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Neuralgia do trigêmeo

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MORFOFUNCIONAL VIII
ANATOMIA
Turma XII
Aluna: Bárbara Loeser Faro 23/03/2021
Neuralgia do nervo trigêmeo
1- INTRODUÇÃO
A neuralgia do trigêmeo é uma afecção que acomete o nervo trigêmeo, sendo este o V
par dos nervos cranianos. Por ser um nervo misto, tem características motoras e
sensitivas, estas de maior predominância. Faz parte da inervação principalmente da
cabeça, abrangendo uma grande área, e também em menor proporção no pescoço.
Sua importância vem da sua fundamental participação no processo de mastigação,
sensibilidade geral e propriocepção das áreas que inerva. A patologia é de grande
interesse de estudo, pois é uma das neuralgias mais frequentes na população adulta,
além de gerar um grande impacto na qualidade de vida do paciente.
2- ANATOMIA
2.1- Origem e trajeto
O nervo trigêmeo, tambem conhecido como V par de nervo craniano, tem origem
aparente no encéfalo o local entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio; já sua
origem aparente no crânio vai depender dos seus ramos: o ramo oftálmico é a fissura
orbital superior, o ramo maxilar aparece primeiro no forame redondo, e o ramo
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mandibular suge no forame oval. A partir da divisão do V par, cada ramo vai seguir o
seu trajeto independente e também se subdividem, como discutido posteriormente:
Nervo oftálmico (V1/superior)
O nervo oftálmico, também chamado de superior por se situar nessa posição ao deixar
o gânglio trigeminal, se posiciona na parede lateral do seio cavernoso e em seguida
segue para a fissuta orbital superior, atravessando-a, e se dividindo em 3 ramos
posteriormente descritos. Em seu caminho, esse nervo vai se conectar com o plexo
carótico no seio cavernoso e a outros nervos cranianos do interior da órbita.
Nervo maxilar (V2/médio)
Esse nervo sairá do crânio pelo forame redondo, depois de passar pela parte posterior
do seio cavernoso. Daí, seguirá através da fossa pterigopalatina para entrar no
assoalho da órbita, na altura da fissura orbital inferior, passando a ser chamado de
nervo infraorbital.
Nervo mandibular (V3/inferior)
Esse ramo deixa o crânio pelo forame oval, em direção à fossa infratemporal, onde se
dividirá em ramos menores. As raízes sensitiva e motora apenas se unem depois de
sair do crânio, passando pelo forame oval.
2.2- Divisão
O nervo trigeminal vai se dividir em 3 grandes ramos principais, e são eles: oftálmico
(V1), maxilar (V2) e mandibular (V3). A partir desses ramos, mais divisões serão feitas,
gerando ramos cada vez menores que abrangem a maior parte da cabeça,
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principalmenete da face. Esses nervos se subdividem ainda em outros nervos
menores, resultando na grande área que o V par inerva.
Nervo oftálmico (V1/superior)
Exclusivamente com vias aferentes sensitivas, o nervo oftálmico vai se dividir em 3
partes: nervos lacrimal, frontal e nasociliar. Vai ser fundamentao na sensibilidade da
fronte, da função da glandula lacrimal, sensibilidade da conjuntiva e dos seios
paranasair, das mucosas nasais e córnea.
Nervo maxilar (V2/médio)
Assim como o nervo oftálmico, o nervo maxilar terá apenas o componente sensitivo. Vai
se dividir em diversos ramos, principalmente serão citados aqui: zigomático,
pterigopalatino, orbital, palatino maior, palatino menor, ramos nasais
posterossuperiores, nasopalatino, ramos faríngeos, alveolares, infraobrbial, nasais
externos, labiais superiores e palpebrais inferiores.
Nervo mandibular (V3/inferior)
O nervo mandibular é a maior subdivisão do V par e é a única divisão em que tem
componente tanto misto quanto sensitivo. A subdivisao dele vai dar origem a ramos
iniciais (meningeo e pterigoideo medial), ramos da divisão anterior (massetérico,
temporais profundos posterior e anterior e pterigoideo lateral e bucal) e ramos da
divisão posterior (alveolar inferior e milo-hioideo).
2.3- Inervação
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O nervo trigêmeo consiste em fibras aferentes e eferentes motoras e fibras sensitivas,
bem como proprioceptivas, simpáticas e parassimpáticas. O estudo da inervação de
um nervo pode se com base nas estruturas que ele inerva ou de acordo com a função
que ele exerce.
Função sensitiva: o V par é responsavel pela sensibilidade superficial da face (dor, tato,
pressao e temperatura), sensibilidade superficial da conjuntiva ocular, sensibilidade da
dura-máter encefálica, dentes, ⅔ anteriores da lingua, mucosas nasal e bucal,
propriocepção (sensibilidade profunda) da articulação temporo-mandibular e dos
receptores dos músculos mastigatórios. Devido a essa última função, o nervo trigêmeo
tem um importante papel na mastigação além da parte motora, pois é através dele e
sua irrigação que é percebida a força empregada pelos músculos no processo de
mastigação provenientes dos dentes e dos ligamentos periodontais, além da
sensibilidade na língua que auxilia na percepção do bolo alimentar na cavidade oral.
Função motora: sua principal função é a motora, porque através da sua inervação é
possível mandar os impulsos nervosos para os músculos responsaveis pela
mastigação, que são eles: temporal, masseter, pterigoideo medial, milohiodeo e o
ventre anterior do digástrico; além desses, inerva também outros músculos, que se
originam do primeiro arco braquial: tensor do véu palatino e tensor do tímpano. É
importante ressaltar que a parte motora acompanha apenas o nervo mandibular, 3ª
divisão do nervo trigêmeo.
3- PATOLOGIA
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A neuralgia do trigêmio é uma patologia caracterizada por episódios recorrentes de dor
facial unilateral, com característica em choque, que começa e termina de forma
repentina, tem como fatores desencadeantes quaisquer estímulos que são
considerados inócuos, que acomete a área inervada por uma ou mais divisões do
nervo trigeminal.
Apesar de ser uma condição rara, com prevalência de <0,1% da população geral e
incidência anual de 4 a 13 acometidos a cada 100.000 pessoas, é uma das principais
neuralgias encontradas na população adulta e idosa. Sua incidência aumenta conforme
a idade, principalmente acima dos 50 anos, mas pode acontecer em qualquer idade; é
mais comum também em mulheres; estudos mostram uma associação entre
hipertensão arterial sistemica e enxaqueca com o maior risco de aparecimento dessa
condição.
Tem como diagnósticos diferenciais a dor de origem dentária, Herpes zóster, sinusite,
enxaqueca, vasculite temporal, paralisia de Bell e outras paralisias, trauma, neuralgia
idiopático.
Como etiologia, o mais importante e recorrente é a compressão da raiz nervosa do
nervo trigeminal, perto da sua inserção na ponte, geralmente por uma artéria ou veia
aberrante (80-90% dos casos); também pode ser devido a presença de schwanoma,
meningioma, aneurismas ou malformações arteriovenosas. Outras causas menos
prevalentes mas ainda de relevância, são: lesões cerebrais, esclerose múltipla,
sensibilização central.
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Já em relação ao mecanismo fisiopatológico, acredita-se que a compressão desse
nervo gere uma desmielinização da sua bainha, geralmente circunscrita e limitada.
Ainda não se sabe ao certo como o estímulo doloroso surge, mas é possível inferir que
o neurônio desmielinizado gere impulsos elétricos ectópicos e não estimulados, ou até
mesmo uma estimulação por atividades consideradas inócuas e indolores, como
escovar os dentes ou pentear os cabelos, assemelhando-se a uma alodinia. Esses
episódios dolorosos podem durar de segundos a 2 minutos, podem variar de
intensidade leve a intensa, com característica em choque ou agulhamento, geralmente
são unilaterais, a maioria tem pontos de gatilho (trigger points) e pode haver inclusive
espasmos musculares quando o ramo mandibular é acometido, por ter o componente
motor.
O diagnóstico em sua maioria, é clínico, de acordo com as características da dor
descritas pelo paciente, local de acometimento, o desencadeamento da dor por
estímulos não dolorosos e não ter outro diagnóstico que se encaixe melhor no caso. É
importante definir qual(is) ramo(s) está(estão) acometido(s). No exame clínico, podem
ser feitos testessimples, principalmente sensitivos, que podem auxiliar na delimitação
de acometimento; os mais utilizados são os testes de sensibilidade nas áreas
correspondentes a cada ramo (oftálmico, maxilar e mandibular) e teste da sensibilidade
nas escleras, tendo em mente a necessidade de fazer comparações contralaterais.
Pode ser feita uma ressonância magnética em casos de dúvida, ou até para definir a
etiologia, buscando causas mais graves como tumores intracranianos ou esclerose
múltipla, ou até as MAVs.
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4- TRATAMENTO
O tratamento inicial geralmente é feito com anticonvulsivantes, principalmente com
carbamazepina e oxcarbazepina. A carbamazepina é o melhor tratamento para essa
patologia até hoje, sendo também a droga mais estudada. Outra opção terapêutica,
considerada de 1ª linha, é a oxcarbazepina, que tem resultados tão positivos quanto a
carbamazepina, com melhor tolerabilidade e menor risco de interação medicamentosa,
por ser mais moderna. Quando esses medicamentos nao estão disponíveis ou não
mostram resultados satisfatórios, pode-se tentar medicamentos alternativos, como
baclofen, lamotrigina e gapapentina. Outra possibilidade, mais cara e invasiva, são as
aplicações com toxina botulínica, que precisa de mais estudos comprovando seus
resultados. Em segunda linha, pode ser feita uma cirurgia corretiva do problema
vascular ou outras etiologias possíveis.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Peter, R. Anatomia Aplicada à Odontologia. Editora Guanabara Koogan: Grupo GEN,
2020. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527736374/. Acesso em: 18 Mar
2021
HIATT. Anatomia Cabeça & Pescoço. Grupo GEN, 2011. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2535-4/ Acesso em: 21
Mar 2021
HO, Charles C. Trigeminal neuralgia. UpToDate. 2020. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/trigeminal-neuralgia?csi=01f8de27-64f1-4e69-a813-
297ad90b64c6&source=contentShare Acesso em: 21 Mar 2021
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527736374/cfi/6/2!/4/2@0.00:0
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