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ESTRUTURA DE AÇO E MADEIRA PROF. ME. ARTHUR FELIPE ECHS LUCENA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Cristiane Moreschi Danielly de Oliveira Nascimento Fernando Sachetti Bomfim Patrícia Garcia Costa Renata Rafaela de Oliveira Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4 1. CONCEITOS BÁSICOS ..............................................................................................................................................5 1.1 PROCESSO DE PRODUÇÃO DO AÇO ......................................................................................................................5 1.2 CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL DO AÇO ...............................................................................................................6 1.3 PRODUTOS SIDERÚRGICOS DO AÇO ................................................................................................................... 7 1.4 PROPRIEDADES DO AÇO .......................................................................................................................................8 2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS ESTRUTURAS DE AÇO ..............................................................................8 3. AÇÕES EM ESTRUTURAS ........................................................................................................................................9 3.1 NORMATIVAS VIGENTES....................................................................................................................................... 10 3.2 COMBINAÇÃO DE AÇÕES ..................................................................................................................................... 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 16 ESTRUTURAS DE AÇO (CONCEITOS BÁSICOS) PROF. ME. ARTHUR FELIPE ECHS LUCENA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ESTRUTURA DE AÇO E MADEIRA 4WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Com o advento e desenvolvimento das indústrias, as edificações sofreram diversas transformações ao longo dos anos. No que diz respeito à sua concepção estrutural, sistemas outrora constituídos exclusivamente de materiais e processos mais artesanais passaram a incorporar também elementos mais industrializados, como o aço. Caracterizadas por grande uniformidade em suas propriedades e dimensões, mas também com custos e complexidades elevadas, as estruturas de aço ganharam grande destaque no contexto da indústria da construção civil brasileira recentemente. Nesse contexto, a primeira unidade da nossa disciplina visa apresentar a você, aluno, conceitos básicos essenciais para a compreensão do processo de concepção de sistemas estruturais em aço. É importante ressaltar que nesta unidade discutiremos alguns tópicos que são baseados em normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que sofrem alterações periódicas. Portanto, ao utilizar tais conceitos em suas atividades profissionais posteriormente, verifique as mudanças ocorridas nas referidas normativas. Ademais, vale destacar que os tópicos apresentados a seguir certamente serão de grande importância para sua formação profissional. Entretanto, vale lembrar que nessa disciplina não temos a pretensão de esgotar esse tema, de tal forma que, caso deseje se aprofundar no assunto, é importante consultar outras fontes de informação a respeito. Boa leitura! 5WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. CONCEITOS BÁSICOS Existe muita confusão a respeito das diferenças entre aço, ferro, alumínio, metal e outros conceitos similares. Nesse sentido, convém iniciar nossa discussão diferenciando esses conceitos. A química classifica os elementos disponíveis na natureza em quatro grandes grupos: gases nobres, metais, metalóides e elementos indiferentes. Assim, segundo essa classificação, os metais são aqueles que sempre se ionizam positivamente, como sódio, potássio e cálcio. Na área da Engenharia, no entanto, são outras as características dos metais que nos interessam, como brilho, opacidade, condutibilidade térmica e elétrica, dureza e forjabilidade. Como você deve ter notado, os metais se referem a um grupo de elementos com características comuns. Naturalmente, podemos identificar diferentes representantes para esse grupo, como (BAUER, 2019): a. O alumínio, metal simples de coloração cinza clara, leve, de excelente condutibilidade térmica e elétrica, estabilidade e beleza, encontrado em abundância na crosta terrestre é bastante utilizado na construção civil; b. O chumbo, metal de coloração cinza azulada, pesado, utilizado em tubos e na indústria de tintas. O aço, contudo, é um representante um pouco diferente desse grupo. Isso porque ele é considerado uma liga metálica, ou seja, uma mistura homogênea de metais, desenvolvida com o intuito de se obter melhores propriedades do que aquelas encontradas em metais puros. No caso do aço, a mistura se dá entre ferro e carbono, sendo esse último em pequenas quantidades (cerca de 0,008% a 2,11%) (BAUER, 2019). 1.1 Processo de Produção do Aço Na natureza, os componentes do aço não são encontrados puros. O carbono, por exemplo, geralmente é extraído do carvão mineral, que precisa passar pelo processo denominado coqueificação para eliminação de impurezas. Nesse processo, o material é submetido a altas temperaturas (1300 ºC) na ausência de ar, resultando no coque: material poroso e constituído de carbono altamente resistente (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). O ferro, por sua vez, é extraído de algum minério de ferro, como hematita ou limonita. Para eliminar impurezas, passa pelo processo de sinterização, sendo aquecido até que os materiais se fundam. Após resfriado, o material resultante é denominado sínter, que deve ser britado até atingir a granulometria adequada para os processos seguintes (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). Na fase seguinte do processo, coque, sínter e outros componentes são misturados em alto forno, produzindo o ferro gusa. Esse compostopassa então pelo processo de dessulfuração, em que os teores de enxofre do material são reduzidos (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). Em seguida, o material passa por transformações que buscam reduzir o teor de carbono do aço, para que ele atinja a pequena quantidade necessária para a produção. Para isso, injeta-se oxigênio puro sob pressão no interior do ferro gusa. A reação entre oxigênio e carbono reduz o teor de carbono em excesso no material, sendo que os materiais indesejáveis também são eliminados nesse momento (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). Por fim, o aço, em seu estado líquido, é transportado para moldes até se solidificar. Nesses moldes, o aço dá origem a um enorme rolo que posteriormente é cortado em placas, processo conhecido como lingotamento contínuo (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). 6WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Como veremos em breve, o aço dá origem a diferentes produtos siderúrgicos, de tal forma que, para obtenção de cada produto siderúrgico, o material passa por subprocessos distintos. De modo geral, esses subprocessos se distinguem pelo tipo de laminação que é feita. Na laminação a frio, é exercida uma forte pressão sobre os rolos, forçando sua conformação para as dimensões desejadas. Já na laminação a quente, as placas são reaquecidas e conformadas em seu formato final (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). 1.2 Classificação Estrutural do Aço Você deve ter notado que os aços, de uma forma geral, apresentam uma quantidade pouco expressiva de carbono em sua composição. Isso ocorre porque a presença do carbono exerce grande influência em seu comportamento mecânico. Quanto maior o teor de carbono no aço (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016): • Maior sua resistência mecânica; • Menor sua ductibilidade; • Menor sua soldabilidade; • Maior sua susceptibilidade à fratura frágil e ao envelhecimento. Nesse sentido, para uso estrutural, é importante que o material apresente resistência, ductilidade e outras propriedades mecânicas para resistir às cargas. Por essa razão, são mais usados para fins estruturais os aços-carbono e os aços de alta resistência e baixa liga, conforme discutiremos a seguir. Os aços-carbono são aquelas ligas metálicas que definimos anteriormente como sendo compostas por ferro e carbono, sendo esse último com teor de 0,008% a 2,11%. São subdivididos em três grandes grupos (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016): a. Aços de baixo teor de carbono (inferior a 0,3%): compostos de grande ductilidade. Utilizados na construção de pontes e edifícios; b. Aços de médio teor de carbono (superior a 0,3% e inferior a 0,7%): compostos de boa tenacidade e resistência. Utilizados na construção de pontes e edifícios; c. Aços de alto teor de carbono (superior a 0,7%): compostos de elevada dureza e resistência. Utilizados em molas, pequenas ferramentas e engrenagens. Quer entender melhor como o aço é produzido? A Votorantim Siderurgia mostra todo o processo de produção do material: ARAUJO, Tato. Processo Produção do Aço - Votorantim Siderurgia, 2015. Disponível em: https://youtu.be/F2azAmgMZC0. Acesso em: 13 fev. 2021. 7WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os aços-liga, por sua vez, são os aço-carbono que contêm outros elementos de liga. São subdivididos em dois grandes grupos (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016): d. Aços de baixo teor de ligas (inferior a 8%): utilizados na construção de edifícios para fins estruturais; e. Aços de alto teor de ligas (superior 8%): não são utilizados na construção de edifícios para fins estruturais. 1.3 Produtos Siderúrgicos do Aço O aço é um material muito versátil, de forma que diversos elementos podem ser produzidos a partir dele para serem utilizados para diferentes fins. As chapas, por exemplo, são elementos em que duas de suas dimensões são expressivamente superiores à terceira. São produzidas na forma de bobina, por meio de laminação a frio ou a quente. São subdivididas em chapas finas, com espessura inferior a cinco milímetros, ou chapas grossas, quando a espessura excede a esse valor (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). Os perfis laminados, por sua vez, são produtos muito utilizados em estruturas. Possuem uma dimensão bastante superior às demais. Também possuem subclassificações (Figura 1), que estão associadas, principalmente, ao formato de sua seção transversal, entre outras características. Nesse sentido, destacam-se os perfis (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016): a. Perfis I: normalmente utilizados em vigas b. Perfis W: normalmente utilizado em vigas ou pilares; c. Perfis HP: normalmente utilizados em vigas pesadas ou pilares; d. Perfis L (ou cantoneira) e U: normalmente utilizados para ligações entre elementos. Figura 1 – Tipos de perfis de aço. Fonte: Miguel e Carqueja (2016). 8WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Outro produto siderúrgico resultante do aço são as barras. Esses elementos também possuem uma dimensão superior às demais, e podem ter diferentes seções transversais, sendo denominadas redondas, quadradas ou chatas. Costumam ser utilizadas em tirantes (solicitados à tração). Já os tubos se diferenciam das barras à medida que são vazados (ocos). Extremamente leves, são eficientes para lidar com esforços axiais e peças fletidas sob torção (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). Por fim, vale destacar os fios, cordoalhas e cabos, obtidos por meio da trefilação a frio de barras laminadas são bastante utilizados em torres de telecomunicação, linhas de transmissão, ou ainda em pontes estaiadas (BAUER, 2019; MIGUEL; CARQUEJA, 2016). 1.4 Propriedades do Aço Naturalmente, por existirem variações no processo produtivo do aço e em sua composição, não é possível quantificar precisamente propriedades que sejam comuns a todos os aços. No entanto, estabeleceremos a seguir valores de referência para alguns parâmetros que não sofrem alterações sensíveis para a maioria dos aços. Outros parâmetros mais específicos para cada tipo de aço serão detalhados apenas nas próximas unidades da nossa disciplina. Em vista dessas considerações e em consonância com a normativa NBR 8800:2008 (ABNT, 2008), vamos considerar de forma genérica para todos os aços as seguintes características: • Massa específica: ; • Módulo de Elasticidade ; • Coeficiente de Poisson ; • Módulo de Elasticidade Transversal ; • Coeficiente de dilatação térmica 2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS ESTRUTURAS DE AÇO De uma forma geral, as estruturas de aço, por serem constituídas por um material com um processo de produção rigidamente controlado, apresentam propriedades melhores definidas e confiáveis que as demais alternativas para materiais estruturais. Dessa forma, conhece-se com precisão informações como os limites de escoamento e ruptura do material, além de seu módulo de elasticidade. Havendo menor incerteza, é possível utilizar coeficientes de segurança menos elevados no dimensionamento da estrutura, implicando em um processo mais racionalizado. Além disso, citam-se como vantagens (MIGUEL; CARQUEJA, 2016): a. Boa relação resistência/peso; b. Material fabricado em série e com montagem mecanizada, o que reduz prazo final; c. Pode ser desmontado e substituído com facilidade; d. É possível de ser reaproveitado ou reciclado (estima-se em 84%). 9WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Em contrapartida, também existem desvantagens a serem consideradas. Particularmente do ponto de vista sustentável existem diversos desafios, uma vez que há grande quantidade de energia incorporada à produção do material e seus custos são bastante elevados em algumas situações. Além disso (MIGUEL; CARQUEJA, 2016): a. Exige-se mão de obra especializada; b. É difícil a obtenção de aços e perfis em regiões afastadas;c. Há resistência cultural dos trabalhadores e da sociedade, de modo geral; d. É viável apenas para elementos lineares. Para lajes, deve ser associado ao concreto. 3. AÇÕES EM ESTRUTURAS O princípio básico de qualquer sistema estrutural de uma edificação consiste em resistir às cargas que atuam sobre elas. Mas que cargas são essas? Uma vez que se constatam diferentes ações solicitando a estrutura, como considerar seu efeito conjunto? Haja vista a complexidade desse assunto, nessa seção estudaremos os principais aspectos relacionados às ações em estruturas. Primeiramente, precisamos compreender que, de fato, existe uma diversidade de ações passíveis de incidir nos sistemas estruturais das edificações, de tal forma que é conveniente agrupá-las segundo características comuns. Nesse sentido, podemos estabelecer as seguintes classificações (ABNT, 2004): a. Ações permanentes: são cargas que estão sempre presentes enquanto solicitação do sistema estrutural. Além disso, vale destacar que sua intensidade não varia significativamente ao longo da vida útil da estrutura. É o caso do peso próprio do sistema estrutural, ou ainda elementos fixos não estruturais (como paredes de alvenaria) situados sobre a estrutura; b. Ações variáveis: são cargas que nem sempre estão presentes no sistema estrutural, ou cuja intensidade sofre variações sensíveis no decorrer do tempo. Nesse sentido, sua consideração para o dimensionamento estrutural leva em conta a sua probabilidade de ocorrência, como veremos adiante. Como exemplos, podemos citar a força do vento, temperatura e sobrecargas relacionadas à utilização da edificação; Mas afinal, qual o material estrutural mais vantajoso para ser utilizado: o aço, o concreto ou a madeira? A resposta a essa pergunta é complexa e não é a mesma para a cada situação. Isso porque o contexto em que se está inserido para a concepção estrutural da edificação influencia bastante na decisão, envolvendo aspectos como o planejamento estratégico da empresa, aceitação social e disponibilidade de material e mão de obra. Outro aspecto a se considerar são as características do projeto, que podem tornar mais viável determinada solução estrutural ao invés de outra. É o caso, por exemplo, de vigas construídas em condições de grandes vãos: o uso de um elemento de concreto armado, nessa situação, necessitaria de grandes dimensões para ser estável, de modo que poderia se tornar mais caro que a solução em aço (tradicionalmente mais cara que as demais). 10WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA c. Ações excepcionais: são cargas com baixa probabilidade de ocorrência, ou de curta duração. Sua consideração no decorrer do dimensionamento do sistema estrutural depende de critérios estratégicos, econômicos, entre outros. É o caso de terremotos (sismos), impactos, explosões, entre outros. 3.1 Normativas Vigentes A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui várias normativas que tratam sobre a temática das ações em estruturas. Vale salientar que essas normativas são complementares umas às outras, de modo que devem ser analisadas em conjunto para o estudo do tema. Como vimos no tópico anterior, existe uma diversidade de ações permanentes, variáveis e excepcionais que exercem efeitos nas estruturas das edificações. Nesse sentido, a NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de estruturas de edificações (ABNT, 2019) estabelece critérios técnicos para quantificação dessas ações. Em particular, a força do vento que incide em edificações possui uma dinâmica mais complexa, de modo que existe uma normativa específica para auxiliar sua determinação: a NBR 6123:1998 – Forças devidas ao vento em edificações (ABNT, 2013). Por fim, essas ações devem ser consideradas em conjunto para o dimensionamento estrutural da edificação. Contudo, não seria economicamente viável considerá-las necessariamente com máxima intensidade e probabilidade de ocorrência, especialmente em se tratando de ações variáveis. Como você deve imaginar, dificilmente teríamos uma edificação com sua maior sobrecarga de uso ocorrendo simultaneamente ao dia mais solicitado pelo vento, temperatura, entre outras. Assim, o que se faz é realizar uma combinação dessas ações, ponderando suas intensidades e probabilidades de ocorrência por meio de coeficientes de segurança. Em vista da complexidade do tema, existe uma normativa específica para detalhar esse cálculo: a NBR 8681:2003 – Ações e segurança nas estruturas – Procedimento (ABNT, 2004). 3.2 Combinação de Ações A seguir, vamos entender melhor como funciona o procedimento de combinação de múltiplas ações, previsto pela NBR 8681:2003 (ABNT, 2004). Primeiramente, precisamos entender para qual análise estrutural desejamos obter o valor da solicitação atuante na estrutura. Em geral, analisamos as estruturas em relação a duas abordagens distintas (ABNT, 2004): a. Estado Limite Último (ELU): quando queremos verificar a estabilidade da estrutura em relação a fenômenos de comportamento com atingimento da máxima resistência do sistema estrutural, como flambagem, fadiga, fratura, tombamento, escorregamento ou ruptura; b. Estado Limite de Serviço (ELS): quando queremos verificar o desempenho da estrutura em relação a fenômenos que influenciem o uso da edificação, como deflexões, vibrações, deformações permanentes e fissuração. 11WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para cada uma dessas análises, a NBR 8681:2003 (ABNT, 2004) prevê distintos cenários de combinação das ações solicitantes, conforme detalhado no Quadro 1. Cenário Descrição Carregamento Normal É a situação que considera o uso previsto para a construção Carregamento Especial Ocorre quando se consideram ações variáveis de natureza ou intensidade especiais, que superam os efeitos considerados no carregamento normal Carregamento Excepcional Ocorre quando se considera a existência de ações excepcionais, que podem causar efeitos catastróficos na estrutura Carregamento de Construção Ocorre quando se consideram cargas construtivas que podem solicitar à estrutura da edificação de forma crítica ainda em sua fase de construção Quadro 1 – Cenários de carregamento de estruturas. Fonte: Adaptado de ABNT (2004). Analogamente, para análises de ELS, existem ainda subclassificações relacionadas à duração e frequência esperada para as ações variáveis que incidem na estrutura (ABNT, 2004): a. Combinação quase permanente: para analisar ações que se considere que atuem durante grande parte da vida útil da estrutura; b. Combinação frequente: para analisar ações que se considere que se repetem muitas vezes ao longo da vida útil da estrutura; c. Combinação rara: para analisar ações que se considere que se vão atuar no máximo algumas horas durante a vida útil da estrutura. Por razões didáticas e visando a objetividade dos nossos estudos, vamos nos concentrar em combinações de ações considerando Carregamento Normal para o Estado Limite Último (Combinação Normal Última – ELU-CN) e Combinação Quase Permanente para o Estado Limite de Serviço (ELS-QP). Para mais informações sobre os demais cenários de carregamento, é interessante consultar a própria normativa que trata da questão! ABNT. NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas - Procedimento. Rio de Janeiro. 2004. 12WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A respeito da Combinação Normal Última, referente à análise de Estado Limite Último da estrutura, a força solicitante de cálculo Fd, que considera o efeito combinado das ações atuantes na estrutura para fins de seu dimensionamento é dada pela Equação 1 (ABNT, 2004): Em que: • é o coeficiente de segurança de majoração para ações permanentes; • é o valor característico das ações permanentes; • é o coeficiente de segurança de majoração para ações variáveis (cada ação variáveltem seu próprio coeficiente); • é a ação variável considerada como principal (AVP) da referida combinação; • é o coeficiente de minoração de ações variáveis, para ponderar sua intensidade e probabilidade de ocorrência; • é o valor característico das ações variáveis, exceto daquela considerada como ação variável principal (AVP). Como você deve ter observado, a Equação 1 diferencia uma das ações variáveis perante as demais à medida que a considera como “principal”. Na prática, isso significa dizer que essa ação, classificada como principal, ocorrerá com máxima intensidade e probabilidade de ocorrência no cenário considerado na combinação de ações e questões. Mas como definir qual das ações variáveis deve ser considerada a principal? De acordo com a normativa, para cada conjunto de ações, é necessário realizar múltiplas combinações, cada vez considerando uma ação variável como sendo a principal. Assim, ao final das múltiplas combinações, deve ser tomado o valor de Fd crítico, isto é, o valor de maior intensidade dentre todas as combinações (ABNT, 2004). 13WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No caso da Combinação Quase Permanente de Serviço, referente à análise de Estado Limite de Serviço da estrutura, a força solicitante de cálculo Fd,uti, que considera o efeito combinado das ações atuantes na estrutura para fins de seu dimensionamento é dada pela Equação 2 (ABNT, 2004): Em que: • é o valor característico das ações permanentes; • é o coeficiente de minoração de ações variáveis de longa duração; • é o valor característico das ações variáveis. Nesse caso, não há distinção da ação variável principal, de modo que a combinação de ações é realizada uma única vez (ABNT, 2004). Por fim, no que diz respeito aos coeficientes , , e utilizados nas Equações 1 e 2, estes são dados pelas Tabelas 1 a x. Anteriormente, vimos aspectos gerais do processo de combinação de ações, mas ainda existem detalhes a serem considerados em análises mais aprofundadas. É o caso, por exemplo, da diferenciação dos efeitos favoráveis e desfavoráveis das ações. Isso ocorre no caso em que diversas ações atuam em determinado sentido (desfavorável) para a deformação ou ruptura do elemento estrutural. Porém, existem ainda outras ações atuando no sentido contrário, de modo a amenizar essa deformação ou ruptura. Essas últimas, portanto, tem efeito favorável ao elemento estrutural, “ajudando-o” a resistir à solicitação imposta a ele. Nesse caso, elas devem se consideradas com coeficientes de segurança de efeito favorável a estrutura que, em síntese, estabelecem o seguinte (ABNT, 2004): a) Ações permanentes: não devem ser majoradas (coeficiente igual a um, uma vez que não seria razoável considerar uma “ajuda maior” do que aquela de fato calculada); b) Ações variáveis: não devem ser consideradas (coeficiente igual a zero, uma vez que não seria razoável considerar uma “ajuda” que é variável e pode deixar de existir em algum momento ao longo da vida útil da edificação). 14WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tabela 1 – Valores para o coeficiente para carregamento normal. Tipo de ação Efeito Desfavorável Favorável Peso próprio de estruturas metálicas 1,25 1,0 Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,30 1,0 Peso próprio de estruturas moldadas no local 1,35 1,0 Elementos construtivos industrializados1 1,35 1,0 Elementos construtivos industrializados com adições in loco 1,40 1,0 Elementos construtivos em geral e equipamentos2 1,50 1,0 1 Por exemplo: paredes e fachadas pré-moldadas, gesso acartonado. 2 Por exemplo: paredes de alvenaria e seus revestimentos, contrapisos. Fonte: ABNT (2004). Tabela 2 – Valores para o coeficiente para carregamento normal. Tipo de ação Coeficiente de ponderação Efeitos de temperatura 1,2 Ação do vento 1,4 Ações variáveis em geral 1,5 Fonte: Adaptado de ABNT (2004). 15WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tabela 3 – Valores para o coeficiente para carregamento normal. Tipo de ação Coeficientes Cargas acidentais de edifícios Locais em que não há predominância de pesos e equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas 1 0,5 0,3 Locais em que há predominância de pesos e equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas 2 0,7 0,4 Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens 0,8 0,6 Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0 Temperatura Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local 0,6 0,3 Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos Passarelas de pedestres 0,6 0,3 Pontes rodoviárias 0,7 0,3 Pontes ferroviárias não especializadas 0,8 0,5 Pontes ferroviárias especializadas 1,0 0,6 Vigas de rolamento de pontes rolantes 1,0 0,5 1 Edificações residenciais de acesso restrito. 2 Edificações comerciais, escritórios e de acesso público. Fonte: adaptado de ABNT (2004). 16WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa unidade, investigamos o processo produtivo do aço, entendendo todas as etapas de sua produção e seus produtos resultantes. Tais etapas nos ajudaram a compreender certas propriedades do material que nos serão relevantes nas próximas unidades, bem como as vantagens e desvantagens de estruturas desenvolvidas a partir do aço. Finalmente, compreendemos como devem ser consideradas em conjunto as ações atuantes nas edificações, que serão um importante parâmetro para o dimensionamento de estruturas de aço e madeira que discutiremos nas próximas unidades. Este conhecimento é fundamental para a formação profissional do engenheiro civil, visto que este é um dos principais profissionais responsáveis por esse processo. Além da clara importância para a área da engenharia estrutural, habilidades para o dimensionamento de estrutura também são relevantes para diversas outras áreas de atuação deste profissional. Contudo, vale ressaltar que o presente material abordou o assunto de forma básica, sem a intenção de esgotar as discussões sobre o tema. Caso se interesse pelo assunto, é recomendado que você busque mais informações a respeito, atentando-se sempre às leis e normas vigentes durante o período de sua atuação profissional. 1717WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 18 1. ASPECTOS NORMATIVOS ....................................................................................................................................... 19 2. DIMENSIONAMENTO À TRAÇÃO ........................................................................................................................... 19 3. DIMENSIONAMENTO À COMPRESSÃO ................................................................................................................24 4. LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS DE AÇO ...................................................................................................................29 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 31 ESTRUTURAS DE AÇO (DIMENSIONAMENTO À TRAÇÃO E À COMPRESSÃO E LIGAÇÕES) PROF. ME. ARTHUR FELIPE ECHS LUCENA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ESTRUTURA DE AÇO E MADEIRA 18WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O dimensionamento de qualquer estrutura parte de uma simples premissa: garantir que o sistema estrutural em si, tenha resistência de intensidade igual ou superior às cargassolicitantes que atuam sobre ele. No entanto, ainda que a ideia básica seja simples, dimensionar estruturas não é uma tarefa fácil, uma vez que deve ser realizada uma análise sistêmica, considerando os diferentes esforços e fenômenos atuando em conjunto. Especialmente no caso das estruturas de aço, existem grandes preocupações relacionadas à flambagem da estrutura, uma vez que seus componentes tendem a ser esbeltos. Além disso, deve ser dada atenção especial aos seus componentes de ligação, que possuem dimensionamentos específicos. Nesse contexto, a segunda unidade da nossa disciplina visa apresentar a você, aluno, conceitos básicos essenciais para a compreensão do processo de dimensionamento de sistemas estruturais em aço. É importante ressaltar que nesta unidade discutiremos alguns tópicos que são baseados em normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que sofrem alterações periódicas. Portanto, ao utilizar tais conceitos em suas atividades profissionais posteriormente, verifique as mudanças ocorridas nas referidas normativas. Ademais, vale destacar que os tópicos apresentados a seguir certamente serão de grande importância para sua formação profissional. Entretanto, vale lembrar que nessa disciplina não temos a pretensão de esgotar esse tema, de tal forma que, caso deseje se aprofundar no assunto, é importante consultar outras fontes de informação a respeito. Boa leitura! 19WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. ASPECTOS NORMATIVOS A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui uma normativa específica para abordar o dimensionamento dos sistemas estruturais em aço para edificações. Trata-se da NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios (ABNT, 2008). Naturalmente, esse será o instrumento normativo que utilizaremos como referência para nossas discussões nos próximos tópicos. Contudo, vale ressaltar que existem aspectos da referida normativa que não se constituem parte do escopo dessa disciplina, como a temática das estruturas mistas de aço e concreto. Sendo assim, não detalharemos esse tópico discutido na norma. 2. DIMENSIONAMENTO À TRAÇÃO Tração é o esforço que tende a alongar certo elemento estrutural no sentido da força aplicada (BEER, 1995). No caso das estruturas de aço, é comum encontrar barras tracionadas em elementos que exercem função de contraventamento na estrutura, tirantes e banzos inferiores de treliças. Como vimos, a premissa básica no dimensionamento de estruturas submetidas ao esforço de tração consiste em dimensionar um elemento estrutural de tal modo que a sua resistência seja de intensidade igual ou superior ao valor da carga atuante na situação (obtida pelo processo de combinação de ações que vimos na unidade anterior). Nesse sentido, nosso foco nesse momento incide na determinação da resistência de certo elemento estrutural em aço, de dimensões quaisquer. Note que as estruturas em aço, enquanto produtos altamente industrializados, costumam ser disponibilizadas no mercado consumidor em dimensões padronizadas. Assim, diferentemente de outros sistemas estruturais (como as estruturas em concreto armado, por exemplo), o que fazemos no processo de dimensionamento das estruturas em aço é essencialmente verificar a resistência de diferentes perfis de aço disponíveis no mercado (de dimensões dadas pelo fornecedor) em situações de nosso interesse e ainda analisar se atendem ao requisito básico de estabilidade (resistência igual ou superior à solicitação). Assim sendo, naturalmente, iniciamos o processo de dimensionamento identificando parâmetros básicos relacionados à geometria do perfil de aço sendo avaliado e ao tipo de aço do qual ele é composto. Essas informações são extraídas de tabelas de perfis de aço apresentadas por cada fornecedor (como exemplificado na Figura 2) e dos anexos da NBR 8800:2008, especialmente o Anexo A.2 (exemplificado na Tabela 4) (ABNT, 2008). Além da normativa anterior, a fim de aprofundamento nos estudos relacionados a essa temática, recomenda-se a leitura do livro a seguir, considerado por diversos pesquisadores como sendo uma das principais referências literárias no tema do dimensionamento de estruturas de aço. PFEIL, Walter; PFEIL, Michéle. Estruturas de aço: dimensionamento prático. 8. ed. ed. Rio De Janeiro: LTC, 2014. p. 357. 20WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 – Parâmetros geométricos de perfis de aço. Fonte: Ferraz (2018). Tabela 4 – Parâmetros geométricos de perfis de aço. Classificação Denominação Produto Grupo de perfil ou faixa de espessura Grau fy [MPa] fu [MPa] Aços-carbono A36 Perfis 1, 2 e 3 - 250 400 a 550 Chapas e barras A 230 310 A500 Perfis 4 B 290 400 Aços de baixa liga e alta resistência mecânica A572 Perfis 1, 2 e 3 42 290 41550 345 450 1 e 2 60 415 52065 450 550 Chapas e barras 42 290 415 50 345 450 55 380 485 60 415 520 65 450 550 Legenda: fy e fu são, respectivamente, as resistências ao escoamento e à ruptura do material Fonte: Adaptado de ABNT (2008). 21WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O passo seguinte consiste na análise da seção bruta, isto é, sem considerar possíveis aberturas na seção devido à existência de parafusos ou similares. Nessa análise, calculamos um primeiro valor para a força resistente de cálculo em relação ao esforço de tração, NtRd, conforme Equação 3 (ABNT, 2008): Em que: • é a área bruta da seção; • é a resistência ao escoamento do material; • é o coeficiente de segurança em relação ao escoamento da seção bruta, de valor 1,1. A segunda análise a ser realizada se refere à ruptura da seção efetiva, que considera possíveis vazios existentes na seção. Primeiramente, é necessário calcular um coeficiente Ct, que considera o efeito da não uniformidade de transmissão de tensões entre dois elementos estruturais interligados. Esse coeficiente é determinado conforme apresentado na Tabela 5 (ABNT, 2008). Tabela 5 – Determinação do coeficiente Ct. Situação Ct Todos os elementos da seção conectados por solda ou parafuso 1,00 Força de tração transmitida por solda transversal Perfis abertos, com o uso de parafusos, soldas longitudinais ou combinação de soldas longitudinais e transversais Chapas planas com tração transmitida por solda longitudinal Fonte: adaptado de ABNT (2008). Legenda: • Ac é área conectada da seção na ligação com o outro elemento estrutural • Ag é área bruta da seção • ec é a excentricidade da ligação, igual à distância do centro geométrico da seção da barra, G, ao plano de cisalhamento da ligação • lc é o comprimento efetivo da ligação • lw é o comprimento dos cordões de solda • b é a largura da chapa 22WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Em seguida, deve ser determinada a área líquida da seção, conforme Equação 4 (ABNT, 2008): Em que: • é a área líquida da seção; • é a área bruta da seção; • é o diâmetro dos furos existentes na seção (se for o caso); • é a espessura da chapa; • é a distância horizontal entre furos desalinhados; • é a distância vertical entre furos desalinhados. Note que o cálculo da Equação 4 diminui o valor da área líquida conforme se constata a existência de furos (que diminuem a resistência da seção). Em contrapartida, também considera um ganho de resistência (refletido no aumento da área líquida) quando os furos estão desalinhados. Assim, é necessário calcular o valor da área líquida na situação mais crítica da seção, isto é, realizando o corte transversal da seção por meio do caminho de ruptura que retornará ao menor valor para a área líquida (ABNT, 2008). Por exemplo, considere a barra exemplificada na Figura 3, submetida a um esforço axial de tração.Figura 3 – Exemplo do cálculo de An Fonte: acervo do autor 23WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Sua área líquida, An, poderia ser calculada considerando diversos caminhos de ruptura. Por exemplo, podemos testar o caminho vermelho, de modo que o valor de An seria dado pela Equação 5. Por outro lado, também poderíamos pensar no caminho azul, que retorna ao valor de An apresentado na Equação 6. Em vista dos diversos caminhos de ruptura possíveis, devemos adotar aquele que retorna o menor valor de An, considerado crítico. Finalmente, a última etapa da análise da ruptura da seção efetiva consiste no cálculo da área efetiva Ae (Equação 7) e a força resistente de cálculo em relação ao esforço de tração, NtRd (Equação 8). Note, ainda, que obtemos um valor de NtRd para cada verificação realizando, totalizando dois valores distintos. O valor que deve ser usado como referência para o dimensionamento é o valor crítico, isto é, o menor valor entre eles (ABNT, 2008). Em que: • é a resistência à ruptura do material; • é o coeficiente de segurança em relação à ruptura da seção efetiva, de valor 1,35. 24WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. DIMENSIONAMENTO À COMPRESSÃO Compressão é o esforço que tende a achatar certo elemento estrutural no sentido da força aplicada (BEER, 1995). No caso das estruturas de aço, é comum encontrar barras comprimidas em pilares e banzos superiores de treliças. O processo de dimensionamento de elementos estruturais de aço submetidos à compressão (axial) se inicia de forma análoga ao dimensionamento à tração, por meio da obtenção dos parâmetros geométricos da seção da peça e do seu material constituinte. Em seguida, deve ser calculado um parâmetro Q, que trata de um fator de redução que considera o efeito de flambagem local da peça. De acordo com ABNT (2008), o cálculo desse parâmetro é dado pela Equação 9 (ABNT, 2008). Em que: • é a largura da peça; • é a espessura da peça; • é dado pelo Anexo F.1 da NBR 8800:2008 (ABNT, 2008); • é o fator de redução dos elementos AL, dado pelo Anexo F.2 da NBR 8800:2008 (ABNT, 2008); • é o fato de redução dos elementos AA dado pelo Anexo F.3 da NBR 8800:2008 (ABNT, 2008). Essa subdivisão entre elementos AL e AA diz respeito ao tipo de vínculo que cada elemento possui com o restante da peça. Assim, caso o elemento tenha apenas uma borda longitudinal Apoiada (e a outra Livre), ele é classificado como AL. Caso ambas as bordas estejam Apoiadas (vinculadas), ele é denominado AA (ABNT, 2008). A Figura 4 apresenta alguns exemplos. 25WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 – Elementos AL e AA em estruturas de aço. Fonte: ABNT (2008). Para cada grupo, existe uma equação específica para o cálculo de Qs (Tabela 6). Se, no elemento estrutural em análise, existirem dois ou mais elementos AL com fatores de redução Qs diferentes, deve-se adotar o menor destes fatores (ABNT, 2008). 26WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tabela 6 – Cálculo de Qs para cada grupo dos elementos AL da Figura 4. Fonte: ABNT (2008). 27WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O passo seguinte consiste no cálculo da força axial de flambagem, Ne. Esse parâmetro é adequadamente descrito no Anexo E da NBR 8800:2008, e varia dependendo do tipo de flambagem que o elemento estrutural pode sofrer, como (ABNT, 2008): a. Flambagem por flexão em relação ao eixo x: nesse caso, calcula-se o valor de Nex, dado pela Equação 10. b. Flambagem por flexão em relação ao eixo y: nesse caso, calcula-se o valor de Nex, dado pela Equação 11. c. Flambagem por flexão em relação ao eixo z: nesse caso, calcula-se o valor de Nex, dado pela Equação 12. d. Flambagem por flexotorção: nesse caso, calcula-se o valor de Neyz, dado pela Equação 13. Em que: • KxLx é o comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixo x; • Ix é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo x; • KyLy é o comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixo y; • Iy é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo y; • KzLz é o comprimento de flambagem por torção; • E é o módulo de elasticidade do aço; Quando b/t > (b/t)lim, o cálculo de Qa é um processo iterativo. O procedimento é descrito no item F.3 da NBR 8800:2008, mas é de alta complexidade e gera cálculos bastante extensos, de forma que é recomendado o uso de softwares para sua resolução. 28WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Cw é a constante de empenamento da seção transversal; • G é o módulo de elasticidade transversal do aço; • J é a constante de torção da seção transversal; • ro é o raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de cisalhamento, dado por: , onde rx e ry são os raios de giração em relação aos eixos centrais x e y, respectivamente, e x0 e y0 são as coordenadas do centro de cisalhamento na direção dos eixos centrais x e y, respectivamente, em relação ao centro geométrico da seção. Para cada tipo de seção e situação, podem ser necessários diferentes cálculos da força axial de flambagem, conforme equações anteriores. Devem ser calculados todos os Ne´s que se aplicam à situação em análise, sendo adotado ao final o valor de Ne crítico, isto é, o menor valor (ABNT, 2008). De modo geral, ocorre que (ABNT, 2008): a. Em seções com dupla simetria ou simétricas em relação a um ponto, calcula-se Nex, Ney e Nez; b. Em seções monossimétricas, exceto cantoneira simples, calcula-se Nex e Neyz; c. Em cantoneiras simples conectadas por uma aba, calcula-se Nex. A próxima etapa do dimensionamento à compressão consiste no cálculo do índice de esbeltez reduzido, . Este parâmetro é calculado pela Equação 14, em que todas as variáveis já foram devidamente definidas em equações anteriores (ABNT, 2008). De posse do valor anterior, calcula-se em seguida o valor do fator de redução associado à resistência à compressão, , conforme Equação 15 (ABNT, 2008). Finalmente, a força resistente de cálculo em relação ao esforço de compressão, NcRd, é dada pela Equação 16 (ABNT, 2008). Em que: • é o coeficiente de segurança para o dimensionamento de peças comprimidas, de valor 1,1; • Os demais parâmetros já foram definidos anteriormente. 29WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4. LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS DE AÇO Imagine uma situação hipotética em que seja necessária a execução de uma estrutura de aço de grande comprimento. Nesse caso, poderíamos pensar em duas estratégias em relação aos elementos estruturais a serem utilizados: a. Solicitar à indústria a produção de um elemento estrutural no comprimento necessário àquela situação; b. Utilizar peças menores já disponíveis no mercado e executar uma ligação entre eles que permita com que eles trabalhem em conjunto. Na prática, ainda que ambas as alternativas sejam passíveis de análise, a adoção da segunda solução é bastante comum. A utilização de ligações entre elementos estruturais de aço é útil não somente para essas situações, mas também para mudanças de direção entre as peças ou situações similares. De acordo com a NBR 8800:2008 (ABNT, 2008), as ligações metálicas consistem em elementos de ligação (enrijecedores, chapas de ligação, cantoneiras e consolos) e meios de ligação (soldas, parafusos, barras redondas rosqueadas e pinos). Ainda que a normativa apresente procedimentos específicos para o dimensionamento dessas ligações, vamos nos focar especialmente nos aspectos construtivos relacionados a elas, em relação às vantagens e desvantagens das ligações soldadas e parafusadas. No que diz respeito às ligaçõesparafusadas, vale destacar sua rapidez de execução, exigindo pouca disponibilidade de energia elétrica e qualificação da mão de obra, além de boa resposta à fadiga do sistema estrutural. Em contrapartida, como vimos ao longo do processo de dimensionamento até o momento, é necessário cautela nas verificações de estabilidade, por conta da redução da área da seção. Em relação ao aspecto construtivo, também se enfrentam desafios à medida que se exige previsão das peças necessárias e pré-montagem da estrutura para verificar se há perfeita compatibilidade e encaixe entre os furos. As ligações soldadas, por sua vez, se mostram vantajosas à medida que geram economia de material (uma vez que não há furos na seção transversal da peça), apresentando ainda ligações mais rígidas, com o uso de menor quantidade de peças e mais versáteis (à medida que possuem facilidade para se realizar modificações). Por outro lado, ocorre o fenômeno de retração, introduzindo novos esforços à situação, além da necessidade de disponibilidade de energia elétrica e preocupação com o efeito da fadiga da estrutura. Você consegue imaginar qual seria a desvantagem da adoção da primeira solução para essa situação? Dependendo do comprimento necessário ao elemento de aço, pode facilitar a ocorrência do fenômeno de flambagem, que gera instabilidade no sistema estrutural, assim como outros fenômenos similares. 30WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Quer saber mais sobre as ligações em estruturas de aço? Em seu canal do YouTube, o Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) traz mais informações: CBCA. Videoaula 4: Ligações, 2019. Disponível em: https://youtu.be/GLlHhXIw0CQ. Acesso em: 17 fev. 2021. 31WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, conhecemos, em caráter teórico, o processo de dimensionamento de estruturas de aço aos esforços de tração e compressão. Naturalmente, o processo é complexo e trabalhoso, requerendo máxima atenção e cautela ao longo de todo o procedimento. Em relação às ligações em estruturas de aço, conhecemos as principais tecnologias empregadas, reconhecendo suas vantagens e desvantagens. Este conhecimento é fundamental para a formação profissional do engenheiro civil, visto que este é um dos principais profissionais responsáveis por esse processo. Além da clara importância para a área da engenharia estrutural, habilidades para o dimensionamento de estrutura também são relevantes para diversas outras áreas de atuação deste profissional. Contudo, vale ressaltar que o presente material abordou o assunto de forma básica, sem a intenção de esgotar as discussões sobre o tema. Caso se interesse pelo assunto, é recomendado que busque mais informações a respeito, atentando-se às leis e normas vigentes durante o período de sua atuação profissional. 3232WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................33 1. ESTRUTURAS DE AÇO: DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO ....................................................................................34 1.1 ANÁLISE DE FLM ....................................................................................................................................................34 1.2 ANÁLISE DE FLA ....................................................................................................................................................35 1.3 ANÁLISE DE FLT .....................................................................................................................................................36 2. ESTRUTURAS DE AÇO: DIMENSIONAMENTO AO CISALHAMENTO .................................................................37 3. ESTRUTURAS DE MADEIRA: CONCEITOS INICIAIS ............................................................................................38 3.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MADEIRA .....................................................................................39 3.2 ORIGEM E DEFEITOS ............................................................................................................................................40 3.3 PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA ............................................................................................................. 41 3.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA ......................................................................................................44 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................45 ESTRUTURAS DE AÇO (DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO E AO CISALHAMENTO) E ESTRUTURAS DE MADEIRA (CONCEITOS BÁSICOS) PROF. ME. ARTHUR FELIPE ECHS LUCENA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ESTRUTURA DE AÇO E MADEIRA 33WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Como vimos na unidade anterior, o dimensionamento de qualquer estrutura parte de uma simples premissa: garantir que o sistema estrutural em si, tenha resistência de intensidade igual ou superior às cargas solicitantes que atuam sobre ele. Nesse sentido, além dos esforços de compressão e tração axiais, também precisamos nos atentar a outros esforços passíveis de ocorrer nos sistemas estruturais. Nesse contexto, a terceira unidade da nossa disciplina visa apresentar a você, aluno, conceitos básicos essenciais para a compreensão do processo de concepção de sistemas estruturais em aço. É importante ressaltar que nesta unidade discutiremos alguns tópicos que são baseados em normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que sofrem alterações periódicas. Portanto, ao utilizar tais conceitos em suas atividades profissionais posteriormente, verifique as mudanças ocorridas nas referidas normativas. Também vamos iniciar nossas discussões a respeito das estruturas em madeiras, destacando algumas propriedades deste material. A madeira, enquanto material intrinsecamente natural, apresenta algumas propriedades diferenciais em relação ao concreto e ao aço, e que influenciam em seu desempenho mecânico. Vale destacar que os tópicos apresentados a seguir certamente serão de grande importância para sua formação profissional. Entretanto, vale lembrar que nessa disciplina não temos a pretensão de esgotar esse tema, de tal forma que, caso deseje se aprofundar no assunto, é importante consultar outras fontes de informação a respeito. Boa leitura! 34WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. ESTRUTURAS DE AÇO: DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO Compressão é o esforço que tende a modificar o eixo geométrico de um elemento estrutural, encurvando-o (BEER, 1995). No caso das estruturas de aço, é comum encontrar barras fletidas principalmente em vigas. O processo de dimensionamento de elementos estruturais de aço submetidos à flexão se inicia da mesma forma que na análise dos demais esforços, por meio da obtenção dos parâmetros geométricos da seção da peça e do seu material constituinte. Em seguida, procede-se para o dimensionamento específico do esforço de flexão, que consiste em três verificações relacionadas ao Estado Limite Último (ABNT, 2008): a. Flambagem Local da Mesa (FLM); b. Flambagem Local da Alma (FLA); c. Flambagem Lateral com Torção (FLT); De cada uma dessas verificações, é extraído um valor para o momento fletor resistente de cálculo Mrd. Deve ser adotado o menor valor de Mrd obtido (crítico) para comparação com a solicitação atuante na estrutura (proveniente da combinação de ações) (ABNT, 2008). 1.1 Análise de FLM A análise se inicia calculando parâmetros referentes à esbeltez da peça, ,conforme Equações 17 a 19 (ABNT, 2008): Em que: • corresponde à metade da largura da mesa, referente à peça comprimida; • ; • Os demais parâmetros já foram apresentados anteriormente neste material. 35WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A partir da correlação entre esses valores, calcula-se o valor de Mrd, conforme Equação 20 (ABNT, 2008). Em que: • ; • ; • é o coeficiente de segurança do dimensionamento à flexão, de valor 1,1; • Mpl é momento fletor de plastificação da seção transversal, cálculo por • Demais parâmetros já foram identificados anteriormente ou são de uso trivial em resistência dos materiais. 1.2 Análise de FLA A análise é análoga ao processo de FLM, diferenciando-se apenas nas equações utilizadas (Equações 21 a 24). Vale ressaltar ainda que não estudaremos o caso dos perfis de alma esbelta ( ), uma vez que possui processos específicos e complexos de análise (ABNT, 2008). Em que: • corresponde à altura da alma; • ; • Demais parâmetros já foram identificados anteriormente ou são de uso trivial em resistência dos materiais. 36WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 Análise de FLT A análise é análoga aos processos de FLM e FLA, diferenciando-se apenas nas equações utilizadas (Equações 25 a 32) (ABNT, 2008). Em que: • é o comprimento destravado da barra; • é o fator de modificação para diagrama de momento fletor não uniforme. Em vigas biapoiadas com carregamento distribuído, vale 1,14. Em outras situações, consultar o cálculo na NBR 8800:2008 (ABNT, 2008). • Demais parâmetros já foram identificados anteriormente ou são de uso trivial em resistência dos materiais. 37WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. ESTRUTURAS DE AÇO: DIMENSIONAMENTO AO CISALHAMENTO Cisalhamento é o esforço que tende a deslocar paralelamente e em sentido oposto duas seções de uma mesma peça (BEER, 1995). No caso das estruturas de aço, é comum encontrar barras cisalhadas principalmente em vigas. O processo de dimensionamento de elementos estruturais de aço submetidos ao cisalhamento se inicia da mesma forma que na análise dos demais esforços, por meio da obtenção dos parâmetros geométricos da seção da peça e do seu material constituinte. Em seguida, procede- se para o dimensionamento específico do esforço de cisalhamento, que se assemelha bastante ao dimensionamento à flexão. Primeiramente, calculam-se parâmetros relativos à esbeltez da peça, conforme Equações 33 a 35 (ABNT, 2008). Em seguida, determina-se o valor da força cortante resistente de cálculo, Vrd, conforme Equação 36: Em que: • é a força cortante de plastificação, que pode ser obtida pelo critério de ruptura de Von Mises ; • é um parâmetro relativo ao esforço de cisalhamento, dado no item 5.4.3 da NBR 8800:2008 (ABNT, 2008) • Demais parâmetros já foram identificados anteriormente ou são de uso trivial em resistência dos materiais. 38WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. ESTRUTURAS DE MADEIRA: CONCEITOS INICIAIS A madeira é uma alternativa muito interessante do ponto de vista sustentável para constituir os sistemas estruturais das edificações. Em vista de sua versatilidade, é utilizada em diversas estruturas, como pontes (Figura 5), estruturas de coberturas, estruturas aporticadas, Wood Frame, escoramentos, entre outros (PFEIL; PFEIL, 2014). Figura 5 – Ponte em madeira. Fonte: Skitterphoto (2017). A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui uma normativa específica para tratar da temática de estruturas em madeira: é a NBR 7190:1997 - Projeto de estruturas de madeira (ABNT, 1997). Devido à sua publicação não tão recente, já houveram iniciativas de atualização da normativa com contribuições importantes para o tema, como o projeto de norma 7190:2011. Contudo, vale ressaltar que esse projeto de 2011 não foi aprovado até o momento, de forma que vigora a normativa publicada em 1997. Essa normativa embasará nossas discussões daqui por diante. Além da normativa anterior, a fim de aprofundamento nos estudos relacionados a essa temática, recomenda-se a leitura do livro a seguir, considerado por diversos pesquisadores como sendo uma das principais referências literárias no tema do dimensionamento de estruturas de madeira. PFEIL, Walter; PFEIL, Michéle. Estruturas de madeira. 6. ed. Rio De Janeiro: LTC, 2014. p.224. 39WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1 Vantagens e Desvantagens do Uso da Madeira Como vimos, a principal característica que difere a madeira dos demais materiais é a sua origem essencialmente natural. Assim, do ponto de vista sustentável, tem-se diversas vantagens, como a baixa energia gasta para a sua produção: para se ter ideia, o concreto e o aço necessitam, respectivamente, de cerca de 3 e 390 vezes mais energia que a madeira para serem produzidos (PFEIL; PFEIL, 2014). Além disso, a madeira se mostra vantajosa à medida que (PFEIL; PFEIL, 2014): a. é um material renovável e biodegradável; b. contribui para a redução dos níveis de CO2 na atmosfera (fenômeno conhecido como sequestro de carbono); c. tem baixo impacto ambiental (desde que observada a reposição do material, e o uso certificado); d. tem boa performance em termos mecânicos (resistência) e termoacústico; e. tem baixa geração de resíduos sólidos durante a fase de construção; f. acarreta em tempo reduzido de execução da obra. Em contrapartida, a origem da madeira também acarreta em desafios específicos ao material. Tratando-se de um componente essencialmente natural, tem-se alta variabilidade entre diferentes peças, mesmo aquelas extraídas das mesmas espécies de árvores. Ademais, o material também se mostra altamente higroscópico, isto é, possui alto potencial de absorção de água. Isso gera uma necessidade de que sejam previstos tratamentos impermeabilizantes quando o material é exposto à água. Finalmente, também deve haver grandes cuidados em relação à exposição ao fogo e a agentes biológicos, uma vez que o material é bastante suscetível aos efeitos nocivos desses fenômenos (PFEIL; PFEIL, 2014). Vimos que a madeira se mostra bastante vantajosa, em relação aos demais materiais estruturais, do ponto de vista sustentável. Mas, se estamos extraindo esse material diretamente da natureza, isso não deveria causar grandes impactos ambientais e se mostrar, justamente, desvantajoso, do ponto de vista sustentável? Não é bem assim. O que ocorre, na verdade, é que a madeira utilizada de forma legal na construção civil é obtida de florestas cultivadas justamente para esse fim – e devidamente replantadas após a extração. Assim, inclusive se fomenta um fenômeno muito benéfico do ponto de vista sustentável, denominado Sequestro de Carbono: ao longo de seu crescimento, a árvore aprisiona gás carbônico em seu interior, pelo processo de fotossíntese. Já madura, a planta é abatida para uso na construção civil, e esse gás continua aprisionado no seu interior. Como ocorre a reposição da floresta, nascem então outras árvores, capazes de armazenar e aprisionar ainda mais gás carbônico. 40WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2 Origem e Defeitos Como você deve imaginar, a madeira utilizada na construção civil enquanto elemento estrutural se origina das árvores. Devido às suas propriedades físicas e mecânicas, existem várias espécies possíveis de serem utilizadas nesse sentido, de tal forma que convém agrupá-las em dois grandes grupos (PFEIL; PFEIL, 2014): a. Dicotiledôneas: também conhecidas como "madeiras duras" ou "madeiras de lei", apresentam boa qualidade, uma vez que têm grande resistência e densidade. São exemplos: peroba, ipê, aroeira, carvalho, cumaru,angelim, maçaranduba, eucalipto; b. Coníferas: também chamadas "madeiras macias", têm menor durabilidade, resistência e densidade. São exemplos: pinheiro-do-paraná, pinheiro-bravo, pinheiros, pinus, cedro rosa. Além da espécie da madeira, para o adequado uso estrutural, também é necessário se atentar ao processo de crescimento da madeira em si. Isto porque, ao longo do seu ciclo de vida, a madeira pode apresentar diversos defeitos, que prejudicam na sua resistência, aspecto e durabilidade. Destacam-se os seguintes tipos de imperfeições (PFEIL; PFEIL, 2014): a. defeitos de crescimento: originados do resultado de modificações no crescimento e da estrutura fibrosa do material; b. defeitos de secagem: consequência da secagem sem critérios; c. defeitos de processamento: decorrente do desdobro ou do emparelhamento da peça (arestas quebradas ou variação das dimensões); d. defeitos por agentes externos: originados por fungos, insetos ou umidade, causando deterioração da madeira. Ainda em relação aos defeitos das peças de madeira, convém destacar alguns fenômenos mais recorrentes. Nesse sentido, os nós são bastante comuns, uma vez que se tratam de imperfeições em peças de madeira onde outrora existiam galhos. São prejudiciais, à medida que causam alterações na direção das fibras de madeira, o que diminui sua resistência. Além disso, podem se soltar do local durante o corte da peça (PFEIL; PFEIL, 2014). As fendas, por sua vez, são aberturas nas extremidades das peças, devido à secagem rápida da superfície. Haja vista que surgem por conta de procedimentos incorretos de secagem, podem ser evitadas por meio de secagem lenta e uniforme da peça. Já as gretas ou ventas são separações entre os anéis anuais da madeira, provocadas por tensões internas devido ao crescimento lateral da árvore, ou ainda por ações externas, como a ação do vento (PFEIL; PFEIL, 2014). Além das fendas, outros defeitos podem surgir nas peças por conta da secagem incorreta ou armazenamento inadequado da madeira. Geralmente, os fenômenos estão associados à perda de água acelerada ou excessiva da peça, causando contrações em seu volume. Nesse sentido, citam-se os fenômenos de encanoamento, encurvamento, arqueamento ou torcimento da peça. Por fim, vale destacar as imperfeições geradas pelo ataque de agentes biológicos, como moluscos, insetos e fungos, que causam desde buracos a manchas e podridão no material (PFEIL; PFEIL, 2014). 41WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3 Propriedades Físicas da Madeira A principal propriedade física da madeira relevante ao dimensionamento estrutural é o seu teor de umidade (U). Enquanto material altamente higroscópico, a umidade da madeira pode variar substancialmente ao longo do tempo (PFEIL; PFEIL, 2014). Inicialmente, quando a madeira é extraída da natureza, ela é denominada "verde". Nesse momento, ela se encontra saturada, com teor de umidade no intervalo de 65% a 85%. Ao ser exposta ao ambiente, a peça perde água rapidamente, atingindo um teor de umidade de 20% a 30%, em um estágio denominado Ponto de Saturação (PS). Vale destacar que a água perdida pela madeira até o Ponto de Saturação é denominada água livre. Trata-se da água contida no interior da cavidade de células ocas, sendo facilmente eliminada durante a secagem, sem acarretar em variações dimensionais expressivas. Em seguida, a secagem da madeira continua, porém de forma mais lenta. Assim, a madeira atinge teores de umidade no intervalo de 10% a 20%, estado denominado Umidade de Equilíbrio (UE). A água perdida para que se atinja a Umidade Equilíbrio é denominada água impregnada, pois trata do líquido adsorvido pelas paredes das fibras. É difícil de ser eliminada e sua extinção causa variações dimensionais. Como ilustrado na Figura 6, quanto menor o teor de umidade da madeira, maior sua resistência mecânica. Por essa razão, é essencialmente importante que as peças de madeira passem pelo processo de secagem adequado até que se atinja a Umidade de Equilíbrio. Não é comum reduzir o teor de umidade a níveis inferiores que a Umidade de Equilíbrio, uma vez que isso somente seria possível utilizando procedimentos de secagem em estufa, e poderia causar variações dimensionais indesejadas. Quer entender melhor o que são esses defeitos? Em seu canal do YouTube, a Débora Vilarins traz mais informações: VILARINS, D. Defeitos de secagem na madeira, 2017. Disponível em: https://youtu.be/8OAmqIac8bc. Acesso em: 21 fev. 2021. 42WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 – Relação entre a resistência e a umidade da madeira. Fonte: Pfeil e Pfeil (2014). Vale destacar ainda que o valor exato da Umidade de Equilíbrio depende fundamentalmente do clima da região, de tal forma que a NBR 7190:1997 (ABNT, 1997) define classes de umidade correlacionando ambos os fatores (Tabela 7). De forma geral, no entanto, para dimensionamentos no Brasil é razoável que se adote a Umidade de Equilíbrio como sendo 12%. Tabela 7 – Classes de umidade da madeira. Classe de umidade Umidade relativa do ambiente Umidade de equilíbrio da madeira 1 Menor ou igual a 65% 12% 2 Maior que 65% e menor ou igual 75% 15% 3 Maior que 75% e menor ou igual a 85% 18% 4 Maior que 85% durante longos períodos Maior ou igual a 25% Fonte: ABNT (1997). A umidade da madeira interfere diretamente em outro parâmetro físico importante para o dimensionamento estrutural: a densidade. Por essa razão, a NBR 7190:1997 diferencia dois índices de densidade, a saber (ABNT, 1997): a. Densidade básica ( ): é a densidade "real" da madeira, isto é, considera sua massa seca ( ). Porém, o volume considerado é o saturado (como se todos os vazios estivessem preenchidos por água); 43WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA b. Densidade aparente ( ): é a densidade "convencional" da madeira, isto é, considera sua massa e volume quando sua umidade é 12%. É o que ocorre na prática, já que não conseguimos reduzir o teor de umidade a valores mais baixos do que isso. As densidades da madeira são determinadas por meio das Equações 37 e 38, conforme segue (ABNT, 1997): Em que: • é a massa seca da madeira ( ); • é o volume saturado da madeira; • é a massa da madeira com umidade em 12%; • é o volume da madeira com umidade em 12%. Ademais, é possível correlacionar as densidades de peças de madeira em diferentes teores de umidade, por meio da Expressão de Logsdon, apresentada na Equação 39 (ABNT, 1997). Em que: • e são, respectivamente, as densidades aparentes da madeira com umidade de 12% e U% [g/cm³]; • é o coeficiente de retratibilidade volumétrico da madeira, dado pela razão entre a retração volumétrica e o teor de umidade U da madeira, isto é, ; • é a retração volumétrica da madeira; • é o volume da madeira com umidade de U%; • é o volume da madeira com umidade de 0%. 44WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 Propriedades Mecânicas da Madeira Uma das grandes diferenças da madeira em relação a outros materiais estruturais diz respeito ao seu comportamento mecânico ortotrópico. Isso faz com que características e propriedades, como a própria resistência da peça, mudem de acordo com a direção considerada. Assim, a resistência da madeira é diferente, por exemplo, se a carga atuante sobre ela estiver na direção paralela às suas fibras ou perpendicular a elas (PFEIL; PFEIL, 2014). Por essa razão, na identificação dos parâmetros de resistência da madeira, é essencial discretizar o ângulo entre a direção das fibras da peça e a direção em que está sendo considerada a resistência. Por exemplo, o índice se refere à resistência (f) da madeira (w) à tração (t), considerada de forma perpendicular às fibras da peça (ângulo de 90º) (PFEIL; PFEIL, 2014). Paraângulos de até 6º, a variação na resistência da peça em relação ao mesmo parâmetro considerado paralelamente às fibras (0º) é muito pequena, de modo que se considera nesses casos. Para ângulos maiores que 6º, o valor da resistência pode ser determinada por meio de uma correlação entre as resistências dadas nas direções principais ( e ), apresenta na Fórmula de Hankinson (Equação 40) (ABNT, 1997). Outra importante propriedade mecânica da madeira é seu módulo de elasticidade (E). O parâmetro varia para cada espécie de madeira. Além disso, assim como a resistência mecânica, esse parâmetro é influenciado pela direção da peça, de modo que se estima que . Contudo, de modo geral, o módulo de elasticidade não varia com o tipo de esforço ao qual a peça é submetida (ABNT, 1997). Vale ressaltar que, conforme vimos, os parâmetros da peça, inclusive a resistência, são sempre calculados na Umidade de Equilíbrio . Porém, é possível relacionar e determinar resistências em diferentes teores de umidade por meio de uma adaptação na Expressão de Logsdon (Equação 41) (ABNT, 1997): 45WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, vimos outros aspectos do dimensionamento de estruturas de aço, especificamente relacionados aos esforços de flexão e cisalhamento. Além disso, iniciamos nossas discussões a respeito das estruturas de madeira, na qual identificamos diversas diferenças por conta da origem natural do material. Este conhecimento é fundamental para a formação profissional do engenheiro civil, visto que este é um dos principais profissionais responsáveis por esse processo. Além da clara importância para a área da engenharia estrutural, habilidades para o dimensionamento de estrutura também são relevantes para diversas outras áreas de atuação deste profissional. Contudo, vale ressaltar que o presente material abordou o assunto de forma básica, sem a intenção de esgotar as discussões sobre o tema. Caso se interesse pelo assunto, é recomendado buscar mais informações a respeito, atentando-se às leis e normas vigentes durante o período de sua atuação profissional. 4646WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................47 1. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE CÁLCULO ............................................................................................48 2. DIMENSIONAMENTO À TRAÇÃO E À COMPRESSÃO .......................................................................................... 51 3. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO SIMPLES RETA ................................................................................................52 4. DIMENSIONAMENTO AO CISALHAMENTO .........................................................................................................53 5. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO OBLÍQUA E À FLEXOTRAÇÃO .........................................................................53 6. DIMENSIONAMENTO À FLEXOCOMPRESSÃO ....................................................................................................54 7. LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS DE MADEIRA ..........................................................................................................57 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................60 ESTRUTURAS DE MADEIRA (DIMENSIONAMENTO) PROF. ME. ARTHUR FELIPE ECHS LUCENA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ESTRUTURA DE AÇO E MADEIRA 47WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O dimensionamento de estruturas de madeira é um tema bastante complexo de ser estudado. Isso porque, tais quais em outras estruturas, existem diversos esforços a serem considerados, como tração, compressão, flexão e cisalhamento. Além disso, pode ser necessário avaliar o efeito combinado desses esforços, como é o caso da flexo compressão. Nesse contexto, a quarta unidade da nossa disciplina visa apresentar a você, aluno, conceitos essenciais para a compreensão do processo de dimensionamento de sistemas estruturais em madeira. É importante ressaltar que nesta unidade discutiremos alguns tópicos que são baseados em normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que sofrem alterações periódicas. Portanto, ao utilizar tais conceitos em suas atividades profissionais posteriormente, verifique as mudanças ocorridas nas referidas normativas. Ademais, vale destacar que os tópicos apresentados a seguir certamente serão de grande importância para sua formação profissional. Entretanto, vale lembrar que nessa disciplina não temos a pretensão de esgotar esse tema, de tal forma que, caso deseje se aprofundar no assunto, é importante consultar outras fontes de informação a respeito. Boa leitura! 48WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE CÁLCULO Todo dimensionamento de estruturas em madeira se inicia pela análise das características da madeira a ser utilizada para compor o sistema estrutural. Isto porque, enquanto material intrinsecamente natural, as propriedades podem variar mesmo em uma mesma espécie, de modo que devem ser realizados ensaios laboratoriais para se conhecer esses parâmetros (PFEIL; PFEIL, 2014). A quantidade de ensaios necessária pode variar, com base na incerteza que se tem a respeito da madeira em análise. Dessa forma, dá-se origem a três tipos de processos de caracterização distinta, a saber (ABNT, 1997): a. Caracterização completa: para espécies pouco conhecidas. Obtém-se, laboratorialmente, os seguintes parâmetros: , , , , , , , , ; b. Caracterização mínima: para espécies pouco conhecidas. Obtém-se, laboratorialmente, os seguintes parâmetros: , , , , . Os demais parâmetros são obtidos por correlações; c. Caracterização simplificada: para espécies conhecidas. Obtém-se, laboratorialmente, somente . Os demais parâmetros são obtidos por correlações. Vale ressaltar que os valores obtidos nos ensaios laboratoriais são denominados parâmetros médios ( ), sendo algumas referências numéricas disponibilizadas no Anexo E da NBR 7190:1997 (ABNT, 1997). É necessário, ainda, determinar os parâmetros característicos ( ), determinados estatisticamente como sendo aqueles que se tem apenas 5% de chance de serem atingidos. Em geral, utilizamos a correlação expressa nas Equações 42 e 43: Em que: • e são, respectivamente, as resistências à compressão paralela às fibras característica e média; • e são, respectivamente, as resistências ao cisalhamento característica e média. 49WWW.UNINGA.BR ES TR UT UR A DE A ÇO E M AD EI RA | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tendo em vista os parâmetros característicos, é possível estabelecer correlações entre eles, conforme Tabela 7 (ABNT, 1997). Tabela 7 – Correlações entre parâmetros característicos Parâmetro 1 Parâmetro 2 Parâmetro 1 / Parâmetro 2 0,77 0,25 0,05 1,0 0,25 0,15 (coníferas) 0,12 (dicotiledôneas) Fonte: Adaptado de ABNT (1997). Finalmente, é necessário obter os parâmetros de cálculo ou projeto ( ), efetivamente utilizados para o dimensionamento da estrutura de madeira. São determinados a partir da Equação 44 (ABNT, 1997). Em que: • valor de cálculo (pode ser qualquer um dos parâmetros mecânicos que se deseja calcular, em qualquer direção); • valor característico (obtido conforme slide anterior, sendo o mesmo parâmetro e na mesma direção que o que se deseja calcular); • coeficiente de modificação; • coeficiente de segurança ELU (1,4 para cálculos de compressão; 1,8 para cálculos de tração e cisalhamento). O coeficiente de modificação , por sua vez, pode ser determinado por meio do
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