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PROFIAP - Exame Nacional de Qualificação (ENQ) 2020 - Questão sobre Orçamento Participativo

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MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM REDE NACIONAL - PROFIAP 
EXAME NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO 2020 (ENQ 2020) 
 
 
FINANÇAS PÚBLICAS E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 
Enunciado da questão 
Raquel é uma gestora pública que está iniciando sua trajetória na Secretaria de Planejamento 
de seu município. Um dos grandes desafios que terá pela frente envolve a ideia de 
implementação de mais transparência e participação no processo de orçamentação da 
prefeitura. Uma das maiores reclamações da população local se relaciona a dificuldade de 
ter suas demandas atendidas e, para isso, Raquel tem em mente a implementação de uma 
ferramenta denominada “Orçamento Participativo” (OP). Raquel avalia que quanto mais 
participação popular, melhor será sua gestão à frente da secretaria. Além do OP, ela planeja 
implementar, adicionalmente, outras formas de participação. Considerando o cenário 
desenhado acima, discorra sobre o tema “Orçamento Participativo e Participação Popular no 
Planejamento Público” abordando: (a) o histórico da experiência do OP; (b) a relação entre o 
OP e o conceito de democracia direta; (c) as desvantagens ocasionadas pelo excesso de 
participação. 
 
Espelho da 2ª edição do ENQ 2020 
 
Fonte: http://www.profiap.org.br/profiap/profiap-enq-2-2020-espenho-da-prova-site.pdf. 
http://www.profiap.org.br/profiap/profiap-enq-2-2020-espenho-da-prova-site.pdf
Resposta - Discente Luciana Vasconcelos da Costa 
O Orçamento Participativo (OP) é um mecanismo de democratização da relação do 
Estado e da sociedade que possibilita a ação da sociedade na gestão pública, sendo uma 
forma de administrar os recursos públicos através da participação direta da sociedade, ou 
seja, objetiva a participação dos cidadãos no processo de elaboração do orçamento público 
e na alocação de recursos públicos de maneira eficiente e eficaz de acordo com as demandas 
da população, a partir da análise e debate sobre as necessidades e possíveis as soluções, 
sendo um importante instrumento da prática da cidadania (PASE, 2003; GIACOMONI, 2012; 
MENDES, 2016). 
Esse instrumento de elaboração participativa do orçamento tem seu histórico na 
democratização da sociedade, que, segundo Goulart (2006), se tornou evidente a partir da 
década de 1970, enquanto Pase (2003) aponta que, na década de 1960, os países 
desenvolvidos começaram a repensar as políticas implementadas após da Segunda Guerra 
Mundial, possibilitando então a participação da sociedade na formulação e gestão de políticas 
públicas. 
Essa democratização no Brasil teve mais destaque na década de 1970 e, de acordo 
com Pase (2003), a partir da importância dada ao poder local pela Constituição Federal de 
1988, a participação da sociedade se tornou mais frequente nos espaços de contribuição 
para a formulação de políticas públicas. Municípios e estados possibilitaram que a 
participação da sociedade crescesse a partir da implantação de formatos contemporâneos 
de gestão pública, sendo um deles o OP, que incentiva o exercício da cidadania, bem como 
a geração de corresponsabilidade entre Estado e sociedade quanto à gestão dos recursos 
públicos (PASE, 2003; PALUDO, 2015). 
As administrações municipais participativas no Brasil se concretizaram no final da 
década de 1970, tendo a cidade de Lages (SC) como pioneira, e foram ampliadas durante a 
década de 1980 nas cidades de Boa Esperança (ES), Diadema (SP), Vila Velha (ES) e Recife 
(PE). A partir disso, com o nome de “Orçamento Participativo”, as administrações municipais 
participativas foram difundidas e aperfeiçoadas. 
Cabe salientar que os estudos de Pase (2003), Goulart (2006) e Giacomoni (2012) 
citam as experiências com OP nas cidades de Piracicaba (SP), Pelotas (RS), Belo Horizonte 
(MG), São Paulo (SP), Santos (SP), Jaboticabal (SP) e Santo André (SP), mas o destaque 
se dá à experiência de Porto Alegre (RS), modelo que garantiu reconhecimento ao OP no 
Brasil. 
A partir do conceito de OP e de seu histórico, é importante traçar uma relação entre 
OP e o conceito de democracia direta, que para Bobbio (1986 apud GOULART, 2006) é 
entendida como a participação literal de todos da sociedade nas decisões que lhe são 
relevantes. É importante destacar também os conceitos de democracia representativa, que, 
de acordo com Morais (2020), é aquela em uma eleição acontece normalmente como forma 
de eleger representantes que têm como compromisso administrar os interesses da 
sociedade, e democracia participativa, que segundo Morais (2020), é um “modelo de 
organização política na qual o povo além de ser o titular legítimo do poder supremo, pode e 
deve exercê-lo diretamente”. 
Por isso, o OP é a expressão da democracia direta na nossa sociedade, pois permite 
a interferência direta dos cidadãos na alocação dos recursos públicos, no controle dos 
investimentos públicos e também contribui para o fortalecimento da democracia. 
De acordo com Giacomoni (2012) a mobilização das comunidades, a identificação das 
necessidades e a escolha das prioridades são feitas pelos representantes, ou seja, por líderes 
comunitários e de outras entidades envolvidas, além dos conselheiros, que não deixam de 
ter liberdade de atuação, o que torna a representação da sociedade uma questão delicada. 
Balestero (2010, p. 88) sugere que a participação e a representação popular sejam 
reequilibradas, a partir da identificação da atuação dos “atores coletivos na esfera pública, de 
maneira a resgatar a democracia direta, com a abertura do Estado à participação popular”. 
Entretanto, apesar de possibilitar o envolvimento da sociedade e proporcionar maior 
entendimento dos problemas enfrentados pelos gestores públicos e das limitações 
orçamentárias (PALUDO, 2015), o OP possui também desvantagens. Conforme Mendes 
(2016), as várias reuniões realizadas em diversas regiões até que se chegue a uma 
conclusão torna o OP mais inflexível e moroso, uma vez que a diversidade de opiniões 
dificulta o processo de decisão. 
Levando em consideração a constante busca por eficiência e eficácia na prestação 
dos serviços públicos, entende-se que são fomentadas discussões e empenhados esforços 
para propiciar a participação da sociedade nas decisões, visando também, além da 
proximidade da relação entre Estado e sociedade nas decisões, a transparência na aplicação 
de recursos públicos. 
 
REFERÊNCIAS 
BALESTERO, G. S. O Orçamento Participativo e o papel do Estado. Revista da Seção 
Judiciária do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 17, n. 28, p. 81-96, 2010. Disponível em: 
https://www.jfrj.jus.br/sites/default/files/revista-sjrj/arquivo/160-635-3-pb.pdf. Acesso em: 20 
dez. 2020. 
 
GIACOMONI, J. Orçamento Público. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
 
GOULART, J. O. Orçamento participativo e gestão democrática no poder local. Lua Nova, 
São Paulo, n. 69, p. 49-78, 2006. Disponível em: 
https://www.scielo.br/pdf/ln/n69/a04n69.pdf. Acesso em: 20 dez. 2020. 
 
MENDES, Sérgio. Administração Financeira e Orçamentária: teoria e questões. 6ª ed. 
São Paulo: Método, 2016. 
 
MORAIS, J. P. R. de. Democracia participativa e representativa. In: Conteúdo Jurídico, 
Brasilia/DF, 2020. Disponível em: 
https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/54903/democracia-participativa-e-
representativa. Acesso em: 20 dez. 2020. 
 
PASE, H. L. Orçamento participativo em municípios predominantemente rurais. 
Desenvolvimento em Questão, Ijuí, v. 1, n. 1, p. 107-121, janeiro-junho, 2003. Disponível 
em: https://www.redalyc.org/pdf/752/75210106.pdf. Acesso em: 20 dez. 2020. 
 
PALUDO, A. Orçamento Público, AFO e LRF: teoria e questões. 5ª ed. São Paulo: 
Método, 2015.

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