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Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre CIRCULAÇÃO NORMAL Função e metabolismo normais dos órgãos, tecidos e células depende do sistema circulatório intacto para a entrega contínua de oxigênio, nutrientes, hormônios, eletrólitos e água, bem como para a remoção de resíduos metabólicos e dióxido de carbono. ▪ O sistema circulatório é um canal vascular composto por uma bomba muscular (coração) conectada a tubos (vasos sanguíneos) que entregam sangue a órgãos e tecidos e o devolvem ao coração para completar o circuito; ▪ Depende de: o Funcionamento da bomba (coração); o Integridade dos vasos; o Características do sangue (físicas: fluido o suficiente para fluir pelos vasos, mas também deve ter uma viscosidade mínima para manter um equilíbrio osmótico). FLUXO SANGUÍNEO ▪ O sangue é uma suspensão em que células estão dispersas em uma parte líquida, o plasma, no qual estão dissolvidas muitas moléculas que, junto com as células, determinam a viscosidade sanguínea e, consequentemente, as suas fluidez e velocidade dentro dos vasos. ▪ Fluxo laminar: em condições ideais, a viscosidade do sangue e a velocidade do fluxo fazem com que os elementos figurados ocupem o eixo da coluna em movimento, com os elementos maiores deslocando-se em maior velocidade no centro do vaso e os menores, mais próximos da superfície endotelial, em menor velocidade. REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL (PA) ▪ A regulação da PA é feita por fatores humorais e/ou neurais, e depende diretamente da resistência periférica e do debito cardíaco. EDEMA É o acúmulo de líquido nos espaços intersticiais dos tecidos, podendo ser locais ou generalizados. Anarsaca é o edema grave, generalizado, caracterizado por profundo inchaço dos tecidos subcutâneos e acúmulo de fluido nas cavidades corporais. Em circunstâncias normais existe o equilíbrio entre pressão hidrostática vascular e pressão osmótica do coloide no plasma; portanto há apenas um pequeno movimento de líquido para o interstício, que é drenado para os vasos linfáticos e, finalmente, retorna à corrente sanguínea através do ducto torácico, mantendo os tecidos "secos". Figura 1: ▪ A pressão hidrostática aumentada ou a pressão osmótica coloidal diminuída interrompe o equilíbrio e resulta no aumento do movimento do fluido para fora dos vasos, que leva ao acúmulo de fluido extravascular (edema); o Os linfáticos teciduais drenam grande parte do excesso de fluido de volta à circulação, entretanto, se a taxa líquida de movimento do fluido exceder a taxa de drenagem linfática, o líquido se acumula: ❖ Dentro dos tecidos: Edema; Cavidade: Derrame. Figura 2: Na primeira imagem: Queda de pressão osmótica e na segunda: Aumento da pressão hidrostática. MECANISMOS DO EDEMA ▪ Aumento da pressão hidrostática: o Retorno venoso comprometido; o Maior filtração do fluido no espaço intersticial e sua retenção como edema; Patologia Patologia Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre o Se o comprometimento estiver localizado, o edema será confinado à parte afetada (ex.: TVP: Trombose venosa profunda em uma extremidade inferior), e se o aumento for sistêmico o edema será́ mais disseminado (ex.: insuficiência cardíaca congestiva). ▪ Diminuição da pressão oncótica: o A diferença de pressão entre os compartimentos intravascular e intersticial é determinada pela concentração de proteínas plasmáticas, especialmente a albumina. Qualquer condição que diminua os níveis plasmáticos de albumina, tende a promover edema generalizado. ▪ Metabolismo do sódio e da água: o O sódio corporal total é o principal determinante do volume de fluido extracelular, porque é o principal cátion no fluido extracelular. Em outras palavras, o aumento do sódio corporal total deve ser equilibrado por mais água extracelular para manter a osmolaridade constante; o O controle do volume de líquido extracelular depende em grande parte da regulação da excreção renal de sódio, que é influenciada por (1) fator natriurético atrial, (2) sistema renina-angiotensina, e (3) atividade do sistema nervoso simpático. ▪ Obstrução linfática: o Os canais linfáticos podem ser obstruídos por (1) neoplasias, (2) fibrose resultante de inflamação ou irradiação e (3) ablação cirúrgica; o O edema linfático difere de outras formas de edema em seu alto conteúdo proteico, uma vez que a linfa é o veículo pelo qual proteínas e células intersticiais retornam à circulação, além de ser restrito (localizado). MORFOLOGIA ▪ Macroscopia: Aumento de volume (tumor). ▪ Microscopia: o Clareamento e separação das fibras elásticas que compõem a matriz extracelular; o Edema celular sutil ou não acontece; o Qualquer órgão ou tecido pode estar envolvido, mas o edema é mais comum em tecidos subcutâneos, pulmões e cérebro. No caso do pulmão, terá água onde deveria ter ar, comprometendo as trocas gasosas. No caso do cérebro, como ele está dentro de uma caixa rígida (crânio), se inchar não tem para onde expandir, o que levará a uma compressão do encéfalo. Figura 3: Edema no tecido subcutâneo. Figura 4: Edema em uma cavidade. Figura 5: Obstrução linfática por edema (Linfedema). HIPEREMIA ▪ É o excesso de sangue em um órgão que pode ser por: o Hiperemia ativa: Aumento do aporte sanguíneo/fluxo sanguíneo para o local; o Hiperemia passiva/congestão: Comprometimento/falha da saída do sangue pelas vias venosas. HIPEREMIA ATIVA É um processo ativo, com suprimento aumentado de sangue para um órgão; ▪ Hiperemia ativa fisiológica: o Aumento da demanda funcional, como no coração e nos músculos esqueléticos durante o exercício; o Aumento de demanda por oxigênio: Ex.: O músculo esquelético pode aumentar seu fluxo sanguíneo (e, portanto, o fornecimento de oxigênio) em 20 vezes durante o exercício; o Influências neurogênicas e hormonais como em pessoa tímida corada e o rubor da menopausa; o Hiperemia cutânea em estados febris para dissipar o calor; o A região fica avermelhada (característica principal). Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Hiperemia ativa patológica: No processo de inflamação os mediadores vasoativos liberados pelas células inflamatórias causam dilatação dos vasos sanguíneos; o Ex.: Na pneumonia, os capilares alveolares são ingurgitados de sangue; o Como a inflamação também pode danificar as células endoteliais e aumentar a permeabilidade capilar, a hiperemia inflamatória é frequentemente acompanhada de edema e extravasamento local de eritrócitos. o A hiperemia reativa ocorre após a interrupção temporária do suprimento sanguíneo (isquemia); o A liberação da obstrução é seguida por hiperemia ativa, provavelmente devido a lesão do tecido isquêmico e liberação de agentes inflamatórios como a histamina. Figura 6: Macroscopia e microscopia HIPEREMIA PASSIVA (CONGESTÃO) É o ingurgitamento de um órgão com sangue venoso, ou seja, há uma dificuldade na drenagem do sangue. Ocorre o comprometimento da drenagem venosa por: ▪ Retorno venoso reduzido em consequência de bloqueio obstrutivo e localizado, como acontece em trombose venosa: Compressão de veias por causas variadas ou condições que favorecem o empilhamento de eritrócitos e o aumento da viscosidade sanguínea. ▪ Redução do retorno venoso sistêmico ou pulmonar, como acontece na insuficiência cardíaca. MORFOLOGIA ▪ Coloração azul avermelhada escura/arroxeada (cianose) devido à estase de células vermelhas e à presença de hemoglobina desoxigenada; ▪ Com o aumento da pressão hidrostática, a congestão geralmente leva ao edema; ▪ Em congestão passiva crônica, a hipóxia crônica associada pode resultar em lesão e cicatrização do tecido isquêmico; ▪ Pode ocorrer a ruptura capilar, que pode produzir pequenos focos hemorrágicos;▪ O catabolismo subsequente de eritrócitos extravasados pode deixar aglomerados residuais de macrófagos carregados de hemossiderina. Figura 7: Na primeira imagem, fígado com aspecto em noz moscada, e na segunda pulmão com hemossiderina. HEMORRAGIAS Extravasamento de sangue dos vasos para o espaço extra vascular e pode ser externa ou estar confinada dentro de um tecido. ▪ A significância clínica da hemorragia vai depender: o Volume e da velocidade de perda de sangue; o O local de hemorragia. ▪ Perda de sangue externa crônica ou recorrente provoca uma perda líquida de ferro, muitas vezes culminando em uma anemia por deficiência de ferro: o Quando eritrócitos são retidos (hemorragia em cavidades do corpo ou tecidos), o ferro pode ser reutilizado para a síntese de hemoglobina. ▪ A ruptura de uma grande artéria ou veia resulta em hemorragia grave; o Quase sempre são devidas a lesão vascular (trauma, aterosclerose, erosão inflamatória ou neoplásica da parede do vaso). CLASSIF ICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS Depende do volume de sangue extravasado. ▪ Grandes acúmulos de sangue em uma cavidade do corpo: o Hemotórax; Hemopericárdio; Hemoperitônio; Hemartrose (nas articulações). ▪ Pacientes com hemorragias extensas podem desenvolver icterícia, por causa da quebra maciça (hemólise) de hemácias e hemoglobina e aumento sistêmico em bilirrubina; ▪ Hematomas: É um termo genérico e significa qualquer acúmulo de sangue nos tecidos. Podem ser insignificantes ou causar óbito, a depender do local e do tamanho: o Petéquias, Púrpura e Equimose. ▪ Localização (depende do sistema - origem). Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre Figura 8: Mudança de cor: Hemoglobina (cor vermelho- azulada) é então enzimaticamente convertida em bilirrubina (cor azul- esverdeada) e, eventualmente, em hemossiderina (marrom- dourado). Ratificando o processe: Primeiramente o hematoma será vermelho (se for sangue venoso, será roxo), as hemácias começam a ser destruídas e removidas por macrófagos que iram converter a hemoglobina em biliverdina (dando a colocação verde/amarela), depois em bilirrubina (coloração amarelada) e, depois em hemossiderina dentro do macrófago (cor amarronzada). Os macrófagos então serão drenados pelos canais linfáticos e o hematoma some. Figura 9: Hematoma no sistema nervoso. ▪ Petéquias: o Pequenas (1 a 2 mm), consideradas pontinhos; o Costumam ser vistas em hemorragias na pele, membranas mucosas, ou superfícies serosas; o Normalmente associadas a: ❖ Aumento da pressão intravascular no local, que pode levar a ruptura de pequenas arteríolas e vênulas pós capilares; ❖ Baixo número de plaquetas (trombocitopenia), pode ser por um defeito na função plaquetária ou outra razão; ❖ Deficiências em fator de coagulação. Figura 10: Petéquias, respectivamente, no pericárdio e intestino. OBS: A purpura medicamentosa pode ser causada pelo uso de AINES (anti-inflamatórios não esteroidais) porque eles bloqueiam a via das COX que são responsáveis por produzir, além das prostaglandinas, os tromboxanos comprometendo a coagulação. ▪ Púrpura: o Hemorragias levemente maiores (3 a 5mm), podem estar associadas com muitas doenças que também causam petéquias, com trauma, inflamação vascular (vasculites), ou aumento da fragilidade vascular; o Existem doenças como as purpuras trombocitopênicas e as não trombocitopênicas, que são doenças causadas por defeitos de coagulação e que possuem esse nome devido à presença dessas lesões. Figura 11: Púrpuras vistas macros- copicamente, e associadas a petéquias. ▪ Equimose: o Hematomas subcutâneos maiores (>1 a 2 cm); o Eritrócitos são fagocitados e degradados pelos macrófagos. Figura 12: Nas equimoses é possível visualizar a mudança de cor em um hematoma. SANGRAMENTOS DIVERSOS ▪ Hematêmese: Vômito com sangue; ▪ Melena: Eliminação de sangue digerido juntamente com as fezes, que então ficam pastosas, de cor escura (tipo borra de café) e de odor fétido. Associada a hemorragia digestiva alta; ▪ Hematoquesia: Hemorragia retal, termo médico utilizado para designar a presença de sangue vermelho nas fezes, associada a uma hemorragia digestiva baixa; ▪ Epistaxe: Sangramento nasal; ▪ Hemoptise: Expectoração de sangue proveniente dos pulmões, traqueia e brônquios, geralmente associado a tosse; ▪ Hematúria: Presença anormal de eritrócitos na urina (lesão no sistema renal). Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Hemoglobinúria: Presença de hemoglobina na urina em concentrações anormalmente altas (visto em condições de hemólise intensa). É possível diferenciar a hematúria da hemoglobinúria através da centrifugação ou deixando a amostra em repouso para decantar. Quando é hematúria, as hemácias descem por gravidade, já a hemoglobina continuará dispersa. HEMOSTASIA Série de processos regulados que mantêm o sangue em estado fluido, sem coágulos, nos vasos normais, formando ao mesmo tempo um tampão hemostático - processo pelo qual os coágulos sanguíneos se formam em locais de lesão vascular. ▪ Distúrbios hemorrágicos: Quando os mecanismos hemostáticos são enfraquecidos ou insuficientes para evitar a perda sanguínea anormal, resultando em sangramento excessivo; ▪ Distúrbios trombóticos: Os trombos formam-se dentro de vasos sanguíneos intactos ou dentro das câmaras do coração, de maneira desordenada e/ou exacerbada; ▪ Os participantes desse processo de hemostasia são as plaquetas, fatores de coagulação e endotélio. As principais etapas do processo de hemostasia normal a seguir: VASOCONSTRICÃO ARTERIOLAR Ocorre imediatamente após a ocorrência da lesão e reduz acentuadamente o fluxo sanguíneo para a área lesada. ▪ Mediada por mecanismos neurogênicos reflexos e aumentada pela secreção local de fatores como a endotelina (vasoconstrictor local derivado do endotélio); ▪ É transitório, e o sangramento seria retomado se não fosse pela ativação de plaquetas e fatores de coagulação. Figura 13: Após a lesão celular, fatores neuro- humorais locais induzem vasoconstricção transitória. HEMOSTASIA PRIMÁRIA Formação do tampão plaquetário que vai interromper, de maneira mais segura e duradoura, a passagem do sangue. ▪ O rompimento do endotélio expõe o fator de von Willebrand (FvW) subendotelial e o colágeno, que promovem a adesão e a ativação plaquetária; ▪ A ativação das plaquetas resulta em uma mudança dramática na forma (de pequenos discos arredondados para placas planas com protuberâncias pontiagudas que aumentam acentuadamente a área de superfície), bem como na liberação de grânulos de secreção; ▪ Em poucos minutos, os produtos secretados recrutam plaquetas adicionais, que sofrem agregação para formar um tampão hemostático primário (“remendo”). Figura 14: Hemostasia primária. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Deposição de fibrina a fim de tornar o tampão ficar mais resistente. ▪ A lesão endotelial também expõe o fator tecidual (fator III ou tromboplastina), que é uma glicoproteína prócoagulante presente na membrana e é normalmente expressa por células subendoteliais na parede do vaso, como células musculares lisas e fibroblastos. Esse fator irá se ligar e ativa o fator VII, iniciando a cascata de coagulação; ▪ No final da cascata de coagulação terá a produção da trombina que cliva o fibrinogênio circulante em fibrina insolúvel, criando uma malha de fibrina, levando à agregação adicional de plaquetas no local da lesão. Figura 15: Hemostasia secundária. ESTABILIZAÇÃO E REABSORÇÃO DO COÁGULO. A fibrina polimerizada e agregados de plaquetas sofrem contração para formar um tampão sólido e permanente que previne hemorragias posteriores. ▪ Mecanismos contra-reguladores ou trombolíticos: Ativador do plasminogênio tecidual (t-PA),que limitam a coagulação para o local da lesão e conduzem eventualmente à reabsorção do coágulo e reparação do tecido. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre Figura 16: Mecanismos contrarrelatórios. PLAQUETAS As plaquetas são fragmentos celulares anucleados em forma de disco que são liberados de megacariócitos na medula óssea para a corrente sanguínea. ▪ Formam o tampão primário na hemostasia; ▪ Possui dois tipos de grânulos citoplasmáticos: o α-grânulos que expressam a molécula de adesão P- selectina em suas membranas e contêm proteínas envolvidas na coagulação, como fibrinogênio, fator de coagulação V e vWF, bem como fatores proteicos que podem estar envolvidos na cicatrização de feridas, como fibronectina, fator plaquetária 4 (uma quimiocinas ligante da heparina), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), e transformando o fator de crescimento β. o Grânulos densos (ou δ): Contêm adenosina difosfato (ADP) e adenosina trifosfato (ATP), cálcio ionizado, serotonina e epinefrina. ▪ A adesão plaquetária inicia a formação do coagulo e depende do FvW, que atua como uma ponte entre a glicoproteína Ib (GpIb) do receptor da superfície plaquetária e o colágeno exposto; ▪ As plaquetas mudam rapidamente de formato após a adesão, sendo convertidas de discos lisos para “ouriços-do-mar” pontiagudos, com área de superfície muito aumentada. Esta alteração é acompanhada por alterações na glicoproteína IIb/ IIIa que aumentam a sua afinidade pelo fibrinogênio e pela translocação de fosfolipídios com carga negativa (particularmente fosfatidilserina) para a superfície das plaquetas. Esses fosfolipídios ligam o cálcio e servem como locais de nucleação para a montagem de complexos de fator de coagulação ▪ Na ativação plaquetária a secreção do conteúdo dos grânulos ocorre junto com mudanças na forma e também desencadeia a liberação de trombina e o ADP: o Trombina: Ativa as plaquetas através de um tipo especial de receptor (Receptor ativado de protease – PAR) acoplado à proteína G; o ADP: Componente de grânulos de corpo denso, atua como co-fator/sinalizador. ▪ As plaquetas ativadas produzem o tromboxano A2 (TxA2), um potente indutor da agregação plaquetária; Figura 17: Processo plaquetário. A aspirina e os AINES (anti-inflamatórios não esteroidais) inibe a agregação plaquetária e produz um leve defeito no sangramento ao inibir a ciclooxigenase, uma enzima plaquetária que é necessária para a síntese do TxA2. Embora o fenômeno seja menos bem caracterizado, suspeitasse também que os fatores de crescimento liberados pelas plaquetas contribuam para o reparo da parede do vaso após a lesão. ENDOTÉLIO As células endoteliais normais expressam fatores que inibem as atividades pró-coagulantes das plaquetas e fatores de coagulação e que aumentam a fibrinólise. ▪ O equilíbrio entre as atividades anti e pró-coagulantes do endotélio: formação, propagação ou dissolução do trombo. ▪ Se lesionadas ou expostas a fatores pró-inflamatórios, as células endoteliais perdem muitas de suas propriedades antitrombóticas; EFEITOS INIBITORES PLAQUETÁRIOS ▪ Barreira mecânica que protege as plaquetas do vWF subendotelial e do colágeno; ▪ Liberam fatores que inibem a ativação e a agregação plaquetária: o Prostaciclina (PGI2); Óxido nítrico (NO); Adenosina difosfatase: degrada o ADP, um potente ativador da agregação plaquetária; Células endoteliais se ligam e alteram a atividade da trombina. EFEITOS ANTICOAGULANTES ▪ Barreira física; ▪ Expressão de múltiplos fatores que se opõem ativamente à coagulação: Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre o Trombomodulina e Receptor da proteína C endotelial: Ligam-se à trombina e à proteína C, respectivamente, em um complexo na superfície da célula endotelial: ❖ Quando ligada, a trombina perde sua capacidade de ativar fatores de coagulação e plaquetas, e em vez disso cliva e ativa a proteína C, uma protease dependente de vitamina K que requer um cofator, proteína S. O complexo proteína C/proteína S ativado é um potente inibidor dos fatores de coagulação Va e VIIIa. o Moléculas semelhantes à heparina que se ligam e ativam a antitrombina III, que então inibe a trombina e os fatores IXa, Xa, XIa e XIIa; o Inibidor da via do fator tecidual (TFPI)que requer a proteína S como cofator e, como o nome indica, liga e inibe os complexos fator tecidual/fator VIIa. Figura 18: Efeitos anticoagulantes do endotélio. CASCATA DE COAGULAÇÃO É uma série de reações enzimáticas de amplificação que leva à deposição de um coágulo de fibrina insolúvel. ▪ Cada etapa da reação envolve uma enzima (um fator de coagulação ativado), um substrato (uma forma próenzima inativa de um fator de coagulação) e um cofator (um acelerador de reação); ▪ Vias extrínseca e intrínseca: No final da cascata a formação de trombina que realiza a Conversão de fibrinogênio em fibrina reticulada: ▪ Converte diretamente o fibrinogênio solúvel em monômeros de fibrina que polimerizam em um coágulo insolúvel; ▪ Amplifica o processo de coagulação, não apenas ativando o fator XI, mas também ativando dois cofatores críticos, os fatores V e VIII; ▪ Estabiliza o plugue hemostático secundário ativando o fator XIII, que reticula covalentemente a fibrina; ▪ Induz a ativação plaquetária: Potente indutor de ativação e agregação plaquetária através de sua capacidade de ativar PARs (receptores ativados por proteases). ▪ Possui efeitos pró-inflamatórios: PARs também são expressos em células inflamatórias e outros tipos de células, e acredita-se que a ativação desses receptores pela trombina medeia os efeitos pró-inflamatórios que contribuem para a reparação tecidual e a angiogênese; ▪ Possui efeitos anticoagulantes: Ao encontrar trombina, o endotélio normal, muda de pró-coagulante para anticoagulante. TROMBOSE Patologia da homeostasia: Coagulação de sangue no interior do vaso pela agregação plaquetária. ▪ Principais influências na formação de trombo: o A tríade de Virchow são os três fatores principais que levam a formação do trombo, que são: Figura 19: Tríade de Virchow. LESÃO ENDOTELIAL Principal influência/dominante, pois por si só, pode conduzir a trombose. ▪ A perda física de endotélio se dá por: o Exposição de MEC subendotelial, que é trombogênica e então inicia a cascata; Adesão de plaquetas; Liberação de fator tecidual; Depleção local dos PGI2 e ativadores de plasminogênio, ou seja, perda dos mecanismos reguladores da coagulação. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre Disfunção endotelial: Não necessita ser lesado fisicamente, qualquer perturbação no equilíbrio dinâmico das atividades pró- trombóticas e antitrombótica do endotélio pode influenciar os acontecimentos locais de coagulação. ▪ Elabora uma maior quantidade de fatores prócoagulantes: o Moléculas de adesão de plaquetas, fator tecidual, fator ativador plaquetário; ▪ Sintetiza menos efetores/moléculas anticoagulantes: o Trombomodulina, PGI2, t-PA (ativador de plasminogênio tecidual). ▪ Etiologias da disfunção endotelial: o Hipertensão (maior pressão perturba as células endoteliais); Fluxo sanguíneo turbulentos; Ação de endotoxinas bacterianas; Hipercolesterolemia; Radiação ou produtos absorvidos da fumaça do cigarro. ▪ A disfunção é importante para a formação de trombos no coração ou na circulação arterial porque nesses locais existem altas taxas de fluxo que poderiam prejudicar a coagulação através da prevenção da adesão plaquetária ou da diluição dos fatores de coagulação; ▪ Formação de trombos no interior das câmaras cardíacas: o Ex: Após lesão do endocárdio devido a infarto do miocárdio. ▪ Placas ateroscleróticas ulceradas no interior artérias; ▪ Locais de lesãovascular, traumática ou inflamatória (vasculites). ALTERAÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO NORMAL ▪ Fluxo laminar normal: Partículas deslizam em linha reta, uniformemente, em camadas concêntricas com camadas centrais fluindo com maior velocidade que as externas devido ao atrito interno das moléculas do fluido: o Os elementos sólidos, de maneira geral, circulam na região do eixo axial e o plasma mais na região periférica. ▪ Turbulência do fluxo sanguíneo ou fluxo turbilhonar: Quando os elementos que circulam no sangue se “atropelam” causando um fluxo sanguíneo menos eficiente. Isso vai gerar: o Turbulência: ❖ Formação de contracorrentes que causam lesão ou disfunção do endotélio, levando a formação de trombos arteriais ou cardíacos; ❖ É importante em placas aterosclerótica ulcerada e em Síndromes de hiperviscosidade (ex.: policitemia) aumentam a resistência ao fluxo em pequenos vasos. o Estase: Locais de diminuição e/ou interrupção do fluxo sanguíneo. A estase do processo inflamatório acontece de maneira controlada, sendo uma situação normal e fisiológica. ▪ O problema é a estase alterada pois tem associação direta com a trombose: o Formação de bolsas e locais de diminuição da velocidade do fluxo; o Fator principal para o desenvolvimento de trombos venosos; ▪ Possui uma grande importância em: o Aneurismas: Infarto agudo do miocárdio: Áreas não contráteis do miocárdio à -- Aneurisma cardíaco; o Estenose da válvula mitral: Dilatação do átrio esquerdo, perde capacidade de contração e o sangue fica parado; o Glóbulos vermelhos deformados (anemia falciforme): oclusões vasculares. HIPERCOAGULABILIDADE É qualquer alteração das vias de coagulação, que predispõe à trombose. ▪ Contribui com menos frequência para os estados trombóticos; ▪ Desordens primárias (genéticas): o Mutações no gene do fator V e o gene da protrombina são os mais comuns; ▪ Secundárias (adquiridas): o Frequentemente multifatorial (anticoncepcionais orais). E a tríade de Virchow contribui para a formação de trombose: É um coágulo de sangue dentro do sistema cardiovascular que pode se desenvolver em qualquer parte do sistema cardiovascular (mais comum em veias dos membros inferiores - 90%). ▪ O tamanho e a forma dependem do local de origem e da causa; ▪ A porção propagadora (“calda”) de um trombo tende a ser pouco fixada e, portanto, propensa à fragmentação, gerando êmbolos; ▪ Trombos arteriais ou cardíacos: Geralmente começam nos locais de lesão endotelial ou turbulência. ▪ Trombos venosos: Caracteristicamente ocorrem em locais de estase. TROMBOS MURAIS ▪ Ocorrem em câmaras cardíacas ou no lúmen da aorta. ▪ Associados com contração miocárdica anormal (resultante de arritmias, miocardiopatia dilatada, ou infarto do miocárdio) ou lesão endomiocárdica (causada por miocardite, trauma por cateter). Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre Figura 20: Trombos no sistema cardiovascular. TROMBOS ARTERIAIS ▪ Típico de uma malha friável de plaquetas, fibrina, eritrócitos e leucócitos degenerados; ▪ Frequentemente oclusivos; ▪ Geralmente sobrepostos sobre uma placa aterosclerótica rompida, ou por outra lesão vascular (vasculite, trauma) pode estar envolvida também. Figura 21. Figura 22: Diferença entre uma coronária normal e ocluída. TROMBOS VENOSOS ▪ São resultados do quadro de estase e promovem ativação endotelial: o Aumento da atividade pró-coagulante, a adesão leucocitária (anticoncepcional oral). ▪ Interrompem o fluxo laminar e permitem que as plaquetas entrem em contato com o endotélio; ▪ Impedem a limpeza e a diluição dos fatores de coagulação ativados pelo fluxo sanguíneo fresco e o influxo de inibidores dos fatores de coagulação; ▪ Quase invariavelmente oclusiva; ▪ Formados na circulação venosa lenta pois contêm mais eritrócitos chamados de trombos vermelhos, ou de estase; Figura 23: Trombose venosa. Coágulos post-mortem: ▪ As vezes confundidos na necropsia com trombos venosos; ▪ São gelatinosos, com uma porção vermelho escuro (eritrócitos) e, e uma porção superior amarela que é o plasma. ▪ Geralmente não estão ligados à parede subjacente. DESTINOS DO TROMBO ▪ Propagação: Acúmulo de plaquetas e fibrina (aumento de tamanho, podendo se romper e soltar um pedaço e causar obstrução) e pode levar a embolização; ▪ Embolização: Trombo se desprende ou fragmenta e é transportado para outra parte; ▪ Dissolução (É o ideal): Pelo processo de fibrinólise; ▪ Organização e recanalização: Recrutamento de células endoteliais, células musculares lisas e fibroblastos: o Há a formação ocasional de canais capilares, que podem reestabelecer a continuidade do lúmen; o Solução paliativa desenvolvida pelo corpo, mas é um local de alto risco de oclusão. Calcificação distrófica: Pode ocorrer deposição de cálcio no trombo, o que demonstra um processo mais crônico e grave. Figura 24: Calcificação distrófica. CID – COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA É uma síndrome adquirida, caracterizada pela ativação difusa da coagulação intravascular, levando à formação e deposição de fibrina na microvasculatura. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Os trombos são minúsculos (microtrombos), hialinos e constituídos de plaquetas e, principalmente, fibrina; ▪ São mais comuns em rins, pulmões, encéfalo, coração e glândulas endócrinas. 1º: Terá uma doença de base que ativa um processo de coagulação. 2º: O consumo e consequente depleção dos fatores de coagulação e plaquetas, resultantes da contínua atividade prócoagulantes, pode levar a sangramento difuso, o que frequentemente é a primeira manifestação notada. ▪ A CID tem uma fase trombótica e uma fase hemorrágica, que podem acontecer simultaneamente. ▪ Em consequência da formação generalizada de trombos de fibrina, ocorre ativação sistêmica do sistema fibrinolítico, o que leva a consumo de fibrinogênio e de outros fatores de coagulação; ▪ Com isso, surge hemorragia sistêmica, caracterizando a chamada coagulopatia de consumo. ▪ Principais causas: o Condições obstétricas: Liberação de grande quantidade de tromboplastina (fator tecidual da coagulação), que inicia a cascata da coagulação sanguínea; ❖ Embolia amniótica; Descolamento prematuro da placenta; Feto morto retido. o Traumatismo com destruição tecidual: ❖ DAMP e PAMP caem na circulação e produzem resposta inflamatória sistêmica. o Infecções sistêmicas de qualquer natureza, mas especialmente bacterianas: ❖ Redução na velocidade sanguínea e modificações endoteliais favorecem a adesão plaquetária e a formação de microtrombos hialinos. Muitos PAMP são ativadores da coagulação, o que explica a alta frequência de CID no choque séptico de origem bacteriana. o Neoplasias malignas, sobretudo mieloides, linfoides e carcinomas metastáticos: inflamação. EMBOLIA É a passagem através de circulações venosas ou arteriais de qualquer material que possa se alojar em um vaso sanguíneo e obstruir seu lúmen. ▪ Êmbolo é uma massa intravascular solta, sólida, líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue para um local distante do seu ponto de origem; ▪ Quase todos os êmbolos representam uma parte de um trombo desalojado, por isso o termo tromboembolismo é frequentemente usado: o A embolia mais frequente é a tromboembolia, porém não é a única forma. ▪ Formas raras de êmbolos: o Gotículas de gordura (ex.: em indivíduos obesos); Bolhas de nitrogênio (ex.: Síndrome de descompressão); Detritos ateroscleróticos; Fragmentos de tumor (por disfunção endotelial ou invasão da parede do vaso); Fragmentos de medula óssea (ex.: Indivíduos com fratura de ossos longos); Fragmentos de vegetações valvares(ex.: endocardite); Corpos estranhos. EMBOLIA SÓLIDA Êmbolos sólidos correspondem a fragmentos de trombos ou de tecidos. ▪ Os mais comuns são os êmbolos trombóticos (tromboêmbolos,), originados da fragmentação ou do desprendimento de trombos nas câmaras cardíacas, valvas do coração, aorta e veias profundas: o Lado esquerdo: Podem obstruir vasos em qualquer território e causar isquemia de gravidade variada, sobretudo em órgãos com circulação terminal; o Lado direito: Oriundos do coração direito ou de veias da grande circulação, provocam obstrução das artérias pulmonares ou de seus ramos (embolia pulmonar). TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) Doença grave, causada pela formação de trombos no interior das veias profundas, sendo mais comum na panturrilha, coxas e membros superiores. ▪ É grave, pois frequentemente esses tombos embolizam nos pulmões, causando infarto pulmonar: o Pode ser compensada por vasos colaterais, sendo normalmente assintomática, sendo reconhecida após embolização: ❖ Quando sintomática causa edema, calor, dor, vermelhidão e endurecimento da musculatura na região afetada; Deposição de fibrina Oclusão dos vasos Irrigação sanguíbeia de diversos órgãos comprometida Falência múltipla de órgãos Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre Figura 25: TVP. ▪ Normalmente associada com estado de hipercoagulabilidade, repouso e imobilização, insuficiência cardíaca, câncer e gestação; ▪ O diagnostico depende da história clinica e exames com ecodoppler, flebografia e ressonância magnética: o Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o prognóstico, evitando sequelas. SÍNDROME PÓS-TROMBÓTICA ▪ Conjunto de sinais e sintomas que ocorrem como complicação da TVP; ▪ É causada pela hipertensão venosa crônica causada pela obstrução residual; ▪ Composta pelos sinais de edema, hiperpigmentação (dermatite ocre, trânsito de hemácias no interstício pela hipertensão local, com liberação de hemoglobina) e úlcera; ▪ A correção está diretamente ligada à correção da trombose. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR ▪ Transporte dos trombos por canais progressivamente maiores para o lado direito do coração, colidindo posteriormente com a vasculatura arterial pulmonar: o A depender do tamanho, pode ocluir a artéria pulmonar principal e se impactar através da bifurcação da artéria pulmonar (êmbolo em sela); o Pode ser fragmentar, gerando uma “chuva” de pequenos êmbolos, ocluindo vasos menores. ▪ Mais de 95% dos casos se origina de TVP, principalmente ileofemorais ou da panturrilha. ▪ Êmbolos grandes: o Obstruem o tronco da artéria pulmonar, causando bloqueio mecânico do leito arterial, que é agravado por vasoconstrição reflexa (liberação de TXA2 pelos trombos); o Aumento abrupto da pressão pulmonar causando sobrecarga do ventrículo direito e redução acentuada do sangue que chega ao lado esquerdo do coração, resultando em choque; o Causa dispneia, tosse, dor e hipotensão arterial o Quando a circulação é ocluída em 60% ou mais, pode ocorrer IC direita, morte súbita e colapso cardiovascular. ▪ Êmbolos médios: o Costuma ser assintomático, pois a irrigação pelas artérias brônquicas é capaz de evitar necrose do parênquima irrigado pela artéria obstruída; o Em indivíduos com insuficiência cardíaca, a pressão nas artérias brônquicas não é suficiente para superar o aumento na pressão nas veias pulmonares, diminuindo a velocidade do fluxo arterial e à levando necrose hemorrágica (pelo mínimo fluxo); o Causa fraqueza temporária, dispneia, arritmias, dor, hemoptise. ▪ Êmbolos pequenos: o Quando múltiplos, repetidos e disseminados podem ocluir circulação pulmonar; o Oclusão de mais de 30% do leito pulmonar causa hipertensão e cor pulmonale. Figura 26: Êmbolos grandes, médios e pequenos, respectivamente. EMBOLIA GASOSA Bolhas de gás na circulação podem coalescer para formar massas espumosas que obstruem o fluxo vascular e causam lesão isquêmica distal; ▪ Pequenas quantidades de ar circulante são de pouca importância, mas quantidades de 100 mL ou mais podem resultar em morte súbita; ▪ Histologicamente, as bolhas de ar aparecem como espaços vazios nos capilares e pequenos vasos do pulmão. ▪ Embolia gasosa iatrogênica: o Procedimentos invasivos, propedêuticos ou terapêuticos, por meio da inserção de agulhas e cateteres em vasos. SÍNDROME DE DESCOMPRESSÃO Acontecem em pessoas expostas a aumento da pressão atmosférica, como mergulhadores. ▪ Durante a descida, grandes quantidades de gás inerte (ex.: nitrogênio ou hélio) são dissolvidas nos fluidos corporais; Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Quando o mergulhador sobe, esse gás é liberado da solução e exalado, ou seja, descomprimido: o No entanto, se a subida for muito rápida, bolhas de gás se formam na circulação e nos tecidos, obstruindo o fluxo sanguíneo e prejudicando diretamente as células. EMBOLIA LÍQUIDA EMBOLIA DO LÍQUIDO AMNIÓTICO Infusão de líquido amniótico ou tecido fetal na circulação materna, através de um rasgo nas membranas placentárias ou ruptura das veias uterinas. ▪ Ocorre a ativação bioquímica de fatores de coagulação e componentes do sistema imunológico inato em vez da obstrução mecânica dos vasos pulmonares por detritos amnióticos; ▪ O início é caracterizado por dispneia grave súbita, cianose e choque, seguidos por comprometimento neurológico que varia de dor de cabeça a convulsões e coma: o Se o paciente sobreviver à crise inicial, o edema pulmonar geralmente se desenvolve, frequentemente acompanhado por coagulação intravascular disseminada. EMBOLIA GORDUROSA É considerada uma consequência direta do trauma, uma vez que a maior parte é formada por glóbulos de gordura provenientes da medula óssea, com essa gordura entrando nos capilares rompidos no local da fratura. ▪ Essas lesões rompem os sinusóides vasculares na medula ou pequenas vênulas, permitindo que a medula ou tecido adiposo adquira a característica de hérnia no espaço vascular e viaje para o pulmão; ▪ Os êmbolos de gordura e medula são achados incidentais muito comuns após ressuscitação cardiopulmonar vigorosa. SÍNDROME DE EMBOLIA GORDUROSA ▪ Minoria de pacientes que se tornam sintomáticos; ▪ É caracterizada por insuficiência pulmonar, sintomas neurológicos, anemia e trombocitopenia, com petéquias na pele e é fatal em cerca de 5% a 15% dos casos: o A trombocitopenia é atribuída à adesão plaquetária aos glóbulos de gordura e subsequente agregação ou sequestro esplênico. ▪ Causada pela obstrução mecânica e lesão bioquímica; ▪ Microembolia gordurosa e agregados associados de glóbulos vermelhos e plaquetas podem obstruir a microvasculatura pulmonar e cerebral; ▪ Liberação de ácidos graxos livres dos glóbulos de gordura agrava a situação, causando lesão tóxica local ao endotélio, e a ativação plaquetária e o recrutamento de granulócitos (com liberação de radicais livres, protease e eicosanoides) completam o ataque vascular. Figura 27: Síndrome gordurosa corada por HE e Sudan Red (visualizar a gordura). INFARTO Isquemia: É a redução (parcial) ou a cessação (total) do fluxo sanguíneo para um órgão ou tecido, ou seja, o aporte insuficiente de sangue para manter as necessidades metabólicas. ▪ Leva a hipóxia (redução) ou anóxia (interrupção); ▪ Geralmente é causada por obstrução total ou parcial de artérias, veias ou capilares; ▪ As causas da obstrução podem estar na luz do vaso ou fora (compressão extrínseca na parede vascular): o Trombos (principal); Neoplasias; Torções. O infarto é o processo pelo qual a necrose coagulativa se desenvolve em uma área distal à oclusão de uma artéria final. ▪ Infartos de órgãos vitais, como coração, cérebro e intestino, são condições médicas graves e são as principais causas demorbimortalidade; ▪ Se a vítima sobrevive, o infarto cura com uma cicatriz; ▪ A oclusão arterial parcial (estenose) ocasionalmente causa necrose, mas mais comumente leva a alterações atróficas associadas à isquemia crônica. INFARTOS BRANCOS OU ISQUÊMICO Branca porque há ausência de sangue; ▪ Típicos no coração, rins e baço: o A gangrena seca da perna devido à oclusão arterial é na verdade um grande infarto pálido; ▪ Inicialmente o tecido fica rígido e dentro de 1 ou 2 dias torna- se macio, delineado com nitidez e amarelo claro; ▪ A borda tende a vermelho escuro (hiperemia), refletindo a hemorragia no tecido viável circundante; Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Microscopicamente, exibe necrose coagulativa uniforme (como qualquer outra). INFARTOS VERMELHOS OU HEMORRÁGICOS Presença de sangue na área afetada (vasos adjacentes). ▪ Ocorrem principalmente em órgãos com um suprimento duplo de sangue, como o pulmão, ou naqueles com circulação colateral extensa (intestino delgado e cérebro); o No coração, um infarto vermelho ocorre quando a área infartada é reperfundida, como pode ocorrer após a lise espontânea ou terapeuticamente induzida de um trombo oclusivo; o No cérebro, um infarto sofre tipicamente necrose liquefativa e pode se tornar um cisto cheio de líquido, conhecido como infarto cístico. ▪ Os infartos vermelhos são fortemente circunscritos, firmes e de vermelho escuro a roxo; ▪ Por vários dias, as células inflamatórias agudas se infiltram na área necrótica a partir da borda viável (de fora para dentro). Os detritos celulares são fagocitados e digeridos por neutrófilos e posteriormente por macrófagos. Figura 28: Coração cortado trans- versalmente. Na seta menor, um infarto antigo, infarto sub- endocárdico, Na seta maior, o infarto recente, o qual levou o paciente a óbito. CHOQUE Condição de profunda perturbação hemodinâmica e metabólica caracterizada pela falha do sistema circulatório em manter um suprimento sanguíneo adequado à microcirculação, com consequente perfusão inadequada dos órgãos vitais. ▪ A perfusão tecidual é a entrega de oxigênio caem abaixo dos níveis necessários para atender às demandas normais. Choque não é sinônimo de pressão arterial baixa, embora a hipotensão faça parte da síndrome de choque. ▪ A hipotensão é na verdade um sinal tardio de choque e indica falha na compensação. CHOQUE CARDIOGÊNICO ▪ Baixo débito cardíaco: Muito observado em insuficiência cardíaca aguda, especialmente do ventrículo esquerdo, que resulta em incapacidade do coração em bombear o sangue para a circulação sistêmica; ▪ Para ocorrer choque cardiogênico, deve haver perda da massa miocárdica de pelo menos 40% e redução da capacidade de ejeção ventricular acima de 80%; ▪ Principais causas: infarto agudo do miocárdio e miocardites agudas e menos frequentemente: ruptura de valvas cardíacas (endocardite infecciosa) ou de músculo papilar. CHOQUE HIPOVOLÊMICO ▪ Redução aguda e intensa do volume circulante, por perda de líquidos para o meio externo; ▪ Visto em hemorragia grave, vômitos e diarreia, perda cutânea (queimaduras), passagem rápida de líquido do meio intravascular para a MEC (como na dengue, devido à perda de fluidos na microcirculação), retenção de grande quantidade de líquido na luz intestinal devido a íleo paralítico. CHOQUE SÉPTICO ▪ O choque séptico é mais frequentemente desencadeado por infecções bacterianas gram positivas, seguidas por bactérias e fungos gram negativos; ▪ Liberação maciça de mediadores inflamatórios que produzem vasodilatação arterial, vazamento vascular e pool de sangue venoso: o Essas anormalidades cardiovasculares resultam em hipoperfusão tecidual, hipóxia celular e distúrbios metabólicos que levam à disfunção orgânica e, se grave e persistente, falência e morte de órgãos. ▪ Deve-se notar que diversos gatilhos de choque (microbiano e não-microbiano) associados à inflamação produzem um conjunto semelhante de achados clínicos chamados de síndrome da resposta inflamatória sistêmica. Figura 29: Patologia do choque séptico. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre CHOQUE ANAFILÁTICO Consequência de uma reação sistêmica de hipersensibilidade do tipo I, que gera vasodilatação generalizada e aumento da permeabilidade vascular. CHOQUE NEUROGÊNICO Após uma lesão aguda no cérebro ou medula espinhal, que prejudica o controle neural do tônus vasomotor e causa vasodilatação generalizada. Em ambos os casos (anafilático e neurogênico) a subsequente redistribuição de sangue para a periferia, com ou sem aumento da permeabilidade vascular, reduz o volume circulante efetivo de sangue e plasma. Em última análise, isso leva às mesmas consequências que no choque hipovolêmico. HEMÓLISE Ruptura da membrana plasmática de eritrócitos, com liberação de hemoglobina. ▪ Eritrócito normal “vive” cerca de 120 dias de vida: o Destruição fisiológica é realizada pelo baço, fígado e medula óssea e é desencadeada por alterações nas proteínas de superfície dos eritrócitos que emite um sinal para destruição. ▪ Hemólise patológica: ANEMIAS HEMOLÍTICAS Indivíduos portadores de anemias hemolíticas apresentam: ▪ Hemólise; Altos níveis de eritropoietina (compensatória devido a perda intensa de hemácia); Acúmulo de produtos da degradação da hemoglobina liberada no processo: Bilirrubina (icterícia pré hepática). A HEMÓLISE PODE SER: ▪ Extravascular: (Dentro dos fagócitos): o Tanto em células acometidas como também em células não-acometidas; o Retirada exacerbada dos eritrócitos pelo sistema fagocítico mononuclear; o Consequência do reconhecimento pelo sistema imune: ❖ Eritrócitos encontram-se marcados por antígenos aderidos às suas membranas. o Ocorre em regiões que alteram a maleabilidade do eritrócito: ▪ Intravascular: (Fora dos fagócitos, dentro dos vasos): o Somente nas células acometidas; o Ruptura dos eritrócitos dentro dos vasos sanguíneos (no lúmen); o Acontece devido a destruição dos eritrócitos pela ação mecânica do patógeno ou por sistema complemento. ▪ A lise das hemácias produz mediadores inflamatórios da ação sistêmica que causam vasodilatação periférica e hipotensão, em processos hemolíticos graves. CAUSADA POR: ▪ Lesão mecânica (estenose, lesão valvar, trauma físico); ▪ Fixação de complemento (anticorpos reconhecem e ligam-se a antígenos eritrocitários); ▪ Parasitismo; ▪ Toxinas (Ex: Clostridium, que libera enzimas que digerem a membrana plasmática). MANIFESTAÇÕES ▪ Anemia; Hemoglobinemia; Hemoglobinúria e hemossiderinúria; Icterícia; Esplenomegalia, com hiperplasia de fagócitos. Figura 30: Consequências da Hemólise. Passagem por pequenos espaços Sequestro eritrocitário em cordões e sinusóides Fagocitose
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