teria ocorrido em maio de 
2020 na UFSC, mas cancelado em razão da pandemia do coronavírus.
https://youtu.be/f5GSBluQrM8
Anotações Sobre a Arquitetura Neocolonial
O professor Luiz Eduardo Teixeira, pesquisador do curso de Arquitetura e Urba-
nismo da UFSC, uma referência sobre o estudo da modernidade na arquitetura em 
SC, contextualiza a arquitetura neocolonial como um fenômeno que ocorre além 
das fronteiras do Brasil e como ela se dissemina pelo país, chegando a SC. 
Este vídeo faz parte do conjunto de palestras previstas para o “Seminário Arqui-
tetura Neocolonial em SC: do erudito ao popular”, que teria ocorrido em maio de 
2020 na UFSC, mas cancelado em razão da pandemia do coronavírus.
https://youtu.be/uIu42F4-fYE
As dificuldades na Preservação da Arquitetura Neocolonial em Florianópolis
O arquiteto Rui Stanzani Lapa é servidor do Serviço do Patrimônio Histórico, Ar-
tístico e Natural, órgão que compõe o Instituto de Planejamento Urbano de Floria-
nópolis, e neste vídeo apresenta uma importante reflexão sobre as dificuldades na 
preservação da arquitetura neocolonial em Florianópolis. Rui traz para a reflexão 
uma série de pontos que precisam ser encarados pelos órgãos de preservação na 
luta pela salvaguarda de fragmentos da memória da cidade que se apresentam por 
meio de uma arquitetura essencialmente popular, e constantemente ameaçada pelo 
acelerado ritmo de crescimento da cidade. O vídeo é repleto de imagens dos proje-
tos originais disponibilizados pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento 
Urbano de Florianópolis. 
Este vídeo faz parte do conjunto de palestras previstas para o “Seminário Arqui-
tetura Neocolonial em SC: do erudito ao popular”, que teria ocorrido em maio de 
2020 na UFSC, mas cancelado em razão da pandemia do coronavírus.
https://youtu.be/1Ja-6_8r7wU
 Leitura
Sociedade de Cultura Artística – Conferências 1914-1915
A arte tradicional no Brasil – A casa e o templo – Conferência realizada em 20 de 
julho de 1914 – Sociedade de Cultura Artística de São Paulo (p. 37-82). Apresenta-
ção do Manifesto do Neocolonial – Ricardo Severo.
https://bit.ly/36P4IKG
16
17
Referências
RUSKIN, J. A lâmpada da memória. Trad. e apres. Maria Lucia Bressan Pinheiro; rev. 
Beatriz e Gladys Mugaya Kühl. Cotia: Ateliê Editorial, 2008.
SEVERO, R. A arte tradicional no Brasil – A casa e o templo. Conferencias 1914-1915. 
Sociedade de Cultura Artística de São Paulo. São Paulo: Typographia Levi, 1916. Dispo-
nível em: <https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/4045/1/017115_COMPLETO.pdf>. 
Acesso em: 30/08/2020.
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