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As cartas patrimoniais

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Prévia do material em texto

Patrimônio e Restauro
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Renata Guimarães Puig
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
As Cartas Patrimoniais
• Critérios e Abordagens Adotadas por Documentos Internacionais.
• Conhecer e entender o que são as Cartas Patrimoniais e sua importância.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
As Cartas Patrimoniais
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE As Cartas Patrimoniais
Critérios e Abordagens Adotadas por 
Documentos Internacionais
As Cartas Patrimoniais são documentos bastante concisos a respeito de 
conceitos e medidas pertinentes à restauração, à conservação e à promoção do 
patrimônio histórico e artístico, que servem para orientar os países no trato de 
seus bens culturais. 
Elas não são redigidas em favor de uma ou outra linha teórica, mas sim, a partir 
de um consenso dentre as ideias mais amplamente discutidas naquele momento 
histórico. Por isso, cada uma das cartas apresenta conceitos e medidas que, a prin-
cípio, podem parecer contraditórios. 
As cartas têm caráter indicativo ou, prescritivo, mas nunca normativo. Muitas 
das decisões tomadas em projetos que intervêm em edifícios históricos, princi-
palmente esses de longa data, são pautadas num documento emitido em 1964, 
conhecido como Carta de Veneza, que logo estudaremos. Esta Carta teve como 
principal influência os princípios do restauro crítico, abordado na unidade anterior 
(Figura 1). Conheceremos algumas destas Cartas ao longo da unidade.
Figura 1 – Escavações
Fonte: Colegio de Arqueólogos del Cusco
Conferência de Atenas (1931)
O problema da conservação e do restauro foi ampliado ao longo do século XX, 
não apenas devido aos esforços dos teóricos e críticos como Camillo Boito, Alois 
Riegl e Cesare Brandi, mas também a um importante evento que consolidou os 
princípios e as doutrinas concernentes à preservação patrimonial, o 1º Congresso 
Internacional de Arquitetos e Técnicos de Monumentos Históricos, organizado 
em Atenas, no ano de 1931, pelo Escritório Internacional de Museus da Sociedade 
das Nações. 
8
9
Nessa conferência, abandonou-se a ideia de restauro estilístico como uma abor-
dagem possível no século XX, em favor do respeito à obra histórica e artística do 
passado. O documento produzido nessa ocasião foi intitulado Carta de Atenas 
de 1931, inaugurando uma série de outros que seriam identificados como Cartas 
Patrimoniais, que estudaremos nesta unidade.
Assim, a Carta de Atenas serviu de embasamento para a (re)formulação das 
legislações de cada um dos países que atenderam à conferência. 
No caso brasileiro, a primeira lei para proteção de monumentos históricos seria 
promulgada em 1937. Um dos aspectos mais inovadores da Carta é que ela preza 
não só pela valorização e preservação do monumento em si, mas também de seu 
entorno. Já naquela época, chamava-se a atenção para elementos como cartazes 
publicitários, postes de eletricidade, ruídos e estruturas muito altas que pudessem 
comprometer os monumentos.
Especificamente em relação aos procedimentos de restauro, a Carta de Atenas le-
vantou o problema da necessária distinção entre os materiais utilizados na restauração 
em relação aos originais, orientando que os técnicos empregassem “materiais moder-
nos para a consolidação dos edifícios antigos” (SOCIEDADE DAS NAÇÕES, 1931). 
Além de modernos, os materiais do restauro deveriam ser reconhecíveis, evitan-
do-se assim a criação de falsos históricos, como apontado por Brandi. O documen-
to cita como exemplo o trabalho de restauro que vinha sendo realizado na Acrópo-
le de Atenas, no qual foi utilizado cimento para completar os tambores das colunas 
que precisavam ser substituídos, contrastando com o mármore original do templo. 
A obra foi um dos primeiros gran-
des exemplos de aplicação da 
anastilose na restauração (Figura 2).
Figura 2 – Propileus de Atenas, ilustração de livro de Gustavo Giovannoni
Fonte: Bolletino d’Arte do Ministério da Educação Nacional
9
UNIDADE As Cartas Patrimoniais
A conferência apontou ainda que, para além dos aspectos técnicos, era neces-
sário destacar o papel da educação para garantir a conservação dos monumen-
tos. Ao se conscientizarem da importância dos monumentos, os diferentes povos 
garantiriam a preservação dos testemunhos das civilizações passadas. 
Conclusões Gerais
As discussões culminaram na famosa teoria de organização espacial obede-
cendo as distintas atividades humanas básicas: trabalhar – habitar – cultivar o 
corpo e o espírito – circular. Acreditava-se firmemente que as decisões toma-
das na prancheta poderiam guiar as cidades e até mesmo a vida dos indivíduos de 
maneira direta e completa. Uma marca importante da carta é a prevalência dos 
meios de transporte individuais em detrimento dos coletivos.
A Carta  deAtenas  é  um documento  de  compromisso,  datado  de 1933, re-
digido  e  assinado  por  grandes  arquitetos  e  urbanistas  internacionais  do 
início  do século  XX,  entre  os  quais  se  destaca  Le  Corbusier.  A  Carta  foi re-
digida  como  conclusão  do  Congresso  Internacional  de  Arquitetos  e  Técni-
cos de Monumentos Históricos que teve lugar em Atenas, na Grécia, em outu-
bro de 1931. 
Ao  dar  linhas  de  orientação  sobre  o  exercício  eo  papel  dourbanismo  den-
tro da sociedade, serviu de inspiração à arquitetura contemporânea. O documento 
final foi redigido por Le Corbusier. O tema do congresso de 1933 foi “Cidade 
Funcional” e havia uma intenção de renovação de função e de estética para os 
espaços em geral.
I - Doutrinas: Princípios Gerais
Nos casos em que uma restauração pareça indispensável devido a deterioração 
ou destruição, a conferência recomenda que se respeite a obra histórica e artísti-
ca do passado, sem prejudicar o estilo de nenhuma época.
Recomenda que se mantenha uma utilização dos monumentos, que assegu-
re a continuidade de sua vida, destinando-os sempre a finalidades coerentes com 
o seu caráter histórico ou artístico.
II - Administração e legislação dos monumentos históricos
A conferência aprovou unanimemente a tendência geral que consagrou nessa 
matéria um certo direito da coletividade em relação à propriedade privada. 
Em consequência,a conferência espera que as legislações sejam adaptadas às 
circunstâncias locais e à opinião pública, de modo que se encontre a menor 
oposição possível, tendo em conta os sacrifícios a que estão sujeitos os pro-
prietários, em benefício do interesse geral. Votou-se que em cada Estado a 
autoridade pública seja investida do poder do tomar, em caso de urgência, medi-
das de conservação.
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III - A valorização dos monumentos
Em certos conjuntos, algumas perspectivas particularmente pitorescas devem 
ser preservadas. Deve-se também estudar as plantações e ornamentações 
vegetais convenientes a determinados conjuntos de monumentos para lhes 
conservar a caráter antigo. Recomenda-se, sobretudo, a supressão de toda 
publicidade, de toda presença abusiva de postes ou fios telegráficos, de toda 
indústria ruidosa, mesmo de altas chaminés, na vizinhança ou na proximidade 
dos monumentos, de arte ou de história.
IV – Os materiais de restauração
Os técnicos receberam diversas comunicações relativas ao emprego de ma-
teriais modernos para a consolidação de edifícios antigos, especialmente o ci-
mento armado. Especificam que esses meios de reforço devem ser dissimulados, 
salvo impossibilidade, a fim de não alterar o aspecto e o caráter do edifício a 
ser restaurado. 
V - A deterioração dos monumentos
A conferência recomenda:
1. A colaboração em cada país dos conservadores de monumentos e dos 
arquitetos com os representantes das ciências físicas, químicas e natu-
rais para a obtenção de métodos aplicáveis em casos diferentes.
2. A conferência, no que concerne à conservação da escultura monumen-
tal, considera que retirar a obra do lugar para o qual ela havia sido 
criada é, em princípio, lamentável. Recomenda, a título de precau-
ção, conservar, quando existem, os modelos originais e, na falta deles, a 
execução de moldes (IPHAN, Carta de Atenas, 1931).
Figura 3 – Réplica de Davi, Michelangelo – Pallazo Vecchio, Florença
Fonte: Wikimedia Commons
11
UNIDADE As Cartas Patrimoniais
Figura 4 – Original de Davi, Michelangelo – Galeria da Accademia de Belas Artes , Florença
Fonte: Wikimedia Commons
VI - Técnica da conservação
Quando se trata de ruínas, uma conservação escrupulosa se impõe, com a reco-
locação em seus lugares dos elementos originais encontrados (anastilose), cada vez 
que o caso o permita; os materiais novos necessários a esse trabalho deverão ser 
sempre reconhecíveis. Quando for impossível a conservação de ruínas descobertas 
durante uma escavação, é aconselhável sepultá-las de novo depois de haver sido 
feito um estudo minucioso.
Assim, a Carta de Atenas de 1931 inaugurou uma série de documentos que co-
meçariam a ser produzidos a partir da segunda metade do século XX, que ficariam 
conhecidos como Cartas Patrimoniais. Essas cartas refletem a estruturação das dis-
cussões acerca da preservação patrimonial em todo o mundo e, por isso, tiveram 
influência direta sobre as legislações nacionais.
Dessa forma, as cartas patrimoniais promoveram uma maior aproximação entre 
teoria e prática, frente a tantas linhas de pensamento divergentes que se apresen-
tavam desde o século XIX. 
Importante!
No portal do IPHAN (www.iphan.gov.br), você tem acesso a todas as Cartas Patrimoniais, 
muitas delas traduzidas para língua portuguesa. Dentre as principais estão a Carta de 
Atenas de 1931, a Carta de Veneza de 1964, a Carta do Restauro Italiana de 1972, a 
Declaração de Amsterdã de 1975, a Conferência de Nara de 1994, a Carta de Brasí-
lia de 1995, a Recomendação de Paris de 2003 e a Carta de Burra de 2013.
Importante!
Na década de 1960, vários especialistas deram início a uma série de reuniões que 
vinham discutir a preservação patrimonial, enfatizando, sobretudo, a urgência no tra-
tamento dos monumentos destruídos pela guerra. Dessas reuniões, resultou uma das 
principais e mais criteriosas cartas, até hoje influente: a Carta de Veneza de 1964. 
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13
Carta de Veneza (1964)
Princípios dos sete temas contidos na Carta (Figura 5), divididos em 16 artigos:
I. Defi nições – Artigos 1º e 2º;
II. Finalidade – Artigo 3º;
III. Conservação – Artigos 4º, 5º, 6º, 7º e 8º;
IV. Restauração – Artigos 9º, 10º, 11º, 12º e 13º;
V. Sítios Monumentais – Artigo 14º;
VI. Escavações – Artigo 15º;
VII. Documentação – Artigo 16º.
Figura 5 − Veneza, Itália
Fonte: Wikimedia Commons
A motivação para a redação da Carta de Veneza foi a necessária discussão 
acerca dos monumentos como testemunhos de tradições seculares, que mereciam 
ser preservados para a posteridade. 
O texto da Carta de Veneza se inicia com a definição de monumento histórico 
como “a criação arquitetônica isolada, bem como o sítio urbano ou rural que dá 
testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou de um 
acontecimento histórico” (ICOMOS, 1964). 
Foi a partir desse documento que o conceito de monumento histórico passou a 
incluir também construções mais modestas, que, embora não grandiosas, tinham 
importância cultural. 
Em função das severas destruições que a guerra havia causado, a conservação e 
a restauração arquitetônicas deveriam propor medidas que evitassem a perda total 
desse patrimônio. 
Importante!
São orientações da Carta para conservação dos monumentos: sua manutenção perma-
nente; sua destinação útil à sociedade; e a proibição da alteração de volumes, cores e 
esquemas originais da edifi cação em questão.
Importante!
13
UNIDADE As Cartas Patrimoniais
A restauração deveria acontecer somente em caráter excepcional. Quando neces-
sária, a restauração deveria então prezar pelo respeito à história do edifício e à con-
tribuição de cada período sobre a conformação de seu aspecto no tempo presente. 
Artigo 11º. As contribuições válidas de todas as épocas para a edificação do monumento devem 
ser respeitadas, visto que a unidade de estilo não é a finalidade a se alcançar no curso de uma res-
tauração, a exibição de uma etapa subjacente só se justifica em circunstâncias excepcionais e quan-
do o que se elimina é de pouco interesse e o material que é revelado é de grande valor histórico, 
arqueológico, ou estético, e seu estado de conservação é considerado satisfatório (ICOMOS, 1964).
Ex
pl
or
Talvez uma das maiores contribuições da Carta tenha sido a apresentação de 
uma nova noção sobre o estado original dos monumentos. 
O conceito de original em edifícios completamente destruídos pela guerra tornava 
tal discussão ainda mais difícil. Cientes de que, nesses casos, haveria a necessidade 
de se completar as partes faltantes, os especialistas presentes na reunião de 1964 
chegaram a um consenso de que tais completamentos deveriam ser distinguíveis 
do objeto original para não criar falsos históricos, ou seja, eles deveriam estampar 
as marcas de seu tempo.
Apesar de tal distinção, o restaurador deveria ser cuidadoso para que a substi-
tuição das peças faltantes pudesse ser harmoniosamente integrada ao restante do 
conjunto, respeitando-se o equilíbrio da composição arquitetônica e as característi-
cas do entorno em relação a materiais, gabarito, afastamentos, insolação etc. 
A Carta aponta ainda para a importância de se conduzir as escavações arqueológi-
cas em conformidade com os padrões científicos da época. A partir dessas escavações, 
poderiam ser encontradas peças desmembradas, e até então soterradas, do monu-
mento ali situado. Nesses casos, seria admitida a anastilose, ou seja, a recomposição 
de fragmentos encontrados. Por ser um processo bastante delicado, recomenda-se que 
qualquer escavação arqueológica seja acompanhada de uma sistemática de registros 
com os levantamentos métricos-arquitetônicos, desenhos e fotografias. 
Ainda no âmbito da documentação, na Carta pede-se que todos os trabalhos de 
conservação, restauração e escavação sejam acompanhados de relatórios analíticos e 
críticos que apresentem todas as etapas perscrutadas pelos técnicos, disponibilizando-
-os posteriormente a pesquisadores e publicando-os para acesso de toda a população.
Como os edifíciostêm anos de história e também anos de modificações, não temos 
como falar de um estado de originalidade absoluto. É mais interessante tentar reconhe-
cer todo o ciclo de vida do objeto arquitetônico para não criar falsos históricos. Assim, 
admitiu-se que, em caso de reconstrução, seria possível a recomposição de fragmentos. 
O deslocamento de todo monumento ou de parte dele não pode ser tolerado, 
exceto quando a salvaguarda do monumento o exigir ou quando o justificarem razões 
de grande interesse nacional ou internacional, por exemplo, o que ocorreu com o 
deslocamento para cima e para o interior com o templo de Ramsés, em Abu Simbel, 
em 1964, com a colaboração de pesquisadores de vários países (Figuras 6 e 7).
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Figura 6 – Templo de Ramsés, Abu Simbel
Fonte: Wikimedia Common
Figura 7 – Templo de Ramsés – deslocamento
Fonte: Wikimedia Common
Dos encontros que resultaram na Carta de Veneza, também derivaram outros 
documentos, dentre os quais a resolução para a criação de um órgão não gover-
namental, de especialistas da área de preservação patrimonial, envolvidos com a 
salvaguarda de bens culturais, que foi chamado de Conselho Internacional de 
Monumentos e Sítios, o ICOMOS, vinculado à Organização das Nações Unidas 
para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco. 
Normas de Quito (1967)
Os monumentos de interesse arqueológico, histórico e artístico constituem recursos 
econômicos da mesma forma que as riquezas naturais do país. Consequentemente, 
15
UNIDADE As Cartas Patrimoniais
as medidas que levam a sua preservação e adequada utilização não só guardam relação 
com os planos de desenvolvimento, mas fazem ou devem fazer parte dele (IPHAN, 
Normas de Quito, 1967). 
As obras de restauração nem sempre são suficientes, por si só, para que um monu-
mento possa ser explorado e passe a fazer parte do equipamento turístico de uma região 
(Figuras 8 e 9). Podem ser necessárias outras obras de infraestrutura, tais como um 
caminho que facilite o acesso ao monumento ou um albergue que aloje os visitantes ao 
término de uma jornada de viagem. Tudo isso, mantido o caráter ambiental da região.
Figura 9 – Mosteiro de São Bento, 
Rio de Janeiro - interior
Fonte: Wikimedia Common
Figura 8 – Mosteiro de São Bento, 
Rio de Janeiro - fachada
Fonte: Wikimedia Common
Carta do Restauro (1972)
Entende-se por salvaguarda toda e qualquer medida conservativa que 
não implique a intervenção direta sobre a obra; entende-se por restauro 
toda e qualquer intervenção destinada a manter em eficiência, a facilitar 
a leitura e a transmitir integralmente para o futuro as obras e os objetos. 
(IPHAN, Carta do Restauro, 1972, p. 1-2)
Fica proibido para todas as obras, entre outros aspectos, remoções ou 
demolições que apaguem a passagem da obra através do tempo, a menos que 
não se trate de alterações limitadas, deturpadoras ou incongruentes, em relação aos 
valores históricos da obra, ou de complementos em estilo que falsifiquem a obra 
(Figura 10); remoção, reconstrução ou recolocação em lugares diversos dos 
originais; a menos que isso seja determinado por superiores razões de conservação.
16
17
Figura 10 − Carta de Restauro 
Fonte: Acervo do Conteudista
Declaração de Amsterdã (1975)
A política de planejamento regional deve ter em consideração a conservação 
do patrimônio arquitetônico e para ele contribuir. Em particular, pode induzir o 
estabelecimento de novas atividades em áreas economicamente decadentes 
para se evitar o despovoamento e, portanto, evitar a deterioração dos edifícios 
antigos. Além disso, as decisões sobre o desenvolvimento das áreas urbanas 
periféricas podem ser de forma tal que reduzam a pressão sobre os bairros 
antigos (IPHAN, Declaração de Amsterdã, 1975).
Para se conseguir resolver os problemas econômicos de uma política de conser-
vação integrada é importante – e este é um fator decisivo – preparar-se legislação 
que submeta os edifícios novos a certas restrições correspondentes ao seu 
volume e dimensões (altura, coeficiente de utilização etc.) que os faça serem 
harmoniosos com as respectivas envolventes (Figura 11).
Figura 11 – Declaração de Amsterdã
Fonte: Acervo do Conteudista
Recomendação de Nairóbi (1976)
Cada conjunto histórico ou tradicional e sua ambiência deveria ser consi-
derado em sua globalidade, como um todo coerente cujo equilíbrio e cará-
ter específico dependem da síntese dos elementos que o compõem e que 
17
UNIDADE As Cartas Patrimoniais
compreendem tanto as atividades humanas como as construções, a estru-
tura espacial e as zonas circundantes. Dessa maneira, todos os elementos 
válidos, incluídas as atividades humanas, desde as mais modestas, têm, 
em relação ao conjunto, uma significação que é preciso respeitar. [...] Nas 
condições da urbanização moderna, que produz um aumento considerável 
na escala e na densidade das construções, ao perigo da destruição direta 
dos conjuntos históricos ou tradicionais se agrega o perigo real de que 
os novos conjuntos destruam indiretamente a ambiência e o caráter dos 
conjuntos históricos adjacentes. Os arquitetos e urbanistas deveriam 
empenhar-se para que a visão dos monumentos e conjuntos históri-
cos, ou a visão que a partir deles se obtém, não se deteriore e para 
que esses conjuntos se integrem harmoniosamente na vida contemporâ-
nea (Figura 12). (IPHAN, Declaração de Nairóbi, 1976, p. 3)
Figura 12 – Vista panorâmica de Paris, França
Fonte: Wikimedia Commons
Uma política de revitalização cultural deveria converter os conjuntos históricos 
em polos de atividades culturais e atribuir-lhes um papel essencial no desenvolvi-
mento cultural das comunidades circundantes.
A UNESCO 
Ampliando ainda mais a noção de monumento histórico, a UNESCO aprovou, 
em 1972, a Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natu-
ral. Momento a partir do qual passou-se a utilizar com maior frequência o termo 
patrimônio cultural, ao invés de monumentos históricos. Três foram as categorias 
consideradas Patrimônio Cultural:
• Os monumentos: Obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monu-
mentais, elementos de estruturas de caráter arqueológico, inscrições, grutas 
e grupos de elementos com valor universal excepcional do ponto de vista da 
história, da arte ou da ciência; 
• Os conjuntos: Grupos de construções isoladas ou reunidos que, em virtude da 
sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem têm valor universal excep-
cional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; 
• Os locais de interesse: Obras do homem, ou obras conjugadas do homem e 
da natureza, e as zonas, incluindo os locais de interesse arqueológico, com um 
valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou 
antropológico (UNESCO, 1972).
18
19
Além dessas categorias, que têm em comum serem obras humanas, a Convenção 
considerou que alguns sítios naturais também deveriam ser protegidos pelo seu 
excepcional interesse estético, científico ou conservativo. Dentre eles, estariam 
formações físicas, biológicas e geológicas, além das zonas naturais que são, dentre 
outros aspectos, habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção. 
Aqueles bens chamados de “patrimônio” são, na verdade, uma espécie de “pa-
trimônio oficial”, ou seja, “aquele que legalmente reúne poucos e escolhidos bens 
eleitos como preserváveis à posteridade” (LEMOS, 1981, p. 12).
Um dos principais exemplos do chamado patrimônio cultural oficial é a Lista do 
Patrimônio Mundial, cujos bens são incluídos pela UNESCO a pedido dos Estados 
que solicitam o reconhecimento de alguns sítios naturais e culturais de excepcional 
interesse e de necessária salvaguarda. 
Figura 13 – Frevo: Patrimônio imaterial
Fonte: Wikimedia Commons
As danças (Figura 13), os rituais, o folclore, as crenças, a literatura, as línguas, 
os saberes e a culinária são exemplos de heranças culturais transmitidas de geração 
em geração, mesmo não sendo elementos físicos. A esta categoria de testemunho 
cultural damos onome de Patrimônio Imaterial, como mencionado em unidade 
anterior. Uma das primeiras recomendações da UNESCO para a proteção do pa-
trimônio imaterial foi a Recomendação sobre a salvaguarda da cultura tradicional e 
popular, de 1989. Segundo a Recomendação de 1989.
A UNESCO tem escritórios em diversos países, inclusive no Brasil. Cada um dos 
países, por sua vez, têm instituições que, a partir das recomendações internacio-
nais, formulam suas próprias legislações. Lembre-se de que as Cartas Patrimoniais 
não têm caráter normativo, por isso, no Brasil, os assuntos acerca da preservação 
do patrimônio histórico e arquitetônico ficam sob tutela das leis municipais, esta-
duais e nacionais. 
19
UNIDADE As Cartas Patrimoniais
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
UNESCO
Acesse o site da UNESCO e conheça a lista do patrimônio.
https://bit.ly/3a8gjGq
IPHAN
Visite o portal do IPHAN para conhecer mais sobre o Patrimônio no Brasil.
https://bit.ly/3aaArI3
 Vídeos
Cartas Patrimoniais - Carta de Atenas
Assista ao vídeo indicado sobre as Cartas Patrimoniais - Carta de Atenas.
https://youtu.be/RB1ZYg6RkCY
 Leitura
Cartas Patrimoniais
Consulte as Cartas Patrimoniais disponíveis no site do IPHAN.
https://bit.ly/2RyZBYh
20
21
Referências
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora da Unesp: 
Estação Liberdade, 2006.
CUNHA, Claudia dos Reis e. Teoria e método no campo da restauração. Pós. Revista 
do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, São 
Paulo, v. 19, n. 31, p. 98-115, jun. 2012. ISSN 2317-2762. Disponível em: <http://
www.revistas.usp.br/posfau/article/view/48070/51836>. Acesso em: 20 nov. 2018. 
CUNHA, Claudia dos Reis e. Alois Riegl e “O culto moderno dos monumentos”. 
Revista CPC, São Paulo, n. 2, p. 6-16, out. 2006. ISSN 1980-4466. Disponível 
em: <http://www. revistas.usp.br/cpc/article/view/15586/17160>. Acesso em: 
22 nov. 2018. 
ICOMOS. Carta de Veneza – Carta para a Conservação e Restauração de 
Monumentos e Sítios (1964). Veneza: ICOMOS, 1964. Disponível em: <http://
portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: 22 de nov. 2018.
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