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Síndrome Dispéptica Definição ROMA II: sintomas por pelo menos 12 horas contínuos ou intermitentes, nos 12 meses anteriores. 1. Dor no abdômen superior 2. Nenhuma evidencia de doença orgânica 3. Nenhuma evidencia de que os sintomas melhoram ou estão associados a alterações frequentes ou do padrão do habito intestinal. ROMA III: sintomas por pelo menos 3 meses, contínuos ou intermitentes, com um mínimo de 6 meses de duração. 1. Um ou mais dos sintomas: 2. Empachamento pós-prandial 3. Saciedade precoce 4. Dor epigástrica 5. Queimação gástrica Nenhuma evidencia de doença orgânica. Fatores de risco Idade > 50 anos. Uso de AINES Etilismo Tabagismo Histórico familiar de ulcera péptica Estado emocional Ulceras péptica Fisiopatologia A mucosa gastrintestinal está em um constante processo de descamação e regeneração. O aumento dos fatores agressivos ou a diminuição dos defensivos e de reparação criam condições para a lesão da mucosa. Se persistirem as condições adversas, a lesão poderá ultrapassar a muscularis mucosae e originar a úlcera. Hipersecreção de ácido, gastrina e pepsina: Ocorrem dois mecanismos : maior sensibilidade da célula parietal e menor sensibilidade da Célula G aos mecanismos inibitórios; Maior sensibilidade da célula parietal: Ocorre inicialmente a produção dos primeiros mensageiros químicos que fazem ativação da célula parietal: Cél. Enterocromafins Histamina Células G Gastrina Nervo Vago Acetilcolina > As células parietais possuem receptores específicos para essas substancias , onde elas se ligam em sua membrana > Após ligação, ocorre a ativação do segundo mensageiro ( AMP- cíclico ou canais de cálcio) > Isso causa uma ampliação do estímulo inicial > Gera a produção de ATPase K+ ativada nos canalículos secretores > Resulta na produção e secreção de HCL. Sensib. Diminuída da cel. G aos mecan. Inibitórios: Obs iniciais: as cél. G localizam-se na região antral junto ás cel. D, que são responsáveis pela produção de somatostatina; As células G são estimuladas pelos seguintes componentes: Proteinas semidigeridas, Ca++, aminoácidos, histamina e acetilcolina > Após a gastrina atingir as membranas das cél. Parietais e produzir o HCL, provoca uma queda no PH intraluminal funcional > A queda do PH , é um mecanismo regulatório que funciona como um freio para a célula G( mecanismos H+ dependente) > Ele na verdade , é intermediado pela somatostatina > Como ocorre: A proximidade da célula D com a G, facilita a ação da somatostatina ( dentre diversas ações, reduzem a secreção de hormônios gastrointestinais); > A somatostatina, e difunde e ocupa o receptor nas respectivas células ( via parácrina), exercendo função inibitória; Síndrome Dispéptica H pylori Atuaria em ambos os lados dessa equação, diminuindo a disponibilidade endógena de prostaglandinas (PG) e do fator de crescimento epitelial (EGF = Epithelial Growth Factor), reduzindo a defesa da mucosa, além de aumentar a produção dos fatores agressivos por mecanismos descritos an- teriormente. As PG são responsáveis por estimular a produção de muco e de bicarbonato pelas células epiteliais, influenciam a hidrofobicidade do muco adjacente à superfície epitelial, regulam o fluxo sanguíneo da mucosa e a capacidade de replicação do epitélio. A redução dos níveis de PG resultaria em sério comprometimento dos mecanismos de defesa da mucosa. O EGF é elemento essencial na reparação da mucosa. O comprometimento de sua produção significa redução na capacidade regenerativa da superfície epitelial. Classificações Úlcera gástrica: A úlcera gástrica distingue-se da gastrite pela profundidade da lesão, visto que as úlceras gástricas penetram através da mucosa. A cratera da úlcera é freqüentemente circundada por uma área de mucosa intacta, porém infl amada, sugerindo que a gastrite é uma lesão que predispõe ao desenvolvimento de úlcera gástrica. A maioria das úlceras gástricas ocorre na curvatura menor do estômago. É provável que a úlcera gástrica represente o desfecho de várias anormalidades diferentes. Úlcera duodenal: A exemplo da úlcera gástrica, acredita-se que a úlcera duodenal seja uma conseqüência da infecção por H. pylori, resultando em inflamação da mucosa e alteração das defesas. A secreção excessiva de ácido tem um papel secundário. Vários outros fatores de risco, incluindo dieta, tabagismo e consumo excessivo de álcool, podem influenciar o desenvolvimento de úlceras duodenais, embora não se tenha demonstrado a existência de associações específicas (p. ex., entre café e alimentos condimentados e o desenvolvimento de úlceras). Os fatores genéticos também desempenham um papel; os estudos realizados corroboram a existência de um componente hereditário nas úlceras duodenais distinto daquele envolvido na úlcera gástrica. De forma semelhante, o estresse psicológico tem sido implicado na doença ulcerosa duodenal, talvez através de uma influência mediada de modo autônomo sobre a secreção de ácido. Quadro Clinico A dor abdominal epigástrica (epigastralgia), em queimação, que ocorre 2-3h após as refeições e à noite, que pode ser aliviada pelo uso de antiácidos ou pelo alimento, e que tipicamente irradia para o dorso, é o sintoma mais característico da úlcera duodenal! Alguns pacientes referem que eventualmente acordam à noite (entre 0h e 3h) por causa da dor, coincidindo com o pico de secreção ácida por descarga vagal. Na úlcera gástrica, por outro lado, os sintomas costumam ser desencadeados pelo alimento e alguns pacientes perdem peso. Náusea é mais comum na úlcera gástrica. Os sintomas "clássicos" atribuíveis sempre à doença ulcerosa péptica incluíam dor com sensação de queimação no epigástrio, que era aliviada por antiácidos. Tratamento Inibidores da bomba de prótons Ação: os inibidores da bomba de prótons (IBPs), são medicamentos que inibem a enzima H+, K+- ATPase (ou bomba de prótons) realizando a supressão ácida gástrica. O fármaco é uma base fraca e se acumula no ambiente acido dos canalículos da célula parietal estimulada, onde é ativado. Todo IBP são pro fármacos e exigem sua ativação no ambiente acido do canalículo da célula parietal, o pro farmaco é convertido em sua forma sulfenamida ativa no ambiente ácido e a sulfenamida reage com um resíduo de cistina da H+/K+ atpase , formando uma ligação de dissulfeto covalente. A ligação covalente do fármaco inibe irreversivelmente a atividade da bomba de prótons, levando a uma supressão prolongada e quase completa da secreção de ácidos. Hidróxido de aluminio- antiácidos Ação: Neutralizam diretamente o ácido clorídrico, reagindo como ácido para formar agua e sais. O ions hidróxido reage com ions hidrogênio no estômago, formando água, enquanto o magnésio e o alumínio reagem com bicarbonato nas secreções Síndrome Dispéptica pancreáticas e com fosfatos da dieta para formar sais. Administrados em quantidade suficiente, por tempo suficiente, podem produzir fechamento de úlceras duodenais, mas são menos eficazes para úlceras gastricas. A maioria dos antiáddos em uso comum são sais de magnésio e alumínio. Os sais de magnésio causam diarreia, e os sais de alumínio, constipação, de modo que as misturas dos dois, felizmente, podem ser usadas para preservar a função normal do intestino. O hidróxido de magnésio é um pó insolúvel que forma cloreto de magnésio no estômago. Não produz alcalose sistêmica porque o Mg” e pouco absorvido no intestino. Outro sal, o trissilicato de magnésio, é um pó insolúvel que reage lentamente com o suco gástrico, formando cloreto de magnésio e sílica coloidal. Esse agente tem um efeito antiácido prolongado e também adsorvepepsina. O hidróxido de aluminio eleva o pH do suco gástrico para cerca de 4 e também adsorve pepsina. Sua ação é gradual e seu efeito continua por várias horas. No entanto, foi questionada a segurança, a longo prazo, dos antiácidos que contêm alumínio. O uso prolongado pode debilitar os ossos ao esgotar o fósforo e o cálcio do organismo. Abdômen agudo perfurativo Definição Abdome agudo perfurativo- trata-se de uma das causas mais frequentes de cirurgia abdominal de urgência. A dor tem início súbito, geralmente dramático, já começando de forma intensa, rapidamente atingindo seu pico. O problema advém do extravasamento de secreção contida no trato gastrointestinal para a cavidade peritoneal provocando uma peritonite. A dor tipo somática vem da irritação química do peritônio, sendo que quanto menor o pH, maior a irritação. O exame clinico demonstra silencio abdominal e rigidez muscular. Em 12 horas, a peritonite química torna-se bacteriana aparecendo os sinais de infecção. Tipos ALTA( gastroduodenal e delgado proximal): . Perfurações do delgado proximal comportam-se como as gastroduodenais, com dor abdominal intensa e grande irritação peritoneal. Perfurações do intestino grosso traduzem manifestações clínicas e peritoneais intensas, com evolução rápida para peritonite fecal, devido ao conteúdo altamente infectado desse segmento. BAIXA( delgado distal e cólon): Nas perfurações mais baixas de delgado, a dor abdominal é mais discreta, e os sinais de irritação peritoneal são menos exuberantes, mas originam quadros sépticos mais precoces, em função da flora bacteriana local. Fisiopatologia Está relacionada com a perfuração decorrente de inflamação crônica do trato digestivo, de lesão por corpos estranhos ou por lesão neoplásica. Esta perfuração causa extravasamento de secreção e, posteriormente, peritonite química. Em cerca de 12 horas, a peritonite química torna-se bacteriana, aparecendo sinais de infecção. Quadro Clinico Intervalo curto entre o início da dor e a chegada ao serviço de emergência; Dor súbita, de forte intensidade, com difusão rápida para todo o abdome; Sinais de sepse, hipotensão ou choque estão frequentemente presentes; No exame do abdome, há sinais evidentes de peritonite, ausência de macicez hepática (sinal de Jobert) e de ruídos hidroaéreos. OBS: Algumas vezes, a sintomatologia não é tão exuberante, podendo estar “mascarada” por sintomas decorrentes de afecções clínicas associadas comuns em doentes idosos e imunossuprimidos. Síndrome Dispéptica As perfurações podem ocorrer em peritônio livre com extravasamento de líquido e difusão por toda a cavidade abdominal ou, então, se apresentar de forma bloqueada, com dor e sinais peritoneais localizados, correspondentes à topografia da víscera comprometida. Em tais situações, pode haver retardo no diagnóstico e tratamento da doença. Diagnostico Exame físico: • Inspeção: presença abaulamentos ou retrações. • Palpação: dor à palpação superficial ou profunda de todo o abdome, resistência abdominal involuntária (abdome “em tábua”). • Ausculta: RHA diminuídos ou ausentes (silêncio abdominal). • Percussão: ausência de macicez hepática e timpanismo no hipocôndrio direito (sinal de jobert) OBS: Do ponto de vista clínico, os sinais físicos mais importantes para o diagnóstico do abdome agudo perfurativo é o abdome em tábua à inspeção e o sinal de Jobert à percussão. Contudo, a ausência destes sinais não exclui o diagnóstico desta situação. Ex. de imagem: • Radiografia simples de abdome e tóxax: Pode ser considerado o exame complementar à clínica mais importante para diagnóstico de abdome agudo perfurativo. Ele revela pneumoperitônio, sendo o exame de imagem de escolha. • Ultrassonografia: pode ser dificultado devido à presença de ar na cavidade abdominal. • Tomografia: pode não ser mais importante que a radiografia de abdome no caso de abdome agudo perfurativo.
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