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PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÕES Professora Dra. Ana Elisa Lavezo GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LAVEZO, Ana Elisa. Proteção Contra Incêndio e Explosões. Ana Elisa Lavezo. Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. Reimpressão, 2021. 224 p. “Graduação - EaD”. 1. Proteção 2. Incêndio . 3. Explosões 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1779-3 CDD - 22 ed. 363.110 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Renata Cristina de Souza Chatalov Designer Educacional Marcus Vinicius A. S. Machado Ana Claudia Salvadego Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Matheus Silva de Souza Qualidade Textual Meyre Barbosa da Silva Ilustração Bruno Cesar Pardinho Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian- do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi- ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complemen- tando sua formação profissional, desenvolvendo com- petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe- cimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó- runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra dis- ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. CU RR ÍC U LO Professora Dra. Ana Elisa Lavezo Formada em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá, Mestre e Doutora em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas e Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Estadual de Maringá, curso de atualização em Higiene Ocupacional pelo SENAE, professora do curso Técnico em Segurança do Trabalho pela Secretaria do Estado da Educação do Estado do Paraná há seis anos, atuo como Engenheira de Segurança do Trabalho prestando serviços a empresa e sou professora autora e formadora do NEAD da Unicesumar Centro Universitário Cesumar há quatro anos, para o Curso de Graduação de Tecnologia em Segurança no Trabalho. Link: <http://lattes.cnpq.br/5530705655956900>. SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) ao nosso conteúdo sobre “Proteção Contra Incêndio e Explosões”. Ini- cialmente, gostaria de dizer que estou muito contente de poder ministrar esta disciplina para você, espero contribuir para aumentar a sua visão prevencionista e, quem sabe, ajudá-lo a evitar muitos acidentes domésticos e em seu trabalho. Nós, professores, sem- pre quando começamos uma nova turma, temos muitas expectativas quanto à troca de informações e experiências, e com você não será diferente. Espero que goste do material que disponibilizo para você. Durante todas as pesquisas para a construção desse material, sempre pensei na melhor forma de apresentar cada um dos assuntos para que você consiga entender a razão, sua sequência e para que, aos poucos, seja construído seu raciocínio, de forma que, em situação de emergência, possa ficar tranquilo e acalmar as demais pessoas próximas a você e, caso haja um princípio de incêndio você consiga tomar as medidas preventivas corretas para o incêndio não propagar, afinal, você será um gestor. Este livro Proteção contra incêndio e explosões fará com que você adquira conhecimen- tos suficientes sobre como se inicia um incêndio, aprenderá formas de propagação e extinção dele, como se deve utilizar um extintor ou um hidrante, a partir das classes de incêndio, e descobrirá quais tipos de extintores serão mais utilizados. Estudaremos, também, como dimensionarmos uma brigada de incêndio, além de sa- ber o que são e como devemos definir os pontos de encontro, em caso de emergência. Quando digo em caso de emergência é porque o plano de emergência não pode estar vinculado a situações apenas de incêndio, e sim de emergência, por exemplo: vazamen- to de gás tóxico, derramamentos de líquidos (ácidos, bases fortes), inundações, doenças infectocontagiosas, e é claro, incêndios e explosões. Na Unidade I,Considerações sobre Incêndios e Explosões, abordaremos, inicialmente, os incêndios com maiores repercussões, no passado e atualmente, mostrando que as leis, com o passar dos anos, tornaram-se mais rígidas, sempre após uma tragédia. Em seguida, abordaremos quais os componentes necessários para que o fogo se inicie, as temperaturas necessárias para que exista o fogo e classificaremos os incêndios de acor- do com a proporção e o combustível. Na Unidade II, Propagação, Extinção e Classes de Incêndio, levando em consideração o conhecimento prévio adquirido na Unidade I, abordaremos a NR 23 que nos dará uma ideia dos assuntos importantes quanto à proteção contra incêndio. Após estudarmos a NR 23, verificaremos que será necessário estudar, também, o código dos bombeiros, e a primeira parte do código que analisaremos serão as classes das edificações, quanto ao grau de risco. Já, na Unidade III, Materiais e Equipamentos móveis de combate ao incêndio, veremos os principais agentes extintores, aqueles que têm a capacidade de extinguir um princí- pio de incêndio, e os tipos de agentes são: água, pó químico seco, gás carbônico e espu- APRESENTAÇÃO PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÕES ma. Em seguida, falaremos sobre os equipamentos móveis de extinção do incêndio, os extintores: formas de utilização, manutenção, inspeção, tipos e identificação de cada um deles, sinalização. Na Unidade IV, Materiais e Equipamentos Fixos de Combate ao Incêndio, analisare- mos os materiais e equipamentos fixos de extinção do incêndio, os hidrantes: for- mas de manuseio, manutenção, inspeção, tipos, formas de enrolar as mangueiras de incêndio e sinalização. Outro tipo de equipamento fixo são os chuveiros automáti- cos e os detectores de fumaça. Assim, explicaremos quais são suas diferenças, como são ativados e, a partir da ativação desses equipamentos, o que acontece. A Unidade V, Brigada de Emergência, será dedicada, especialmente, para a Brigada de Emergência, e será abordado o dimensionamento da brigada, suas funções e seu currículo, assim como o plano de emergência à edificação. Já sobre a iluminação de emergência e o alarme de incêndio serão abordadas suas diferenças e funções, e quanto à sinalização de emergência, veremos as placas de sinalização e advertência. Após todos esses conhecimentos, você perceberá que sua percepção sobre esses assuntos mudará. Caso você entre em algum lugar e procure a saída de emergência sem perceber, certamente, quando ocorrer um acidente ou princípio de incêndio, você estará apto para tomar providências. Espero conseguir transferir muitos dos meus conhecimentos para você e, caso se empenhe estudando, fazendo as leitu- ras, conseguirá adquirir muitos conhecimentos interessantes que poderão ajudá-lo tanto na sua vida pessoal quanto na profissional, futuramente. Esta é uma disciplina interessante que você poderá fazer na prática. Sugiro que você utilize todos os recursos disponíveis pela instituição para ter o me- lhor aproveitamento possível da disciplina e do curso. Tente fazer as leituras, assistir a todas as aulas conceituais e as aulas ao vivo, tire suas dúvidas nas aulas ao vivo, afinal, esta é uma disciplina que você utilizará muito, futuramente. Bons estudos! APRESENTAÇÃO UNIDADE I CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO 13 Introdução 14 Histórico sobre Incêndio e Explosão 21 Teoria do Fogo 29 Princípio da Combustão 34 Pontos Notáveis 44 Considerações Finais UNIDADE II PROPAGAÇÃO, EXTINÇÃO E CLASSES DE RISCO 57 Introdução 58 Formas de Propagação 66 Formas de Extinção 74 NR 23 - Proteção contra Incêndio 77 Classe de Risco das Edificações 86 Considerações Finais UNIDADE III MATERIAIS E EQUIPAMENTOS MÓVEIS DE COMBATE AO INCÊNDIO 95 Introdução 96 Agentes Extintores SUMÁRIO 09 105 Extintores de Incêndios 120 Normas sobre os Extintores de Incêndios 126 Considerações Finais UNIDADE IV EQUIPAMENTOS FIXOS DE COMBATE AO INCÊNDIO 135 Introdução 136 Hidrantes 144 Normas sobre Hidrantes 157 Chuveiros Automáticos (Sprinklers) 163 Detectores de Fumaça 165 Considerações Finais UNIDADE V BRIGADA DE EMERGÊNCIA 175 Introdução 176 Brigada de Incêndio 189 Plano de Emergência 198 Iluminação de Emergência e Alarme de Incêndio 204 Sinalização de Emergência 213 Considerações Finais 221 Conclusão SUMÁRIO 10 U N ID A D E I Professora Dra. Ana Elisa Lavezo CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Analisar o histórico de incêndio e explosões do Brasil. ■ Entender como se obtém o fogo. ■ Compreender o princípio da combustão. ■ Identificar as diferenças entre os pontos notáveis. ■ Compreender as classificações dos incêndios. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Histórico sobre incêndio e explosão ■ Teoria do fogo ■ Princípio da combustão ■ Pontos notáveis ■ Classificação dos incêndios INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), nesta primeira unidade, temos como objetivo: analisar o histórico de incêndio e explosões do Brasil, entender como se obtém o fogo e o princípio da combustão, identificar as diferenças entre os pontos notáveis, e, por fim, compreender as classificações dos incêndios. Dessa forma, a nossa unidade estará dividida em: Histórico sobre incêndio e explosão, Teoria do fogo, Princípio da combustão, Pontos notáveis e Classificação dos incêndios. Inicialmente, estudaremos um pouco sobre alguns dos principais incêndios que ocorreram no Brasil. Temos muitos casos de incêndios e citaremos alguns de repercussão nacional e que, a partir deles, houve mudanças quanto às nor- mas ou se tornaram mais rígidas. Nesta parte, entenderemos a diferença entre os incêndios e as explosões. Na sequência, falaremos sobre o tetraedro do fogo, ou seja, os quatro lados do quadrado, que tem a mesma importância, e mostrarei que os quatro elemen- tos são: combustível, comburente, fonte de calor e reação em cadeia. Quando eles estão juntos e, nas mínimas condições, haverá fogo. Veremos, também, sobre o princípio da combustão, a definição de combus- tão, a velocidade da combustão, que pode ser desde incêndios até explosões, os tipos de reação da combustão que pode ser completa e incompleta e, por fim, qual a porcentagem de oxigênio presente na combustão. Continuando nossa unidade, veremos os pontos notáveis, ou seja, todos os com- bustíveis possuem três pontos de temperatura, que são: o ponto de fulgor, o ponto de combustão e a temperatura de ignição. E, por fim, veremos a classificação dos incêndios, começando com a proporção dos incêndios, ou seja, sua expansão e a classe de incêndios, que pode ser dividida em quatro classes: classe A, classe B, classe C e classe D, e mostraremos suas diferenças e aplicações. Essas informações o ajudarão a entender os incêndios e sua extinção. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 13 HISTÓRICO SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Olá, querido (a) aluno (a), inicialmente, refletiremos sobre a importância da pro- teção contra incêndios e explosões, pois a sua implantação acontece de forma que evitemos o surgimento de um incêndio. Em caso de um princípio de incêndio, ao executarmos sua extinção e, caso isso não seja possível, é imprescindível minimizar os danos obtidos por ele até a chegada de um serviço especializado. Para que consigamos evitar os sinistros, ou seja, acidentes relacionados com fogo, é necessário que conheçamos os tipos de materiais combustíveis que possuem as nossas edificações, a quantidade e a localização dos materiais inflamáveis. Já, para evitarmos que aconteça a perda de vidas, é necessário que os funcionários estejam treinados para a evacuação da edificação e que todos saibam quem são seus supe- riores na brigada, para o devido encaminhamento dos seus subordinados, de forma correta, paraos pontos de encontro. Em um princípio de incêndio, é muito importante que os funcionários sejam treinados para identificar a classe de incêndio e, da mesma forma, verificar qual extintor deve ser utilizado para sua extinção. Caso utilize o extintor errado, em alguns casos, ao invés da extinção ocorrerá à propagação de forma mais rápida. CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E14 Um exemplo disso é a utilização de extintor de incêndio de água em um incêndio de gasolina ou óleo de cozinha. A educação focada na proteção contra incêndios é o segredo para que as pes- soas se tornem mais cautelosas e se comportem de forma mais tranquila durante um incêndio. Em alguns países, é comum as crianças terem treinamentos para casos de emergência, nas escolas. Aqui no Brasil, esses treinamentos estão muito aquém do que seria necessário. Infelizmente, aqui no Brasil, esses treinamentos são inexpressivos ainda e, por isso, quando ocorre uma situação de emergência, grande parte das pessoas entram em pânico, deixando outras pessoas nervosas, desnecessariamente. As grandes catástrofes aconteceram e continuam acontecendo, algumas delas são importantes de serem lembradas para percebermos a evolução da prote- ção contra incêndios e o quanto ainda temos que evoluir. Agora, estudaremos alguns grandes incêndios que influenciaram muito para as modificações realizadas nos códigos dos bombeiros de todo o país. Veremos, na sequência, três grandes incêndios, que são: Gran Circus Norte Americano (1961), Edifício Joelma (1974) e Boate Kiss (2013). O primeiro grande incêndio que abordaremos é o incêndio do Gran Circus Norte Americano, apesar do nome, ele aconteceu em Niterói - RJ, em 17 de dezembro de 1961. Segundo Pereira (2011, on-line)2, o circo possuía um público de três mil espectadores e, aproximadamente, 20 minutos antes de terminar o espetáculo, a trapezista percebeu que o circo estava incendiando. Após cinco minutos, o circo estava completamente incendiado. Morreram por volta de 370 pessoas Tentaremos ser práticos. Você teve, quando era criança, treinamentos de evacuação da edificação ou da escola? Conseguiu se manter calmo e seguir os comandos da brigada de incêndio corretamente? Histórico sobre Incêndio e Explosão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 Figura 1- Gran Circus Norte Americano montado para apresentação Fonte: Vieira (2011, on-line)1. na hora, a maioria crianças, e muitos outros ficaram feridos e, com o passar dos dias, morreram. Ao todo, morreram umas 500 pessoas, sendo difícil a identificação, pois muitos corpos não foram encontrados e outros estavam mutilados. Existem algumas divergências sobre como ocorreu o incêndio, e uma das explicações seria porque alguns empregados, que foram contratados para montar o circo, depois de demitidos, ficaram indignados e combinaram de colocar fogo nele. No dia do espetáculo, os antigos funcionários colocaram fogo na lona que, segundo o dono do circo, era de naylon, mas, na verdade, era de algodão revestido de parafina. A parafina é um material altamente combustível, ou seja, inflamável, e, quando o fogo chegou até a lona, alastrou- -se rapidamente, caindo por cima das pessoas (PEREIRA, 2011, on-line)2. A partir das descrições apresentadas e do vídeo indicado no final desta unidade, em material complementar, vimos que o acidente foi uma tragédia com centenas de mortos. Um dos principais problemas era a lona feita de um material inflamável (parafina), assim, o incêndio se propagou rapidamente, atingindo as pessoas que ali estavam. Os materiais de combate ao incêndio da época eram deficientes, demoraram muito para conseguirem começar o CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 resfriamento. Pensando nisso, é possível inferir que, se as regras de segurança tivessem sido seguidas (pelos proprie- tários do circo), os danos e o número de mortos poderiam ter sido menores. O segundo incêndio que estudaremos é o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, que aconteceu em 1974. Dois anos antes, outro incêndio tinha ocorrido, no Edifício Andraus, porém vamos nos ater ao incêndio do Edifício Joelma. Esse edifício possuía vinte e cinco andares, sendo dez deles garagem, localizado no número 225 da Avenida Nove de Julho, com outras duas fachadas para a Praça da Bandeira, na lateral, e para a rua Santo Antônio, nos fundos. De acordo com Borges (2014, on-line)⁴, um incêndio de grandes pro- porções em um edifício abalou o centro da cidade de São Paulo. O incêndio aconteceu 7 meses depois da inauguração do edifício e, no dia do incêndio, o edifício estava ocupado com 2000 pessoas em seu interior. O fogo encurra- lou as pessoas, que tentaram se esconder nas marquises, janelas e parapeitos do prédio, mas algumas pessoas, por causa do desespero, saltaram e acaba- ram morrendo ao chegar ao chão. Outras pessoas morreram por intoxicação da fumaça tóxica que vinha do edifício em chamas Borges (2014, on-line)⁴. O incêndio do edifício Joelma iniciou em um ar condicionado, no 12ª andar, sendo que até o 10º andar ficava o estacionamento. O fogo alastrou-se a partir do 12ª até o 25ª andar, e morreram mais de 188 pessoas, 300 pessoas, no entanto, foram internadas, pois sofreram intoxicações e queimaduras. A escada magirus, do Corpo de Bombeiros, alcançava até o 13º andar, mas, mesmo assim, os bombeiros adentraram no edifício e conseguiram resgatar as pessoas no 18º andar e no 21º andar com êxito. Figura 2 - Gran Circus Norte Americano destruído pelo incêndio Fonte: Cais da Memória (2016, on-line)3. Histórico sobre Incêndio e Explosão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 A tragédia desse incêndio fez com que houvesse várias discussões sobre segurança predial e causou modificações nas normas de prevenção e nos métodos de resgates das vítimas. Até 2013, esta catástrofe foi a mais grave e a maior da capital de São Paulo, muitas regras foram implantadas, e uma delas foi a implantação dos chuveiros automáticos nos edifícios para aumen- tar a segurança contra o fogo. Após lermos as histórias do incêndio do Edifício Joelma, percebe-se que os equipamentos de combate ao incêndio da época eram insuficientes. Um exemplo disso é que a escada magirus não alcançava grande parte do pré- dio para resgatar as pessoas, as vestimentas dos bombeiros possuíam pouca tecnologia para incêndios dessas proporções e os Equipamentos de Proteção Individuais (EPI) estavam aquém dos necessários para que os bombeiros tivessem segurança nos resgates. Estas e outras condições influenciaram nas péssimas condições para o resgate das pessoas e na extinção do fogo. O edifício Joelma, atualmente, está reformado, adequado às novas normas de segurança. Hoje, chama-se Edifício Praça da Bandeira. O último incêndio que eu gostaria de recordar com você, comparado aos outros exemplos, é mais recente. Trata-se da tragédia, na Boate Kiss, em Santa Maria - RS, que aconteceu em 27 de janeiro de 2013, deixando mais de 240 mor- tos. O início do incêndio foi no palco, após um dos membros da banda que se apresentava acender um sinalizador dentro da boate (que só poderia ter sido aceso ao ar livre), atingindo o teto que continha espuma. Quando a faísca do sinalizador atingiu a espuma, o incêndio começou. Um dos membros da banda alcançou um extintor que estava próximo, porém o extintor não funcionou. A espuma atingida não era adequada às instalações da boate e contraindicada pelos bombeiros, pois esse tipo de espuma, quando se incendeia, emite fumaça tóxica de cianeto, monóxido de carbono e dióxido de carbono.Outro fator a se destacar sobre esta tragédia diz respeito à lotação da boate. Segundo depoimentos dos sobreviventes, a lotação completa da boate, conforme o alvará, é de 691 pessoas. De acordo com os donos, na noite do acidente, na boate, havia 800 pessoas, mas conforme as suspeitas da polí- cia, a casa noturna operava acima do limite máximo, contendo mais de mil pessoas. Os jovens ali presentes demoraram a perceber que a casa estava em CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 chamas, pois não possuía sinalização de emergência. Dessa forma, por não conhecerem a casa noturna, não sabiam para onde ir visto que a energia foi cortada e, portanto, estava escuro, além da fumaça que invadia e dificultava a visualização das pessoas. Os seguranças não foram informados rapidamente sobre a liberação das portas para a saída, impedindo, por alguns minutos, a saída dos frequen- tadores. Além disso, a casa noturna possuía muitas grades para facilitar a entrada e o deslocamento das pessoas em uma situação normal, mas, durante o incêndio, somado ao pânico e à falta de luzes de emergência, tais obstácu- los dificultaram a saída das pessoas. Muitos morreram nos banheiros, porque havia luz acesa; e quem não sabia para onde seguir, acabou indo ao banheiro, sem saída e sem ventilação. Assim, 230 pessoas morreram asfixiadas, e várias tiveram que ser socorridas nos hospitais. Nesse incêndio, diferente dos anteriores, as vestimentas e os materiais para combate ao incêndio utilizados pelos bombeiros eram atuais, mas isso não foi suficiente para evitar essa catástrofe, pois existiam vários erros antes do acidente acontecer, alguns por negligência (apesar de conhecer as nor- mas de segurança, elas foram descumpridas) outros por imprudência, o que resultou nesse desastre. Para um acidente nestas proporções, geralmente, é muito difícil haver um único culpado. Por outro lado, tentemos nos colocar no lugar das pessoas que entra- ram nessa casa noturna. Quantas vezes deixamos de entrar em algum lugar por estar vazio ou ter pouco movimento, achando que o local estava ruim? E quantas vezes entramos em casas noturnas lotadas sem saber onde é a saída de emergência do local? Posso dizer que eu mesma já deixei de entrar em locais com pouco movimento e já entrei em casas noturnas em que não con- seguia andar sem esbarrar em alguém. A questão é que confiamos nos locais que frequentamos, lógico que não é o caso de deixar de frequentá-los, toda- via precisamos estar atentos às entradas e saídas de emergência e prestarmos atenção ao que está acontecendo ao nosso redor. Quando as pessoas estão apavoradas, é normal elas se encaminharem para onde várias pessoas estão indo. Sejamos conscientes e verifiquemos as saídas de emergência nas pla- cas, antes de nos dirigir para o local errado. Histórico sobre Incêndio e Explosão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Durante o nosso curso, tenho certeza de que quando você entrar em algum local, será normal ficar próximo às saídas de emergência ou procurar saber onde elas estão, pois a visão da prevenção será construída no seu raciocínio lógico. Neste momento, quero mostrar a você a diferença entre esses incêndios e as explo- sões de alguns estabelecimentos. Existem vários casos, e um dos exemplos foi o do Restaurante Filé Carioca, no RJ, em 13 de agosto de 2011. No dia da explosão, os fun- cionários chegaram para trabalhar e sentiram cheiro de gás de cozinha, então, saíram do local e esperaram as ordens do cozinheiro, que entrou no restaurante e acendeu a luz da cozinha (a faísca de acender a luz) em contato com o gás de cozinha em excesso e o oxigênio causou uma explosão, matando, pelo menos, três pessoas. Segundo Teixeira (2011, on-line)⁵, o cozinheiro foi a primeira vítima, os outros dois foram pedestres que passavam na calçada, na hora da explosão, e foram atingidos por pedras. Percebemos, comparando os incêndios que já estudamos e a explosão que cita- mos anteriormente, que a principal e visível diferença entre o incêndio e a explosão é a velocidade com que acontece a combustão (vide Material Complementar). Nos incêndios, a velocidade dos estragos é menor se comparada com a explosão, mas tanto nos incêndios como nas explosões, os danos são grandes, pois, na explosão, além de o fogo ter um deslocamento de ar rápido, pode causar muito mais avarias e danifi- car as estruturas das edificações, o que em um incêndio seria mais difícil acontecer. Vários edifícios, após incêndios, são vistoriados, pintados e modificados, vol- tando a funcionar, normalmente. Em uma explosão, dependendo da edificação, tornam-se inviáveis as modificações e a recuperação das edificações visto que será modificada grande parte da estrutura para que se possa voltar a funcionar, demo- rando anos para retornar ao seu funcionamento e, em outros casos, as edificações são condenadas e, portanto, devem ser implodidas. Após o incêndio na boate Kiss, vimos intensa movimentação no país inteiro para que as casas noturnas se adequassem ao Código dos Bombeiros. Vejamos isto pelo lado positivo, pois vários outros acidentes, certamente, foram evitados com essa medida preventiva. Para visualizar os vídeos deste incêndio, vá ao final desta unidade, em Material Complementar – Na Web. CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 TEORIA DO FOGO A partir de agora, estudaremos como acontece o fogo, quais são as condições necessárias e suficientes para que ele se inicie. Por isso, passarei a você algumas definições importantes. Todas elas foram retiradas do Código de Segurança Contra Incêndios e Pânico do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná (CSCIP-CB/PMPR) - NPT 003 - Terminologia de Segurança Contra Incêndio. Cada Estado possui um código diferente que, em muitos aspectos, as definições coincidem. Analisaremos as diferenças entre os seguintes con- ceitos: fogo, combustão, incêndio e explosão. Fogo é a resultante de uma reação química de oxidação (processo de combustão), caracterizada pela emissão de calor, luz e gases tóxicos. Para que o fogo exista, é necessária a presença de quatro elementos: combustível, comburente (normalmente o Oxigênio), calor e reação em cadeia (PARANÁ, p. 23). De acordo com a definição de fogo, para que ele exista, é necessário que seus elementos estejam em condições mínimas, ou seja, tenha o combustível, com o mínimo de oxigênio, na temperatura correta e que produza uma faísca. A união dessas condições produzirá uma chama que, sob controle, é o fogo. Por exem- plo, a chama de um fósforo. Figura 3 - Fogo na sua plenitude Teoria do Fogo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Combustão é a ação de queimar ou arder. Estado de um corpo que queima, produzindo calor e luz. Oxidação forte com produção de calor e normalmente de chama (não obrigatoriamente). Reação química que resulta da combinação de um elemento combustível com o oxigênio (comburente), com intensa produção de energia calorífica e, não obri- gatoriamente, de chama (PARANÁ, p. 10). A combustão é o ato de queimar esse combustível, que deve conter porcenta- gens mínimas de oxigênio, caso contrário ela não acontece. Essa combustão pode produzir chamas e brasas ou somente brasas e, também, energia irradiada, sem a presença de efeitos luminosos. Incêndio: é o fogo sem controle, intenso, que causa danos e prejuízos à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio (PARANÁ, p. 26). Explosão: fenômeno acompanhado de rápida expansão de um sistema de gases, seguida de uma rápida elevação na pressão; seus principais efeitos são o desenvolvimentode uma onda de choque e ruído (PARANÁ, p. 22). Agora, entenderemos alguns conceitos: o fogo é um fenômeno sob controle, resultante do processo de combustão, ou seja, é a parte visível da combustão, que é a queima, propriamente dita, de uma substância. Comparando o fogo com o incêndio e a explosão, verifica-se que a diferença está na questão da veloci- dade, ou seja, o fogo é a queima controlada, o incêndio é o fogo sem controle, e a Figura 4 - Exemplo de incêndio Figura 5 - Exemplo de explosão CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 explosão é uma rápida expansão dos gases, acompanhada do ruído e da queima. Inicialmente, quando começaram os estudos sobre o fogo, entendia-se que, para que ocorresse o seu início, eram necessários três elementos, ou seja, o tri- ângulo do fogo. Os três elementos são: combustível, comburente e calor. Figura 6 -Triângulo do Fogo Fonte: a autora. TETRAEDRO DO FOGO Com o passar dos anos, verificou-se a necessidade de incluir mais um ele- mento no triângulo do fogo. Dessa forma, os elementos que compõem o tetraedro do fogo são: combustí- vel, comburente, calor e reação em cadeia. Vamos entender todos estes elementos que, juntos, em quantida- des e condições adequadas, trazem, como resultante, o fogo. Figura 7 - Tetraedro do Fogo Fonte: São Paulo (2011, p. 16). Teoria do Fogo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 OS ELEMENTOS DO FOGO ■ Combustível: o combustível é todo o material que pode ser queimado. Independente do estado físico que ele esteja, a saber, sólido, líquido ou gasoso. Os combustíveis sólidos e líquidos precisam mudar de estado com ação do calor para o estado gasoso, combinados com o comburente (oxigênio), formem uma substância inflamável (CAMILO Jr., 2012). O combustível sólido, quando exposto a um determinado nível de energia (calor ou radiação) sofre um processo de decomposição tér- mica, denominado pirólise, e desenvolvem produtos gasosos (gás e vapor), que, com o oxigênio do ar, forma mistura inflamável (ou mistura explosiva). Essa mistura na presença de uma fonte de ener- gia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama. Caso o nível de energia incidente sobre o sólido for suficiente para manter a razão da pirólise para formar a mistura inflamável, haverá a continuidade da combustão. A continuidade da combustão ocorre, na maioria dos casos, pelo calor da própria chama do material em combustão (SEI- TO et al., 2008, p. 37). Os combustíveis sólidos, ao entrarem em contato com oxigênio, inflamam- -se e se aquecem, liberando vapores das substâncias que estão queimando. Quanto mais se aquecem mais vapores liberam e, assim, o combustível entra em combustão. Exemplos de combustíveis sólidos são: papel, madeira, plás- tico, palha, ferro, tecido, algodão, entre outros. Figura 8 - Materiais sólidos - palha, tecido e papel CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Combustível líquido: os combustíveis líquidos podem ser divididos em volá- teis e não voláteis. Os voláteis são aqueles que desprendem gases inflamáveis à temperatura ambiente. Ex.: álcool, éter, benzeno. Os líquidos não voláteis são aqueles que desprendem gases inflamáveis à temperatura maior que a do ambiente. Ex.: óleo, graxa. Figura 9: Combustíveis líquidos inflamáveis O combustível líquido quando exposto a um determinado grau de calor, não sofre decomposição térmica, mas, sim, o fenômeno físico denominado evaporação, que é a liberação dos vapores, os quais, em contato com o oxigênio do ar, forma a mistura inflamável (ou mistura explosiva). Essa mistura na presença de uma fonte de energia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama. A queima terá continuidade caso o líquido atinja a sua temperatura de combustão. Os combustíveis lí- quidos são na sua maioria derivados de petróleo, que são denominados hidrocarbonetos. As substâncias oleígenas retiradas de plantas e gordu- ras animais têm mecanismo semelhante, na ignição, aos derivados de petróleo (SEITO et al., 2008, p. 37). Teoria do Fogo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Os combustíveis líquidos, os voláteis, são aqueles que, ao abrimos o recipiente em que estão contidos, conseguimos, em temperatura ambiente, sentir seu cheiro, ou seja, os vapores da substância. Os vapores são inflamados e, com a ação do calor, a parte líquida evaporará para se inflamar. Já os combustíveis líquidos não voláteis são aqueles em que é necessário primeiro o aquecimento, e, depois, estes se inflamam com a presença do oxigênio. ■ Combustível gasoso: diferentemente dos líquidos e sólidos em que há a necessidade de transformação do estado físico, o combustível gasoso permanece no mesmo estado, ou seja, no estado gasoso. Esse combustível se incendeia quando estão em contato com o oxigênio e uma faísca. São combustíveis que se inflamam de forma rápida e con- somem o combustível de forma rápida também. Assim considerado quando se apresenta em forma de gás ou vapor na temperatura do ambiente. Esse combustível em contato com o oxigênio do ar forma a mistura inflamável (ou mistura explosiva), que na pre- sença de uma energia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama. Os combustíveis gasosos são, na maioria, as frações mais leves do petróleo. Outros gases combustíveis mais conhecidos que não derivam do pe- tróleo são: hidrogênio, o monóxido de carbono, amônia, dissulfeto de carbono (SEITO et al, 2008, p. 38). Acidentes domésticos com vazamento de gás de cozinha são muito comuns e, dependendo da quantidade de combustível disponível para a queima, na presença de oxigênio, uma faísca pode causar explosões. Por isso, os fabricantes misturam, na sua composição, a metil mer- captana para alertar vazamentos de GLP (gás liquefeito de petróleo) uma vez que este gás não tem cheiro. Outros exemplos de com- bustíveis gasosos são: butano, propano, GLP e etano. Figura 10 - Combustível gasoso - GLP CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 O segundo elemento do fogo que estudaremos é o comburente. ■ Comburente: o fogo não acontecerá, dependendo da porcentagem exis- tente. Este elemento é o oxigênio, lembrando que o ar atmosférico ideal possui 21% de O2 e 79% N2. Por isso, quando riscamos um fósforo, ele se acende. O ar atmosférico possui a quantidade suficiente de oxigênio para iniciar uma combustão. O comburente é o elemento ativador do fogo, dá vida às chamas, e o mais comum é o oxigênio, contido no ar atmosférico numa porcentagem entre 21% (CAMILO Jr., 2012, p. 18). Veremos que a porcentagem de oxigênio presente na combustão é muito importante e dela é que saberemos se a combustão estará em sua plenitude, incandescência ou não haverá fogo. O terceiro elemento é o Calor: elemento que dá início ao fogo; é ele que faz o fogo se propagar pelo combustível (CAMILO Jr., 2012, p. 19). A faísca, a chama, o superaquecimento de equipamentos e a sobrecarga em aparelhos energizados são exemplos de calor. METIL MERCAPTANA é um gás que possui os seguintes perigos: ■ Gás tóxico e inflamável, sob pressão. ■ Pode ser fatal se inalado. ■ Pode formar mistura explosiva com o ar. ■ Os sintomas podem aparecer tardiamente. ■ Evitar o acúmulo de energia estática. ■ Equipamento autônomo de respiração pode ser necessário para a equipe de salvamento. Fonte: White Martins (2015, on-line)⁶. Teoria do Fogo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 1998 . 27 ■ Reação em cadeia: uma reação em cadeia é uma sequência de reações que ocorrem durante o fogo, produzindo sua própria energia de ati- vação (o calor) enquanto há comburente e combustível para queimar (CAMILO JR., 2012 p. 20). A reação em cadeia é quando o processo seguinte acontece continu- amente e progressivamente. Os materiais combinados com o oxigê- nio e submetidos a uma temperatura mais alta, essa mistura infla- mar-se-á, gerando maior quantidade de calor, que vai aquecendo novas partículas do combustível e inflamando-as de forma contínua e progressiva, gerando maior quantidade de calor (CAMILO Jr., p. 19, 2012). Percebemos que precisamos de várias condições para que ocorra o fogo. Iniciaremos pelo combustível, ou seja, a substância que queremos queimar, caso esta não esteja no estado físico adequado, preci- sará se adequar. Depois, é necessário que possua a quantidade mínima de comburente no local onde o combustível se encontra, caso contrário não haverá fogo, e é preciso que possua calor suficiente para aquecer o combustível em um dos pontos notáveis que estudaremos a seguir, pois, se não tiver temperatura cor- reta, o corpo não se aquece e, portanto, não inflama. Um dos exemplos mais simples de tri- ângulo do fogo é uma vela acessa, na qual o combustível é a cera que envolve o pavio, o comburente é o oxigênio presente no ar atmosférico, e o calor, nesse caso, é a chama do fósforo aceso. CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Figura 11- Triângulo do fogo PRINCÍPIO DA COMBUSTÃO A combustão é a queima propriamente dita e pode ser classificada de três for- mas: quanto à velocidade, à reação e à porcentagem de O2. A combustão quanto à velocidade pode ser lenta, viva e muito viva ou instantânea. Já quanto à reação, pode ser completa ou incompleta, e, por fim, quanto à porcentagem de oxigênio, dependendo da quantidade de oxigênio, sua chama estará em plenitude, incan- descência, ou não é possível ter fogo. QUANTO À VELOCIDADE DA COMBUSTÃO ■ Segundo Camillo Jr. (2012, p. 20), combustão lenta é aquela em que o fogo só produz calor, não há chama, isto é, não há luz e, geralmente, se processa em ambientes pobres em oxigênio. ■ De acordo Camillo Jr. (2012, p. 20), combustão ativa é aquela em que o fogo, além de produzir calor, produz também chama, isto é, luz, proces- sa-se em ambientes ricos em oxigênio. Princípio da Combustão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Tipos de combustão ativa ou viva são os incêndios em geral. Figura 12 - Combustão viva - Incêndio ■ Conforme Camillo Jr. (2012, p. 20) explosão é a combustão rápida que atinge altas temperaturas, essa transformação de energia se caracteriza por violenta dilatação dos ga- ses que, por sua vez, exercem também violenta pressão nas paredes que o confinam. Exemplo de Explosão são as explosões propriamente ditas, pode-se ser definida também como combustão muito viva. Figura 13 - Combustão muito viva - Explosão CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 QUANTO ÀS REAÇÕES DA COMBUSTÃO A combustão pode ser completa ou incompleta, dependendo da quantidade de oxigênio. Na combustão completa, ocorre a queima total de oxigênio e, na combustão incompleta, a queima parcial de oxigênio (CAMILLO JR., 2012, p. 21). Quando duas substâncias reagem quimicamente entre si, se trans- formam em outras substâncias. Esses produtos finais resultantes da combustão, que dependerão do tipo do combustível, normalmen- te são: Gás carbônico (CO2), Monóxido de carbono (CO), fuligem, cinzas, vapor d´água, mais calor e energia luminosa (RIO DE JA- NEIRO, 2008, on-line, p. 10)7. Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma (Lavoisier). Figura 14 - Combustão Completa - chama azul Princípio da Combustão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Um combustível em contato com o oxigênio do ar pode formar em seus pro- dutos tanto gás carbônico, monóxido de carbono ou carbono quanto água. Em todos os casos, esses produtos dependerão, principalmente, da quanti- dade de oxigênio com que seu combustível está em contato. Na combustão completa, reagimos o combustível com o oxigênio e o calor, e se forma o gás carbônico e a água. Já na combustão incompleta, reagimos o combustível com o oxigênio e o calor e se forma monóxido de carbono e água, além da energia e da fumaça que cada reação produz. Em alguns casos, verifica-se a formação de carbono e água, além de energia e da fumaça característica desse tipo de reação. Figura 15 - Combustão Incompleta - chama avermelhada A fumaça é um dos produtos da combustão, sendo o resultado de uma com- bustão incompleta, onde pequenas partículas sólidas se tornam visíveis (RIO DE JANEIRO, 2008, p. 10). CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Para entender melhor os conceitos de combustão completa e incompleta, vá até o seu fogão e acenda uma das bocas. Se a chama que estiver saindo do seu fogão for azul, então, está produzindo uma reação completa, ou seja, todo o combustível liberado pelo botijão em contato com o ar atmosférico e fornecendo uma faísca está sendo consumido. A combustão será incompleta quando a chama do seu fogão for alaranjada, ou seja, o combustível liberado pelo botijão não está sendo consumido completamente. Pode-se verificar a combustão incompleta quando vemos queimadas. Na verdade, a fuligem que a queimada libera é o carbono que se pode verificar na combustão incompleta. PORCENTAGEM DE O2 NA COMBUSTÃO A quantidade de O2 no ambiente é extremamente importante, pois sem o O2, nas quantidades corretas, não ocorre a combustão. Observe a Tabela 1: Tabela 1- Quantidade de Oxigênio em uma combustão QUANTIDADE DE O2 PARA A COMBUSTÃO TIPO DE COMBUSTÃO De 13% a 21% de O2 Viva ou Plena De 8% a 13% de O2 Lenta ou incandescente De 0% a 8% de O2 Não ocorre Fonte: Camillo Jr. (2012, p. 18). Um exemplo prático e fácil que permite verificar a diminuição do oxigênio é o seguinte: acendemos uma vela e colocamos um copo sobre a vela, de tal forma que não seja possível haver contato entre oxigênio e a vela que está dentro do copo. É possível verificar que a chama diminuirá, gradativamente, até se apagar, e, quando ela se apagar, certamente, a quantidade de oxigênio estará entre 0% e 8%, ou seja, não terá oxigênio suficiente para manter a combustão (CAMILLO JR., 2012). Existem combustíveis que já possuem oxigênio em sua composição, como é o caso da pólvora, nitratos, celuloides etc., que podem queimar em qualquer lugar, com ou sem a presença de ar (CAMILLO JR., 2012, p. 19). Princípio da Combustão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 PONTOS NOTÁVEIS Os pontos notáveis são definidos com três pontos diferentes de temperatura. A maioria das substâncias ou dos combustíveis possuem os três pontos notáveis que estudaremos. Cada combustível tem os seus pontos notáveis que, provavel- mente, não serão os mesmos de outra substância. Os três pontos notáveis que estudaremos são: ponto de fulgor, ponto de combustão e temperatura de ignição. Segundo Camillo Jr. (2012, p. 24), nos estudos de prevenção e extinção de incêndios, devemos saber como os diversos materiais se comportam em relação ao calor. O ponto de fulgor é definido segundo Camillo Jr. (2012, p. 24 - 25), como: [...] é a temperatura mínima necessária para que um combustível des- prenda vapores ou gases inflamáveis,que, combinados com o oxigênio do ar em contato com uma chama, começam a se queimar, mas a cha- ma não se mantém porque os gases produzidos são ainda insuficientes. É chamado ponto de lampejo ou flash point. Dizemos que um combus- tível está em seu ponto ou temperatura de fulgor no momento em que, ao aproximar uma chama externa aos gases desprendidos pelo aqueci- mento e em contato com o oxigênio, um lampejo for emitido (acende e, em seguida, apaga). Tomemos, como exemplo, o álcool num dia frio. Se quisermos queimá-lo, só conseguiremos que se incendeie efetivamente depois da terceira ou quarta tentativa de ateamento de fogo. CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 Conforme Camillo Jr. (2012, p. 25), a principal característica desse ponto é que, se retirarmos a chama, o fogo se apagará por causa da pouca quantidade de calor para produzir gases suficientes e manter a transformação em cadeia, ou seja, manter o fogo. De acordo com Seito et al. (2008, p. 39), o ponto de fulgor é a menor tem- peratura em que ocorre um lampejo, provocado pela inflamação dos vapores da amostra, pela passagem de uma chama piloto ou, ainda, a menor tempera- tura em que a aplicação de uma chama piloto produz um lampejo, provocando a inflamação dos vapores desprendidos pela amostra. Segundo o Código dos Bombeiros do Estado do Paraná (PARANÁ, 2014, p. 36), ponto de fulgor (flash point) é a menor temperatura na qual um com- bustível emite vapores em quantidade suficiente para formar uma mis- tura com o ar na região, imediatamente, acima da superfície, capaz de entrar em ignição quando em contato com uma chama, mas não man- têm a combustão após a retirada da chama. Outro exemplo comum do ponto de fulgor dá-se na churrasqueira em que pre- paramos nosso churrasco quando colocamos o carvão e jogamos óleo ou álcool no carvão e, em seguida, ateamos fogo. Este, por sua vez, consome o álcool e/ ou o óleo e, inicialmente, não pega fogo no carvão, após o consumo do álcool ou óleo, o carvão se apaga, pois o carvão está em temperatura abaixo do ponto de fulgor e, por isso, só pega fogo no álcool. Se atearmos fogo novamente, do carvão começará a sair fumaça e, em seguida, apagará. Neste momento, o carvão está no ponto de fulgor, pois não há gases ou vapo- res suficientes para manter a combustão. Figura 16 - Ponto de Fulgor Pontos Notáveis Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 O ponto de combustão é definido, segundo Camillo Jr. (2012, p. 25-26), como: É a temperatura mínima necessária para que um combustível des- prenda vapores ou gases inflamáveis que, combinados com o oxigênio do ar e ao entrar em contato com uma chama, se inflamam, e, mesmo que se retire a chama, o fogo não se apaga, pois essa temperatura faz gerar, do combustível, vapores ou gases suficientes para manter o fogo ou a transformação em cadeia. No instante em que, ao atearmos fogo, ele se instala e permanece, dizemos que o combustível se encontra em seu ponto ou temperatura de combustão (fire point). Conforme Seito et al. (2008, p. 39), o ponto de combustão é a temperatura em que a amostra, após, inflamar-se pela passagem da chama piloto, continua a queimar por cinco segundos, no mínimo. Segundo o Código dos Bombeiros do Estado do Paraná (PARANÁ, 2014, p. 36), o ponto de combustão é a menor temperatura na qual um combustí- vel emite vapores em quantidade suficiente para formar uma mistu- ra com o oxigênio na região imediatamente acima da sua superfície, essa mistura é capaz de entrar em ignição quando em contato com uma chama e manter a combustão após a retirada desta. Voltando ao caso do churrasco, se atearmos fogo outra vez no carvão já aquecido anteriormente e começarmos a abanar (fornecendo oxigênio à combustão), o fogo começará e não apa- gará enquanto tiver carvão ou brasa, certo? Nesse momento, a temperatura do car- vão atingirá o ponto de combustão, possuindo, portanto, vapores sufi- cientes para manter a combustão. Figura 17- Ponto de Combustão CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 A temperatura de ignição é definida, conforme Camillo Jr. (2012, p. 26-27), como: [...] a temperatura em que os gases desprendidos dos combustíveis entram em combustão apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independente- mente de qualquer fonte de calor. Até agora, para provocarmos uma com- bustão, tivemos de lançar mão de uma chama externa. Mas, se continu- armos aquecendo o combustível, ele chegará a atingir a sua temperatura mais crítica, a temperatura de ignição espontânea, e então os vapores por ele desprendidos entrarão em combustão pelo simples contato com o oxi- gênio, sem o auxílio da chama externa. Segundo o Código dos Bombeiros do Estado do Paraná, (PARANÁ, 2014, p. 36), a temperatura de ignição é a temperatura mínima em que ocorre uma combustão, inde- pendentemente de uma fonte de ignição, como chama e faísca. O simples contato do combustível com o comburente é suficiente para estabelecer a reação. Um exemplo muito típico quando se inflama sem a necessidade de chamas é quando vemos um campo ou floresta muito seca e um calor muito intenso de repente e a floresta começa a se inflamar (ou pegar fogo), espontaneamente. Um grande incêndio pode vir depois de uma pequena fagulha. (Provérbio Chinês) Figura 18 - Temperatura de Ignição Pontos Notáveis Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS A classificação dos incêndios pode ser dividida em duas formas: quanto à pro- porção e quanto aos combustíveis. A proporção é a extensão que seu incêndio pode atingir, e o combustível são as classes de incêndio, que são os combustí- veis que estão sendo incendiados. Gostaria que você prestasse bastante atenção na diferenciação das classes, pois a partir dela é que saberemos como deve- mos proceder para sua extinção e como, possivelmente, será sua propagação. PROPORÇÃO DOS INCÊNDIOS Os incêndios podem ser classificados quanto à proporção em: princípio de incêndio, pequeno incêndio, médio, grande ou extraordinário. Quando falo de proporção, quero que você entenda que não tem ligação com o número de mortos, e sim com sua extensão. Podemos ter um incêndio extraordinário sem mortos ou com poucos mortos, como podemos ter um de médias proporções, como no caso da Boate Kiss, com centenas de mortos. ■ Princípio de incêndio - é o incêndio de mínimas proporções, embrio- nário, e que pode ser facilmente extinto pela utilização de um ou mais aparelhos extintores portáteis. CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 Exemplos típicos de incêndios neste caso são: fogo em uma cesta de lixo, um aparelho eletrodoméstico incendiado. ■ Pequeno incêndio - é o incêndio de pequenas proporções, ou seja, objetos existentes dentro de um compartimento incendiado, porém sem apre- sentar perigo iminente de propagação e necessitando, na sua extinção, de material e pessoal especializado. Outros exemplos que podem ser vistos como possíveis locais para pequenos incêndios são: cômodos de uma casa, como o quarto, a sala, ou um estabeleci- mento comercial. Figura 19 - Pequeno Incêndio - por exemplo, carro ou cômodo de casa Figura 20 - Médio incêndio - casa Pontos Notáveis Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 ■ Médio incêndio: é o incêndio de proporções relativas, que queima na parte interna e externa de uma construção, destruindoas instalações e com grande risco de propagação, necessitando do Corpo de Bombeiros para a sua extinção. Outros exemplos da classificação de porte médio são: incêndios em sala comercial, casa pequena, unidade de apartamento loca- lizado em um edifício, boate, restaurante. ■ Grande incêndio: é o incêndio de propagação crescente, causador de grande devastação, destruidor de construções e muito resistente. Ex.: incêndio de um edifício. Figura 21 - Grande incêndio - por exemplo, prédios ■ Extraordinário: é o incêndio catastrófico, que abrange quarteirões e são oriundos de bombardeios, terremotos e outros, necessitando do emprego de todos os meios disponíveis em uma cidade para o seu combate. Figura 22 - Incêndio extraordinário - por exemplo, florestas. CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 Os incêndios ocorrem, também, em indústria de qualquer natureza, por exemplo com escoamento de líquidos inflamáveis. COMBUSTÍVEL O combustível foi dividido em cinco grandes classes se levarmos em consideração a classificação mundial. Aqui, no Brasil, a classificação divide-se em quatro e, em alguns Estados, são adotadas apenas três classificações, pois, como os códigos são estaduais, dependerá de cada estado. Para combater o incêndio, é necessário que o responsável conheça possíveis classes de fogo que podem ocorrer no local, assim, selecionará o melhor meio de combatê-lo. Sendo assim, para facilitar o combate ao incêndio, o fogo foi dividido em classes (SALIBA, 2010). Classe de incêndio é a classificação didática na qual se definem fogos de dife- rentes naturezas e foi adotada, no Brasil, em quatro classes: fogo classe A, fogo classe B, fogo classe C e fogo classe D (SÃO PAULO, 2014). Já existe uma tendência em incluir a classe K nos códigos dos Bombeiros do Brasil, mas essa inclusão ainda não aconteceu. Apenas para completar, a classe K é para a classe de materiais que incluem óleos vegetais ou animais e cozinhas industriais. CLASSE A Segundo Saliba (2010) e a Cartilha de Orientação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2011) os materiais da classe A são materiais de fácil combustão, com a propriedade de queimar em sua superfície e profundi- dade, que deixam resíduos como tecido, madeira, papel, fibras etc. Já, no Código Pense nos incêndios que já ocorreram na sua cidade e tente classificá-los em classe A, B, C ou D. Uma dica: a maioria dos incêndios não possui uma única classe, geralmente, inicia-se com uma classe e evolui para outras. Pontos Notáveis Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 dos bombeiros do Estado do Paraná (PARANÁ, 2014), a classe A engloba fogos em sólidos de maneira geral. Os materiais que se enquadram na classe A serão todos os sólidos que se infla- mam, alguns com mais facilidade outros com menos, devido à composição do material e quantidade de material disposto. CLASSE B Conforme Saliba (2010) e a Cartilha de Orientação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2011), a classe B engloba incêndios em líquidos inflamáveis, ou seja, os produtos que queimam em sua superfície e não deixam resíduos quando queimados, como graxas, óleos, vernizes, tintas, gaso- lina etc. Já, no Código dos Bombeiros do Estado do Paraná (PARANÁ, 2014), a classe B engloba incêndios em líquidos e gases inflamáveis ou combustíveis sólidos, que se liquefazem por ação do calor e queima somente em superfície. Os incêndios provenientes de materiais líquidos ou gases inflamáveis, inde- pendentemente dos líquidos voláteis ou não voláteis, entram na classificação de incêndios da classe B. Sabemos que, em alguns incêndios, será mais rápida a queima (líquidos voláteis ou gases inflamáveis) e, em outros, a queima será mais devagar (líquidos não voláteis), mas todos se inflamam com facilidade. CLASSE C De acordo com Saliba (2010) e a Cartilha de Orientação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2011), na classe C, são classificados quando ocorrem incêndios em equipamentos elétricos energizados, como motores, transformadores, quadro de distribuição, fios etc. “Ao ser desligado o circuito elétrico, o incêndio passa a ser de classe A. Importante: não jogue água em fogo de classe C (material elétrico energizado), porque a água é boa condutora de eletricidade” (SÃO PAULO, 2011, p. 15). CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 CLASSE D Segundo Cartilha de Orientação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2011, p. 15), os incêndios em metais pirofóricos, ou seja, que se inflamam em temperatura ambiente, como o alumínio em pó, o magné- sio, o carbonato de potássio etc. Não é permitido jogar água neste tipo incêndio, pois, na presença da água, esses metais reagem de forma violenta. Já, no Código dos Bombeiros do Estado do Paraná (PARANÁ, 2014), a classe D é considerada fogo em metais pirofóricos. Os materiais pirofóricos conhecidos são: o magnésio (Mg), o alumínio (Al), o urânio (U), o sódio (Na), o potássio (K), o lítio (Li), o zircônio (Zr), o cálcio (Ca), o titânio (Ti) (SEITO et al., 2008, p. 37). Veja no Material Complementar os vídeos dos quatro tipos de incêndio. Existem algumas diferenças de classificação de incêndios pelo mundo, dessa forma, esclareceremos algumas delas: Na Europa - Classe A: são incêndios que envolvem materiais sólidos; Classe B: são os líquidos inflamáveis ou sólidos que se liquefazem; Classe C são os gases inflamáveis; Classe D: são os metais combustíveis; Classe E são incêndios que envolvem classe A e B com materiais elétricos energizados, e a Classe F são incêndios com óleos ou gorduras de cozinhas. Nos EUA - Classe A: são incêndios de materiais combustíveis comuns; Classe B são combustíveis e líquidos inflamáveis; Classe C são incêndios que envolvem equipamentos elétricos energizados; Classe D são metais combustíveis e Classe K são incêndios que envolvem a presença de óleos vegetais, animais ou gorduras em equipamentos de cozinha. Fonte: Camillo Jr. (1999, p. 37-38). Pontos Notáveis Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, conseguimos rever incêndios que você já pode ter visto na mídia, mas o importante é mostrar que as catástrofes acontecem e que, com o passar dos anos, os meios de socorro melhoraram muito, como as escadas magirus alcan- çam mais alto, as vestimentas dos bombeiros estão fornecendo mais segurança aos profissionais, e a capacidade dos caminhões dos bombeiros são maiores. Isso tudo faz com que o socorro seja mais rápido e eficiente, mas não evita a ocor- rência dos acidentes. Na sequência, explicamos sobre o quadrado do fogo e seus quatro elemen- tos, que são: o combustível, o comburente, a fonte de calor e a reação em cadeia. Percebemos que, quando esses elementos estiverem nas condições propícias, o fogo se iniciará. O combustível é todo material que queima; o comburente é o oxigênio; a fonte de calor é qualquer faísca; superaquecimento em máquinas, e a reação em cadeia é o que torna a queima autossustentável. Explicamos, também, que qualquer combustível possui três temperaturas que são os pontos notáveis. O ponto de fulgor é a primeira temperatura que começa a queimar, mas, ainda, é necessária a presença das chamas, caso contrá- rio a combustão não se mantém. Já, no ponto de combustão, é a combustão que acontece em sua plenitude, mas, para ser iniciada, é necessária a presença das chamas. Na temperatura de ignição, não são necessárias as chamas, e o combus- tível se incendeia sozinho. Por fim, vimos a classificação dos incêndios e verificamosque a proporção é medida pela sua extensão, que pode, ou não, possuir muitas vítimas. Outro conhecimento que deverá acompanhar você por todas as unidades é a classifi- cação dos incêndios. Lembramos que existe classe A, B, C e D, ou seja, classe A engloba materiais sólidos, a classe B engloba os líquidos ou gases inflamáveis, a classe C engloba os materiais elétricos energizados e a classe D engloba metais pirofóricos. Na próxima unidade, aprenderemos como se extingue e como se propaga o fogo. CONSIDERAÇÕES SOBRE INCÊNDIO E EXPLOSÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 1. Assinale a alternativa correta, a partir dos conhecimentos do tetraedro do fogo: a) Os combustíveis mais fáceis de inflamarem são os sólidos, pois têm pouca resistência. b) O combustível mais comum é o oxigênio. c) Os que se inflamam são os gases ou vapores dos combustíveis, por isso, os gases são os mais rápidos e não deixam resíduos. d) Para que haja fogo, independe da porcentagem de O2, o que importa é ter o combustível e a faísca. e) O fogo é algo que surge naturalmente, sem precisar de algo específico. 2. A partir dos conhecimentos adquiridos sobre combustão, assinale a alternativa correta: a) A explosão acontece quando a velocidade da combustão é lenta. b) Na combustão incompleta, é comum a produção de fumaça, além do monóxido de carbono e da água. c) Na combustão completa, é comum encontrarmos, nos produtos, monóxido de carbono e água. d) O incêndio é um exemplo de quando a velocidade da combustão é dita como ativa. e) A combustão completa ocorre quando a chama produzida é a vermelha. 3. A partir dos conhecimentos adquiridos sobre pontos notáveis, assinale a alternativa incorreta: a) O Ponto de Fulgor é a temperatura mais baixa em que o combustível pode estar para que se inicie a combustão, mesmo que por segundos não permaneça. b) Quando o combustível chega até o seu ponto de combustão, este se inflama na presença de oxigênio, e uma faísca e permanece até sua extinção. c) A diferença principal entre o ponto de fulgor, o ponto de combustão e a temperatura de ignição é que, nos dois primeiros, é necessária a presença das chamas e, no último, não há a presença da chama. d) A temperatura de ignição é a temperatura mais baixa, seguida do ponto de combustão e do ponto de fulgor. e) A temperatura de ignição sempre acontecerá com temperaturas baixas. 45 4. Classifique cada uma das afirmações a seguir como verdadeiro (V) ou falso (F): ( ) Combustíveis da Classe C são materiais elétricos energizados. ( ) Nos combustíveis da classe B, é comum aparecerem brasas depois que se inflamam. ( ) A principal característica de combustíveis da classe A é que queimam apenas na superfície. ( ) Incêndios da classe D, geralmente, são bem simples, pois acontecem em materiais sólidos Assinale a alternativa correta: a) V, V, V e V. b) F, F, F e F. c) V, F, V e F. d) V, F, F e F. e) F, F, V e V. 5. A proporção dos incêndios existe para que possamos medir a extinção do incêndio, ou seja, sua extensão é o tamanho do seu incêndio. Diante disso, assinale a alternativa correta: a) Princípio de incêndio é o incêndio característico em edifícios inteiros. b) Pequeno incêndio é característico dos incêndios da classe C. c) Médio incêndio é o incêndio característico que ocorre em uma loja. d) Grande incêndio é característico de incêndio em uma casa. e) Extraordinário incêndio ocorre em uma lata de tinta. 46 LEIS E NORMAS BRASILEIRAS SOBRE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS A prevenção é o conjunto de medidas que visam evitar que os sinistros surjam, mas não havendo essa possibilidade, que sejam mantidos sob controle, evitando a propa- gação e facilitando o combate. Ela pode ser alcançada por diversas formas: ■ atividades educativas como palestras e cursos nas escolas, empresas, prédios residenciais; ■ divulgação pelos meios de comunicação; ■ elaboração de normas e leis que obriguem a aprovação de projetos de pro- teção contra incêndios, instalação dos equipamentos, testes e manutenção adequados; ■ formação, treinamento e exercícios práticos de brigadas de incêndio. COMBATE O combate inicia-se quando não foi possível evitar o surgimento do incêndio, prefe- rencialmente, sendo adotadas as medidas na seguinte ordem: ■ salvamento de vidas; ■ isolamento; ■ confinamento; ■ extinção, e ■ rescaldo. (*) as operações de proteção de salvados e ventilação podem ocorrer em qualquer fase. PROJETO DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS O projeto de proteção contra incêndios deve nascer juntamente com o projeto de arquitetura, levando em conta as distâncias para serem alcançadas as saídas, as esca- das (largura, dimensionamento dos degraus, controle de fumaça, corrimãos, resistência ao fogo etc.), a combustibilidade e a resistência ao fogo das estruturas e materiais de acabamento, a vedação de aberturas entre pavimentos adjacentes, as barreiras para evitar propagação de um compartimento a outro, o controle da carga incêndio e a localização dos demais sistemas contra incêndios. O primeiro passo a ser dado é a classificação das ocupações. Ele determina os tipos de sistemas e equipamentos a serem executados na edificação; a partir daí devem ser pesquisadas as Normas Técnicas Brasileiras Oficiais para complemento do refe- 47 rido Decreto. É importante, também, a consulta à Prefeitura Municipal, pois podem existir exigências locais. Os riscos considerados são chamados de “A”, “B” e “C”, ou seja leve, médio e pesado que são determinados com base na “Tarifa Seguro Incêndio” do Instituto de Resseguros do Brasil. Existe um índice de ocupações que indicam uma rubrica e sub rubrica, de acordo com a rubrica é determinado o risco: até 2 risco “A”, 3 a 6 risco “B”, 7 a 13 risco “C”. ERROS DE PROJETO MAIS FREQUENTES Um projeto de proteção contra incêndio deve iniciar-se, juntamente, com o projeto de arquitetura e perfeitamente integrado com o de estrutura, hidráulico, elétrico, etc. Um bom projeto deve contar com proteção passiva (contenção da propagação vertical e horizontal), ativa (equipamentos de combate), sistemas de alarme, pessoal treinado e, principalmente saídas de emergência com iluminação de segurança adequada. É muito importe a limitação da carga de materiais combustíveis no interior da edificação. ■ sistema de iluminação de emergência - NBR 10898: • dificuldade de diferenciação entre aclaramento e balizamento. A primeira é a luminosidade mínima para observação de objetos e obstruções à pas- sagem; a segunda é a indicação clara e precisa da saídas e do sentido de fuga até local seguro; • não previsão de pontos de luz nas mudanças de direção, patamares inter- mediários de escadas e acima das saídas; • quando adotado gerador, deve manter condições idênticas aos sistemas alimentados por baterias (tempo de autonomia, localização dos pontos de luz, altura, potência, funcionamento automatizado aceitando-se par- tida até 15 segundos - no conjunto por baterias admite-se até 5 segundos); ■ sistema de alarme - NBR 9441: • localização do painel central em locais como depósitos, sob escadas onde não há pessoas frequentemente ou isolados, de forma que não possam notar o aviso desencadeado dos acionadores destacados e tomar as provi- dências necessárias imediatamente; ideal seria que houvesse até telefone com linha externa nas proximidades para acionamento imediato do Corpo de Bombeiros; • falta de acionadores manuais onde há detecção automática (uma pes- soa pode observar o surgimento de um foco de incêndio e não pode ficar esperando o sistema automático entrar em funcionamento, mas acionar o ponto manual imediatamente); ■ sistema de hidrantes: 48 • localização de registro de recalque dentro do pátio interno de empresas, sendo que deveria estar no passeio público próximo à portaria; • falta de tubulação de retorno de 6 mm de diâmetro da expedição da bomba à sua introdução, para evitar superaquecimentoquando funcionar sem vazão - é exigida somente para vazões superiores a 600 l/min; • falta de botoeira liga-desliga alternativa quando for projetado sistema automatizado de acionamento das bombas; • o acionamento nesse caso é automático, mas a parada da bomba princi- pal dever ser exclusivamente manual - tal procedimento visa evitar que uma pessoa que possa estar combatendo um incêndio seja prejudicada pelo desligamento acidental; • não consideração de cotas altimétricas no dimensionamento da bomba de incêndio; • não localização de hidrantes próximo às portas, sendo que em alguns casos teria uma pessoa que passar pelo incêndio para chegar até um hidrante que supôs-se utilizar para combater o mesmo. ■ saídas de emergência - NBR 9077/93: • inexistência de captação de ar externo para o duto de entrada de ar - erro- neamente sai diretamente do térreo, na laje e em local fechado. Deve haver prolongamento na mesma área ou maior até o exterior do prédio de forma a aspirar ar puro que possa subir até os locais desejados; • falta de corrimãos em ambos os lados das escadas; • arco de abertura da porta corta-fogo secando a curvatura da escada, sendo que no máximo pode tangenciar a mesma; • a descarga de todos os pavimentos no pavimento térreo deve ser isolada da descida até os pavimentos mais baixos a fim de evitar a descida até eles e permitir que mais rapidamente se alcance local seguro; • todas as portas de acesso às escadas de segurança devem ser do tipo cor- ta-fogo, que devem abrir no sentido da saída dos ocupantes; • projeto de passagem de instalações elétricas, hidráulicas, dutos de lixo, gás combustível nas paredes da escada ou até mesmo dentro delas; as únicas permitidas são as instalações elétricas da própria escada; • falta de barras antipânico nas portas de emergência de locais de reunião como cinemas, teatros, casas de espetáculos, salões de baile, dancete- rias, “karaoke” etc.; • falta de dimensionamento da largura e caminhamento para as portas de saída de acordo com o cálculo da população máxima possível do local. ■ extintores portáteis e sobrerodas (NBR 12692, 12693): • não previsão para riscos especiais como caldeiras, cabinas elétricas, casas 49 de máquinas de elevadores, depósitos de gás combustível que deverão possuir aparelhos adequados e exclusivos para eles; • não previsão de tipos diferentes em um mesmo piso, de forma a atender princípios de incêndio em materiais diversos; • normalmente quando é exigido o extintor sobre-rodas (carretas) insta- la-se apenas um; sendo que deverão ser projetados atendendo à classe de material que vai queimar, caminhamento, área de cobertura e atendi- mento exclusivamente no piso em que se encontram. Fonte: Leis e Normas Brasileiras Sobre Prevenção de Incêndios ([2018], on-line)8. 50 Comparação entre incêndios e explosões Neste vídeo você verá uma simulação sobre o incêndio do GRAN CIRCUS NORTE AMERICANO de 1961. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=y12CuYOf5T8>. Este vídeo trata do incêndio do Edifício Joelma e como era o salvamento na época desse incêndio. Acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-3RRsCQb1kY>. Este vídeo aborda o incêndio da Boate Kiss. Acesse o link disponível em: <https://globoplay.globo. com/v/2384397/>. Este vídeo trata de uma explosão. Observe a rapidez da explosão em comparação com os incêndios. Acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qpTK9CiREGg>. NPT- 003 -Terminologia de segurança contra incêndio-versão 2014. IT 03 - do Código dos bombeiros do Estado de São Paulo. Acesse o link disponível em: <http:// www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_003.pdf>. Classe A Nos links a seguir, você conseguirá verificar exemplos de incêndios característicos da Classe A, lembrando que a classe A é de materiais sólidos combustíveis. Acesse os links disponíveis em: <https://www.youtube.com/watch?v=75PA8mW58Jk>. <https://www.youtube.com/watch?v=o29AI1aF3IA>. Classe B No link a seguir, você conseguirá verificar um exemplo de incêndio característico da Classe B, lembrando que a classe B é de líquidos e gases inflamáveis. Acesse o link disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=5oh-jafKjZg>. Classe C Incêndios da classe C acontecem em materiais elétricos energizados, pois, se o material elétrico incendiado não estiver energizado, precisará ser analisado, possivelmente se enquadrará em classe A, caso não possuam acumuladores de energia, como capacitores ou baterias. Acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RUIRJFhfcNc>. Classe D O incêndio de classe D é o mais difícil de ser extinto, não podendo ser apagado/contido com água em hipótese nenhuma. Acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=rvJ-QIYW-sY>. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR CAMILLO JR., A. B. Manual de Prevenção e Combate a Incêndios. 13. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012. PARANÁ. NPT 003. Terminologia de Segurança Contra Incêndio (CSCIP- CB/ PMPR) - Código de Segurança Contra Incêndios e Pânico do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná. Curitiba: CSCIP - CB/PMPR, 2014. Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:k3rK AYUC6c0J:www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_003.pdf +&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 19 dez. 2018. RIO DE JANEIRO. Apostila do Estágio Probatório para Oficiais do Quadro de Saúde, EPOQS - Prevenção e Combate ao Incêndio. Código dos Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, 2008. SÃO PAULO. IT nº 03 - Terminologia de Segurança Contra Incêndio. Código dos Bombeiros Militar do Estado de São Paulo, 2014. Disponível em: <https://www. bombeiros.com.br/pdf/instrucoes-tecnicas-03.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2019. ______. Cartilha de Orientações Básicas. Noções de Prevenção contra Incêndio. Dicas de Segurança. Disponível em: <http://www.ccb.policiamilitar. sp.gov.br/icb/wpcontent/uploads/2017/02/Cartilha_de_Orientacao.pdf>. Acesso em: 26 dez. 2018. SALIBA, T. M. Curso Básico de Segurança e Higiene Ocupacional. 3. ed. Editora LTr: São Paulo, 2010. SEITO, A.; GILL A.; PANNONI, F. D.; SILVA, S. B.; ONO, R.; CARLO, U. D.; PIGNATT; SILVA, V. A Segurança Contra Incêndio no Brasil. 1. ed. São Paulo: Projeto Editora, 2008. Referências On-Line 1 Em: <http://grancircusincendio1961.blogspot.com/2011/03/incendio-no- -gran-circus-norte-americano_12.html>. Acesso em: 19 dez. 2018. 2 Em: <http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/incendio-circo/>. Acesso em: 19 dez. 2018. 3 Em: <https://ocaisdamemoria.com/2016/12/17/a-tragedia-do-gran-circus- -norte-americano/>. Acesso em: 19 dez. 2018. 4 Em: <http://f5.folha.uol.com.br/saiunonp/2014/02/1414050-incencio-no-joel- ma-mata-mais-de-100-pessoas-em-sp.shtml>. Acesso em: 19 dez. 2018. 5 Em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/10/13/ex- REFERÊNCIAS plosao-deixa-pelo-menos-cinco-feridos-no-centro-do-rio-diz-tv.htm>. Acesso em: 19 dez. 2018. 6 Em: <http://www.praxairsurfacetech.jp/sa/br/WMSEGPRO.NSF/43419c9f- 92323ddf83257a8c004a0d1e/a131a590761600c483256b680069082e/$FILE/ P4624.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2018. 7 Em: <https://docslide.com.br/documents/apostila-prevencao-e-combate-a- -incendio.html>. Acesso em: 20 dez. 2018. 8 Em: <http://wwwp.feb.unesp.br/jcandido/higiene/artigos/prevencao_inc. htm >. Acesso em: 26 dez. 2018. REFERÊNCIAS 53 1. C 2. B 3. D 4. D 5. C GABARITO U N ID A D E II Professora Dra. Ana Elisa Lavezo PROPAGAÇÃO, EXTINÇÃO E CLASSES DE RISCO Objetivos de Aprendizagem ■ Analisar as formas de propagação de um incêndio. ■ Entender as formas para extinguir um princípio de incêndio. ■ Compreender a NR 23 - Proteção contra incêndio, para fins de pesquisa. ■ Obter as classes de risco das diferentes edificações. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Formas de Propagação ■ Formas de Extinção ■ NR 23 - Proteção Contra Incêndio ■ Classe
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