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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL CURSO DE SERVIÇO SOCIAL EAD ÉTICA E ÉTICA PROFISSIONAL DISCIPLINA: PROJETO INTEGRADOR III-B PROFESSORA: MAIRA MEIRA PINTO MORAL E ÉTICA Nos livros de filosofia, moral e ética ora são tratadas como sinônimos, ora como dimensões diferenciadas da vida social: a primeira (MORAL) referida à vida prática e a segunda (ÉTICA) à sua teorização. Parte dos filósofos define a ética como filosofia moral, ciência da moral ou teoria moral. Moral é a instância prática de realização de valores éticos. Outros filósofos tratam ética e moral indistintamente. Para outros filósofos a moral refere-se ao indivíduo e a ética à sociedade. MORAL * Momento subjetivo de um comportamento ético * Capacidade do indivíduo de formular suas opiniões e pautas de comportamento próprias (com base nos valores éticos estabelecidos) e optar por aquele que considerar mais correto e justo * A necessidade social da moral é fruto do processo de desenvolvimento da sociabilidade - seu espaço é o da cultura * Reproduz um papel no espaço da sociabilidade - é uma necessidade histórica, ao lado de outras práticas sociais * É histórica - é relativa às condições sócio-econômicas e culturais de cada momento histórico MORAL * Implica na valorização de ações e comportamentos que se transformam em deveres e acabam sendo incorporados ao modo de ser dos indivíduos * Estes deveres geram sentimentos, escolhas, desejos, atitudes, posicionamentos diante da realidade, juízos de valor, senso moral e uma consciência moral, ou seja, responsabilidade diante dos outros e de si mesmo * É espaço de sociabilidade fundada na norma, na instituição de deveres e proibições que atendam a expectativas sociais que nem sempre correspondem às necessidades e desejos dos indivíduos MORAL São os homens que criam as normas e valores, porém, nas sociedades de classes, as relações sociais por eles estabelecidas são movidas por necessidades e interesses contraditórios, donde há a impossibilidade de existirem valores absolutos ou uma concepção de bem que corresponda ao interesse e às necessidades de todos. ÉTICA * Constitui o momento objetivo da vivência e da experiência dos valores * Consiste no conjunto de valores que são criados por uma determinada comunidade * Contra o moralismo conservador [igreja] e a moralidade burguesa, as perspectivas éticas oriundas do processo de lutas das classes trabalhadoras apontam para projetos de emancipação humana, colocados no horizonte de uma nova moral e de uma nova sociedade, capaz de criar condições para a vivência e universalização da liberdade ÉTICA * O trabalho e a cultura são as raízes do processo de constituição e desenvolvimento do homem ou do ser social e de sua capacidade de instituir a moral e a ética * A ética não se restringe a normas! * É a referência valorativa que estabelece os parâmetros das relações dos indivíduos com a sociedade * Se preocupa com as formas de resolver as contradições entre a necessidade e possibilidade, tempo e eternidade, o individual e o coletivo, interesses econômicos e valores morais, corporal e psíquico, o natural e o cultural e a razão e o desejo ÉTICA * Todos os problemas que surgem na esfera da ética são determinados por contextos históricos específicos - os valores existem independentes das avaliações dos indivíduos, mas não das atividades dos homens, pois elas são expressão de relações e situações sociais * É uma dimensão da vida social constituída pela moral e pela capacidade humana de ser livre * É um dos espaços de luta pela realização da liberdade, o que implica o resgate de categorias éticas fundamentais como responsabilidade, compromisso, alteridade ÉTICA * Entra na dimensão do comportamento social, de forma abrangente, verificando a sua diversidade e a sua totalidade * Falando-se em valores, fala-se em ética e fala-se em comportamento. Aí aparece a idéia da eticidade, onde cada sujeito, possuidor de um ethos, manifesta seu modo de ser * O modo de ser de cada sujeito apresenta um caráter, que resulta na consciência moral, a partir da internalização de valores, que fazem parte de sua história social e pessoal e moral. UMA NOVA FORMA DE ÉTICA * A ética deve se orientar a partir de duas referências prioritárias, que articulam as exigências do mundo antigo e do mundo moderno: a)o projeto e o processo dos indivíduos em direção à liberdade e à autonomia, rompendo com os condicionamentos naturais e com a alienação social b) a construção de uma sociedade, que fundamentando- se efetivamente em valores igualitários e libertários, assegure a plena expansão dos indivíduos sociais UMA NOVA FORMA DE ÉTICA O homem é um ser social auto- construído através do trabalho e da cultura, e da ética, como capacidade humana essencial objetivadora da consciência e da liberdade humana UMA NOVA FORMA DE ÉTICA * Reflexão ética - espaço específico de reflexão sobre o modo de ser constitutivo do homem como sujeito ético, ou seja, sujeito racional capaz de escolher valores e ações que conduzam à liberdade, entendida como um bem * A valoração das coisas e das ações só se torna possibilidade concreta na medida em que foram criadas alternativas de escolha * Essa capacidade de criar valor, alternativas e escolhas é o núcleo fundante da liberdade que só existe para e pelo homem - é uma capacidade humana e é a partir dessa capacidade que se torna possível a ação ética UMA NOVA FORMA DE ÉTICA * A liberdade como capacidade humana é, portanto, o fundamento da ética. Agir eticamente, em seu sentido mais profundo, é agir com liberdade, é poder escolher conscientemente entre alternativas, é ter condições objetivas para criar alternativas e escolhas. A liberdade é fundamento da ética e a moral é uma expressão do agir ético ÉTICA PROFISSIONAL Ela se apresenta como um campo de interrogações éticas muito amplo, na medida em que abrange, a priori, todos os setores profissionais de nossas sociedades industrializadas. A ética profissional acha-se no centro das questões relativas à estrutura social de nossas sociedades industrializadas. Em nossas sociedades, a estreita interação entre economia e tecnociências induz um deslocamento dos empregos para o setor de serviços (o setor terciário), abrangendo mais de dois terços dos empregos. ÉTICA PROFISSIONAL Esse setor requer competências especializadas que correspondem com muita freqüência a um campo de práticas específicas ou mesmo reservadas, isto é, profissionais. Esse fenômeno de profissionalização da esfera do trabalho exige regras internas a cada profissão, que se exprimem por várias modalidades: -as “boas práticas”, que são geralmente regras técnicas; -a deontologia e os códigos de ética, que determinam os valores profissionais bem como os direitos e as responsabilidades associadas à prática profissional; -o código de deontologia, que inclui, além dos princípios, procedimentos de organização da profissão e disposições legais para julgar atos derrogatórios. Ética profissional A multiplicação e a evolução das práticas profissionais (o crescimento do número de profissionais, a crise de confiança social em relação ao modelo do especialista, a diminuição da moralidade profissional, etc.), aliadas ao fenômeno da burocratização (organização e divisão do trabalho segundo critérios de racionalidade) que atravessa nossas sociedades, ao mesmo tempo complexificam as estruturas sociais e tornam as relações sociais mais difíceis. Ética profissional Assim, não é surpreendente que reflexões éticas ligadas especificamente às diversas profissões se cristalizem sob a forma de “ética profissional”. Essas interrogações éticas remetem com freqüência aos problemas práticos de ordem sócio-profissional que enfrentam os membros de uma mesma profissão. No entanto,a ética profissional vai além desse quadro e se interroga mais amplamente sobre o papel social da profissão, suas responsabilidades, sua função, sua atitude frente aos riscos e ao meio-ambiente, etc. Ética profissional A ética profissional caracteriza-se primeiramente pelo diálogo multidisciplinar. A ética, o direito, a antropologia, por exemplo, permitem a ampliação do problema identificado ao introduzirem uma perspectiva descentrada, isto é, não reduzida a saberes especializados. No plano metodológico, a análise ética preocupa-se com casos concretos bem documentados, tanto no plano técnico quanto em suas outras dimensões. Ela busca clarificar o dilema ético com o objetivo de fornecer caminhos normativos, ou mesmo soluções precisas. Ética profissional A ética profissional apresenta-se igualmente sob a forma de discursos (escritos diversos) e práticas normativas (ensino universitário, participação em formações profissionais, pareceres nas empresas). Entretanto, essas práticas multidisciplinares e os vínculos que universitários e profissionais mantêm entre si não são tão desenvolvidos quanto em bioética. Apesar de um interesse cada vez maior, reticências diversas manifestam-se no interior de algumas profissões. Ética profissional A ética profissional guarda uma profunda relação com a ética social e, conseqüentemente, com os projetos sociais. O homem, no processo de produção de sua vida material e cultural, constrói valores que passam a nortear as relações consigo mesmo e com os outros homens, constituindo-se, assim, como sujeito ético no processo de sociabilidade. A ética profissional dá visibilidade à sociedade acerca da direção social e da qualidade do exercício profissional. Ética profissional Uma profissão constrói, historicamente, uma identidade e adquire uma legitimidade social tanto a partir da explicitação da função social da profissão quanto dos contornos éticos que assume o trabalho profissional. Esse processo é atravessado por contradições e tensões que envolvem disputas políticas e ideológicas na sociedade. ÉTICA PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL * A riqueza da prática profissional dá vida às referências normativas gerais do Código [de Ética]. As respostas para cada atitude e comportamento dos sujeitos, em face dos dilemas éticos cotidianos, não estão no Código, mas a direção ética, política e social daquelas práticas está ali resguardada. * Os valores e princípios [do Código de Ética] só se traduzem em compromisso ético-político quando incorporados como mediação na análise de situações, que legitimam sempre um determinado projeto social e profissional. ÉTICA PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL * O Código precisa tematizar, na verdade, o dever ser: como a prática pode ser realizada de acordo com os princípios éticos definidos pelo projeto político-profissional, devendo recusar o que não é aceitável dentro do exercício do Serviço Social - o que é proibido e vedado ao assistente social fazer. ÉTICA PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL * Não é possível exercermos a nossa prática a partir somente de uma referência endógena: “devo dar satisfação apenas aos meus colegas!”. Contrariamente, é preciso imprimir sentido à prática profissional a partir das demandas e interesses dos usuários e da sociedade civil como um todo. * A prática profissional - com seus direitos e deveres - não é algo que possa se instituir só com referência na própria categoria. ÉTICA PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL * Mesmo considerando a autonomia do processo de trabalho, característica das profissões liberais como o Serviço Social, é justamente esta peculiaridade que exige a codificação moral de seu exercício, de maneira a se garantir um controle, pela sociedade, da qualidade e probidade dessas práticas. * Impõe-se a necessidade de constituir limites e parâmetros, traduzidos em normas uniformizadoras das condutas profissionais, como contratendências à competitividade profissional instigada pelo mercado capitalista. ÉTICA PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL * O Código (1993) é instado a operacionalizar uma mediação entre a dimensão do privado e a dimensão do público, no plano da profissão, considerando que ambas são essenciais. * Isto equivaleu a prever direitos e deveres que circunscrevessem o amplo leque de necessidades e exigências individuais frente às demandas coletivas - compatibilizar a instância dos direitos individuais de proteção do exercício profissional com os deveres suscitados na relação com o usuário, instituição, outros profissionais, etc; direitos e deveres determinados também pela especificidade técnica e política do processo de trabalho do Serviço Social. ÉTICA PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL * Com isso, promove-se o resgate do sentido autêntico da ética, no seu papel simultâneo de articulação e regulação dos componentes técnico e político do fazer profissional, onde se deflagram diferentes contradições resultantes do conflito entre o individual e o coletivo. * A ética consegue sinalizar os horizontes maiores onde se inscrevem as práticas sociais - território dos grandes projetos e fins éticos. Mas ela indaga também e norteia sobre as condições objetivas no espaço de trabalho que favorecem ou limitam a concretização dos compromissos coletivos. * A ética argüi ainda sobre os meios, e, principalmente, contribui para a sua melhor definição frente aos objetivos profissionais. ÉTICA PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL * No desenvolvimento de sua prática, os sujeitos profissionais são mobilizados e pressionados eticamente, pois compete a eles realizar escolhas dentre as diferentes alternativas, apoiando-se no que estabelece o Código de Ética, donde se coloca a tensão positiva (entre a autonomia e o dever). * Esta tensão remete ao que eu, enquanto assistente social, posso e quero fazer - logo, refere-se ao meu desejo e à minha adesão aos compromissos profissionais -, e por outro lado, àquilo que eu devo fazer como algo parametrado coletivamente pelo projeto ético-político da categoria. ÉTICA PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL Cabe ao assistente social aliar sua vontade, iluminada pela ética profissional - como intencionalidade de associação, de coletividade, de compromisso – com o seu saber teórico- prático crítico e, ainda, com as necessidades e possibilidades das circunstâncias, do que resultará o produto de sua ação. ÉTICO POLÍTICO TEÓRICO METODOLÓGICO TÉCNICO OPERATIVO TRIPÉ DA PROFISSÃO
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