Buscar

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO PRURIDO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Bactérias e Bacterioses
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO PRURIDO
Luiza Vieira dos Santos
NOVA IGUAÇU
2020.1
1. INTRODUÇÃO
	Cerca de 30% a 65 % dos atendimentos clínicos são animais com quadro clínico dermatológico, apresentando como queixa principal e mais comum o prurido, que significa coceira. São causadas por dermatopatias, que são alterações cutâneas. Muitas das vezes essas alterações são observadas durante a tosa, o banho ou até mesmo um procedimento eletivo de cirurgia.
1. DOENÇAS MAIS COMUNS
As alterações cutâneas apresentadas mais comuns são: Dermatopatias parasitárias, aquelas que são causadas por ácaros; dermatopatias infecciosas, causadas por infecções bacterianas e fúngicas; e dermatopatias alérgicas.
1. PELE
A pele é o maior órgão do corpo e possui funções de extrema importância. A principal função é a protetora, agindo como barreira física contra agressões externas, evita que o corpo do animal perca água transepidérmica (desidratação). Essa proteção é feita principalmente pela Epiderme, última camada da pele. Na Epiderme há presença de corneócitos, que são células epiteliais queratinizadas - extremamente lipofílicas, ou seja, não permitem a passagem de água para fora do corpo. Há também a presença do sistema imunológico, presença de uma substancia chamada "sebo, é uma gordura que recobre a pele e nessa gordura além de ácidos graxos e lipídeos, tem presente imunoglobulina, complementos e sais que faz com que exista uma ação antimicrobiana com função de proteger a pele contra patógenos ambientais.
Na superfície da pele existem microrganismos que juntos formam o microbioma cutâneo, sendo de extrema importância para proteção. O microbioma é diversificado, habitando vários tipos de bactérias, fungos, protozoários e até mesmo ácaros. Esse microbioma forma um filme protetor que impede também que outros patógenos invadam e quebrem a homeostasia cutânea, ou seja, o equilíbrio. 
1. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO PRURIDO
3. DERMATOPATIAS PARASITÁRIAS
Das dermatopatias parasitárias, as 4 mais importantes são:
· Sarna sarcóptica, conhecida como escabiose canina; é uma dermatose parasitária causada por um ácaro designado por Sarcoptes scabiei. É uma zoonose e uma parasitose altamente contagiosa entre animais. O animal apresenta pequenas crostas hemorrágicas e perda da pelagem nas regiões ventral, axilar, no focinho etc, mas o quadro clínico pode ser mais abrangente.
· Sarna notoédrica, conhecida como escabiose felina; é uma dermatose intensamente pruriginosa e forma crostas nos gatos, causada pelo ácaro sarcoptiforme Notoedres cati. Por ser altamente contagiosa, é classificada como uma zoonose e as lesões são causadas devido ao contato direto com animais infestados pelo ácaro.
· Sarna demodécica, conhecida como demodiciose; resultado da proliferação do ácaro Demodex canis (mais comum desta doença). Estes ácaros são presentes normalmente, de forma controlada na pele do cachorro, mas caso haja um descontrole, se reproduzem em excesso e isso leva a alterações cutâneas.
· Sarna otoacaríase, conhecida como sarna de ouvido; causada por Otodectes cynotis e Demodex spp principal causa de otite parasitária em cães e gatos. 
3. DERMATOPATIAS INFECCIOSAS
Das dermatopatias infecciosas, a principal é a piodermite que são causadas por bactérias presentes na pele, principalmente a Staphylococcus pseudintermedius. Cerca de 90% das piodermites são causadas por essa bactéria. 
Um estudo de microbiologia de feridas infectadas de cães apontou uma grande número de espécies bacterianas que podem ser encontradas. Espécies como S. intermedius, Streptococcus β-hemolítico, actinobactérias, enterobactérias, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Citrobacter spp., Pasteurella multocida, Pseudomonas aeruginosa e Prevotella melaninogenica, sendo a espécie S. intermedius a que apresentou maior prevalência foram identificadas (URUMOVA et al., 2012). Em outro estudo, foi visto a presença de microrganismo como Staphylococus coagulase negativo, S. intermedius, Streptococcus spp., S. canis, Streptococcus piogênico, Bacillus spp., Actinomyces spp., Corynebacterium spp., Pasteurella multocida, Pasteurella canis, enterobactérias e da família Vibrionaceae, entre outros, em 50 cães acometidos por feridas secundárias.
O agente bacteriano mais comum em lesões dermatológicas de cães é o Staphylococcus pseudintermedius que é uma bactéria cocóide Gram-positiva, anaeróbia facultativa. Quando causam lesões, elas são identificadas como pústulas, pápulas, colaretes epidérmicos, eritema, etc.
	Além das infecções bacterianas, tem-se as infecções fúngicas como a dermatofitose, que é uma infeção das camadas superficiais da pele. Os três tipos de fungos mais comuns são: Microsporum canis, Tricophyton mentagrophytese o Microsporum gypseum. Em geral, o M. canis é a causa mais comum de dermatofitose nos animais, sendo 80% dos casos nos cães e a 98% nos gatos; esporotricose, causada pelo fungo Sporothrix schenckii, uma zoonose comum em gatos.
3. DERMATOPATIAS ALÉRGICAS
São consideradas hoje, a doença mais comum na dermatopatia veterinária. As dermatopatias alérgicas são divididas em 4 tipos:
· Hipersensibilidade alimentar: o animal apresenta uma hipersensibilidade à proteína dos alimentos, geralmente da carne vermelha, frango, leite, trigo, pão, etc. Alguns tipos de rações também podem causar uma hipersensibilidade à eles, devido aos conservantes, corantes da própria ração. A ração hipoalergênica não é tão indicada nesse caso pois 25% dos animais podem ainda sim apresentar reação alérgica.
	Por isso, é necessário ser feito uma Dieta de Exclusão que dura em torno de 8 a 10 semana. O tratamento consiste em retirar da alimentação do animal os alérgenos indutores da hipersensibilidade. É preciso encontrar uma fonte natural de carboidrato (batata baroa, inhame) e uma fonte natural de proteína (carne de rã, coelho e em última opção, a carne de porco) para fazer a reeducação alimentar.
· Dermatite alérgica à picada de pulga: é a primeira desordem mais comum. Os animais apresentam uma hipersensibilidade à alérgenos presentes na saliva de pulgas, carrapatos e outros ectoparasitas.
· Dermatite de contato: a dermatite de contato é a 4º desordem alérgica. O animal apresenta alterações cutâneas no local que tem contato com algum objeto ou produto químico. Pode ser causado por prato de comida de plástico, shampoo, uso de pipetas, etc.
· Dermatite atópica canina: é a segunda desordem mais comum. Consiste em uma síndrose. O animal apresenta hipersensibilidade aos alérgenos ambientais como ácaros, fungos bolores, pólen, gramíneas, etc. É uma desordem genética, inflamatória, extremamente patogênica e que não tem cura.
· Dermatopatias autoimunes, neoplásicas e psicogênicas também são doenças que acometem cães e gatos. A casuística delas vão ser menores comparadas às dermatopatias parasitárias, infecciosas e alérgicas mas não são menos importantes. Essas dermatopatias vem crescendo durantes os anos e em especial as neoplásicas e psicogênicas devido à humanização desses animais.
1. COMO DIAGNOSTICAR UMA DERMATOPATIA PRURIGINOSA?
 O diagnóstico é feito através de histórico e anamnese, é de extrema importância que tenha no atendimento. Para diagnosticar uma dermatopatia prurigrinosa não há nenhum exame específico. É feito através de perguntas ao tutor, sobre os hábitos do animal, perguntas relacionadas a doença (anamnese patológica), perguntas referentes aos dados fisiológicos (anamnese fisiológica), etc. 
Além do histórico e anamnese, o exame físico é indispensável, feito primeiro um exame físico geral com inspeção de mucosas, palpação de linfonodos, avaliação de boca, dentes, orelha, olhos, medição da temperatura, aferição da pressão, ausculta cardíaca e pulmonar. Depois do exame físico geral, é feito o exame fisiológico dermatológico visando sempre as classificações das lesões, podendo ser classificadas em lesões primárias (aquelas que aparecem antes da doença cutânea) e as lesões secundárias (continuaçãodo processo da doença cutânea). Além dos exames físico geral e fisiológico dermatológico, é extremamente importante ser feito os exames complementares para então chegar ao diagnóstico. Sendo eles: 
· Raspado de pele: 
	Pode ser superficial, profundo ou pela fita de acetato. Raspado de pele positivo indica certo tipo de sarna, sendo necessário o uso de um antiparasitário. O mais seguro e comum no mercado, é o Simparic.
	Raspado negativo: pode haver um falso negativo, então independente do resultado do raspado, é necessário administrar um antiparasitário.
· Tricografia:
			Estudo do pelo. Encontrando pelos tonsurados/artroconídeos, faz-se cultura fúngica em apenas pelos artroconídeos. Se for encontrados apenas pelos tonsurados, não é necessário a cultura fúngica.
	
· Citopatologia:
	Estudo das células. Onde faz a coleta através de swab, capilaridade, etc. A coleta é depositada em uma lâmina de vidro, espera secar, é corada por um método rápido de coloração (Método Panótipo) e visualizada no microscópio. Nesse exame é visto se há infecção bacteriana, fúngica, células neoplásicas, etc. 
	Piodermites e/ou Malassezia são doenças infecciosas secundárias. Por isso, é preciso fazer tratamento tópico, como o uso de shampoos, sprays, mousse. Caso esse tratamento não for suficiente para controlar a infecção secundária, é necessário usar o tratamento tópico associado ao tratamento sistêmico.
1. DIAGNÓSTICO 
O retorno ao Veterinário é feito em quatro semanas para avaliar o prurido.
· Se o prurido parou completamente: o animal apresenta uma Dermatite alérgica à picada de ectoparasitas ou uma escabiose (doença parasitária ou infecciosa).
· Se o prurido continuou: é necessário fazer a dieta de exclusão por dois meses. 
· Se o prurido parou completamente: o animal apresenta uma hipersensibilidade alimentar, assim, não utiliza-se nada além da Dieta de Exclusão. 
· Se o prurido parou parcialmente: o animal apresenta uma dermatite atópica canina + hipersensibilidade alimentar.
· Se o prurido continuou exatamente igual: o animal apresenta uma dermatite atópica canina. A partir disso, é feito o diagnóstico com um teste alérgico para saber a que o animal tem alergia. 
Na prática, a maioria dos Veterinários não fazem/não conseguem fazer o diagnóstico, geralmente por conta do tutor. Por isso, é feito a Corticoterapia, sendo uma opção mais barata, que controla o prurido, mas não é o melhor tratamento indicado pelos médicos devido os efeitos colaterais.
1. DIETA DE EXCLUSÃO
		Como dito anteriormente, a Dieta de Exclusão dura em torno de 8 a 10 semanas. Para controlar a coceira durante essas 8 semanas só existe uma medicação a ser usada: Oclacitinib.
1. Começa o medicamento no início do tratamento (da dieta)
2. Mantém até a 4º semana
3. Na 4º semana, suspende o medicamento 3 dias antes de voltar a clínica
4. Se a coceira continuar, é necessário ficar até a 8º semana na Dieta de Exclusão
5. Na 8º semana, suspende o medicamento 3 dias antes de voltar a clínica
6. Quando o animal chega na clínica e as perguntas são feitas ao tutor, é possível ter um diagnóstico conclusivo.
1. CONCLUSÃO
Assim, caso o animal apresente coceira constante, é necessário a ida ao Veterinário pois o prurido, na maioria dos casos, está relacionado a diversas doenças cutâneas ditas acima. Só com o diagnóstico conclusivo é possível um tratamento eficaz e um controle da doença, visando a qualidade de vida do animal. É importante que o tutor tenha compromisso com o tratamento, para que de fato tenha resultados positivos.
1. REFERÊNCIAS
LIMA, S.G, ALVES,M.R, NEVES, F.M. Sarna notoédrica: Notoedres cati. Garça/SP: Editora FAEF, 2009. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/pdf
CASTANHEIRA, Mariana. Sarna demodécica em cães: sintomas e tratamento. Perito Animal, 2019. Disponível em: https://www.peritoanimal.com.br/sarna-demodecica-em-caes-sintomas-e-tratamento-22254.html. Acesso em: 01 Abril 2020.
LUZ, P.G et al. Avaliação da eficácia da associação de tiabendazol, sulfato de neomicina, dexametasona e cloridrato lidocaína no tratamento da otoacaríase. Rev. Acad. Ciênc. Agrár. Ambient., Curitiba, v. 12, n. 4, p. 260-269, out./dez. 2014.
LACERDA, C.C.L. BACTÉRIAS ASSOCIADAS À FERIDAS CUTÂNEAS AGUDAS E CRÔNICAS EM CÃES. 2018. 82 folhas. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABA, Jaboticabal, 2018.
ALÉSSIO, C.B et al. Hipersensibilidade alimentar em um cão. ANAIS DA X MOSTRA FAMEZ/UFMS, Campo Grande, 2017. 
MATOS , C.B et al. Dermatite multifatorial em um canino. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.64, n.6, p.1478-1482, 2012.

Continue navegando