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Reformas na Administração Pública

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ENSAIO SOBRE A REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Luciana Vasconcelos da Costa 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Este ensaio fará uma breve abordagem das reformas na administração pública, 
baseado nos artigos Modelos organizacionais e reformas da administração pública 
(2009), de Leonardo Secchi, Trajetória recente da gestão pública brasileira: um 
balanço crítico e a renovação da agenda de reformas (2007), de Fernando Luiz 
Abrucio, e Burocracia e a revolução gerencial — a persistência da dicotomia entre 
política e administração (1997), de Humberto Falcão Martins. 
 
2 MODELOS ORGANIZACIONAIS E REFORMAS DA ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA 
 
 Leonardo Secchi (2009) apresenta, em seu artigo intitulado Modelos 
organizacionais e reformas da administração pública, uma comparação dos quatro 
modelos organizacionais que são usados como base nas recentes reformas da 
administração pública: o burocrático, a administração pública gerencial, o governo 
empreendedor e a governança pública. Para isso, o autor inicia o artigo com um 
panorama das mudanças realizadas nas políticas de gestão pública e no desenho de 
organizações. Segundo Secchi (2009, p. 248), “essas reformas administrativas 
consolidam novos discursos e práticas derivadas do setor privado e os usam como 
benchmarks para organizações públicas em todas as esferas de governo”. 
 De acordo com o autor (2009, p. 249), essas modernizações têm como elementos 
ativadores a crise fiscal do Estado, a competição territorial por investimentos privados e 
mão de obra qualificada, a disponibilidade de novos conhecimentos organizacionais e 
tecnologia, a ascensão de valores pluralistas e neoliberais e a crescente complexidade, 
dinâmica e diversidade das sociedades. 
 Sendo assim, o modelo burocrático weberiano passou a sofrer críticas por suas 
disfunções. Conforme Secchi (2009), como alternativa ao modelo burocrático, modelos 
organizacionais - administração pública gerencial e o governo empreendedor - e um 
paradigma relacional - movimento da governança pública - foram apresentados. 
 O artigo apresenta as características e históricos dos modelos burocrático, 
gerencial (administração pública gerencial e o governo empreendedor) e de governança 
pública. E, após, traça um comparativo dos modelos, apresentando elementos comum e 
distintos. 
 Como principal elemento desses modelos, Secchi (2009) destaca a preocupação 
com a função controle. 
 
No caso do modelo burocrático, as características de formalidade e 
impessoalidade servem para controlar os agentes públicos, as 
comunicações, as relações intraorganizacionais e da organização com 
o ambiente. (...) A função controle na APG está presente tanto no 
aspecto da capacidade de controle dos políticos sobre a máquina 
administrativa quanto no controle dos resultados das políticas 
públicas. O modelo relacional da GP dá valor positivo ao 
envolvimento de atores não estatais no processo de elaboração de 
políticas públicas como estratégia de devolver o controle aos 
destinatários das ações públicas (controle social). (SECCHI, 2009, p. 
362) 
 
 A partir da teoria sistêmica, Secchi afirma que esses modelos utilizam a função 
controle como uma das formas para manter a estabilidade do sistema organizacional, 
não sendo, então, modelos de ruptura. 
 Outro ponto em comum no modelo burocrático e nos modelos gerenciais é a 
manutenção da distinção entre política e administração pública. No modelo burocrático 
weberiano o processo de construção da agenda pública é percebido como atribuição 
política, enquanto a implementação da política pública fica a cargo da administração. 
Por outro lado, no gerencialismo, a responsabilidade sobre os resultados das políticas 
públicas é uma atribuição dos políticos e a abordagem da governança pública apresenta 
elementos de descontinuidade e superação dessa distinção entre política e 
administração. 
 Essa diferenciação entre política e administração pública também é destacada 
por Humberto Martins (1997), no artigo intitulado Burocracia e a revolução gerencial 
— a persistência da dicotomia entre política e administração, que também faz um 
resgate histórico das reformas. O autor (1997) afirma que a governança contemporânea 
é caracterizada por uma espécie de influência burocrática sobre a prática política e de 
influência política sobre a prática burocrática e que não sugerem uma integração 
funcional entre política e administração. 
 
Política e administração, ou sistema político-representativo e agências 
de governo, enquanto arenas institucionais, integram-se ou 
dicotomizam-se de diferentes formas à medida que competem ou 
cooperam tanto na identificação e agregação de interesses da 
sociedade civil, quanto na formulação e implementação das políticas 
públicas. (MARTINS, 1997, p. 47) 
 
 Dando seguimento às semelhanças e distinções abordadas por Secchi (2009), o 
autor destaca a diferença na forma como os modelos lidam com as questões de 
centralização e liberdade de decisão dos gestores, enquanto a burocracia evita a 
discricionariedade dos gestores públicos, os modelos gerenciais têm uma visão positiva 
dos funcionários públicos, sendo então os mecanismos de controle desenhados para a 
avaliação de resultados. 
 Nesse sentido, Secchi (2009) mostra que nos modelos gerenciais e na 
governança pública, o relacionamento entre os ambientes internos e externos à 
organização pública possuem uma distinção menor entre as esferas pública e privada. 
Enquanto no modelo burocrático essas esferas são tratadas como impermeáveis. 
 O autor (2009) aborda outras diferenças entre os modelos, como, por exemplo, a 
forma de tratamento do cidadão e o uso analítico das quatro funções clássicas de 
administração (planejamento, organização, direção e controle). 
 Para concluir seu artigo, Secchi (2009) explica que a reforma da administração 
pública trata-se de um conjunto de inovações em políticas públicas de gestão e no 
desenho de organizações programáticas, sendo comumente alinhadas à eficiência, 
accountability e flexibilidade. 
 O artigo de Fernando Abrucio (2007), intitulado Trajetória recente da gestão 
pública brasileira: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas, também 
trata desses valores com as quais a reforma da administração pública está alinhada. O 
autor aborda a gestão pública brasileira e a renovação da agenda de reformas, colocando 
como eixos estratégicos para a modernização do Estado brasileiro a profissionalização, 
a eficiência, a efetividade e a transparência/accountability. 
 Para isso, Abrucio (2007) faz uma análise das reformas no Brasil abarcando o 
fim da ditadura militar até o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O autor mostra que 
nesse período houve avanços e inovações, mas que também foi constatado que os 
resultados foram desiguais e fragmentados, além de não ter tratado adequadamente de 
outros problemas. 
 Após fazer esse levantamento histórico de maneira crítica, destacando os pontos 
positivos e negativos nos 20 anos analisados, principalmente dos governos de Fernando 
Henrique Cardoso e de Lula, Abrucio (2007), destaca que a renovação da agenda de 
reformas passa pela definição de das questões centrais para a modernização do Estado 
brasileiro. Sendo assim, o autor propõe quatro eixos estratégicos: profissionalização, 
eficiência, efetividade e transparência/accountability. 
 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A partir dos históricos de reformas no Brasil abordados nos artigos, pode-se 
entender o quão importantes e necessárias elas são para que os serviços públicos atuem 
de maneira transparente e eficiente. Esses modelos, entretanto, precisam ser adaptados, 
levando em consideração o contexto em que estão inseridos. 
Atualmente está sendo debatida uma nova reforma administrativa, porém, o que 
se apreende é que os interesses políticos estão acima dos interesses da sociedade. 
Levando em consideração o percentual de servidores públicosno Brasil – a OCDE, em 
2015, divulgou que apenas 12% dos trabalhadores são servidores públicos –, os 
onerosos políticos brasileiros e toda corrupção que carregam em seus currículos 
políticos, a redução dos direitos dos servidores, por exemplo, não é um ponto da 
reforma administrativa que salvará o país da crise fiscal que enfrenta. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ABRUCIO, Luiz Fernando. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço 
crítico e a renovação da agenda de reformas. Revista de Administração Pública. São 
Paulo: FGV, Edição Especial Comemorativa, 2007. 
 
MARTINS, H. F. Burocracia e a revolução gerencial — a persistência da dicotomia 
entre política e administração. Revista do Serviço Público, v. 48, n. 1, p. 42-78, 24 fev. 
2014. 
 
OECD. Employment in the public sector. In: Government at a Glance 2015. OECD 
Publishing, Paris, 2015. Disponível em https://www.oecd-ilibrary.org/employment-in-
the-public-
sector_5jrxt394mc7g.pdf?itemId=%2Fcontent%2Fcomponent%2Fgov_glance-2015-22-
en&mimeType=pdf. Acesso em 03 nov. 2019. 
 
SECCHI, L. Modelos organizacionais e reformas da administração pública. Revista de 
Administração Pública. São Paulo, v. 43, n. 2, p. 347-69, 2009.

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