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1 Vanessa Costa – Uninove - 2021 ESQUELETO APENDICULAR O esqueleto apendicular inclui os ossos dos membros superiores e inferiores e os elementos de apoio, denominados cíngulos, que os conectam ao tronco. Anatomia regional Com base na posição das suas grandes articulações, o membro superior é dividido em ombro, braço, antebraço e mão : O ombro é a área de fixação do membro superior ao tronco. Os ossos do ombro incluem a escápula, a clavícula e a extremidade proximal do úmero; O braço é a parte entre o ombro e o cotovelo. O osso do braço é o úmero; O antebraço é a parte entre o cotovelo e a articulação do punho. Os ossos do antebraço são a ulna e o rádio; A mão é distal à articulação do punho. Os ossos da mão são denominados carpais, metacarpais e falanges. OSSOS OMBRO O conjunto de ossos do ombro consiste em: a clavícula e a escápula, que formam o cíngulo do membro superior (cintura escapular), e a extremidade proximal do úmero. CLAVÍCULA A clavícula é a única ligação óssea direta entre o tronco e o membro superior. É palpável em toda a sua extensão e tem um contorno suave, “em forma de S”, com a parte medial convexa e a parte lateral côncava, ambas voltadas anteriormente. ESCÁPULA A escápula é um grande osso triangular plano com: três ângulos (lateral, superior e inferior); três margens (superior, lateral e medial); duas faces (costal e posterior); e três processos (acrômio, espinha da escápula e processo coracoide). PARTE PROXIMAL DO ÚMERO A extremidade proximal do úmero consiste na cabeça, no colo anatômico, nos tubérculos maior e menor, no colo cirúrgico e na metade superior da diáfise do úmero. APLICAÇÃO CLÍNICA Fratura da parte proximal do úmero Tipicamente, as fraturas ocorrem em torno do colo cirúrgico do úmero. Embora o nervo axilar e a artéria circunflexa posterior do úmero possam ser lesadas neste tipo de fratura, isso raramente acontece. No entanto, é importante que o nervo axilar seja testado para se ter a certeza de que a lesão não tenha acometido o nervo e que o próprio tratamento não provoque uma deficiência neurológica. APLICAÇÃO CLÍNICA Fraturas da clavícula e luxações das articulações acromioclavicular e esternoclavicular A clavícula é, frequentemente, fraturada por causa do seu pequeno tamanho e a ação de grandes forças que são, muitas vezes, transmitidas a partir do membro superior em direção ao tronco. O local mais comum da fratura é o terço médio da clavícula, proximal à inserção do ligamento coracoclavicular. A extremidade acromial da clavícula pode sofrer luxação, na articulação acromioclavicular, devido a um traumatismo. Uma pequena lesão tende a romper a cápsula articular fibrosa e os ligamentos da articulação acromioclavicular, resultando na separação acromioclavicular que pode ser identificada em uma radiografia simples. Um traumatismo mais grave pode romper os feixes conoide e trapezoide do ligamento coracoclavicular, resultando em uma elevação e subluxação superior da clavícula. A lesão típica na extremidade esternal da clavícula é a luxação anterior ou posterior da articulação esternoclavicular. Uma complicação grave está relacionada com a luxação posterior da clavícula, que pode comprimir ou romper os grandes vasos. APLICAÇÃO CLÍNICA Luxações da articulação do ombro A articulação do ombro é extremamente móvel, proporcionando uma grande variedade de movimentos, às custas da sua estabilidade. A relativamente pequena cavidade óssea glenoidal, complementada por um lábio glenoidal fibrocartilaginoso delgado e pelo suporte de ligamentos, tornam a articulação suscetível a luxação. A luxação anteroinferior ocorre com mais frequência e é geralmente associada a um traumatismo isolado (clinicamente, todas as luxações anteriores são anteroinferiores). Em alguns casos, a porção anteroinferior do lábio glenoidal é rompida, acompanhada ou não de um pequeno fragmento ósseo. Uma vez que a cápsula articular e a cartilagem sejam rompidas, a articulação torna-se mais suscetível a luxações (recorrentes). Quando ocorre uma luxação anteroinferior, o nervo axilar pode ser lesado por compressão direta da cabeça do úmero sobre ele, situado inferiormente, à medida que ele passa através do espaço quadrangular. Além disso, o efeito “alongamento” do úmero pode estirar o nervo radial, que está intimamente posicionado no interior do sulco do nervo radial do úmero e produzir uma lesão desse nervo. Ocasionalmente, uma luxação anteroinferior está associada a uma fratura. A luxação posterior é extremamente rara. OSSOS DO MMSS Os ossos de cada membro superior consistem em úmero, ulna e rádio, ossos carpais do punho e ossos metacarpais e falanges da mão O braço é a região do membro superior entre o ombro e o cotovelo.. A parte superior do braço comunica-se medialmente com a axila. Inferiormente, 2 Vanessa Costa – Uninove - 2021 uma série de importantes estruturas segue entre o braço e o antebraço, através da fossa cubital, que é posicionada anteriormente à articulação do cotovelo. O braço é dividido em dois compartimentos por meio de septos intermusculares medial e lateral, que se projetam de cada lado do úmero até a lâmina de revestimento externo da fáscia profunda que envolve o membro. O compartimento anterior do braço contém músculos que, predominantemente, flexionam a articulação do cotovelo; o compartimento posterior contém músculos que estendem a articulação. O suporte esquelético do braço é o úmero .No entanto, a maior parte dos grandes músculos do braço insere-se nas extremidades proximais dos dois ossos do antebraço: o rádio e a ulna, e flexionam ou estendem o antebraço, na articulação do cotovelo. Além disso, os músculos predominantemente situados no antebraço que movem a mão se originam na extremidade distal do úmero. O úmero é o osso proximal do membro superior. A porção superior e medial da epífise proximal é lisa e redonda. Essa é a cabeça do úmero, que se articula com a cavidade glenoidal da escápula. A parte proximal do corpo (diáfise) do úmero é redonda ao corte transversal. Uma lâmina fibrosa, a membrana interóssea do antebraço, conecta a margem lateral da ulna à margem medial do rádio e fornece uma área de superfície maior para a inserção muscular. O rádio é o osso lateral do antebraço . A cabeça do rádio, em forma de disco, articula-se com o capítulo do úmero estende-se da cabeça do rádio até a tuberosidade do rádio proeminente que marca o local de inserção do músculo bíceps braquial. APLICAÇÃO CLÍNICA Fratura supracondilar do úmero Lesões do cotovelo em crianças podem resultar de uma fratura transversal da extremidade distal do úmero, acima do nível dos epicôndilos. Essa fratura é denominada fratura supracondiliana. O fragmento distal e seus tecidos moles são desviados posteriormente pelo músculo tríceps braquial. Esta luxação posterior estira a artéria braquial ao longo do fragmento proximal e irregular da fratura. Nas crianças, esta é uma lesão relativamente grave: os músculos do compartimento anterior do antebraço tornam-se isquêmicos e geram contraturas severas, reduzindo significativamente a função do compartimento anterior e dos músculos flexores do punho (contratura isquêmica de Volkmann). Diáfise e extremidade distal do rádio Em corte transversal, a diáfise do úmero é aproximadamente triangular com: margens anterior, lateral e medial, e faces anterolateral, anteromedial e posterior. O côndilo As duas partes articulares do côndilo, o capítulo e a tróclea , articulam-se com os dois ossos do antebraço. O capítulo articula-se com o rádio, do antebraço. Lateralmente e com formato esférico, ele se projeta anteriormente e levemente para baixo, não sendo visível quando o úmero é observado a partir de sua face posterior. A tróclea articula-se com a ulna, do antebraço. Apresentase em formade roldana e fica situada medialmente ao capítulo. Sua margem medial é mais pronunciada do que a lateral, e, ao contrário do capítulo, estende-se sobre a superfície posterior do osso. A ulna e o rádio são ossos paralelos que sustentam o antebraço (Figura 7.2). Os dois epicôndilos Os dois epicôndilos ficam adjacentes e um pouco acima da tróclea e do capítulo . O epicôndilo medial, uma protuberância óssea relativamente grande, é o principal ponto de referência palpável na margem medial do cotovelo, projetando-se medialmente, a partir da extremidade distal do úmero. Em sua superfície existe uma grande impressão oval para a fixação dos músculos do compartimento anterior do antebraço (origem comum dos flexores). O nervo ulnar segue do braço para o antebraço, posteriormente ao epicôndilo medial, e pode ser palpado contra o osso nesta localização. O epicôndilo lateral é muito menos pronunciado do que o epicôndilo medial. Fica situado lateralmente ao capítulo e possui uma grande impressão irregular para a fixação dos músculos do compartimento posterior do antebraço (origem dos extensores comuns). APLICAÇÃO CLÍNICA Cotovelo tracionado O cotovelo tracionado é uma lesão que comumente ocorre em crianças menores de 5 anos de idade. Em geral é causada por um forte puxão da mão da criança por um adulto, quando ela cai ao atravessar a rua. A cabeça do rádio está sujeita à subluxação neste envoltório de tecido por ainda não estar desenvolvida e devido ao fato de o ligamento anular de rádio estar frouxo. APLICAÇÃO CLÍNICA Fratura da cabeça do rádio A fratura da cabeça do rádio é uma lesão comum e pode causar considerável morbidade. É uma das lesões típicas que ocorrem devido a uma queda sobre a mão estendida. Durante a queda, a força é transmitida para a cabeça do rádio, ocasionando a fratura. Essas fraturas resultam em perda de extensão completa, e uma reconstrução cirúrgica potencial pode exigir longos períodos de fisioterapia para recuperar uma série completa de movimentos na articulação do cotovelo. APLICAÇÃO CLÍNICA “Cotovelo do tenista” e “cotovelo do golfista” (epicondilite) Não é raro que as pessoas envolvidas com esportes como, por exemplo, golfe e tênis, desenvolvam uma tensão excessiva nas origens dos músculos flexores e extensores do antebraço. A dor é tipicamente em torno dos epicôndilos e geralmente desaparece após o repouso. Se a dor e inflamação persistirem, uma separação cirúrgica da origem dos flexores ou dos extensores do osso subjacente pode ser necessária. Normalmente, nos jogadores de tênis, essa dor ocorre na região do epicôndilo lateral, na origem dos extensores comuns (cotovelo do tenista), enquanto nos golfistas 3 Vanessa Costa – Uninove - 2021 a dor ocorre nas proximidades do epicôndilo medial, na origem dos flexores comuns (cotovelo do golfista). APLICAÇÃO CLÍNICA Lesão do nervo ulnar no cotovelo Posteriormente ao epicôndilo medial do úmero, o nervo ulnar está posicionado em um túnel osteofibroso (o túnel ulnar) por meio de um retináculo. Os pacientes idosos podem desenvolver alterações degenerativas no interior deste túnel, comprimindo o nervo ulnar, quando a articulação do cotovelo é flexionada. A ação repetida de flexão e extensão da articulação do cotovelo pode causar lesões nervosas locais, resultando em disfunção do nervo ulnar. Uma neurite localizada nesta região, secundária a um traumatismo direto, também pode provocar lesão do nervo ulnar. APLICAÇÃO CLÍNICA Fraturas do rádio e da ulna Quando ocorre uma lesão grave no antebraço, ela envolve, geralmente, ambos os ossos, o que resulta em uma fratura de ambos os ossos ou, mais comumente, uma fratura de um osso e uma luxação do outro. Geralmente, o mecanismo de lesão e a idade do paciente determinam qual dessas lesões é mais provável de ocorrer. Toda vez que uma fratura do rádio ou da ulna for demonstrada radiograficamente, também devem ser obtidas imagens do cotovelo e do punho para excluir possíveis luxações. OSSOS CARPAIS O carpo é formado pelos oito ossos carpais. Os ossos formam duas filei- ras, com quatro ossos carpais proximais e quatro ossos carpais distais. Os ossos carpais proximais são o escafóide, o semilunar, o piramidal e o pisiforme. Os ossos carpais distais são o trapézio, o trapezóide, o capitato e o hamato . Os ossos carpais são unidos entre si por meio de articulações que permitem movimentos de deslizamento e torção limitados. Há ligamentos que conectam os ossos carpais e ajudam a estabilizar o punho. Ossos carpais proximais ■ O escafóide é o osso carpal proximal localizado na margem lateral do punho, adjacente ao processo estilóide do rádio. ■ O semilunar (luna, lua), em forma de vírgula, situa-se medial- mente ao escafóide. Como o escafóide, o semilunar articula-se com o rádio. ■ O piramidal (osso triangular) é medial ao semilunar. Tem a forma de uma pequena pirâmide. O piramidal articula-se com o disco articular que separa a cabeça da ulna do carpo. ■ O pequeno pisiforme, em forma de ervilha, localiza-se anterior- mente ao piramidal e se estende mais medialmente do que qual- quer outro osso do carpo nas fileiras proximal ou distal. Ossos carpais distais ■ O trapézio é o osso lateral da fileira distal. Forma uma articulação proximal com o escafóide. ■ O trapezóide,em forma de cunha, situa-se medialmente a o trapézio; é o menor osso carpal distal. Como o trapézio, tem uma articulação proximal com o escafóide. ■ O capitato é o maior osso carpal. Localiza-se entre o trapezóide e o hamato. ■ O hamato(hamatum,gancho),emforma de gancho,é o osso medial da fileira distal. Ossos metacarpais e falanges Cinco ossos metacarpais articulam-se com os ossos carpais e sustentam a palma da mão . Os números romanos I a V são usados para identificar os ossos metacarpais, começando com o osso lateral. Cada osso metacarpal parece uma miniatura de um osso longo, apresentando uma base proximal larga e côncava, um corpo pequeno e uma cabeça distal. Distalmente, os ossos metacarpais articulam-se com os ossos dos dedos, ou falanges. Há 14 falanges em cada mão. O polegar tem duas falanges (falange proximal e falange distal), e cada um dos outros dedos tem três falanges (proximal, média e distal). APLICAÇÃO CLÍNICA Fraturas do escafóide O escafóide é o osso carpal que fratura com mais freqüência, geralmente em decorrência de queda sobre a mão superestendida. A fratura costuma ocorrer perpendicularmente ao eixo longitudinal do osso. Como a irrigação sangüínea para a porção proximal do escafóide diminui com a idade, a fratura nesse segmento do osso em geral tem má consolidação e, via de regra, resulta em ne- crose do segmento proximal do escafóide.