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Definição e conceitos - Base sobre patrimônio e restauro I

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Patrimônio e Restauro
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Grace Vasconcellos
Revisão Textual:
Maria Cecília Andreo
Definição e Conceitos-Base sobre 
Patrimônio e Restauro I – Viollet-le-Duc
Definição e Conceitos-Base sobre 
Patrimônio e Restauro I – 
Viollet-le-Duc
 
 
• Apresentar conceitos que definam o que é Patrimônio e Restauro;
• Apresentar Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc, um dos principais definidores dos ideais, 
conceitos e fundamentos do restauro.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• O que é Patrimônio?
• Preservação;
• Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc.
UNIDADE Definição e Conceitos-Base sobre 
Patrimônio e Restauro I – Viollet-le-Duc
O que é Patrimônio?
Patrimônio é o nome que se dá a um bem móvel, imóvel ou natural valioso a um 
povoado, uma comunidade, região, sociedade ou nação.
O chamado Patrimônio Histórico, ou patrimônio cultural, está intimamente relacio-
nado a elementos de natureza estética, artística, ambiental, social, simbólica, documen-
tal, científica, antropológica, religiosa, espiritual e cultural.
Você Sabia?
A palavra patrimônio deriva do latim patrimonium, que, em sua origem histórica, na 
Roma antiga, significava o conjunto de bens deixados pelo chefe de uma família (do 
patriarca) e que era, por fim, a herança para a família. Esse era um conceito que dizia 
respeito somente aos aristocratas daquela sociedade, tendo bases em tradições jurídicas, 
sociais e culturais.
Preservação
A questão sobre o que precisa ser preservado reflete a cultura de um povo e vai sendo 
construída de forma natural por quem a vivencia, por meio da valorização de seus ri-
tuais, folclores, de seus heróis, sendo um instrumento de perpetuação de valores, um 
constante esforço de resguardar o passado para o futuro. 
Mas o que vem a ser preservar?
No dicionário, a palavra preservar é explicada como: “conservar, guardar, defender, 
resguardar, pôr ao abrigo de perigo, dano ou mal”.
Todas essas atitudes incidem sobre os procedimentos a serem tomados em relação 
ao amplo conjunto de elementos que compõem um Patrimônio Cultural e Histórico, 
produzidos em muitos momentos durante a história de uma cultura.
Nos últimos dois séculos, a arqueologia se empenha em encontrar, coletar, identificar, 
registrar e estudar restos, vestígios, ruínas de povos já desaparecidos, na tentativa de 
conhecê-los e compreendê-los. 
Você Sabia?
A palavra Arqueologia significa estudo das coisas antigas, da origem e história antigas. 
É a ciência que estuda os costumes e culturas dos povos antigos, por meio do mate-
rial que restou da vida desses povos, como fósseis, artefatos, monumentos, obtidos por 
meio de processos de escavação e coleta. 
Não se tem registro de em que período ou mesmo em qual civilização a necessidade e o 
interesse de preservar bens, considerados valiosos para sua própria história, tiveram início.
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As manifestações relacionadas à manutenção da memória, da história, do patrimônio 
cultural vêm sendo concretizadas de muitas maneiras, em épocas das mais variadas.
O que se sabe é que, nas mais diversas civilizações, templos, edificações, monumen-
tos, palácios, estátuas foram erguidos, em sinal de respeito a divindades, para reis e im-
peradores, em honra de heróis; momentos significativos foram eternizados pela pintura, 
pelos mosaicos em pedras, por peças teatrais (como os gregos faziam); histórias, gran-
des feitos, saberes, conhecimentos, foram escritos em papiros, pergaminhos, gravados 
em pedra, em placas de barro; foram cunhadas moedas e medalhas para homenagear e 
perpetuar ilustres das sociedades; pertences de pessoas tidas como santas, locais e livros 
considerados sagrados são mantidos em nome das mais diversas religiões e crenças ao 
redor do mundo. 
Vejamos alguns poucos exemplos dessas demonstrações de respeito à memória, às 
tradições, às artes, às crenças concretizados ainda nos seus períodos de origem.
Em aproximadamente 2550 a.C., foi construída a Grande Pirâmide de Quéops, no 
vale de Gizé (Egito). As pirâmides eram construídas para cumprir a função de tumba 
para os faraós, considerados deuses vivos pelos egípcios. Nelas eram guardados os 
pertences e tesouros do faraó para sua vida após a morte. Elas eram também um monu-
mento e a perpetuação da memória e da grandeza do faraó que a ocupava.
Figura 1 – Barca funerária de Quéops – Museu ao lado da Pirâmide de Quéops – Gizé – Egito
Fonte: Wikimedia Commons
Você Sabia?
Uma das técnicas utilizadas pelos antigos egípcios para cortar blocos de arenitos usados 
nas pirâmides era a definição de uma linha reta na superfície da rocha e a colocação de 
cunhas de madeira em aberturas nas pedras sobre essa linha; essas cunhas então eram 
molhadas, fazendo com que se expandissem; com essa expansão, a rocha era rachada e 
partida em “cortes” retos. 
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UNIDADE Definição e Conceitos-Base sobre 
Patrimônio e Restauro I – Viollet-le-Duc
Tem-se notícias de que houve um museu, criado por imperadores babilônicos como 
Nabucodonosor II (604 a.C.-562 a.C.), dedicado às suas coleções de antiguidades, no 
principal Templo em Ur, importante cidade-estado na Suméria (atualmente região sul 
do Iraque).
No século V a.C., na Grécia, foi edificado o Partenon, templo construído em ho-
menagem à deusa Atena Partenos, patrona da cidade, homenageada por uma estátua 
coberta de marfim e ouro com 12 m de altura. Em seu interior, somente era permitida 
a presença de quatro sacerdotisas, que cuidavam das questões relacionadas à deusa. 
Os templos gregos eram construídos para os deuses, e não para os seres humanos, e, 
portanto, não era permitida a entrada em nenhum deles, não importando a qual deus 
fosse destinado.
Figura 2 – Partenon – Acrópolis Atenas – Grécia
Fonte: Wikimedia Commons
No século III a.C., existiu a Biblioteca de Alexandria (Egito), uma das mais significati-
vas e famosas bibliotecas do mundo, bem como um dos maiores centros de produção e 
conservação de conhecimento na Antiguidade.
Você Sabia?
Estima-se que a Biblioteca de Alexandria (século III a.C.) dispunha de um acervo de 30.000 
a 700.000 volumes, entre obras literárias, acadêmicas e religiosas. Existiam pessoas en-
carregadas de comprar livros em qualquer língua e outras, fluentes em grego, de fazerem 
a tradução. Nesse “centro de criação e de conhecimento”, por exemplo, foi desenvolvida 
a organização por ordem alfabética; o cálculo da circunferência da Terra (com quase ab-
soluta precisão), feito pelo geógrafo Eratóstenes de Cirene; Aristarco de Samos introduziu 
a ideia do heliocentrismo; Baqueu de Tânagra editou e comentou escritos de medicina 
do Corpus Hippocraticum, publicação com 60 volumes sobre práticas médicas, iniciados 
de 450 a 430 a.C.; entre muitas outras teorias e conceitos que influenciaram as ciências, 
a literatura e a filosofia até o Renascimento (século XIV). Para o sistema de bibliotecas 
modernas, é o modelo ideal de armazenamento e preservação de conhecimento.
10
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O Imperador Carlos Magno, que reinou na Itália de 800 a 814 d.C., definiu leis para 
a preservação da herança romana.
Durante o Renascimento (séculos XIV a XVI), tudo o que estivesse relacionado à 
Antiguidade Clássica era muito valorizado. Nesse período ressurgiu, de forma intensa, a 
prática da criação de coleções e surgem as pesquisas em arqueologia, que buscavam as 
origens das culturas, com o objetivo de compreendê-las e preservá-las.
Pouco tempo depois, aparecem os Gabinetes de Curiosidades, ou também chamados 
de Quarto das Maravilhas, que nos séculos XVI e XVII apresentam às elites coleções 
particulares, compostas de elementos raros.
Você Sabia?
Os Gabinetes de Curiosidades e os Quartos das Maravilhas apresentavam coleções de 
objetos e espécimes raros ou estranhos (animais, vegetais e minerais) que eram expos-
tos à elite, vindos de lugares descobertos durante as grandes explorações portuguesas, 
espanholas e de outros países da Europa, nos séculos XVI e XVII, como registros dessas 
grandes façanhas.
Em meados do século XVII, os Gabinetesde Curiosidades começam a ser substituí-
dos, de modo geral, pelos Museus, que em parte absorvem os acervos dos próprios Gabi-
netes e em parte apresentam coleções particulares, que passam a ser disponibilizadas ao 
público em geral. Cabe então aos museus a função de registro e propagação de culturas, 
objetos, tecnologia e tradições de grande parte do mundo. 
Mesmo antes do século XVII, existiram museus que apresentavam coleções parti-
culares, vistas somente pela elite do local. Alguns poucos, mas significativos, exemplos 
desses museus privados são:
• Museu Ennigaldi-Nanna (Mesopotâmia, 530 a.C.);
• Museu Capitolinos (Roma, Itália, 1471);
• Museu do Vaticano (Cidade do Vaticano, 1506);
• Museu das Armaduras Reais de Leeds (Castelo de Leeds, 1545).
Em 1671, foi criado o primeiro museu público do mundo, o Kunstmuseum, na cidade 
de Basileia (Suíça), que disponibilizou a coleção do Gabinete de Curiosidades Amerbach. 
Logo depois, em 1683, foi criado o primeiro museu universitário, destinado espe-
cificamente a educar a população, o Museu Ashmolean de Arte e Arqueologia, em 
Oxford (Inglaterra).
Na França, com a Revolução Francesa, surgem programas para a criação do acervo 
histórico e artístico nacional; são desenvolvidos estudos ligados à história, arqueologia, 
antropologia e história da arte, criando a sistematização de critérios científicos e ‘objetivos.
No século XIX, houve aumento do interesse pela Antiguidade, desencadeado pelas 
profundas alterações ocorridas na Europa durante o Iluminismo, a Revolução Francesa 
e a Revolução Industrial, que alteraram de forma drástica o modo como os povos se 
relacionavam com sua cultura e seu passado.
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UNIDADE Definição e Conceitos-Base sobre 
Patrimônio e Restauro I – Viollet-le-Duc
Surgem pensadores cujas ideias criaram as bases, os conceitos e as práticas con-
servacionistas, aplicados até os dias de hoje, como: Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc 
(1814-1879), Jonh Ruskin (1819-1900), Camillo Boito (1836-1914), Gustavo Giovannoni 
(1873-1947) e Cesare Brandi (1906-1988).
• Antiguidade, Idade Antiga: período desde a invenção da escrita (de 4000 a.C. a 3500 a.C.) 
até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.);
• Iluminismo, Século das Luzes, Ilustração: movimento intelectual e filosófico que dominou 
o campo das ideias na Europa durante o século XVIII;
• Revolução Francesa (1789-1799): período de intensa agitação política e social na França, 
que repercutiu de forma duradoura na história do país e em toda a Europa;
• Revolução Industrial (1760-1820/1840): substituição da produção artesanal pela produ-
ção por máquinas; novos processos de produção de ferro, desenvolvimento das máquinas-
-ferramentas; maior eficiência da energia da água, do vapor e do carvão.
Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc
Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc (1814-1879) foi arquiteto, diretor de canteiros de 
obras, desenhista, estudioso e autor de importantes textos e estudos sobre as Teorias de 
Restauro. Seus textos foram referência, na época, na França e em vários outros países 
na Europa. Muitos de seus conceitos ainda são aplicados nos dias de hoje.
Para melhor compreender como Viollet-le-Duc passou a ser tão respeitado no am-
biente do restauro durante sua vida, é interessante entender o momento após sua forma-
ção como arquiteto, bem como alguns fatos marcantes em sua carreira.
Nos anos de 1820 e 1830, foram desenvolvidos na França estudos sobre a Arquitetura 
Gótica, considerada uma verdadeira manifestação do gênio nacional. 
A Arquitetura Gótica foi criada na França, entre 1050 e 1100. É considerada a evo-
lução da arquitetura Românica (criada na Normandia, século X, fortemente inspirada na 
arquitetura da Roma antiga) e precede a arquitetura Renascentista. Teve início no norte da 
França e foi originalmente chamada de “Obra Francesa” (Opus Francigenum).
Você Sabia?
As características mais marcantes da Arquitetura Gótica eram o uso dos arcos em ogiva 
(ogivais), das abóbadas em cruzaria e dos arcobotantes. Esses elementos estruturais 
distribuíam o peso do teto para pilares esguios, retirando a função estrutural das pare-
des, permitindo maior altura interna, criando a possibilidade de instalação de imensas 
janelas e a rosácea com vidros coloridos (vitrais), outra marcante característica do estilo.
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Figura 3 – Interior da nave da Catedral de Notre Dame – (1163-1345)
Fonte: Wikimedia Commons
Paris, em que podem ser vistos os arcos ogivais, o teto com cruzarias, a 
enorme altura do interior e os grandes vitrais coloridos
Viollet-le-Duc, em 1836, em viagem por várias regiões da Itália, aprofundou seus 
conhecimentos sobre a arquitetura clássica, em particular sobre a arquitetura grega. 
Nessas viagens, teve a certeza de que existiam princípios verdadeiros de adequação 
da forma e função, da estrutura e da ornamentação, fosse na arquitetura clássica, fosse 
na arquitetura medieval, que ocorreu da arquitetura bizantina à gótica.
Em 1838, os debates sobre a preocupação com o destino dos edifícios da arquitetura 
medieval foram intensificados, já que, naquele momento, muitos deles estavam em pés-
simo estado de conservação ou mesmo em ruínas. Nesse período, Viollet-le-Duc torna-
-se auditor no Conselho de Construções Civis, ligado à arquitetura oficial na França, 
após ter sido subinspetor do mesmo órgão. 
Em 1840, a Comissão dos Monumentos Históricos, que havia sido criada em 1837, 
selecionou alguns arquitetos para a função de direção de obras de restauro. Viollet-le-
-Duc foi indicado para as obras da Igreja de Vézelay, obra muito complexa, recusada 
por dois arquitetos. Sua atuação foi muito bem-sucedida, o que lhe rendeu muitos 
outros trabalhos.
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UNIDADE Definição e Conceitos-Base sobre 
Patrimônio e Restauro I – Viollet-le-Duc
Em 1842, a convite de Jean-Baptiste Lassus, elaboram juntos projeto de restauro 
para participar do concurso de restauração da Catedral de Notre Dame de Paris (cons-
truída de 1163 a 1345). O projeto foi escolhido em 1844. 
Acesse o link para saber em quais partes da Catedral de Notre Dame de Paris foram feitas 
as intervenções propostas pelo projeto de Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste Lassus. 
Disponível em: https://youtu.be/G2wkWbZv_pU
Nesse período, iniciou o restauro da Basílica de Saint-Semin de Toulose (século X a XI) 
e, em 1846, já reconhecido e respeitado como um grande especialista na area de res-
tauração, foi nomeado para as obras da abadia de Saint-Denis (século VII). 
Figura 4 – Seção transversal da parede da nave e contrafortes 
da Basílica de Saint-Denis, por Eugène Viollet-le-Duc
Fonte: Wikimedia Commons
Viollet-le-Duc passa a dedicar grande parte de seu trabalho na Comissão das Artes e 
Edifícios Religiosos, criada em 1848. 
Em 1853, foi nomeado inspetor geral dos edifícios diocesanos, criando um comitê 
com autoridade para a avaliação dos projetos de restauração de muitas igrejas em 
toda a França. 
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Nesse período, publicou uma Instrução Técnica sobre a restauração de edifícios dio-
cesanos, de grande influência na formação dos profissionais que atuavam em restaura-
ção da época. Nela eram feitas recomendações de manutenções periódicas, com o intui-
to de serem evitadas futuras restaurações; orientações sobre como fazer o levantamento 
e a análise das causas mais comuns de degradação; eram informadas as técnicas para 
talhar pedras e para a execução dos rejuntes; explicações sobre as técnicas medievais; 
e, principalmente, indicações de como restaurar uma edificação.
De 1854 a 1868, elaborou e publicou o Dicionário fundamental da arquitetura 
francesa, do século XI ao XVI, em 10 volumes (Dictionaire raisonné de I’architecture 
française du Xie au XVIe siècle); e, de 1863 a 1872, publicou Palestras de arquitetura. 
Essas obras obtiveram grande repercussão, tanto na França quanto no exterior.
Nesses textos, Viollet-le-Duc deixa claro seus conhecimentos sobre arquitetura e faz 
análises e reflexões sobre a adequação de materiais/forma/função, sobre estrutura e 
racionalidadeao construir. Tais textos foram fundamentais para a difusão de princípios 
racionais de construção e da ideia de que a arquitetura necessitava apresentar um siste-
ma coeso, racional e eficiente, tanto quanto o da arquitetura gótica.
De acordo com Beatriz Kühl, no Dicionário fundamental, além de serem definidas 
questões teóricas e práticas, aplicadas às restaurações das quais participou, Viollet-le-Duc 
define a palavra Restauração: 
“A palavra e o assunto são modernos. Restaurar um edifício não é mantê-lo, 
repará-lo ou refazê-lo; é restabelecê-lo em um estado completo que pode não ter 
existido nunca em um dado momento”.
Viollet-le-Duc, em suas postulações, define que as reconstituições não deveriam ser 
baseadas na forma na qual o edifício se apresentava, mas, sim, era necessário ter a 
clareza de como o edifício deveria ter sido construído, caso os construtores originais 
dominassem plenamente o estilo da época ou os métodos construtivos.
Por causa dessa convicção, na busca pela pureza do estilo arquitetônico original, 
algumas vezes alterou partes originais da obra, que considerava “defeituosas”; e em 
muitos momentos não respeitou as modificações posteriores à construção original.
Em razão de sua grande experiência como arquiteto diocesano, de sua atuação na 
Comissão dos Monumentos Históricos, de seus estudos arquitetônicos aprofundados e de 
suas publicações, o nome de Viollet-le-Duc não poderia ser ignorado quando se tratava 
de restauração de monumentos históricos, tanto na França quanto no restante da Europa.
Ainda em relação ao significado da palavra Restauro, no Dicionário fundamental, 
Viollet-le-Duc faz outras considerações, sendo algumas delas expostas a seguir, de modo 
bem simplificado e geral:
• Como dito, tanto a palavra Restauro quanto o assunto Restauro são modernos. So-
mente a partir de 1850 foi que se pretendeu restaurar edifícios de outras épocas. Na 
Ásia antiga, uma construção degradada pelo tempo era substituída por outra, sem 
que a primeira fosse destruída. Era deixada para a ação da corrosão dos tempos. No 
Egito, entre 303 a.C. e 30 a.C., os antigos monumentos de velhas dinastias foram 
restituídos, de acordo com o modo de construção da época. Os gregos tinham o 
mesmo pensamento dos egípcios. Os romanos reconstruíam ou reparavam;
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UNIDADE Definição e Conceitos-Base sobre 
Patrimônio e Restauro I – Viollet-le-Duc
• “Nenhum povo, em tempos passados, teve a intenção de fazer restaurações, como 
nós a compreendemos hoje. [...] reproduzir exatamente as formas dos edifícios que 
haviam sofrido degradações.”;
• Toda parte retirada da edificação deve ser substituída somente por materiais de melhor 
qualidade. Deve-se tomar cuidado, pois a colocação de andaimes, a extração parcial 
de alvenaria, a retirada de elementos descabidos à edificação causam abalos à obra 
e, por vezes, acidentes graves. As novas partes que venham a ser colocadas, ou 
mesmo novos elementos estruturais, devem apresentar maior resistência e mate-
riais de melhor qualidade, na intenção de impedir que a obra venha a ruir;
• Por vezes, durante o processo de restauração, os arquitetos responsáveis precisam 
pesquisar de modo aprofundado e buscar as antigas origens dos materiais utilizados 
naquela obra, muitas vezes, se necessário, reabrindo pedreiras, buscando artesãos 
que dominem a arte necessária para aquela restauração ou mesmo treinando ope-
rários para que se qualifiquem para as tarefas necessárias ao restauro;
• Todos os edifícios têm uma função primeira, um programa que originou a necessi-
dade de sua construção, e, após a restauração, não há motivo para que tais funções 
não sejam plenas, estando o edifício apto a ser novamente utilizado, pois, afinal, 
o melhor meio de conservar uma edificação é encontrar para ela uma destinação;
• É também importante e necessário que o arquiteto responsável pela obra com-
preenda as novas possibilidades tecnológicas que possam permitir maior conforto 
ao usuário do edifício restaurado. Por exemplo: não há por que não instalar um 
sistema de aquecimento e sujeitar o atual usuário de uma edificação da Idade Média 
ao frio, pelo fato de não existir essa possibilidade de comodidade na época da cons-
trução. O arquiteto deve, no entanto, imaginar qual estratégia teria sido empregada 
pelo construtor original, para adequar tal comodidade a um contexto geral. Outro 
exemplo: não há por que não ser colocada uma estrutura metálica na cobertura, 
que diminui a possibilidade de incêndios ou deterioração desse elemento estrutural, 
originalmente em madeira, somente porque não existia tal tecnologia na época. 
No entanto, esse novo sistema não deve pesar mais que o original, pois os apoios e 
o sistema de distribuição de cargas originais não suportariam o aumento de carga, 
podendo essa alteração, se executada sem os devidos cálculos, vir a causar danos, 
até catastróficos, à edificação;
Durante os séculos XIX e XX, as teorias e práticas de restauração sofreram mudan-
ças, apoiadas em conceitos de outros teorizadores do restauro, o que acabou por conde-
nar as práticas invasivas e os conceitos sobre restauração de Viollet-le-Duc, tornando-o 
um “vilão” na história.
Após o centenário de sua morte, houve o Colóquio Internacional Viollet-le-Duc, e 
sua atuação como estudioso do neogótico e teórico de uma nova arquitetura passou a 
ser reavaliada.
Em se tratando de sua atuação como restaurador, Viollet-le-Duc, por vezes, assumia 
posições tidas como extremas, criando uma certa antipatia em relação às suas obras 
como restaurador e, como consequência, pode-se pensar que a coerência de suas for-
mulações teóricas, seus aspectos inovadores, muitos deles ainda atuais, não tenham tido 
a consideração que mereciam.
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Viollet-le-Duc teve papel fundamental na definição de sistematização, metodologia de 
estudos e procedimentos de levantamentos prévios, inclusive, apontando o uso da foto-
grafia como uma importante ferramenta de registro do edifício, de forma a não haver 
dúvidas sobre o estado da obra ou mesmo sobre os elementos presentes na edificação 
a ser restaurada.
Teve também grande importância na implantação dos procedimentos de restauração 
de obras reconhecidas como monumentos históricos.
Como aspectos de suas definições ainda tidos como atuais, pode-se salientar a reco-
mendação de que deve ser feito levantamento pormenorizado da situação existente; deve 
ser restaurada a função estrutural da edificação, seguindo a concepção original, e não 
somente os aspectos estéticos da edificação; além da importância da reutilização do 
edifício para a sobrevivência da obra, pois restaurar não é apenas uma conservação do 
material, mas de um espírito do qual ela é suporte.
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UNIDADE Definição e Conceitos-Base sobre 
Patrimônio e Restauro I – Viollet-le-Duc
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
How Viollet-le-Duc left his mark on Natre-Dame cathedral
https://youtu.be/G2wkWbZv_pU
Notre Dame em realidade virtual
https://bit.ly/3lI8da3
Desvendando a Acrópole de Atenas – Grécia
https://youtu.be/7EBR3wvEl-k
Pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos são as mais visitadas do mundo
https://bit.ly/3quWqzu
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Referências
LEMOS, C. A. C. O que é Patrimônio Histórico. 3. reimp. São Paulo: Brasiliense, 
2013. Coleção Primeiros Passos; 51.
VIOLLET-LE-DUC, E. E. Restauração. Apres. e trad. Beatriz Mugaya Kühl; rev. Renata 
Maria Parreira Cordeiro. 4. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2019. Coleção Artes & Ofícios. 
Título original: Dictionaire raisonné de I’architecture française du Xie au XVIe siècle.
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