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Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 77 AULA 05 - 8.3.3 Arquivamento e ordenação de documentos de arquivo. 8.4 Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivo. 8.5 Preservação e conservação de documentos de arquivo. SUMÁRIO PÁGINA Sumário 8.4 Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivo e 8.5 Preservação e conservação de documentos de arquivo. ........................................... 1 8.3.3 Arquivamento e ordenação de documentos de arquivo. ........................ 9 (Off Topic) Tipologias documentais e suportes físicos: microfilmagem ......... 30 (Off Topic) Automação .................................................................................. 36 Exercícios Comentados ................................................................................. 38 Questões sem Comentários .......................................................................... 70 8.4 Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivo e 8.5 Preservação e conservação de documentos de arquivo. Este tópico é um desdobramento das atividades típicas do Arquivo Permanente, visto na aula passada. E é perfeitamente natural, já que são os documentos do Arquivo Permanente aqueles que normalmente já sofreram ação prolongada de diversos agentes deteriorantes (justamente pelo seu tempo de existência), demandando maiores cuidados. As atividades de um arquivo não compreendem tão somente a guarda e acumulação de documentos. Muito embora a informação, enquanto bem intangível, não seja passível de perecimento, o suporte em que se encontra gravada a informação não segue a mesma sorte :P. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 77 E todas as coisas, enquanto dotadas de existência material, tendem a se deteriorar. O seu arquivo não será diferente, e uma vez deteriorado o suporte, a informação “se perde”. Assim sendo, o arquivo deve se preocupar com a preservação e conservação dos documentos, estendendo a vida útil dos mesmos e procurando mantê-los o mais próximo possível de seu estado físico original (ou seja, tanto quanto possível, do mesmo jeito em que estavam quando foram criados). Isto envolve a tomada de cuidados, alguns mais simples, outros bastante mais complexos. Comecemos pelos mais simples: o acondicionamento e o armazenamento. Acondicionamento diz respeito à embalagem que guarda os documentos, a fim de preservá-los. O armazenamento refere-se à guarda do próprio documento. É a colocação do documento no arquivo. Veremos mais a frente que questões referentes a estes temas são bastante simples de serem resolvidas. Agora, porque é tão difícil conservar os documentos? Por conta da existência de agentes físicos, químicos e biológicos, que comprometem a integridade dos documentos. Vamos conhecer os principais problemas com os quais teremos de lidar: Agentes Físicos: - Luminosidade: A luminosidade é um dos fatores mais agrava o processo de degradação dos documentos, em especial, os que se encontrem em suporte em papel, pois é uma das principais responsáveis pelo envelhecimento deste material. Não me refiro tão somente à luz solar, mas também à luz da fotocopiadora (quando vamos reproduzir um documento, a máquina emite luz para captar a própria luz refletida pelo documento, o que permite a obtenção da cópia). Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 77 - Temperatura: Temperaturas muito altas ou muito baixas também contribuem para a degradação do papel, acelerando o envelhecimento. Os corpos físicos se expandem à medida que a temperatura aumenta, e se contraem à medida que a temperatura diminui, o que provoca desgaste inevitável no papel. - Umidade: Umidade é a concentração de vapor d’água presente no ar atmosférico, por fatores diretamente relacionados à temperatura do ambiente. Devo lembra-lo que o papel é um material higroscópico (tenso hein? :P). Isto significa dizer que o papel absorve água e perde água de acordo com a concentração da umidade no ambiente em que se encontre (tendendo a manter a mesma concentração de vapor d’agua que o ambiente externo apresente). E adivinha: isto provoca dilatação e contração das fibras, do mesmo jeito que ocorreria se a temperatura subisse ou descesse. Já viu o desastre né? Quanto aos agentes químicos, os mais estudados são os seguintes: - Poluição Atmosférica: Costuma-se referir aqui à fumaça dos grandes centros urbanos e à poeira igualmente inevitável por se morar na cidade grande. Os componentes da poluição podem reagir com o papel, gerando reações que aceleram a degradação do suporte. - Tintas: Este aqui é o ápice da ironia. A tinta impressa no papel colabora para a deterioração do mesmo (assim como o seu sangue é o principal agente causador do envelhecimento das células :P). Não que haja muita defesa, mas você precisa saber que a tinta também é um problema. Tintas a base de óxido de ferro, por exemplo, aumentam a acidez do papel, acelerando sua deterioração. - Gordura (oleosidade): Que Deus o perdoe por entrar com aquele sanduba de banha de porco com molho rosê dentro do arquivo. Contudo, não é essa a oleosidade imaginada pelos doutrinadores. Fala-se aqui do manuseio dos documentos pelas suas mãozinhas, que são, naturalmente, oleosas. Documentos mais sensíveis a este fator (como negativos e fotografias) normalmente requerem o manuseio com luvas de algodão, para impedir o contato direto da pele. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 77 - Objetos Metálicos: Que atire a primeira pedra aquele que nunca utilizou clipes de metal para marcar páginas e depois retomar os estudos. Todavia, os processos que vão ser arquivados devem se encontrar livres deste material, e tanto quanto possível, deve se evitar o contato do papel com objetos metálicos de qualquer natureza, optando-se por clipes de plástico. Não que você precise saber disso, mas os metais de aplicação comercial mais comuns (ferro, cobre, estanho, entre outros) encontram-se na forma de íons positivos na natureza, tendendo a se unir a átomos de oxigênio para adquirir estabilidade molecular. Isto se chama oxidação (e se fosse ferro, falaríamos de ferrugem :P), que embora gere um composto estável, em nada colabora para manutenção do seu arquivo. E para terminar esta parte introdutória, faltou falar dos agentes biológicos, que são representados pelos organismos vivos que atacam o papel. Traças, fungos, ratos e insetos são bons exemplos, embora o sujeito lá em cima com o sanduíche de banha de porco com molho rosê também seja um fator biológico que merecia ser exterminado :P; Brincadeiras a parte, o ser humano por vezes é incluído como fator biológico de degradação dos documentos, e as vezes é incluído em categoria separada, como “fator humano”.Já conhecemos os fatores que degradam os documentos. Pequenos cuidados são suficientes para mantê-lo a salvo (mencionarei uma série deles para cada tipo de suporte), mas o que seu examinador realmente deseja aqui é que você conheça as técnicas de conservação preventiva dos documentos (não é restauração!!!). Conservação preventiva diz respeito a ações diretas, com a finalidade de resguardar o objeto (especialmente os documentos), consistindo assim em ações de prevenção contra possíveis danos ao referido objeto. Repare que o dano ainda não ocorreu, e assim, buscamos evitá-lo. Restauração, como veremos mais a frente, é procedimento com objetivo de reverter o dano já existente ou fazer cessar seu avanço. Vou mencionar as técnicas de conservação preventiva mais solicitadas em prova, e, logo na sequência explicar a você no que consiste cada uma: - Desinfestação Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 77 - Limpeza (ou Higienização) - Alisamento A Desinfestação é um processo que busca atacar especialmente os insetos que degradam os documentos. O mais exigido em provas é a fumigação. Consiste em colocar os documentos em uma câmara própria, produzindo-se logo em seguida vácuo, com a retirada de todo o ar da câmara. Passa-se então à aplicação de produtos químicos (timol, DDT, fluoreto de sódio entre outros possíveis) e deixamos o documento sob a ação deste produto por aproximadamente 72 horas.. Após, devolvemos o ar à câmara e retiramos os documentos. Qualquer inseto, em qualquer fase de desenvolvimento, não é capaz de suportar estas condições, sendo completamente destruídos. E se não tivermos câmaras de fumigação, podemos simplesmente calafetar o próprio local onde os documentos estão acondicionados e introduzir gás no ambiente através de mangueiras (usando máscaras para proteção). Limpeza: Tenha em mente que a limpeza é uma operação física. Significa que há necessidade de contato de objetos com o suporte do documento. Desta forma, é um procedimento que deve ser efetuado de maneira delicada. O uso de pano macio, escova ou aspirador de pó é recomendável. O termo limpeza também pode ser utilizado para designar a fase posterior à fumigação. Alisamento: Consiste em colocar os documentos em bandejas de aço inoxidável, e submetê-los à ação do ar com grande percentual de umidade (algo entre 90% e 95%, por aproximadamente uma hora, em câmara própria. Depois, cada uma das folhas será passada a ferro, por meio de máquinas elétricas. Estas são as principais técnicas. Falemos um pouquinho sobre a preservação. Preservação são cuidados de natureza mais simples, que buscam Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 77 evitar a degradação dos documentos. Veja alguns exemplos, retirados tanto das recomendações do CONARQ quanto na doutrina (para você ter uma ideia): Objetos em papel Não dobrar canto da página. Não umedecer os dedos com saliva. Não usar objetos metálicos, como grampos ou clipes. Recomenda-se o uso de materiais de plástico ao invés de metálicos. Evite a reprodução dos documentos. A fotocopiadora também é um emissor de luz, que acelera o envelhecimento do papel. Cuidado ao retirar documentos de dentro das pastas e caixas. Manuseie os documentos com as mãos limpas. Não use fitas adesivas ou cola. Além de haver a possibilidade de um pedaço do documento ficar colado no material, a acidez da fita durex mancha o papel. Ao fazer observações no papel, prefira o uso de lápis Fotografias Manusear com luvas de algodão, para evitar a oleosidade das mãos Não forçar a separação de uma fotografia da outra Caso seja necessário fazer anotações, utilize um lápis Slides (diapositivos) Produzir duplicatas para projeções frequentes Utilizar materiais de acondicionamento próprios Microfilmes Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 77 Armazená-los em cofres ou armários a prova de fogo (o material que chamamos de “filme” é altamente inflamável) Caso seja necessário efetuar limpeza, recomenda-se o uso de um pano limpo Caixas Arquivo Utilizar caixas de papelão ao invés de caixas de plástico. Em caso de elevação da temperatura, as caixas de papelão tendem a “transpirar” mais, facilitando a perda de parte deste calor, que poderia danificar os documentos. Passamos agora aos tópicos de Restauração de Documentos. Neste ponto, os documentos já sofreram os efeitos de alguns dos agentes listados anteriormente, encontrando-se deteriorados. Doutrinariamente falando, a restauração é o conjunto de métodos que objetivam a estabilização ou a reversão de danos físicos ou químicos adquiridos pelo documento ao longo do tempo e do uso, intervindo de modo a não comprometer sua integridade e seu caráter histórico. Logo, o objetivo da restauração é reverter os danos ou evitar que avancem ainda mais, mas sem que com isso desnaturemos o documento. Banho de Gelatina: O documento será mergulhado em uma espécie de gelatina, ou mesmo em cola, o que, ao final, aumentará sua resistência e flexibilidade, além de não prejudicar a visibilidade. Mas tem uma pegadinha: o documento ficará suscetível ao ataque de insetos e fungos, fora o fato de demandar uma habilidade tremenda do restaurador, para que o documento não se perca definitivamente. Tecido: Nesta técnica, serão utilizadas folhas de tecido bastante fino, aplicadas com pasta de amido (pegue um pouco de farinha e misture com água, e você terá uma ideia do que estou falando). Embora a durabilidade do papel vá aumentar sensivelmente, novamente, insetos e fungos se sentirão convidados a atacar o documento (tal como a gelatina, essa mistura fornece nutrientes aos visitantes indesejados), e ainda por cima, reduzirá a legibilidade e flexibilidade do documento. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 77 Silking: É basicamente o método anterior, mas o tecido é específico: crepeline ou musseline de seda. Este tecido apresenta durabilidade excelente, mas a maldita pasta de amido afetará as propriedades permanentes do documento (de novo). A matéria prima utilizada é de alto custo também. Laminação: vou explicar do jeito fácil e do jeito certo :P. O jeito fácil de entender a laminação é pensar no processo de plastificação de documento. Nos bons tempos em que isso era autorizado por lei (meu RG ainda é plastificado), pegamos o documento, e colocamos entre duas tiras de plástico. Utilizamos uma máquina que prensa tudo isso, ao mesmo tempo em que aquece as bordas, “prendendo o documento” no meio do plástico. Agora que você entendeu a ideia, vamos explicar bonitinho: O documento será envolvido de um lado em uma folha de papel seda e do outro lado, em um material chamado acetato de celulose. Esse sanduiche será colocado em uma prensahidráulica sob uma temperatura de em torno de 150ºC. O acetato de celulose é um material, quando aquecido e prensado, vai aderir ao documento e à folha de papel seda, vedando completamente o documento. Agora a durabilidade do papel e suas qualidades permanentes ficam asseguradas, tudo isso sem perda da legibilidade do documento. E ainda ficará imune à ação de insetos e fungos. Embora o peso do documento duplique, seu volume ficará reduzido. A matéria prima aplicada ao processo é de fácil obtenção e o próprio processo é de rápida execução. Por todos estes motivos, a laminação é tida como o processo de restauração mais próximo do ideal. Laminação manual: A mesma ideia do processo anterior, mas sem a utilização de calor ou pressão. Ao invés disso, utilizaremos acetona, que ao entrar em contato com o acetato de celulose, formarão uma camada semiplástica. Quando essa camada secar, terá aderido ao documento e ao papel de seda. É também conhecida como laminação com solvente. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 77 Encapsulação: Novamente, colocaremos o documento no meio de duas coisas :P. Desta vez, utilizaremos películas de poliéster e fita adesiva de duplo revestimento (dupla face). O documento será colocado entre as lâminas, usando-se a fita adesiva para fixar as duas faces. Mas preste atenção: deve haver um espaço entre o documento e a fita adesiva de aproximadamente 3mm, o que significa que o documento ficará solto dentro das duas lâminas. Reenfibragem: Vamos olhar bem próximos de uma folha de papel. Ela pode parecer fina, mas em verdade, é bastante espessa ("grossa", se preferirem). Utilizem a imaginação e finjam que a folha de papel é um enorme sanduíche :P. Pois bem, a medida em que o tempo passa, parte do recheio do papel começa a desaparecer, deixando falhas, que por sua vez, tornarão o papel quebradiço. A reenfibragem consiste em preencher estas falhas com polpa de papel, de maneira a recompor a estrutura da folha. 8.3.3 Arquivamento e ordenação de documentos de arquivo. Como prometido na última aula, este tópico é uma exposição detalhada do tópico “Ordenação”, da fase de arquivamento dos documentos (em especial, na fase corrente e intermediária). Ele é tão específico e detalhado que, embora tivesse de ser tratado na Aula 02, você simplesmente perderia a noção do todo se eu fizesse isso. Optei por separá-lo e coloca-lo em uma aula mais curta, para que você possa apreciar em todo seu esplendor este tema tão próprio :P. Os documentos são ordenados justamente para que possam ser facilmente consultados no futuro. Comecemos. Os métodos de arquivamento podem ser divididos inicialmente em dois grandes sistemas: Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 77 Sistema Direto: A busca do documento é feita diretamente no local de sua guarda, sem a necessidade de recorrer a algum instrumento intermediário de consulta; Sistema Indireto: Para se localizar o documento nestes casos, precisaremos consultar um índice alfabético remissivo ou um código previamente. Lembre-se sempre: um sistema de arquivamento deve ser simples, flexível, e possibilitar expansões futuras. Dentro desses dois grandes sistemas estarão todos os métodos de arquivamento conhecidos pelo homem. Costuma-se dividi-los em duas classes: Métodos Básicos: - Alfabético: elemento a ser considerado na organização do documento é o nome; - Geográfico: elemento a ser considerado na organização será a procedência do documento (local); - Numérico: aqui levaremos em consideração o número constante do documento ou então, da pasta onde está arquivado; - Ideográfico: classificação feita de acordo com o assunto do documento. Métodos Padronizados: - Variadex - Automático - Soundex - Mnemônico - Rôneo Como são menos intuitivos, explicaremos estes métodos diretamente em nos itens próprios. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 77 Até aqui foi moleza. Nessa próxima parte, sua atenção será fundamental. Explicaremos todos os métodos de arquivamento conhecidos pelo homem e cobrados em prova atualmente. Destes, o método Alfabético é o que nos dará mais trabalho, por conta da quantidade de regras. Não desanime, vai valer a pena. Método Alfabético Como você podia imaginar, este método utiliza um dos nomes existentes no documento para organizá-lo em ordem alfabética. É um método simples, barato, e razoavelmente seguro de se utilizar. Praticamente todo mundo conhece a ordem do alfabeto, e mesmo que estejamos diante de um volume assustador de documentos, é razoavelmente simples identificar um erro no padrão de organização. Mas embora seja fácil, não é tão fácil assim :P. Quando os termos que pretendemos organizar alfabeticamente forem “comuns” (não fizerem referência nomes de pessoas, instituições ou eventos), a ordem é bastante simples: pegue as palavras, e simplesmente as organize do jeitinho que sua professora do pré-ensinou: primeiro o A, depois o B, e assim por diante. Entretanto, caso os documentos que tenhamos de organizar envolvam nomes de pessoas, instituições ou eventos, você deverá seguir uma série de regras de alfabetação, que veremos abaixo. Para quem já fez alguma monografia na vida, verão que boa parte do que é explicado aqui foi visto por vocês durante a longa e tortuosa jornada pela ABNT :P. Comecemos: 1ª Regra: Nos nomes de pessoas físicas, considera-se o último sobrenome e depois o prenome. Exemplo: Pedro Moreira,Flávio Silva,Elisandro Cardoso Pereira de Almeida. Deverão ser arquivados como: Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 77 Almeida, Elisandro Cardoso Pereira de Moreira, Pedro Silva, Flávio Caso você se veja diante de vários nomes com o mesmo sobrenome final, será o prenome a definir a ordem: Exemplo: Pedro Silva, Paulo Silva, João Silva Deverão ser arquivados como: Silva, João Silva, Paulo Silva, Pedro O último sobrenome é, no Brasil e em boa parte do mundo, o sobrenome herdado do pai. Procura-se organizar nomes através do último sobrenome por duas simples razões: o sobrenome é a partícula mais importante do nome, uma vez que indica seus laços familiares (e a civilização ocidental até hoje preza esses valores) e existem uma infinidade de "Felipes" por aí, mas pouquíssimos "Petrachinis" o que torna esse padrão de ordenação mais útil em um arquivo. 2ª Regra: Sobrenomes compostos de um substantivo e um adjetivo ou ligados por hífen não se separam, quando passamos o sobrenome para o início:. Exemplo: Ferdinando Torre Cinza, Camilo Castelo Branco, Heitor Villa-Lobos Deverão ser arquivados como: Castelo Branco, Camilo Torre Cinza, Ferdinando Villa-Lobos, Heitor Noções de Administração deRecursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 77 3ª Regra. Os sobrenomes formados com as palavras Santa, Santo ou São seguem a regra anterior, ou seja, quando passamos o sobrenome para o início, devem ser acompanhados dos nomes que os sucedem. Exemplo: Ricardo Santa Rita, João do Santo Cristo, José Carlos São Paulo Deverão ser arquivados como: São Paulo, José Carlos Santa Rita, Ricardo Santo Cristo, João do 4ª Regra: As iniciais que abreviam prenomes têm precedência na classificação de sobrenomes iguais. Uma variante desta regra: símbolos antecedem as letras nas regras de alfabetação: Exemplo: F. Petrachini, Felipe Petrachini, Fernando Zuquim Arquivam-se: Petrachini, F. Petrachini, Felipe Zuquim, Fernando 5ª Regra: Os artigos e preposições, como por exemplo "a", "o", "de", "d’", "da", "do", "e", "um", "uma", não são considerados. Exemplo: João da Silva, Rogério d’Anvasso, Leonardo de Caprio, José Ferreira Silva, José dos Santos Silva Deverão ser arquivados como: Anvasso, Rogério d' Caprio, Leonardo de Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 77 Silva, José Ferreira Silva, José dos Santos Repare na arapuca: a partícula "dos" em José dos Santos Silva deve ser ignorada. Se fosse levada em consideração, este nome não seria o último da lista ("d" vem antes de "F"), mas como não a levamos em consideração, o nome José Ferreira Silva vem antes de José dos Santos Silva (pois "F" vem antes de "S"). Essa regra também tem uma razão prática: de pouco nos valeria um arquivo que considerasse artigos na organização, pois a maioria dos itens acabaria entulhados na letra "U" ou "O". Veja uma coletânea de filmes: Uma Linda Mulher, Uma Babá Quase Perfeita, Uma Família da Pesada, Os Dinossauros, Os Flinstones, Os Jetsons, Os Trapalhões. Todos esses nomes vão entupir as prateleiras "U" e "O" quando podiam muito bem estar dispersos. Além do que, você, quando lembra do nome do filme, não fica pensando no artigo que o antecede, ou fica? 6ª Regra: Os sobrenomes que exprimem grau de parentesco (Júnior, Neto, Sobrinho e assemelhados) são considerados parte do último sobrenome, mas são desconsiderados na ordenação alfabética. Quando existirem, devem ser levados ao início do nome, acompanhados pelo sobrenome que os antecedem. Exemplo: Olavo Fonseca Neto, Pedro Fonseca Junior, Ferdinando Amauri Sobrinho Deverão ser arquivados como: Amauri Sobrinho, Ferdinando Fonseca Neto, Olavo Fonseca Júnior, Pedro Observe que o "Neto" e "Junior" foram desconsiderados na nossa ordenação, o que fez com que Olavo Fonseca Neto ficasse antes de Pedro Fonseca Júnior. MAS... é possível que estes nomes sejam considerados, quando servirem de elemento de distinção, como por exemplo: Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 77 João da Silva Junior, João da Silva Neto, João da Silva Sobrinho Deverão ser arquivados como: Silva Junior, João da Silva Neto, João da Silva Sobrinho, João da 7ª Regra. Os títulos não são considerados na alfabetação. São colocados após o nome completo, entre parênteses. Exemplo: Ministro Joaquim Barbosa, Professor José Bedaque, Coronel Ricardo Nascimento, Doutor Ferdinando Silva Deverão ser arquivados como: Barbosa, Joaquim (Ministro) Bedaque, José (Professor) Nascimento, Ricardo (Coronel) Silva, Ferdinando (Doutor) Lembre-se: título, do que quer que seja, NÃO É NOME. 8ª Regra: Os nomes estrangeiros são considerados pelo último sobrenome, salvo nos casos de nomes espanhóis e orientais. É igualzinho o que já estudamos: Exemplo: George Walker Bush Charles Chaplin Adolf Hitler Deverão ser arquivados como: Bush, George Walker Chaplin, Charles Hitler, Adolf Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 77 MAS... as partículas de nomes estrangeiros podem ou não ser consideradas parte do nome. É usual que sejam consideras quando escritas em letra maíscula. Exemplo: Giulio de Capri, Esteban De Penedo, Chales Du Pont, John Mac Adam Deverão ser arquivados como: Capri, Giulio di (partícula em letra minúscula) De Penedo, Esteban (partícula em letra maíuscula) Du Pont, Charles (partícula em letra maíuscula) Mac Adam, John (partícula em letra maíuscula) 9ª Regra: Os nomes espanhóis e os de origem hispânica são registrados pelo penúltimo sobrenome, que, pela tradição do país, corresponde ao sobrenome de família do pai. Exemplo: Enrico Gutierrez Salazar, Maria Pereira de la Fuente, Pablo Puentes Hernandez. Deverão ser arquivados como: Gutierrez Salazar, Enrico Pereira de la Fuente, Maria Puentes Hernandez, Pablo 10ª Regra. Os nomes orientais, tanto aqueles asiáticos, como japoneses, chineses ou coreanos, como os vinculados a países do Oriente Médio, a exemplo dos árabes, são registrados tais como se apresentam. Exemplo: Li Su Yang, Osama Bin Laden, Kenshin Mikamoto Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 77 Deverão ser arquivados como: Kenshin Mikamoto Li Su Yang Osama Bin Laden Casca de banana clássica, então, atente-se à origem dos nomes que está tendo que organizar. 11ª Regra: Os nomes de firmas, empresas, instituições e órgãos governamentais devem ser transcritos como se apresentam. Contudo, não se deve considerar na ordenação tanto artigos como preposições que façam parte do nome. Repare que não é de todo uma regra nova. Artigos e preposições não devem ser considerados nos nomes pelas razões que já comentamos. E para ficar mais fácil, temos a faculdade de colocar os artigos e preposições entre parênteses: Exemplo: El Pais, The Washigton Post, Eletropaulo, Banco Itaú S.A, Itaú Seguradora S.A, O Melhor Bolo de Chocoloate do Mundo Deverão ser arquivados como: Banco Itaú Eletropaulo Itaú Seguradora S.A. Melhor Bolo de Chocolate do Mundo (O) Pais (El) Washington Post (The) Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 77 12ª Regra: Nomes de congressos, conferências, reuniões, assembléias e em qualquer outra coisa parecida devem apresentar os números no fim, entre parênteses, sejam eles arábicos, romanos ou escritos por extenso Exemplo: V Seminário de Práticas Tributárias, Quarto Congresso de Ornitologia, Sexto Congresso de Ornitologia, 2º Curso do MPU de Arquivologia. Deverão ser arquivadoscomo: Congresso de Ornitologia (Quarto) Congresso de Ornitologia (Sexto) Curso da PCDF de Arquivologia (2º) Seminário de Práticas Tributárias (V) Veja que esta regra tende a manter unidos os congressos que tenham ocorrido em série. Se utilizássemos a classificação alfabética tão somente, os "Congressos de Ornitologia" ficariam longe uns dos outros, dificultando o trabalho dos interessados no assunto, já que é muito provável que busque as informações em ambos os documentos. Você pode estar pensando: é muita regra, como é que vou memorizar isto. Se tentar memorizar, provavelmente vai ter problemas :P. Todas estas regras tem uma razão de ser. Arquivologia é uma ciência teórica, mas voltada a uma necessidade prática. Estas regras existem para facilitar a vida dos indivíduos interessados na informação, e não dificultá-la. Sugiro que faça um exercício de consciência, para entender de que maneira as regras aqui expostas facilitam as buscas. Eu já fiz isto em alguns itens, dando pistas, mas para a informação fixar na sua cabeça, você também vai ter de fazer um esforço :P. Precisando, estamos aí. Método Geográfico Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 77 Este método utiliza o local ou procedência do documento para permitir a recuperação da informação (busca no arquivo do documento a ser consultado). Pois bem, existem três formas de se proceder à ordenação dos documentos segundo este método: - Estado, Cidade, Correspondente - Os documentos serão organizados alfabeticamente pelo estado de procedência. Documentos da Bahia estarão juntos, assim como os de São Paulo, Rio de Janeiro, e assim por diante. Uma vez organizados os estados, caso dois documentos possuam os mesmos estados de origem, organizaremos alfabeticamente as cidades de procedência. E por fim, o correspondente (pessoa com quem devo entrar em contato para assuntos daquela cidade/estado. Tudo em ordem alfabética. EXCETO... No método geográfico, as cidades que sejam capitais de estado devem figurar no começo da lista, independentemente da ordem alfabética. Veja o exemplo: Bahia - Salvador - FONSECA, Olavo Bahia - Ilhéus - SILVA, Fausto São Paulo - São Paulo - PETRACHINI, Felipe São Paulo - Franco da Rocha - BRITO, Hugo São Paulo - Nazaré Paulista - CARDOSO, Fernando São Paulo - Nazaré Paulista - DINAMARCO, José Repare para nunca mais esquecer: Salvador é a capital da Bahia. Desta forma, esta cidade tem precedência sobre as demais quando da organização. Por isso, Salvador veio antes de Ilhéus, sem nos atentarmos à ordem alfabética. Mas, depois de tratarmos a capital, os demais municípios devem ser colocados em ordem alfabética. Não vá se esquecer que a ordem alfabética de nomes de pessoas é feita através do último sobrenome e não do prenome. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 77 Se quer uma mãozinha para lembra deste método, lembre-se que a maior parte dos documentos de uma instituição tende a ser produzido na capital do estado onde ela se situa. A razão é simples: a maior parte dos acontecimentos de um estado ocorre na capital, o que implica um maior número de acontecimentos passíveis de registro e documentação. - Cidade - Estado - Correspondente Quando ordenamos os documentos pela cidade de sua proveniência, seguimos rigorosamente a ordem alfabética, sem qualquer exceção. Isso quer dizer que as capitais TAMBÉM deverão ser arquivadas pela ordem alfabética, sem qualquer preferência no método. Isto ocorre pois, caso quiséssemos dar alguma relevância à estrutura do estado onde o documento foi produzido, utilizaríamos o método anterior. Como optamos pelas cidades, não há qualquer razão para dar preferência para as capitais. Veja os documentos anteriores, organizados agora por cidade: Franco da Rocha - São Paulo - BRITO, Hugo Ilhéus - Bahia - SILVA, Fausto Nazaré Paulista - São Paulo - CARDOSO, Fernando Nazaré Paulista - São Paulo - DINAMARCO, José Salvador - Bahia - FONSECA, Olavo São Paulo - São Paulo - PETRACHINI, Felipe - País - Cidade - Correspondente Mesma ideia do primeiro método, só que agora, o país é o nosso critério de organização. E, novamente, por darmos importância à nacionalidade do documento, as capitais dos respectivos países tem precedência sobre as demais cidades. Veja o exemplo: Brasil - Brasília - INACIO, Lula Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 77 Brasil - Americana - SILVA, Nicole Brasil - Franco da Rocha - BRITO, Hugo Brasil - São Paulo - PETRACHINI, Felipe França - Paris - FRANÇOIS, Jacque França - Lorena - SILVA, Pierre Chamemos a atenção a dois detalhes: primeiro, as capitais dos países listados estão sempre em primeiro lugar na lista de cada país. Segundo, e mais importante: as capitais de estado não tem precedência neste método (País, Cidade, Correspondente). Assim, embora Brasília esteja no topo da lista das cidades brasileiras (antes inclusive de Americana), São Paulo, que é a capital do estado de São Paulo segue a ordem alfabética normalmente. Método Numérico Este método, ao contrário dos anteriores, pertence ao sistema indireto de arquivamento. Será necessário, portanto, fazer uma consulta prévia a um índice alfabético remissivo, a fim de que busquemos a informação de onde está localizado o documento. Normalmente, este índice recebe o nome de índice onomástico (não entre em pânico :P). Por exemplo: neste sistema, caso eu queira localizar um documento referente ao servidor Felipe Cepkauskas Petrachini, devo antes consultar um registro, onde constará o seu número de matrícula. Com o número de matrícula em mãos (digamos, 142.825), posso localizar a pasta correspondente no arquivo, que as manterá organizadas segundo o padrão numérico. Este método é subdividido em: - Numérico Simples: Sem qualquer segredo. Cada documento recebido ou produzido pela instituição receberá um número de pasta e um número sequencial (correspondente à ordem de entrada). E as pastas estarão dispostas segundo seu número: 1,2,3,4 e assim por diante. E não há qualquer problema na utilização de Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 77 pastas que eventualmente vagarem, guardando-se novos documentos naquela mesma localização. - Numérico Cronológico: Excelente para arquivar processos (todas as repartições pelas quais passei utilizam este método de arquivamento com seus processos). Numeraremos não a pasta, mas o próprio documento arquivado. Assim sendo, cada documento receberá um número único de registro. Os documentos serão arquivados, primeiramente, por sua ordem cronológica de produção ou recebimento, e após, pela própria ordem numérica. Só poderemos reaproveitar números não utilizados SE o documento anterior e o novo apresentaremas mesmas datas. - Numérico Dígito-Terminal: O método de arquivamento digito-terminal utiliza um sistema interessante: os documentos são ordenados numericamente, mas a leitura deste número é feita de maneira especial: os números são divididos em grupos de dois dígitos. Um documento de número 123456 será dividido nos dígitos 56, 34 e 12. Neste sistema, a leitura é feita sempre da direita para a esquerda, sendo no nosso exemplo o grupo 56 o grupo primário, 34 o grupo secundário e o 12 terciário. GP - 56 GS - 34 GT - 12 Pois bem, todos os documentos de final 56 estarão arquivados juntos em uma única gaveta. Se quisermos o documento 123456, iremos na gaveta dos documentos final 56, e lá dentro, procuraremos a pasta ou guia 34, e depois o documento 12 dentro desta pasta. Método Ideográfico Este método de arquivamento é baseado no assunto do documento. Mas se fosse tão simples assim, não precisaríamos estudá-lo :P Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 77 Pois bem, o método ideográfico pode operar de duas maneiras: - Através do método alfabético, o qual, por sua vez, pode ser subdividido em "dicionário" e "enciclopédico"; - Através do método numérico, o qual, por sua vez, pode ser subdividido em "duplex", "decimal" e "unitermo". Falemos de cada um deles: Método Ideográfico Alfabético Dicionário: Os assuntos serão dispostos em ordem alfabética, sem qualquer consideração de pertinência entre um assunto e outro. Desta forma, ainda que um assunto seja na verdade um subtópico de outro, faremos como o dicionário: organizaremos palavra por palavra, individualmente: Arquivo Corrente Arquivo Intermediário Arquivo Permanente Documentos Consultado de Maneira Frequente Purgatório Valor Histórico Valor Informativo Método Ideográfico Alfabético Enciclopédico: Acredito que tenha reparado que os tópicos acima possuem relação entre si. O método enciclopédico procura tirar vantagem desta situação, relacionando estes assuntos. Entretanto, dentro de um mesmo tópico, os documentos seguem a ordem alfabética: - Arquivo Corrente - Documentos Consultados de Maneira Frequente - Arquivo Intermediário Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 77 - Purgatório - Arquivo Permanente - Valor Histórico - Valor Informativo Método Ideográfico Numérico Duplex: Segue o mesmo método de construção do método Enciclopédico, com a diferença de que adicionaremos um número antes de cada classe de assunto. Procedendo-se desta maneira, seremos capazes de abrir um número ilimitado de classes, o que torna este método bastante flexível. O único cuidado que devemos é o de utilizar classes muito bem definidas, sob o risco de terminar classificando documentos de mesma natureza em mais de um lugar. 1. Arquivo Corrente 1.1 Documentos Consultados de Maneira Frequente 2. Arquivo Intermediário 2.1 Purgatório 3 Arquivo Permanente 3.1 Valor Histórico 3.2 Valor Informativo Método Ideográfico Numérico Decimal: Este método é uma variação do método decimal bolado por Melville Louis Kossuth Dewey. O método original era aplicável na Biblioteconomia. Dewey estava preocupado com o crescente número de publicações e bibliotecas no mundo, e mais ainda, acreditava que as pessoas encarregadas de custodiar este conhecimento não seriam lá muito brilhantes. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 77 Desta forma, vislumbrou um sistema extremamente simples de organização, dividindo o conhecimento humano em 9 classes principais e mais uma décima classe geral. Pela metodologia utilizada em sua construção, o método decimal permite expansão ilimitada de subdivisões de um mesmo assunto, além de ser fácil de memorizar apenas dez assuntos principais. A desvantagem é que não há como expandir este método para além de dez assuntos. Nosso método é muito semelhante: existirão dez classes de assunto, sendo a classe "0" normalmente associada ao assunto "Geral". A cada três algarismos, utilizaremos um ponto para dividir os números. Acompanhe: Classes: 0 - Geral 1 - Departamento Pessoal 2 - Finanças Agora veja como ficaria a classe 1 100 - Departamento Pessoal 110 - Admissão 111 - Exame Médico 112 - Documentos de Interesse do Empregado 112.1 - Documentos Recebidos 112.2 - Documentos Não Recebidos 113 - Contratos 120 - Férias 200 - Finanças ... Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 77 Método Ideográfico Numérico Unitermo: Também chamado de método de indexação coordenada. É, de longe, o método menos solicitado em concurso, provavelmente por ser um pouco complicado de entender. Mas seu professor vai explicar bonitinho, e quando eu acabar, Deus queira que eu tenha conseguido fazer parecer simples :P. Como de praxe no método Ideográfico de arquivamento, o primeiro passo a se tomar é identificar o assunto do documento. Os documentos são numerados conforme a sua entrada ou produção na instituição (critério cronológico). Uma vez numerado, nós identificaremos palavras chaves daquele documento (descritores) em uma ficha índice, palavras estas que servirão de ferramenta de pesquisa. Veja o exemplo: (fonte:http://www.rccg.vo6.net) O que podemos notar nesta ficha? Ela descreve o documento número 0012, intitulado "Assembléia Extraordinária". Faz um breve resumo do conteúdo do documento e registra as palavras-chave do documento. Mas não acabou ainda. Pegaremos todas as palavras-chave utilizadas como descritores em todas as fichas índice, e faremos um outra ficha, dividida em 10 colunas, numeradas de 0 a 9, cada qual relacionada à palavra chave selecionada: Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 77 Para cada documento novo, será atribuído um número (isso nós já vimos), e este número será inserido nas fichas de palavras chave sempre que possuírem algum dos descritores. O número do documento deve ser inserido na coluna correspondente a seu dígito final. O documento 0012, que ainda não foi acrescentado à lista, deverá figurar na coluna 2 de todas as fichas de palavra chave. Isto é a explicação teórica (nebulosa como é de praxe a todo assunto que não vimos ainda na prática :P). Vamos experimentar agora o método. Suponhamos que eu queira levantar todos os documentos que tratem sobre as greves de metalúrgicos de que a instituição tem notícia. Pois bem, eu, na verdade, estou procurando documentos que possuem os descritores "Greve" e "Metalúrgicos" ao mesmo tempo.Olhando para a tabela, saberemos que o documento 0004 e o documento 0530 são aqueles que desejamos. Por que? Pois localizei o número de documento tanto na ficha de "Greve", como na de "Metalúrgicos". Sim meu caro, isso aqui é a versão manual braçal do Google :P. Talvez seja por isso que gosto tanto dele (e a razão de ser tão pouco cobrado em prova :P). Métodos Padronizados: Método Variadex: É uma variação do método alfabético, com uma diferença: é um método que utiliza também cores para auxiliar na memorização. Costuma-se trabalhar com cinco cores, sendo cada qual atribuída em função da SEGUNDA letra do nome de entrada no arquivo, ou pela letra que compõe a abreviatura. E por que justo a segunda letra? Porque todo mundo patina na hora de arquivar alfabeticamente um mesmo documento quando a primeira letra é a mesma :P (é um engano comum, que você, até esta data, já deve ter cometido alguma vez na vida). Dessa forma, não precisamos das cores para a primeira letra do documento, mas sim para a segunda O método também evita o arquivamento inadequado, já que, caso você tenha um documento de pasta azul e esteja tentando colocá-lo no meio dos documentos de pasta verde, provavelmente notará o equívoco que está cometendo. E mesmo Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 77 que isso não seja suficiente, qualquer pessoa que olhar o arquivo superficialmente vai notar algo errado. O modelo utilizado por Remington Rand (autor do método), utiliza a seguinte chave de cores (não precisa memorizar pois até hoje a tabela sempre constou na prova quando este conhecimento foi exigido): A, B, C, D e abreviações com estas letras - Cor Ouro E, F,G, H e abreviações com estas letras - Cor Rosa I, J, K, L, M, N e abreviações com estas letras - Cor Verde O, P, Q e abreviações com estas letras - Cor Azul R, S, T, U, V, W, X, Y, Z e abreviações com estas letras - Cor Palha Os demais métodos serão abordados brevemente. Método Automático: Utiliza combinações de letras, números e cores, com o fim específico de evitar a acumulação de pastas de sobrenomes iguais. Método Soundex: Os documentos são reunidos pelo critério fonético. Serão agrupados documentos cuja pronúncia da palavra utilizada para identificá-lo seja parecida. Desta forma, não se assuste se ver isto: SOUSA, Fernando SOUZA, Hélio Pelo critério alfabético, estes nomes dificilmente estariam juntos. Mas como a pronúncia do "S" e do "Z" em ambas as palavras é semelhante, estes documentos serão agrupados próximos uns dos outros. Método Mnemônico: Este método apela bastante para a memória. As letras que compõem as palavras serão consideradas como símbolos, facilitando a recuperação da informação através da própria memória do arquivista. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 77 Método Rôneo: Completamente obsoleto. Tanto que a única coisa que você vai precisar saber (até porque, é a única coisa mencionada nos livros) é que era um método que se servia de letras, números e cores para organizar os documentos. Acha que acabou? Quase :P. Existe mais um método de arquivamento, entretanto, ele não é classificado nem como básico, nem como padronizado. Método Alfanumérico: É inegável que o método alfabético é um método de fácil utilização. Entretanto, também é um método com grandes possibilidades de arquivamente errôneo. Isso se deve ao fato de que muitas palavras na língua portuguesa possuem pronúncia igual, mas grafia apenas semelhante, e pelo fato de a maior parte das pessoas não se atentar muito às demais letras que compõem o nome do documento (acabam fixadas apenas na primeira letra). O método variadex buscava diminuir a ocorrência destes erros, como já vimos, através da utilização de cores. O método alfanumérico busca o mesmo objetivo, só que através de números. Por exemplo: Aa - Af = 1 Ag- Al = 2 Am - As = 3 [...] Za - Zz = 90 Com isso, reduzimos o grupo de pesquisa quando precisarmos consultar um documento específico, pois só teremos de consultar a pasta que compreende o intervalo desejado. Um documento de interesse do Sr. Paulo Afonso estaria armazenado na pasta 1, pois: AFONSO, Paulo Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 77 E os documentos do intervalo Aa - Af ficam todos guardados na pasta 1. (Off Topic) Tipologias documentais e suportes físicos: microfilmagem Vamos começar com a tabela que vimos na aula 01: Documentos Definição Escritos ou textuais São documentos no qual a informação se manifesta na forma escrita ou textual. É o tipo de documento mais comum atualmente, cujos exemplos compreendem os contratos, relatórios, certidões e o que mais você conseguir imaginar :P Iconográficos Esta palavra tem o mesmo radical grego da palavra "ícone" e ambos remetem à ideia de "imagem". Desta forma, estão compreendidos aqui os documentos cuja informação se manifeste através de uma imagem estática. Slides e Fotografias são excelentes exemplos. Sonoros Tranquilo :P, são documentos cujas informações estão armazenadas na forma de áudio. São raros os exemplos ultimamente de documentos puramente sonoros, mas pense naquelas fitas K-7 de outrora. Filmográficos Falamos de documentos na forma de "imagem em movimento", independentemente de apresentarem áudio. A filmagem é um exemplo perfeito deste tipo de documento. Digitais Gravados em meio digital, demandando, em função desta característica, equipamentos eletrônicos para sua consulta. Esta aula é um exemplo de documento digital :P Cartográficos Aqui é melhor começar pelo exemplo: mapas e plantas arquitetônicas são documentos cartográficos. Através do uso de escala, representam grandes áreas através de imagens reduzidas. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 77 Micrográficos Este aqui você só vai conhecer no seu novo emprego. A microfilmagem é um processo que será visto posteriormente no curso, sendo o microfilme e a microficha exemplos deste tipo. Como vimos na Aula 01, o suporte é o meio físico através do qual a informação se manifesta. Esta aula, por exemplo, compõe um conjunto de informações (que espero sejam informações úteis). Entretanto, como a informação em si é apenas uma ideia, ela precisa de algo material para ser fixada. Pois bem, qualquer meio utilizado para se gravar uma informação pode ser chamado de suporte. Na tabela acima, enquanto eu explicava os tipos de documentos existentes atualmente, acabei por dar exemplos justamente dos suportes nos quais a informação é fixada. O que significa que você já viu toda a introdução sobre o assunto já na Aula 01. Maravilhoso, não? Quase. Seu examinador está atrás de um tipo de suporte bastante específico neste tópico:o microfilme. Mas porque este suporte é tão especial? Comecemos pela definição de microfilme. E como vocês sabem, adoro recorrer à legislação para definir as coisas: Art. 3° Entende-se por microfilme, para fins deste Decreto, o resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, dados e imagens, por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes graus de redução. Este é o artigo 3º do Decreto 1.799 de janeiro de 1996, o qual regulamenta a utilização do processo de microfilmagem em todo o território nacional, para todos os poderes da República. E o próprio artigo 3º nos dá uma pista do primeiro objetivo da utilização damicrofilmagem: a redução dos espaços utilizados pelos documentos ("diferentes graus de redução"). Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 77 Não sei se você já chegou a ver um microfilme na vida (são objetos que, até hoje, só encontro em repartições públicas), mas sou capaz de apostar que você, por mais novo que seja, já tenha visto um filme de câmera fotográfica 35 mm. Preste atenção no tamanho no filme e na fotografia que pode ser feita a partir dele. O filme é até 100 vezes menor do que a maior fotografia que pode ser feita a partir dele. Mas de nada adiantaria o microfilme ser tão reduzido, se ainda nos víssemos forçados a armazenar o original da documentação (aquele calhamaço de papel ocupando espaço). Não estaríamos reduzindo volume de documentos ocupados no arquivo, e sim aumentando (agora teremos de guardar o microfilme e o original do documento). Por conta desta indagação, chamo a atenção ao artigo 1º, parágrafo 1º da Lei 5.433 de 1968: Art 1º É autorizada, em todo o território nacional, a microfilmagem de documentos particulares e oficiais arquivados, êstes de órgãos federais, estaduais e municipais. § 1º Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as certidões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas diretamente dos filmes produzirão os mesmos efeitos legais dos documentos originais em juízo ou fora dêle. Segundo ponto importantíssimo da aula: os microfilmes apresentam o mesmo valor legal dos documentos dos quais foram convertidos. A microfilmagem é processo reprográfico autorizado por lei (lembro a vocês que a digitalização de documentos não possui a mesma autorização). Desta forma, as informações contidas na microfilmagem se reputam tão autênticas quanto aquelas constantes do original do documento. Assim o sendo, com a devida autorização da unidade interessada, uma vez microfilmados os documentos, os originais podem, em tese, ser destruídos. Neste caso, estamos diante da Microfilmagem de Substituição. A microfilmagem de substituição é utilizada em documentos sem valor permanente (secundário), por razões óbvias: economia de espaço. Preservamos as informações (que talvez possam ser úteis em um momento posterior), mas o documento em si não apresenta qualquer valor secundário que justifique a manutenção do próprio suporte (normalmente papel). Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 77 Por outro lado, a microfilmagem também pode ser utilizada em documentos que a unidade não pretende destruir. Usemos a imaginação por um minuto: pense em um documento de valor histórico inestimável, que já conte com aproximadamente 500 anos de existência. Embora seja um documento do arquivo permanente, com interesse histórico do qual dezenas de pesquisadores gostariam de tomar conhecimento na íntegra de suas informações, o manuseio do referido documento terminará por destruí-lo. Por outro lado, já dissemos que os documentos do arquivo permanente não sofrem a imposição de sigilo, já que a informação neles constante é de interesse geral. Como conciliar a difusão da informação com a preservação do documento? Microfilmagem nele. Este documento inestimável pode ser microfilmado, de maneira que suas informações seja preservadas, reproduzindo na íntegra o seu conteúdo. Pesquisadores interessados nas informações constantes no documento poderão acessar o microfilme, enquanto o original fica distante de dedos gordurosos :P. Nestes casos, estaremos diante da Microfilmagem de Preservação. O documento com valor permanente nunca será eliminado, servindo o microfilme respectivo como forma de consulta. Feitas estas considerações de caráter específico, iremos listar agora as vantagens e desvantagens do uso da microfilmagem: - Validade legal (o documento do microfilme possui o mesmo valor legal que seu original); - Economia de espaço, com a consequente redução do volume documental; - Durabilidade do suporte (os microfilmes tem expectativa de vida de aproximadamente de 500 anos, mas podem atingir um período indeterminado de existência, desde que respeitadas as regras de conservação e acondicionamento); - Facilidade no acesso à informação: as dimensões reduzidas do microfilme permitem seu manuseio, catalogação e indexação mais eficiente. Imagine-se organizando 5000 documentos em papel e a mesma quantidade de microfilmes e pense no que seria mais fácil :P; Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 77 - Segurança na conservação do suporte: o tamanho reduzido do microfilme permite que o coloquemos, por exemplo, em um cofre de segurança, à salvo de toda sorte de sinistros; - Segurança na preservação do sigilo do documento: é simplesmente impossível visualizar um microfilme sem o auxílio de equipamento próprio, dada a redução da própria imagem gerada do original. Quem quiser acessar a informação precisará retirar o microfilme de seu local de acondicionamento e levá-lo até a máquina própria, o que dificulta bastante o acesso não autorizado às informações; Reforço que, por mais vantajoso que seja o processo de microfilmagem, cada instituição é que deve decidir pela pertinência ou não de realizar o procedimento em seus documentos. Marilena é bastante enfática neste aspecto: a instituição não deve se basear somente na análise de custos decorrentes da implementação do sistema (por sinal, o alto custo do processo de microfilmagem é sua desvantagem mais apontada na doutrina), mas deve ter em mente as vantagens que adoção dos microfilmes pode trazer à mesma. Se tais vantagens, no contexto da instituição, compensarem os custos de implementação, maravilha. Se não, paciência :P. Espero não estar cansando vocês com a estrutura da aula em degraus (cada parágrafo apresenta a premissa do parágrafo seguinte). Embora percamos um pouco de fluidez, ganhamos em questões :P. Sugestões são sempre bem vindas. Pois bem, você já sabe porque e para que serve a microfilmagem. Aqui vai uma breve abordagem do como :P. A microfilmagem compreende quatro etapas principais, a saber: - Preparo: queremos microfilmar apenas o documento, não os grampos que o seguram, nem as dobras das folhas, nem aquele "post it" com anotações de trabalho. Só o documento. Desta forma, a fase de preparo compreende a retirada de grampos, clipes, desamassar o papel entre outras atividades mundanas, por assim dizer. Tambémserá nesta fase que definiremos o arranjo da documentação. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 77 - Microfilmagem: é o processo de conversão do suporte em microfilme. As especificações técnicas do procedimento fogem à exigência do edital. Entretanto, tenha em mente que a escolha do equipamento para microfilmagem deverá levar em consideração os tipos de documentos existentes, seu tamanho e o estado de conservação do mesmo. - Processamento: eu sou fotógrafo nos fins de semana (to falando sério :D). Quando iniciei minhas atividades, a máquina digital já era razoavelmente popular, mas os filmes ainda eram utilizados. A película do filme, embora sensível a luz, precisa de um tratamento químico (revelação) para que a imagem nela gravada se torna visível. Mesma ideia aqui. O processamento do microfilme permitirá que a imagem nele gravada se torne visível ao olho humano. - Duplicação: Faremos duas cópias de cada documento. A microforma original será acondicionada em local diferente, com finalidade de segurança. A cópia, por outro lado, poderá ser acessada por quem quer que tenha interesse (e autorização, nos casos de sigilo) nas informações ali constantes. E as tipologias documentais professor? Aqui confesso a vocês que temos um pequeno problema :P. Como já disse a vocês, utilizo livros de doutrina para fazer o curso. E cada um deles opta por abordar o tema "tipologia documental" de um desses dois jeitos: - "Tipologia Documental" diria respeito às diferentes classificações em que um documento pode ser enquadrado. Por exemplo: documento do gênero textual, documento de instituição pública, documento em suporte em papel. Todas estas classificações foram vistas na Aula 01 e dada a estrutura do edital, parece ser o desejado pelo seu estimado avaliador; - "Tipologia Documental" é utilizado como sinônimo de "tipo", e assim, estaríamos fazendo referência às diversas subclassificações das espécies de documentos, tais como certidões, contratos, atas, editais. Este assunto foi tratado quando falamos das correspondências na Aula 01. Ou seja, qualquer que seja a abordagem utilizada pela CESPE, VOCÊ JÁ SABE O QUE FAZER :P. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 77 (Off Topic) Automação Informática meu caro, informática em todo lugar... Este tópico é bastante curto. Não por não ser importante, mas por não haver muito o que falar sobre ele. A finalidade da Automação é otimizar os trabalhos da gestão documental. E até onde se conhece, isto é feito através de hardwares (máquinas) e softwares (programas de computador) direcionados especialmente aos arquivos, atendendo a alguma de suas dificuldades. E o maior orgulho da Arquivologia, em termos de automação, é o GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos). Mas, no que consiste? O GED é, antes de tudo, um processo de digitalização de documentos. Assim o sendo, sua primeira etapa é justamente a conversão dos documentos em papel ou microfilme para um formato eletrônico, através de um aparelho com o qual acredito todos estejam familiarizados: o scanner. Mas se fosse só isso, não teria graça. A palavra “gerenciamento” está ali por um motivo. E aí é que está a maravilha do negócio. Acabada a digitalização do documento, podemos nomeá-lo e indexá-lo com suas próprias informações. Data de criação, nome do arquivo, usuário criador, basicamente de tudo (e qualquer semelhança com as pastas do Windows, NÃO É mera coincidência). A partir do momento que estes metadados são incluídos no arquivo digitalizado, torna-se muito mais fácil localizá-lo dentro do arquivo digital. De novo, remeto você ao Windows: quando lembram o nome de um arquivo, mas não sabem onde o guardaram, acredito que utilizem a ferramenta de pesquisa disponibilizada gentilmente pelo tio Gates. Alias, pensar no Windows e nas tarefas que você realiza através dele será muito útil quando tiver de responder questões sobre GED. Os documentos digitalizados não passam de meras imagens dos papéis que serviram para sua formação. Dessa forma, não é possível pesquisar palavras dentro do próprio documento (a princípio). Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 77 Entretanto, ainda é possível utilizar um OCR (programa dedicado ao reconhecimento de caracteres em uma imagem) para tornar o próprio conteúdo do documento pesquisável. Simplesmente incrível. Mas, para que tudo isto seja possível, existem ainda outras tecnologias associadas ao GED: - Gerenciamento de Documentos (Document Management): trouxe grandes avanços para o setor de protocolo. Esta tecnologia permite o gerenciamento da produção, revisão, aprovação e eliminação de documentos eletrônicos, tal como o setor de protocolo o faria quando recebesse os documentos em papel (por favor, a eliminação aqui corresponderia ao não recebimento do documento pelo setor, e não pela destruição física do mesmo). - Gerencimaneto da Imagem do Documento (DocumentImaging): é a nossa digitalização, já explicada. Ou quase :P. Existem duas definições de digitalização, ambas passíveis de cobrança em prova. Embora não sejam excludentes, elas mostram enfoques diferentes do termo: “Reprodução por varredura eletrônica em disco ou outro suporte de alta densidade permitindo a visualização do documento em terminal ou sua impressão em papel.” Essa definição já foi cobrada em prova, como veremos na parte de exercícios. “Processo de conversão de um documento para o formato digital por meio de dispositivo apropriado, como um escâner.” Essa é a definição do Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, do qual saem a maior parte das questões sobre terminologias arquivísticas. - Record and Information Management – Esta tecnologia está associada ao gerenciamento do ciclo vital do documento. - Gestão do Fluxo de Trabalho (Workflow): Tecnologia diretamente ligada ao controle e gerenciamento de processos (esta palavra processo significa atividade, e não documento) garantindo que as tarefas sejam executadas dentro do prazo previsto, e corretamente. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 77 E para finalizar o tópico, vejamos as vantagens e desvantagens dos documentos digitais: Vantagens: - Economia de espaço físico - Ganho de produtividade (uma máquina é capaz de realizar as tarefas muito mais rápido do que o homem) - Facilidade de acesso aos documentos (eles estão todos à disposição do usuário, em frente ao seu nariz, por mais numerosos que sejam). Desvantagens: - O documento eletrônico ainda é muito sensível à manipulação de suas informações e está sujeito à obsolescência. - Esta forma de conversão de suporte (digitalização) ainda não é regulada por lei, o que significa que, em caso de repartições públicas, os originais aindaprecisam ser preservados (por enquanto). E ficamos por aqui. Até a última aula. Exercícios Comentados CESPE - 2010 - ABIN - Agente Técnico de Inteligência - Em relação à microfilmagem, automação, preservação e conservação de documentos, julgue o item subsequente. 1. Os originais de documentos públicos permanentes, uma vez digitalizados ou microfilmados, poderão ser eliminados, mediante autorização da direção do órgão. Comentário: Questão traiçoeira. Ainda bem que você está aqui comigo :P. Pois bem, a microfilmagem de documentos possui validade legal, tendo sido regulamentada através do Decreto 1.799/1996, que inclusive teve a bondade de definir o termo: Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 77 "Microfilme é o resultado do processo de reprodução em filme, de documentos dados e imagens, por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes graus de redução". Assim sendo, um documento microfilmado poderia ser destruído, já que seu correspondente microfilme possui o mesmo valor do documento original. O problema está nos documentos digitalizados. Estes ainda não possuem o reconhecimento merecido pelas leis de nosso país, havendo a necessidade de manter os originais em papel até o fim do decurso de seu prazo prescricional, ou ainda pior, caso possuam valor secundário quando esgotado seu valor primário (administrativo), devem ser armazenados para sempre, mesmo que digitalizados. Quer um detalhe ainda pior: nunca, mas nunca mesmo, devemos destruir documentos permanentes, ainda que microfilmados (digitalizados nem se fale :P). Conforme estudamos em aula, existe a microfilmagem de preservação, justamente para os casos de documentos permanentes. O documento será microfilmado para facilitar seu acesso e consulta, mas dado o valor histórico (principalmente) do documento, seu original não pode ser eliminado. Item Errado CESPE - 2009 - ANATEL - Técnico Administrativo Os documentos chegam, em determinado órgão público instalado em Brasília, de forma variada. Uns são registrados e, em seguida, enviados ao destinatário, outros entram sem nenhum tipo de anotação. Além disso, há aqueles que, atualmente, entram no órgão por meio das tecnologias da informação (fax, correio eletrônico). Cada setor de trabalho organiza seus documentos de maneira independente, sem nenhum tipo de orientação e, depois, por falta de espaço físico ou devido ao final do ano civil, esses documentos são transferidos para outro lugar, conhecido, geralmente, como arquivo morto. Considerando a situação hipotética acima, julgue o item subsequente, acerca das técnicas de arquivamento e dos procedimentos administrativos no âmbito do setor público. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 77 2. As mensagens e documentos resultantes de transmissão por meio de aparelho de fac-símile (fax) podem constituir peças de processo. Comentário: Questão anulada. Vejamos a justificativa da banca: ITEM 65 (Alfa)/66 (Beta)/67 (Gama) – anulado. Diante da situação hipotética apresentada, a redação do item permite mais de uma interpretação. E não vai mais longe que isso :P. Vamos desenvolver a ideia. Para constituir uma peça de um processo, o documento precisa ser original (autêntico). Quando o Sr. servidor público permite que nós apresentemos cópias para ser juntadas a um processo, isso só é possível porque o nobre servidor (ou então o cartório, dotado de fé pública) atesta que aquele documento confere com o original. Pois bem, desde que o documento encaminhado por fax seja autenticável (que seja possível verificar que corresponde a outro documento original, ou que possamos nos assegurar de sua origem), não há problema algum em que constitua uma peça em um processo. Talvez seja esta a ambiguidade que guiou à anulação da questão. Veja: segundo a justificativa da banca, foi a situação hipotética quem gerou a dupla interpretação. Documentos de fax podem sim, constituir peças de um processo, mas os documentos de fax DA SITUAÇÃO HIPOTÉTICA, por padecerem de um critério mínimo de organização (olha a zona que é aquele órgão público) provavelmente não poderiam compor o dito processo, vez que, aparentemente, ninguém se ocupou de autenticá-los. Questão Anulada 3. CESPE - 2004 - ANATEL - Técnico Administrativo No que se refere à arquivologia, julgue o item seguinte. Digitalização pode ser definida como a reprodução por varredura eletrônica em disco ou outro suporte de alta densidade, permitindo a visualização do documento em terminal ou sua impressão em papel. Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 77 Comentário: A questão está correta, mas a curiosidade fica em saber de onde a CESPE tirou este conceito (reforço que a banca não é criativa :P). Veja o que diz o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística sobre o verbete: "Processo de conversão de um documento para o formato digital por meio de dispositivo apropriado, como um escâner”. Entretanto, quando consultamos os manuais dos arquivos públicos dos estados, a definição dada pelo enunciado aparece com mais frequência. Em todo caso, ambas as definições de digitalização estão corretas, razão pela qual eu sugeriria a você que conhecesse as duas. Item Certo. 4. CESPE - 2010 - ABIN - Agente Técnico de Inteligência - Em relação à microfilmagem, automação, preservação e conservação de documentos, julgue o item subsequente. Embora a microfilmagem constitua importante tecnologia para a redução das massas documentais acumuladas nos arquivos, a cópia microfilmada de um documento oficial não é reconhecida legalmente. Comentário: Questão que exige o conhecimento da Lei 5.433/1968 e de seu Decreto regulamentador 1.799/1996. Pois bem, vamos desmascarar a questão, reproduzindo o artigo 1º, parágrafo 1º da Lei 5.433/1968: Art 1º É autorizada, em todo o território nacional, a microfilmagem de documentos particulares e oficiais arquivados, êstes de órgãos federais, estaduais e municipais. § 1º Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as certidões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas diretamente dos filmes produzirão os mesmos efeitos legais dos documentos originais em juízo ou fora dêle. (grifo nosso) Não precisa mais nada né? :P Item errado Noções de Administração de Recursos Materiais e Arquivologia para a PCDF Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini –Aula 05 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 77 5. CESPE - OTI (ABIN) - Arquivologia -2010 Julgue o seguinte item, que trata de políticas, planejamento e técnicas de microfilmagem aplicadas aos arquivos. A incineração dos documentos microfilmados ou sua transferência para outro local é vedada por lei. Comentário: Mais uma questão que exige do aluno apenas o conhecimento da Lei 5.433/1968. Desta vez, podemos ir direto ao artigo 1º, parágrafo 3º: Art 1º É autorizada, em todo o território
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