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APOSTILA - 8

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6 Contabilidade das Instituições Financeiras
1. Auditoria Interna do Banco Central (Rotina)
Todas as empresas precisam ser monitoradas, controladas e fiscalizadas, 
principalmente as instituições financeiras, que lidam com um montante muito 
grande de fundos de terceiros.
A instituição fiscalizadora das instituições financeiras é o Banco 
Central do Brasil (BCB ou BACEN). Dessa forma, o BCB zela pela 
Governança Corporativa (GC) em suas auditorias. A GC é um “sistema pelo 
qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos 
entre acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria 
independente e conselho fiscal” (IBGC, 2011).
As boas práticas da GC envolvem os princípios fundamentais 
de transparência (disclosure), equidade (fairness), prestação de contas 
(accountability), cumprimento das leis (compliance) e ética. 
Conheça um pouco mais sobre a Governança Corporativa e a atuação 
do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) nesta missão, 
assistindo ao vídeo indicado.
Como vimos, as instituições financeiras devem enviar mensal, semestral 
e anualmente relatórios para o BCB, justamente para monitoramento e 
controle das instituições financeiras, que deverão ser analisados.
O objetivo da auditoria é obter uma segurança razoável de que as 
operações de crédito:
 ▪ Representam autênticos débitos de clientes;
 ▪ Encontram-se suportadas por documentação hábil (documento idôneo);
 ▪ Representam valores realizáveis, estando suportadas por garantias 
adequadas (estando avalizados);
 ▪ Estão corretamente classificadas e contabilizadas;
 ▪ Foram realizadas em conformidade com as normas do BCB.
Saiba Mais
Assista agora
7Contabilidade das Instituições Financeiras
Segundo a Portaria BACEN 94.591/2017, que divulgou a Política de 
Auditoria Interna do Banco Central do Brasil (BRASIL, 2017, art. 1), no que 
se refere ao papel institucional da auditoria interna do BCB:
Art. 1º: O papel institucional da Auditoria Interna do Banco Central 
do Brasil (Audit) é auxiliar o Banco Central do Brasil (BCB) a 
alcançar seus fins institucionais, avaliando, de forma sistemática, 
objetiva e independente, a eficácia dos processos de gestão de riscos, 
de controle interno e de governança.
São inúmeros os riscos que as instituições financeiras atravessam pelo 
objeto de sua atividade. Os principais riscos relacionados às operações de 
crédito realizadas pelas instituições financeiras com reflexos não desejáveis, na 
opinião do auditor, são:
 ▪ A inadimplência do cliente, afetando a realização futura do ativo, 
com efeito nas demonstrações financeiras;
 ▪ Contabilização inadequada da operação ou de suas atualizações, 
(amortizações, depreciações etc.), distorcendo as demonstrações 
financeiras.
Na avaliação da exatidão dos dados, o auditor precisa saber como as 
informações que podem afetar materialmente as demonstrações financeiras 
são iniciadas, processadas e registradas e se os controles internos estão 
sendo cumpridos.
Veja, a seguir, os aspectos que representam os requisitos mínimos 
para o controle sobre operações de crédito:
 ▪ As políticas relacionadas às operações e às delegação de alçadas 
devem estar claramente definidas em manuais de instruções;
 ▪ Os responsáveis pela aprovação das operações devem conhecer os 
princípios básicos de cada modalidade de operação, as políticas e 
diretrizes da instituição, as leis e os regulamentos aplicáveis. As 
aprovações devem estar claramente documentadas.
 ▪ Os títulos representativos de obrigações ou garantia, os contratos e 
outros documentos devem ser guardados adequadamente;
8 Contabilidade das Instituições Financeiras
 ▪ As liberações dos créditos ocorrem somente após a conferência da 
documentação e do registro das garantias;
 ▪ Deve existir uma adequada segregação entre as funções de 
controle de documentos e garantia, pagamentos, recebimentos e 
registros contábeis;
 ▪ Devem definir procedimentos apropriados para permitir um 
trabalho efetivo de cobrança dos créditos vencidos.
 ▪ As renovações e renegociações de operações de crédito devem ser 
autorizadas em consonância com os níveis de alçadas.
Podemos observar que os controles mencionados são de competência 
de pessoas, funcionários. Os funcionários que trabalham com permissões 
(alçadas) devem ser pessoas de bastante confiança das instituições financeiras, 
pois, por meio delas, as liberações de crédito são efetuadas. Os sistemas 
integrados registram a liberação por meio de senhas pessoais, pois, dessa 
forma, quando confrontadas com as permissões delegadas a cada funcionário, 
fica evidenciado de onde partiu a liberação. Se um funcionário não tem 
determinada permissão, este não poderá realizar alguns tipos de procedimentos.
1.1 Levantamento da Carteira
Além da fiscalização do Banco Central do Brasil e da Comissão de 
Valores Imobiliários, conforme os termos da Lei 9.447/97, as instituições 
financeiras devem passar por auditoria independente (Lei 4.595/64; Lei 
6.385/76) e estes responderão administrativamente perante o BCB pelos 
atos praticados e omissões em que estiverem incorrido no desempenho das 
atividades de auditoria das instituições financeiras.
As instituições financeiras devem ser auditadas por auditores 
independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e 
que atendam aos requisitos mínimos a serem fixados pelo Banco Central do 
Brasil, segundo Niyama e Gomes (2012, p. 174) são:
I – as demonstrações contábeis, inclusive notas explicativas:
a) das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a 
funcionar pelo Banco Central do Brasil, exceto as sociedades de 
crédito ao microempreendedor;
9Contabilidade das Instituições Financeiras
b) das câmaras e prestadores de serviços de compensação e de 
liquidação;
II – as demonstrações contábeis do consolidado econômico-
financeiro (Conef );
III – o documento Informações Financeiras Trimestrais (IFT), na 
forma de revisão especial.
A qualquer momento, a Auditoria Independente pode ser substituída. 
Se a independência da mesma for questionada, por exemplo, pois o papel dos 
auditores independentes é dar credibilidade à informação financeira fornecida 
pelas instituições financeiras.
Um caso muito famoso ocorrido no ano de 2014 foi a crise do Banco 
Panamericano. Muito se questionou sobre falhas na auditoria do Banco 
Central do Brasil e da Auditoria Independente. Assista ao vídeo indicado 
e entenda a importância da auditoria sobre as instituições financeiras. 
As demonstrações financeiras semestrais devem ser publicadas 
acompanhadas do Parecer da Auditoria Independente e do Relatório da 
Administração sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos 
do período.
O levantamento da carteira das instituições financeiras é essencial 
para o devido controle da liberação dos créditos aos diversos clientes. A 
liberação de crédito deve ser respaldada em avaliações confiáveis dos clientes 
e, dependendo do montante liberado, deve estar avalizado de alguma forma 
para que as instituições financeiras não sofram com possíveis inadimplências.
São diversos os processos e as ferramentas utilizadas pelas auditorias 
para verificar, analisar e validar os relatórios e os procedimentos contábeis 
das instituições financeiras, que se espera que sejam aplicados de forma 
independente e ética.
Saiba Mais
Assista agora
10 Contabilidade das Instituições Financeiras
1.2 Auditoria de Caixa
No capítulo 1 do COSIF, em Normas Básicas, encontram-se as contas 
que são consideradas disponibilidades: Caixa, Reservas Livres em Espécie, 
Aplicações em Ouro e Conciliações.
Quando são encontradas diferenças na conta CAIXA, segundo o COSIF 
e a Circular 1.273 devem ser feitos os seguintes procedimentos contábeis:
a) quando a menor, em DEVEDORES DIVERSOS - PAÍS, no 
subtítulo de uso interno Diferenças de Caixa, com indicação do 
nome do funcionário responsável, transferindo-se a diferença não 
regularizada, após esgotados todos os meios usuaise normais de 
cobrança, até o final do semestre seguinte para PERDAS DE 
CAPITAL. Admite-se a transferência antes desse prazo, se ficar 
comprovada a impossibilidade de recuperação;
b) quando a maior, em CREDORES DIVERSOS - PAÍS, no 
subtítulo de uso interno Diferenças de Caixa, transferindo-se a 
diferença não regularizada até o final do semestre seguinte ao da 
ocorrência para GANHOS DE CAPITAL.
Para as instituições financeiras, a conta CAIXA é uma das mais importantes, pois a maioria 
dos valores que efetivamente entram ou saem do banco passa por esta conta. Assim, é de 
suma importância que essa conta seja auditada com mais rigor.
Mais à frente, veremos que várias fraudes (lavagem de dinheiro) 
ocorrem movimentando a conta CAIXA das instituições financeiras.
1.3 Auditoria de Procedimentos
Os procedimentos utilizados pelas instituições financeiras e a extensão 
destes procedimentos dependerão das operações realizadas por cada instituição 
e da avaliação do controle interno.
Importante
11Contabilidade das Instituições Financeiras
Vejamos os procedimentos de auditoria realizados nas instituições 
financeiras:
 ▪ Avaliar o sistema de controle interno contábil relacionado com a 
área de operações de crédito, no tocante a: política de concessão 
de crédito, formalização dos empréstimos e garantias, critérios de 
contabilização das operações, apropriação das rendas e atualizações, 
provisão e baixa de créditos em liquidação;
 ▪ Verificar, por amostragem, as operações de crédito em seus 
regulamentos específicos, documentação e cobrança de encargos;
 ▪ Efetuar exame nos processos de concessão de crédito;
 ▪ Examinar saldo de contas, principalmente do CAIXA e outras sujeitas a 
reajustes mensais, como: variações cambiais, correção monetária etc. 
Os procedimentos de auditoria estão relacionados à prevenção 
à lavagem de dinheiro. Nos anos 80, a prevenção da lavagem de dinheiro 
passou a ser considerada uma estratégia prioritária para o combate ao crime 
organizado e, em especial, ao narcotráfico. Países e organismos internacionais 
passaram a incentivar a adoção de medidas para inibir a proliferação desses 
crimes, firmando diversos acordos internacionais, após a Convenção de Viena, 
no âmbito das Nações Unidas, em 1988 e essa Convenção foi aceita pelo 
Brasil por meio do Decreto 154/1991 (BRASIL, 1991).
Em 1989, foi criado o Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de 
Dinheiro (GAFI/FATF), no âmbito da Organização para a Cooperação e o 
Desenvolvimento Econômico (OCDE), com a finalidade de examinar medidas, 
desenvolver e promover políticas de combate à lavagem de dinheiro. O Brasil 
passou a integrar o GAFI/FATF em 1999, como observador, tornando-se 
membro efetivo em 2000.
O marco brasileiro na prevenção à lavagem de dinheiro foi a aprovação 
da Lei 9.613/1998 (alterada pelas Leis 10.701/2003 e 12.683/2012), conhecida 
como Lei da Lavagem de Dinheiro (ocultação de bens, direitos e valores), que 
criou também o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF. 
(BRASIL, 1998). Até a promulgação desta lei, não existia no ordenamento 
jurídico brasileiro a figura do crime de lavagem de dinheiro.
12 Contabilidade das Instituições Financeiras
O COAF é um órgão de deliberação coletiva com jurisdição em todo 
território nacional, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, “com 
a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar 
e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas nesta lei, 
sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades”, segundo a Lei 
9.613/1998 (BRASIL, 1998, art. 14).
Como uma das autoridades administrativas encarregadas de 
promover a aplicação da Lei 9.613/1998, o Banco Central do Brasil editou 
normas estabelecendo as obrigações das instituições financeiras quanto 
à prevenção de lavagem de dinheiro. Da mesma forma, a Comissão de 
Valores Mobiliários editou a Instrução 301/1999 (CVM, 1999, art. 1), 
alterada pelas Instruções 463/08, 506/11, 523/12, 534/13 e 553/14, na 
qual a CVM regulamenta as obrigações das instituições sujeitas a sua 
regulação e fiscalização, conforme a seguir:
Art. 1º: São regulados pelas disposições da presente Instrução a 
identificação e o cadastro de clientes, o registro de transações e o 
limite de valores, bem como as políticas, procedimentos e controles 
internos para controle das operações e o cadastramento dos clientes 
de que tratam os incisos I, II e III do art. 10, o monitoramento e 
a comunicação das operações e o limite referidos nos incisos I a III 
do art. 11, e a responsabilidade administrativa prevista nos arts. 
12 e 13, todos dispositivos da Lei 9.613, de 3 de março de 1998, 
que trata dos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos 
e valores, inclusive no que se refere à prevenção da utilização do 
sistema financeiro para a prática de tais ilícitos.
Lavagem de dinheiro é a expressão utilizada para definir o processo 
pelo qual um indivíduo ou organização buscam, por meio de operações 
financeiras ou comerciais, dissimular a origem ilícita (ilegal) de recursos ou bens, 
incorporando-os à economia formal. A grosso modo, lavar recursos é fazer com 
que produtos do crime pareçam ter sido adquiridos legalmente, transformando 
em “dinheiro limpo” (dinheiro com aparência lícita, legal) (BB, 2018).
A jurisprudência brasileira consolidou o entendimento de que 
a lavagem de dinheiro é um crime autônomo, ou seja, não é apenas um 
13Contabilidade das Instituições Financeiras
agravante de outro crime. Por exemplo, se alguém obtém recursos financeiros 
por meio de corrupção e o próprio corrupto tenta mascarar a origem ilícita 
por meio de uma simulação, ele cometeu dois crimes; corrupção passiva e 
lavagem de dinheiro. Infelizmente temos vários casos destes como exemplos 
reais no Brasil.
Os mecanismos mais utilizados no processo de lavagem de dinheiro 
envolvem, basicamente, três etapas independentes que, com frequência, 
ocorrem simultaneamente para despistar as ocorrências, conforme veremos a 
seguir na Figura 1.
Figura 1: Etapas da lavagem de dinheiro. Fonte: Adaptado de BB (2018).
Colocação: é o ingresso dos recursos no sistema financeiro ou em 
outras instituições.
Ocultação: a segunda etapa do processo, consiste em dificultar o 
rastreamento dos recursos ilícitos. 
Lavagem de 
dinheiro
Colocação
Ocultação
Integração
14 Contabilidade das Instituições Financeiras
Integração: nesta última etapa, os ativos são incorporados formalmente 
ao sistema econômico. 
O combate à lavagem de dinheiro tem mostrado que determinados 
tipos de entidades, setores e atividades são mais visados pelos criminosos em 
razão de algumas particularidades, como:
 ▪ Complexidade de operações;
 ▪ Rapidez de decisões;
 ▪ Controle fraco ou insuficiente de negociações, bem como das 
partes envolvidas;
 ▪ Falta de registro de operações;
 ▪ Alto índice de liquidez;
 ▪ Subjetividade na avaliação de bens.
Os setores econômicos relacionados como especialmente sensíveis 
(alvos) na Lei de Lavagem de Dinheiro são:
 ▪ Instituições Financeiras;
 ▪ Bolsa de Valores;
 ▪ Seguradoras;
 ▪ Agências de turismo;
 ▪ Joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antiguidades;
 ▪ Revendedoras de veículos;
 ▪ Empresas de factoring;
 ▪ Jogos e sorteios;
 ▪ Imobiliárias;
 ▪ Internet e comércio eletrônico etc.
Vamos entender por que alguns desses setores são mais visados pelos 
criminosos para praticar a lavagem de dinheiro, conforme Figura 2.
15Contabilidade das Instituições Financeiras
Figura 2: Alguns setores visados para a lavagem de dinheiro. Fonte: Adaptado de Mink (2005).
Existem países em situações especialmente suspeitas, segundo 
menciona Mink (2005), como:
 ▪ Paraísos Fiscais: os chamados paraísos fiscais são países ou 
dependências que, por não tributarem a renda, ou por tributarem-
na à alíquota inferior a 20% ou, ainda, por terem uma legislação 
que garante o sigilo relativo à composição societária de pessoas 
jurídicas ou à sua titularidade, oferecem oportunidadesatraentes e 
vantajosas para a movimentação de recursos. 
Instituições Financeiras – No Brasil, controladas 
pelo Banco Central do Brasil , compõem um dos 
setores mais visados pelas organizações criminosas 
para a realização de operações de lavagem de 
dinheiro. A razão disso é que as novas tecnologias 
e a globalização dos serviços financeiros imprimem 
uma velocidade sem precedentes à circulação 
do dinheiro. Em busca de taxas de juros mais 
atraentes, compra e venda de divisas e operações 
internacionais de empréstimo e financiamento, 
recursos misturam-se num vasto circuito de 
transações complexas. Nessas transações, o 
dinheiro “sujo” se confunde com quantias que 
essas instituições movimentam legalmente todos 
os dias, o que favorece o processo de dissimulação 
da origem ilegal.
Seguradoras – o mercado de seguros, capitalização 
e previdência privada aberta, fiscalizados no Brasil 
pela Superintendência de Seguros Privados – 
SUSEP, é outro setor vulnerável à lavagem de 
dinheiro, seja em relação aos acionistas, seja em 
relação aos segurados, subscritores, participantes e 
intermediários. Os acionistas de uma Seguradora 
podem deliberar pela realização de determinados 
investimentos que possibilitem a prática de lavagem 
de dinheiro; os segurados podem apresentar avisos 
de sinistros falsos ou fraudulentos visando também à 
lavagem de dinheiro; os subscritores e participantes 
podem transferir a propriedade de títulos de 
capitalização, promover a inscrição de pessoas 
inexistentes ou falecidas como “laranjas” em planos 
de previdência privada e assim por diante.
DG: Agências de turismo – As agências de turismo 
podem se transformar em um caminho clandestino 
para se remeter dinheiro ao exterior. Algumas delas 
chegam a movimentar milhares de dólares por dia 
em operações com câmbio no mercado paralelo, 
sustentando um esquema de evasão de divisas. 
Essas agências costumam ser bastante simples 
na aparência, porém mantêm um esquema de 
movimentação de dólares, euros e libras entre vários 
países, possibilitando a lavagem de dinheiro.
Bolsa de Valores – As condições favoráveis à 
realização de operações de lavagem de dinheiro 
proporcionadas pelas Bolsas de Valores envolvem 
o alto índice de liquidez dos papéis negociados, a 
realização das operações por meio de corretores, 
a grande competitividade entre os corretores, 
a realização de negócios com características 
internacionais e o curto espaço de tempo em que 
as transações com os papéis podem ser realizadas.
16 Contabilidade das Instituições Financeiras
 ▪ Centros Off-shore: são centros bancários extraterritoriais não 
submetidos ao controle das autoridades administrativas de nenhum 
país, sendo, portanto, isentos de qualquer tipo de controle. 
Os centros off-shore compartilham com os paraísos fiscais a ideia de 
representarem uma finalidade legítima e certa justificação comercial, 
embora ambos estejam envolvidos diretamente nos principais casos 
de lavagem de dinheiro descobertos nos últimos anos envolvendo 
organizações criminosas na execução de manobras ilegais.
 ▪ Países e Territórios não Cooperantes: são países e territórios que 
não colaboram no combate à lavagem de dinheiro por manterem 
legislação que facilita a adoção de práticas que propiciam o crime 
de lavagem de dinheiro, preservando sigilos, permitindo manobras 
legais, dificultando o acesso às informações e o rastreamento de 
recursos obtidos com a prática de ilícitos antecedentes à lavagem 
de dinheiro.
Dessa forma, o COAF entra em ação e tem um papel importantíssimo. 
São competências do COAF, segundo a Instrução CVM 301/1999:
I. coordenar e propor mecanismos de cooperação e troca de 
informações que viabilizem ações rápidas e eficientes na 
prevenção e no combate à ocultação ou à dissimulação de bens, 
direitos e valores;
II. receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de 
atividades ilícitas previstas na lei;
III. disciplinar e aplicar penas administrativas a empresas ligadas a 
setores que não possuem órgão regulador ou fiscalizador próprio; 
IV. comunicar às autoridades competentes, para a instauração dos 
procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de 
fundados indícios da prática do crime de lavagem de dinheiro ou 
de qualquer outro crime.
São diversas as medidas de prevenção à lavagem de dinheiro nas 
instituições financeiras. O BACEN, por meio da Carta Circular 3.542/2012 
(BCB, 2012) e da Circular 3.461/2009 (BCB, 2009), determinou que as 
instituições financeiras e demais instituições sob sua regulamentação devem 
17Contabilidade das Instituições Financeiras
manter atualizados os cadastros dos clientes; manter controles internos 
para verificar, além da adequada identificação do cliente, a compatibilidade 
entre as correspondentes movimentações de recursos, atividade econômica 
e capacidade financeira dos usuários do sistema financeiro nacional; manter 
registros de operações; promover treinamento para seus empregados; 
implementar procedimentos internos de controle para detecção de operações 
suspeitas; e comunicar operações ou situações suspeitas ao Banco Central.
A Carta Circular 3.542/2012 divulga relação de operações e situações 
que podem configurar indício de ocorrência dos crimes previstos na Lei 
9.613/1998 (operações consideradas suspeitas), e estabelece procedimentos 
para sua comunicação ao Banco Central do Brasil.
A Circular 3.461/2009 consolida as regras sobre os procedimentos 
a serem adotados na prevenção e no combate às atividades relacionadas 
aos crimes previstos na Lei da Lavagem de Dinheiro, com ênfase em três 
obrigações das instituições financeiras:
 ▪ implementar políticas, procedimentos e controles internos, de 
forma compatível com seu porte e volume de operações, destinados 
a prevenir sua utilização na prática do crime de lavagem de dinheiro;
 ▪ coletar e manter atualizadas as informações cadastrais de seus 
clientes permanentes;
 ▪ identificar entre seus clientes permanentes quais são Pessoas 
Expostas Politicamente (PEPs).
Pessoas Expostas Politicamente são os agentes públicos que 
desempenham ou tenham desempenhado, nos últimos cinco anos, no Brasil 
ou em outros países, funções públicas relevantes, assim como seus familiares, 
representantes e outras pessoas de seu relacionamento próximo. Esses clientes 
necessitam, conforme previsão legal, de um acompanhamento mais criterioso 
de sua movimentação financeira.
Veremos, a seguir, o que são operações consideradas suspeitas, 
conforme as determinações da Carta Circular 3.542/012. A realização 
das operações ou a verificação das situações apresentadas a seguir podem 
configurar indícios de ocorrência do crime de lavagem de dinheiro.
18 Contabilidade das Instituições Financeiras
São diversas as operações consideradas suspeitas, geralmente relacionadas 
às seguintes tipologias: movimentações em espécie, manutenção de contas, 
atividades internacionais e empregados das instituições financeiras.
Detectada a ocorrência de qualquer operação suspeita, é obrigação da 
instituição financeira comunicar a operação imediatamente ao BACEN.
Além das operações consideradas suspeitas mencionadas anteriormente, 
há duas modalidades de operações em espécie que o Banco Central também 
obriga que sejam comunicadas, conforme Carta Circular 3.461/2009 (BCB, 
2009, art. 13). São elas:
 ▪ as movimentações em espécie de valores iguais ou superiores ao 
limite estabelecido pelo BACEN, atualmente R$ 10 mil, realizadas 
por uma mesma pessoa, conglomerado ou grupo em um mesmo dia. 
Estas operações devem ser registradas pelas instituições financeiras 
e comunicadas ao Banco Central ao fim do dia em que ocorreram;
 ▪ todas as movimentações em espécie de valor igual ou superior a R$ 
100 mil, independentemente de qualquer análise. Essas operações 
devem ser comunicadas ao BACEN no mesmo dia de sua ocorrência, 
durante o horário de expediente bancário.
Quando se refere a operações em espécie, a normatização do BACEN inclui tanto 
depósitos quanto saques.E é importante lembrar que as comunicações, quando feitas 
voluntariamente, não acarretam responsabilidade civil ou administrativa às Instituições, aos 
seus controladores, aos administradores e aos empregados, porém, há entendimento de que 
a omissão de qualquer comunicação poderá caracterizar coautoria da instituição financeira.
De acordo com a Circular BACEN 3.461/2009 (BCB, 2009), as 
instituições financeiras devem coletar e manter atualizadas as informações 
cadastrais de seus clientes permanentes, incluindo, no mínimo:
a. pessoas físicas: nome completo, filiação, nacionalidade, data e local 
do nascimento, documento de identificação (tipo, número, data de 
Importante
19Contabilidade das Instituições Financeiras
emissão e órgão expedidor) e número de inscrição no Cadastro de 
Pessoas Físicas (CPF);
b. pessoas jurídicas: firma ou denominação social, atividade principal, 
forma e data de constituição, informações referidas na alínea “a” 
que qualifiquem e autorizem os administradores, mandatários ou 
prepostos, número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa 
Jurídica (CNPJ) e dados dos atos constitutivos devidamente 
registrados na forma da lei; endereços residencial e comercial 
completos; número do telefone e código de Discagem Direta a 
Distância (DDD); valores de renda mensal e patrimônio, no caso 
de pessoas naturais, e de faturamento médio mensal referente aos 
doze meses anteriores, no caso de pessoas jurídicas; e declaração 
firmada sobre os propósitos e a natureza da relação de negócio 
com a instituição.
As instituições financeiras são ainda obrigadas a manter registros e 
controles internos consolidados que permitam a adequada identificação do 
cliente e a verificação da compatibilidade entre a movimentação financeira e a 
atividade econômica/capacidade financeira dos clientes.
As instituições financeiras devem ainda manter registros, na forma 
estabelecida pelo BACEN, de operações envolvendo moeda nacional ou 
estrangeira, títulos e valores mobiliários, metais ou qualquer outro ativo 
passível de ser convertido em dinheiro. É importante conhecer os clientes das 
instituições financeiras (suas atividades), prevenindo assim contra o crime de 
Lavagem de Dinheiro.
Para conhecer bem o cliente, os seguintes procedimentos devem ser 
observados:
 ▪ Identificar e conhecer o cliente previamente à abertura de conta ou 
à realização de negócios;
 ▪ Identificar e registrar o patrimônio e os recursos financeiros reais e 
presumíveis do cliente;
 ▪ Identificar e registrar referências pessoais, profissionais e bancárias 
do cliente;
20 Contabilidade das Instituições Financeiras
 ▪ Identificar e registrar as atividades profissionais e empresariais do 
cliente;
 ▪ Identificar, registrar e monitorar com especial atenção e prioridade 
os negócios, operações e as movimentações financeiras dos clientes 
classificados como pessoas expostas politicamente – PEP, dos 
clientes que mantêm contas em áreas fronteiriças e dos clientes que 
exercem atividades consideradas de maior risco de ocorrência dos 
crimes de lavagem de dinheiro;
 ▪ Realizar visitas aos clientes pessoas jurídicas para conhecer os clientes;
 ▪ Adotar os procedimentos de identificação cadastral para as 
pessoas jurídicas, de maneira que as exigências alcancem todos os 
representantes, tanto pessoas físicas ou jurídicas;
 ▪ Monitorar a compatibilidade entre as movimentações financeiras 
e a evolução patrimonial dos clientes e sua renda ou faturamento.
A criminalização da lavagem de dinheiro foi exigida por vários 
instrumentos de Direito Internacional, com destaque para a Convenção de 
Viena de 1988, a Convenção Contra o Crime Organizado Transnacional 
de 2000, e a Convenção Contra a Corrupção de 2003. O Grupo de Ação 
Financeira Internacional sugeriu a criminalização logo nas suas primeiras 
recomendações, emitidas em 1990.
O Brasil assinou a Convenção de Viena e, em março de 1998, 
aprovou a Lei 9.613, que tipifica o crime de lavagem de dinheiro. Em 09 
de julho de 2012, foi aprovada a Lei 12.683, que revoga a lista anterior de 
crimes antecedentes necessários para que haja condenação por lavagem. A 
partir dessa data, todos os ilícitos previstos no Código Penal Brasileiro são 
considerados antecedentes.
A pena criminal aplicável aos que praticarem o crime de lavagem de 
dinheiro é de reclusão, de três a dez anos, e multa. 
21Contabilidade das Instituições Financeiras
Síntese 
Nesta unidade de aprendizagem, vimos a importância da auditoria nas 
instituições financeiras com a obrigatoriedade do Banco Central do Brasil, 
em fiscalizar; da Auditoria Independente, em analisar e validar os relatórios 
contábeis; e da CVM, em divulgar as informações dessas instituições.
Abordamos, também, a importância da checagem da conta CAIXA 
e do levantamento dos procedimentos bancários para se ter instituições 
financeiras confiáveis e livres de tentativas de fraudes.
Conhecemos os inúmeros cuidados e preocupações que as instituições 
financeiras adotam para trabalhar contra a lavagem de dinheiro, uma vez 
que são alvos rotineiros de golpistas e estelionatários. Evidencia-se, assim, 
a importância das precauções que devem fazer parte do dia a dia dessas 
instituições financeiras.
22 Contabilidade das Instituições Financeiras
Referências 
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23Contabilidade das Instituições Financeiras
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