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Vicios da vontade

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE 
2º Ano vespertino 
Licenciatura em Ciência jurídicas e Investigação Criminal 
Cadeira de Teoria Geral do Direito Civil 
Tema: Vícios de Vontade 
 
 
Discentes: Docente: Msc. Tanancia Guambe 
Aida Isabel Buvane 
Alice Sarmento Neves 
Fatima Nile J. Malate 
Jaime Sebastião Simone 
Leta Carlos Mabombo 
Milton Marcelino Pale 
 
 
 
 
Maputo, Abril de 2020
Índice 
1. Introdução ..................................................................................................................................... 1 
2. Manifestação de vontade ............................................................................................................... 2 
2.1. Vícios da vontade e da declaração ............................................................................................ 3 
3. Coação física ................................................................................................................................. 4 
3.1. Falta de consciência da declaração ........................................................................................... 4 
3.2. Incapacidade Acidental ............................................................................................................. 5 
4. Coação moral ................................................................................................................................ 6 
4.1. Erro-vício .................................................................................................................................. 7 
4.2. Dolo ........................................................................................................................................... 8 
4.3. Simulação .................................................................................................................................. 9 
4.4. Reserva mental ........................................................................................................................ 11 
4.5. Declarações não serias ............................................................................................................ 11 
4.6. Erro-obstáculo ......................................................................................................................... 12 
4.7. Erro de cálculo ou de escrita ................................................................................................... 13 
4.8. Erro na transmissão ................................................................................................................. 13 
4.9. Outras espécies ........................................................................................................................ 14 
5. Conclusão .................................................................................................................................... 15 
6. Bibliografia ................................................................................................................................. 16 
 
 
1 
 
1. Introdução 
A declaração de vontade constitui requisito de existência do negócio jurídico. Não obstante, para 
que seja válida é necessário que a vontade seja manifestada de forma livre e espontânea. 
A vontade, como veremos ao longo deste trabalho, pode ser exprimida de forma tácita ou 
expressa, e sobre ela podem interferir inúmeros vícios, capazes de macular a declaração emitida 
pelo agente, seja por prejudicar a própria vontade, seja por afetar a declaração do agente. 
O direito português prevê as seguintes hipóteses de vícios da vontade ou divergência entre a 
vontade e a declaração – denominados, genericamente, na legislação brasileira como defeitos do 
negócio jurídico: coação física; falta de consciência da declaração; incapacidade acidental; por 
falta de liberdade: coação moral; por falta de conhecimentos: erro-vício e dolo; por ambos; 
simulação; reserva mental; declarações não sérias; erro-obstáculo; erro de cálculo ou de escrita; 
erro na transmissão. 
O presente trabalho tem por objetivo promover um estudo, que, por óbvio, não tem a pretensão 
de esgotar a matéria, mas apenas de trazer à baila importantes conceitos sobre o tema, acerca 
dessas situações que maculam a declaração de vontade em um negócio jurídico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
2. Manifestação de vontade 
Os contratos podem ser definidos como um acordo de vontade que tem por objetivo a criação, 
modificação ou extinção de direitos. Tratam-se, pois, de um modelo de negócio jurídico bilateral. 
A manifestação de vontade, por sua vez, consiste no primeiro e, talvez, mais importante 
elemento, essencial, para existência do negócio jurídico. A vontade se processa, num primeiro 
momento, na mente da pessoa – momento subjetivo, psicológico, da sua formação. A partir do 
momento em que a vontade é exteriorizada – fase objetiva –, por meio de uma declaração, esta 
se torna apta a produzir efeitos, na medida em que se torna conhecida. 
Assim, pode-se dizer que não é a vontade propriamente dita que consiste em um requisito de 
existência dos negócios jurídicos, mas a sua manifestação. 
No direito brasileiro, a manifestação de vontade pode ser expressa ou tácita. É expressa quando 
exteriorizada por escrito, verbalmente, mímica ou gesto, de forma inequívoca. E tácita quando a 
vontade do agente é inferida de sua conduta e somente terá validade quando a lei não exigir que 
seja expressa, conforme dispõe o art. 111 do Código Civil brasileiro. 
O Código Civil português, em seu art. 217, prevê, expressamente, a possibilidade de a declaração 
de vontade se dar de ambas as formas, ressaltando, ainda, que a declaração tácita é assim 
considerada quando pode ser inferida dos fatos que a revelam, com toda a probabilidade. 
No que diz respeito ao silêncio, a legislação brasileira admite que seja interpretado como 
manifestação tácita da vontade, desde que “as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for 
necessária a declaração de vontade expressa” (CC brasileiro, art. 111). Admite-se, ainda, na 
hipótese de a lei o autorizar, como no caso da praxe comercial (CC brasileiro, art. 432), ou 
quando as partes assim o convencionarem em um pré-contrato. 
Em sentido semelhante, a legislação portuguesa, no art. 218 do seu Código Civil, admite o 
silêncio como forma de declaração de vontade, desde que esse sentido seja atribuído pela lei, 
uso ou convenção. 
Esclarecidos aspectos conceituais da manifestação de vontade, passemos, adiante, ao estudo dos 
seus possíveis vícios. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722900/artigo-111-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10714921/artigo-217-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722900/artigo-111-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704147/artigo-432-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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2.1.Vícios da vontade e da declaração 
Como vimos, para que produza efeitos, a vontade deve ser manifestada. Não obstante, inúmeros 
vícios podem interferir nesse processo, que podem incidir em dois planos: I) Na própria vontade; 
ou II) na sua declaração. 
Na primeira hipótese, há um vício da formação da vontade, seja por ausência de vontade, seja 
por ausência de liberdade na formação da vontade. Já na segunda, apesar de a vontade ter se 
formado adequadamente, algo interfere na sua exteriorização, de modo que a vontade real não 
corresponde à sua declaração. 
Assim, mencionando larga bibliografia especializada, é que António Cordeiro elabora o seguinte 
quadro
relativo aos vícios da vontade e da declaração no direito português: 
2.1.1. Vícios da vontade 
2.1.2. Ausência de vontade 
Coação física 
Falta de consciência da declaração 
Incapacidade Acidental 
2.1.3. Vontade deficiente 
Por falta de liberdade: coação moral 
Por falta de conhecimentos: erro-vício e dolo 
Por ambos 
2.2. Divergência entre a vontade e a declaração 
Intencionais 
Simulação 
Reserva mental 
Declarações não sérias 
Não intencionais 
Erro-obstáculo 
Erro de cálculo ou de escrita 
Erro na transmissão 
4 
 
Passemos, a seguir, à análise de cada um dos vícios na declaração de vontade do sistema jurídico 
português, comprando-os, oportunamente, com aqueles elencados na legislação brasileira. 
3. Coação física 
“A primeira e mais radical forma de atentado à liberdade negocial é a coação física”. Trata -se 
de hipótese em que o agente é compelido a, sem qualquer vontade, emitir uma declaração. Nesses 
casos, o que se terá, em verdade, é uma mera aparência de manifestação de vontade. 
A coação física define-se, portanto, pela situação em que a força exercida sobre o declarante é 
material, como a exemplo da pessoa que agarra na mão do agente para que assine um documento, 
tendo como consequência jurídica a não produção de qualquer efeito, conforme dispõe o 
art. 246 do Código Civil português. 
No direito brasileiro, a coação física, também chamada de coação absoluta, é hipótese de 
inexistência de negocio jurídico, na medida em que ausente o seu primeiro e principal requisito, 
a declaração de vontade. 
 
3.1.Falta de consciência da declaração 
No direito português, a falta de consciência da declaração encontra previsão legal no 
art. 246 do Código Civil, definindo-se pela declaração emitida quando o agente não tem 
consciência de ter dado uma declaração negocial. 
Abordando a questão, Hermann Isay menciona como exemplo explicativo o caso de um leilão 
de vinhos, em que, segundo o costume local, um simples levantar da mão representava um lance 
majorando o anterior em 100 marcos. Um forasteiro, distraidamente, saúda um conhecido 
levantando a mão. No entanto, o pregoeiro interpreta o ato como uma oferta e adjudica-lhe o 
bem em leilão. 
Não há dúvidas, pois, de que inexistiu, na hipótese, qualquer consciência na declaração emitida 
pelo forasteiro. Não havia, no caso, qualquer vontade em se oferecer um lance maior do que o 
anterior. Assim é que, de acordo com o Codex Civil português, esta declaração não produz 
qualquer efeito. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713192/artigo-246-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713192/artigo-246-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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Não obstante, a legislação, no intuito de tornar o instituto praticável e garantir uma proteção da 
confiança de terceiros, impõe a seguinte restrição: Caso a ausência de consciência do declarante 
decorra de culpa, ele ficará obrigado à indenizar o declaratário por eventuais prejuízos. 
Por fim, é de se notar que é preciso que a falta de consciência da declaração seja relevante, isto 
é, perceptível no próprio ambiente negocial em que se coloque. Em outras palavras, a falta de 
consciência da declaração deve poder ser percebida pelo declaratário normal e, além disso, deve 
ter como pressuposto um declarante discernindo, capaz de entender o sentido da declaração, mas 
que, simplesmente não tem consciência de que a está emitindo. Nesse sentido, veja-se o 
entendimento da jurisprudência: “I – A falta de consciência da declaração negocial, que previne 
o artigo 246º do Código Civil, é aquela que supõe um declarante discernido, capaz de entender 
o sentido dela mas que, todavia, se não apercebe (não tem a consciência) de que a está a emitir”. 
 
3.2.Incapacidade Acidental 
A incapacidade acidental, sob a ótica do direito português, encontra previsão legal no art. 257, 
parte, do Código Civil, e pode ser conceituada como o estado de incapacidade pontual, 
decorrente de qualquer causa – p. ex., fatos patológicos extrínsecos, como a embriaguez, ou 
intrínsecos, como um delírio febril –, de uma determinada pessoa de entender e/ou de exercer 
livremente a sua vontade. Nesses casos, o negócio jurídico é anulável. 
Note-se, todavia, que a proteção conferida pelo indigitado dispositivo legal restringe-se às 
pessoas que “acidentalmente” encontrem-se incapacitadas, excluindo-se, portanto, aqueles cujo 
estado seja permanente ou persistente, caso em que se aplica o regime da menoridade ou da 
interdição/inabilitação. 
Ademais, o art. 257, n.º 1, do CC português exige, para que o negócio jurídico possa ser anulado, 
que a incapacidade acidental seja notória – assim considerada na hipótese de uma pessoa de 
normal diligência poder notar (CC, art. 257/2)– ou de conhecimento do declaratário. 
Portanto, a pessoa de normal diligência acaba por ter o ônus de não contratar com quem saiba 
ou deveria saber não estar na posse de todas as suas faculdades de entendimento e de decisão, 
até mesmo por dever e não violar os deveres de lealdade. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713192/artigo-246-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712567/artigo-257-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712567/artigo-257-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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Interessante questão levantada pelo professor António Menezes diz respeito à possibilidade de 
se anular o negócio jurídico celebrado com pessoa que, propositadamente, se colocou em uma 
situação de incapacidade acidental. De acordo com a interpretação literal do mencionado 
dispositivo legal, que prevê que tal instituto tem aplicabilidade perante qualquer causa a resposta 
seria afirmativa. Não obstante, nada impede que o agente seja responsabilizado, posteriormente, 
por abuso de direito, nas modalidades dos princípios venire contra factum proprium ou de tu 
quoque. 
4. Coação moral 
A coação moral pode ser definida como sendo a força psicológica – por exemplo, decorrente de 
uma ameaça –, exercida sobre o agente declarante. Na dicção do art. 255/1 do Código 
Civil português, trata-se da declaração emitida por “receio de um mal de que o declarante foi 
ilicitamente ameaçado com o fim de obter dele a declaração”. 
O vício do negócio jurídico, portanto, na hipótese de ocorrência de coação moral é o medo que 
vicia a decisão negocial, que é emitida com ausência de liberdade suficiente. A manifestação de 
vontade é exteriorizada por “receio ou medo causado por uma ameaça destinada 
intencionalmente a provocá-lo”. 
Assim sendo, a coação moral traduz-se na perturbação da vontade, em razão de medo decorrente 
de ameaça ilícita de um dano ou de um mal. O intuito é, pois, extorquir a declaração negocial. 
Note-se que, como dispõe o art. 255/2 do mesmo diploma legal, a coação pode se dar, tanto por 
meio de ameaça à própria pessoa ou sua honra, ou ainda aos bens do declarante ou de terceiro. 
Não obstante, não se considera coação a ameaça de exercício regular de um direito ou mesmo o 
simples temor reverencial, que segundo Coelho da Rocha, pode ser definido como o temor de se 
desgostar o pai, a mãe ou outro superior a quem deve respeito. 
De fato, não há como dizer-se que há qualquer injustiça ou ilicitude quando o mal ameaçado 
corresponda ao exercício regular de um direito. Um exemplo clássico é o caso de uma pessoa 
que ameaça ir a juízo, na hipótese de não ser satisfeito o seu direito correspondente. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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De outro lado, na hipótese do ato não possuir qualquer relação com o direito do agente coator e 
obtiver-se vantagem indevida, por força da chantagem decorrente da ameaça de exercer um 
direito que causaria um dano de avultadas consequências patrimoniais, estar-se-ia diante de um 
flagrante caso de coação injusta. 
Quando à consequência jurídica do negócio jurídico celebrado em razão de declaração emitida 
sob coação moral é sua anulabilidade, ao contrário da coação física, que leva a nulidade do 
negócio. 
Por fim, não é demais lembrar ser impositivo que a coação, para que possa ensejar a 
anulabilidade do negócio, seja composta pelos seguintes requisitos: 1) medo da concretização 
do mal; 2) que esse medo seja determinante do ato ou do negócio viciado. 
Nesse sentido, o Supremo Tribunal de Justiça, no processo nº. 774/09.3TBVCD.P1.S1, entendeu 
viciado, por coação moral, o negócio jurídico através do qual uma mulher sexagenária, sob 
amaça do seu companheiro de abandoná-la e, portanto, sob influência do medo – determinante, 
como conditio sine qua non para a prática do ato – de ficar sozinha após vinte e três anos de vida 
comum, lhe transmitiu, sem qualquer contrapartida ou obrigação legal, metade da fração predial, 
de sua exclusiva titularidade. 
Já no direito brasileiro a coação moral, também chamada de coação relativa encontra previsão 
no art. 151 e seguintes do Código Civil brasileiro e torna negócio jurídico anulável, desde que 
presente os seguintes requisitos: deve ser a) a causa determinante do ato; b) grave; c) injusta; d) 
relativa a dano atual ou iminente; e) ameaça de prejuízo à pessoa ou à bens da vítima ou à pessoa 
de sua família. 
 
4.1. Erro-vício 
O erro-vício ou, simplesmente erro da vontade, se traduz num erro na formação da vontade e do 
processo de decisão. Nesses casos, o declarante tem uma falsa representação da realidade ou a 
ignorância de circunstâncias de fato ou de direito e, por essa razão, celebra o negócio jurídico. 
Não obstante, se o declarante tivesse o perfeito conhecimento das circunstancias, não o teria 
realizado. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721079/artigo-151-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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O erro pode se referir à pessoa do declaratário ou se referir ao objeto do negócio. No primeiro 
caso, o erro pode ser relativo à identidade ou a qualidade da pessoa. Em ambas as situações há a 
necessidade de que haja o elemento da essencialidade, como por exemplo, na hipótese da pessoa 
que contrata um oftalmologista para tratar dos dentes, em que patente o erro quanto à identidade 
e qualidade da pessoa. 
Já no segundo caso, o erro relativo ao objeto, a doutrina e a jurisprudência vêm o interpretado 
extensivamente, de forma a abarcar tanto o erro quanto à identidade do objeto quanto às suas 
qualidades e valor. 
É essencial, como impõe o art. 251 c/c art. 247, ambos do Código Civil português, que o erro 
seja o fator determinante para a manifestação de vontade e que o destinatário da declaração 
conhecia ou devia conhecer essa essencialidade. Assim, preenchidos esses requisitos, o negócio 
jurídico torna-se anulável. 
Esse último requisito, “dever de conhecer”, como esclarece o professor António Menezes, 
introduz um fator de limitação, que viabiliza a aplicabilidade do instituto. Imagine-se o exemplo 
de uma pessoa que compra um determinado produto no mercado, acreditando que esse é o mais 
barato da cidade. Poder-se-ia invocar a essencialidade desse elemento para postular a anulação 
do negócio jurídico. No entanto, nenhum vendedor tem o dever de conhecer a motivação do 
interessado, quando compra algum de seus produtos. Daí decorre, portanto, o fundamento para 
a manutenção do negócio jurídico. 
No direito brasileiro essa modalidade de vício é referida pela doutrina como “erro substancial” 
(CC brasileiro, art. 139) e possui características semelhantes a do mesmo instituto do direito 
português. 
 
4.2. Dolo 
O dolo consiste em que qualquer sugestão ou artifício que tenha por intenção induzir ou manter 
em erro o autor da declaração, bem como a dissimulação, pelo declaratário ou terceiro, do erro 
do declarante, conforme dispõe o art. 253/1 do Código Civil português. 
Como se vê, o dolo nada mais é do que uma espécie agravada de erro, um erro qualificado. De 
acordo com as lições do professor Manuel de Andrade, a sugestão ou o artifício consistem em 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712960/artigo-251-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713135/artigo-247-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721652/artigo-139-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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expedientes com o fito de desfigurar a verdade, seja criando aparências ilusórias, seja destruindo 
elementos que pudessem instruir o declaratário enganado. 
Há que se estabelecer, ainda, uma distinção entre o dolo essencial (ou determinante) e o dolo 
incidental: no primeiro, o enganado é induzido pelo dolo a concluir o negócio, ou seja, sem o 
dolo não se teria concluído o negócio – no direito brasileiro é referido como “dolo principal” 
tornando o negócio jurídico anulável (CC brasileiro, art. 145). No dolo incidental o enganado 
apenas foi influenciado quanto aos termos do negócio, mas, ainda assim, contrataria, embora em 
outras condições – no direito brasileiro é referido como “dolo acidental” tornando o negócio 
jurídico anulável (CC brasileiro, art. 146). Tem-se, pois que o dolo incidental não conduz, 
necessariamente, à anulação do negócio. 
As consequências jurídicas do negócio jurídico viciado por dolo é a sua anulabilidade, nos 
termos do art. 254/1 do Código Civil português. Não obstante, impõe-se a presença de dois 
requisitos (dupla causalidade): a) o dolo precisa ser determinante do erro; b) o erro deve ser 
determinante do negócio. Assim, tem-se que, em sendo o dolo determinante da vontade – ainda 
que não seja essencial, mas meramente periférica -, o negócio poderia ser anulado. 
Cumpre destacar, ainda, que a anulação do dolo é cumulável com o pedido de indenização pelos 
danos causados. Essa obrigação de indenização é um efeito do dolo e surge mesmo quando não 
se verifiquem todos os requisitos do direito de anular o negócio, ou mesmo se já tenha caducado, 
no âmbito dos arts. 483º e seguintes do Código Civil português. 
 
4.3. Simulação 
A simulação, segundo os termos do art. 240/1 do Código Civil português, define-se pelo acordo 
entre as partes – declarante e declaratário – de, no intuito de enganar terceiros, manifestar 
declaração negocial divergente da vontade real do declarante. 
Há simulação, portanto, sempre que houver, em razão de combinação ou conluio entre as partes, 
com o propósito de enganar ou prejudicar terceiros, divergência intencional da vontade e a 
declaração das partes, que determine a falsidade dessa declaração. 
Há que se notar a existência de duas modalidades de simulação: a) inocente; b) fraudulenta. No 
primeiro caso as partes pretendem apenas criar uma falsa aparência ao exterior. Já no segundo, 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721327/artigo-145-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721286/artigo-146-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10701490/artigo-483-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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além da falsa aparência,
pretendem prejudicar terceiros (animus nocendi), obtendo benefícios 
em prejuízo desses. 
Ademais, a simulação pode ser classificada como absoluta, quando as partes não pretendam 
celebrar qualquer negócio (p. ex., no caso da parte que simula a venda de um imóvel, no intuito 
de, em verdade, fraudar uma execução), e relativa, quando o negócio verdadeiramente pretendido 
se encontra dissimulado. 
A simulação relativa pode ser classificada em subjetiva, quando incidir sobre as partes (p. ex., 
compra e venda de A para B, mas declarando-se a venda a C), ou objetiva, quando a divergência 
incidir sobre o objeto do negócio. Por sua vez, a classificação objetiva subdivide-se em total, 
quando o negócio simulado for distinto do negócio dissimulado (p. ex., celebra-se um contrato 
de compra e venda no intuito de encobrir, em verdade, uma doação) ou parcial, quando há apenas 
um negócio, incidindo a simulação sobre as suas qualidades (p. ex., celebração de uma compra 
e venda com uma defasagem entre o valor real e o valor declarado). 
A simulação distingue-se da reserva mental, na medida em que, apesar de em ambos os casos 
haver uma divergência entre a manifestação de vontade e a vontade real, na primeira há uma 
sintonia entre todos os contratantes. Em outras palavras, ao contrário da reserva mental, na 
simulação pressupõe-se um conluio entre todos os contratantes. 
As consequências jurídicas da simulação, nos termos do art. 240/2 do Código Civil português, é 
a nulidade do negócio jurídico. Não obstante, em que pese o regime geral da nulidade, previsto 
no art. 286 do Código Civil português, determinar que a nulidade é invocável a todo tempo e por 
qualquer interessado, podendo, ainda, ser declarada oficiosamente pelo tribunal, no caso da 
simulação a nulidade não pode ser invocada por qualquer interessado, tampouco declarada 
oficiosamente pelo tribunal, sob pena de violação ao direito de terceiros de boa-fé (CC 
português, art. 242 c/c 243). 
Por óbvio, o ônus da comprovação da simulação caberá àquele que a pretender invocar. 
O direito brasileiro estabelece distinção entre simulação e dissimulação (simulação relativa). Na 
primeira procura-se aparentar o que não existe, ao passo que na segunda oculta-se o que é 
verdadeiro. A simulação é causa de nulidade no negócio jurídico, já na dissimulação o negócio 
subsiste se for válido na substância e na forma (CC brasileiro, art. 167). 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711132/artigo-286-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713361/artigo-242-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10719870/artigo-167-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
11 
 
 
4.4. Reserva mental 
A reserva mental pode ser definida como a declaração emitida em contrariedade à vontade real 
do declarante, no único intuito de enganar o destinatário. Em outras palavras, o declarante 
pretende uma coisa, mas manifesta vontade diversa. 
Não obstante, caso o declaratário conheça a vontade real do declarante, imperará o regime da 
simulação, disposto no art. 236/2 do Código Civil português (CC português, art. 244/2). 
Nesse sentido, o Tribunal da Relação de Lisboa, já decidiu: “A postura do 1.º Réu pode 
reconduzir-se antes à reserva mental prevista no artigo 244.º do Código Civil, pois foi emitida 
uma declaração contrária à vontade real com o intuito de enganar os vendedores e a instituição 
bancária que concedeu o empréstimo, mas a mesma é irrelevante, dado ignorar-se se os seus 
destinatários tinham conhecimento dessa divergência declaratória (se disso soubessem, a reserva 
mental teria os efeitos da simulação)” (destacou-se). 
Tem-se, portanto, que, em princípio, em decorrência da liberdade e autonomia do declarante, 
vale a declaração por ele exteriorizada, salvo se os seus destinatários tinham conhecimento dessa 
divergência. 
O direito brasileiro também prevê a validade de negócio jurídico mesmo na hipótese do autor da 
declaração a fazê-la sob reserva mental (CC brasileiro, art. 110). Não obstante, na hipótese ser 
conhecida pela outra parte a declaração de vontade não é nula, mas inexistente. 
 
4.5. Declarações não serias 
A declaração não seria se dá quando o declarante emite uma declaração revestida de 
características jurídicas, mas sem o objetivo de perfectibilizar um negócio jurídico e sim com 
fins, por exemplo, publicitários ou ilustrativos.[29] O Código Civil português trata sobre a 
matéria em seu art. 245, estabelecendo que a declaração não seria carece de qualquer efeito. 
Portanto, a declaração não seria será uma declaração capaz de exprimir uma declaração negocial, 
mas que contém uma afirmação descabida – perceptível pelo destinatário – que lhe retira a 
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http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713254/artigo-244-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722934/artigo-110-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://davidazulay33.jusbrasil.com.br/artigos/557994572/elementos-do-contrato-vontade-ausencia-de-vontade-e-vicios-da-vontade#_ftn29
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713223/artigo-245-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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seriedade necessária a concretização do negócio jurídico. Essa declaração é, pois, 
desacompanhada de vontade. 
De outro turno, na hipótese de a declaração não seria ser emitida de forma tal que a falta de 
seriedade não seja perceptível pelo destinatário – o declaratário, justificadamente, acabou se 
enganando –, estabelece o art. 245/1 do Código Civil português que ele terá o direito de ser 
indenizado pelo prejuízo que sofrer. 
 
4.6. Erro-obstáculo 
O erro-obstáculo ou, simplesmente, erro na declaração, se configura quando, não 
intencionalmente, por exemplo, por engano ou equívoco, a vontade declarada não retrata a 
vontade real do declarante. Segundo as lições do professor António Menezes, nessa modalidade 
de erro “a vontade formou-se corretamente”. No entanto, no momento da sua exteriorização 
ocorreu uma falha, de tal modo que a declaração não corresponde a vontade do declarante. 
Nas palavras de Emílio Betti, trata-se “…de um erro que faz faltar no autor do acto a consciência 
do seu significado objectivo, provocando uma discrepância entre este e a ideia que ele dele 
faz.”. 
O Prof. Manuel de Andrade preleciona: “No erro-obstáculo o declarante quer uma coisa (ou até 
nem quer coisa nenhuma) e diz outra, sem ter consciência desta anomalia. Ex.: se A, querendo 
comprar a B o prédio X, declara inadvertidamente comprar-lhe o prédio Y; isto por lapsus 
linguae ou por estar iludido acerca do verdadeiro nome do prédio.”. 
O Código Civil português, em seu art. 247, ao tratar da matéria, exige, para que o negócio 
jurídico seja anulável: 
a) A essencialidade sobre o qual incidiu o erro para o declarante, de modo que, se deste se tivesse 
apercebido, não teria celebrado o negócio; 
b) O conhecimento, por parte declaratário, dessa essencialidade ou o dever de a conhecer. 
Por óbvio, não é preciso dizer que a essencialidade e o conhecimento, acima referidos, devem 
ser provadas pelo interessado em anular o negócio jurídico. 
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http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713135/artigo-247-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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Vale lembrar, ainda, que segundo o art. 248 do Código Civil português, “a anulabilidade fundada 
em erro na declaração não procede, se o declaratário
aceitar o negócio como o declarante o 
queria”, obviamente, desde que atendidas as regras formais para perfectibilização do negócio 
jurídico. Como se vê, o direito português, através desse dispositivo legal, prevê uma importante 
forma de aproveitamento dos negócios jurídicos. 
 
4.7. Erro de cálculo ou de escrita 
O Código Civil português prevê, em seu art. 249 – assim como no código civil brasileiro 
art. 143 –, a possibilidade de retificação, na hipótese de verificado simples erro de cálculo ou de 
escrita, quando revelado no próprio contexto da declaração ou através das circunstâncias em que 
a declaração é feita. 
Não obstante, esse erro só pode ser retificado quando ostensivo, evidente e devido a lapso 
manifesto. Impõe-se, portanto, que, ao ler o texto, imediatamente se veja que há um erro e logo 
se entenda o que o interessado pretendia expressar. A declaração, em outras palavras, deve ser 
globalmente interpretada. 
Dessa forma, caso não se verifique imediatamente se tratar de simples erro, aplica-se o regime 
geral do art. 247 do Código Civil português, isto é, de erro na declaração. 
 
4.8. Erro na transmissão 
O erro de transmissão na declaração encontra previsão no art. 250 do Código Civil português. 
De acordo com o nº. 1 do aludido artigo, caso um intermediário não transmita fielmente a 
vontade do declarante, se o destinatário conhecer a essencialidade, para o mandante, do elemento 
deturpado na transmissão ou não deva ignorá-lo, o negócio jurídico será anulável. Em se tratando 
de atos bancários, há que se notar, que existem regras específicas que tutelam a confiança nas 
comunicações. 
Já o art. 255/2 do Código Civil português cuida do caso específico em que o intermediário 
propositadamente altera a declaração do mandatário. Nesse caso, a declaração será anulável. 
Assim, uma vez comprovado o dolo por parte do intermediário, haverá, também, indenização a 
todos os lesados pela conduta do intermediário. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713101/artigo-248-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713063/artigo-249-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721398/artigo-143-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713135/artigo-247-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713001/artigo-250-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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No direito brasileiro a “transmissão errônea da vontade” enseja a anulação do negócio, nos 
termos do art. 141 do Código Civil brasileiro. Nesse aspecto, entende a doutrina ser necessário 
apurar se houve culpa in eligendo ou in vigilando do emitende da declaração. Caso positivo, o 
vício não poderá ser suscitado. 
 
4.9. Outras espécies 
O direito brasileiro prevê, ainda, como espécies de defeitos no negócio jurídico as figuras: do 
estado de perigo; da lesão; e da fraude contra credores. 
O estado de perigo constitui situação de extrema necessidade que leva uma pessoa a entabular 
negócio jurídico, mesmo assumindo obrigação desproporcional ou excessiva (Código 
Civil brasileiro, art. 156), situação em que o negócio jurídico poderá ser anulado. 
De outro lado, a lesão definisse pelo negócio jurídico celebrado quando uma pessoa se obriga a 
prestação desproporcional à contraprestação da outra parte, por inexperiência ou premente 
necessidade. Nesse caso o negócio jurídico poderá ser anulado (CC brasileiro, art. 178, II). 
Por fim a fraude contra credores – defeito que enseja a anulação do negócio – é o ato suscetível 
de diminuir ou onerar o patrimônio do devedor reduzindo ou eliminando a garantia que este 
representa para pagamento de suas dívidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721469/artigo-141-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10720845/artigo-156-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10719147/artigo-178-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10719083/inciso-ii-do-artigo-178-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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5. Conclusão 
Como visto, a declaração de vontade constituímos o requisito essencial para a formação do 
negócio jurídico. Por essa razão, como vimos, o ordenamento jurídico, dedica-se à 
regulamentação das hipóteses que viciam a declaração de vontade. 
No caso da legislação portuguesa, conforme restou esclarecido alhures, existem hipóteses em 
que o vício afeta a vontade do agente, e existem casos em que o vício consubstancia divergência 
entre a vontade e a declaração. 
Assim, após analisar, individualmente, cada uma das hipóteses de vícios, quais sejam, a coação 
física; falta de consciência da declaração; incapacidade acidental; por falta de liberdade: coação 
moral; por falta de conhecimentos: erro-vício e dolo; por ambos; simulação; reserva mental; 
declarações não sérias; erro-obstáculo; erro de cálculo ou de escrita; erro na transmissão, 
trançando um paralelo com a legislação brasileira, pudemos conceituá-las, bem como defini-las, 
identificando as consequências jurídicas de cada uma delas. 
Restou evidente, contudo, a preocupação de ambas as legislações em assegurar que os negócios 
jurídicos sejam válidos e existentes, apenas e tão somente, havendo a vontade do agente, sem 
interferências, isto é, livre e consciente. 
 
 
 
 
16 
 
6. Bibliografia 
ANDRADE, Manuel António Domingues – Teoria Geral da Relação Jurídica. 9ª reimp. [sl]: 
Almedina, 2003. ISBN 9789724004266 
ANDRADE, Manuel Augusto Rodrigues de – Teoria Geral do Direito Civil apud CORDEIRO, 
António Menezes – Tratado de Direito Civil. Volume 2, 4ª ed. [sl]: Almedina, 2014. ISBN 
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BARROS, Oliveira relat. – Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça com número 03B2536, de 
9 de outubro de 2003 [Em linha]. [Consult. 30 ago. 2016]. 
Disponível 
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BETTI, Emilio - Teoria Geral do Negocio Jurídico. Coimbra: Coimbra, 1969. ISBN 
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CÓDIGO CIVIL. Decreto Lei no. 47.344, de 25 de novembro de 1966. Diário do Governo. 
(25/11/1966), n.º 274, I Série. 
CÓDIGO CIVIL. Lei no. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União. 
(11/01/2002), Seção 1, p. 1. 
CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil. Volume 2, 4ª ed. [sl]: Almedina, 
2014. ISBN 978-972-40-5529-9. 
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Volume 1, 10ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012. ISBN 978-85-02-14831-4. 
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Volume 3, 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2012. ISBN 978-85-02-153462-2. 
 
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/03a647624007027580256dea00350e85
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/03a647624007027580256dea00350e85
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02

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