Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Indaial – 2020 Elaboração E análisE dE ProjEtos Prof.a Carla Eunice Gomes Corrêa 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.a Carla Eunice Gomes Corrêa Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: C824e Corrêa, Carla Eunice Gomes Elaboração e análise de projetos. / Carla Eunice Gomes Corrêa. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 191 p.; il. ISBN 978-65-5663-187-5 ISBN Digital 978-65-5663-188-2 1. Administração de projetos. - Brasil. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 658.404 aPrEsEntação Caro acadêmico, o tema elaborações de projetos empresariais é complexo e amplo. Podemos dizer que até alguns anos atrás fazia parte do dia a dia dos profissionais das engenharias. Mas com a necessidade de cada vez mais utilizar ferramentas que ajude no controle das empresas ele se tornou fundamental na tomada de decisão. Nosso objetivo, nesta disciplina, é lhe apresentar as noções introdutórias em relação a elaboração de projetos. Desse modo, com certeza não esgotamos todas as bibliografias acerca do tema, mas lhe daremos subsídios para utilizar a elaboração de projetos no seu dia a dia como economista em suas áreas de atuação. Muitos dos conceitos apresentados neste Livro Didático já foram estudados por você em outras disciplinas ao longo do curso, e, com certeza, serão importantes no momento da elaboração e análise de projetos. Para que você compreenda como funciona a elaboração de projetos empresariais, dividimos este livro em 3 unidades. Na Unidade 1, apresentaremos conceitos relacionados às estratégias e ao planejamento estratégico que darão suporte na elaboração de projetos e, também, como os projetos se inserem no dia a dia das organizações. Na Unidade 2 estudaremos sobre a fonte de recursos disponíveis para as empresas e as etapas que compõem os projetos empresariais. Na Unidade 3, devido ao crescente número entidades do terceiro setor, é importante que você tenha conhecimento, também, sobre a elaboração de projetos sociais e a captação de recursos voltada a este setor. Bons Estudos! Prof.a Carla Eunice Gomes Corrêa Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS ....................................................... 1 TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS ........................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 GESTÃO ESTRATEGICA EMPRESARIAL .................................................................................. 3 2.1 ORGANIZAÇÃO E SUA ESTRUTURA ..................................................................................... 8 2.2 GESTÃO ESTRATÉGICA E PROJETOS ................................................................................... 14 3 CENÁRIOS ECONÔMICOS, CONCORRÊNCIA E PROJETOS ............................................ 16 3.1 GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO DE PROJETOS ........................................................... 19 3.2 GESTÃO DE PROJETOS GLOBAIS .......................................................................................... 20 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 23 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 24 TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS ..................................................... 25 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 25 2 CONCEITO DE PROJETOS ........................................................................................................... 26 2.1 TIPOS DE PROJETOS .................................................................................................................. 30 2.2 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO .......................................................................................... 32 2.2.1 Fase de definição .................................................................................................................. 33 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 38 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 39 TÓPICO 3 — DIMENSIONAMENTO DO PROJETO .................................................................. 41 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 41 2 ESTUDO DE MERCADO ................................................................................................................ 41 2.1 ELEMENTOS BÁSICOS DO ESTUDO DE MERCADO ......................................................... 43 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS PROJEÇÕES ....................................................................................... 44 3 ESTUDO DE LOCALIZAÇÃO ....................................................................................................... 47 3.1 ABORDAGEM DOS ORÇAMENTOS COMPARADOS ......................................................... 50 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 54 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 57 AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................58 UNIDADE 2 — VIABILIDADE ECONOMICO-FINANCEIRA DE PROJETOS EMPRESARIAIS ...................................................................................................... 61 TÓPICO 1 — RECURSOS E INVESTIMENTO NO PROJETO .................................................. 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63 2 RECURSOS PARA OS PROJETOS EMPRESARIAIS ............................................................... 63 2.1 FONTES DE RECURSOS FINANCEIROS ............................................................................... 64 2.2 CLASSIFICAÇÃO DA FONTE DE RECURSOS ...................................................................... 67 3 MODALIDADES DE AMORTIZAÇÃO DE FINANCIAMENTOS ....................................... 69 3.1 PROJECT FINANCE E ESTRUTURAÇÃO DE GRANDES PROJETOS ............................... 72 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 77 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 78 TÓPICO 2 — ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRO DE PROJETOS EMPRESARIAIS .....81 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 81 2 INVESTIMENTOS DO PROJETO ................................................................................................ 81 3 PROJEÇÕES DE RESULTADO DO PROJETO ........................................................................... 84 3.1 ANÁLISE DA RECEITA ............................................................................................................. 85 3.2 ANÁLISE DOS CUSTOS NO PROJETO ................................................................................... 87 3.3 SISTEMAS DE CUSTEIO EM PROJETOS ................................................................................. 90 3.3.1 Depreciação .......................................................................................................................... 92 3.4 HORIZONTE DO PROJETO ...................................................................................................... 93 3.5 QUADRO DE PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ............................................................... 94 4 CRONOGRAMA FISÍCO-FINANCEIRO ................................................................................... 96 5 ANALÍSE DE RISCO DO PROJETO ............................................................................................. 97 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 99 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 100 TÓPICO 3 — PLANO DE NEGÓCIOS .......................................................................................... 101 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 101 2 CONSTRUÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIOS ................................................................... 101 2.1 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA .............................................................................................. 102 2.2 ANÁLISE DE MERCADO ......................................................................................................... 107 2.3 ANÁLISE DE PRODUÇÃO, TECNOLOGIA E SISTEMA DE PRODUÇÃO. ................... 110 2.4 LOGISTICA E LOCALIZAÇÃO DA UNIDADE FABRIL .................................................... 113 2.5 PLANEJAMENTO ECONÔMICO FINANCEIRO ................................................................ 115 2.6 CRONOGRAMA DO PROJETO ............................................................................................... 116 2.7 GERENCIAMENTO DO PROJETO ........................................................................................ 117 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 118 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 121 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 122 UNIDADE 3 — PROJETOS SOCIAIS E CAPTAÇÃO DE RECURSOS .................................. 125 TÓPICO 1 — TERCEIRO SETOR E PROJETO SOCIAIS .......................................................... 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127 2 ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR ............................................................................... 127 3 IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS SOCIAIS PARA AS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR .......................................................................................................................... 134 3.1 AS FASES DO CICLO DO PROJETO SOCIAL ...................................................................... 136 3.2 ARTICULAÇÕES E RISCOS DOS PROJETOS SOCIAIS ...................................................... 139 3.3 O PAPEL DO GESTOR DE PROJETOS .................................................................................. 140 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 141 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 142 TÓPICO 2 — ELABORAÇÃO DE PROJETO SOCIAL ............................................................... 143 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 143 2 ROTEIRO DE ELABORAÇÃO DO PROJETO ......................................................................... 143 2.1 APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................... 144 2.2 ASPECTOS CONCEITUAIS DO PROJETO ............................................................................ 145 2.3 QUADRO DE METAS ............................................................................................................... 151 2.4 METODOLOGIAS DO PROJETO ............................................................................................ 154 2.5 ASPECTOS OPERACIONAIS DO PROJETO ......................................................................... 155 2.6 ITENS COMPELMENTARES DO PROJETO .......................................................................... 158 2.7 AVALIAÇÕES DO PROJETO .................................................................................................... 158 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 163 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 164 TÓPICO 3 — SUSTENTABILIDADE E CAPTAÇÃO DE RECURSOS ................................... 165 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 165 2 O QUE É CAPTAÇÃO DE RECURSOS? ..................................................................................... 165 3 FONTES DE MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS ......................................................................... 169 3.1 INCIATIVAS PARA A MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS PARA ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR ......................................................................................................................170 3.1.1 Geração Própria de Renda (Venda de serviços e/ou produtos) .................................. 171 3.1.2 Doações individuais: sócio contribuintes e doações pontuais .................................... 172 3.1.3 Financiamentos Coletivos (crowdfunding) ...................................................................... 174 3.1.4 Patrocínio e Prêmios .......................................................................................................... 176 3.1.5 TERMO DE COLABORAÇÃO E DE FOMENTO ......................................................... 177 3.2 MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS PARA EMPRESAS ........................................................... 179 3.2.1 Subvenção Econômica ....................................................................................................... 179 3.2.2 Investidor Anjo ................................................................................................................... 179 4 PRESTAÇÃO DE CONTAS .......................................................................................................... 180 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 183 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 184 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 185 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 187 1 UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • diferenciar uma atividade rotineiras de um projeto; • classificar e caracterizar um projeto; • identificar os principais envolvidos no planejamento, execução e implementação de um projeto empresarial, conhecendo suas responsabilidades e competências; • compreender o ciclo de vida de um projeto; • compreender a importância do estudo de mercado; • compreender o estudo da localização Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS TÓPICO 2 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS TÓPICO 3 – ESTUDO DE MERCADO E LOCALIZAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, seja bem-vindo ao Tópico 1 da disciplina Elaboração e Análise de Projetos. Antes de iniciarmos nossos estudos na área de projetos, é importante compreender por que atualmente as empresas têm implementado projetos em seus processos operacionais e como estes projetos auxiliam na tomada de decisão. Se analisarmos a literatura sobre o tema, vamos encontrar inúmeras razões que justificam a escolha das empresas pelo desenvolvimento de projetos. Muitas vezes, esta opção está associada, direta ou indiretamente, às estratégias de gestão que esta tem em seu planejamento de curto e longo prazo. E o desenvolvimento de projeto está associado a alguma necessidade específica em atender aos clientes e à competitividade presente nos ambientes de negócio. Compreender essas razões é fundamental na escolha de ferramentas mais adequadas para se trabalhar com situações do dia a dia. Dessa forma, a partir das encolhas, é possível analisar a relação custo-benefício nas tomadas de decisão para o gerenciamento de sistemas produtivos eficientes. 2 GESTÃO ESTRATEGICA EMPRESARIAL O estudo das estratégias não é algo novo. Desde a antiguidade, os povos utilizavam as estratégias para ganhar as guerras e dominar o território vizinho. Atualmente, as organizações passaram a utilizar esses métodos para a criação de estratégias para vencer batalhas de mercado e se tornarem competitivas, além de servirem como um guia para o desenvolvimento de ações de curto, médio e longo prazo que contribuam para o seu sucesso. Os desafios das organizações são diários. Por isso, muitas organizações têm implementado a gestão estratégica com objetivo de alcançar melhores resultados. Mas, antes de adentrarmos no conceito de gestão estratégica, vamos relembrar o que é estratégia. Ao longo de seus estudos com certeza você já encontrou diversos autores que se dedicam ao estudo das estratégias, bem como, já deve ter observado na literatura sobre o tema, vários exemplos que demonstram como as estratégias influenciam no dia a dia das organizações. UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 4 Um dos maiores estrategistas que se destaca na literatura é o chinês Sun Tzu, que utilizou o termo estratégia há aproximadamente 3.000 em seu livro a Arte da Guerra. Nesta obra, Sun Tzu (2002, p. 149) menciona que “manobras estratégicas significam escolher os caminhos mais vantajosos”. NOTA A origem da palavra estratégia é derivada do grego e, segundo Serra, Torres e Torres (2002, p. 33), apresenta diversas variações: • Stratós/stratia – exército acampado. • Stratéia – expedição/campanha. • Strategeo – liderar como um general. • Strategós – comandantes de exército. • Strategia – qualidade e habilidades do general. Assim, a estratégia é um conjunto de decisões que definem o posicionamento dos agentes atuantes no mercado em que a empresa opera, que podem ser seus clientes, concorrentes, aliados e parceiros. De acordo com Valeriano (2005), estratégia é a arte de preparar e aplicar, os meios e os cursos de ação, considerando oportunidades e as ameaças para alcançar ou manter os objetivos fixados pela política da empresa com base na sua missão, visão e valores. “Estratégia é um conjunto de ações que os gestores adotam para melhorar o desempenho de uma empresa em relação a seus concorrentes” (HILL; JONES, 2004, p. 4). NOTA Bem agora, que relembramos o conceito de estratégia. Você deve se recorda o que é a gestão estratégica? TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 5 A gestão estratégica utiliza a articulação dos ativos da organização para definir seus objetivos e transformá-los em resultados (MENEZES, 2018). NOTA Os movimentos estratégicos adotados pelas empresas em sua maioria têm como foco a busca por competitividade no ambiente econômico e frente a seus concorrentes, e, com isso, almeja sempre alcançar melhores resultados sustentáveis. Desta forma, Pereira e Linsoni (2008) destacam que independentemente do porte da empresa e de seu setor de atuação, a estratégia é uma forma de interligar a empresa com o mundo exterior, pois, a partir da estratégia que se consegue analisar cenários futuros, antecipar-se a mudanças e orientar os negócios. Os gestores são peças fundamentais na construção das estratégias. Cabe a eles a responsabilidade de formulá-las e colocá-las em prática. Uma gestão estratégica representa a arte de enxergar uma nova e melhor posição para a organização, de aplicar as melhores estratégias para alcançar os objetivos esperados (HERRERO FILHO, 2005). De acordo com Laercio e Grey (2018, p. 20 - 21), os gestores de projetos devem entender à estratégia da empresa por duas razoes: A primeira: para que possam tomar as decisões e fazer os ajustes apropriados. Por exemplo, a resposta de um gerente de projetos a uma sugestão de modificar o design de um produto para otimizar o desempenho depende do objetivo da empresa: ela quer ser líder de produto por meio de inovação ou atingir excelência operacional por meio de soluçõesde baixo custo [...]. A segunda razão por que gerentes de projetos precisam entender a estratégia da empresa é para serem defensores eficazes dos projetos. Eles precisam demonstrar à gerência sênior como o projeto contribui para a missão da empresa. Estando alinhados os objetivos corporativos, obtêm-se proteção e suporte contínuo (grifo nosso) Considerando que cada vez mais nossas organizações, em qualquer nível, têm se tornado mais complexas, observa-se nos cenários dos negócios que tal situação tem exigido das organizações uma capacidade maior de formulação e implementação de estratégias que possibilitem superar os desafios de mercado e atingir seus objetivos a médio e longo prazo. A análise de qual estratégia adotar pode ser formulada a partir da análise do ambiente externo da organização. Umas das ferramentas utilizadas para definição desta análise é a matriz SWOT. UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 6 Você se recorda o que é análise SWOT? A “Matriz SWOT”, sigla em inglês que significa: Strenghts (Força), Weakness (Fraquezas), Oportunities (oportunidades) e Threats (Ameaças), remete-nos a uma análise cruzada dos dados anteriormente obtidos. Em português, ela é comumente denominada também de “Matriz FOFA”. IMPORTANT E FIGURA 1 – MODELO DE ANÁLISE COM BASE NA MATRIZ SWOT FONTE: <https://rockcontent.com/blog/como-fazer-uma-analise-swot/>. Acesso em: 17 out. 2019. A gestão estratégica de um negócio envolve além da elaboração de um planejamento ou plano de ação; também envolve o processo de execução e acompanhamento das ações contidas nele. Além do ambiente interno, é importante que a empresa analise o ambiente externo ao seu negócio, pois, ele envolve diversos fatores que vão além do poder de decisão da empresa, e um ambiente complexo o qual ela nem sempre consegue sugerir e/ou promover mudanças que venham de encontro com seus objetivos. TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 7 FIGURA 2 – CONCEITO DE PLANEJAMENTO FONTE: Adaptado de Lacombe; Heilborn (2003, p. 162) PLANEJAMENTO Planejar é decidir antecipadamente O planejamento deve identificar antecipadamente O que De que maneira Quando Quem deve Fazer Os custos Os benefícios O que vai ser feito Os recursos necessários Para fazer o que se deseja Neste sentido, Woiler e Mathias (2008) destacam que uma análise do ambiente é realizada por meio do conceito de forças e analisam os seguintes aspectos: • Entrantes: são empresas que não operam em determinado mercado, mas, devido as condições favoráveis do cenário econômico, resolvem estabelecer sua planta fabril em determinado país ou região. Exemplo: as empresas automobilísticas francesas que se instalaram no Brasil na década de 1990. • Substitutos: são produtos ou serviços decorrentes de inovações ou de novas tecnologias, que exercem um efeito de transformação na indústria, substituindo o que antes era considerado como normal. Um dos exemplos mais utilizados é a substituição da margarina pela manteiga. • Poder do fornecedor: um fornecedor forte pode impor preço maior para o comprador do produto ou serviço, diminuindo a margem do mesmo. Um exemplo a ser destacado são os monopólios legais de mercado, como é o caso da Petrobrás. • Rivalidade: empresas rivais são aquelas que competem sem trégua em tornos dos mercados e segmentos em que atuam. Exemplos conhecidos são a Coca- Cola, a Pepsi e as indústrias farmacêuticas. • Poder do comprador: um comprador forte pode exigir preços muito baixos para determinado tipo de produto. Isso ocorre muito com as redes de supermercados (Forte, Pão-de-Açúcar, Carrefour). O resultado desta análise demonstrará se o ambiente é favorável ou não ao projeto que a empresa pretende colocar em prática. UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 8 KIM, W. C.; MAUBORGNE, R. A estratégia do oceano azul: como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005 DICAS Estruturas organizacionais: “a forma pela qual as atividades de uma organização são divididas, organizadas e coordenadas” (STONER; FEMANN, 1992, p. 30). NOTA 2.1 ORGANIZAÇÃO E SUA ESTRUTURA Vimos anteriormente que os projetos sempre são adaptados às necessidades da organização. Mas, além disso os projetos são influenciados pela organização e dependem de sua maturidade, cultura e estrutura organizacional. Estas estruturas são responsáveis pelo funcionamento da empresa. Geralmente, as organizações optam pelo tipo de estrutura que atenda à necessidade da empresa. Neste sentido, destacam-se três tipos de estruturas tradicionais mais citados na literatura: a funcional, a baseada em projetos e a matricial. Cada tipo de estrutura apresenta características distintas do projeto, conforme observaremos na figura a diante. As estruturas funcionais são as mais conhecidas em nosso cotidiano. São aquelas que apresentam divisão por especialidades ou áreas, como por exemplo: produção, marketing, contabilidade, recursos humanos, compras etc. (HELDMANN, 2005). Neste tipo de estrutura, os funcionários estão sob a responsabilidade de um gerente que acima de si tem um diretor. Neste tipo de empresa, os gerentes de projetos geralmente acumulam funções e recebem o nome de gerentes funcionais ou de linha. TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 9 FIGURA 3 – ESTRUTURA FUNCIONAL FONTE: Oliveira (2014, p. 128) No quadro a seguir podemos observar as vantagens e desvantagens deste tipo de estrutura. QUADRO 1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ESTRUTURA FUNCIONAL FONTE: Adaptado de Heldman (2005); Carvalho Rebechini Junior (2005) Gerência de Produção Gerência Financeira Gerência de Marketing Gerência de Recursos Humanos Diretoria-Geral Vantagens Desvantagens Maior envolvimento dos colaboradores. Há separação de funções. Facilita o controle de orçamento e custos. Boa comunicação entre a equipe. Possibilita melhor controle técnico. Há acumulo das funções. Há muita burocracia nos processos. Há uma competição na busca por recursos. Não há foco nos clientes. As organizações baseadas em projetos, também chamadas de projetizadas, são aquelas cujas operações têm por objetivo a realização de projetos. São organizações cuja finalidade advém da execução de projetos para outras organizações. Essas organizações adotaram o gerenciamento baseado em ou por projetos. Nas organizações estruturadas por projetos, geralmente as equipes são organizadas de acordo com a necessidade de cada projeto a ser desenvolvido. Menezes (2003) neste tipo de organização é muito comum vários profissionais, de diversas áreas de conhecimento, interagirem e ficarem lotados no projeto tanto em tempo integral ou também parcial. UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 10 FIGURA 4 – ESTRUTURA POR PROJETOS FONTE: Oliveira (2014, p. 140 Projeto A Projeto B Projeto C Administração e Finanças Comercial Projetos Diretoria Mas, por que optar por uma estrutura baseada em projetos? Segundo Carvalho; Rabechini Junior (2005, p. 29) à medida que a “complexidade das organizações aumentava, os gerentes descobriam que as atividades de projetos não estavam sendo integradas de maneira efetiva”. E as empresas estavam estruturadas incialmente para atender a um tipo de cliente e à produção de um único produto. Mas, as mudanças no mercado e no perfil do mercado consumidor nas últimas décadas, fizeram com as empresas viessem a se reestruturar de forma mais flexível, sendo capazes de realizar mudanças rápidas conforme a necessidade do mercado. “Nos tempos em que mais rápido, mais barato e melhor são palavras de ordem de mercado, uma organização que adote práticas do gerenciamento de projetos está destinadaa chegar na frente” (DINSMORE, 1999, p. 16). NOTA Embora o modelo de estrutura de projetos tenha sido escolhido por muitas empresas, o modelo também apresenta limitações conforme veremos no quadro a seguir. TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 11 QUADRO 2 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ESTRUTURA POR PROJETOS FONTE: Adaptado de Heldman (2005); Carvalho Rebechini Junior (2005) Vantagens Desvantagens As equipes trabalham no mesmo espaço. O gerente de projetos é autoridade máxima. As decisões são tomadas de comum acordo com o gerente de projetos. Os recursos e esforços são concentrados no projeto. Há melhor gestão dos recursos e foco nos resultados. Há a necessidade de fazer uma nova reescalação de acordo com o projeto. Tempo ocioso influência no resultado do projeto. Gerentes de projetos disputam entre si os recursos. A Estrutura Matricial é uma combinação entre a estrutura funcional e a estrutura por projeto. Nesta estrutura, de acordo com (Menezes, 2009, p. 96), “é formada uma equipe para o projeto, com elementos oriundos de diversas áreas de especialização, que atua em regime de tempo parcial para elaboração do projeto”. Existem três formas de estrutura matricial, que são: fraca, forte e balanceada. A primeira delas é a estrutura matricial fraca. Ela é mais parecida com a estrutura funcional e os gerentes funcionais possuem um maior poder em comparação aos gerentes de projeto. Outro tipo é a estrutura matricial forte. Este tipo de estrutura aproxima-se mais da estrutura projetizada, onde os gerentes de projeto possuem uma maior influência sobre os funcionários da empresa do que os gerentes funcionais. Uma terceira estrutura matricial é a estrutura matricial equilibrada, onde os gerentes de projeto e os gerentes funcionais possuem o mesmo nível de influência sobre o trabalho e as pessoas que o executam (PATAH; CARVALHO, 2002, p. 4). FIGURA 5 – DEPARTAMENTALIZAÇÃO MATRICIAL FONTE: Oliveira (2014, p. 142) Coordenação de Projetos Mecânica Eletricidade Eletrônica Diretoria Projeto A Projeto B Projeto C Recursos Humanos, Materiais, Financeiros e Tecnológicos Recursos Humanos, Materiais, Financeiros e Tecnológicos Recursos Humanos, Materiais, Financeiros e Tecnológicos UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 12 No quadro a seguir podemos observar algumas características que distinguem cada um dos tipos de estrutura estudada. QUADRO 3 – ESTRUTURAS DA ORGANIZAÇÃO VERSUS CARACTERÍSTICAS DO PROJETO FONTE: PMI (2013, p. 22) Além das estruturas tradicionais, encontramos atualmente as chamadas estruturas modernas, que contemplam: governança corporativa; rede de integração entre empresas; unidade estratégica de negócios; e departamentalização por processos. Esse tipo de departamentalização está bem mais detalhado, pelo simples fato de que estão ocorrendo algumas dúvidas no seu desenvolvimento e implementação. Na realidade, essas dúvidas são saudáveis, pois decorrem, principalmente da elevada amplitude e abordagem de sua aplicação pelas empresas, proporcionando os mais diversos e interessantes resultados para o modelo de gestão das empresas (SOARES, 2013; OLIVEIRA, 2014). Entretanto, cabe salientar que o assunto governança corporativa é relativamente recente e pode provocar dúvidas gerais e especificas quanto a sua efetiva realidade. TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 13 Governança corporativa é o modelo de gestão que, a partir da otimização das interações entre acionistas ou cotistas, conselhos, administração, fiscal — deliberativo e consultivo —, auditorias — externa e interna —, comitês e diretoria executiva, proporciona a adequada sustentação para o aumento da atratividade da empresa no mercado — financeiro e comercial — e, consequentemente, incremento no valor da empresa, redução do nível de risco e maior efetividade da empresa ao longo do tempo (OLIVEIRA, 2014). FONTE: Adaptado de Oliveira (2014) IMPORTANT E Diretoria Diretoria Diretoria Presidência Executiva Conselho de Administração Assembleia Geral Conselho Fiscal Auditoria Externa Auditoria Interna Comitê Tal abordagem inicia de forma ampla e têm se tornado realidade no contexto mundial, principalmente para consolidar fortes e internacionais vantagens competitivas. Para saber mais sobre Governança Corporativa, acesse: https://ibgc.org.br/. DICAS UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 14 A rede de integração entre empresas é a cooperação estruturada visando consolidar fortes e internacionais vantagens competitivas, sustentadas por otimizadas tecnologias, melhor utilização dos ativos, bem como maiores produtividade, flexibilidade, qualidade, rentabilidade e lucratividade das empresas participantes. A unidade estratégica de negócios é a departamentalização por unidade estratégica de negócio e foi a primeira, efetivamente, a se consolidar como uma estrutura organizacional voltada para resultados. 2.2 GESTÃO ESTRATÉGICA E PROJETOS Mas em que momento esta análise será útil no contexto dos projetos das empresas? As empresas geralmente adotam a metodologia de projetos sempre que necessitam implementar estratégia em termos de um novo produto ou serviço que ela pretende ofertar no mercado. No momento que o projeto é aceito dentro da empresa e incorporado ao seu planejamento estratégico, ele também deve ser incluído no orçamento para que possa ser implementado na sua totalidade. Neste momento, ao fazer esta incorporação, a empresa contempla todas as consequências em termos financeiros e monetários à sua gestão. Mas, se em algum momento esses cuidados forem deixados de lado, as decisões por ela tomada correm grandes riscos, vistos que não foi levado em conta o impacto sobre seu resultado (FREZATTI, 2008). Mas qual a relação da gestão estratégica com os projetos? Os projetos são os maiores aliados do gestor para colocar as estratégias em práticas, pois, os projetos apresentam escopo, prazos, indicadores de desempenho, responsabilidades dos envolvidos, valores a serem investidos, bem como, apresentam formas de monitoramento, controle e avaliação do progresso e dos resultados da estratégia. Na figura a seguir podemos observar a conexão existente entre a estratégia, o portfólio e os projetos dentro de uma empresa. FIGURA 6 - CONEXÃO ENTRE ESTRATÉGIA, PLANO, PROGRAMA E PORTFÓLIO DE PROJETOS FONTE: A autora Plano ESTRATÉGIA Programa Projetos ou Portifólio TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 15 Podemos verificar na figura anterior que a estratégia poderá ser desdobrada em plano, programa ou projetos (portfólio). O plano é um documento que resulta de um planejamento, que consolida as decisões tomadas pelos gestores em determinado momento para alcançar os objetivos da empresa. De acordo com Valeriano (2005, p. 15) “o plano é um documento que resulta de um planejamento que consubstancia as decisões, tomadas em um determinado momento em cada um dos níveis da organização e que visa à consecução de objetivos finais a serem alcançados”. A implementação de planos geralmente é flexível, objetiva e prática, bem como, condizente com as necessidades e capacidade existente na empresa. Assim, este plano pode ser estratégico, administrativo, operacional e ao mesmo tempo de curto e médio prazo (quinzenal, mensal, trienal). Por exemplo, dentro de uma empresa podemos ter um plano de contingência de acidentes que em vias de regra tem por objetivo descrever a medidas a serem seguidas ou que serão desencadeadas em casos de acidentes dentro da empresa. O plano é composto de vários projetos que são estruturados em forma de programas. NOTA Os programas são subdivisões que permitemagrupar as decisões e as ações por áreas afins e/ou por setores que de alguma forma se relacionam entre si. Trata-se de subdivisões que permitem agrupar as decisões e as ações por áreas afins e/ou com certa afinidade ou por objetivos setoriais. Para que você compreenda melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa identificou que precisa realizar algumas mudanças na área de gestão de pessoas para evitar a rotatividade de funcionários. Assim, ela criará um programa chamado “Gestão de Pessoas”. Este programa será formado por vários projetos: Projeto de Capacitação e Treinamento; Projeto de Formação de Líderes; Projeto de Desempenho e Meritocracia. Observe que de alguma forma todos os projetos se relacionam. A metodologia de programa geralmente é adotada quando temos uma estratégia complexa e que necessita de muita atenção e acompanhamento em cada uma das etapas de execução. UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 16 Mas, nem sempre os projetos apresentam uma relação direta entre si, e, por isso, não é possível realizar a junção destes e transformá-los em programa. Neste caso, dizemos que empresa possui um portfólio ou uma carteira de projetos. Uma área que sempre utiliza o portfólio ou carteira de projetos são os escritórios de arquitetura, engenharia e até mesmo consultores. Este tipo de negócio tem uma gama de clientes muito variada e com necessidades diferencias e dificilmente conseguimos unificar os projetos, embora todos os projetos estejam sob a responsabilidade de uma mesma empresa. 3 CENÁRIOS ECONÔMICOS, CONCORRÊNCIA E PROJETOS Desde a última metade do século XX, convivemos diariamente com fortes mudanças nos panoramas econômicos, político e social que, de alguma forma, desencadeiam reflexos imediatos em quase todas as áreas de interesse humano. A introdução de novos conceitos aos sistemas de produção da Europa e do Japão já foram marcantes e levaram a repensar empresas e modos produtivos, bem como a ampliar a atenção à concorrência. Nesse contexto, trabalhar com cenários econômicos tem sido um dos maiores desafios nas últimas décadas. Há 50 anos, a única preocupação do empresário era analisar o mercado nacional com o qual sua empresa competia. Com a extraordinária revolução nos meios de comunicação, desencadeou-se o processo de globalização, que impulsionou e impulsiona cada vez mais a abertura dos mercados e a ausências de barreiras que impeçam as possíveis entradas de empresas estrangeiras, fazendo com que se criasse um imenso mercado de bens e serviços. FIGURA 7 – NOVO AMBIENTE DE PROJETOS FONTE: Adaptado de Casarotto Filho (2009) TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 17 Podemos dizer que inúmeros são os fatores que impactam na decisão das organizações e na formação de sua carteira de projetos. A globalização dos mercados é um deles e atinge a todos os setores econômicos (MENEZES, 2003). Segundo Menezes (2018, p. 37) “o fantástico mundo em que vivemos reserva-nos hoje elevada dinâmica e um frenesi acentuado de alterações no status quo e mudanças de paradigmas”. Embora tais mudanças afetem várias áreas, no ambiente empresarial estas mudanças impactam diretamente, pois estávamos acostumados com uma economia puramente industrial e que, atualmente, transformou-se numa economia dinâmica baseada na informação com um ritmo acelerado. A oferta de novos produtos e sua rápida substituição por outros com novas tecnologias tem gerado uma corrida constante que causa altos índice de mortalidade precoce dos produtos e, consequentemente, geram grandes mudanças nas empresas, levando-as a se adequarem aos ambientes mutáveis e a desenvolver novas formas, métodos que acompanhem o progresso e a competividade do mercado. Assim, para se destacar frente à concorrência e acompanhar as mudanças destes cenários, observa-se que, cada vez mais, cresce o volume de projetos dentro das organizações. Assim sendo, podemos observar que algumas características do ambiente de negócios, e as mudanças que ocorrem nestes ambientes, contribuem para um melhor entendimento da importância de se implantar novos projetos conforme podemos observar no quadro a seguir. QUADRO 4 - CARACTERÍSTICAS E MUDANÇAS DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS FONTE: A autora Características Mudanças na empresa • Acelerado desenvolvimento tecnológico • novas formas de trabalho; • grande diferenciação de produtos/serviços; • Impacto da tecnologia • novos serviços adicionais; • alteração do fluxo e tratamento de informações; • Globalização de mercado • adequação para o mercado internacional;• adequação para o e-commerce; • Relação com fornecedores e concorrentes • formação de parceria e alianças; • ética nas relações de negócio; • Mudança de atitude do consumidor • responsabilidade social; • Mudanças rápidas • novas relações de trabalho; • estrutura organizacional flexível; • equipes multifuncionais; • ambiente voltado a aprendizagem contínua; UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 18 Muitas coisas mudaram nos últimos anos em função das inovações tecnológicas, por exemplo, o conceito de limites geográficos de mercado foi eliminado com o advento da globalização. Há quanto tempo não ouvimos as pessoas utilizarem o termo “freguês” para identificar seus clientes, não é mesmo? Mas é muito comum estarmos preocupados com os internautas. No lugar do comércio local sugiram grandes empreendimentos que congregam várias lojas e departamentos como supermercados e com isso, nosso consumidor adquire novos hábitos e passa a realizar suas compras pela internet em quase todas as partes do mundo. O termo freguês faz referência àquele habitante da freguesia (bairro ou vila) que realizava suas compras no comercio local (quitanda, mercearia etc.). NOTA Cada vez mais novas tecnologias estão ao alcance de quase todos e nem sempre nossas empresas estão preparadas para mudanças rápidas, o que resulta na morte de muitas empresas que um dia foram referencias em determinada área. Por isso os mercados são altamente competitivos, e para que as empresas possam alcançar o patamar desejável e sobreviverem no mercado é preciso que destaquem sua capacidade de inovar, agilidade na entrega do produto e/ou serviço, bem como, tenham visão para transformar as oportunidades em projetos rentáveis. FIGURA 8 – PASSOS PARA ALCANÇAR A COMPETITIVIDADE NO MERCADO FONTE: A autora Oportunidades Ações Projetos Resultados Empresa Competitiva Quando falamos em competitividade devemos lembrar que nem sempre a busca por competitividade é vista sob um único aspecto. Podemos buscar a competitividade estrutural, na qual os fatores que impulsionam e/ou interferem são os políticos, legislação, carga tributária entre outros. TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 19 No âmbito setorial, as possibilidades de aumentar a competitividade são amplas. Incluem desde o relacionamento com o cliente até a formação de parcerias com concorrentes (MENEZES, 2018). E ainda precisamos levar em consideração o âmbito interno 3.1 GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO DE PROJETOS O gerenciamento de portfólio visa garantir que os projetos desenvolvidos pela empresa estejam em conformidade com suas metas e estratégicas. Assim, muitas vezes nos perguntamos o que é considerado estratégico para a empresa? Essa pergunta também precisa de uma resposta objetiva por parte da alta gestão. O gerenciamento de portfólio dá informações que permite às pessoas tomarem decisões comerciais com mais segurança, pois, em determinados casos, o projeto envolve, além de pessoas, um aporte considerável de investimentos financeiros por parte da empresa (MENEZES, 2018). Desta forma, o desenho de um sistemade portfólio de projetos deve incluir: classificação do projeto, critérios de seleção, fontes e avaliação das propostas além do gerenciamento do portfólio de projetos (MENEZES, 2018). Os projetos podem ser classificados em três tipos básicos em seu portfólio: a) Projetos de conformidade: conhecidos como projetos emergenciais, são aqueles que necessitam ser implantados para atender à legislação de determinada região — chamados também de projetos “obrigatórios”. Por exemplo, a construção de uma estação de tratamento de resíduos de um hospital é um projeto obrigatório, pois, a legislação federal exige que estabelecimentos deste nível de periculosidade tratem os seus rejeitos. b) Projetos operacionais: são aqueles projetos implantados para dar suporte às operações atuais. Quando implantados, geralmente têm o objetivo de melhorar o processo produtivo da empresa e com isso aumentar a eficiência, reduzir custos e aumentar o desempenho. Podemos usar como exemplo a mudança de layout da produção da empresa. c) Projetos estratégicos: são aqueles que têm por objetivo de desenvolver novos produtos. Envolvem um investimento alto em pesquisa e desenvolvimento. Este tipo de projeto é muito desenvolvido por grandes empresas que devido ao fator competitividade necessitam constantemente colocar novos produtos no mercado. No caso dos projetos estratégicos podemos citar como exemplos empresas de tecnologia, fabricantes de eletrodomésticos, montadoras de veículos. UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 20 Em relação aos critérios de seleção, embora exista muitos critérios que podem ser levados em consideração no momento de selecionar um projeto, geralmente os fatores financeiros são os que apresentam maior peso no processo decisório. Mas, também existem critérios não financeiros que são importantes e que não podem ser deixados de lado. Exemplo: quando uma empresa precisa implantar um projeto que dificulte a entrada de concorrentes no mercado; a introdução de um produto que aumentará a as vendas de produtos altamente lucrativos; ou ainda utilizar de uma visão a longo prazo e desenvolver determinada tecnologia que venha atender as futuras gerações e que num primeiro momento não dará retorno tão imediato. Quanto às fontes e avaliações das propostas, o gestor, no seu dia a dia, com certeza recebe muitas propostas de projeto que precisam ser analisadas. Assim, deverá verificar qual a proposta está mais próxima e/ou atenda à necessidade da empresa, bem como, deverá verificar qual a fonte deste projeto. Por exemplo: recebeu uma proposta de projetos de uma empresa que recém está entrando no mercado. Quais as garantias de que esta empresa entregará o produto dentro do estabelecido? Mas, por outro lado, tem uma empresa que já possui um portfólio amplo de projetos igual ao que atenda a necessidade da empresa. 3.2 GESTÃO DE PROJETOS GLOBAIS Falar em gestão de projetos globais atualmente parece ser um grande desafio para as empresas e os gestores visto que as complexidades, dinâmicas e a dimensão de mercado podem afetar os resultados de projeto de maneira adversa. Diariamente, deparamo-nos com terceirização de mão de obra, fornecedores além e nossas fronteiras, flutuações nas taxas de câmbio, alteração de legislação trabalhista, entre muitos outros. Também podemos nos deparar com grandes eventos que possam a vir sediados em nosso país, e que cria uma demanda grande e temporária, como por exemplo, o caso das olimpíadas que ocorreram no Brasil em 2014. Quantos novos produtos precisaram ser criados para atender a demanda, principalmente em relação à hospedagem, alimentação, produtos específicos da copa? Menezes (2018) coloca que eventos internacionais grandes, como as Olimpíadas, ou reconstruir uma região depois de um desastre natural requerem equipes de projeto multilíngues. Projetos globais podem ser multinacionais e multilíngues, com participantes de vários países e que falam diferentes línguas. Esses aspectos podem criar barreiras para a comunicação, o desenvolvimento de equipe e o desempenho do projeto. TÓPICO 1 — GESTÃO ESTRATÉGICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS NAS EMPRESAS 21 Nesse contexto, a gestão de projetos globais necessita de um conjunto adicional de competências. É necessário que as equipes consigam se comunicar adequadamente em outro país e respeitem a cultura local (questões de religiosidade, diferença de atuação de homens e mulheres, vestimentas, alimentação, protocolos de comunicação etc.). Além de tudo isso, é importante conhecer o ambiente geopolítico dos países dos vários participantes do projeto, particularmente o país do cliente, ou qual o projeto está sendo entregue ou implementado. A globalização e a internet propiciam novas oportunidades às empresas, vistas em elementos de trabalho de projeto de multiterceirização para participantes mais competitivos mundialmente, assim como em compras de materiais e serviços dos fornecedores ao redor do mundo (MENEZES, 2018, p. 115). Atualmente, a tecnologia permite aos participantes do projeto estar apenas a “um clique de distância”, apesar de, na verdade estarem a milhares de quilômetros de distância. Ela ainda contribui para a redução do impacto na comunicação e diferença de fuso horário entre os participantes do projeto ESTRATÉGIA EMPRESARIAL - CONSTRUINDO ESTRATÉGIA PARA VENCER NO MERCADO COMPETITIVO Bruno de Oliveira Renó Rafael de Souza Quadros Valdevino Krom No mercado competitivo, aumentou tremendamente a necessidade de pensar em estratégia. E imprescindível investir mais tempo para traçar a estratégia que diferencie a sua empresa. Por isso é que vemos empresas competindo do mesmo modo, com as mesmas ferramentas, em uma concorrência destrutiva na qual todos tendem a eliminar os lucros. A estratégia é uma necessidade para qualquer empresa, não importa seu tamanho, pois o único modo de sobreviver é se diferenciar dos concorrentes. Qualquer empresa sem estratégia corre riso de se transformar em uma folha seca que se move ao capricho dos ventos da concorrência. Os vários motivos podem ser apresentados, a empresa economizaria o tempo, dinheiro esforço administrativo necessários para uma estratégia completa. A empresa tira todo o proveito do “princípio de retardamento”. Ao adiar o seu comprometimento até surgir uma oportunidade, será capaz de agir com base nas melhores informações possíveis. UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 22 Na ausência de estratégia, não haverá regras para orientar a busca de novas oportunidades, tanto dentro quando fora da empresa. Internamente, o departamento de pesquisa e desenvolvimento não possuirá diretrizes para definir a sua contribuição ao processo de diversificação. O departamento de aquisições externas também carecerá de orientação. Portanto, a empresa como um todo esperará passivamente pelo surgimento de oportunidades, ou adotará uma técnica de busca completamente desorientada. A empresa não terá dispositivos formais para enfrentar situações de desconhecimento parcial. Não haverá padrão algum para julgar se uma dada oportunidade é incomum, ou se a oportunidades muito melhores poderão surgindo futuro. Portanto, haverá o risco de aplicação prematura de recursos ou se deixará de utilizar integralmente os recursos disponíveis dentro de um exercício orçamentário. Sem o benefício de uma avaliação periódica, a empresa não terá garantia alguma de que a sua alocação geral de recursos é eficiente e de que certas linhas de produtos não terão se tornado obsoletas. Um tipo de empresa que necessita de uma estratégia o mais completa possível é a organização inteiramente integrada que produz bens ou fornece serviços. Como as suasdecisões em termos de produtos e mercados possuem longos períodos de gestação, ela necessita de orientação para atividades de pesquisa e desenvolvimento, e deve ter a capacidade de antecipar mudanças. Muito dos seus investimentos são irreversíveis, pois destinam-se a pesquisa e desenvolvimento que não podem ser recuperados, e ativos físicos, cuja venda é difícil. Portanto, deve minimizar a probabilidade de tomar decisões erradas. “O que basta é: ser capaz de avaliar sua própria força, ter uma visão clara da situação do inimigo e obter apoio total de seus homens. Aquele que não faz planos ou estratégias, e menospreza o inimigo, seguramente será capturado pelo oponente”. Sun Tzu [...]. FONTE: <http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2004/trabalhos/inic/pdf/IC6-19.pdf> . Acesso em: 17 out. 2019. 23 Neste tópico, você aprendeu que: • Os gestores são peças fundamentais na construção das estratégias. Cabe a eles a responsabilidade de formulá-las e colocá-las em prática. • Estratégias na organização são importantes. • As estruturas organizacionais clássicas são: funcional, de projetos e matricial. • O gerenciamento de portfólio visa garantir que os projetos desenvolvidos pela empresa estejam em conformidade com suas metas e estratégicas. • São inúmeros são os fatores que impactam na decisão das organizações e na formação de sua carteira de projetos. RESUMO DO TÓPICO 1 Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 24 1 Cite as vantagens e desvantagens das estruturas por projetos. 2 Qual a importância das estratégias para as organizações? 3 Cite e explique os tipos de classificação de projetos em seus portfólios. AUTOATIVIDADE 25 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, relembramos alguns conceitos e definições sobre as organizações e suas estratégias para sobreviver no mercado competitivo, dentre as quais destacam-se a implementação de projetos. Estudaremos a base introdutória para a elaboração e análise de projetos. Inicialmente, veremos os conceitos que servirão de subsídios para a compreensão do processo de elaboração de projetos, de forma que ao final da disciplina você esteja apto a elaborar e analisar criticamente a viabilidade econômico-financeira do projeto. Geralmente, quando ouvimos a palavra projeto, automaticamente nos remete à ideia de algo ligado às áreas de engenharia e arquitetura. Mas o próprio desenvolvimento da economia ao longo dos anos fez com que a metodologia de projetos fosse aplicada nas organizações de forma que esta pudesse cada vez mais ofertar produtos e serviços de qualidade, num menor período de tempo e com recursos cada vez mais escassos, ou seja, associando os fatores otimização de recursos, eficiência produtiva e planejamento de atividades. Assim sendo, os projetos nas últimas décadas vêm, cada mais, ocupando espaço dentro das empresas, deixando de ser um mero documento utilizado para buscar financiamento junto às instituições financeiras, sendo utilizado como uma ferramenta de planejamento e venda de ideias nos mais diversos setores econômicos. Um projeto bem elaborado se torna um rico documento de análise. A partir dele é possível verificar claramente quais são os objetivos futuros do gestor, bem como suas ações para alcançar estes objetivos e, principalmente, quanto tempo levará para alcançar os resultados esperados. Vamos iniciar estudando os conceitos acerca de projetos. Na sequência, veremos por que os projetos são tão importantes para as organizações nos dias atuais. Também veremos quais são tipos de projetos que podemos elaborar a partir do objetivo da organização. 26 UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 2 CONCEITO DE PROJETOS “Um projeto é um empreendimento temporário que visa criar um produto, serviço ou resultado único” (LARSON; GRAY; RABECHINI, 2016, p. 4) IMPORTANT E Você com certeza já ouviu falar em projeto. Devido à necessidade de planejamento nas organizações, o projeto se tornou uma ferramenta fundamental para cumprimentos de objetivos e metas estabelecidos no planejamento da empresa. Você encontrará diversos conceitos de projetos. Um projeto pode ser considerado algo temporário, realizado para dar respostas imediatas a determinados questionamentos. Pode ser também um conjunto de informações que coletadas e processadas de forma que simulem situações possíveis para analisar o montante de investimento e testar a sua viabilidade (WOILER; MATHIAS, 2008). Encontraremos algumas terminologias técnicas, como, por exemplo, a utilizada pelo Project Mangement Institutte (PMI) que define o projeto como sendo um empreendimento único com início e fim determinado por pessoas, visando atingir objetivos predefinidos. No quadro a seguir podemos observar vários conceitos e definição de projetos com o auxílio de vários autores da área. QUADRO 5 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS Autores Definição Heldemann (2005, p. 2) “Os projetos destinam-se a dar origem a um serviço ou produto único, que não foi produzido antes. Tem prazo limitado e sua natureza é temporária. Isto quer dizer, os projetos têm começo e fim definidos”. Clemente (2002, p. 21) “O projeto está associado à percepção de necessidade ou oportunidades de certa organização. O projeto dá forma à ideia de executar ou realizar algo para atender as necessidades ou aproveitar as oportunidades”. Maximiano (1997, p. 12) “Os projetos apresentam características específicas: objetivo singular, atividades finitas, clientes ou usuários, recursos limitados, incerteza e administração específica. Valeriano (2005, p. 9) “Empreendimento temporário realizado para criar um produto singular”. Dinsmore (1992, apud FREZATTI, 2008, p. 3) Empreendimento com começo, meio e fim, dirigido por pessoas, para cumprir metas estabelecidas dentro de parâmetros de custo, tempo e qualidade. FONTE: A autora TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS 27 Observando o quadro podemos verificar o quanto os conceitos são amplos e com visões bem diferenciadas. Assim, podemos dizer que o projeto se caracteriza por ser temporário, exclusivo e progressivo. E, por serem temporários têm início e término definidos. Tal característica não indica que sejam curtos, mas que são iniciados, evoluem, e por fim são finalizados. E, que são exclusivos por terem objetivos definidos e apresentam ações que levam a alcançar resultados. O projeto pode ser utilizado na realização de várias atividades dentro da empresa. Desde o desenvolvimento de um novo produto, ou ampliação da área produtiva, ampliação da área de abrangência de venda, realização de um evento corporativo etc. Se fossemos descrever todas as vezes que precisamos e podemos fazer uso de um projeto, escreveríamos muitas páginas e talvez ainda fosse pouco. Para que o projeto seja visto como uma ferramenta de auxílio à gestão, é importante que ele apresente algumas características indicadas por LARSON; GRAY; RABECHINI (2016): 1) Precisa ter um objetivo estabelecido. 2) É algo com início e fim definidos. 3) É algo mutável, poderá sofrer alterações. 4) Geralmente envolve vários profissionais e/ou departamentos. 5) Comumente, faz algo que nunca foi feito antes. 6) Deve apresentar requisitos específicos: tempo, custo e desempenho. Para que fique mais claro, vamos ver o que significa cada uma destas características: Em relação a um objetivo definido, é muito importante que isto esteja claro. Imagine a seguinte situação: um gestor lança um projeto cujo objetivo não esteja caro, com certeza terá vários problemas ao longo do caminho. Pois, se não se sabe qual o objetivo, como definir os requisitos mínimos, tempo, recursos, necessáriosetc.? Por exemplo: o objetivo pode ser ampliar a área de produção de 100 m² para 500 m². Ou, realizar um evento corporativo para lançamento de um produto. Enfim, o objetivo pode ser qualquer coisa, desde que esteja claro o que se pretende alcançar com o projeto. Segundo ponto muito importante: um projeto não algo para toda a vida. Até mesmo por que é um documento que passa por avaliações e revisões constantes, então necessariamente ele precisa ter início e fim estabelecidos, tanto para que se tenha ideia do tempo que o projeto levará para ser concluído, como também, para estabelecer prazos para entrega das metas e responsabilidades dos envolvidos. 28 UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS Terceiro: como já descrito, no decorrer da implantação do projeto ele talvez necessite de algum tipo de alteração. Por isso, não pode ser algo fixo ou engessado. Afinal, ninguém vai construir algo que sabe que ao final trará algum tipo de problema. Quarto ponto, e de fundamental importância: o projeto é elaborado e colocado em prática por pessoas. Então, mesmo que o projeto envolva vários departamentos, mais do que isso, ele demandará de uma equipe de profissionais. Daí a necessidade de se trabalhar com essas profissionais questões, como trabalho em equipe e interdisciplinaridade. Projetos geralmente exigem os esforços combinados de diversos especialistas com formações diferenciadas. A quinta característica do projeto é que ele não é rotineiro e tem alguns elementos exclusivos, únicos. Não é um problema de escolha, mas uma questão de formação. Obviamente, realizar algo que nunca foi feito antes, exige que se resolvam problemas e que se use tecnologia revolucionaria entre outros fatores (LARSON; GRAY; RABECHINI, 2016). No quadro a seguir podemos observar algumas características que diferenciam os projetos das atividades rotineiras. QUADRO 6 - CARACTERÍSTICAS BÁSICAS QUE DIFEREM O PROJETO DE ATIVIDADES ROTINEIRAS FONTE: Adaptado de Larson, Gray e Rabechini (2016); Menezes (2018) PROJETOS ATIVIDADES ROTINEIRAS • possui início e fim definidos para cada atividade; • temporário por natureza; • os recursos são exclusivos para cada um dos projetos; • o encerramento é definido por critérios específicos. • não há definição de início e fim da atividade; • a sua execução é contínua; • os recursos são aplicados nas diversas operações; • os processos não se encerram — as atividades são constantes; Além dessas características já especificadas, podemos observar a figura a seguir que apresenta alguns outros fatores importantes para diferenciar “projetos” de “atividades rotineiras”, em que outras ferramentas e metodologias devem ser aplicadas. TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS 29 FIGURA 9 - CARACTERÍSTICAS QUE DIFERENCIAM PROJETOS DE PROCESSOS FONTE: Menezes (2018, p. 25) Por fim, projetos são limitados por requisitos específicos de tempo, custo e desempenho; são avaliados de acordo com a realização, o custo e o tempo gasto. Essa tripla restrição impõe um grau de prestação de contas maior do que geralmente é encontrado na maioria dos serviços, até mesmo porque, se houver a necessidade de se alterar algo, com certeza será uma tomada de decisão conjunta (equipe executante + direção). O que projeto não é: projetos não devem ser confundidos com trabalho do dia a dia. Um projeto não é trabalho rotineiro e repetitivo! O trabalho diário, ordinário, geralmente exige que se faça o mesmo trabalho ou trabalho semelhante repetidamente, enquanto um projeto é feito apenas uma vez; quando o projeto é concluído, tem-se um novo produto ou serviço (LARSON; GRAY; RABECHINI, 2016, p. 5). NOTA Em nosso cotidiano é muito comum observarmos as pessoas fazerem confusão entre projeto e programa. Mas é importante, acadêmico, que você tenha bem claro esta diferenciação. “Um programa é um grupo de projetos relacionais concebidos para realizar uma meta comum em um longo período” (LARSON; GRAY; RABECHINI, 2016, p. 5. Grifo nosso). Dentro de um programa poderemos ter um ou mais projetos, que podem estar ou relacionados entre si. Ficou confuso? Vejamos o exemplo a seguir: 30 UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS Imagine que uma empresa Alfa poderia ter um “Programa de Educação Ambiental”. Dentro deste programa poderão ser desenvolvidos vários projetos, como por exemplo: um “Projeto Conversando com Comunidade”; um “Projeto de Reciclagem de Lixo”; um “Projeto de Auditoria Ambiental”. FIGURA 10 - PROGRAMA E PROJETOS DA EMPRESA ALFA FONTE: A autora PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Projeto Conversando com Comunidade Projeto de Reciclagem de Lixo Projeto de Auditoria Ambiental Observe que todos os projetos descritos fazem parte do Programa de Educação Ambiental da empresa Alfa, porém, possuem equipes de trabalho diferentes e suas metas precisam estar relacionadas as metas deste programa. 2.1 TIPOS DE PROJETOS Até aqui você já conseguiu observar que os projetos dos dias atuais são ferramentas associadas ao planejamento da organização, e que seu desenvolvimento depende mais de tomadas de decisões de nível gerenciais, já que sua implantação depende de percepções de custo-benefício que este trará para a empresa (FREZATTI, 2008). Vimos anteriormente que a metodologia de projeto é aplicada em diversas situações que vão desde a oferta de um novo bem e serviço até a desativação muitas vezes de uma unidade fabril. Assim, compreender os vários tipos de projetos é essencial para a tomada de decisão, ou seja, saber qual tipo de projeto é mais viável para atender a necessidade da empresa naquele momento. Você com certeza encontrará na literatura vários tipos de projetos associados a diversas necessidades. As classificações aqui apresentadas são as principais utilizadas, porém, não as únicas que a literatura apresenta. Desta forma, segundo Frezatti (2008) os projetos poderão ser classificados de acordo com: TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS 31 • O porte: pequenos, médios e grandes projetos. • A funcionalidade: podem ser de: implantação, ampliação, modernização e relocalização. Por exemplo: desenvolvimento de um novo produto, melhoria da qualidade de um produto já existente, substituição de equipamentos, expansão da área operacional, desenvolvimento de novas tecnologias etc. • O tipo de recurso: tangíveis (equipamentos) e intangíveis (cursos de capacitação). • O setor: primário (agrícola); secundário (indústria), terciário (comercio e serviços); ou ainda podem ser ligados ao chamado terceiro setor (organizações não governamentais). Caro acadêmico, setor terciário é diferente de terceiro setor. O setor terciário faz parte da classificação dos grandes setores das atividades econômicas. Já o terceiro setor é formado por empresas sem fins lucrativos, cujas atividades são complementares às atividades desenvolvidas pelo Governo. Veremos na Unidade 3 deste Livro Didático os motivos pelos quais os projetos são tão importantes para a sustentabilidades das organizações do terceiro setor. IMPORTANT E • O tipo de impacto: esta classificação está associada a melhor forma da empresa implementar dada decisão. • O tipo de relacionamento: independente ou dependente. Esta classificação está associada ao grau de dependência que um projeto tem em relação ao outro. Por exemplo: caso haja necessidade de a empresa implementar um projeto de ERP, precisará implantar outros projetos como: a escolha de software (de acordo com a sua necessidade); a aquisição de novos equipamentos com tecnologia compatível com o software; readequação da infraestrutura para a nova realidade da empresa. Observe que há três novos projetos interdependentes associados ao Projeto ERP e um atraso no desenvolvimento de qualquer um deles ocasionaráproblemas aos demais, tanto em termos de prazo como retorno para a empresa. Segundo Frezatti (2008, p. 8) “a tipificação de projetos pode ser de extrema utilidade não só no entendimento da demanda que o mesmo tem, mas também para que seu tratamento e cuidado possam ser percebidos e administrados pelos gestores”. 32 UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 2.2 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO Anteriormente, dizemos que uma das características importantes de um projeto é que ele tenha data de início e fim, ou seja, o projeto é algo determinado. Dentro deste período, o projeto também passa por um processo evolutivo de estágios e o conjunto destes estágios formam o que chamamos de ciclo de vida do projeto. O ciclo de vida do projeto é o conjunto de fases que compõem seu desenvolvimento, conforme podemos observar na figura a seguir. FIGURA 11 – FASES DO PROJETO FONTE: Adaptado de Maximiliano (2010) VOLUME DE RECURSOS COMPROMETIDOS TEMPO Inspiração Concepção Desenho ou projeto do produto Desenvolvimento Entrega O ciclo de vida de um projeto permite a avaliação de várias similaridades que encontramos em qualquer tipo de projeto. Conhecer e compreender suas fases possibilita que o gestor tenha uma visão ampla e consiga acompanhar com eficácia sua execução. O ciclo de vida de um projeto, segundo Menezes (2003) compreende os seguintes estágios: definição, planejamento, execução e fechamento conforme figura a seguir. TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS 33 FIGURA 12 – ESTÁGIOS DO CICLO DE VIDA DE UM PROJETO FONTE: Adaptado de LARSON; GRAY; RABECHINI (2016) O ciclo de vida de um projeto compreende os estágios de definição, planejamento, execução e fechamento. NOTA A determinação do ciclo de vida permite que se elabore um anteprojeto, “um estudo de viabilidade sobre o que pretende se desenvolver. É um estudo valioso para o aprofundamento das ideias e conceitos a serem implementados” (MENEZES, 2003, p. 65). 2.2.1 Fase de definição A fase de definição, também é chamada de inicialização ou conceitual, é o ponto de partida do projeto, pois todo projeto começa a partir de uma ideia, uma necessidade ou o desejo de desenvolvimento de melhorias importantes, que gerarão benefícios diretos e/ou indiretos para a empresa. Segundo Frezatti (2008), nesta etapa do projeto é realizada uma proposta de projeto e o estudo de viabilidade, que serão de suma importância na tomada de decisão dos gestores quanto à sequência das demais etapas do projeto. Os projetos quando desenvolvidos com recursos internos, são autorizados por meio de um documento denominado termo de abertura do projeto. Este documento deve conter algumas informações: a justificativa para o projeto, o 34 UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS objetivo e os benefícios esperados, os requisitos gerais e condições — tais como quantidade de fundos autorizada —, data de realização requerida, entregas cruciais, análises exigidas e aprovações — e hipóteses-chave. Mas, se a empresa resolver, por qualquer motivo, decidir utilizar recursos externos, ou seja, resolver contratar uma empresa para executar o projeto, o termo de abertura de projeto deverá ser substituído por um documento chamado de edital de chamada de propostas. Por meio do edital, o patrocinador ou o cliente pede às empresas interessadas que submetam propostas sobre como devem atender suas necessidades, informando os custos associados e a programação. Um indivíduo que precise de uma casa nova pode gastar tempo identificando requisitos – tamanho da casa, estilo, número de quartos, localização, quantia máxima que quer gastar e data em que gostaria de se mudar para lá. Ele, então, deve escrever esses requisitos e pedir a várias empresas de construção que forneçam projetos residenciais e respectivos custos estimados (GIDO; CLEMENTS; BACKER, 2018, p. 9). Assim, as empresas interessadas em desenvolver o projeto irão encaminhar suas propostas respeitado o conteúdo do edital. E quando aprovado, as empresas fecham a negociação mediante assinatura de um contrato de prestação de serviços. A fase de planejamento tem seu início após a aprovação da proposta pelo alto escalão da empresa, assim, o próximo passo consiste em detalhar como se dará o processo de execução — quais serão as responsabilidades de cada um dos envolvidos no projeto, quais as atividades serão executadas e o prazo de entrega de cada uma das atividades. Segundo Frezatti (2008), essa fase de planejamento proporcionará a identificação dos recursos que serão necessários e com isso um acompanhamento e controle do fluxo de caixa. Menezes (2018, p. 59) são atividades típicas desta fase: • Detalhamento das metas e objetivos a serem alcançados, com base na proposta aprovada. • Definição do gerente do projeto. • Detalhamento das atividades e estruturação analítica do projeto. • Programação das atividades no tempo disponível e/ou necessário. • Determinação dos resultados tangíveis (marcos ou “milestones’’) a serem alcançados durante a execução do projeto. • Programação da utilização e aprovisionamento dos recursos humanos e materiais necessários ao gerenciamento e à execução do projeto. • Delineamento dos procedimentos de acompanhamento e controle a serem utilizados na implantação do projeto. • Estabelecimento da estrutura orgânica formal a ser utilizada para o projeto. • Estruturação do sistema de comunicação e de decisão a ser adotado. • Designação e comprometimento dos técnicos que participarão do projeto. • Treinamento dos envolvidos com o projeto. TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS 35 A fase de execução também chamada de fase de implementação é o momento em que são colocados em prática o projeto. Neste momento é muito importante um acompanhamento do gestor do projeto. Segundo Keeling (2002), o gestor deverá fazer o acompanhamento das atividades, controlá-las e coordenar para que haja um bom andamento dos trabalhos visando alcançar o objetivo do projeto. Esse acompanhamento e monitoramento das atividades permite identificar a necessidade de mudanças e alterações no projeto. Nesta fase, geralmente as atividades desenvolvidas são especificas para cada tipo de projeto. Algumas são consideradas atividades básicas que podem fazer parte desta fase como por exemplo, manter uma comunicação constante entre os membros da equipe do projeto; utilizar os recursos humanos e materiais conforme o planejado e efetuar reprogramações quando necessário. Frezzati (2008) ainda coloca que esta fase é considerada delicada, pois, um dos maiores desafios da equipe e do gestor é o cumprimento do cronograma. Neste momento, o cronograma do projeto acaba ficando mais detalhado para que se tenha um acompanhamento melhor dos recursos. Mas também, é com base neste cronograma que serão realizados os pequenos ajustes, tendo como base os objetivos e orçamento aprovado (MENEZES, 2003). Por último, temos a fase de conclusão do projeto. Essa fase corresponde ao término do projeto e contempla várias atividades, porém algumas merecem maior atenção: trata-se de acelerar as atividades não concluídas e que se encontram fora do cronograma; realocar os envolvidos no projeto em outras atividades que merecem mais atenção quando necessário (MENEZES, 2002). “Um projeto deve ser encerrado quando a sua missão for atingida, quando a razão pela qual foi iniciado foi obtida e ele pode deixar de ser projeto para fazer parte da rotina da organização” (FREZATTI, 2008, p. 45). NOTA Os ciclos da vida de um projeto no decorrer de seu desenvolvimento apresentam questões consideradas críticas. Segundo Frezatti (2008), algumas destas questões são mais significativas e podem ser observadas no quadro a seguir. 36 UNIDADE 1 — ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS Para compreendemos melhor todas as
Compartilhar