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Como é a legislação atual e como ela pode ser alterada? Coluna Por Elas, às quintas no Justificando Por Lívia Lages e Débora Costa O artigo 228 da Constituição Federal estabelece a idade de 18 anos como marco para responsabilidade penal dos indivíduos. Segundo esse artigo, aqueles que ainda não atingiram a maioridade penal estão sujeitos à legislação especial. Ou seja,os adolescentes não estão imunes às consequências jurídicas quando praticam conduta prevista como crime. Caso isso aconteça, a sanção jurídica aplicada não será a pena de prisão, conforme a legislação penal, mas sim aquela estabelecida no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê a possibilidade do juiz decretar, a depender da gravidade da conduta e de suas circunstâncias, a internação em estabelecimento educacional. Assim, tanto adultos, quanto adolescentes, estão sujeitos à privação de liberdade: enquanto para os maiores de idade a privação da liberdade é uma sanção penal, para os adolescentes a privação é uma medida socioeducativa. Embora haja responsabilização tanto para adultos quanto para jovens, a maioridade penal é um tema que já motivou diversas propostas legislativas para a sua alteração. Tratando-se de matéria constitucional, a sua alteração, a princípio, requer a propositura de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), e não de um projeto de lei ordinária, o que demanda um trâmite legislativo mais longo, com dois turnos de discussão. Mesmo assim, ainda há um intenso debate jurídico sobre a possibilidade de alteração dessa matéria, mesmo que por meio de uma PEC. De um lado, argumenta-se que a inimputabilidade penal, isto é, a impossibilidade de responsabilização penal de menores de 18 anos, é um dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes e que, por isso, constitui matéria inalterável, por se tratar de cláusula pétrea da constituição. Por outro, argumenta- se que não há que se falar em direito à inimputabilidade penal, sendo a matéria passível de alteração via emenda. Assim, mesmo que haja aprovação de uma PEC no congresso, é possível que, uma vez aprovada, ela ainda seja questionada quanto a sua constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, aumentando ainda mais a instabilidade sobre a questão. https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/idade_penal/pecs_maioridade.pdf https://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/quorum-de-votacao https://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/quorum-de-votacao https://jus.com.br/artigos/37790/a-inimputabilidade-penal-como-clausula-petrea-implicita-ao-ordenamento-juridico-brasileiro https://jus.com.br/artigos/37790/a-inimputabilidade-penal-como-clausula-petrea-implicita-ao-ordenamento-juridico-brasileiro https://www.conjur.com.br/2015-jun-27/observatorio-constitucional-constitucionalidade-reducao-maioridade-penal Além da incerteza sobre se a matéria constitui ou não cláusula pétrea, há mais de uma proposta legislativa sobre o assunto em tramitação, o que por si só aponta para a ausência de consenso entre aqueles que a defendem. A PEC 32/2019, de autoria do senador Flávio Bolsonaro e outros, é a mais recente e drástica em relação ao modelo vigente. Esta propõe a responsabilidade penal geral aos maiores de 16 anos e, para o caso de crimes hediondos, tráfico de drogas, terrorismo, organização criminosa e associação criminosa, a maioridade penal seria de 14 anos. Comparativamente, a PEC 115/ 2015, estabelece que, a partir dos 16 anos, os adolescentes devem cumprir pena, mas em estabelecimento separado dos maiores de 18 anos e dos menores inimputáveis. A PEC 04/2019, ainda, apenas altera a maioridade penal para 16 anos. https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=7933774&ts=1594004660648&disposition=inline https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/122817
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