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Marianna Lopes – Genética, 4° semestre FTC G E N E T I C A do cancer CONCEITO Doença multifatorial de origem genética, que, em geral, abrange mutações em genes controladores da proliferação ou da apoptose, isto é, do balanço celular • Fatores desencadeantes: UV induz a alteração do material genético • Hereditariedade: O câncer pode, ou não, ser hereditário, mas 95% dos casos são adquiridos já que qualquer célula pode ser convertida em um estado maligno o Transmissão à prole (câncer hereditário): Linhagem germinativa o Adquirido por ambiente e hábitos de vida: Linhagem somática Pessoas da mesma família com os mesmos hábitos podem desenvolver os mesmos cânceres de forma não hereditária Tumor maligno Agregado de células aberrantes, originadas de um único clone, que possui características típicas • Rápida taxa de mitose • Habilidade de invadir novos territórios • Alta taxa metabólica • Forma anormal Mutações Mutações oncogênicas Alterações de ganho de função com carater dominante, isto é, que afeta somente um alelo (do pai ou da mãe) • Proto-oncogene: Gene não mutado que faz parte de vias estimuladoras do ciclo celular (mitose) • Oncogene: Proto-oncogene acometido por alguma alteração genética, que passa a estimular o ciclo celular de forma mais intensa ou ininterrupta • Oncoproteínas: Proteínas de um proto ou oncogene de fato que podem incluir receptores de fatores de crescimento, proteinas de transdução de sinal e reguladores transcricionais Mutações em genes supressores tumorais Alterações de perda de função com carater recessivo (alelos de pai e mão), que codificam reguladores negativos, cuja função normal é inibir o ciclo celular, ou positivos, que normalmente ativam a apoptose da célula danificada • As mutações no gene p53 estão associadas a cerca de 50% dos tipos de tumores humanos o A proteina p53 age como um regulador transcricional, juntamente com a p21, que se ativa em resposta ao dano ao DNA para evitar a progressão do ciclo celular até que o DNA seja reparado ou pode induzir apoptose o Se nenhum alelo funcional da p53 estiver presente, o ciclo celular progride mesmo que o DNA danificado não tenha sido reparado • Além do gene p53, há outros importantes como o BRCA1 e BRCA2 (principalmente em câncer de mama e de ovários) Exemplo: A proteína do proto-oncogene Ras, numa mutação promotora de tumor, como uma única transversão (mutação pontual) de glicina (GGC) por valina (GTC) no aminoacido 12 cria a oncoproteina do câncer de baxiga humana • A proteina Ras normal faz transdução de sinal para induzir a mitose, que funciona oscilando entre o estado ativo da proteina G ligado a GTP e o inativo ligado a GDP • A mutação no oncogene faz com que a Ras se ligue sempre ao GTP, mesmo na ausência de sinais normais, e assim a oncoproteina Ras propaga sinais contínuos para proliferação celular Marianna Lopes – Genética, 4° semestre FTC GENÉTICA DO CÂNCER HEREDITÁRIO O câncer hereditário compreende afecções genéticas, em que neoplasias malignas tornam-se mais comuns em indivíduos da mesma família, sendo transmitidas verticalmente por meio de um padrão de herança mendeliano, que geralmente é do tipo autossômico dominante, ou seja, 50% de risco de transmissão para a prole em cada gestação, independentemente do sexo. • Penetrância: O portador da mutação tem um risco alto de desenvolver lesões associadas à síndrome durante toda a vida o Penetrância varável: Influência de fatores genéticos e ambientais • Características típicas: Idade precoce ao diagnóstico, mais de uma neoplasia no mesmo indivíduo e vários membros e várias gerações acometidas em uma mesma família o Agrupamento familiar: Pode haver prevalência de certos tipos de cânceres na mesma família sem hereditariedade e isso se dá exclusivamente por fatores ambientais que acomete o mesmo grupo e desencadeia Câncer de mama hereditário Sabe-se que o câncer de mama é mais comum em mulheres, principalmente na pós-menopausa, com taxa de mortalidade de 10,44 mortes a cada 100 mil mulheres no Brasil no período entre 2002 e 2004 • Fatores de risco associados: Sobrepeso, alcoolismo, alterações hormonais, lesões de alto risco em mama e existência de familiares próximos afetados • Geralmente se analisam células do linfonodo drenante para saber se ha risco de metastase Mutações Genes BRCA1 e BRCA2 mutados são responsáveis por cânceres de mama e ovário hereditários e também estão associados ao câncer de mama masculino • Mulheres com mutações do BRCA1, localizado no locus 17q21, apresentam 87% de chance de desenvolver carcinoma de mama e 40% a 60% de chance de desenvolver um carcinoma de ovário durante toda a vida, além de 65% de chance de um segundo carcinoma mamário se viverem até 70 anos • Mulheres com mutação em BRCA2, localizado em 13q12-13, tem cerca de 85% de chance de desenvolverem um carcinoma de mama durante sua vida Câncer de cólon hereditário Esse tipo de câncer apresenta-se de forma esporádica em cerca de 80% dos casos, mas os 20% restantes tem componentes genéticos hereditários • Síndrome de câncer colorretal hereditário se subdivide em certos tipos o Polipose: Polipose adenomatosa familiar (PAF), polipose familiar juvenil e síndrome de Peutz-Jegher o Não polipose: Câncer colorretal hereditário não polipose (HNPCC) ou síndrome de Lynch • As mutações no MLH1 (cromossomo 3p21-3) e MSH2 (2p22-p21) são responsáveis por 90% dos casos de HNPCC e, assim, percebe-se que a genética é de suma importância o Ausência da expressão de proteínas MLH1, MSH2 ou MSH6 o Acometimento de gametas é comumente responsável pelo reparo dos erros de replicação (MSH2, MLH1, PMS2 e MSH6) o Mutação em genes supressores de tumor APC e TP53 também estão nos tumores colorretais Câncer tireoidiano hereditário O carcinoma medular de tireoide (CMT), que pode ser esporádico (75-80%) ou hereditário (20-25%), é responsável aproximadamente 5% a 8% de todas as neoplasias malignas da tireoide • Carcinomas tireoidianos familiares costumam ser diagnosticados em pacientes mais jovens (em torno dos 35 anos) e geralmente são bilaterais múltiplos, e sempre acompanhados por hiperplasia de células C no parênquima residual • Herediatariedade: Associação com mutações no gene PTEN e no gene supressor tumoral APC (podem ocorrer também em carcinomas esporádicos), além do proto-oncogene RET (rearranged during transfection) que codifica o receptor de membrana celular para a tirosina cinase Câncer de próstata hereditário Marianna Lopes – Genética, 4° semestre FTC O câncer de próstata hereditário corresponde a 10 a 20% dos casos, acometendo principalmente homens jovens (4ª ou 5ª década de vida), e é muito heterogêneo, tendo vários loci que contribuem para sua susceptibilidade • No Brasil, foi o responsável pela segunda maior taxa de mortalidade (10,31 mortes por 100 mil homens) por neoplasia em homens entre 2002 e 2004 • Os loci do câncer de próstata foram mapeados nos cromossomos 1q24-25, 1q42, Xq27-28, 1p36 e 20q13 e acometem vários genes (ex. TP53, PTEN, RB Ras, CDKN2, AR e CTNNB1) o A mutação pontual mais comum é observada no TP53 e é característica de estágios avançados o Os genes MSH2 e PMS2 são encontrados com mutação na linhagem celular do câncer de próstata (determinado por estudo de familiares menores de 66 anos com história familiar de câncer cerebral primário) SÍNDROME MULTICÂNCER Síndrome de Cowden ou multicâncer compreende uma mutação no gene da proteína PTEN que cursa com o desenvolvimento independente e simultâneo de, no mínimo, 3 tipos de cânceres (princ. mama, ovário e tireoide) • O gene TP53 bloqueia a atividade de proteína fosforilativa P13K, que atua estimulando PKB- Atk, uma outra proteína importante para a sobrevivência celular e inibição da apoptose MEDICINA PERSONALIZADA O aconselhamento genético se dá apóso resultado de rastreio ou prognóstico e tem como objetivo reduzir as probabilidades de manifestação do câncer • Fatores ligados ao desenvolvimento de cânceres permitem a prevenção no uso de certos alimentos, bebidas e drogas CARCINOMA DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO-PEQUENAS (CPCNP) O componente genético dessa patologia é relacionado com genes indutores de mitose e supressores de tumor • Proto-oncogenes principais: EML-4-ALK (8%), ROS-1, BRAF (2%) e PI3KC são mutados e se tornam de fato oncogenes o Crescimento celular: Genes K-Ras (25%) e MYC o Fatores de crescimento: Genes HER2 e EGFR (17%) o Supressores de tumor: Genes P52, p19 e APC
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