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1 PEDIATRIA 7 Marina Prietto DISTÚRBIOS PUBERAIS PUBERDADE PRECOCE: É o aparecimento precoce dos caracteres sexuais secundários; Em meninos = antes dos 9 anos; Em meninas = antes dos 8 anos Possuem 3 possibilidades etiológicas: 1. Central; 2. Periférica 3. Mista PUBERDADE PRECOCE CENTRAL Dependente de gonadotrofinas, ou seja, decorre da ativação do eixo HHG; É mais comum nas meninas (3:1) Com isso, haverá: Maturação sexual completa; Na sequência do desenvolvimento sexual é a mesma que a habitual, porém de forma mais precoce; Isossexual, ou seja, concordantes com o sexo genético do paciente; OBSERVAÇÃO: O primeiro sinal de puberdade masculina é o crescimento do vol. testicular a partir de 4ml e não o surgimento de pelos e aumento do pênis. No sexo feminino o primeiro sinal do desenvolvimento puberal é o surgimento do broto mamário (telarca); PUBERDADE PRECOCE PERIFÉRICA (pseudopuberdade precoce) É independente de gonadotrofinas, sem a ativação do eixo HHG; Ocorre uma produção autônoma de esteroides sexuais; Com isso, haverá: Maturação incompleta; Que não segue a sequência normal da puberade; Podendo ser isossexual ou heterossexuais (ou seja, não respeita os caracteres do sexo genético do paciente); IMPORTANTE! − Na puberdade periférica o crescimento do pênis ocorre sem o concomitante desenvolvimento testicular, ou o tamanho testicular é desproporcional à virilização do genital e à concentração de testosterona total. − O aumento do volume dos testículos é indicativo de produção endógena de gonadotrofinas, enquanto o aumento isolado do pênis, com presença de pelos púbicos, é sugestivo de produção de androgênios, geralmente de origem suprarrenal. − As causas mais frequentes de origem suprarrenal são a hiperplasia adrenal congênita e tumores adrenocorticais. − O tratamento da puberdade precoce periférica depende da doença de base, por exemplo: cirurgia no caso dos tumores, reposição de corticoides nos casos de hiperplasia adrenal congênita; uso de antiandrogênicos como espironolactona em crianças com excesso de androgênios, entre outros. 2 PEDIATRIA 7 Marina Prietto PUBERDADE PRECOCE MISTA; − De início, apresenta um padrão similar ao da periférica (independente das gonadotrofinas, gerando uma produção autônoma de esteroides e uma maturação sexual incompleta; − Porém, posteriormente, acaba ocorrendo uma ativação do eixo HHG, que gera tanto a produção de FSH e LH, como também uma sequência normal da puberdade. INDEPENTENDE DO TIPO DE PUBERDADE PRECOCE Ocorre uma elevação dos esteroides sexuais; ELEVAÇÃO DOS ESTEROIDES SEXUAIS Essa elevação vai gerar: − Aumento na velocidade de crescimento; − Avanço na idade óssea, gerando um fechamento precoce das epífises; Gera um comprometimento da estatura final! COMO OCORRE A AVALIAÇÃO DA ATIVAÇÃO DO EIXO HHG? Dosando o LH basal ou a dosagem do LH após o estímulo do GnRH exógeno. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS: PUBERDADE PRECOCE CENTRAL ▪ Em meninas, a principal causa é idiopática; ▪ Em meninos as principais causas são decorrentes de alterações no SNC (tumores de hipotálamo e hipofise); Exames que avaliem: » Ativação do eixo HHG – dosagem do LH basal ou a dosagem do LH após o estímulo do GnRH exógeno. » Elevação de esteroides sexuais » USG pélvica em meninas; » EM MENINOS – sempre estará indicada a Ressonância magnética de crânio e hipófise; OBSERVAÇÃO: » Dosagem de FSH que indica início da puberdade em meninas é >1,9 U/L. » Antes da puberdade o volume de cada ovário é menor que 2cm³ com folículos menores que 9mm. » O endométrio na menina pré-púbere não é visualizado normalmente. » Na puberdade os ovários atingem volume maior que 4cm³ e o endométrio é visualizado. Tratamento: uso de medicamentos análogos de GnRH EXEMPLOS: HAMARTOMA HIPOTALÂMICO » É uma malformação congênita, de tecido hipotalâmico produtor de GnRH que se localiza normalmente no tuber cinereum. (região entre o quiasma óptico e os corpos mamilares) » Possui duas manifestações clínicas principais: − Convulsões gelásticas (riso incontroláveis); − Puberdade precoce central 3 PEDIATRIA 7 Marina Prietto PUBERDADE PRECOCE PERIFÉRICA: Ocorre devido a uma produção independente de gonadotrofinas e com isso uma produção autônoma de esteroides. Por conta disso, ocasiona- se uma maturação sexual incompleta, que não obedece a sequência habitual. Ela pode ser dividida em dois tipos: ISOSSEXUAIS (ou seja, as características sexuais são concordantes com o sexo genético do paciente) ▪ Em meninas a causa mais comum são os cistos ovarianos; ▪ Em meninos a causa mais comum é a hiperplasia adrenal congênita HETEROSSEXUAIS (ou seja, as características sexuais não são concordantes com o sexo genético do paciente) ▪ Em meninas a causa mais comum hiperplasia adrenal congênita ▪ Em meninos a causa mais comum tumores testiculares feminizantes; EXEMPLOS: HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA Ocorre produção de esteroides adrenais de forma desregulada; Gera uma adrenarca precoce e uma virilização precoce em meninas Aos exames laboratoriais, apresenta: − Não apresenta achados de ativação do eixo HHG (LH basal baixo); − Porém um aumento nos esteroides adrenais (SDHEA, DHEA) CISTOS FOLICULARES OVARIANOS; − Gera um desenvolvimento isossexual em meninas, devido a produção de estrogênio; − Promove um desenvolvimento mamário e vaginal; − Com uma puberdade precoce periférica; − O diagnóstico pode ser feito com uma USG pélvica com a visualização dos cistos foliculares ovarianos hiperfuncionantes; HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO: − É uma causa de puberdade precoce periférica em ambos os sexos; − Promove um atraso da idade óssea − Pode causar galactorreia em alguns pacientes; − Ao exame laboratorial apresenta uma elevação de TSH SÍNDROME MCCUNE – ALBRIGHT; É uma síndrome de disfunção endócrina múltipla (endocrinopatias hiperfuncionantes), com elevação de diversos hormônios, incluindo os gonadotróficos. Caracteriza-se por uma tríade: 1. Manchas café com leite; 2. Displasia fibrosa óssea; 3. Puberdade precoce periférica isossexual (pode ativar o eixo HHG posteriormente, tornando-se uma PP mista) Aos exames, vai apresentar: • Elevação dos esteroides sexuais; • Alterações na cintilografia óssea (displasia óssea); TUMORES TESTICULARES FEMINIZANTES; − A síndrome do testículo feminilizante é também conhecida como Síndrome de Morris. − Nesse caso há insensibilidade aos andrógenos. − Os pacientes portadores da forma completa de Síndrome de Morris apresentam genitália externa feminina, com ausência ou rarefação de pêlos pubianos, vagina em fundo-cego e ausência de útero (não se encaixa na nossa paciente). 4 PEDIATRIA 7 Marina Prietto IMPORTANTE O tratamento de todas essas condições vai depender da patologia de base, entretanto, é possível indicar drogas que bloqueiem a liberação de esteroides sexuais, como espirolactona e o cetoconazol. PUBERDADE ATRASADA: Ausência de sinais de maturidade sexual em: » Meninos acima dos 13 anos com volume testicular abaixo dos 4ml; » Meninas acima dos 14 anos sem a presença de broto mamária; Ela também pode ser definida no caso de uma lentificação do processo de puberdade, que ocorre em média » Em 3,2 anos em meninos para atingir o volume testicular adulto, que vai de 20 a 25 ml; » Em 2,4 anos em meninas para chegar na menarca; LEMBRAR! ADRENARCA NÃO É INDICATIVO DE INÍCIO DA PUBERDADE! O aumento de pelos denota apenas um aumento da produção de andrógenos adrenais Puberdade atrasada = redução da velocidade de crescimento = atraso na liberação dos esteroides sexuais (FSH e LH), responsáveis pela aceleração e maturação das epífises ósseas; ETIOLOGIA: A puberdade atrasa pode serdivida em dois grupos: Atraso puberal » Familiar; » Secundário a doenças crônicas Hipogonadismo » Hipergonadotrófico; » Hipogonadotrófico; ATRASO PUBERAL FAMILIAR: É uma variante da normalidade, as crianças completam o desenvolvimento puberal, porém mais tarde (2 a 4 anos); Porém, nesses casos não há prejuízo estatural, paciente “vai chegar lá” só que com um período maior. Vem acompanhado com: − História familiar positiva − Atraso na adrenarca − Chegam ao consultório muitas vezes devido a baixa estatura; Aos exames: − Atraso na idade óssea; − Gonadotrofinas a níveis pré puberais (Reduzidos) SECUNDÁRIO A DOENÇAS CRÔNICAS As doenças crônicas podem levar a uma desaceleração do estirão do crescimento e da puberdade, ou até uma regressão dos caracteres sexuais secundários; As alterações na puberdade podem ser corrigidas, se alteradas as causas de base das doenças crônicas. 5 PEDIATRIA 7 Marina Prietto Podem ocorrer devido: − Desnutrição (fibrose cística, doença celíaca); − Inflamação sistêmica (Insuficiência renal crônica); − Endocrinopatias (DM, Hipotireoidismos) − Uso crônico de corticoide (ASMA, LES, AIJ) HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO; Decorre de uma alteração do eixo HHG que apresenta níveis baixos de gonadotrofinas (FSH e LH); O hipogonadismo hipogonadotrófico representa um grupo de doenças com comprometimento hipotalâmico ou hipofisário, que resulta na deficiência das gonadotrofinas circulantes. Pode alterar ou não a estatura final (se o comprometimento for exclusivo gonadotrófico, não, porém se comprometer GH, sim); As etiologias que levam ao hipog. Hipogonadotrófico são: − Distúrbios do SNC. − HH congênito isolado; − Associação com outras síndromes (Ex: síndrome de prader willy) DISTÚRBIOS DO SNC: É a causa etiológica mais comum de Hipogonadismo Hipogonadotrófico. O mais comum é o craniofaringioma. Ele ocorre devido a presença de um tumor na bolsa de “rating” – da região suprasselar até a célula túrcica Quadro clínico se apresenta como: − Cefaleia − Poliúria − Polidipsia − Hemianopsia bitemporal (é um sinal bem sugestivo de doença expansiva hipofisária – compressão do quiasma ótico) Diagnóstico é feito via TC Calcificações com imagens císticas e erosões da sela túrcica; HIPOGONADISMO HIPERGONADOTRÓFICO; Decorre de uma falência gonadal primária (baixa produção de esteroides sexuais); Os níveis de FSH e LH estão elevados – não apresentam alterações (pois o problema é gonadal); Em mulheres: − Insuficiência ovariana primária (níveis estrogênicos baixos e níveis normais de FSH e LH); − Síndrome de Turner Em homens: − Lesão testicular bilateral; − Síndrome de Klinefelter SÍNDROME DE TURNER Cariótipo 45 X0; A puberdade nessas meninas é atrasada porque elas possuem uma disgenesia gonadal, não são desenvolvidas (gônadas em fita) As alterações no exame físico são: − Baixa estatura. − Cúbito valgo. − Otite média recorrente. − Tireoidite de Hashimoto; − Inteligência preservada!! O diagnóstico é feito pela cariotipagem; 6 PEDIATRIA 7 Marina Prietto IMPORTANTE! MENINAS com baixa estatura e puberdade atrasada = indica-se cariotipagem! SÍNDROME DE KLINEFELTER Cariótipo 47 XXY PE a forma mais comum de hipogonadismo hipergonadotrófico e decorre da não disjunção dos cromossomos sexuais. Nesses pacientes o início da puberdade é normal, porém ocorre uma falha na progressão da puberdade Isso ocorre devido uma disgenesia dos túbulos seminíferos, com testículos pequenos e endurecidos e baixos níveis de testosterona. Outros achados associados: • Elevada estatura • Ginecomastia (risco até de CA de mama); • Proporções eunucóides; O diagnóstico é feito pela cariotipagem; IMPORTANTE! MENINOS com alta estatura e testículos atróficos = indica-se cariotipagem! Pacientes com a puberdade atrasada devem ser tratados com o auxílio de medicamento, como o uso de esteroides sexuais para estimular a progressão da puberdade. Porém, é necessário tomar bastante cuidado, com o risco de fechamento precoce das epífises ósseas;
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