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Profa. Bettina Brasil UNIDADE I Estética Trabalharemos nessa disciplina a transformação da estética ao longo do tempo e em diferentes momentos da história da filosofia, desde a Grécia, com Platão e Aristóteles, até a era pós-moderna. Ao percorrermos esse período, discutiremos os principais problemas e concepções da estética filosófica em diversos autores. Trabalharemos desde as concepções clássicas até a influência dessas concepções no modernismo. No séc. XIX as relações entre a arte e a sociedade se transformam e veremos como a pós-modernidade lida com essas transformações. Apresentação A Estética, ao longo da história ocidental, apresentou diversas definições, conforme o entendimento dos autores da época. Podemos afirmar, que na filosofia, a estética é o campo que estuda a natureza do belo e suas manifestações na arte. Neste campo, onde já há reflexão estética, é importante ressaltar o entendimento sobre a valoração humana no que diz respeito às experiências sensoriais. Ou seja, são as experiências sensoriais que permitirão o juízo de valor na reflexão estética, resultando na apreciação do belo. Introdução A reflexão estética também abrange os sentimentos produzidos pela percepção do fenômeno estético natural ou criado pelo ser humano, como a arte e, consequentemente, o próprio conceito de arte. Conforme veremos, a estética como disciplina filosófica é a ciência que tem por objeto o juízo da apreciação que se aplica à distinção do belo e do feio. Foi no séc. XVIII que surgiu o conceito moderno de estética. Ele deriva da palavra grega aisthesis, que significa ‘percepção’, ‘sensação’. Introdução É a partir do séc. XVIII que surge o ramo da filosofia voltado ao estudo da percepção e das sensações como princípio de um conhecimento sensível do mundo. O filósofo alemão chamado Baumgarten, no séc. XVIII, criou o termo “estética” para o estudo da sensação e a ciência do belo. É atribuído a Baumgarten também o conceito de estética como ciência do mundo sensível do conhecimento de um objeto. A partir deste momento subjetivou-se o gosto àquilo que agrada os sentidos, elaborando uma ontologia do belo. Introdução A conotação que a estética tem na atualidade como a teoria do belo e das suas manifestações por meio da arte foi apresentada pelo Baumgarten. É importante saber que esse autor ‘inventa’ o nome para a disciplina, mas não a disciplina em si. Já encontramos trabalhos de pensadores desde a Grécia Antiga abordando esse tema. Introdução Desde o início da Filosofia ocidental a estética era objeto de estudo, mas ela só aparece como uma disciplina no séc. XVIII (com Baumgarten), resultado da organização de ideias típicas deste período. A partir disto inaugura-se a ligação inédita do SENSÍVEL – BELO – ARTE Introdução Observando a história recente, a estética significou: No séc. XVIII francês e inglês – a crítica do gosto No séc. XVIII alemão – a teoria do sensível No séc. XIX – a filosofia da arte Ou seja: A estética é o conjunto dos sentidos que se deu a esta palavra quando a epistême tornou a disciplina possível. Introdução A partir de Baumgarten surgiram três linhas de reflexão autônomas: Reflexão metafísica sobre a ideia de beleza, no seguimento da tradição platônica e neoplatônica. Análise psicoempírica da fenomenologia dos sentidos dos indivíduos. Reflexão sobre o fazer artístico e os processos da criação e produção nas diferentes artes, a que se pode chamar de filosofia das artes. Introdução Marilena Chauí destaca alguns aspectos da estética nos séculos XVII e XIX, que olhava as artes como belas-artes. 1. A arte é uma atividade humana autônoma, isto é, não está a serviço da religião /.../ e possui finalidade própria. 2. A arte é produto da experiência sensorial ou perceptiva (sensibilidade), da imaginação e da inspiração do artista /.../. 3. A finalidade da arte é desinteressada (não utilitária) ou contemplativa. Em outras palavras, a arte não está a serviço do culto nem da política, nem da /.../ virtude. /.../ não está destinada a produzir objetos de uso e de consumo, e sim a propiciar a contemplação da beleza. Introdução Marilena Chauí destaca alguns aspectos da estética nos séculos XVII e XIX, que olhava as artes como belas-artes. 4. A contemplação, do lado do artista é a busca do belo /.../ e, do lado do público, é a avaliação ou o julgamento do valor de beleza /.../. 5. O belo é diferente do bom e do verdadeiro. O bem é objeto da ética; a verdade, objeto da ciência e da metafísica; e a beleza, o objeto próprio da estética. /.../ a estética afirma a autonomia das artes pela distinção entre beleza, bondade e verdade. Introdução O juízo científico e metafísico e o juízo estético são diferentes: Introdução A Estética pretende alcançar um tipo específico de conhecimento, aquele captado pelos sentidos. Diferente da lógica, que parte da razão para estabelecer um conhecimento que é “claro e distinto”. A Estética, partindo dos sentidos e da experiência sensorial, chega a um resultado distinto daquele apresentado pela lógica. Introdução Introdução A obra de arte está em uma base comum para a Estética e Filosofia da arte. Apesar de terem objetos de estudo semelhantes, a crítica e a história da arte se distinguem da Estética. Introdução Ao longo da história da Filosofia, a Estética apresentou diversas definições ou sentidos. Baumgarten inaugura essa disciplina afirmando que: a) A Estética é o juízo da obra de arte a partir dos sentidos. b) A Estética é o estudo da sensação e a ciência do belo a partir do mundo sensível e do conhecimento de um objeto. c) A Estética é tudo o que agrada os sentidos. d) A Estética é o juízo do belo na obra de arte. e) A Estética é a compreensão da história e cultura a partir da obra de arte. Interatividade Ao longo da história da Filosofia, a Estética apresentou diversas definições ou sentidos. Baumgarten inaugura essa disciplina afirmando que: a) A Estética é o juízo da obra de arte a partir dos sentidos. b) A Estética é o estudo da sensação e a ciência do belo a partir do mundo sensível e do conhecimento de um objeto. c) A Estética é tudo o que agrada os sentidos. d) A Estética é o juízo do belo na obra de arte. e) A Estética é a compreensão da história e cultura a partir da obra de arte. Resposta A partir das discussões de Baumgarten, que denomina o campo de estudo da estética como o da percepção e das sensações como princípios de um conhecimento sensível, outros filósofos buscam o desenvolvimento dessa disciplina. Kant e Hegel buscaram levar a estética para a filosofia geral e definir conceitos abstratos para normalizar o mundo. E com isso a definição de ARTE se torna uma parte importante desse processo. A arte é um conceito que distingue as coisas identificáveis numa extensão: A Filosofia As coisas devem possuir propriedades comuns. Essas propriedades necessárias e suficientes devem identificar as características da arte numa coisa ou evento. Os objetos de arte possuem propriedades imanentes que lhes são intrínsecas. Essas propriedades derivam do hábito de se crer que a substância das coisas existe como uma realidade alcançável pelo pensamento. A essência das coisas não está na coisa em si, mas no conteúdo da representação que fazemos dela. A Filosofia Essa visão essencialista da teoria da arte esteve presente nas discussões do tema desde a Antiguidade clássica até o século XVIII. Kant altera o entendimento da Estética a partir de sua obra. Ele tenta encontrar a universalidade na atividade estética, deixando para trás a subjetividade dos séculos anteriores, quando a essência das coisas não está nas coisas nelas mesmas, mas no conteúdo da representação que fazemos delas. A Filosofia O Belo e o Feio não são conceitos absolutosnem estáticos ao longo do tempo. O belo em si pode ser entendido como tudo aquilo que apresenta um valor digno de admiração. Mas quando se fala de feio, está se falando ao mesmo tempo da beleza. A ideia da beleza mostra como o conceito não é estático ao longo do tempo: A estética de um corpo: um corpo pode ser reconhecido hoje como a beleza de uma pessoa, mas essa mesma pessoa poderia não ser reconhecida como bonita nos mesmos parâmetros em tempos passados ou em sociedades distintas. Existem várias maneiras de se perceber o belo, e essas maneiras devem ser reconhecidas de acordo com sua época, a cultura e o lugar. O Belo e o Feio O Belo e o Feio Apesar da influência do tempo e da cultura, um objeto, um ser, uma ação são belos quando são livres, independentes, infinitos. O belo é o juízo de apreciação sobre as coisas ou seres que provocam a emoção. Todo belo é resultado de uma apreciação, de um juízo do gosto. O belo é uma construção que ocorre a partir daquilo que a coisa é em si, da liberdade que o conceito manifesta e dos aspectos que o objeto apresenta que o caracterizam como belo As concepções estéticas são resultado do olhar do pensador à luz do seu tempo para esse objeto de estudo. Platão entendia a música e a poesia como as formas mais elevadas de arte. Ele desenvolve o conceito de belo a partir do seu olhar para as artes daquela época. Aristóteles mostra que a arte, de um lado, é uma construção “do nada”, mas pode também imitar a natureza, e de outro, ela parte da imaginação e se concretiza. Concepções estéticas e filosóficas Na Idade Média, a arte era voltada para a religião católica e a ideia de beleza estava associada à ideia de Deus. No Renascimento, período de transição da Idade Média para a Idade Moderna, a produção artística esteve em volta de muita riqueza e de artistas que dominavam técnicas impressionantes para imitar a realidade. Nesse período a arte enfatiza uma esfera mais terrena e humana, valoriza o corpo, mantendo o caráter religioso. Concepções estéticas e filosóficas Concepções estéticas e filosóficas Fonte: Michelangelo: Pietà, 1499. Basílica de São Pedro, Vaticano. Concepções estéticas e filosóficas Fonte: Leonardo da Vinci. Retrato de Cecília Gallerani, Dama com Arminho. Na Idade Moderna, sob influência do Capitalismo, a arte e o belo sofreram influências. A arte passa a ser um produto, deixando de ter seu valor em si para ter uma finalidade mercadológica e financeira. Esta concepção de belo pode ser encontrada até hoje. Concepções estéticas e filosóficas Na Grécia antiga e nos pensadores dessa época não existia um nome específico para a ciência da beleza, a estética como conhecemos hoje. Mas o tema permeou os estudos e pensamentos de grandes filósofos da época. Platão e Aristóteles trabalham com o tema de forma distinta, mas olhar para esses conceitos é importante para o entendimento posterior da estética. Platão “foi a primeira pessoa na história mundial a produzir um grande sistema de abrangência universal, que tem ramificações em todos os setores do pensamento e da realidade” (STACE, 1941, p.164). Concepções estéticas clássicas Para entender Platão é importante lembrar que: Ele busca a essência das coisas belas, o elemento comum a todas elas, sobreviventes às contingências e essencial face aos acidentes que integram a realidade. Busca encontrar o que se repete num grupo diverso ou o que permanece em meio ao fluxo contínuo de transformação da realidade. Platão foi pioneiro na busca de encontrar uma essência comum a todos os componentes do real. Concepções estéticas clássicas Platão, na sua obra, mostra como Sócrates percebe que ele e os outros homens passaram a maior parte da vida ‘na plena ignorância das coisas importantes a serem conhecidas: a natureza do bem, do belo e do verdadeiro’. A partir dos diálogos com Sócrates, Platão traz o entendimento do que é belo. Sócrates entendia o belo como intimamente relacionado à utilidade do objeto em questão. Para Sócrates, o que é útil é belo e o que é belo é útil. Concepções estéticas clássicas Platão começa a desenvolver seus conceitos de belo no diálogo Hipias Maior. Mas é na República que encontramos os maiores avanços nesse campo. Concepções estéticas clássicas Na busca pela essência das coisas e do belo, discute-se que a essência das coisas não está na coisa em si, mas no conteúdo da representação que fazemos dela, ou seja: a) É belo aquilo que apresenta um valor digno de admiração e é um valor universal. b) É belo aquilo que julgamos a partir de características objetivas do objeto da arte. c) A essência do belo está na razão que estabelece um conhecimento ‘claro e distinto’ do objeto d) A arte é o produto da experiência sensorial ou perceptiva, a sensibilidade ou, em outras palavras, a representação do objeto. e) O observador faz parte do sistema que observa; ao observar, ele produz as condições de sua observação e transforma o objeto observado. Interatividade Na busca pela essência das coisas e do belo, discute-se que a essência das coisas não está na coisa em si, mas no conteúdo da representação que fazemos dela, ou seja: a) É belo aquilo que apresenta um valor digno de admiração e é um valor universal. b) É belo aquilo que julgamos a partir de características objetivas do objeto da arte. c) A essência do belo está na razão que estabelece um conhecimento ‘claro e distinto’ do objeto d) A arte é o produto da experiência sensorial ou perceptiva, a sensibilidade ou, em outras palavras, a representação do objeto. e) O observador faz parte do sistema que observa; ao observar, ele produz as condições de sua observação e transforma o objeto observado. Resposta Como já vimos, a discussão sobre o belo permeia alguns textos de Platão, até chegar na República, trabalhando a sua utilidade. Vale lembrar que Platão foi pioneiro na sua tentativa de encontrar uma essência comum a todos os componentes do real. Em relação às coisas belas, ele busca o elemento comum a todas elas, sobreviventes às contingências e essencial frente aos acidentes que também integram a realidade. Ele trata essa questão como todas na sua filosofia: pretende encontrar o que se repete num grupo diverso, ou o que permanece em meio ao fluxo contínuo de transformação da realidade. Platão Platão Como já é de conhecimento, Platão dialoga com Sócrates ao longo de sua obra para chegar no entendimento das coisas ou para expor seu pensamento. Na discussão sobre o belo, temos textos discorrendo sobre o assunto desde Hipias Maior até a República. Neste primeiro texto, aporético, Sócrates discute com Hipias como é feio um olho que não pode enxergar ou um corpo humano incapaz de desempenhar atividades físicas, com isso ele introduz o tema da utilidade no conceito de belo. Nesse diálogo, Sócrates procura o BELO, enquanto Hipias diz o que é belo, por não ter compreendido a diferença entre as duas fórmulas ou porque não admite que haja diferença entre CONCEITO DE BELO COISAS BELAS Platão No diálogo Hipias Maior, Platão apresenta ideias interessantes sobre a definição de belo: Platão Aos poucos Platão deixa clara a diferença do entendimento do Belo dele e de Sócrates: Platão Para Platão e seu Mundo das Ideias, o belo só pode ser em si no mundo das ideias, como o justo, o verdadeiro e o bem. Na sua filosofia, Platão dá mais valor à beleza moral e intelectual do que à física. Quer alcançar a beleza absoluta e transcendente, causa e princípio de tudo o que é belo e que fala à inteligência por intermédio dos sentidos. Para Platão, a obra de arte que imita o real, faz uma realidade de terceiro grau. Platão Erro de terceiro grau no entendimento do belo. Platão Platão, em certo momento, olha o belo como uma qualidade, uma aparência, e não comouma essência. “...seja qual for a coisa a que ele se junta, realizando nesta coisa a beleza, na pedra como na madeira, no homem como em Deus, tanto em toda a espécie de ação como em todo objeto de estudo; ele é aquilo que, em tempo algum, em lugar algum, aos olhos de nenhum homem, não deve parecer feio.” (TALON – HUGON, 2009, p.14). Platão Nos diálogos mais tardios de Platão, ele trabalha o conceito metafísico de Ideia e forma três princípios inseparáveis: O VERDADEIRO O BEM O BELO A beleza sensível é tão-só um primeiro grau de beleza; para além dela há a beleza das almas, a dos atos e dos conhecimentos. A essência do belo, no Mundo das Ideias, é uma beleza eterna, absoluta, irrelativa, estranha à geração e à corrupção. Platão Platão, na sua obra, expõe o entendimento de Sócrates em relação ao Belo, mas se diferencia desse entendimento ao longo do desenvolvimento da sua própria filosofia. Sobre essa diferença, é certo afirmar que: a) Para Sócrates, o belo é sensível, e para Platão é a qualidade das coisas. b) Para Sócrates, o belo é uma característica da utilidade das coisas, e para Platão é uma característica do Mudo das Ideias. c) Para Sócrates e para Platão o belo é uma ideia não acessível pelas coisas concretas. d) Para Sócrates, o belo é uma ideia, e para Platão é um objeto que imita com perfeição a natureza. e) Para Sócrates, o belo é a verdade, e para Platão o belo é o bem. Interatividade Platão, na sua obra, expõe o entendimento de Sócrates em relação ao Belo, mas se diferencia desse entendimento ao longo do desenvolvimento da sua própria filosofia. Sobre essa diferença, é certo afirmar que: a) Para Sócrates, o belo é sensível, e para Platão é a qualidade das coisas. b) Para Sócrates, o belo é uma característica da utilidade das coisas, e para Platão é uma característica do Mudo das Ideias. c) Para Sócrates e para Platão o belo é uma ideia não acessível pelas coisas concretas. d) Para Sócrates, o belo é uma ideia, e para Platão é um objeto que imita com perfeição a natureza. e) Para Sócrates, o belo é a verdade, e para Platão o belo é o bem. Resposta Aristóteles foi aluno de Platão, dando seguimento às discussões filosóficas da época. Ele também trabalha os conceitos e entendimento do belo na sua obra, mesmo antes da disciplina estabelecida por Baumgarten. Para Aristóteles, o conhecimento traz alegria e ele considera que a estética é uma característica que provoca prazer nas pessoas. Ele parte da obra de arte existente para fazer a reflexão do belo. Aristóteles “O prazer do conhecimento científico há de ser buscado e valer por si mesmo; a natureza, fonte primeira de todo o conhecimento, é algo reconhecidamente belo. E esse caráter imanente da atividade científica e da apreciação estética liga-se à felicidade do homem, pois esta é tão mais perfeita quanto mais se aproxima da pura contemplação.” (OLIVEIRA, 2009, p. 93.) Para Aristóteles, a estética e o belo culminam na felicidade do homem. Nos seus textos ele reafirma que a obra de arte é uma cópia das coisas no mundo e que produz efeitos, e que estes efeitos podem ser positivos para o homem. Aristóteles O ponto de partida para a reflexão de Aristóteles é a obra de arte. Ele divide a arte em dois tipos: Aristóteles Além dele fazer essa diferenciação da arte e partir dela para sua análise do belo, ele traz uma outra e nova perspectiva para o estudo da estética: Tanto o belo e o alegre, quanto o feio e o triste, podem ter um valor artístico. Para Aristóteles, a arte é uma imitação e ela pode ser feita por formas, modos e objetos diferentes. Como já falamos, para ele, admiramos uma obra de arte de tão parecida que ela é com a realidade. Aristóteles Aristóteles Laocoonte. Autor desconhecido. Essa mimese, ou seja, a imitação, é explicada por Aristóteles como uma natureza do homem, que seria, para ele, um animal mimético. Ele afirma também que há no homem certa disposição para sentir prazer na imitação, “seja ao imitar um gesto de alguém, seja ao observar a imitação de uma terceira pessoa, como se no gesto houvesse uma espécie de reconhecimento de nós mesmos.” (NAYOMA, 2016, p. 44). Ao contrário do idealismo platônico, o realismo aristotélico pretendia buscar a verdade a partir da observação do real, a qual, com o auxílio da razão, formula as leis gerais do pensamento. Aristóteles Aristóteles discute no seu texto que a comédia e a tragédia são artes distintas, e que são, como uma escultura, imitação de ações humanas. A comédia e a tragédia são descritas de forma distinta por ele: Aristóteles É a partir da análise da tragédia que Aristóteles discute a finalidade da arte. Aristóteles Para Aristóteles, tudo o que existe na natureza está aí porque tem alguma finalidade. A arte pertence ao conjunto das atividades humanas, mas diferencia-se pela sua função de um fim exterior, não é uma atividade prática, mas produtiva. Ele difere a arte (estética) da arte de um médico, que age com o objetivo de tratar. A arte tem uma disposição para produzir e essa produção é acompanhada de regras. É importante lembrar que, para Aristóteles, a finalidade última é a felicidade dos homens. Aristóteles Voltando para a tragédia, para Aristóteles, o fim dela, ou sua finalidade, é a catarse. Para ele, a tragédia pode purificar o homem de seus males e de seus vícios, cumprindo com uma função ética. A catarse é um processo de expulsão de um mal, que não faz bem e que precisa ser removido de dentro do homem. Essa catarse ocorre pela identificação com a dor que marca a trajetória de um herói. Com essa descrição, Aristóteles dá lugar à noção de prazer. E esse prazer é retirado da própria imitação. Aristóteles Para Aristóteles, a imitação da natureza não tem uma conotação negativa, pois ele não desvaloriza o mundo sensível, como faz Platão. Através da análise da ‘tragédia’, ele analisa o quão eficiente é esta na realização da sua finalidade (a catarse). A grandeza e o efeito catártico da tragédia dependem da competência e da leveza de como as ações da história são apresentadas. A ponto do espectador não perceber a fraqueza do mito, e dando a ele a capacidade de se assemelhar ao que é possível acontecer. Aristóteles Aristóteles apresenta as características, segundo ele, que tornam uma obra de arte bela: A ordem, simetria e finitude. Dessa forma, os mitos, músicas e tragédias devem ter um tamanho tal que seja compatível com a nossa capacidade de memorizá-los. Para Aristóteles, a beleza encontra-se no justo meio e no equilíbrio das coisas. Decorre do pensamento de Aristóteles um ponto que vai se discutir na contemporaneidade: a arte tem um fim em si mesma e à pura contemplação. Aristóteles “O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no imitado” (ARISTÓTELES). Para Aristóteles, a imitação é importante na arte porque: a) A imitação da arte reproduz e eterniza a vida cotidiana. b) Ao imitar a vida, a arte permite que as pessoas se identifiquem e memorizem o que foi exposto. c) Ao imitar a vida, a arte permite que as pessoas se identifiquem com o exposto e sintam prazer (ou catarse). d) A mimese nunca consegue reproduzir de forma adequada a natureza, e essa distorção da realidade dá prazer ao homem. e) Ao imitar a natureza, o artista pode aperfeiçoá-la e com isso agradar o espectador com a ideia de uma vida melhor. Interatividade “O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no imitado” (ARISTÓTELES). Para Aristóteles, a imitação é importante na arte porque: a) A imitação da arte reproduz e eterniza a vida cotidiana. b) Ao imitar a vida, a arte permite que as pessoas se identifiquem e memorizem o que foi exposto. c) Ao imitar a vida, a arte permite que as pessoas se identifiquem com o exposto e sintam prazer (ou catarse). d) A mimese nuncaconsegue reproduzir de forma adequada a natureza, e essa distorção da realidade dá prazer ao homem. e) Ao imitar a natureza, o artista pode aperfeiçoá-la e com isso agradar o espectador com a ideia de uma vida melhor. Resposta ATÉ A PRÓXIMA! Profa. Bettina Brasil UNIDADE II Estética Trabalharemos nesta disciplina a transformação da estética ao longo do tempo e em diferentes momentos da história da filosofia, desde a Grécia, com Platão e Aristóteles, até a era pós-moderna. Já passamos pelo entendimento da estética na Grécia, com Platão e Aristóteles, e agora acompanharemos a visão da modernidade sobre a estética. Apresentação O Renascimento foi o primeiro grande movimento artístico, científico, literário e filosófico da modernidade. Marcou a passagem da Idade Média para a Moderna. Após esse período e o início da Idade Moderna, surge o racionalismo, que marca o desenvolvimento da estética no período. Descartes e Espinosa são pensadores desse período. Acontece nesse período uma separação importante entre a ciência e a filosofia. O Renascimento data de meados do século XIV até o século XVI. A estética na modernidade A estética na modernidade Rafael. A Escola de Atenas, 1509. Vaticano. Fonte: domínio público, https://commons.wikimedia.org/w /index.php?curid=63399941 O racionalismo é consequência da influência do pensamento europeu e o ideário de que a ciência resultaria em respostas absolutas. Um período convicto da soberania do homem racional. Existia a crença de que o mundo poderia ser controlado se uma vez estudado, categorizado, organizado e entendido, por meio das faculdades intelectuais. Ou seja, o controle e a ordem aperfeiçoariam a recente civilização moderna. A estética na modernidade David Hume (1711-1776) trouxe para a estética a teoria do gosto. Para ele, o belo depende da capacidade sensitiva e racional do homem, que julga o que sente. “O belo ainda existe, e só é possível de ser notado por meio de uma sofisticação das capacidades sensitivas e racionais do apreciador” (SILVIA, 2017). O julgamento da beleza dependeria da presença ou da ausência do prazer na mente, tendo assim um caráter subjetivo que, influenciado pelas memórias e pelas experiências de cada sujeito, produziria diferentes julgamentos de belo e feio sobre os objetos estéticos. A estética na modernidade Hume afirma que não existe uma definição metafísica de arte. Para ele, “a beleza não é uma qualidade das próprias coisas, existe apenas no espírito que as contempla, e cada espírito percebe uma beleza diferente. Para Hume, não existe uma definição universal sobre o belo. Hume afirma que também o gosto é uma questão de hábito e que varia conforme a realidade e a experiência vividas. A estética na modernidade No século XVIII, um problema ganha força, que é saber se o belo é sentimento subjetivo ou objetivo e os autores tentam responder isso nas suas obras. Essa discussão ainda estava viva na época em que Hume viveu. Hume, ao longo de sua obra e contrariando os subjetivistas, busca o “padrão do gosto”, mesmo admitindo a existência de certa variedade de gostos no mundo. Hume se depara com uma pergunta que ainda é atual: Em que medida o fenômeno do gosto não está limitado ao relativismo de sua variedade subjetiva e, do ponto de vista filosófico, reivindica um critério objetivo e social expresso pelo padrão do gosto? A estética na modernidade Já para Kant (1724-1804), a concepção do belo só pode emanar do sentimento humano. Os juízos estéticos são puros e somente frutos da experiência subjetiva dos indivíduos. Kant elabora sua teoria estética na obra Crítica do Juízo do Gosto (Crítica da Faculdade do Juízo). É um marco na história do pensamento estético. Confirma e consagra o reconhecimento pela natureza peculiar da experiência e dos sentimentos estéticos. E o reconhecimento fundamental da experiência estética no sistema das realizações superiores do espírito. Kant e o juízo do gosto Kant é bem conhecido pela sua trilogia crítica (Crítica da Razão Pura [conhecimento], Crítica da Razão Prática [moral] e Crítica do Juízo do Gosto [estética]). Para ele, captar, interpretar e compreender o objeto de estudo é um método designado por ele como “crítica”. Kant e o juízo do gosto Immanuel Kant. Johann Gottlieb Becker (1720- 1782) Fonte: http://www. philosovieth.de/ kant-bilder/ bilddaten.html Essa última obra é uma crítica do nosso poder de julgar e uma obra estética que trata da apreciação e da criação do belo. Kant desenvolveu sua obra no meio da discussão entre empiristas e racionalistas. Segundo Noyama (2016, p. 126): “Os racionalistas defendiam que a razão era inata e que a experiência não poderia promover o conhecimento verdadeiro, e empiristas defendiam justamente o contrário, que somente a partir da experiência se poderia iniciar uma caminhada que garantisse o alcance da verdade.” Kant e o juízo do gosto Kant consegue colocar os dois pontos dessa discussão na sua teoria. Kant e o juízo do gosto Para Kant, a concepção do belo só pode emanar do sentimento humano. Os juízos estéticos são puros e somente frutos da experiência subjetiva dos indivíduos. Saindo desse pressuposto, é correto afirmar: a) Kant tem uma abordagem universalista na teoria do belo. b) Kant tem uma abordagem racionalista na teoria do belo. c) Kant tem uma abordagem essencialista na teoria do belo. d) Kant tem uma abordagem dialética na teoria do belo. e) Kant tem uma abordagem subjetivista na teoria do belo. Interatividade Para Kant, a concepção do belo só pode emanar do sentimento humano. Os juízos estéticos são puros e somente frutos da experiência subjetiva dos indivíduos. Saindo desse pressuposto, é correto afirmar: a) Kant tem uma abordagem universalista na teoria do belo. b) Kant tem uma abordagem racionalista na teoria do belo. c) Kant tem uma abordagem essencialista na teoria do belo. d) Kant tem uma abordagem dialética na teoria do belo. e) Kant tem uma abordagem subjetivista na teoria do belo. Resposta Kant traz o conceito da intersubjetividade para a relação entre juízo e conhecimento. A intersubjetividade é a percepção de si próprio como parte deste todo universal relacionado com outros objetivos, por meio da representação do objeto ou do universo. Para Santos (2008, p. 3): “De tal forma que se cada indivíduo, no seu ponto de vista, tiver consciência da perspectiva dos outros em relação a ele mesmo, significa que a relação interna e subjetiva dos pontos de vista logrou êxito.” A intersubjetividade Kant discute na sua obra o problema do gosto, ou seja, que “cada um tem seu gosto” ou que “gosto não se discute”. Desta forma, o gosto não poderia servir de critério para o julgamento das obras de arte. Todo o processo é individual e incomparável entre si. Esse pensamento resulta numa questão importante: como ser um avaliador de obras de arte? Como dar universalidade a esse juízo? A resposta não envolve procedimentos lógicos ou científicos. A intersubjetividade Kant afirma que a percepção da beleza é uma experiência estética. A intersubjetividade Fonte: autoria própria Chauí (2003, p. 282) explica isso de uma forma clara: “A obra de arte é algo comunicável, aliás, só existe para comunicar-se, oferecendo-se à sensibilidade dos receptores. Se o artista parte, espontaneamente, da comunicabilidade da obra é porque, em seu íntimo, reconhece que sentimentos, ideias e opiniões são compartilháveis. A experiência estética – tanto do lado do artista como do lado do público – é comunicável e partilhável.” A ideia universal da razão é a mesma em todos nós. A sensibilidade tem a forma do espaço e do tempo e essas são categorias universais do entendimento. A beleza é uma ideia universal da razão. A intersubjetividade Emrelação à particularidade, subjetividade da percepção, para Kant, o sujeito não tem acesso às coisas tais como elas são em si. Apropriamo-nos das coisas como elas chegam até nós. Para Kant, as pessoas têm contato apenas com a aparição fenomênica das coisas tal como as percebemos. O objeto do conhecimento é justamente o fenômeno. Esse fenômeno deve ser acessível tanto para o sujeito como para todos os outros. A intersubjetividade O que se representa é algo singular e particular, mas o que se objetiva é que todo e qualquer sujeito possa representar os elementos que formam o conhecimento da mesma maneira. A intersubjetividade Conhecimento Representação O juízo do gosto não aprofunda o conhecimento do fenômeno. O juízo do gosto é relativo à apreciação do objeto e remete à faculdade da imaginação, distinguindo se algo é belo ou não. Assim, o juízo do conhecimento é objetivo e o juízo estético é subjetivo. Para Kant, o sujeito percebe as coisas a partir das sensações e não pela formulação de julgamentos racionalmente elaborados. A intersubjetividade A intersubjetividade As sensações em si são incomunicáveis O julgamento da beleza deve ser livre de todo o interesse Para formular um ajuizamento puro não deve envolver qualquer interesse Esse é o juízo estético puro A beleza percebida na contemplação de um objeto não é apenas pelo fato de o objeto ser belo. Ela provoca um sentimento de caráter subjetivo, que é a sensação de prazer. Para Kant, um objeto não pode ser belo se ele for aprazível apenas para um sujeito. Assim, qualquer indivíduo que contemple livremente um objeto, terá a mesma condição de prazer que a outra pessoa. A intersubjetividade O prazer estético é um prazer desinteressado, que é despertado em nós apenas mediante a relação entre a nossa mente e uma representação. Na experiência estética, o nosso entendimento é incapaz de nos fornecer um conceito a respeito do que experenciamos, resta apenas a intuição. O belo é um sentimento universal, possível de ser experimentado por outros, na mesma condição. O belo vai forçar a universalização do juízo do gosto sem a necessidade de conceitos ou de alguma finalidade. A intersubjetividade Quando ele afirma que o belo agrada universalmente, ele está criando a ideia do senso comum estético. Ele acredita que, ao compartilhar um objeto que causa prazer, a outra pessoa tem uma sensação e um sentimento muito parecido com o primeiro indivíduo. Voltando ao conceito, para Kant, estética é o conhecimento sensível. “Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado e sem entendimento nenhum objeto seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas” (KANT, in: WERLE, 2005, p. 135). A intersubjetividade A sensibilidade é a capacidade de receber representações por meio do modo como somos afetados pelos objetos. Não pode confundir a sensibilidade com o pensamento. A intersubjetividade Estética Lógica • A ciência das regras da sensibilidade em geral • A ciência das regras do entendimento Kant, ao introduzir a explicação sobre o belo, mostra que esse depende do gosto e é um juízo reflexivo estético. O gosto, então, é relativo ao sujeito e sua capacidade de julgar sobre o que lhe é dado. O que lhe é dado lhe causa prazer. E esse prazer é um sentimento pautado na faculdade cognitiva do sujeito em relação ao objeto. A intersubjetividade Enquanto o belo só pode ser referido a um objeto com forma, o sublime pode ser provocado por um objeto sem forma. O belo provoca prazer e o sublime provoca admiração e respeito. O belo provoca uma contemplação positiva e o sublime provoca sentimentos negativos. “Todos nós já passamos por uma situação na qual a evidência de nossa pequenez nos fez respeitar ou temer algo absolutamente maior que nós” (NOYAMA, 2016, p. 132). O sublime Para Kant, um objeto não pode ser belo se for aprazível apenas para um sujeito. Assim, qualquer indivíduo que contemple livremente um objeto terá a mesma condição de prazer que a outra pessoa. Com isso, o belo, para Kant, é: a) Subjetivo. b) Universal. c) Racional. d) Ao mesmo tempo subjetivo e universal. e) A verdade. Interatividade Para Kant, um objeto não pode ser belo se for aprazível apenas para um sujeito. Assim, qualquer indivíduo que contemple livremente um objeto terá a mesma condição de prazer que a outra pessoa. Com isso, o belo, para Kant, é: a) Subjetivo. b) Universal. c) Racional. d) Ao mesmo tempo subjetivo e universal. e) A verdade. Resposta Hegel (1770-1831) é um dos filósofos mais influentes e complexos da filosofia. Pretendeu estabelecer um sistema que abrangesse problemas filosóficos de todas as esferas: religião, ciência, política, conhecimento, ética, direito e moral. Hegel Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Autor desconhecido. Fonte: http://portrait.kaar.at/ A grande variedade de sistemas filosóficos e muitas vezes contraditórios entre si foi o motivador para Hegel propor seu próprio sistema, que fosse capaz de abranger todos os problemas filosóficos. Hegel pretende mostrar na sua obra o que merece de fato o título de filosofia. Seus estudos sobre estética são resultado de registros de suas aulas na Universidade de Berlim, entre 1820 e 1830. Hegel O sistema filosófico de Hegel consistiu em descrever a história da filosofia por analogia estética: como a apresentação em diversas formas de uma única e mesma ideia. A crítica da arte também se torna modelo da crítica filosófica: do mesmo modo que a obra de arte é representação de uma verdade ideal numa forma sensível, assim também a tarefa da crítica consiste em desvendar a ideia do fenômeno (manifesto). O manifesto pode mudar em cada sistema filosófico, mas o núcleo racional deve ser o mesmo em todo aquele sistema que mereça o título de filosofia. Hegel Interessante que Hegel começa a propor o seu sistema alegando que os sistemas filosóficos até então eram contraditórios e ele gostaria de propor um sistema que respondesse todos os fenômenos filosóficos. Mas ele chega a entender que essa contraditoriedade na verdade é aparente, porque cada pensador propõe o seu sistema à luz de sua época e das discussões que vivencia. Hegel apresenta sua obra na contracorrente de todas as teorias da estética do sentimento e subjetividade do gosto, ao reafirmar a objetividade do belo e a possibilidade do reconhecimento racional dele. Hegel Hegel inicia seu percurso de pensamento sobre estética, investigando a estética como ciência. Nesse ponto, ele é influenciado por outros autores, como Kant e Schiller, discutindo a beleza no campo da filosofia da história. Para Hegel, a filosofia estética de Kant reconhece a possibilidade de unificação entre espírito e natureza por meio da arte. Mas também pensa que é uma limitação, pois essa mesma teoria fica presa à contradição do sujeito e do objeto. Hegel Para Hegel (na Fenomenologia do Espírito), a ideia do belo (que para ele é a verdade) apresenta uma evolução interna, ligada à evolução histórica. A diferença entre estética e filosofia será o fato de que a estética continuará sendo pensada como a ideia do verdadeiro, numa forma exterior a ele. Enquanto a filosofia se tornará a expressão da ideia no pensamento, na forma mais pura. Ele também afirma que o termo “estética” é insuficiente para tratar da beleza no âmbito da arte. Hegel Hegel afirma que a ciência das sensações tem limites e que está restrita às sensações que um objeto artístico pode provocar. Hegel Agrado Temor Piedade Compaixão Essa ciência teria limites, para Hegel, porque ela não diferencia essas sensações provocadas pelo objeto artístico das sensações provocadas pela natureza e isso seria, então, um problema para ele. Essa discussão resulta na proposta de umanova nomenclatura “A autêntica expressão para nossa ciência é, porém, filosofia da arte ou mais precisamente, filosofia da bela arte”. Hegel exclui o belo natural de suas investigações artísticas. Hegel Hegel justifica diferenciando o belo. Hegel • Produzido pela natureza Belo natural • Nascido do espírito Beleza artística Para Hegel, a beleza artística é superior à beleza natural. “Ao citar que a beleza artística é nascida do espírito, Hegel pretende dizer que ela é uma construção e, como tal, tem como principal característica o fato de ser resultado de um processo de superação e conservação entre espírito e natureza, isto é, entre o homem e a realidade. Esse processo, necessariamente dialético, faz com que o espírito sempre acumule mais experiências e forme uma consciência ciente destas, compreendendo-as e refletindo sobre elas. Segundo Hegel, essa característica já é suficiente para declarar a arte como superior à natureza, pois a natureza não tem consciência e sua criação não é resultado de um processo dialético” (NOYAMA, 2016, p. 147). Hegel Ou seja, para Hegel, diferente do que Platão afirmou, um desenho do sol, qualquer desenho que seja, será necessariamente mais belo que o próprio sol, porque a reflexão do desenhista sobre o objeto natural confere sua superioridade diante da natureza. Dessa forma percebemos a importância que Hegel dá para a razão. A partir dessa racionalidade que Hegel chega à tese do “fim da arte”. Essa tese tem três sentidos: Hegel Os sentidos da ideia do “fim da arte”: 1. O fim da arte pode ter acontecido na própria Grécia Antiga. Foi o último cenário da arte intuitiva da realidade humana. 2. Na Grécia antiga, a arte representava conteúdos imagéticos aceitos universalmente, como os deuses. 3. A partir da evolução do espírito e o saber científico ficaram mais importantes a discussão e a investigação estética do que a própria obra de arte. Hegel Para Hegel, a beleza artística é única e, quanto mais as produções se situam acima da natureza, mais a beleza artística se eleva acima da beleza natural. A caracterização da beleza como a verdade racional, controlada pelo sujeito, é superior à natureza em si. O momento central da estética do belo é a ideia de que cabendo ao elemento sensível ser apenas um meio no qual a verdade se torna perceptível. O belo é a ideia como unidade imediata do conceito e de sua realidade e, portanto, é verdadeiro. Hegel Hegel exclui o belo natural da sua investigação estética, porque: a) O belo natural é uma ideia universal. b) O belo natural não tem consciência da sua existência. c) O belo artístico é uma ideia universal. d) O belo artístico imita a natureza. e) O belo natural é a essência do belo. Interatividade Hegel exclui o belo natural da sua investigação estética, porque: a) O belo natural é uma ideia universal. b) O belo natural não tem consciência da sua existência. c) O belo artístico é uma ideia universal. d) O belo artístico imita a natureza. e) O belo natural é a essência do belo. Resposta Hegel Para Hegel, o belo é a ideia como unidade imediata do conceito e de sua realidade e, portanto, é verdadeiro. Ou seja, a ideia é denominada bela na sua manifestação sensível. O belo se determina como aparência sensível da ideia, resultando na coincidência da beleza e da verdade. A ideia é a verdade e tudo que chamamos de verdadeiro o é na medida em que existe segundo a ideia. Para Hegel, a obra de arte é o primeiro elo intermediário entre o que é meramente exterior, sensível e passageiro e o puro pensar. Por sua vez, o belo é a ideia como unidade do conceito e da sua realidade, e, portanto, verdadeiro. Ao contrário, tudo que existe tem, por isso, apenas verdade na medida em que é uma existência da ideia. Então, tudo o que existe só possui verdade na medida em que existe como ideia. Hegel A arte como tal tem por objetivo a apresentação da verdade. Mesmo com a apresentação da verdade como manifestação do espírito invocada pela arte, essa verdade não atinge a forma plena. Isso acontece porque a verdade é sempre histórica. Desta forma, a arte deve ser a apresentação sensível da verdade, ingressada na esfera da historicidade. Hegel Considerando que a ideia é a verdade, mesmo se a verdade é apresentada sob a forma de fenômenos sensíveis (obras), Hegel atribui a esses fenômenos uma realidade bem mais elevada e um devir bem mais verdadeiro do que a realidade cotidiana. A superioridade da arte é relacionada à capacidade dela em exprimir adequadamente e de maneira sensível a verdade da ideia. Interessante perceber que, em Hegel, a arte tem por objetivo a apresentação da verdade, porém a apresentação da verdade, como manifestação do espírito, não atinge sua forma plena na arte. Hegel Isso acontece, porque, para Hegel, a verdade é sempre histórica. A partir daqui, a arte, para Hegel, possui uma mesma e idêntica meta que a religião e a filosofia. Porém, quando a arte atinge sua forma ideal, ela percebe que não é o meio de expressão mais adequada da ideia. E, portanto, é inferior à representação do divino pela religião e da ideia pela filosofia. A partir daí, ele coloca uma hierarquia para que a arte se autossupere. Hegel Os três momentos para essa autossuperação são: Simbolismo; Classicismo; Romantismo. Os meios para essa autossuperação são: arquitetura; escultura; pintura; música poesia. Hegel Quando Hegel apresenta os três momentos da arte, ele introduz a historicidade nela. Ele também revela, nessa divisão, o sistema filosófico da totalidade, nos três tempos do processo de vir-a-ser, que é o procurar, atingir e superar a ideia como verdadeira ideia do belo. Hegel A arte começa sendo simbólica – e essa é uma forma imperfeita. A arte simbólica, por representar a verdade de maneira inferior, ou seja, simbólica, é a forma mais abstrata e a menos elevada. Esse simbolismo tem sua autossuperação na arte clássica. Na arte clássica se atinge a beleza perfeita, pela adequação perfeita entre forma e conteúdo, entre apresentação sensível e ideia. O limite da arte clássica é o fato de que essa representação permanece na ordem da estética, da sensibilidade. Hegel A forma romântica é a superação do clássico: pois não supõe mais divisão entre o finito e o infinito no mundo exterior. É a arte interiorizada. A partir dessa hierarquia percebe-se que a arquitetura é a arte menos elevada, pois depende da matéria corpórea para se representar. A escultura, por sua vez, deixa de ser somente mecânica para dar forma e individualidade, e por isso a escultura supera a arquitetura. A pintura pode apresentar formas para além da espacialidade física. Hegel A música é o primeiro gênero artístico estético que consegue se desvincular totalmente da espacialidade. Essa arte atinge um grau mais profundo de subjetividade, pois o som se encontra no espaço. A poesia, por sua vez, atinge o sentimental por meio do som, e também é dotado de significado, representando mais autenticamente a ideia. Por fim, para Hegel, a poesia é a arte que aspira a história da estética, em que desaparece a pura sensibilidade para dar lugar à espiritualidade. Hegel Por fim, considerando a trajetória da arte, percebemos que: Para os antigos, a obra é entendida como um microcosmos – o que permite pensar que exista fora dela, no macrocosmo, um critério objetivo e substancial do belo. Para os modernos, a obra só ganha sentido em referência à subjetividade. Para os contemporâneos, a obra é expressão pura e simples da individualidade: estilo absolutamente singular que não quer ser mais em nada um espelho do mundo, mas sim a criação de um mundo, o mundo interior do qual se move o artista e no qual temos, sem dúvida, permissão de ingressar, mas que demodo algum se impõe a nós como um universo a priori comum (REZENDE, 2009). Hegel O belo tem uma evolução histórica assim como uma hierarquia nas obras de arte. Segundo Hegel, a hierarquia da obra de arte mostra que: a) A arquitetura é a arte mais elevada porque depende da matéria corpórea, ou seja, do fenômeno para se representar. b) A escultura é a arte mais elevada porque dá forma à individualidade. c) A pintura é a arte mais elevada porque não precisa de espaço para transmitir sua ideia. d) A música é a arte mais elevada porque toca o sentimento das pessoas mesmo na ausência do espaço. e) A poesia é a arte mais elevada porque atinge o sentimento não só pelo som, mas também pelo significado. Interatividade O belo tem uma evolução histórica assim como uma hierarquia nas obras de arte. Segundo Hegel, a hierarquia da obra de arte mostra que: a) A arquitetura é a arte mais elevada porque depende da matéria corpórea, ou seja, do fenômeno para se representar. b) A escultura é a arte mais elevada porque dá forma à individualidade. c) A pintura é a arte mais elevada porque não precisa de espaço para transmitir sua ideia. d) A música é a arte mais elevada porque toca o sentimento das pessoas mesmo na ausência do espaço. e) A poesia é a arte mais elevada porque atinge o sentimento não só pelo som, mas também pelo significado. Resposta ATÉ A PRÓXIMA! Profa. Bettina Brasil UNIDADE III Estética Trabalhamos nessa disciplina a transformação da Estética ao longo do tempo e em diferentes momentos da história da filosofia, desde a Grécia, com Platão e Aristóteles, até agora, o período pós-moderno. Já passamos pelo entendimento da Estética na Grécia, com Platão e Aristóteles, e acompanhamos o pensamento de Kant e Hegel, na modernidade sobre a Estética. Apresentação Considerando a trajetória da arte, percebemos que: Para os antigos, a obra é entendida como um microcosmo – o que permite pensar que existe fora dela, no macrocosmo, um critério objetivo e substancial do Belo. Para os modernos, a obra só ganha sentido em referência à subjetividade, tornando-se uma obra de arte. A obra não é em si, mas ela será conhecida a partir do contato com a subjetividade. Apresentação Para os Contemporâneos, a obra é expressão pura e simples da individualidade: estilo absolutamente singular que não quer ser mais em nada um espelho do mundo, mas sim a criação de um mundo, o mundo interior do qual se move o artista e no qual temos, sem dúvida, permissão de ingressar, mas que de modo algum se impõe a nós como um universo a priori comum. (REZENDE, 2009) Apresentação O século XIX foi um momento importante para a arte. Assistimos a uma quebra de paradigmas na arte. A partir desse momento não importaram mais a técnica e a precisão na arte. O que estava sendo valorizado era a inovação e isso aconteceu influenciado pela Revolução Industrial e a globalização. Diversas escolas diferentes surgiram nesse período conhecido como arte moderna: impressionismo, realismo, simbolismo, art neuveau, expressionismo, surrealismo, dadaísmo, entre outros. A Arte e a Sociedade Contemporânea Essas escolas tinham algo em comum: nenhuma delas teve a pretensão de representar o mundo de forma fiel, mas revolucionaram a linguagem artística, culminando, por exemplo, na obra de Marcel Duchamp (1917), conhecida como A Fonte. Essa obra simplesmente provocou a desconstrução radical do conceito de arte. A Arte e a Sociedade Contemporânea Micha L Riesar. Fontaine Replica of Marcel Duchamp. Musee Maillol, Paris, France. Fonte: https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Fontaine-Duchamp.jpg No campo da filosofia propriamente dita e não o da produção artística, encontramos Nietzsche, que deixou de acreditar na possibilidade de uma verdade absoluta. Em resumo, para Nietzsche, ao não existir a verdade, não existir o fato, existe apenas interpretações. Isso resulta, para ele, que o belo em si não existe. Esse pensamento foi importante para muitos pensadores do século XX. Na pós-modernidade, o belo não é mais um conceito universal, e o gosto passa a ser totalmente relativo, assim como o que pode ou não ser chamado de arte. A Arte e a Sociedade Contemporânea Adorno e a Indústria Cultural Theodor Adorno (1903-1969) foi um dos filósofos mais importantes da Escola de Frankfurt. Ele estudou a massificação e o empobrecimento da vida humana ocasionados pelos fenômenos de comunicação em massa. Theodor Adorno Fonte: http://pensaraeducacao.com.br/pen saraeducacaoempauta/dialetica- do-esclarecimento-70-anos/ As crises econômicas europeias, a ascensão do capitalismo e Karl Marx são influências importantes na obra de Adorno. Adorno tem como tema central da sua obra a Indústria Cultural. Suas análises sobre a sociedade moderna são profundas e essas análises são criadas pelo capitalismo. Para ele, a arte é um instrumento profícuo para a consolidação da dominação burguesa. Adorno e a Indústria Cultural Horkheimer (1895-1973) trabalhou junto com Adorno os conceitos da comunicação em massa e a Indústria Cultural. Para eles, o desenvolvimento da comunicação em massa teve impacto fundamental na natureza da cultura e da ideologia nas sociedades modernas. O estudo da doutrina política não pode ser limitador da análise ideológica, mas deve abranger diferentes formas simbólicas que circulam o mundo social: A estruturação das relações na sociedade; A forma como se produz; A forma como se intensifica a massificação do indivíduo. Adorno e a Indústria Cultural Para Adorno e Horkheimer, a cultura é o instrumento que desenvolve e assegura formas de controle das concepções sociais e das ideologias estruturadas na sociedade capitalista. O século XX assiste a muitas mudanças culturais. Entre elas, o processo de disseminação da arte e massificação dado pela cultura. Esse processo é uma referência importante nos problemas culturais vividos no século XX. Adorno estabelecerá essa massificação como a Indústria Cultural. Adorno e a Indústria Cultural A Indústria Cultural é definida por Adorno como um conjunto de meios de comunicação, como o cinema, o rádio, a televisão, os jornais e as revistas mais acessíveis às massas. Esse conjunto de meios de comunicação forma um sistema poderoso que envolve poder econômico e exerce um tipo de manipulação e controle social. A mercantilização da cultura é legitimada pela demanda desses produtos. O conceito da Indústria Cultural substitui a expressão “cultura de massa”. Cultura de massa pode erroneamente sugerir que é uma cultura nascida espontaneamente das camadas populares. Adorno e a Indústria Cultural A grande crítica dos pensadores da Escola de Frankfurt à Indústria Cultural é que, na sociedade moderna, a cultura se transformou em uma grande força capaz de transmutar a arte em qualquer mercadoria. Adorno e Horkheimer afirmavam que a máquina capitalista de reprodução e distribuição da cultura estaria apagando aos poucos tanto a arte erudita quanto a arte popular. Para eles, isso estaria acontecendo porque o valor artístico dessas obras é neutralizado pelo distanciamento intelectual dos seus espectadores. Adorno e a Indústria Cultural Em relação aos meios de comunicação, o cinema e o rádio são considerados meios importantes de comunicação. A tecnologia da montagem e do efeito e o realismo exagerado fazem com que o cinema consiga provocar a reflexão do seu espectador, integrando o indivíduo à multidão. O comando aberto e de longo alcance do rádio é um instrumento que coloca o discurso como verdadeiro e absoluto às massas. Adorno e a Indústria Cultural Na Indústria Cultural, os meios de comunicação não apresentam preocupação exata com seu conteúdo, mas com o registro estatístico dos consumidores. A Indústria Cultural, segundo Adorno,usa a dominação técnica nos bens culturais na modernidade. A indústria adapta produtos a um consumo de massa aliado aos interesses do capital para construir um grande sistema. Esse grande sistema, como veremos a seguir, está relacionado ao poder econômico. Adorno e a Indústria Cultural Para Adorno, a Indústria Cultural é um sistema poderoso que envolve poder econômico e exerce controle social. Sobre a Indústria Cultural é correto afirmar: a) A Indústria Cultural organiza a produção das obras de arte conforme a demanda da sociedade. b) A Indústria Cultural, como resultado da racionalização e da Revolução Industrial, cria a demanda e consumo da obra de arte. c) A Indústria Cultural preserva a individualidade tanto da obra de arte como a do artista. d) A Indústria Cultural leva em consideração o gosto subjetivo da população. e) A Indústria Cultural retoma as técnicas de produção artística dos gregos antigos. Interatividade Resposta Para Adorno, a Indústria Cultural é um sistema poderoso que envolve poder econômico e exerce controle social. Sobre a Indústria Cultural é correto afirmar: a) A Indústria Cultural organiza a produção das obras de arte conforme a demanda da sociedade. b) A Indústria Cultural, como resultado da racionalização e da Revolução Industrial, cria a demanda e consumo da obra de arte. c) A Indústria Cultural preserva a individualidade tanto da obra de arte como a do artista. d) A Indústria Cultural leva em consideração o gosto subjetivo da população. e) A Indústria Cultural retoma as técnicas de produção artística dos gregos antigos. Como vimos, a Indústria Cultural, segundo Adorno, usa a dominação técnica nos bens culturais e adapta produtos a um consumo de massa aliado ao interesse do capital. O objetivo é construir um sistema de poder econômico de domínio sobre a sociedade. Ao moldar a preferência do consumidor, a indústria cria condições para o comércio e provoca uma demanda a seus produtos. A relação do homem com a arte é modificada nesse processo. A Indústria Cultural Para Adorno, ao invés de o homem buscar prazer estético e a experiência do objeto, o homem busca o prestígio. O filme e a televisão são pontos importantes na análise de Adorno. Essas duas formas de comunicação criam uma ilusão de mundo que não é percebida espontaneamente pela nossa consciência. A realidade cinematográfica criada apresenta forte interesse econômico e político. Além do cinema e do rádio, outras formas de comunicação também foram usadas para criar esse domínio. A Indústria Cultural A arte musical, para Adorno, também teve seu caráter banalizado. O propósito dessa arte é extirpar a sensibilidade dos ouvintes. Ao extirpar a sensibilidade, torna-os fiéis seguidores do prazer pelo prazer, desconsiderando, assim, o sentido total da obra. Para Adorno, a cultura de massa, ou a Indústria Cultural, torna o homem subordinado à técnica e esta destrói a subjetividade do indivíduo, dando lugar à razão instrumental. A Indústria Cultural A Indústria Cultural não mede esforços, segundo Adorno, para tornar o indivíduo em estado de completo empobrecimento da reflexão crítica e da sensibilidade artística. A padronização é o valor decisivo dessa proposta cultural. A massificação provoca o extermínio da autonomia dos sujeitos. Nessa sociedade, qualquer produto, seja cultural ou artístico, é transformado em mercadoria. O processo de industrialização da cultura transforma as obras de arte em mercadoria, ocasionando: A Indústria Cultural A Indústria Cultural Fonte: livro-texto Ao entender a função do entretenimento que a Indústria Cultural tem hoje, percebemos que ela ocupa a função da arte popular desde o início da civilização ocidental moderna. Ao comparar as obras de arte com as mercadorias culturais, Adorno elabora tópicos como estilo, do trágico e catártico à sublimação. Em relação ao estilo de uma obra de arte (mercadoria), este não está ligado ao objeto em si e, por isso, pode ser trocado sem que a mercadoria se modifique. A Indústria Cultural Sobre o elemento trágico, é um elemento relacionado à diversão e pode fornecer à Indústria Cultural uma profundidade que aparentemente não tem. A sublimação permite extrapolar o objeto (mercadoria) e dar uma conotação que ele de fato não tem. Aparentemente, a Indústria Cultural promoveu a democratização da arte, mas de fato ela produziu um sistema de controle e dominação econômica. Esse sistema, entretanto, precisa de uma concordância das pessoas para a legitimação de sua existência. A Indústria Cultural A sociedade industrial está na base e possibilita a Indústria Cultural. Essa sociedade cultural se caracteriza por três elementos: 1) Aplicação de conhecimentos científicos e tecnológicos às técnicas da produção; 2) Grande investimento em instalações e maquinários; 3) Produção em série, em larga escala. A cultura como mercadoria O cotidiano das pessoas é moldado assim como a esfera da cultura é influenciada pela Indústria Cultural. Acompanhamos a transformação do artesanal para a técnica industrial, reinventando modos de subjetivação da vida. A indústria, segundo Adorno, interferiu diretamente na esfera cultural, quando o povo deixa de participar dos produtos culturais, apenas consumindo em larga escala. A cultura como mercadoria Adorno olha a sociedade que o cerca e à luz da Revolução Industrial e as consequências dela para a arte e a Indústria Cultural. Segundo ele, a técnica reúne o trabalho e o lazer na sociedade. O consumidor deixa de ser “o rei” ou o “sujeito” e passa a ser o objeto. Os produtos culturais, como os filmes, os programas radiofônicos, as revistas, apresentam a mesma racionalidade técnica da indústria. Esses produtos são organizados, planejados e fabricados sob a mesma ótica. Todos fabricados em série. A mercadoria Cultura E é dessa forma que a Indústria Cultural instaura uma dominação técnica sobre a sociedade. E é dessa forma que transforma os indivíduos em objetos, que impede a conscientização das pessoas. Para Adorno, o consumidor acaba sendo levado pelos interesses econômicos capitalistas. Esses mesmos interesses econômicos da Indústria Cultural implantam um comércio fraudulento que ludibria o consumidor com promessas vãs. A mercadoria Cultura A sociedade contemporânea confere um ar de semelhança a tudo e a Indústria Cultural fornece esses bens padronizados para satisfazer a essas demandas. O resultado dessa combinação é uma produção cultural uniformizada. É a Indústria Cultural que transforma a cultura em mercadoria. Essa transformação provoca a perda dos traços de uma experiência autêntica, provocando uma degradação do papel filosófico-existencial da cultura e tornando os indivíduos completos objetos dessa indústria. A mercadoria Cultura Nas palavras de Adorno: “Sob o poder do monopólio, toda cultura de massas é idêntica, e seu esqueleto, a ossatura conceitual fabricada por aquele, começa a se delinear. Os dirigentes não estão mais sequer muito interessados em encobri-lo, seu poder se fortalece quanto mais brutalmente ele se confessa de público. O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade de que não passam de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo que propositadamente produzem. Eles se definem a si mesmos como indústrias, e as cifras publicadas dos rendimentos de seus diretores gerais suprimem toda dúvida quanto à necessidade social de seus produtos.” A mercadoria Cultura A Indústria Cultural é o resultado do modo de produção capitalista, que ameaça a formação da subjetividade humana. Para Adorno, o sujeito sofre uma anulação gradual. A substituição dessa subjetividade pela “quimera maliciosa” da objetividade ofusca a subjetividade que não existe mais. Resta um sujeito que é para si, mas não mais em si. A crítica de Adorno é contundente: a vida privada chega ao fim para colocar o sujeito na homogeneidade de pensamento, dominada pelo gosto imposto a uma multidão de consumidores. A mercadoria Cultura Adorno critica de forma veemente a sociedade cultural, seja na sua forma de lidar com a arte, seja no seu comportamento interpessoal. Coloca a Indústria Cultural no cerne do problema e motivadora de todo esse comportamento sem sentido dessa sociedade. Mesmo com toda essa crítica, Adorno vê na arte o único modo de se opor a essa situação. O papel fundamental da arte Adorno afirma que a produção artística pode cumprir esse papel de boa ideologia, de oposição à ideologia dominante. Para isso cabe aos sujeitos assumirem o papel de protagonistas de seu tempo e não de plateia dele. O papel fundamental da arte Adorno e Horkheimer apresentam a teoria da indústria cultural. Nessa teoria encontra-se grande influência de Marx. Leia as alternativas e assinale a correta em relação a essa influência na teoria de Adorno e Horkheimer: a) O aumento do acesso à obra de arte. b) A mercantilização da obra de arte. c) A autonomia da obra de arte. d) A materialização da obra de arte. e) A desmaterialização da obra de arte. Interatividade Adorno e Horkheimer apresentam a teoria da indústria cultural. Nessa teoria encontra-se grande influência de Marx. Leia as alternativas e assinale a correta em relação a essa influência na teoria de Adorno e Horkheimer: a) O aumento do acesso à obra de arte. b) A mercantilização da obra de arte. c) A autonomia da obra de arte. d) A materialização da obra de arte. e) A desmaterialização da obra de arte. Resposta Benjamin Walter Benjamin (1892-1940) foi um filósofo associado à Escola de Frankfurt. Por sua vez foi influenciado pelas teorias marxistas e freudianas. Walter Benjamin. 1928. Akademie der Künste, Berlin – Walter Benjamin Archiv O ensaio de Benjamin sobre a obra de arte e a reprodutibilidade técnica é uma afirmação da cultura de massa e das novas tecnologias pelas quais a arte se dissemina. Ele faz uma aproximação da experiência cultural tecnologicamente mediada com a política e a sociedade. Com essa crítica, Benjamin certamente pretende dar à arte uma tarefa difícil, a de desfazer a alienação do aparato sensorial do corpo, restaurar o poder institucional dos sentidos corporais humanos em nome da autopreservação da humanidade, e isso não por meio do rechaço às novas tecnologias, mas pela passagem por elas. Benjamin Benjamin politiza a arte de forma radical, entrando em ruptura com a tradição do modernismo. Para ele, a estética é aquilo que é perceptivo ao tato e à experiência sensorial da percepção. O campo original da estética não é a arte, mas sim a realidade, a natureza corpórea, material. A Estética nasce de uma forma de cognição, alcançada pelo gosto, pela audição, pela visão e pelo olfato. Para ele, essas sensações são uma faculdade pré-linguística, anterior não apenas à lógica como também aos significados. Benjamin Para o autor, o interesse da filosofia na modernidade é o fato de os sentidos poderem ser aculturados. Na modernidade, o termo estética sofre uma inversão: Benjamin Fonte: livro-texto Benjamin se baseia numa ideia freudiana para entender o que é a experiência: A consciência é um escudo que protege o organismo contra estímulos do exterior, retendo a sua impressão em forma de memória. O ego protege a consciência, bloqueando a abertura do sistema sinestético (sensorial) e isolando a consciência presente da memória do passado. Isso provoca o empobrecimento da experiência. Na modernidade, isso resulta numa resposta sem pensar e esse comportamento é uma necessidade de sobrevivência. Benjamin Para Benjamin, a indústria e a aproximação do homem com as máquinas e as técnicas promovem movimentos repetitivos sem desenvolvimento, brutalizando o sistema dos sentidos. A reação mimética ao ambiente é sem sentido. E essa mimese é um reflexo defensivo. O sistema fabril paralisa a imaginação do trabalhador. A exacerbação da falta de sentido entorpece o organismo, insensibiliza os sentidos e reprime a memória. Benjamin O sistema cognitivo se tornou um sistema anestético. A percepção se tornaria então experiência apenas quando se conectasse com a memória sensorial do passado, mas, para isso, precisaria superar a barreira da alienação. Para Benjamin, com essa crise da percepção, a discussão não deve girar em torno da capacidade de se “educar um ouvido, por exemplo, mas necessita restituir a audição das pessoas”. Benjamin Benjamin propõe o termo “fantasmagoria” para a aparência da realidade, que engana os sentidos por meio da manipulação técnica. A superexposição aos estímulos sensoriais pensada pela fantasmagoria faz com que os indivíduos se tornem adictos sensoriais a uma realidade compensatória. Esse processo se torna um meio de controle social. A arte se torna entretenimento como parte do mundo das mercadorias. Benjamin O sentido da visão era privilegiado nesse aparato sensorial da modernidade. Mas não só a visão foi valorizada nessa época. A capacidade olfativa foi invadida pelos perfumes, que distanciavam as pessoas do cheiro da cidade. A capacidade auditiva foi também valorizada a partir de obras musicais intensas. E é significante para os efeitos anestésicos “dessas experiências que a singularização de qualquer um dos sentidos para estimulação intensa tenha o efeito de entorpecer os demais”. A alienação dos sentidos permitiu que a humanidade assistisse a sua própria destruição de forma prazerosa. Benjamin Para Benjamin, a obra de arte sempre foi reprodutível e imitável. Sempre existiu na história da arte a reprodutibilidade. Mas a reprodução técnica da obra de arte era um processo novo. As artes gráficas, usando a técnica da litografia, conseguiram colocar pela primeira vez no mercado suas produções não apenas em grande quantidade, mas também em diversas formas. Para ele, as artes gráficas conseguiram ilustrar a vida cotidiana de forma rápida. Com a valorização da reprodução da vida cotidiana surge a fotografia com o poder de comunicação bastante importante. Benjamin: a reprodutibilidade técnica O processo de reprodução das imagens experimentou a aceleração de sua reprodução. Com a reprodução técnica do som, aliada à reprodução de imagens, surge o cinema. O cinema se submeteu a transformações que o fizeram conquistar um lugar próprio entre os procedimentos artísticos. Benjamin: a reprodutibilidade técnica Para Benjamin existem algumas características que identificam a autenticidade de uma obra: Para ele, mesmo na reprodução mais perfeita da obra de arte algo está ausente, sua existência única, no lugar onde se encontra. A história da obra é parte importante dela, que descreve as transformações pelas quais passou e a passagem do tempo. Para o autor, a esfera da autenticidade escapa da reprodutibilidade técnica. Mesmo mantendo o conteúdo intacto, a reprodutibilidade desvaloriza a autenticidade. Benjamin: a autenticidade Benjamin cria o conceito da “aura” da obra de arte. E é ela que se atrofia com a reprodutibilidade técnica. Com a reprodução, a indústria substitui a existência única da obra por uma existência serial. A cada encontro do espectador com a obra se dá uma atualização dela. Benjamin afirma que o cinema e sua fácil e rápida reprodutibilidade provoca a liquidação do valor tradicional do patrimônio da cultura. Benjamin: a autenticidade Segundo Benjamin, o campo original da estética não é a arte, mas sim a realidade, a natureza corpórea e material. Sobre Estética em Benjamin é correto afirmar: a) A Estética nasce de uma forma de cognição,alcançada pelos sentidos. b) A Estética é subjetiva e, por isso, não sofre influência da cultura. c) A Estética se aplica mais às obras reais do que ao imaginário. d) A Estética e a arte não são capazes de manter o domínio de uma sociedade. e) A Estética e a arte são independentes de máquinas, técnicas e racionalismo típico da época. Interatividade Segundo Benjamin, o campo original da estética não é a arte, mas sim a realidade, a natureza corpórea e material. Sobre Estética em Benjamin é correto afirmar: a) A Estética nasce de uma forma de cognição, alcançada pelos sentidos. b) A Estética é subjetiva e, por isso, não sofre influência da cultura. c) A Estética se aplica mais às obras reais do que ao imaginário. d) A Estética e a arte não são capazes de manter o domínio de uma sociedade. e) A Estética e a arte são independentes de máquinas, técnicas e racionalismo típico da época. Resposta Benjamin lembra que o modo pelo qual se organiza a percepção humana não é apenas condicionado naturalmente, mas também historicamente. A aura é uma figura singular, composta por elementos espaciais e temporais. Ao mesmo tempo que as massas modernas querem estar mais próximas da arte, elas superam o caráter único da obra e aceitam a reprodutibilidade. Para Benjamin, cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto. Cada dia fica mais nítida a diferença entre a reprodução e a imagem. Benjamin: a destruição da aura A questão da autenticidade perde o sentido no contexto em que a obra de arte reproduzida é a reprodução de uma obra de arte criada para isso. Para Benjamin, no momento em que o critério da autenticidade deixa de se aplicar à produção artística, toda a função social da arte se transforma. Em vez de se fundar no ritual, ela passa a se fundar em outra práxis: a política. Benjamin: a destruição da aura Duas características das obras de arte podem ser acompanhadas ao longo da história: O valor do culto da obra e o valor de exposição. A produção artística tem seu início na imagem a serviço da magia e, por isso, a exposição pública da imagem era controlada. Ao se emancipar dos rituais, aumenta o tempo de exposição. A possibilidade de expor um busto, mesmo tendo que deslocar de um lugar para o outro, é muito maior que a de uma estátua divina. Benjamin: o valor do culto e o valor da exposição Para os gregos, a escultura era a mais alta obra de arte; para a modernidade, o cinema é a mais alta obra de arte do seu tempo. Isso se dá porque os gregos, ao conhecerem apenas a técnica do molde e da cunhagem, produziram obras únicas e eternas. Na modernidade, a obra de arte pode ser refeita até sua perfeição, enquanto que na Grécia era feita de uma vez em pedra única e pedra de mármore. Benjamin: o valor da eternidade Retomando o conceito de estética e o desenvolvimento histórico dela, percebemos que, para os antigos, o belo não era definido pura e simplesmente pelo prazer subjetivo que proporciona. Foi visto que a categoria do belo não era determinada como algo que proporcionava prazer subjetivo, mas algo que existia fora do indivíduo, como categoria universal. Na estética moderna aconteceu a ruptura com o antigo e a tentativa de conciliação entre subjetivação do belo com exigências de critérios, relacionando à objetividade ou ao mundo. A arte e a cultura na pós-modernidade Na estética moderna, o belo está na esfera do subjetivismo, pois está fundamentado nas faculdades humanas (razão, sentimento e ação). Nesse período ainda permanece a ideia de que a obra de arte é inseparável da objetividade, sugerindo que a universalidade do belo se atinge na relação do mundo objetivo com a razão. No momento contemporâneo, o belo se torna apenas uma questão de gosto individual. Na contemporaneidade não existe mais um mundo evidente, e sim um mundo plural. A arte e a cultura na pós-modernidade Ainda no momento contemporâneo, existe um mundo plural, de múltiplas particularidades de cada indivíduo, não existindo mais uma arte, e sim uma diversidade tão grande quanto o número de artistas existentes. No momento contemporâneo, o belo se torna apenas uma questão de gosto individual. Havia uma diferença entre o artista e o não artista. O belo não tem mais a ver com a capacidade de criar uma representação mimética da essência do mundo e também não é mais o dom inato de um artista. A arte e a cultura na pós-modernidade Porém não se pode dizer que a arte é inferior em qualidade comparada a outros momentos da história. Para Nietzsche, o momento contemporâneo pede para o artista se afastar do mundo e exprimir sua vida interior. Desta forma, o belo está marcado pela irracionalidade e o mundo, para Nietzsche, é obsoleto. Para Nietzsche: “[...] Não existe estados de fato em si, mas apenas interpretações, não um mundo, e sim uma infinidade de mundos que são apenas perspectivas do indivíduo vivente: a questão ‘o que é’ é uma maneira de pôr sentido [...]. No fundo, trata-se sempre da questão ‘o que é para mim’” (NIETZSCHE, 2009). A arte e a cultura na pós-modernidade Nietzsche pretende recuperar a visão de mundo dos gregos e criar na Alemanha uma cultura genuína, tendo os gregos antigos como modelo. Ele propõe uma nova compreensão da visão do mundo dos gregos. Ele pretendia usar o entendimento grego como ponto de partida para a formação de uma cultura alemã. Para ele, o homem busca a arte para fugir da angústia diante do tédio, para se ver livre de si e de sua miséria, diferente dos gregos, que se refugiavam da agitada vida pública para encontrar no teatro, por exemplo, a calma e o recolhimento. A estética em Nietzsche Para Nietzsche, a modernidade (na Europa em geral e na Alemanha em particular) é uma civilização em processo de decadência, pelos valores com base nos quais entende e sustenta essa cultura e essa forma de viver moderna. Ele traz duas figuras históricas para demonstrar sua teoria. As imagens de Apolo (representação) e Dionísio (vontade). Ele usa essas imagens para fazer uma releitura da tragédia grega e esse é um ponto importante para sua teoria sobre estética. Para ele, a origem da tragédia é a própria constituição da natureza humana, cheia de vícios e virtudes. Ele coloca novamente a arte no centro do debate sobre o homem, a religião, a ciência e a filosofia. Na cultura ocidental moderna só a ciência e as suas verdades ocupavam esse lugar. A filosofia e a arte são supérfluas. A estética em Nietzsche Para Nietzsche, “nossa visão do mundo aponta para uma direção em que todo e qualquer conhecimento parece supérfluo, pois utilizar o conhecimento é mais admirável do que pensa”. Ele tenta mostrar qual o papel que cabe à arte no processo de formação cultural da humanidade. E, por fim, ele associa arte, filosofia e vida de forma que esses três elementos se tornam inseparáveis e indispensáveis para a vida. A estética em Nietzsche Marcuse (1898-1979) acompanha a discussão sobre a formação social com relação à dimensão estética do ser humano. Marcuse também fazia parte do grupo de filósofos da Escola de Frankfurt e pretendia conciliar os pensamentos de Hegel, Heidegger e Marx. Como iluminista, acredita que a razão é o caminho da emancipação humana de toda repressão desnecessária. Nos seus escritos também pode ser verificada a influência em Freud (Freudomarxismo). Apesar da influência da Escola de Frankfurt, Marcuse faz uma proposta afirmativa e não um diagnóstico negativo da sociedade moderna. A dimensão estética em Marcuse Marcuse acrescenta na discussão de Adorno e Benjamin, afirmando que o proletariado perde o caráter revolucionário (Marx), pois é comprado por um aparente bem-estar oferecido pelo consumismo. Freud está presente na discussão de Marcuse. Para ele (Freud), a sociedade está fadada à infelicidade
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