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FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS - FAMETRO Direito Romano Família, Casamento e Divorcio MANAUS 2021 2 FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS - FAMETRO Direito Romano Família, Casamento e Divorcio Trabalho apresentado por Luiz Eduardo da Silva Braga Filho, Brenda Myren Aparício Quispe, Nayara Nadja Rodrigues dos Santos, Ryan Lucas da Silva Frazão, Rozimeire Melo Risuenho Cabral e Thayara Paz de Melo à Faculdade Metropolitana de Manaus, como um dos requisitos para a obtenção de nota na matéria de História do Direito. Prof.(a). Silvia Paz MANAUS 2021 3 SUMÁRIO Introdução .................................................................................................................... 04 I – Direito Romano Geral ............................................................................................ 04 I.I – História do Direito Romano ................................................................................ 04 I.I.I – Reinado ............................................................................................................... 06 I.I.II – República ........................................................................................................... 06 I.I.III – Principado........................................................................................................ 08 I.I.IV – Dominato .......................................................................................................... 08 II – Direito de Família .................................................................................................. 09 II.I – Perda dos Direitos Familiares ............................................................................ 10 II.II – Capacidade Familiar ......................................................................................... 11 III - Casamento ............................................................................................................. 11 IV - Divorcio .................................................................................................................. 13 VI - Curiosidades .......................................................................................................... 14 VII – Conclusão ............................................................................................................ 15 VIII - Referencias ......................................................................................................... 15 4 Introdução O presente trabalho tem o objetivo de apresentar informações sobre o “Direito Romano”. Nele serão especificadas as leis romanas que foram relevantes e que fizeram dos Romanos uma nação organizada e prospera, além servir como base para muitas das legislações vigentes atualmente. Será abordado especialmente os direitos da família, casamento e o divórcio, levando em conta como foi o desenvolvimento destes temas junto a sociedade para enfim se tornar lei. Expondo como a posição de uma pessoa dentro da família romana era importante para determinar a sua capacidade jurídica, no campo do direito privado, sendo empregado o termo família em dois sentidos, que serão trabalhados no decorrer do trabalho. Quanto ao casamento romano, será apresentado informações sobre como o casamento e as relações pessoais e patrimoniais dos conjugues eram constituídas, a decadência do casamento e a generalização do casamento. Além de confirmar se o Direito Romano o Divórcio era legal, quais legislações proíbem ou permitem, o que ocorreria em caso de vontade de separação de uma ou das duas partes. Neste sentido, ao buscar levar a maiores quantidades de informações possíveis sobre os temas abordados, buscamos levar o conhecimento que serão uteis para o futuro. Ao fim iremos apresentar 3(Três) itens curiosos do Direito Romano e tentaremos explicá-los. I - Direito Romano Geral I.I – História do Direito Romano O Direito Romano é bastante interessante, pois reúne condições que nenhum outro Direito do passado reúne, pois, devido à grande propagação de seu poderio militar no mundo, a linguagem facilmente traduzida e a quantidade de documentos históricos presentes facilitam o trabalho daqueles poucos que se dedicam a conhecer e compreender as fontes da evolução jurídica ao longo do tempo. A história interna do direito romano é dividida em períodos, a respeito de cuja delimitação é seguida adotando três fases, onde os períodos de tempo acabam não sendo totalmente confiáveis. O direito antigo ou pré-clássico - 149 e 126 a.C - Três fatos, principalmente, despertam a atenção de quem estuda o direito romano no período pré-clássico: o formalismo, materialismo e a atuação dos jurisconsultos na construção do ius ciuile. Estado apenas tem ingerência nela por poucas leis, e a maioria das normas jurídicas decorre do costume ou da interpretatio dos juristas; O direito clássico - 96 a 235 d.C - as três principais características do direito pré- clássico entram em decadência em virtude da atuação dos magistrados com funções judiciárias, entre os quais se destacam os pretores urbanos e peregrinos. durante o final da república e o início do principado, destaca-se o ius honorarium, e apenas quando os imperadores, por meio de constituições imperiais, começam a ditar normas jurídicas é que o 5 Estado passa a atuar decisivamente na elaboração do direito, entrando as demais fontes em decadência. O direito pós-clássico ou romano-helênico - 235 a 565 d.C - O que, principalmente, caracterizou esse período é a circunstância de o direito – como ocorre no mundo moderno – passar a ser elaborado quase exclusivamente pelo Estado, mediante constituições imperiais. A atuação do Estado, na criação do direito, era, a princípio, diminuta, e só gradativamente vai crescendo, evoluindo quase exclusivamente, a elaborar o direito, e desaparecendo a distinção entre o ius ciuile, o ius honorarium e o ius extraordinarium. Vários fatores exerceram influência sobre o direito romano pós-clássico: o cristianismo; a nova constituição política, social e econômica do Império, que passa a ter, depois de Constantino, seu centro de gravidade no Oriente; os direitos provinciais; o empirismo que resulta de toda época de decadência; e o espírito e a preparação doutrinária dos jurisconsultos do Oriente grego. No tempo de Justiniano, o direito romano compilado no Corpus Iuris Ciuilis apresenta os seguintes caracteres: o caráter oriental; o caráter doutrinário; o caráter não formalista; e o caráter cristão; Em Roma o direito privado romano se aplicava, aos cidadãos romanos. Na república não encontramos preceito absoluto e geral que vede a retroatividade da norma jurídica, tanto assim que Cícero nos informa que as leis civis continham geralmente cláusulas proibindo a sua retroatividade. Nos primeiros séculos do império, não registrado juristas clássicos com o princípio da irretroatividade; e sabemos que os senatusconsultos Tertuliano e Orfitiano se aplicavam retroativamente, respeitando, contudo, a sentença irrecorrível e os atos jurídicos cujos efeitos já se tivessem produzido. É indiscutível que o direito romano tem um campo de observação amplo, tanto que ele não é só estudado apenas nos países de tradição romana, mais sim também naqueles países que tem raízes diversas e um desses países é o Brasil, tanto que algumas características podem ser observadas no Código Civil Brasileira de 1916, com isso, podemos encontrar problemas da construção, expansão, decadência e extinção do mais poderoso império que o mundo já conheceu. Analisando a história, observa-se que a Roma iniciou como monarquia,isto quer dizer que a realeza não poderia ser contestada, logo a figura do rei seria importante para entender como se dava as funções jurídicas nesse período. O rei tinha o poder de polícia, as funções de juiz e de sacerdote e amplos poderes administrativos. Logo em seguida houve a queda da realeza, ou seja, se tornou republicano e o rei passou a ser substituído por magistrados eleitos anualmente, que eram denominados juízes, esses por sua vez administram a justiça criminal, exercem a jurisdição voluntária e contenciosa, entre outros. Após a longa luta da plebe por igualdade política com os patrícios conseguiu a vitória uma certa vitória com a criação da Lei das XII Tabuas, que trazia leis que serviriam tanto para a plebe quanto para os patrícios. 6 Com a queda da República se instaurou os Principados onde o Príncipe teria poder sobre os principados e os dividiu em Ocidente e Oriente, mas mantendo o poder Militar do Príncipe, ficando o Senado responsável por orientar. Ao fim do Principado, foi criada a monarquia absoluta chamada Dominato que retornou o poder total para as mãos de apenas um monarca que ficou responsável por todo o império. A utilidade do estudo do direito romano decorre pelo seguinte fato de ser um admirável instrumento de educação jurídica. I.I.I - Reinado Após sua criação Roma era um Reino onde o rei era o magistrado único, vitalício e irresponsável, além do Rei existia também o Senado e os comícios. Os registros mostram que a sucessão do trono era feita por indicação do atual regente, caso não houvesse indicação seria realizada reunião do Senado que deveria escolher o novo Rei. Neste período o Rei tinha o comando supremo do exército, o poder de polícia, as funções de juiz e de sacerdote, e amplos poderes administrativos. Os Senadores serviriam como conselheiros do rei, que também conhecidos como patres que eram escolhidos pelo rei, no início existiam 100 senadores, posteriormente aumentou para 300. Os comícios por cidadãos eram uma assembleia convocada pelo rei, pelo Senado ou pelo Comandante dos Cavaleiros. Reuniam-se, geralmente, ao pé do Capitólio. A vontade do povo era apurada nesses comícios sobre questões relevantes, é dito por alguns estudiosos que os patrícios votavam individualmente, apurando-se, em seguida, a maioria em cada cúria, e dependendo o resultado definitivo do maior número de cúrias em favor da proposta em votação, ou contra ela. É possível, que semelhante ao que ocorria na Grécia antiga, o povo se manifestasse por aclamação. Os comícios eram realizados sempre que se tratava de modificar, em casos concretos, a ordem legal dos cidadãos romanos. Quanto à na alteração do quadro das famílias, na derrogação da ordem legal da sucessão, na dispensa da pena em favor do condenado e a declaração de guerra, ou no rompimento de tratado. Assim, podemos constatar que a fonte do direito romano na realeza vem do costume praticados pelos antepassados e transmitidas a cada geração, sendo ele espontâneo, independente, portanto, da existência de órgãos que o elaborem. A tradição dá notícia, também, da existência, nessa época, de leis régias, atribuindo- as, em sua maior parte, a Rômulo, Numa Pompílio e Tulo Hostílio, e esclarecendo que foram elas, por proposta do rei, votadas pelos comícios por cúrias, e compiladas, nos fins da realeza ou no início da república, por meio do Sexto Papírio; daí ter sido essa compilação denominada ius ciuile papirianum. I.I.II – República A formação da República Romana, foi iniciada que se após o banimento Tarquínio, o Soberbo, de Roma, em 510 a.C sendo formalizada apenas 143 anos depois em 367 a.C devido a fatores como a substituição do rei pela ditadura anual do comandante da cavalaria 7 que foram transformados a praetor maximus e praetor minor, até o surgimento dos cônsules que possuíam poderes iguais. No princípio, os cônsules são os magistrados únicos, com atribuições militares, administrativas e judiciárias. Assim, comandam o exército; velam pela segurança pública; procedem ao recenseamento da população; tomam medidas várias com vista ao bem público; gerem o erário; administram a justiça criminal; e exercem a jurisdição voluntária e contenciosa. Com a formação da República, o Senado se torna o verdadeiro centro do governo, pois antes de deliberar sobre situações importantes os magistrados buscavam o conselho dos senadores. Assim, começou a atuar em diversos setores da Administração Pública de Roma e começou a intervir na política externa. Podendo declarar nulas aquelas cuja votação não obedecera às formalidades legais, controlar a atuação dos comícios, pela confirmação das leis por ele, depois de ter verificado se elas iriam, ou não, contra os costumes e, em caso afirmativo, se a revogação do costume seria justificada. Entretanto, desde a Lei Publilia (339 a.C.), passou o Senado a dar, antes da votação comicial, a auctoritas patrum, que se tornou, assim, mera formalidade. O Senado formado, no início da república, por 300 senadores; Sila elevou esse número a 600; César e o segundo triunvirato (Otaviano, Marco Antônio e Lépido) o aumentaram: o primeiro, para 900; os outros, para mais de 1.000. Até a Lei Ouinia (312 a.C., aproximadamente), eram os senadores designados pelos cônsules. A partir de então, essa atribuição passou para os censores, que podiam escolher os senadores dentre os que tinham ocupado magistraturas, sem distinção entre patrício e plebeu. Os componentes do segundo triunvirato usurparam aos censores essa faculdade. Na República, encontramos quatro espécies de comícios: por cúrias, por centúrias, por tribos e os concilia plebis. Onde cada um trataria de interesses próprios de sua respectiva divisão. Na República as fontes dos Direito passaram a ser compostas por três itens: O Costume, que segue os preceitos dos antepassados, a Lei que tratava das normas aprovadas e Editos dos Magistrados onde os Magistrados ao tomar posse de seu cargo poderiam proclamar o que seria desempenhado na Magistratura, apenas concedendo ou negando ações. No período da República foi criada a Lei das XII Tabuas que foi o resultado da luta entre a plebe e o patriarcado, onde os plebeus queriam garantir seus direitos por meio de um código, freando assim o poder dos Magistrados sobre a plebe. Desta forma foi criada em 462 a.C uma magistratura constituída de 10 membros que deveriam elaborar um código aplicáveis a todos os romanos, patrícios e plebeus. Apenas 12 anos após a criação foi finalizada em 450 a.C a criação da 12 Tabuas que continham o código romano, por isso ficou conhecida como a Lei das 12 Tabuas. 8 I.I.III – Principado Em 13 de janeiro de 27 a.C surgiu o principado, onde Otaviano assume o poder e limite o poder do Senado, dividindo Roma em Províncias Senatoriais que não teriam exército e Províncias Imperiais que teriam tropas, além de limitar o período dos militares a 10 anos. No entanto, apenas em 23 a.C foi consolidada a posição de Otaviano como princips tendo comando geral sobre o exército romano e o estado romano. O Senado que era formado por 1.000 membros foi reduzido a 600 membros no ano de 18 a.C, pois segundo Carlyle com menos membros o funcionamento das assembleias seria melhorado. Neste período o senado era orientado e inspirado pelo príncipe, perdendo assim parte dos poderes que detinha durante a República. Os comícios perdem suas funções judiciais, eleitorais e legislativas ficando apenas com a função de aprovar por aclamação as leis do império, propostas pelo Senado. Nas fontes do Direito Romano, foram adicionados no período do principado, senatus consultos que seriam as deliberações do senado quanto as propostas pelo príncipe, constituições imperiais onde o príncipe apresentava editos, mandatos, rescritos e/ou decretos, e respostas dos jurisconsultos pelo qual o príncipe concedia a alguns juristas umaespécie de patente – o ius publice respondendi – pela qual as suas respostas tinham maior autoridade que a dos juristas sem o ius respondendi. I.I.IV – Dominato No século III d.C., deu-se, depois da morte de Alexandre Severo, crise maior do que a que se verificara nos fins da república. Durante aproximadamente 50 anos, sucederam-se vários imperadores, que não conseguiram se manter por cinco ou seis anos, onde alguns permaneceram no poder apenas meses. Somente no ano 284 d.C com a Ascensão de Diocleciano foi implantada a monarquia absoluta, reorganizando o império que posteriormente foi aperfeiçoada por Constantino. Para minimizar problemas políticos e administrativos no Império, Diocleciano acreditou que poderia resolver as questões dividindo em pars Orientis e pras Occidentis, onde cada um teria um mandatário e seu sucessor. Onde, Diocleciano ficou no comando de pars Orientis e designou seu companheiro Maximiano para augustus da pars Occidentis, mantendo-se superior ao Maximiano. No Dominato, a fonte do direito seria a constituição imperial ao seu lado, persiste o costume como fonte espontânea de direito, mas limitado a preencher as lacunas das constituições imperiais, sendo pequena sua importância para o direito privado. No entanto, continuam em vigor as normas decorrentes das fontes de direito dos períodos anteriores, desde que não revogadas. A influência do cristianismo no direito romano surge no dominato, quando o imperador Constantino, torna o cristianismo a religião oficial do Império. Determinar limites dessa influência é questão bastante complexa não se dúvida de que o cristianismo exerceu uma poderosa influência sobre o direito romano, tanto assim que o dominato, ao invés de se lhes afigurar como época de decadência do direito, se lhes apresentava como período de 9 esplendor, graças às ideias cristãs. O clima de religiosidade da Idade Média era muito propício a essa convicção. Pode-se dizer que a influência cristã se fez sentir, no direito romano, mais fortemente no campo do direito de família, com pequena intensidade, no terreno dos direitos patrimoniais. Em 476 d.C., cai o Império Romano do Ocidente com a deposição de Rômulo Augusto pelos hérulos, que somente foram derrotados pelo exército bizantino de Justiniano 57 anos depois em 533 d.C., com intuito de reunir os dois impérios. Três anos após a morte de Justiniano, os lombardos foram, a pouco e pouco, conquistando aos bizantinos quase toda a península itálica. No século IX nada mais resta nela do domínio bizantino. II – Direito de Família Na era pré-clássica a familia era rigidamente patriarcal tendo o patriarca direitos absolutos, decorrentes do pátrio poder, sobre sua família, gozando de relativa autonomia em face do estado. A organização familiar romana, o pater famílias – chefe absoluto que não teria linha masculina superior podia, por meio dos filii famílias – esposa, descendentes e mulheres - ou dos escravos, realizar negócios jurídicos sem a necessidade de ser representado por uma pessoa sui iuris, estranha à sua família. O pater famílias é pessoa sui iuris; os filii famílias, pessoas alieni iuris. Note-se que, para ser pater famílias, é preciso apenas que se trate de homem que não esteja subordinado a ascendente masculino, não sendo necessário que tenha mulher e descendência. O recém-nascido pode ser pater famílias, pois pater, nessa expressão, quer dizer chefe, e não genitor. Mas, se somente o homem podia ser pater famílias, qual a situação da mulher que não estivesse sob a potestas de ascendente? Ela era, também, pessoa sui iuris, embora não fosse pater famílias. São absolutos os poderes do pater famílias sobre as pessoas e coisas a ele submetidas. É ele o chefe da família, seu sacerdote e juiz; tem poder de vida e de morte sobre todos os membros da família, com total poder sobre os filhos, podendo até vendê-los, no estrangeiro, como escravos. Todo o patrimônio da família lhe pertence, até as pessoas, que lhe são submetidas, ou adquiridas passa a pertencer a ele. Somente ingressa na família quem o pater famílias quiser: até os filhos de sua esposa ele deverá reconhecê-los como seus. E para que uma pessoa alieni iuris saia de sua família é necessário que o pater famílias o consinta, pela emancipação ou pela extinção da manus maritalis. As pessoas que constituem a família proprio iure estão unidas por vínculo que se denomina parentesco que eram o agnatício é o que se transmite apenas pelos homens ou o cognatício o que se propaga pelo sangue, e, em consequência, tanto por via masculina quanto por via feminina. O cognatício só era levado em consideração para proibição de casamento. No direito romano eram levadas em consideração cinco grupos familiares que eram vinculados pelo parentesco e casamento: os gentiles, que descendiam de um antepassado comum, lendário e imemorável, do qual recebiam o nome gentílico; a família comuni iure, conjunto de pessoas que, sendo agnadas, estariam sujeitas à potestas de um pater famílias 10 comuns, se ele fosse vivo; o conjunto de cognados em sentido estrito, isto é, aqueles que, não sendo agnados uns dos outros, estavam ligados apenas pelo parentesco consanguíneo; A família proprio iure, era constituída do pater famílias e o complexo de descendentes que se encontravam sob o poder de um pater famílias; poderiam ingressar na família pessoas que após a aprovação do pater potesta por meio das justas núpcias que nasce 182 após o casamento de seus pais ou até 300 dias após a dissolução do casamento, adoção ou legitimação quando o filho de uma concubina é legitimado. A família natural, agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos, independentemente de o marido e pai ser, ou não, pater famílias da mulher e dos descendentes imediatos. Devida à falta de instrumentos históricos o estudo do direito de família romano destaca principalmente a Família Próprio Iure e Família Natural, sendo os gentiles, família comuni iure e do conjunto de cognados em sentido estrito, apenas incidentemente citado. No direito clássico, ocorreu a evolução da família onde a atuação do pretor na República, e dos imperadores e jurisconsultos no principado, que causou a decadência da família proprio iure, o aumento da importância da família natural e o início da regulamentação das relações familiares. Assim, por meio de constituição imperial foi restrito o pátrio poder, permitindo que o filho peça proteção do estado contra o pai, mediante a processo pertinente. No século II d.C. foi revogado o direito do pai matar o filho sem motivos cabíveis, impedido a venda de filhos e levando ao pai o dever de prover as necessidades dos membros de sua família. No direito pós-clássico, a pena para pais que comentem infanticídio de crianças que não sejam recém-nascidos passa a ser tratado como homicídio e firmou que tudo que o filho ou filha adquire é do próprio e não do pai. Desta forma, conseguimos verificar a evolução do direito de família no império Romano, onde os direitos que foram adaptados seguindo os costumes antepassados foram abrindo espaço para a criação de normas mais completas. II.I – Perda dos Direitos Familiares A perda da liberdade leva a perda dos direitos de cidadão e familiares. Com efeito, quando o homem livre se torna escravo, deixa, também, de ser cidadão romano e de ter uma posição dentro da família, pois o escravo, sendo coisa, não tem cidadania, nem pode ser pater familias ou filius familias. A capitis deminutio media só acarreta a perda do status familiar, quem não é cidadão não pode ser pater familias ou filius familias de uma família romana, e não do status de liberdade aquele que deixa de ser cidadão romano continua a ser homem livre. Há capitis deminutio minima quando a pessoa física perde sua posição dentro de uma família. Isso pode ocorrer quando a pessoa que depende da família passa ater plenos poderes, por ter sido emancipada, saindo, portanto, da família de origem, sem ingressar em outra; ou quando a pessoa alieni iuris muda de uma família para outra onde continua a ser alieni iuris. 11 II.II - Capacidade Familiar A princípio, apenas os que nasceram livres podiam ser interditados como pródigos, pois somente eles recebiam, por herança, a título de herdeiros legítimos, bens familiares, no direito clássico, como a prodigalidade diz respeito a bens de qualquer origem, podem ser declaradas pródigas as demais pessoas, como, por exemplo, os libertos e os filhos emancipados. A incapacidade de fato – seja relativa, seja absoluta – não tem maior importância quando o incapaz é pessoa alieni iuris, porquanto, além de estar subordinado ao pater familias, não tem ele patrimônio a ser administrado. Mas, quando o incapaz – relativa ou absolutamente – é uma pessoa sui iuris, surge o problema da administração de seu patrimônio. Para fazer face a isso, os romanos dispunham de dois institutos jurídicos: a tutela e a curatela, das quais nos ocuparemos mais adiante, na parte especial. III - Casamento A Família Natural tem por base o casamento, acredita-se que o casamento romano foi iniciado da forma de contrato, um ato jurídico semelhante a adoção que deveria ser um acordo comum entre as partes. Ao contrário do que se verifica no direito moderno, em que basta o consentimento inicial para que surja o status de cônjuge que perdura até a morte ou o divórcio, no direito romano o matrimônio se iniciava com o acordo de vontades do homem e da mulher no sentido de se casarem e só perdurava enquanto esse acordo persistisse: não era suficiente, para que o status de cônjuge se mantivesse, o consentimento inicial, mas, sim, o continuado. Por outro lado, e à semelhança do que sucedia com a posse, dois eram os elementos constitutivos do casamento romano: o elemento subjetivo a intenção contínua de os cônjuges permanecerem casados e o elemento objetivo, a convivência, a vida em comum). Em face disso, assim define Bonfante o casamento romano: “É a convivência do homem e da mulher com a intenção de serem marido e mulher”. No período clássico, por influência do cristianismo, a estrutura jurídica do casamento se modificou profundamente sendo que o matrimônio, como ocorre no direito moderno, passa a fundar-se na vontade inicial dos nubentes, desta decorrendo o vínculo conjugal, que, ao contrário do que se verificava no direito clássico, independe da vontade contínua dos cônjuges de serem marido e mulher; e vínculo esse que só se dissolve com a morte ou com o divórcio. Havia duas espécies de casamento que eram implementados em Roma. O casamento cum manu seria aquele em que o homem adquire o poder marital sobre a mulher, que se desvincula da família de origem e ingressa, com seus bens, na de seu marido, como se fosse filha dele, dessa forma, se a mulher, antes de se casar, for alieni iuris, continua a sê-lo na família do marido, depois do casamento cum manu; se sui iuris, torna- se, ao casar-se, alieni iuris; O casamento sine manu – o marido não adquire a manus sobre a mulher, que, em virtude disso, conserva, além de seus bens, o status familiar anterior ao casamento; 12 Antes do casamento poderia ser realizado o chamado esponsais que seria a convenção pela qual duas pessoas de sexo diverso, podendo ser representados por seus patres se comprometem a contrair, no futuro, casamento. Com o passar do tempo acabou sendo transformado pois no período clássico a importância dos esponsais era meramente social no período pós-clássico passou a ter efeito jurídico de prometidos que era equiparado ao de cônjuges, onde caso de rompimento poderia a parte sofrer sanção. Para que o casamento fosse legitimo era preciso cumprir três requisitos que seriam: o Consentimento mútuo entre as partes, puberdade onde no período pré-clássico era realizado um exame individual, posteriormente ficou fixada a idade de 12 anos para as mulheres e 14 anos para o homem ser considerado púbere e Conubium que seria um requisito relativo, porquanto abrange impedimentos que ocorrem apenas entre certos indivíduos como, ter liberdade apenas pessoas livres poderiam casar, ser cidadão onde estrangeiros somente poderiam casar com autorização do príncipe no período do Principado, não estar exercendo serviço militar e se seria seu único matrimonio. Podendo ser impeditivo também o matrimonio caso de parentesco direto agnatício ou cofnaticio, de Afinidade caso cunhados, Condição Social onde era proibido o casamento de um patrício com um plebeu somente sendo abolidas por Justino e Motivos de ordem prática ou política – Não poderiam se casar, mulher adultera, o tutor e/ou curador com seu pupilo antes deste completar 25 anos, sequestrador com sequestrada, Bárbaros com gentilis, cristão com judeu, padrinho com afilhado. No direito romano pré-clássico, as relações pessoais entre marido e mulher eram reguladas, pela moral, no entanto aos poucos foi sendo criado uma espécie de poder marital, podendo o marido retomar sua esposa submetendo-a contra sua vontade. Os patrimônios do marido e da mulher são distintos, dando integral independência econômica, sendo que os romanos jamais conheceram o sistema da autorização marital para que a mulher pudesse praticar atos de conteúdo econômico. Mas esse regime de separação de bens foi amenizado pela instituição do dote, sendo que os bens da mulher sui iuris passam a integrar o patrimônio da família do marido. No entanto, desde épocas remotas o regime de bens adotado, principalmente no casamento a que não se seguia a conuentio in manum, foi o dotal, em que a mulher, seu pater famílias ou um terceiro transfere ao marido bens para ajudá-lo na sustentação dos ônus decorrentes do matrimônio. Os demais bens da mulher, que não integram o dote e que continuam a pertencer-lhe, são denominados, nos textos, bona extra dotem, bona praeter dotem, ou bona parapherna que normalmente seriam administrados pelo marido, que age, com relação a eles, como mandatário da mulher, devendo restituir-lhes quando da dissolução do casamento. Conseguimos verificar três espécies de dote: o dote profectício que era constituído pelo pater familiais da mulher; o dote adventício que provém da própria mulher, ou de outra pessoa que não seu pater famílias; e o dote receptício que é um dote adventício com relação ao qual quem o constitui estabelece que, quando o casamento se dissolver, o marido está obrigado a devolver-lhe os bens dotais. 13 Os filhos eram divididos em três categorias: os legitimi, os nascidos em justae nuptiae os adotivos e, no direito pós-clássico, os legitimados; os vulgos quaesit, que são os filhos gerados de união ilegítima; e os naturales liberi, que, no direito pós-clássico, são os filhos nascidos de concubinato. Quanto aos filhos legitimi que seguem a condição do pai que são ligados pelo parentesco consanguíneo têm, entre si, direitos e deveres. Para o filho que não observe o dever moral de respeito e reverência, há até sanções que são impostas, em caso de insultos ou maus-tratos, pelos praefectus urbi. Os genitores, sem a autorização do pretor, não podiam ser citados em juízo por seus filhos. A estes também não era lícito intentar contra os pais ação infamante. Além disso era proibido deporem uns contra outros em juízo. Por outro lado, os pais, com relação aos filhos, gozavam do beneficium competentiae. Entre ambos, reciprocamente, havia direito a alimentos; ao pagamento de resgate; e a sucessão hereditária. Com relação aos filhos vulgo quaesiti não têm eles, juridicamente, pai. Não há no direito romano a possibilidade de o pai natural reconhecê-los, ou legitimá-los. Apenas duas regras se aplicavam aos filhos vulgo quaesiti: com referência ao pai, são estranhos a ele, não havendo, portanto, entre ambos quaisquer direitos ou deveres;e com relação à mãe – de quem eles seguem a condição –, têm os mesmos direitos que os filhos legítimos. Em virtude desses dois princípios, os vulgos quaesiti nascem sui iuris e entram na família materna e gozam ali de todos os direitos decorrentes do parentesco consanguíneo. Sua mãe tem o dever de educá-los. Entre mãe e filhos há reciprocamente direito a alimentos e direitos sucessórios. Finalmente, quanto aos naturales liberi – que, como salientamos, eram, no direito pós-clássico, os filhos nascidos de concubinato –, além de poderem, pela legitimação, tornando-se filhos legítimos, ficariam sujeitos a regime especial; entre pai e filho natural há, reciprocamente, direitos a alimentos, e direito restrito de sucessão; demais, a capacidade, de ambos, de dar ou receber, um do outro, liberalidade intervivos ou mortis causa sofre restrições. No direito romano, o casamento poderia ser dissolvido sob três circunstância: morte de um dos cônjuges; perda do conubium; e o divórcio. É bastante claro que com a morte de um dos cônjuges causa a dissolução do casamento, em caso de perda do conubuium conforme explicado acima poderia também levar a dissolução do casamento. O divórcio por vontade unilateral, a qualquer tempo, sem formalismo, e independentemente da existência de motivos fixados, previamente, em lei, não era necessário que os cônjuges tivessem a intenção contínua de serem marido e mulher, mas que o casamento perdurava enquanto eles ou um deles não praticassem ato contrário ao que dera início ao casamento: o divórcio. Será mais profundamente explicado esta forma de dissolução a seguir. IV - Divorcio No direito romano, o divórcio acarretaria a dissolução do casamento. Até a época dos imperadores cristãos, o divórcio indicaria a ruptura do casamento podendo ser solicitado por 14 vontade de ambos os cônjuges, ou por apenas um deles, a partir dos imperadores cristãos, porém, divorcio passa a designar o rompimento do matrimônio pela vontade comum de ambos os esposos, e repudio seria a ruptura unilateral do casamento. Nos tempos primitivos, o divórcio foi raro, em virtude da severidade de costumes. O marido não repudiava a mulher a não ser nos poucos casos admitidos pelos costumes. Com a relaxação dos costumes, nos fins da república, os divórcios se tornam frequentes. No entanto, e apesar de o aumento de divórcios concorrer para a diminuição da natalidade legítima, Augusto, que procurou combatê-la, não criou legislação para proibir, apenas determinou, na Lex Iulia de adulteris (de 18 a.C.), que o divórcio deveria ser feito na presença de sete testemunhas, e comunicado ao outro cônjuge. Os imperadores cristãos seguindo a doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio que começaram a combater o divórcio, mas sem proibi-lo. Constantino, admitiu que se o marido ou a mulher pudessem repudiar o outro cônjuge quando ocorressem certas causas. Verificando que o repúdio não possui uma das causas admitidas, o cônjuge que repudiara o outro sofria sanções: se o marido, era ele obrigado a restituir o dote e a não contrair segundas núpcias; se a mulher, perdia ela, em favor do esposo, o dote e as doações nupciais, além de sofrer a pena de deportação. O divórcio pelo consentimento comum dos cônjuges continuou absolutamente livre até Justiniano. No direito justinianeu, distinguem-se quatro espécies de divórcio: diuortium ex iusta causa: é o divórcio realizado por um dos cônjuges, em virtude de o repudiado ter cometido atos que legitimamente justifiquem o repúdio; a relação dessas causas justas, quer quanto ao marido, quer quanto à mulher, se encontra na Novela CXVII; a diuortium bona gratia: é o divórcio decorrente da vontade de ambos os cônjuges, ou apenas de um, e justificado por causas legítimas, como, por exemplo, esterilidade, impotência incurável, voto de castidade; o diuortium sine iusta causa: é o repúdio de um dos cônjuges pelo outro, sem qualquer das causas legítimas que o justifique; e o diuortium communi consensu: é o divórcio realizado de comum acordo por ambos os cônjuges sem que ocorra uma das iustae causae. Quando um dos cônjuges se divorcia do outro sem iusta causa, ou quando dá justa causa para que o outro o repudie, é ele punido com penas pecuniárias e corporais. Por outro lado, estabeleceu Justiniano, na nov. CXVII, cap. 10, que a eles se aplicariam as sanções do divórcio sem justa causa. Esse regime, porém, foi abolido pelo sucessor de Justiniano, Justino II (nov. CXL). V - Curiosidades 1 - Pai poderia vender o filho como escravo Eram absolutos os poderes do patriarca da família sobre as pessoas e coisas a ele submetidas. Ele o chefe, sacerdote e juiz; tinha o poder de vida e de morte sobre todos os membros da família, podendo expor os filhos, ao nascerem; ou, depois, vendê-los, no estrangeiro, como escravos. 2 – Imposto sobre venda de urina 15 As pessoas lavavam suas bocas com urinas, escovavam os dentes com urina tanto que o governo tinha impostos especiais sobre a venda de urina, nunca a urina foi tão cara como em Roma, pois era muito utilizada e usada pelos romanos. 3 – As instabilidades das normas As leis mudavam a livre vontade dos patrícios, onde causa descontentamento por parte dos plebeus que eram os mais prejudicados pois os patrícios modificavam sempre de forma para se favorecer, assim os plebeus exigiram leis escritas, para não ficar à mercê das vontades dos patrícios. Assim foram criadas as Leis das 12 Tabuas. Conclusão O Direito Romano, não pode ser estudado sem compreender a História Romana, onde as formas de governo que foram sendo instituídos no decorrer do tempo nos mais de 1200 anos de história, acabaram por adaptar as leis de acordo com cada período e forma de governo. Neste sentido, verificamos a evolução jurídica romana de acordo com ao longo de sua história, quando as fontes do Direito era apenas os costumes, até o período de sua queda onde a constituição imperial era sua principal fonte. Podemos ainda constatar que a legislação sofreu alterações devido a demandas da sociedade e da religião. O direito de família romano iniciou de forma patriarcal, onde o patriarca teria total poder sobre sua família, suas propriedades e bens ficariam a cargo do patriarca. O pai teria total poder sobre os filhos podendo inclusive vende-los como escravos. Com a evolução da legislação Romana foi abolida essas regras depois de certo tempo trazendo mais proteção para os filhos. O casamento foi uma forma de contrato formulado pela união de duas pessoas em comum acordo entre as partes, que durante grande parte do período de existência de Roma, poderia ser dissolvido facilmente por qualquer uma das partes ou em comum acordo, somente sendo alterado após o cristianismo ser implementado como religião oficial do país. Para que houvesse o casamento teriam as partes que está de acordo com a assinatura do “contrato”, não ter impedimentos legais e ser púbere. Após, a modificação da forma como se divorciar a solicitação deveria ser entregue em conjunto com uma causa justa, no caso de não haver causa era dada uma sanção para a parte solicitante. No entanto, se houver comum acordo entre as partes sobre o divorcio poderiam se divorciar de forma simples. Referências ALVEZ, Jose Carlos Moreira. Direito Romano. 18ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
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