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↪O sistema reprodutivo da fêmea consiste em ovários e trompas uterinas (ovidutos) bilaterais, um útero geralmente bicorne, cérvix, vagina, vestíbulo, vulva e glândulas associadas; ↪O sistema reprodutivo está envolvido com a produção e o transporte de ovos, o transporte de espermatozoides, a fertilização e a acomodação do concepto até o nascimento. Ovário ↪O ovário é uma glândula exócrina e endócrina combinada, ou seja, produz tanto ovos (“secreção” exócrina) como hormônios ovarianos, principalmente estrógenos e progesterona (secreção endócrina); ↪A estrutura do ovário normal varia muito dependendo da espécie, da idade e da fase do ciclo sexual. Trata-se de uma estrutura ovoide dividida em um córtex externo e em uma medula interna. Córtex ↪O córtex é uma grande zona periférica que contém folículos em vários estágios de desenvolvimento e corpos lúteos mergulhados em um estroma de tecido conjuntivo frouxo; ↪É revestido por um epitélio cuboide superficial baixo. Uma camada espessa de tecido conjuntivo, a túnica albugínea, situa-se imediatamente abaixo do epitélio superficial; ↪No ovário de roedores, cadelas e gatas o estroma cortical contém cordões de células endócrinas intersticiais poliédricas; ↪No ovário de cadelas, também se destacam túbulos corticais; trata-se de canais estreitos revestidos por um epitélio cuboide que, em alguns locais, são contínuos com o epitélio superficial. Desenvolvimento folicular ↪O folículo ovariano é uma estrutura composta por um ovócito circundado por células epiteliais especializadas; durante o desenvolvimento folicular, as células epiteliais ficam circundadas por células estromais especializadas; uma cavidade preenchida com líquido se desenvolve entre as células epiteliais; ↪Os folículos primordiais (unilaminares, pré-antrais, em repouso) são compostos por um ovócito primário circundado por epitélio escamoso simples de células foliculares; ↪Esses folículos surgem na vida pré-natal pela proliferação mitótica de massas de células epiteliais internas no córtex ovariano; ↪Acredita-se que as massas de células epiteliais internas surjam depois da interação do estroma cortical, epitélio superficial ovariano ou canais ou cordões de células epitelioides irregulares denominados rete ovarii, com células germinativas primordiais (CGPs); estas Sistema Reprodutor da Fêmea Histologia Veterinária De Dellmann - 6ª Ed. Ebook JUNQUEIRA, Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Ed células chegam à crista gonadal a partir da parede do saco vitelino; ↪Durante a proliferação, as massas de células epiteliais internas ficam separadas em aglomerados celulares; ↪A célula central de um desses aglomerados se transforma no ovogônio, o qual aumenta, ingressa na prófase da primeira divisão meiótica e então passa a ser denominado ovócito primário, com aproximadamente 20 µm de diâmetro na maioria das espécies; ↪Em seguida, os ovócitos primários entram nos estágios de leptóteno, zigóteno, paquíteno e diplóteno e, depois, permanecem no estágio dicróteno; ↪À medida que o ovócito primário se forma, as células circunjacentes formam uma camada simples de células foliculares achatadas que repousam em uma lâmina basal; ↪Juntos, esses componentes formam o folículo primordial, que mede cerca de 40 µm de diâmetro. Os folículos primordiais estão localizados principalmente no córtex externo. ↪Os folículos primários (unilaminares, pré-antrais, em crescimento) são compostos por um ovócito primário circundado por um epitélio cuboide simples de células foliculares; ↪Os ovócitos primários começam a primeira divisão meiótica antes do nascimento, mas o término da prófase não ocorre até a época da ovulação; ↪Assim, os ovócitos primários permanecem na prófase suspendida (estágio dictióteno) até depois da puberdade; ↪Os folículos secundários (multilaminares, pré-antrais, em crescimento) são compostos por um ovócito primário circundado por um epitélio estratificado de células foliculares poliédricas, denominadas células da granulosa; ↪O estrato multilaminar das células da granulosa origina-se das células foliculares proliferativas do folículo primário; ↪Os folículos secundários são marcados pelo desenvolvimento de uma camada glicoproteica com espessura de 3 a 5 µm, a zona pelúcida, em torno da membrana plasmática do ovócito; ↪A zona pelúcida é secretada pelas células da granulosa que circundam imediatamente o ovócito e, em parte, pelo próprio ovócito; ↪Ocorre penetração parcial dessa zona pelas microvilosidades do ovócito. Extensões citoplasmáticas das células da granulosa, situadas em torno do ovócito, penetram na zona pelúcida e estabelecem estreita associação com essas microvilosidades; ↪Como o desenvolvimento folicular continua pequenas fendas preenchidas por líquido são formadas entre as células da granulosa; ↪Uma camada multilaminar vascularizada de células estromais fusiformes, as quais são chamadas de células da teca, começa a se formar em torno da camada de células da granulosa em folículos secundários tardios; ↪Os folículos terciários (multilaminares, antrais, em crescimento), também denominados folículos vesiculares ou folículos de Graaf, são formados por um ovócito primário (ou, imediatamente antes da ovulação, por um ovócito secundário na maioria das espécies) circundado por um epitélio estratificado de células da granulosa; ↪Estas células são circundadas por uma camada multilaminar de células estromais especializadas conhecidas como teca, e uma cavidade preenchida por líquido, o antro, forma-se entre as células da granulosa; ↪O antro, que caracteriza folículos terciários, é formado quando as pequenas fendas ocupadas por líquido entre as células da granulosa dos folículos secundários coalescem para formar uma grande cavidade solitária que contém liquor folliculi; ↪Imediatamente antes da ovulação, folículos terciários tardios recebem o nome de folículos maduros; ↪Em folículos maduros, dependendo da espécie, o ovócito primário completa a primeira divisão meiótica logo antes ou depois da ovulação originando, assim, um ovócito secundário e o primeiro corpo polar; ↪À medida que o antro vai crescendo em decorrência do acúmulo do liquor folliculi, o ovócito sofre deslocamento excêntrico, em geral em uma parte do folículo mais próxima ao centro do ovário; ↪Então, o ovócito se situa em um acúmulo de células da granulosa, o cumulus oophorus; ↪Em grandes folículos terciários, as células da granulosa que circundam imediatamente o ovócito se tornam colunares e demonstram disposição radial; essa estrutura é denominada coroa radiada; ↪Acredita-se que as células da coroa radiada proporcionem sustentação por meio de nutrientes para o ovócito; ↪Em folículos terciários, as células da granulosa formam um revestimento folicular parietal, o estrato granuloso; ↪A maioria das células da granulosa é poliédrica, mas a camada basal pode ser colunar; ↪Algumas células da granulosa em folículos secundários e terciários podem conter grandes inclusões positivas para o ácido periódico de Schiff (PAS), os corpos de Call-Exner, os quais representam precursores intracelulares do liquor folliculi; ↪No grande folículo terciário, as células da granulosa apresentam as estruturas finas características de células secretoras de proteína, notavelmente um grande retículo endoplasmático (RE) granular; ↪Antes da ovulação as células da granulosa do folículo ovariano maduro assumem as características de células secretoras de esteroides, especialmente um RE agranular e mitocôndrias com cristas tubulares; ↪O estrato granuloso está circundado pela teca, a qual, em folículos terciários, diferencia-se em duas camadas: uma teca interna vascular e interior e uma teca externa de sustentação e exterior; ↪As célulasda teca interna são fusiformes nos folículos terciários iniciais e localizam-se em uma delicada rede de fibras reticulares; ↪Uma extensa rede de capilares sanguíneos e linfáticos está presente na teca interna, mas sem penetrar no estrato granuloso. Terminações nervosas simpáticas estão presentes em torno dos folículos mais volumosos; ↪Em folículos maduros, muitas das células fusiformes da teca interna adjacentes ao estrato granuloso aumentam de tamanho e passam a ter um aspecto poliédrico e epitelioide; ↪Os núcleos das células epitelioides apresentam um padrão mais claro de cromatina e nucléolos mais distintos do que os das células fusiformes; ↪Organelas citoplasmáticas nas células epitelioides tornam-se típicas das células secretoras de esteroides: estão presentes mitocôndrias com cristas tubulares, RE tubular agranular e inclusões lipídicas; ↪As células epitelioides são abundantes em folículos maduros durante o proestro e o estro e durante sua regressão precoce; ↪A teca externa consiste em uma delgada camada de tecido conjuntivo frouxo com fibrócitos dispostos concentricamente em torno da teca interna. Vasos sanguíneos da teca externa fornecem capilares para a teca interna; ↪Um ou mais folículos maduros alcançam desenvolvimento máximo próximo à época da ovulação; ↪O ovócito primário (que contém um número diploide de cromossomos) presente nesses folículos completa a primeira divisão meiótica para se transformar em um ovócito secundário (que possui um número haploide de cromossomos); ↪Durante a primeira divisão meiótica, pares de cromossomos são estabelecidos e há uma mistura de material genético parental; ↪A separação dos pares e a produção do ovócito secundário e do primeiro corpo polar (o qual também contém um número haploide de cromossomos, mas com pouco citoplasma) têm prosseguimento enquanto se completa a divisão; ↪A segunda divisão meiótica inicia-se imediatamente após a primeira divisão meiótica ocorrer por completo, mas é interrompida na metáfase e não se completa a menos que aconteça a fertilização; ↪Nesse processo, a segunda divisão meiótica se completa, o ovócito secundário se transforma em um ovo e um segundo corpo polar (também com pouco citoplasma) é expelido; ↪O ovo se transforma em um zigoto quando os cromossomos do macho e da fêmea se juntam, estabelecendo um número diploide de cromossomos. Ovulação ↪O folículo, quando está completamente desenvolvido, salienta-se da superfície do ovário; ↪Uma rede abundante de vasos sanguíneos e linfáticos circunda o folículo, ocorrendo aumento na taxa de secreção de um ralo liquor folliculi; ↪O aumento na taxa de secreção é facilitado por aumentos na pressão nos capilares sanguíneos foliculares e na permeabilidade dos vasos durante o proestro e o estro; ↪O maior acúmulo do liquor folliculi torna os folículos tumefatos, mas a pressão intrafolicular não aumenta de forma significativa; ↪Ocorrem pequenas hemorragias na parede folicular. A parede folicular se torna adelgaçada e transparente no futuro local da ruptura folicular, o estigma; ↪As mudanças na parede do folículo precedentes à ruptura são causadas pela liberação de colagenases; ↪O hormônio luteinizante (HL) estimula a produção de prostaglandinas (PG) F2 e E2. Acredita-se que PGF2 libere colagenases pelas células foliculares, causando a digestão da parede folicular e sua distensão no estigma; ↪O processo de digestão também libera proteínas que provocam uma resposta inflamatória, com infiltração de leucócitos e liberação de histamina; ↪Todos esses processos degradam o tecido conjuntivo da parede folicular e a substância fundamental do cumulus oophorus, de modo que o folículo termina se rompendo no estigma e o ovócito é liberado; ↪O ovócito, em geral circundado pela coroa radiada, escapa para a cavidade peritonial, da qual é arrastado diretamente para o infundíbulo da trompa uterina; ↪Em raras ocasiões, um ovócito pode não ingressar na trompa uterina e, se fertilizado, pode estabelecer uma prenhez ectópica; ↪Na maioria das espécies, as células da coroa radiada se dispersam na trompa uterina na presença de espermatozoides; os quais já são perdidos na época da ovulação em ruminantes; ↪Em geral, o ovócito permanece fertilizável por menos de 1 dia; quando não fertilizado, degenera e é reabsorvido. Atresia folicular e células endócrinas intersticiais ↪Quase todos os folículos regridem em algum momento durante seu desenvolvimento, e apenas um pequeno percentual de todos os ovócitos potenciais é ovulado a partir do ovário; ↪Essa regressão é denominada atresia; um número muito maior de folículos se torna atrésico e jamais alcançará a maturidade; ↪A picnose e a cromatólise nucleares são sinais conspícuos de atresia nas células da parede folicular; ↪Durante a atresia, a lâmina basal da camada granulosa pode se dobrar, espessar e hialinizar; então, passa a ser denominada membrana vítrea; ↪Finalmente, os folículos atrésicos são reabsorvidos, exceto que, após a atresia dos folículos grandes, poderão restar pequenas cicatrizes de tecido fibroso; ↪Em vacas, durante a atresia de folículos primários e secundários, é comum o ovócito degenerar antes da parede folicular, enquanto nos folículos terciários ocorre o inverso; ↪As mudanças atrésicas nos folículos terciários de bovinos podem resultar na formação de dois tipos morfológicos diferentes de folículos atrésicos: obliterativo e cístico; ↪Na atresia obliterativa, as camadas das células da granulosa e da teca se pregueiam, hipertrofiam e se estendem para dentro a fim de ocuparem o antro; ↪Na atresia cística, tanto as camadas das células da granulosa como a teca podem atrofiar, ou pode ocorrer atrofia apenas da granulosa e a camada tecal pode luteinizar, tornar-se fibrótica ou hialinizar em torno do antro; ↪Em folículos atrésicos císticos, as células da teca interna que contêm receptores de LH podem continuar a sintetizar andrógenos depois da regressão das células da granulosa, as quais convertem andrógenos em estrógenos; ↪Nos ovários de cadela, gata e roedoras as células endócrinas intersticiais se destacam; essas células originam-se principalmente das células epitelioides da teca interna de folículos antrais atrésicos ou de células da granulosa hipertrofiadas de folículos pré-antrais atrésicos; ↪Comumente essas células estão ausentes dos ovários de outros animais domésticos adultos. As células endócrinas intersticiais são poliédricas e epitelioides e contêm gotículas de lipídios; ↪Em espécies como coelhas e éguas, essas células demonstram grande quantidade de organelas sintetizadoras de esteroides. Corpo lúteo ↪No período da ovulação, ocorre ruptura, colapso e encarquilhamento do folículo à medida que a pressão do líquor é reduzida; ↪Há um extenso pregueamento da parede folicular. O folículo rompido é conhecido como corpo hemorrágico, por causa do sangue que pode encher o antro; ↪Imediatamente antes da ovulação, algumas células do estrato granuloso apresentam sinais de picnose; ↪Depois da ovulação, o estrato granuloso se torna vascularizado por uma grande rede de capilares originária dos vasos sanguíneos na teca interna; ↪As células da granulosa aumentam, luteinizam e contribuem para a população de grandes células lúteas (luteína) do corpo lúteo; ↪De forma simultânea, o pregueamento da parede folicular resulta na incorporação da teca interna ao corpo lúteo e, na maioria das espécies, as células da teca interna contribuem a princípio para a população de pequenas células lúteas (luteína) do corpo lúteo; ↪Luteinização é o processo pelo qual as células da granulosae as células da teca se transformam em células lúteas; ↪Ambos os tipos celulares sofrem hipertrofia e hiperplasia nesse processo. Um pigmento amarelo, luteína, surge nas células lúteas em vacas, éguas e carnívoros; está ausente em ovelhas, cabras e porcas; ↪O aumento no tamanho do corpo lúteo após o período de atividade mitótica é resultante principalmente da hipertrofia das grandes células lúteas; ↪As pequenas células lúteas representam uma parte menor do corpo lúteo, ocupando em particular áreas trabeculares e periféricas; ↪As grandes células lúteas são poligonais, medem aproximadamente 40 µm de diâmetro e possuem grande núcleo vesicular esférico; ↪Essas células possuem numerosas inclusões lipídicas metabólicas; ↪Durante o metaestro e o diestro, as células contêm organelas características de células sintetizadoras de esteroides, como mitocôndrias com cristas tubulares e RE agranular tubular abundante; ↪As pequenas células lúteas apresentam maior quantidade de lipídios, porém menor número de tipos de organelas sintetizadoras de esteroides em comparação com as grandes células lúteas; ↪Os dois tipos de células lúteas terminam se mesclando no corpo lúteo, dificultando assim a diferenciação. Essas duas células produzem progesterona; ↪A expressão dos receptores de progesterona e a atividade associada do ácido ribonucleico mensageiro (RNAm) ficam evidentes nas células lúteas, especialmente durante o metaestro e o diestro e na prenhez, sugerindo que certos mecanismos autorreguladores lúteos desempenham algum papel na produção de progesterona; ↪O primeiro sinal de regressão lútea é observado no final do diestro e envolve a condensação do pigmento luteína, o qual fica então evidenciado pela cor avermelhada, seguido de fibrose e reabsorção da maior parte do corpo lúteo; ↪Grandes gotículas de lipídios e inclusões cristaloides são típicas das células lúteas em regressão; ↪Os tecidos conjuntivos vasculares do corpo lúteo se tornam conspícuos durante a regressão, e as células musculares nas paredes das artérias lúteas são transformadas por hipertrofia celular e esclerose; ↪A cicatriz de tecido conjuntivo que permanece após a regressão lútea é denominada corpus albicans. Medula ↪A medula é a área interna do ovário que contém nervos, muitos vasos sanguíneos grandes e enovelados e vasos linfáticos; ↪A medula consiste em tecido conjuntivo frouxo e filamentos de músculo liso contínuos com aqueles filamentos do mesovário; ↪Os retia ovarii, que são cordões celulares sólidos ou redes de canais irregulares revestidos por epitélio cuboide, localizam-se na medula; ↪Esses cordões são proeminentes em carnívoros e ruminantes. Foi dito que as células da rete podem se diferenciar em células foliculares quando em justaposição com um ovócito. Vasos sanguíneos, linfáticos e nervos ↪As artérias ingressam no ovário no hilo. Na medula, formam plexos e emitem ramos até as tecas foliculares, corpos lúteos e estroma; ↪Em torno dos folículos maiores, ramos arteriais formam uma grinalda de capilares; ↪Durante a regressão cíclica dos corpos lúteos e folículos, ocorrem hipertrofia e esclerose musculares nas paredes das artérias que irrigam essas estruturas; ↪O retorno venoso ocorre paralelamente à irrigação arterial. Capilares linfáticos acompanham os vasos sanguíneos nas tecas foliculares e no corpo lúteo; ↪Os nervos que inervam o ovário em geral não são mielinizados. Eles são de natureza vasomotora, mas contêm algumas fibras sensitivas; ↪Os nervos acompanham os vasos sanguíneos e terminam nas paredes vasculares e em torno dos folículos, nos corpos lúteos e na túnica albugínea; ↪São derivados principalmente do sistema nervoso simpático através dos plexos renal e aórtico, contudo foi proposta também a existência de uma inervação vagal do ovário. ↪As tubas uterinas são estruturas tortuosas bilaterais que se estendem desde a região do ovário até os cornos uterinos e transportam ovos, espermatozoides e zigotos; ↪É possível distinguir três segmentos da tuba uterina: (a) infundíbulo, uma parte em forma de grande funil; b) ampola, uma seção de paredes delgadas que se estende caudalmente a partir do infundíbulo; e (c) istmo, um segmento muscular estreito que faz a união com o útero. Tuba Uterina (oviduto) Estrutura histológica ↪O epitélio é do tipo colunar simples ou colunar pseudoestratificado, que contém cílios com motilidade na maioria das células; ↪Os dois tipos celulares (ciliadas e não ciliadas) possuem microvilosidades. Os sinais morfológicos de atividade secretória ficam evidentes apenas nas células não ciliadas; ↪Durante a fase lútea, as células secretórias se tornam mais altas do que as ciliadas. Sua secreção proporciona os nutrientes necessários ao ovo e ao zigoto; ↪A mucosa é contínua com a submucosa no trato reprodutivo da fêmea, pois a delgada lâmina muscular (que separa essas túnicas em outras estruturas tubulares) está ausente; ↪Na trompa uterina, a própria-submucosa consiste em tecido conjuntivo frouxo com muitos plasmócitos, mastócitos e eosinófilos. A túnica mucosa-submucosa da ampola é muito pregueada, especialmente em porcas e éguas; ↪No istmo, com a distância cada vez maior da ampola, ocorre desaparecimento gradual das pregas secundárias e terciárias, e na junção istmo-uterina, onde o istmo mergulha na parede uterina, estão presentes apenas quatro a oito pregas primárias e nenhuma prega secundária ou terciária; ↪A túnica muscular é composta principalmente por feixes de músculo liso circular, mas também ocorrem feixes longitudinais e oblíquos isolados; ↪A camada muscular emite fitas radiais para a mucosa- submucosa. No infundíbulo e na ampola, a túnica muscular é delgada; ↪No istmo, a camada muscular interna é proeminente e se funde com o músculo circular uterino. Uma túnica serosa que contém muitos vasos sanguíneos e nervos está presente. Vasos sanguíneos, linfáticos e nervos ↪Os vasos sanguíneos formam plexos vasculares subepiteliais e proliferam durante a prenhez; ↪Os vasos linfáticos apresentam redes capilares nas camadas mucosa e serosa e drenam para dentro os linfonodos lombares; ↪Há tanto fibras nervosas mielinizadas como não mielinizadas com muitos ramos subepiteliais. Essas fibras são derivadas principalmente do sistema nervoso simpático. Histofisiologia ↪O infundíbulo retém ovócitos extrudados do ovário. Essa estrutura está encerrada na bolsa ovariana ou, em espécies sem bolsa ovariana definida (égua), fica parcialmente aplicada em torno do ovário durante o cio; ↪O infundíbulo possui projeções digitiformes denominadas fímbrias. No período da ovulação na maioria das espécies, os vasos sanguíneos nas fímbrias ficam ingurgitados; ↪As fímbrias túrgidas se movimentam sobre a superfície do ovário, em decorrência de contrações rítmicas da musculatura lisa; ↪Ao mesmo tempo, cílios das células epiteliais infundibulares, com batimentos direcionados em particular na direção do útero, transportam o ovócito para o interior da ampola; ↪A ampola caudal é o local da fertilização. Na ampola, a atividade ciliar é a principal força na propulsão do ovócito ou zigoto na direção do istmo, mas em algumas espécies também há envolvimento de contratilidade muscular; ↪No istmo, a contratilidade muscular é a principal força propulsora do zigoto na direção do útero, e em algumas espécies há envolvimento da atividade ciliar; ↪O sentido de direção das contrações do istmo varia dependendo da fase do ciclo estral; ↪Na fase folicular, as contrações antiperistálticas do istmo tendem a movimentar o conteúdo luminal na direção da ampola, ao passo que na fase lútea, as contrações segmentares impulsionam gradualmente o zigoto na direção do útero; ↪ Os zigotosprecisam de 4 a 5 dias para atravessar o istmo. Esse lapso de tempo não depende do comprimento do istmo ou do tempo de prenhez nas várias espécies; ↪O trânsito de espermatozoides até a ampola é contado pelas contrações musculares das paredes uterina e tubária; ↪Partículas inertes e espermatozoides sem motilidade podem ascender pela trompa uterina com a mesma velocidade que aqueles com mobilidade, o que sugere que a ascensão dos espermatozoides não resulta fundamentalmente de sua motilidade inata; ↪A ascensão nessa velocidade é demasiado rápida para ser explicada apenas pela motilidade dos espermatozoides e/ou pelo movimento ciliar das células tubárias; ↪Embora os espermatozoides tenham se desenvolvido no trato reprodutivo do macho, em animais domésticos sua capacidade de fertilização é obtida apenas depois da capacitação na trompa uterina. Útero ↪O útero é o local de fixação do concepto. Esse órgão passa por uma série definida de mudanças durante o ciclo estral e a prenhez; ↪Na maioria das espécies, é composto por cornos bilaterais (cornua) conectados às trompas uterinas, um corpo (corpus) não pareado e um colo (cérvix) que se une à vagina. Estrutura histológica ↪A parede uterina constitui-se de três camadas: (a) mucosa-submucosa ou endométrio, (b) muscular ou miométrio e (c) serosa ou perimétrio; ↪O perimétrio, a camada longitudinal do miométrio e a camada vascular do miométrio são todas estruturas contínuas com as correspondentes no ligamento largo do útero. Endométrio ↪O endométrio compõe-se de duas zonas que diferem tanto em estrutura como em função; ↪A camada superficial, denominada zona funcional, sofre degeneração parcial ou completa depois da prenhez ou após o cio; ↪Uma camada delgada profunda, a zona basal, persiste após esses eventos, e a zona funcional é restaurada a partir dessa camada; ↪O epitélio superficial da zona funcional é do tipo colunar simples na égua, na cadela e na gata. E é colunar pseudoestratificado e/ou colunar simples em porcas e ruminantes; ↪Em áreas isoladas, o epitélio pode ser do tipo cuboide simples. A altura e a estrutura das células epiteliais estão ligadas à secreção dos hormônios ovarianos ao longo do ciclo; ↪A parte superficial subepitelial da zona funcional consiste em um tecido conjuntivo frouxo ricamente vascularizado com muitos fibrócitos, macrófagos e mastócitos; ↪Também estão presentes neutrófilos, eosinófilos, linfócitos e plasmócitos; em ovelhas, há melanóforos; ↪A parte profunda da zona funcional compõe-se de um tecido conjuntivo frouxo que é menos celular do que o da parte superficial; ↪Em ruminantes, durante o estro, há grandes espaços teciduais irregulares repletos de líquido na zona funcional; esses espaços são conhecidos como edema endometrial; ↪Glândulas tubulares ramificadas enoveladas simples estão presentes por todo o endométrio na maioria das espécies. Não há glândulas nas carúnculas de ruminantes; ↪O epitélio glandular colunar simples é composto por células ciliadas secretórias e não secretórias; ↪A elevação dos níveis de estrogênio estimula o crescimento e a ramificação das glândulas, mas o enovelamento e uma secreção copiosa das glândulas geralmente não ocorrem até que haja estimulação pela progesterona; ↪A ramificação e o enovelamento das glândulas são consideráveis em éguas, enquanto se observa menor ramificação em carnívoros ; ↪Cálices endometriais são desenvolvidos em éguas no início da prenhez, após a invasão pelas células fetais; ↪Em ruminantes, há espessamentos circunscritos do endométrio conhecidos como carúnculas. Essas estruturas são ricas em fibrócitos e possuem uma extensa irrigação sanguínea; ↪Os ruminantes ainda apresentam cerca de 15 carúnculas em cada uma das quatro fileiras de cada corno uterino; ↪Elas têm forma de cúpula em vacas e são caliciformes (uma cúpula com uma depressão central) em ovelhas; ↪As carúnculas são as estruturas endometriais que proporcionam fixação da placenta materna às estruturas correspondentes da placenta fetal, os cotilédones. Miométrio ↪O miométrio consta de uma camada interna espessa, que é basicamente circular, e uma camada longitudinal externa de células musculares lisas que aumentam em número e tamanho durante a prenhez; ↪Entre as duas camadas, ou no interior da camada interna, existe uma camada vascular (estrato vascular). Perimétrio ↪O perimétrio consiste em tecido conjuntivo frouxo revestido pelo mesotélio peritonial; ↪Células musculares lisas ocorrem no perimétrio. Nessa camada, estão presentes diversos vasos linfáticos, sanguíneos e fibras nervosas. Vasos sanguíneos, linfáticos e nervos ↪Entre as camadas interna e externa do miométrio, ou profundamente na camada interna, há uma camada vascular composta por grandes artérias, veias e vasos linfáticos que abastecem o endométrio; ↪Essa vasculatura é especialmente calibrosa nas regiões carunculares em ruminantes. No perimétrio há numerosos vasos linfáticos e sanguíneos, além de fibras nervosas; ↪Os nervos são derivados principalmente do sistema nervoso simpático através dos plexos uterino e pélvico. Esses nervos se ramificam em todas as túnicas; ↪A inervação parassimpática proveniente de segmentos da medula espinal sacral chega ao útero por meio do plexo pélvico. Cérvix ↪A cérvix do colo do útero é uma estrutura muscular de paredes espessas e rica em fibras elásticas. A mucosa-submucosa forma pregas primárias elevadas, acompanhadas de pregas secundárias e terciárias; ↪O pregueamento pode dar a falsa impressão de uma estrutura glandular. Os elementos glandulares presentes na cérvix são principalmente mucígenos. Estrutura histológica ↪Na maioria das espécies, o epitélio é do tipo colunar simples que contém muitas células mucinógenas, inclusive células caliciformes; ↪Quantidades maiores de muco são secretadas durante o cio, e grande parte dessa substância transitará até a vagina; ↪Na fêmea gestante, o muco sofre espessamento, formando um “selo cervical”. Em algumas espécies, um pequeno número de células epiteliais é ciliado. Glândulas intraepiteliais e tubulares simples podem estar presentes em ruminantes; ↪A própria-submucosa consiste em tecido conjuntivo denso irregular, que fica edematoso e assume uma estrutura areolar frouxa durante o cio; ↪Em éguas e cadelas, plexos venosos estão presentes na parte profunda da própria-submucosa. A túnica muscular é composta por camadas musculares lisas circular interna e longitudinal externa; ↪Fibras elásticas salientam-se na camada circular. Tanto fibras musculares como fibras elásticas são importantes para o restabelecimento da estrutura cervical após o parto. As camadas musculares da cérvix são contínuas com aquelas do corpo do útero e da vagina; ↪A camada muscular circular cervical demonstra modificações variáveis em diferentes espécies. Ocorrem espessamento e pregueamento da camada circular na região das pregas ou saliências circulares em pequenos ruminantes e porcas; ↪A túnica serosa da cérvix compõe-se de tecido conjuntivo frouxo revestido por mesotélio. Pode estar presente (uni ou bilateralmente) um duto longitudinal do epoóforo (duto de Gärtner) nessa camada em um ou ambos os lados. Vagina ↪A vagina é um tubo muscular que se estende desde a cérvix até o vestíbulo. Pregas mucosas-submucosas longitudinais planas se estendem por toda a extensão da vagina; ↪Ocorrem variações cíclicas na altura e na estrutura do epitélio. Em algumas espécies, estão presentes glândulas intraepiteliais. As maiores quantidades de muco vaginal durante o cio têm sua origem principalmente na cérvix. Estrutura histológica ↪A mucosa vaginal é revestida principalmente por um epitélio pavimentoso estratificado que aumenta em espessura durante o proestroe o estro; ↪Na parte cranial da vagina bovina, há uma camada superficial de células colunares e caliciformes que contém substâncias mucosas positivas para PAS no epitélio escamoso estratificado; ↪Em éguas, as células epiteliais geralmente possuem forma poliédrica, com algumas camadas de células planas na superfície; ↪A própria-submucosa consiste em tecido conjuntivo irregular frouxo ou denso e apresenta nódulos linfáticos na parte caudal da vagina; ↪A túnica muscular é formada por duas ou três camadas. Uma camada interna circular mais espessa de músculo liso está separada em feixes de tecido conjuntivo e circundada por uma camada longitudinal externa delgada de músculo liso; ↪Em sentido cranial, a vagina é revestida por uma túnica serosa típica (tecido conjuntivo frouxo coberto por mesotélio), ao passo que em sentido caudal apresenta uma túnica adventícia, que consiste em tecido conjuntivo frouxo; ↪Tanto a serosa como a adventícia contêm vasos sanguíneos calibrosos e extensos plexos venosos e linfáticos. Há numerosos feixes nervosos na túnica serosa e na adventícia. Basicamente, a inervação é simpática, derivada do plexo pélvico. Vestíbulo, clitóris e vulva ↪A parede do vestíbulo é similar àquela da parte caudal da vagina, exceto pela presença de maior número de vasos linfáticos subepiteliais, especialmente na região do clitóris; ↪Vasos sanguíneos, tecido venoso erétil, plexos venosos e pequenos vasos linfáticos são abundantes na parede vestibular; ↪Essas estruturas ficam congestas durante o cio. Há uma massa discreta de tecido erétil, denominada bulbo do vestíbulo, em cada lado por baixo da mucosa vestibular na égua e na cadela. Essa estrutura se parece com o corpo esponjoso do pênis; ↪Glândulas vestibulares maiores são glândulas mucosas tubuloacinar compostas bilaterais localizadas na parte profunda da própria-submucosa; ↪Os ácinos secretórios terminais contêm grandes células mucígenas. Os pequenos dutos que drenam os ácinos estão revestidos por células mucosas colunares, com áreas isoladas de células caliciformes; ↪Os grandes dutos que levam ao vestíbulo estão revestidos por um epitélio escamoso estratificado espesso. Nódulos linfáticos individuais ou agregados podem circundar os grandes dutos; ↪As glândulas propiciam lubrificação mucosa do vestíbulo; ↪Essas estruturas podem ficar comprimidas durante o coito e secretam muco, proporcionando assim lubrificação mucosa também da vagina caudal. As glândulas têm homologia com as glândulas bulbouretrais do macho; ↪Glândulas vestibulares menores são pequenas glândulas mucosas tubulares ramificadas, dispersas na mucosa vestibular na maioria dos animais domésticos. Essas glândulas são homólogas com as glândulas uretrais do macho; ↪O clitóris consiste em corpos cavernosos eréteis clitorianos pareados e conjuntos, uma glande clitoriana rudimentar e um prepúcio clitoriano. O corpo cavernoso clitoriano, homólogo do corpo cavernoso peniano, está bem desenvolvido em éguas; ↪A glande clitoriana, homóloga da glande peniana, tem funcionalidade erétil apenas em éguas. Um revestimento de tecido fibroelástico não erétil substitui a glande clitoriana em gatas, porcas e ovelhas; nestas, o revestimento contém um plexo venoso; ↪O clitóris possui muitos nódulos linfáticos e é abundantemente inervado com terminações nervosas sensitivas e autonômicas; ↪A vulva é formada pelos lábios vulvares, que estão revestidos por pele ricamente abastecida por glândulas apócrinas e sebáceas; ↪Fibras de músculo estriado (do constritor da vulva) são observadas na hipoderme. Os lábios estão bem atendidos por vasos sanguíneos e linfáticos, que ficam congestos durante o cio, em especial em porcas e cadelas. Ciclo Estral Hormônios do ovário ↪O ovário tem importantes funções endócrinas. Esse órgão secreta os hormônios sexuais da fêmea, principalmente estrógenos e progesterona; ↪Estrogênios são produzidos em especial durante o cio pelas células da granulosa, as quais convertem androgênios, secretados pelas células da teca interna, em estrogênios; ↪Progesterona é produzida principalmente pelas grandes células lúteas durante o metaestro, o diestro e a prenhez e pela placenta; ↪Em certas espécies, as células endócrinas intersticiais secretam grandes quantidades de hormônios sexuais esteroides. O estrogênio induz o crescimento e o desenvolvimento do trato reprodutivo da fêmea e o comportamento estral; ↪A progesterona estimula o desenvolvimento das glândulas uterinas, induz essas estruturas a secretar e torna o endométrio receptivo à implantação do blastocisto; ↪Também impede a maturação folicular e o cio e promove o comportamento apropriado para a prenhez. Estrogênio e progesterona promovem o desenvolvimento da glândula mamária; ↪O crescimento e a maturação dos folículos ovarianos e sua secreção de estrogênio são controlados pelas gonadotropinas hipofisárias; ↪Tanto as células da granulosa como as células da teca dos folículos secundários tardios e terciários iniciais passam a responder aos hormônios gonadotrópicos; ↪As células da granulosa formam receptores do hormônio folículo-estimulante (FSH) e as células da teca formam receptores do LH; ↪Em folículos terciários maturos, as células da granulosa são induzidas pelo FSH a formar também receptores de LH; ↪Em folículos terciários, LH interage com receptores das células da teca interna para estimular a produção de andrógenos e pequenas quantidades de estradiol; ↪Os andrógenos são secretados diretamente nos capilares ou atravessam a lâmina basal para chegar à camada das células da granulosa; ↪Receptores existentes nas células da granulosa interagem com FSH para ativar o sistema enzimático das aromatases, que converte os andrógenos tecais (testosterona, androstenediona) em estrógenos (estra diol-17, estrona); ↪As próprias células da granulosa não são capazes de produzir os andrógenos. Os estrógenos são secretados no líquido folicular e também ingressam nos capilares; ↪A elevada concentração local de estrógenos mantém um ambiente favorável para a maturação folicular. A ação do FSH, bem como do LH nas células foliculares, é mediada pelo aumento da produção de 3’,5’- monofosfato cíclico de adenosina (AMPc), que funciona como “segundo mensageiro” intracelular; ↪Imediatamente antes da ovulação, o “surto” ovulatório de LH interage com os receptores desse hormônio nas células da granulosa para induzir os eventos conducentes à ovulação; ↪Além disso, o surto de LH parece inibir a atividade das aromatases nas células da granulosa; com isso, ocorre redução da secreção de estrógenos; ↪No folículo pré-ovulatório maduro, o LH está envolvido também na indução da maturação do ovócito (término da primeira divisão meiótica); ↪Diversas outras substâncias fisiologicamente ativas se acumulam no líquido do folículo pré-ovulatório maturo, inclusive a inibina, uma grande proteína que suprime de forma seletiva a secreção de FSH pela hipófise; ↪A secreção ovariana de estrógenos deflagra a liberação de um surto ovulatório de LH geralmente no dia do cio; com isso, são induzidos os processos conducentes à ovulação; ↪O nível de pico de FSH ocorre no dia anterior ao cio; o nível de pico de LH, como o dos estrógenos, ocorre no dia do cio; ↪O LH hipofisário também inicia a formação do corpo lúteo. Ele interage com receptores nas células da parede folicular rompida para iniciar o processo de luteinização e de secreção de progesterona; ↪A expressão de receptores de progesterona no interior e sobre as células lúteas no metaestro, no diestro e na prenhez sugere que mecanismos autorreguladores lúteos locais podem também controlar a produção de progesterona; ↪As células lúteas produzem progesterona durante o final do metaestro ena maior parte do diestro; ↪A secreção faz um pico no final do diestro, pouco antes do início da regressão lútea. As células lúteas também secretam estrógenos e relaxina; ↪Em células do corpo lúteo em desenvolvimento e no corpo lúteo maduro, os lipídios são principalmente fosfolipídios com traços de triglicerídios e colesterol e seus ésteres; ↪Durante a regressão, ocorre acúmulo de colesterol nas células lúteas, as gotículas de lipídios são pequenas e regulares em termos de tamanho e distribuição, ao passo que na regressão são grandes e estão distribuídas de maneira desigual; ↪A regressão do corpo lúteo é iniciada por um fator luteolítico uterino que chega ao ovário pela irrigação sanguínea local na ovelha, na vaca e na porca; ↪O principal fator luteolítico é PGF2α. Se a prenhez ocorrer, o corpo lúteo persistirá como corpo lúteo do estado gestacionário durante diferentes lapsos de tempo em diversas espécies; ↪O corpo lúteo da prenhez é mantido por hormônios luteotrópicos provenientes da hipófise e também da placenta, bem como por mecanismos autorreguladores lúteos; ↪Em estágios mais avançados da gravidez na maioria das espécies, o corpo lúteo não é importante, pois a placenta secreta a progesterona necessária para a manutenção bem-sucedida desse estado; ↪Por sua vez, hormônios esteroides ovarianos e placentários influenciam a secreção das gonadotropinas hipofisárias por um efeito de feedback sobre o hipotálamo que regula principalmente a liberação dos hormônios liberadores de gonadotropina hipotalâmicos; ↪Outras estruturas do diencéfalo, como a glândula pineal, também influenciam as funções gonadotrópicas. Fases do ciclo estral ↪O ciclo estral é regulado por um ritmo intrínseco hipotálamo-hipofisário-ovariano que é modulado por fatores neuroendócrinos ambientais e internos. Em animais domésticos, o ciclo estral geralmente é dividido nas seguintes fases sequenciais: 1. Proestro é a fase da maturação folicular e da proliferação endometrial em seguida à regressão do corpo lúteo do ciclo precedente. Durante essa fase, o nível de progesterona cai, o que permite a liberação de FSH. A elevação dos níveis de estrógenos levam ao cio. 2. Estro (ou cio) é a fase de receptividade sexual, durante a qual ocorre ovulação na maioria das espécies. A ovulação é precedida por um “surto” de LH. Ao final do cio, ocorre declínio dos níveis de estrogênio. 3. Metaestro é a fase do desenvolvimento do corpo lúteo e de secreção inicial de progesterona. 4. Diestro é a fase do corpo lúteo ativo em que há predomínio da influência da progesterona lútea nas estruturas sexuais acessórias. A hiperplasia e a secreção das glândulas endometriais são máximas durante o diestro. Entretanto, mais para o final do diestro o corpo lúteo regride e a involução endometrial inicia-se, inclusive com regressão glandular. O diestro pode ser prolongado em casos de pseudociese ou de diestro gestacional e lactacional. 5. Anestro é o período prolongado de inatividade sexual. ↪Assim, durante o proestro e o estro, os folículos ovarianos grandes produzem estrógenos, enquanto no período do metaestro e do diestro o corpo lúteo produz principalmente progesterona. Mudanças cíclicas do endométrio ↪As mudanças cíclicas que ocorrem no endométrio são, em grande parte, causadas pelos hormônios ovarianos, estrógenos e progesterona; ↪Durante a prenhez, esses hormônios são produzidos especialmente pela placenta. Alguns animais (cadelas) são monoéstricos e têm um ou dois ciclos estrais por ano, seguido(s) por um longo período anestral; ↪Animais que ciclam de modo contínuo, sem um período anestral (vacas e porcas), ou animais que ciclam de forma sazonal (gatas, éguas, ovelhas e cabras) são poliéstricos; ↪O endométrio de animais monoéstricos degenera e regenera em grau muito maior em comparação ao que ocorre em animais poliéstricos; ↪Provavelmente, o fator imediato que precipita as alterações degenerativas uterinas é a isquemia local; ↪As alterações degenerativas uterinas são induzidas pelo estradiol e continuadas pela progesterona, a qual induz a atividade secretória glandular e faz com que o endométrio produza uma placenta materna quando estimulado pela presença do blastocisto. Sistema Reprodutivo das Aves – Fêmeas Ovário ↪Em aves adultas, está presente apenas o ovário esquerdo; ↪O córtex e a medula ovarianos são distorcidos pela presença de grandes “folículos” em vários estágios de desenvolvimento ou de atresia; ↪Cada uma dessas estruturas está presa ao ovário por um pedúnculo. Não há folículos verdadeiros no ovário aviar, porque não ocorre formação de um antro folicular repleto de líquido; ↪No folículo, o ovócito é circundado por uma ou várias camadas de células da granulosa. As células da granulosa estão circundadas por células da teca interna e teca externa; ↪As células da granulosa são expelidas com o ovócito na época da ovulação, enquanto as células da teca permanecem para que se forme um corpo lúteo temporário; ↪Células endócrinas intersticiais são encontradas na periferia do ovário; ↪Em geral, a formação de folículos começa no período pós-incubação, durante o qual os ovogônios crescem e se transformam em ovócitos primários circundados por células foliculares; ↪Os ovócitos primários então ingressam na primeira divisão meiótica. No período de maturidade sexual (5 a 6 meses em galinhas), os ovócitos secundários são ovulados; ↪A segunda divisão meiótica se completa na fertilização, resultando em um ovo e, em seguida, num zigoto; ↪Enquanto o ovócito primário é em essencial protoplasmático, o ovócito secundário contém principalmente gema; ↪Uma quantidade abundante de gema se acumula em uma das extremidades da célula; o núcleo se situa na outra extremidade; ↪Assim, o ovócito secundário e o ovo recebem as denominações de macrolécitos, telolécitos; ↪A gema possui lipídios como, por exemplo, lecitina, colesterol e caroteno dispostos em camadas concêntricas; ↪O ovócito fica circundado por uma membrana plasmática denominada membrana vitelina; ↪Depois da ovulação, são adicionadas outras camadas à parte exterior do ovócito durante o trânsito através do trato reprodutivo da fêmea. Oviduto ↪O termo oviduto na ave é utilizado para descrever o duto reprodutivo inteiro. O oviduto está presente apenas no lado esquerdo na ave adulta; ↪O oviduto esquerdo consiste em infundíbulo, magno, istmo, útero e vagina; ↪Embora cada uma dessas divisões apresente características estruturais e funcionais especiais, todas possuem dois elementos morfológicos essenciais para a formação do ovo: (a) uma camada muscular, que sustenta o oviduto e promove a propulsão do ovo, e (b) um revestimento epitelial glandular, que secreta todas as partes do ovo fora do ovócito/zigoto ocupado pela gema; ↪Além disso, a membrana mucosa produz uma secreção viscosa que forma um coxim elástico e macio para o ovo enquanto ele passa através do oviduto; ↪As seguintes secreções do oviduto são adicionadas ao ovócito/zigoto: 1. Quatro camadas de albúmen são adicionadas no magno (a parte cranial do oviduto). 2. Uma membrana da casca, que consiste em uma camada interna fina e uma camada externa espessa de filamentos de proteína (principalmente queratina), é acrescida no istmo; as duas camadas ficam separadas pela câmara aérea na extremidade romba do ovo. 3. Forma-se uma casca porosa no útero. Essa casca é composta por uma camada interna de massas calcárias cônicas, circundadas por uma camada orgânica esponjosa e por uma cutícula da casca externa. Uma camada de pigmento orgânico pode ser adicionada externamente em algumas raças. Infundíbulo ↪A extremidade cranial do infundíbulo é dilatada e possui longas fímbrias que “agarram” o ovócitosecundário ao ser liberado do ovário; ↪O infundíbulo é o local habitual de fertilização. A mucosa-submucosa está disposta em cristas longitudinais baixas ou em pregas primárias; além disso, há pregas mucosas-submucosas secundárias no infundíbulo caudal; ↪O ovo permanece no infundíbulo durante aproximadamente 25 minutos; ↪O epitélio é do tipo colunar pseudoestratificado ciliado. Esse epitélio contém células caliciformes ocasionais, exceto no fundo das pregas, onde é possível encontrar epitélio colunar simples não ciliado; ↪Mais na direção da parte caudal do infundíbulo, as células glandulares aumentam em número e ficam agregadas em sulcos glandulares que se parecem com as glândulas tubulares do magno; ↪A própria-submucosa consiste em tecido conjuntivo frouxo que contém muitos linfócitos e plasmócitos. A túnica muscular se compõe de feixes dispersos de músculo liso longitudinal; ↪A túnica serosa é composta por tecido conjuntivo frouxo e mesotélio. Magno ↪O magno exibe uma parede espessa e pregas mucosas-submucosas primárias e secundárias longitudinais altas e espessas. No magno, ocorre adição de albúmen ao ovo; ↪O ovo permanece no magno por aproximadamente 3 horas. O epitélio do magno é do tipo colunar simples e possui quantidades quase iguais ou iguais de células ciliares e caliciformes; ↪O tecido conjuntivo frouxo da própria-submucosa contém muitas glândulas tubulares longas, enoveladas e ramificadas. As células são piramidais e contêm grânulos basófilos ásperos; ↪Estão presentes uma camada muscular lisa circular interna e outra longitudinal externa. A fina túnica serosa consiste em tecido conjuntivo frouxo e de mesotélio; ↪O magno está nitidamente dividido da parte seguinte do oviduto, o istmo, por um segmento aglandular medindo 1 a 3 mm. Istmo ↪O istmo possui cristas longitudinais pronunciadas. O ovo permanece no istmo durante aproximadamente 1,25 hora; ↪A membrana da casca bilaminar se forma nessa região. O epitélio é do tipo colunar simples e apresenta quantidades quase iguais de células ciliares e caliciformes; ↪A própria-submucosa é preenchida por glândulas tubulares ramificadas distendidas. As glândulas são revestidas por células piramidais com um citoplasma que contém muitos grânulos secretórios acidofílicos; ↪A túnica muscular consiste em camadas musculares lisas circular e longitudinal. A túnica serosa compõe-se de tecido conjuntivo frouxo e mesotélio. Útero ↪O útero, ou glândula da casca, é um órgão saculiforme com paredes espessas e distensíveis. As pregas longitudinais primárias e secundárias ficam obscurecidas por uma série de pregas circulares primárias e secundárias; ↪A rotação do ovo, associada com a torção das calazas, ocorre no útero. O ovo permanece no útero durante aproximadamente 20 horas; ↪Os componentes da casca, como matriz orgânica, cutícula da casca e material inorgânico, são formados aqui; O epitélio é do tipo colunar pseudoestratificado ciliado; ↪A própria-submucosa contém glândulas tubulares enoveladas ramificadas; ↪As células dessas glândulas são piramidais e possuem um citoplasma difusamente granular e vacuolado. Ocorre um tecido conjuntivo frouxo esparso entre as glândulas; ↪A túnica muscular consiste em duas camadas de músculo liso. A camada circular interna é espessa e forma um esfíncter no seu limite com a vagina. A túnica serosa consta de tecido conjuntivo frouxo e mesotélio. Vagina ↪A parede vaginal é espessa e apresenta camadas longitudinais primárias e secundárias baixas. O ovo permanece na vagina durante breve período e ela não participa da sua formação; Essa parte do oviduto não possui glândulas, exceto pelas glândulas hospedeiras de espermatozoides na junção uterovaginal, que são utilizadas para armazenamento dos espermatozoides; O epitélio é do tipo colunar pseudoestratificado ciliado, com algumas células caliciformes. A própria-submucosa é formada por tecido conjuntivo frouxo, que frequentemente contém linfócitos, plasmócitos e granulócitos; ↪A túnica muscular tem funcionalidade na expulsão do ovo e consiste em uma camada circular interna e uma camada longitudinal externa. A túnica serosa é formada por tecido conjuntivo frouxo e mesotélio. Cloaca ↪Vagina, cólon e ureteres se abrem na cloaca. O epitélio da cloaca é do tipo colunar simples e contém muitas células caliciformes.
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