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Estruturas de Aço e Madeira I Vigas de madeira Faculdade de Engenharia Engenharia civil Conceitos gerais As vigas estão sujeitas a tensões normais σ de tração e compressão longitudinais e portanto na direção paralela às fibras. Nas regiões de aplicação de carga, como por exemplo nos apoios, estão submetidas a tensões σcn de compressão normal às fibras. Critérios de cálculo No dimensionamento das vigas de madeira, são utilizados dois critérios básicos: Limitações das tensões; Limitações das deformações A figura a seguir ilustra a configuração deformada de uma viga biapoiada em várias etapas. A configuração 0 corresponde à contra flecha δ0, a qual evolui para a configuração 1 no início da utilização quando ocorre o deslocamento instantâneo δGi referente à carga permanente. Passado um certo tempo t, este deslocamento é acrescido de δGt devido à fluência e do deslocamento δQ devido às cargas variáveis Verificação de tensões em flexão simples No dimensionamento segundo a NBR 7190 de vigas de madeira maciça em flexão simples são verificadas as tensões que seguem. Tensões normais de flexão nos bordos mais comprimidos e mais tracionados: → Verificação de tensões de flexão b) Tensão de compressão normal à fibra, no ponto de atuação da reação de apoio ou de cargas concentradas: Em que b e c são as dimensões da superfície de apoio, onde se introduz a reação R. c) Tensão de cisalhamento paralelo às fibras: Em que τd é a máxima tensão cisalhante de projeto e fvd é a tensão resistente de cisalhamento paralelo às fibras. Verificação de tensões de flexão c) Para seções retangulares, obtém-se: Havendo entalhes no bordo tracionado da viga, como ilustrado na figura a seguir, reduzindo-se a altura h para h’, a tensão cisalhante calculada é: Tabelas para dimensionamento de vigas retangulares O dimensionamento de vigas de madeira é muito facilitado pelo emprego de tabelas. As Tabelas A.7.1 a A.7.4 apresentam as cargas distribuídas máximas, em função do vão, de vigas serradas de diversas seções transversais para madeiras de algumas Classes de Resistência da NBR 7190 nas seguintes condições: combinação normal de ações, Classe 2 de umidade, madeira de 2ª categoria. Exemplo 1 Utilizando as Tabelas A.7, determinar a carga uniforme máxima de uma viga de 7,5 cm x 15 cm, vão de 3 m em Cupiúba de 2ª categoria. fc = 54,4 MPa; fv = 10,4 MPa; Ec = 13627 MPa fck = 0,7 . 54,4 = 38,08 MPa; fvk = 0,54 . 10,4 = 5,6 MPa. (Classe C30 de resistência) Consultando a Tabela A.7.2: pd = γg G + γq Q = 3,00 KN/m Flambagem lateral de vigas retangulares As vigas esbeltas apresentam o fenômeno de flambagem lateral, que é uma forma de instabilidade envolvendo flexão e torção. O fenômeno de flambagem lateral pode ser entendido a partir da flambagem por flexão de uma peça comprimida. Na viga retangular a seguir, a parte superior da seção fica comprimida por ação do momento fletor com tendência à flambagem em torno do eixo de menor inércia. Como a parte inferior da seção está estabilizada pelas tensões de tração, o deslocamento lateral u é dificultado e o fenômeno se processa com a torção ϕ da seção. Flambagem lateral de vigas retangulares Dispensa-se a verificação de tensões de flexão com flambagem lateral nos casos em que: onde l1 é a distância entre os pontos de contenção lateral; Os valores do fator βM para diferentes relações h/b são dados na tabela a seguir: Exemplo 2 Um pranchão de 75 mm x 305 mm de pinho brasileiro de 2ª categoria trabalha como viga, sendo as seções do apoio fixadas lateralmente. Determinar o comprimento l1 entre os pontos de contenção lateral, de modo a evitar a redução de tensão resistente por flambagem lateral (Classe 3 de umidade). fc = 40,9 MPa; Ec = 15225 MPa; h/b = 30,5/7,5 = 4,0 βM = 15,9 kmod = 0,7 x 0,8 x 0,8 kmod = 0,448 fck = 0,7 x 40,9 = 28,63 MPa; fcd = 0,448 x = 9,16 MPa Ec,ef = 0,448 x 15225 Ec,ef = 6820,8 MPa < l1 < 351 cm Vigas retangulares sujeitas à flexão oblíqua Denomina-se flexão oblíqua a solicitação em que as cargas que produzem momentos não ficam situadas em um dos planos principais da seção. As vigas apoiadas em elementos inclinados estão sujeitas à flexão oblíqua, como é o caso de terças de telhado. Vigas retangulares sujeitas à flexão oblíqua As tensões normais máximas combinadas de tração e de compressão se darão nos vértices da seção retangular. A verificação de resistência é feita com a mais desfavorável das expressões a seguir, escritas para tensões de tração e de compressão: Vigas retangulares sujeitas à flexão oblíqua As tensões cisalhantes máximas de projeto τxd e τyd devidas à flexão em cada plano principal devem ser combinadas vetorialmente: A verificação do estado limite de deformação excessiva é expressa por: A deformação para vigas biapoiadas é calculada pela seguinte expressão: Vigas retangulares sujeitas à flexão composta A flexão composta (flexão + esforço normal) de uma viga ser provocado por esforço normal centrado, associado a cargas transversais ou por esforço normal aplicado com uma excentricidade e. A viga recebe tensões provocadas pelo momento fletor e ainda tensões de tração ou compressão simples. No caso de flexotração reta, a tensão de projeto do bordo mais tracionado deve atender à condição: ou Sendo a tensão resistente à compressão menor ou igual à tensão resistente à tração, pode-se verificar a tensão no bordo comprimido pelo momento fletor: Vigas retangulares sujeitas à flexão composta No caso de flexotração oblíqua, a verificação de segurança é feita pelas equações de verificação da flexão oblíqua acrescida do termo σTd/ftd correspondente à tração axial na seção: Exemplo 3 Um pranchão de Ipê de 7,5 cm x 23 cm com ftd 16,9 MPa está sujeito a um esforço de tração axial de 100 KN, originado de carga de longa duração. Verificar a segurança à flexotração numa seção que tenha uma endentação de profundidade c = 3 cm, segundo a altura da seção. Exemplo 4 Verificar a estabilidade de uma viga de Jatobá de 2ª categoria, em ambiente com umidade relativa do ar média igual a 70%, de seção retangular, serrada, com vão de 5 m, para cargas: Permanente g = 2,5 KN/m Variável q = 7,5 KN/m Exemplo 5 Verificar a resistência da terça de telhado em pinho-do-paraná ilustrada na figura, em ambiente Classe 2 de umidade, sendo a combinação das cargas normais. Referências bibliográficas ANDRADE, S.; VELLASCO, P. Comportamento e projeto de estruturas de aço. 1ºed. Rio de Janeiro: PUC-RIO, 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro. MOLITERNO, A. Caderno de Projetos de Telhados em Estruturas de Madeira. 3ºed. São Paulo: Blucher, 2009. PFEIL, W; PFEIL, M. Estruturas de Madeira: dimensionamento segundo a norma brasileira NBR 7190/97 e critérios das normas norte-americana NDS e europeia EUROCODE 5. 6ºed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
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