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PFP1 Distúrbios Hemodinâmicos Discussão de fenômenos hemodinâmicos como: edema, hiperemia, congestão, infarto, hemorragia, choque e embolia. O sistema circulatório tem como função o transporte de oxigênio e nutrientes para os tecidos, além da coleta de suas excretas, auxiliando no metabolismo das células. Todos os vasos do sistema circulatório apresentam endotélio, sendo que as outras camadas apresentam variações. Ao longo desse trajeto, há interação dos líquidos dos vasos sanguíneos com o interstício, havendo a ação de forças de Starling (hidrostática e oncótica). A transferência de água entre os compartimentos vascular e intersticial ocorre no nível dos capilares. Quatro forças controlam essa transferência: 1.Pressão de filtração capilar, que empurra água para fora dos capilares e para dentro dos espaços intersticiais 2.Pressão coloidosmótica capilar, que atrai a água de volta ao interior dos capilares 3.Pressão hidrostática intersticial, que se opõe à saída da água dos capilares 4.Pressão coloidosmótica tecidual, que atrai água dos capilares para fora deles e para dentro dos espaços intersticiais. Em condições normais, a combinação dessas quatro forças é tal que apenas um pequeno excesso de líquidos permanece no compartimento intersticial. Esse excesso é removido do interstício pelo sistema linfático e devolvido à circulação sistêmica. A pressão hidrostática é uma força exercida pelos líquidos que tende a expulsar o líquido de seu compartimento. A pressão oncótica é uma força que atrai água para o compartimento. 90% do líquido que sai para o intestrício retorna para as vênulas e 10% se dirige aos capilares linfáticos. EDEMA Os distúrbios que afetam as funções cardiovascular, renal ou hepática geralmente são marcados pelo acúmulo de líquido nos tecidos (edemas) ou nas cavidades corporais fechadas (efusões). A importância do sistema cardiovascular se da devido ao papel deste sistema na regulação das pressões sanguíneas; o sistema renal está relacionado ao controle da volemia; a função hepática está relacionada a manutenção da pressão osmótica, devido a produção de proteínas plasmáticas. Sinal de Cacifo – digitopressão: Escala: + 1 (depressão de 2 mm); + 2 (depressão de 4 mm); + 3 (depressão de 6 mm); + 4 (depressão de 8 mm). Situações em que podem ser encontrados edema: O edema é constituído de água, eletrólitos, gases dissolvidos, moléculas de baixo peso molecular, é pobre proteínas plasmáticas e não contém leucócitos (transudato) e é causado por um desequilíbrio das Forças de Starling, sendo que suas causas não inflamatórias são: pressão hidrostática elevada, pressão coloidosmótica reduzida e alteração da drenagem linfática. Aumento da pressão hidrostática: ocorre principalmente por disfunções que impedem o retorno venoso. O aumento da retenção de sal, associado obrigatoriamente à retenção de água (o que geralmente ocorre em situações de insuficiência renal), provoca tanto o aumento da pressão hidrostática (devido à expansão de volume líquido intravascular) quanto a diminuição da pressão coloido-osmótica vascular (devido à diluição – aumento na quantidade de líquido intravascular, diminuindo a concentração das proteínas plasmáticas). Essa redução da pressão oncótica ocorre, mas não é tão significativa para causa o edema, que, nesse caso, ocorre devido ao aumento da pressão hidrosdática. Diminuição da pressão coloidosmótica (oncótica): sob circunstâncias normais, a albumina é responsável por quase a metade da proteína total de plasma; conclui-se que as condições que levam à síntese inadequada ou ao aumento da perda da albumina da circulação são causas comuns da redução da pressão oncótica do plasma. A redução na síntese de albumina ocorre principalmente na doença hepática grave (p. ex., cirrose em estágio final) e na desnutrição proteica. Outra causa importante da perda de albumina é a síndrome nefrótica. Obstrução linfátia: traumas, fibroses, tumores invasivos e agentes infecciosos podem romper vasos linfáticos e bloquear a eliminação de líquido intersticial, resultando em linfedema na parte afetada do corpo. Um exemplo importante pode ser visto na filariose parasitária, em que o organismo induz a fibrose obstrutiva dos canais linfáticos e linfonodos. Isso pode resultar em edema da genitália externa e dos membros inferiores, que ficam tão espessos que recebem o nome de elefantíase. Edema inflamatório: é uma consequência da inflamação. Resulta do aumento da permeabilidade capilar através da contração das células endoteliais durante a inflamação. Ele é constituído de água, eletrólitos, nutrientes, gases dissolvidos, e rico em proteínas plasmáticas (alto peso molecular) e células inflamatórias (exsudato). HIPEREMIA E CONGESTÃO A hiperemia pode ser dividida em hiperemia ativa e hiperemia passiva, sendo que esta última é a chamada de congestão. A hiperemia e a congestão decorrem do aumento do volume sanguíneo dentro dos tecidos, mas têm mecanismos subjacentes e consequências diferentes. Hiperemia ativa: processo ativo resultante da dilatação arteriolar (p. ex., como no músculo esquelético durante o exercício ou em locais de inflamação), levando a um aumento do fluxo sanguíneo local. Esses mediadores químicos influenciam a vasodilatação. Hiperemia passiva ou congestão: processo passivo resultante da redução do efluxo sanguíneo de um tecido (quando a drenagem venosa está dificultada). Ela pode ser sistêmica ou localizada. (1) retorno venoso reduzido em consequência de bloqueio obstrutivo e localizado, como acontece em trombose venosa, compressão de veias por causas variadas ou condições que favorecem o empilhamento de eritrócitos e o aumento da viscosidade sanguínea (hiperemia passiva ou congestão localizada); (2) por redução do retorno venoso sistêmico ou pulmonar, como acontece na insuficiência cardíaca (hiperemia passiva pulmonar e hiperemia passiva sistêmica). Pode resultar em uma cianose, devido ao acúmulo de Hb desoxigenada. As causas dessa hiperemia podem ser: obstrução; insuficiência das valvas cardíacas; compressão dos vasos. CORRELAÇÃO CLÍNICA – INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Insuficiência cardíaca esquerda: redução da potência do VE → acúmulo de sangue venoso no pulmão → congestão pulmonar → aumento da pressão hidrostática → consequência: edema pulmonar. Devido a congestão, os macrófagos tentam fagocitar as hemácias presentes, o que resulta no rompimento da Hb com consequente formação de hemossiderina. Insuficiência cardíaca direita: redução da potência do VD → acúmulo de sangue venoso na circulação sistêmica → possível anasarca. Uma condição específica dessa situação é a congestão hepática (acúmulo de sangue venoso no fígado), trazendo um aspecto macroscópico de noz moscada. INFARTO Infarto é uma área localizada de necrose isquêmica, por interrupção do fluxo sanguíneo arterial ou venoso. Eles podem ser vermelhos ou brancos. Possíveis causas: trombose arterial ou embolia arterial (maioria), volvo (torção de um órgão), aterosclerose etc. De olho na trombose venosa: Ainda que a trombose venosa possa causar um infarto, o resultado mais comum é apenas a congestão; nessa situação, os canais colaterais se abrem rapidamente, permitindo o efluxo vascular, o que melhora o afluxo arterial. Por isso os infartos causados por trombose venosa ocorrem mais provavelmente em órgãos com uma única veia eferente (p. ex., testículo e ovário). Aspectos morfológicos: geralmente, apresentam-se como lesão de forma piramidal (ou em cone), tendo o vértice em correspondência com o local da obstrução vascular e a base na região mais periférica. Tal configuração é bem característica em infartos de certos órgãos, como rins, baço e pulmões. Em outros locais, a forma do infarto é irregular, sem padrão definido. Fatores que influenciam o desenvolvimentodo infarto: • anatomia do suprimento vascular; • taxa de oclusão; • vulnerabilidade à hipóxia. Evolução do infarto: depende da sua extensão e do órgão comprometido. Podem ser fatais, como os do miocárdio, do encéfalo e dos intestinos. Por outro lado, podem passar despercebidos, como renais, esplênicos e até mesmo microinfartos do miocárdio. Os infartos evoluem para cura com cicatrização (ou gliose, no sistema nervoso central), que pode ser completa, resultando em cicatriz retrátil, ou incompleta, com formação de cistos (mais raro). Sendo áreas desvitalizadas, os infartos podem complicar-se com colonização e proliferação de bactérias anaeróbias, originando abscessos ou gangrena Infarto Branco: é o infarto em que a região afetada fica mais clara (branca ou amarelada) do que a cor normal do órgão. Ocorrem com oclusões arteriais em órgãos sólidos com circulação arterial terminal (p. ex., coração, baço e rim) e onde a densidade do tecido limita a penetração de sangue dos leitos capilares adjacentes na área necrótica (circulação colateral). Em órgãos ou territórios supridos por ramos colaterais, estes podem evitar lesões isquêmicas Morfologia: têm cor mais pálida do que a do órgão não lesado. O clareamento torna-se ainda mais evidente por lise das hemácias remanescentes na área infartada e por difusão da hemoglobina através dos tecidos. Com isso, o infarto adquire coloração branco-amarelada característica. Nas primeiras horas, a região pode tornar-se um pouco mais vermelha do que a adjacente, fenômeno que pode ser explicado pela vasoplegia da área necrosada e por refluxo do sangue venoso para o território arterial obstruído (hiperemia passiva/congestão). A partir de 24 h, a palidez torna-se mais evidente e acentua-se progressivamente. As margens do infarto branco tornam-se ainda mais nítidas quando a interface com o tecido viável circunjacente apresenta halo de hiperemia (*). Infartos recentes fazem discreta saliência na superfície do órgão. Com a reabsorção das células necrosadas e a cicatrização subsequente, a região de infarto retrai-se; quando totalmente cicatrizada, fica reduzida a cicatriz piramidal, com retração na superfície. Infartos de forma irregular formam cicatrizes também irregulares, retráteis, mantendo a forma irregular da área necrosada. (*) As necroses geram inflamação, sendo que nesta há alterações vasculares, resultando em uma hiperemia ativa ao redor da região de infarto. No SNC os infartos brancos mostram áreas de amolecimento (necrose liquefativa) após uma semana. Na microscopia do infarto branco, podem ser observados, resumidamente, os seguintes fenômenos: Aqui, outros exemplos de isquemia por obstrução de um ramo arterial levando a infartos. Como o território de distribuição das artérias é em forma de cunha, com o ápice voltado para o interior do órgão, os infartos também tendem a ter forma de cunha, com o ápice voltado para o ramo obstruido. Isto fica mais evidente na peça OH-35, onde o infarto é menor. Notar também nesta peça a cor pálida esbranquiçada do infarto, devida à falta de sangue no território isquêmico. Infarto Vermelho: a região comprometida adquire coloração vermelha em razão da hemorragia que se forma na área infartada. Ele pode ser causado por obstrução tanto arterial como venosa e ocorre caracteristicamente em órgãos com estroma frouxo (p. ex., pulmões) – onde o sangue pode acumular-se na área infartada, e/ou com circulação dupla ou com rica rede de vasos colaterais – que permitem o fluxo sanguíneo paralelo desobstruído para a zona necrótica. Morfologia: infartos vermelhos nos pulmões têm forma piramidal; nos intestinos, a forma é irregular. Em qualquer caso, o material necrótico tem cor vermelho-escura, pela mistura dos restos celulares com o sangue extravasado. As alterações macroscópicas dos infartos dependem, em boa parte, do tempo entre a ocorrência da necrose e o momento da sua observação. Isso é importante porque nem sempre é possível diagnosticar morfologicamente um infarto muito recente. Assim, se um indivíduo tem um infarto do miocárdio que o leva a morte em poucas horas, o exame do coração, pelos métodos convencionais, pode não detectar a existência da lesão isquêmica. Microscopicamente, o achado principal dos infartos é a necrose isquêmica, que caracteristicamente é do tipo necrose por coagulação. Novamente aqui, vale o princípio de que o aparecimento das alterações microscópicas da necrose também depende de certo tempo. Minutos ou poucas horas depois do infarto, podem não ser encontradas as alterações que caracterizam a necrose. Nos infartos hemorrágicos, o material necrótico fica misturado com sangue. Se o indivíduo sobrevive ao infarto, nos dias e semanas seguintes surgem os mecanismos de reparo. Infartos pulmonares recente e antigo. Dois fragmentos de pulmão. O da E. mostra uma área de cor mais escura e consistência mais firme, caracterizando um infarto hemorrágico recente. Os infartos pulmonares são sempre hemorrágicos e devidos à obstrução de um ramo da artéria pulmonar. Há inundação da área necrótica por sangue proveniente das veias pulmonares. Por ser o tecido pulmonar muito frouxo não opõe resistência, mesmo sendo a pressão das veias pulmonares baixa. O pulmão da D. mostra uma pequena área de cor mais clara na ponta. Trata- se de uma área de infarto pulmonar antigo em que o sangue extravasado para os alvéolos já foi absorvido ou organizado, resultando em fibrose, responsável pela cor mais pálida em relação ao restante do parênquima. HEMORRAGIA Hemorragia ou sangramento é o distúrbio da circulação caracterizado pela saída de sangue do compartimento vascular ou das câmaras cardíacas para o meio externo, para o interstício ou para as cavidades pré-formadas. Distúrbios associados a hemorragias anormais ocorrem inevitavelmente devido a defeitos primários ou secundários das paredes dos vasos, das plaquetas ou dos fatores da coagulação, todos os quais devem funcionar de maneira apropriada para garantir a hemostasia. Etiopatogenia: lesão da parede vascular; alteração da coagulação sanguínea; alterações quantitativas e qualitativas das plaquetas. Hemorragia por lesão da parede vascular: sangramento por comprometimento da parede do vaso ocorre por ruptura ou por diapedese. A causa mais comum de hemorragia por lesão da parede vascular é traumatismo mecânico que provoca ruptura do vaso (hemorragia por rexe). Hemácias saem sem o rompimento do vaso → hemorragia por diapedese → exemplo clássico: insuficiência venosa dos MMII Pode haver transformação hemorrágica de um infarto branco? Sim. Pode ocorrer a lise do trombo, por exemplo, com retomada da circulação, mas o tecido já está necrótico. Hemorragia por alteração na coagulação sanguínea: geralmente, manifesta-se como hemorragia espontânea. Quase sempre, é provocada por traumatismos pequenos, sendo o sangramento desproporcional à intensidade da lesão. Em mulheres, podem manifestar-se espontaneamente durante os períodos menstruais (menorragias). As principais hemorragias por alterações nos mecanismos da coagulação sanguínea estão relacionadas com: (1) deficiência congênita ou adquirida de fatores plasmáticos da coagulação (sintetizados pelo fígado); (2) excesso de anticoagulantes, endógenos ou exógenos. Hemorragia por alterações quantitativas ou qualitativas de plaquetas: redução do número (trombocitopenia) e alterações funcionais de plaquetas (trombocitopatia) acompanham-se frequentemente de hemorragia, especialmente como petéquias ou púrpuras. As causas mais comuns de trombocitopenia são aplasia e infiltração neoplásica da medula óssea, síndrome mielodisplásica, hiperesplenismo, medicamentos e autoanticorpos, estes especialmente na púrpura trombocitopênica idiopática. Próteses valvares podem aumentar a destruição de plaquetas (por lise mecânica), reduzindo o seu númerona circulação. Na trombocitopenia causada por medicamentos, a substância fica adsorvida à plaqueta e induz a síntese de anticorpos, os quais causam lise plaquetária por ativação do complemento. Alterações funcionais de plaquetas por medicamentos são frequentes. O melhor exemplo é o que acontece com fármacos que interferem na agregação plaquetária A extensão do sangramento na superfície corpórea ou na intimidade dos órgãos define a terminologia para a sua identificação e, em geral, o nome sugere o mecanismo envolvido na hemorragia: Petéquias: hemorragias diminutas (1-2mm até 3mm) Púrpuras: um pouco maior que petéquia (3 mm em diante) Equimoses: hemorragia em mancha azulada ou arroxeada, mais extensa que a púrpura, podendo ter discreto aumento de volume Hematoma: hemorragia em que o sangue se acumula formando uma tumoração* Terminologias específicas: Hemartrose – cavidade articular Hemopericárdio – pericárdio Hemotórax – cavidade pleural Hemoperitônio – cavidade peritoneal Hematossalpinge – tuba uterina Hematométrio – útero Hematocolpo – cavidade vaginal Hemobilia – vias biliares Epistaxe – nasal Hemoptise – tosse Hematêmese – vômito com sangue Melena – sangue digerido das fezes Otorragia – meato acústico externo Hematúria – urina Metrorragia – sangramento excessivo fora do período de menstruação Menorragia – no período menstrual Cor marrom- amarelada → hemossiderina CHOQUE Síndrome caracterizada pela incapacidade do sistema circulatório de fornecer oxigênio aos tecidos, o que pode levar a disfunção multissistêmica e morte – emergências clínicas, USP. O choque é um estado em que a diminuição do débito cardíaco ou a redução do volume sanguíneo circulante eficaz prejudica a perfusão tecidual, levando à hipoxia celular. No início, a lesão celular é reversível; contudo, o choque prolongado causa lesão tecidual irreversível e é, geralmente, fatal. O choque pode complicar hemorragias graves, traumas ou queimaduras extensas, infarto do miocárdio, embolia pulmonar e sepses microbianas. Suas causas podem ser agrupadas em três categorias gerais – Robbins & Cotran Patologia — Bases Patológicas das Doenças. Deve-se notar que as diferentes causas desse choque (de origem microbiana ou não) associado à inflamação produzem um conjunto semelhante de achados clínicos, que compreendem a chamada síndrome de resposta inflamatória sistêmica. Choque Cardiogênico: resulta de um baixo débito cardíaco devido à falência da bomba miocárdica. A falência pode decorrer de danos intrínsecos ao miocárdio (infarto), arritmias ventriculares, compressão extrínseca, ou obstrução ao fluxo de saída (p. ex., embolia pulmonar). Para ocorrer choque cardiogênico, deve haver perda da massa miocárdica de pelo menos 40% e redução da capacidade de ejeção ventricular acima de 80%. A cianose está relacionada a congestão (hiperemia passiva) – acúmulo de sangue venoso – livedo reticular. Choque Hipovolêmico: resulta de um débito cardíaco baixo devido à perda do volume circulante, por perda de líquidos para o meio externo, devido a: (a) hemorragia grave, vômitos e diarreia; (b) perda cutânea (p. ex., queimaduras); (c) passagem rápida de líquido do meio intravascular para a MEC (como na dengue, devido à perda de fluidos na microcirculação); (d) causas menos frequentes, como retenção de grande quantidade de líquido na luz intestinal devido a íleo paralítico. Sede: organismo sente a necessidade de reposição de líquido; desbalanço eletrolítico. A patogenia do hipovolêmico e do cardiogênico são muito parecidas, gerando os mesmos resultados, mas mudam os sinais clínicos e o tratamento (etiologia diferente). Mecanismos compensatórios: • Tentativa de restabelecer a volemia – choque hipovolêmico: SRAA. • Tentativa de fazer o sistema circulatório voltar ao normal - choque cardiogênico: aumento da FC Além do efeito direto da desidratação celular da glicose excessiva, a perda da glicose na urina causa diurese osmótica. Isto é, o efeito osmótico da glicose nos túbulos renais diminui muito a reabsorção tubular de líquido. Um choque cardiogênico/hemorrágico pode levar a um quadro de arritmia ventricular? A diminuição das concentrações de ATP, que ocorre como consequência da isquemia e hipóxia, impedirá o funcionamento das bombas de Na+/K+/ATPase, aumentando os níveis K+ extracelular (hipercalemia), causando alteração na atividade despolarizante das fibras musculares cardíacas, gerando arritmia ventricular. Choque anafilático: reação de hipersensibilidade imediata sistêmica caracterizada por edema em muitos tecidos e diminuição da pressão arterial secundária à vasodilatação e ao extravasamento vascular. Causas: • presença sistêmica do antígeno introduzido por injeção (p. ex.: uma picada de abelha) • absorção ao longo de uma superfície epitelial como a mucosa intestinal. Alérgenos + frequentes: penicilina, proteínas encontradas no amendoim, nozes, peixes, mariscos, leite, ovos e veneno de abelha e muitos outros fármacos. Se não há intervenção rápida, o choque pode levar rapidamente à morte por hipoperfusão persistente do sistema nervoso central. Histamina promove o aumento da permeabilidade vascular levando ao extravasamento de plasma para os tecidos (EDEMA). O edema de glote provoca o bloqueio das vias aéreas. Choque séptico: relacionado à inflamação sistêmica. Causado pela resposta do hospedeiro às infecções bacterianas, virais ou fúngicas, e é uma condição inflamatória sistêmica caracterizada pela ativação da célula endotelial, edema tecidual, coagulação intravascular disseminada e desarranjos metabólicos que geralmente levam à falência dos órgãos e morte. Sepse: infecção generalizada. Em consequência de quimioterapia, imunossupressão, idade avançada ou infecção pelo HIV e, ainda, pelo aumento da prevalência de microrganismos com multirresistência aos medicamentos no ambiente hospitalar. O choque séptico é, mais frequentemente, desencadeado por infecções por bactérias Gram-positivas, seguidas pelas bactérias Gram- negativas e fungos A patogenia do choque séptico está relacionada à liberação do endotoxinas bacterianas e a substâncias inflamatórias. Quando as bactérias caem na circulação ocorre a liberação de endotoxinas bacterianas, assim o sistema imune é ativado e a liberação de substâncias inflamatórias pelos linfócitos provocam a vasodilatação. Essas bactérias podem extravasar e atingir outros órgãos (infecção generalizada) Consequência: débito cardíaco baixo, resistência periférica baixa e síndrome da angústia respiratória. A capacidade que vários microrganismos têm de causar o choque séptico é consistente com a ideia de que vários constituintes microbianos podem desencadear o processo. Macrófagos, neutrófilos, células dendríticas, células endoteliais e componentes solúveis do sistema imune inato (p. ex., complemento) reconhecem e são ativados por várias substâncias derivadas de microrganismos. Uma vez ativados, essas células e fatores iniciam várias respostas inflamatórias que interagem de modo complexo, ainda não completamente compreendido, para produzir choque séptico e disfunção de múltiplos órgãos. Vias do choque séptico: ativação de células endoteliais, elementos humorais e celulares do sistema imune inato, iniciando a cadeia de eventos que culmina com a falência múltipla de órgãos na fase final. A saída de líquido intravascular e o edema tecidual diminuem o fluxo sanguíneo nos pequenos vasos, produzindo estase e diminuindo a eliminação dos fatores de coagulação ativados. Esses efeitos levam à ativação sistêmica da trombina e ao depósito de trombos ricos em fibrina nos pequenos vasos, geralmente por todo o corpo, consequentemente comprometendo a perfusão tecidual. Coagulação intravascular disseminada (CID) Aumento de permeabilidade vasculare edema tecidual, que têm consequências deletérias tanto no aporte de nutrientes como na remoção de escórias. Estágios dos choques: Fase não progressiva: inicial durante a qual os mecanismos compensatórios reflexos são ativados e a perfusão de órgãos vitais é mantida. Fase progressiva: caracterizada por hipoperfusão tecidual e início do agravamento do desequilíbrio circulatório e metabólico, incluindo a acidose lática. Fase irreversível: que se estabelece após o organismo ter sofrido lesão celular e tecidual tão intensas que, mesmo se os defeitos hemodinâmicos fossem corrigidos, a sobrevivência não seria possível. OBS: os choques séptico e anafilático podem ser classificados como choques distributivos. TROMBOSE Trombose é a solidificação do sangue no leito vascular ou no interior das câmaras cardíacas, em um indivíduo vivo. Trombo, que é a massa sólida de sangue gerada pela coagulação sanguínea, pode formar-se em qualquer território do sistema cardiovascular: cavidades cardíacas (na parede do órgão ou nas válvulas), artérias, veias e microcirculação. Trombos apresentam a mesma composição que coágulos. No entanto, o primeiro termo é utilizado por coágulos que podem causar trombose e o segundo para situações fisiológicas. A formação de trombos envolve o processo de coagulação sanguínea e a atividade plaquetária, estando associada a três componentes (clássica tríade de Virchow): (1) lesão endotelial; (2) alteração do fluxo sanguíneo; (3) modificação na coagulabilidade do sangue: Lesão endotelial: as lesões endoteliais que levam à ativação plaquetária são a base quase inevitável da formação de trombo no coração e na circulação arterial, onde a grande velocidade do fluxo sanguíneo impede a formação de coágulos (trombos). Como o endotélio tem ações pró e anticoagulante. Agressões variadas ao endotélio (físicas, químicas ou biológicas) podem torná- lo pró-coagulante por aumento na síntese de fatores da coagulação (fator VII) e de fatores ativadores de plaquetas (TXA2 e ADP), por redução na sua capacidade anticoagulante (p. ex., diminuição na expressão de antitrombina no glicocálice) ou por perda do revestimento contínuo dos vasos. Isso se dá por alterações estruturais ou funcionais do endotélio. Observa-se que trombos cardíacos e arteriais são tipicamente ricos em plaquetas e acredita-se que a aderência de plaquetas e sua ativação sejam pré-requisitos necessários para a formação de trombo sob alta tensão de cisalhamento, como a existente nas artérias. Fluxo sanguíneo anormal: estase ou turbulência. A turbulência contribui para a trombose cardíaca e arterial, provocando uma disfunção ou lesão endotelial, além de gerar fluxos de contracorrente com a formação de bolsas de estase locais. A estase é o principal contribuinte no desenvolvimento da trombose venosa. O fluxo sanguíneo normal é laminar, de forma que as plaquetas (e outros elementos celulares sanguíneos) fluem centralmente na luz dos vasos, separados do endotélio por uma camada em movimentação mais lenta de plasma. Por conseguinte, a estase e a turbulência: • Promovem a ativação endotelial, aumentando a atividade pró-coagulante e a adesão de leucócitos, em parte através de mudanças induzidas pelo fluxo na expressão de moléculas de adesão e de fatores pró-inflamatórios. • Rompem o fluxo laminar e permitem que as plaquetas entrem em contato com o endotélio. • Reduzem a eliminação (“lavagem”) e a diluição dos fatores de coagulação ativados pelo afluxo de sangue fresco e por inibidores dos fatores de coagulação. Hipercoagulabilidade: também é chamada de trombofilia e pode ser definida, genericamente, como qualquer distúrbio do sangue que predispõe à trombose. A hipercoagulabilidade tem um papel particularmente importante na trombose venosa e pode ser dividida em distúrbios primários (genéticos) e secundários (adquiridos). Quando os trombos se desalojam e percorrem outros locais na vasculatura, esse processo é denominado embolização. Macroscopia: apresentam-se como massas de sangue solidificado, de tamanhos variados, aderidos à superfície onde se formaram. Diferentemente dos coágulos sanguíneos, que são elásticos e têm superfície brilhante, os trombos são foscos e friáveis. Em consequência dos ciclos de aderência e agregação plaquetária no trombo, com repetidas coberturas pela malha de fibrina e hemácias aprisionadas, formam-se camadas sucessivas ou sedimentos de sangue solidificado. As lamelas assim percebidas são denominadas linhas ou estrias de Zahn. Dependendo do local de formação, o trombo pode conter maior quantidade de plaquetas ou de hemácias, o que faz variar a sua coloração: Brancos: plaquetas e fibrina → formam-se na microcirculação e não são vistos macroscopicamente. Escuros: hemácias → locais de fluxo lento e turbilhonado (como veias); malha de fibrina aprisiona grande quantidade de elementos figurados do sangue – tendem a ficar mais claros ao longo do tempo devido à hemólise. Mistos: nos locais de fluxo sanguíneo laminar e com maior velocidade, há tendência de os elementos figurados ocuparem o centro da coluna de sangue; o trombo que neles se forma cresce por precipitação de células menores, as plaquetas, na superfície endotelial. As ondas de precipitação de fibrina intercaladas com menor quantidade de eritrócitos e novas agregações plaquetárias conferem coloração mais esbranquiçada ao trombo (trombos mistos, pois têm estrias vermelhas evidentes). A partir da sua origem, o trombo pode crescer longitudinalmente seguindo a direção do fluxo sanguíneo e produzir massas alongadas no interior dos vasos ou do coração, de tal forma que a parte ou ponto de fixação que ancora o trombo é geralmente mais volumosa e a extremidade livre e flutuante no interior do vaso, mais afilada. A configuração final é de uma estrutura polipoide em que se pode reconhecer uma extremidade fixa denominada cabeça, uma porção intermediária, chamada corpo, e uma parte livre na outra extremidade, conhecida como cauda do trombo. Microscopia: é o mesmo de um coágulo sanguíneo em que se observam áreas acidófilas com aspecto reticulado ou laminar (estrias de Zahn), nas quais predominam depósitos de plaquetas e fibrina, e regiões onde a rede de fibrina aprisiona os elementos figurados do sangue, especialmente hemácias; tal massa está sempre aderida à parede do vaso ou do coração onde se formou, mesmo que em pequena extensão. Trombos na microcirculação podem conter exclusivamente plaquetas e fibrina, razão pela qual tomam aspecto acidófilo e são denominados trombos hialinos. Evolução/consequências do trombo: Propagação: é quando o trombo se desenvolve, obliterando os vasos sanguíneos. Resolução ou dissolução: a dissolução é o resultado da fibrinólise, que pode resultar em rápida diminuição e total desaparecimento de trombos recentes. Em contrapartida, nos trombos mais antigos, a extensa deposição e polimerização da fibrina os tornam mais resistentes à lise. Embolização: corresponde ao deslocamento do trombo pela circulação. Organização ou conjutivização: a organização faz-se por meio de reação inflamatória em que os fagócitos englobam as células do coágulo e digerem a fibrina, ao mesmo tempo em que liberam fatores de crescimento e quimiocinas que atraem e ativam células que originam o tecido de granulação (fibrogênese e angiogênese), que acaba incorporando o trombo à parede dos vasos ou do coração (organização do trombo). Nos trombos oclusivos, no local organizado pode haver proliferação endotelial que origina canais que permitem o fluxo de sangue através do trombo, restabelecendo parcialmente a circulação. É o que se denomina recanalização do trombo, a qual pode restabelecer em parte a circulação no território comprometido Calcificação distrófica: pode ocorrer em trombos e forma concreções (flebólitos), mais comumente nas veias dos membros inferiores,podendo ser visíveis em exames de radiografia simples. Obs: os trombos podem também sofrer colonização bacteriana ou fúngica e causar, nos vasos e no coração, diversas lesões, como endocardite valvar ou mural, tromboflebite e endarterite, as duas últimas favorecidas pelo uso de cateteres intravasculares de demora CORRELAÇÃO CLÍNICA – TVP A trombose venosa profunda (TVP) é o desenvolvimento de um coágulo sanguíneo em uma grande veia profunda na perna, coxa, pelve ou abdome, que pode resultar em comprometimento do fluxo sanguíneo venoso e consequente edema dos membros inferiores e dor. A trombose venosa também pode ocorrer nos membros superiores ou em sítios mais incomuns, como as veias porta, mesentérica, ovariana e retiniana, bem como as veias e seios venosos do cérebro. Formação de trombo em veia profunda dos membros inferiores. A. Células sanguíneas no fluxo sanguíneo normal. B. Como tais veias possuem valvas, no recesso delas o fluxo sanguíneo laminar torna-se turbilhonado. Em condições normais, o turbilhonamento é pequeno, e as plaquetas mantêm-se longe do endotélio. Quando existe hiperemia passiva (p. ex., insuficiência cardíaca), as veias dilatam-se, a velocidade do sangue diminui, e o turbilhonamento do sangue aumenta no recesso valvar, aumentando o choque de plaquetas contra o endotélio nesse local. C. Ao se chocarem com o endotélio, as plaquetas são ativadas, agregam-se e iniciam a formação de um trombo, por ativação da coagulação sanguínea. D. O crescimento do trombo é rápido devido à velocidade reduzida do fluxo sanguíneo. O trombo cresce na direção do fluxo e também de modo retrógrado, devido à redução na velocidade do sangue a montante do local onde o trombo começou a ser formado. EMBOLIA Uma embolia é a presença de uma massa intravascular solta, seja sólida, líquida ou gasosa, que é transportada pelo sangue desde seu ponto de origem até um local distante, onde ela geralmente causa disfunção tecidual ou infarto. A grande maioria de êmbolos são trombos desalojados, por isso o termo tromboembolismo. O êmbolo viaja pelo sangue até encontrar vasos tão pequenos que não permitam sua passagem, causando oclusão vascular total ou parcial. Dependendo de seu ponto de origem, o êmbolo pode se alojar em qualquer local da árvore vascular. Embolia direta: o êmbolo se desloca no sentido do fluxo sanguíneo. Embolia retrógrada: o embolo se desloca ao sentido contrário do fluxo sanguíneo. Embolia cruzada ou paradoxal: o êmbolo se desloca de artérias para as veias sem passar pela rede capilar, por intermédio da comunicação interatrial e interventricular. Embolia gasosa: as bolhas gasosas dentro da circulação podem coalescer formando massas espumosas que obstruem o fluxo vascular e causam uma lesão isquêmica distal. Por exemplo, um volume muito pequeno de ar aprisionado em uma artéria coronariana durante a cirurgia de revascularização (bypass) ou introduzido na circulação cerebral em uma neurocirurgia na “posição sentada” pode ocluir o fluxo com consequências ominosas. Embolia por líquidos: os tipos mais comuns dessa forma de embolia são a de líquido amniótico e a gordurosa. OBS – Embolia gordurosa: pode ser provocada por: (1) infusão inadequada de substâncias oleosas na circulação sanguínea (injeções oleosas intramusculares); (2) esmagamento do tecido adiposo ou da medula óssea amarela em indivíduos politraumatizados; (3) lise de hepatócitos com esteatose acentuada, o que causa migração de gorduras para as veias hepáticas. CORRELAÇÃO CLÍNICA – TEP Êmbolos nos pulmões originam-se na maioria dos casos de trombos nas veias profundas dos membros inferiores. Os trombos raramente se desenvolvem de novo na vasculatura pulmonar. Os coágulos geralmente se formam no sistema venoso profundo dos membros inferiores e embolizam. Portanto, a fisiopatologia está diretamente relacionada à da trombose venosa profunda (TVP). TVP nos membros superiores está associada a uma incidência menor de EP. ATEROSCLEROSE Lesões da íntima chamada de ateromas (placas ateromatosas) que fazem protrusão nas luzes dos vasos. Principais fatores de risco: Não modificáveis (constitucionais): anormalidades genéticas, histórico familiar, idade avançada, gênero masculino. Modificáveis (adquiridos): hiperlipidemia (hipercolesterolemia), hipertensão (há alguns casos genéticos), tabagismo, diabetes, inflamação. Composição das placas de aterosclerose: (1) células, incluindo as células musculares lisas, macrófagos e células T; (2) MEC, incluindo colágeno, fibras elásticas e proteoglicanos; e (3) lipídios intra e extracelulares. O principal componente do colesterol sérico associado com um fator de risco é a lipoproteína de baixa densidade do colesterol (LDL) (“colesterol ruim”). LDL é o complexo que entrega colesterol nos tecidos periféricos; ao contrário, a lipoproteína de alta densidade (HDL) é um complexo que mobiliza o colesterol da periferia (incluindo ateromas) e o transporta até o fígado, para excreção biliar. Consequentemente, níveis mais altos de HDL (“colesterol bom”) se correlacionam com redução do risco. A – Lesão endotelial B – Migração de células inflamatórias – células espumosas C – Acúmulo de lipídeos e proliferação de células musculares lisas D – Estrutura da placa aterosclerótica Em breves palavras o que ocorre para o desenvolvimento da aterosclerose é a injúria causada no endotélio que leva a migração de leucócitos e plaquetas. Essa injúria pode ser causada por diversos agentes como tabaco, níveis elevados de LDL, mecanismos imunológicos, e estresse mecânico. Após esta etapa ocorre migração de células inflamatórias ou leucocitária para o local, pois o endotélio começa a expressar moléculas de adesão seletiva que irão favorecer a ligação dos leucócitos. Neste caso irá começar as lesões ateroscleróticas. Depois que os monócitos aderem ao endotélio, eles migram para o interior da túnica íntima e transformam-se em macrófagos e são capazes de ingerirem lipoproteínas (de preferência LDL). Quando os macrófagos conseguem fazer a ingestão de lipídios, eles passam a serem chamados de células espumosas. O objetivo dessa transformação é atuar como medida protetiva por remover o excesso de lipídios da circulação, porém o acúmulo acaba lesionando ainda mais o endotélio. Estes macrófagos ativados liberam espécies reativas de oxigênio que oxidam a molécula de LDL. As células espumosas também produzem fatores de crescimento que contribuem para a migração e proliferação de células musculares lisas e elaboração de mais componentes da MEC. A placa é formada por um agregado de células musculares lisas que proliferaram para o local, macrófagos e outros leucócitos, além de componentes da MEC. Dessa forma se forma uma cápsula fibrosa. A possível ruptura ou erosão de uma cápsula fibrosa pode conduzir a hemorragia na placa ou oclusão trombótica. A - Disfunção/lesão endotelial: ▪ Tabaco; ▪ Níveis elevados de LDL; ▪ Mediadores inflamatórios; ▪ Hipertensão; ▪ Diabetes; ▪ Estresse mecânico. A aterosclerose afeta a túnica íntima prioritariamente das artérias de grande e médio calibres. Essas lesões podem iniciar-se logo nos primeiros anos de vida, porém seus sinais só irão aparecer décadas mais tarde. Inicialmente o dano é mais funcional do que estrutural (causando uma disfunção endotelial O endotélio perde a capacidade de repelir células e passa a expressar em sua superfície moléculas de adesão que irão aderir células inflamatórias na parede vascular. Ele também se torna mais permeável as lipoproteínas que se depositam na túnica íntima. Mais tarde, ocorrem dano estrutural ou uma completa destruição das células endoteliais. As lesões endoteliais causam entre outras coisas, aumento da permeabilidade vascular, adesão de leucócitos e trombose. B –Migração de células inflamatórias – células espumosas: ▪ Células endoteliais começam a expressar moléculas de adesão seletiva; ▪ Monócitos se ligam à estas moléculas juntamente com outras células inflamatórias; ▪ Monócitos penetram na túnica íntima e transformam-se em macrófagos e são capazes de fagocitaram as lipoproteínas (LDL). Na presença de disfunção/lesão endotelial ocorre migração de células inflamatórias, especialmente monócitos e neutrófilos para o local injuriado. Essas células endoteliais começam a expressar moléculas de adesão seletiva favorecendo ainda mais a adesão destes leucócitos. As lesões ateroscleróticas irão ocorrer devido a penetração destes monócitos na túnica íntima transformando-se em macrófagos e estes passam a ser capazes de fagocitarem as moléculas LDL: Acumula-se LDL na parede do vaso; Adere-se monócitos na parede do vaso e migra-se para a túnica íntima e transforma-se em macrófagos e assim transformam-se em células espumosas; Ocorre adesão plaquetária. C – Acúmulo de lipídeos e proliferação de células musculares lisas: ▪ Macrófagos ativados (devido a presença de LDL) liberam ROS; ▪ ROS oxidam as lipoproteínas (LDL); ▪ Macrófagos ingerem o LDL oxidado; ▪ Formação das células espumosas; ▪ Além disso, produzem fatores de crescimento que contribuem para a proliferação das fibras musculares lisas e formação de mais componentes da MEC. Causas de dano endotelial → perda funcional do endotélio. Inicialmente, sua morfologia não está alterada. Lesões ateroscleróticas Os macrófagos ativados (devido a presença de LDL) liberam ROS (espécie reativa de oxigênio) que oxidam as lipoproteínas LDL e eles ingerem este LDL oxidado. Este LDL oxidado ativa ainda mais os macrófagos a produzirem TNF, o que leva ao aumento de adesão leucocitária e produção de mais quimiocinas, criando estímulo para mais recrutamento de células inflamatórias. Essas células então formam-se as células espumosas que produzem fatores de crescimento que contribuem para a proliferação de fibras musculares lisas e formação de MEC, principalmente colágeno para a capa fibrosa de tecido conjuntivo denso não modelado (na camada subendotelial). Libera-se fatores plaquetários e macrófagos que fazem com que as células musculares lisas se proliferem através da túnica média; Ocorre produção de mais componentes da MEC; Fibras musculares lisas se transformam em miofibroblastos e produzem componentes da MEC. D – Estrutura da placa aterosclerótica: ▪ Placas aterosclerótica consistem em um agregado de células musculares lisas, macrófagos e outros leucócitos; MEC (fibras colágenas e elásticas) e lipídios; células espumosas; ▪ Forma-se cápsula fibrosa de tecido conjuntivo densa. Resumo: a partir do estímulo no endotélio como hiperlipidemia, hipertensão, tabagismo, toxinas etc. O endotélio responde provocando uma disfunção funcional e passam a expressar moléculas de adesão de leucócitos. Estes leucócitos se aderem ao endotélio, sendo eles monócitos e neutrófilos, e migram para a camada subendotelial da túnica íntima. Lá os monócitos se transformam em macrófagos ao serem ativados. Quando ativados liberam ROS que oxidam as moléculas de LDL e dessa maneira tornam-se células espumosas. Como a túnica íntima está altamente comprometida, ocorre proliferação de células musculares lisas e mais componentes da MEC formando um cerne lipídico e uma capa fibrosa. A placa aterosclerótica é formada por células musculares lisas, macrófagos, células espumosas; componentes da MEC e lipídios. Microscopia: F → cápsula fibrosa L → lúmen C → núcleo necrótico central Evolução/consequências da aterosclerose: Ruptura, ulceração ou erosão: A formação de trombo sobre ateromas se dá especialmente em placas moles (instáveis), mais suscetíveis a sofrer ruptura (erosões, úlceras ou fissuras). Ruptura de placas pode ocorrer também após emoções fortes. Com a perda endotelial, ocorrem coagulação sanguínea e formação de trombo, que pode ocluir o vaso. Muitos casos de isquemia aguda grave (p. ex., infarto agudo do miocárdio) acontecem por esse evento → a placa na íntima pode invadir progressivamente a luz vascular, ou pode comprimir a camada média subjacente, levando à sua degeneração; por sua vez, isso pode expor fatores trombogênicos, como o fator tecidual, resultando na formação de trombos e oclusão vascular aguda. Hemorragia dentro da placa: O sangue acumulado no interior da placa aumenta bruscamente o volume dela, podendo até ocluir o vaso Embolia: pode ser de dois tipos: (1) tromboembolia, por fragmentação ou desprendimento de trombo sobre ateroma; (2) ateroembolia, resultante da penetração, na corrente circulatória, de fragmentos da própria placa ateromatosa. Êmbolos obstruem o vaso a jusante do local onde se formam (a artéria reduz progressivamente o seu calibre). Crescimento da placa: expansão da placa, podendo resultar em obstrução. Formação de aneurisma. Esclerose Medial de Monckeberg: depósito de cálcio na camada média das artérias; etiologia desconhecida, rara; artérias mais afetadas: femoral, tibial, genitais e coronárias; > 50 anos, Sem significados clínicos. Arteriosclerose: espessamento da parede de pequenas artérias ou arteríolas, associadas à hipertensão arterial. ANEURISMA Consiste em dilatação localizada de vasos (inclusive do vaso modificado que é o coração) envolvendo as suas três camadas. Na prática médica, não se aplica o termo aneurisma para qualquer dilatação – apenas para as mais marcantes – nem para as dilatações de veias – para estas, utiliza-se o termo varizes. Pseudoaneurisma (ou aneurisma falso) refere-se ao quadro de ruptura vascular seguida de dissolução do hematoma, resultando em protuberância encapsulada por fibrose, mas sem envolver as três camadas do vaso. Patogenia: • má qualidade do tecido conjuntivo da parede vascular: o Síndrome de Marfan - síntese defeituosa de fibrilina; o Síndrome de Loeys Dietz - síntese defeituosa de elastina e colágeno. • enfraquecimento parede arterial; • inflamação - macrófagos (placa ateromatosa) produtores de metaloproteases; • desequilíbrio entre síntese e degradação de colágeno; • espessamento aterosclerótico da túnica íntima - isquemia da camada média; • perda de células musculares lisas - enfraquecimento da parede arterial. DISSECÇÕES ARTERIAIS Dissecção de uma artéria consiste na delaminação da sua parede no sentido longitudinal, ou seja, quando o sangue penetra em um defeito na parede arterial, escavando e separando as camadas. As dissecções de maior importância clínica são as da aorta (podendo a partir dela se estender para seus ramos) e das artérias coronárias. Com a dissecção, cria-se uma falsa luz, paralela à verdadeira. Externamente, a artéria fica mais calibrosa, mas sem que as três camadas estejam envolvidas. As dissecções diferem dos aneurismas verdadeiros; por isso, hoje é pouco usada a denominação antiga de aneurisma dissecante. A dissecção aórtica ocorre quando o sangue separa os planos laminares da média, formando um canal cheio de sangue dentro da parede aórtica; isso pode ser catastrófico se a dissecção então se romper através da adventícia e causar hemorragia nos espaços adjacentes." Referências Abul K. Abbas, N. F. (2016). Robbins & Cotran Patologia - Bases patológicas das doenças. 9ª ed. Capítulos 4 e 11. GEN Guanabara. BMJ Best Practice. (s.d.). Embolia Pulmonar. Fonte: BMJ Best Practice: https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/116?q=Embolia%20pulmonar&c=suggested BMJ Best Practice. (s.d.). Trombose Venosa Profunda. Fonte: https://bestpractice.bmj.com/topics/pt- br/70?q=Trombose%20venosa%20profunda&c=suggested Filho, G. B. (2016). Bogliolo Patologia. 9ª ed. Capítulos 9 e 16. GEN Guanabara.
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