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3. Como é a legislação atual e como ela pode ser alterada.-convertido

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Como é a legislação atual e como ela pode ser alterada? 
 
Coluna Por Elas, às quintas no Justificando 
Por Lívia Lages e Débora Costa 
 O artigo 228 da Constituição Federal estabelece a idade de 18 anos como marco 
para responsabilidade penal dos indivíduos. Segundo esse artigo, aqueles que 
ainda não atingiram a maioridade penal estão sujeitos à legislação especial. Ou 
seja,os adolescentes não estão imunes às consequências jurídicas quando 
praticam conduta prevista como crime. Caso isso aconteça, a sanção jurídica 
aplicada não será a pena de prisão, conforme a legislação penal, mas sim aquela 
estabelecida no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê a 
possibilidade do juiz decretar, a depender da gravidade da conduta e de suas 
circunstâncias, a internação em estabelecimento educacional. Assim, tanto adultos, 
quanto adolescentes, estão sujeitos à privação de liberdade: enquanto para os 
maiores de idade a privação da liberdade é uma sanção penal, para os adolescentes 
a privação é uma medida socioeducativa. 
 Embora haja responsabilização tanto para adultos quanto para jovens, a 
maioridade penal é um tema que já motivou diversas propostas legislativas para a 
sua alteração. Tratando-se de matéria constitucional, a sua alteração, a princípio, 
requer a propositura de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), e não de 
um projeto de lei ordinária, o que demanda um trâmite legislativo mais longo, com 
dois turnos de discussão. Mesmo assim, ainda há um intenso debate jurídico sobre 
a possibilidade de alteração dessa matéria, mesmo que por meio de uma PEC. De 
um lado, argumenta-se que a inimputabilidade penal, isto é, a impossibilidade de 
responsabilização penal de menores de 18 anos, é um dos direitos 
fundamentais das crianças e dos adolescentes e que, por isso, constitui matéria 
inalterável, por se tratar de cláusula pétrea da constituição. Por outro, argumenta-
se que não há que se falar em direito à inimputabilidade penal, sendo a matéria 
passível de alteração via emenda. Assim, mesmo que haja aprovação de uma PEC 
no congresso, é possível que, uma vez aprovada, ela ainda seja questionada quanto 
a sua constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, aumentando ainda 
mais a instabilidade sobre a questão. 
https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/idade_penal/pecs_maioridade.pdf
https://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/quorum-de-votacao
https://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/quorum-de-votacao
https://jus.com.br/artigos/37790/a-inimputabilidade-penal-como-clausula-petrea-implicita-ao-ordenamento-juridico-brasileiro
https://jus.com.br/artigos/37790/a-inimputabilidade-penal-como-clausula-petrea-implicita-ao-ordenamento-juridico-brasileiro
https://www.conjur.com.br/2015-jun-27/observatorio-constitucional-constitucionalidade-reducao-maioridade-penal
 Além da incerteza sobre se a matéria constitui ou não cláusula pétrea, há mais 
de uma proposta legislativa sobre o assunto em tramitação, o que por si só aponta 
para a ausência de consenso entre aqueles que a defendem. A PEC 32/2019, de 
autoria do senador Flávio Bolsonaro e outros, é a mais recente e drástica em relação 
ao modelo vigente. Esta propõe a responsabilidade penal geral aos maiores de 16 
anos e, para o caso de crimes hediondos, tráfico de drogas, terrorismo, organização 
criminosa e associação criminosa, a maioridade penal seria de 14 anos. 
Comparativamente, a PEC 115/ 2015, estabelece que, a partir dos 16 anos, os 
adolescentes devem cumprir pena, mas em estabelecimento separado dos maiores 
de 18 anos e dos menores inimputáveis. A PEC 04/2019, ainda, apenas altera a 
maioridade penal para 16 anos. 
 
 
https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=7933774&ts=1594004660648&disposition=inline
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/122817

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