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ATUAÇÃO DO PSICOLOGO NO SISTEMA PRISIONAL

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PSICOLOGIA
SEMINÁRIOS AVANÇADOS EM PSICOLOGIA
CLARA ALVES MANHÃES - 201703116992
MARIA LUCIELZA FERNANDES CALIXTO LIMA - 201902006771
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO SISTEMA PRISIONAL
Niterói - RJ
2021
INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca apresentar como se dá a atuação da(o) psicóloga(o) no sistema prisional. O interesse pelo tema se deu devido a pouca discussão que há dentro da academia na própria formação de psicologia.
Assim, partindo de uma perspectiva histórica, Medeiros e Silva (2015) apontam que apesar do psicólogo está há mais de 40 anos envolvido no sistema prisional, somente após a criação da Lei de Execuções Penais (LEP), em 1984, que houve categorização para esse tipo de atuação. Anterior a esta lei, a prática do psicólogo que atuava no sistema prisional acontecia sem especialização. Não havia interesse nos meios acadêmicos para abordar esse tipo de tema, por isso, apenas após a criação da LEP ampliou-se maiores discussões sobre o sistema prisional. 
Desse modo, a atuação do psicólogo no sistema prisional, anterior a LEP, acontecia de acordo com o estilo do psicólogo, de uma forma mais individual, onde sua função principal era realizar exame criminológico e emitir laudos. Contudo, antes da lei, os psicólogos já trabalhavam em manicômios judiciários, onde ocorriam atendimentos a internos que eram vistos como “loucos infratores”, além de atenderem também os familiares desses internos (MEDEIROS & SILVA, 2015). 
Dessa maneira, segundo o Conselho Federal de Psicologia (2012), em 1984, com a Lei 7.210, a LEP determinou algumas questões acerca da atuação do psicólogo. Primeiro, foi estipulado “especialistas” para esse campo, o psicólogo incluso, além de integrarem uma equipe multiprofissional, que foi nomeada como Comissão Técnica de Classificação (CTC), onde também havia outros profissionais, como psiquiatra, assistente social e chefes de serviço da unidade prisional.
A LEP estipulou o seguinte:
[...] em seu artigo 5º, a CTC tem a incumbência de classificar os apenados, segundo os seus antecedentes e personalidade para orientar a elaboração do programa individualizador da execução da pena. Além disso, poderá propor à autoridade competente, as progressões, regressões e conversões dos regimes penais (art. 6º) a partir do exame criminológico realizado pelo psicólogo, psiquiatra e pelo assistente social, quando determinado pelo juiz da execução penal (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, p. 45, 2012).
Assim, em relação ao contexto penal, a LEP, de modo oficial, marca o lugar do psicólogo, pois o profissional então passa a subsidiar o juiz nas decisões da progressão de regime e do livramento condicional (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, p. 45, 2012).
Medeiros e Silva (2015) relatam que a LEP fez a divisão da atuação do psicólogo, que passou a corresponder a duas vertentes, são elas: atuar na CTC e nas demonstrações do Centro de Observação Criminológico (COC). As autoras expõem que cada uma das vertentes é individualizada. A CTC possui o objetivo de criar projeto de individualização da pena, por meio do exame diagnóstico, a COC está relacionada com, através do exame prognóstico, buscar informações acerca dos fatores sobre o processo de execução penal.
O sistema prisional é moldado a partir de uma estrutura de sociedade fundamentada por exclusão, estigmatização e criminalização (MEDEIROS & SILVA, 2015). O Conselho Federal de Psicologia (2012, p.47) esclarece que associado a essa estrutura sólida carcerária e prisional, o Estado Penal foi constituído. Além disso, há também a colocação que Zaffaroni (1988) revela que “o sistema penal latino-americano é estabelecido fundamentalmente no sentido de provocar sofrimento”. Desse modo, entender a realidade por meio deste prisma é essencial, principalmente ao analisar questões sociais, fenômenos como violência social, exclusão, marginalização, criminalização da pobreza e políticas de cárcere “duro” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2012, p. 47). 
Nesse sentido, Medeiros e Silva (2015) apontam que “o Sistema Prisional, que surge atrelado ao capitalismo, é uma instituição que nasce no intuito de corrigir, neutralizar, disciplinar e controlar pessoas consideradas perigosas e que apresentam alguma ameaça para a sociedade.” Assim, a partir da reforma penal internacional e através da perspectiva dos direitos humanos, a atuação do psicólogo no sistema prisional passa a ter que ser repensada e reconsiderada. Logo, a intervenção do psicólogo nesse meio passa a ser atrelada a desempenhar e promover mudanças significativas a esses internos, além dos familiares, dos funcionários e de toda a equipe que integra o sistema (MEDEIROS & SILVA, 2015).
REFERENCIAL TEÓRICO
A ORIGEM DO SISTEMA PRISIONAL
Os sistemas de punições sempre estiveram presentes ao longo da história da raça humana como uma forma de controle social, inventadas pelo homem como solução imediata para corrigir e controlar os efeitos de suas ações, diante de alguma transgressão cometida. Durante a idade antiga, período da história que se desenvolveu até à queda do império romano em 476 d.C, não havia um código de regulamento social implementado, pois o encarceramento não possuía o caráter de cumprimento de pena, mas era uma forma de garantir a guarda do sujeito para a execução da punição. (ESPEN, 2021).
No final do século XVIII e início do século XIX, apareceram as instituições prisões, objetivando encontrar um modo de reformar o detento através do isolamento, crendo que ao ser afastado da sociedade, ele teria a oportunidade de refletir sobre o crime praticado. (Bitencourt, 2001).
A criação do sistema carcerário, segundo Foucalt (1987) se deu no ano de 1940 com a abertura da Colônia de Mettray, Paris, também denominada casa de correção, como eram qualificadas as primeiras prisões. Com a inauguração dessa colônia o sistema punitivo, associado ao conceito de castigo, foi transformado com a inserção e desenvolvimento do sistema carcerário em técnica penitenciária, voltada à ideia de adestramento. A ideia de punir e educar foram associadas, pois os internos estavam sujeitos ao trabalho forçado, educação primária e religiosa. 
SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
A primeira Constituição do Brasil data de 25 de março de 1824, cujo artigo 179 declarava a inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos, baseados na liberdade, tendo por fundamento a liberdade, a segurança e a propriedade. Decretou o fim dos açoites, tortura, marca de ferro quente e outras penas cruéis. (MAMELUQUE, 2006)
O código Criminal do Império foi homologado por D. Pedro I em 1830, prevendo onze tipos de penas: morte, galés, prisão com trabalho, prisão simples, banimento, degredo, desterro, multa, suspensão do emprego, perda do emprego e açoites, sendo esta abolida em 15 de outubro de 1886. (MAMELUQUE, 2006)
Um novo Código Penal foi promulgado em 1890, após a Proclamação da República, trazendo importantes mudanças para o sistema penal como a prisão celular, reclusão em fortalezas, prisão com trabalho obrigatório e prisão disciplinar para menores. A partir de então, sob a influência do Positivismo, Antropologia, Sociologia e a Psiquiatria esse código foi sendo reformulado até o atual código penal, publicado em 31/12/1940 que estabeleceu a pena de reclusão limitada em trinta anos e a de detenção em três anos como os tipos de penas privativas da liberdade. (MAMELUQUE, 2006).
A LEI DE EXECUÇÃO PENAL
De 1933 até 1970, foram formadas várias comissões e elaborados projetos que visavam a criação do primeiro código de execuções criminais da República. Somente em 1983, o projeto de lei elaborado pelo Ministro da Justiça Ibrahim Abi Hackel foi aprovado, convertendo-se na Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984. A lei entrou em vigor no início do ano seguinte, e vem sofrendo alterações, desde então. (OLIVEIRA, 2019).
De acordo com Oliveira (2019), a Lei de Execução Penal (LEP) é tida como recurso para a aplicação da pena que foi determinada pela justiça, dando ao Estado o direito de exercer a puniçãocomo forma de castigo, manifestando perante a sociedade a busca por justiça e propiciando as condições para a reinserção do condenado à sociedade.
OS DIREITOS DA POPULAÇÃO PRISIONAL
A Execução Penal é regida pelos princípios: da legalidade (não há pena se ela não estiver disposta na lei. Não pode ser negada a liberdade ao preso quando a lei autorizar); humanidade (a finalidade da pena deve ser a ressocialização do condenado. A punição não pode ultrapassar a sua dignidade); da isonomia (não deve existir discriminação entre os condenados por causa de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas, pois todos gozam dos mesmos direitos); da jurisdicionalidade (após a sentença penal condenatória, haverá um juiz de direito que irá conduzir o processo de execução. A execução penal é restrita ao juiz da execução, não devendo ser analisado por outro juiz); da individualização da pena (com o exame criminológico, haverá a individualização da pena. Cada condenado será classificado de acordo com sua personalidade e antecedentes e receberá o tratamento de acordo com o delito praticado, sexo, idade). (LOPES, PIRES E PIRES, 2014).
Segundo os autores Nunes, Lehfeld eTomé, (2019), o direito de punir do Estado deve garantir ao aprisionado um tratamento punitivo que respeite a vida humana conforme o previsto pela Constituição Federal de 1988 e o Código Penal de 1940. A LEP é o regulador dos direitos e deveres dos presos, além da fixação de normas fundamentais que devem ser aplicadas durante o período de aprisionamento, sanções de disciplina e avaliação dos presos.
A REALIDADE DO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO
O Depen - Departamento Penitenciário Nacional (2020), informou que o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, com 773 mil pessoas presas no país. Os dados foram levantados junto ao Ministério da Justiça, referentes a junho de 2019, representando um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período de 2018.
Este estudo também revelou que o Brasil ocupa o segundo lugar em número de pessoas presas sem condenação. São 268.438 presos provisórios, representando 34,7% da população carcerária. As estatísticas também apontam que o número de presos ultrapassa em 38,4% ao total de vagas disponibilizadas no sistema penitenciário. (DEPEN, 2020)
O Depen (2020) também analisou, durante o período de 2005 a 2012 que a juventude representa 54,8% da população em regime de cárcere. Os dados também apontaram que 58,4% da população prisional, no ano de 2005, era de raça negra. Já em 2012, 60,8% da população carcerária era negra, significando que quanto mais aumenta a população prisional, mais cresce o número de negros aprisionados.
A PRÁTICA PROFISSIONAL DAS(OS) PSICÓLOGAS(OS) NO SISTEMA PRISIONAL
Segundo Costa, et al. (2010), a atuação do psicólogo no sistema prisional ocorreu de forma empírica no decorrer dos anos, sem uma formação própria na área de psicologia jurídica e que a princípio sua principal função era a realização do exame criminológico e emissão de laudos, designada pela legislação legal.
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2012, p. 42) no Brasil já se encontravam psicologistas no campo da Justiça Criminal. Antes da psicologia ser reconhecida como profissão, através do discurso médico da psiquiatria sobre o indivíduo criminoso era possível perceber esse fator. O serviço do psicólogo objetivava “realizar estudos e investigações na área da Psiquiatria, Antropologia, Criminologia, Endocrinologia e Psicologia” além de também “estudar a personalidade do criminoso no seu aspecto biopsíquico e social, procurando classificá-lo” 
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) produziu em abril de 2021, no campo do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), o documento “Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) no Sistema Prisional, revisando a edição de 2012, com o objetivo de construir uma orientação sólida para a prática psicológica neste setor.
A Lei de Execução Penal 7.210/1984, com a publicação da Lei 10.792/2003, em seu artigo 6º declara que a classificação dos presos será realizada pela Comissão Técnica de Classificação (CTC), responsável por elaborar o programa para a individualização da pena e designação do tratamento penal correto a cada apenado. Alguns profissionais foram convocados a integrar essa equipe multiprofissional, dentre eles: psicólogos/as, assistentes sociais e psiquiatras. (MEDEIROS E SILVA, 2015).
A partir de então o campo de atuação do psicólogo foi definido pela L.E.P 7.210/1984 com o encargo de realizar o exame criminológico (é uma análise que abrange questões de ordem psicológica e psiquiátrica do apenado, tais como grau de agressividade, periculosidade, maturidade, com o finco de prognosticar a potencialidade de novas práticas criminosas.) e classificar os apenados (o exame diagnóstico, no intuito da criação do projeto de individualização da pena). (MEDEIROS E SILVA, 2015).
No ano de 2003, foram alterados alguns artigos da Lei 7.210/1984 através da Lei 10.792/2003 que removeu da Comissão Técnica de Classificação a atribuição de acompanhamento da execução da pena (elaborar um programa individualizado e acompanhar a execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, devendo propor, à autoridade competente, as progressões e regressões dos regimes, bem como as conversões), ficando apenas a responsabilidade da realização do exame criminológico inicial para fins de orientação do plano de individualização da pena. (CFP, 2021).
A prática do exame criminológico tem levado a categoria a sérias reflexões, como: 1 – Pode-se considerar no exame criminológico uma avaliação psicológica? 2 – É possível, considerando as condições de trabalho do psicólogo, sob as condições de encarceramento, realizar avaliações técnicas, éticas e científicas de acordo com as normas estabelecidas pelos Conselhos de Psicologia? (CFP, 2021).
Diante dessas reflexões sobre as questões éticas e técnicas decorrentes da prática do exame criminológico, foi aprovada em maio de 2010 a Resolução CFP 09/2010 que vedava a realização dos exames criminológicos, além de orientar suas atividades para a atenção integral à saúde das pessoas em privação de liberdade, promovendo recursos de sociabilidade por meio de ações intersetoriais. (CFP, 2021).
No dia 22 maio 2011 foi aprovada a Resolução CFP 012/2011 revogando a Resolução CFP 09/2010 regulamentando a atuação do psicólogo no domínio do Sistema Prisional. Contudo, no dia 10 de abril de 2015 a Resolução CFP 012/2011 foi suspensa através de uma liminar proferida pela Justiça da 1.ª Vara Federal de Porto Alegre (RS), e legitimada posteriormente com a decisão judicial de suspensão em todo território nacional. (CFP, 2021).
Diante do exposto, o Conselho Federal de Psicologia, em junho de 2015, se manifestou com a seguinte nota: 
O exame criminológico desrespeita diversos princípios do Código de Ética Profissional da(o) Psicóloga(o), podendo se configurar como negligência, haja vista a desconsideração das condições necessárias para a realização de um serviço de qualidade. A Psicologia tem um papel social importante e seria uma indução reducionista ou um erro fazer uma afirmação desprovida de um mínimo de cientificidade. Isso é mais forte ainda quando se trata de uma análise técnico-pericial que vai subsidiar decisões judiciais. Portanto, mesmo com a suspensão liminar da Resolução CFP n° 012/2011, esclarecemos que a prática da(o) psicóloga(o), quanto à avaliação psicológica e produção de documentos escritos no âmbito do sistema prisional, continua sendo regida pela normatização profissional, especialmente as Resoluções referidas nesta Nota Técnica. (CFP, 2021).
O CFP/CREPOP (2009), publicou um relatório de pesquisa sobre a atuação do psicólogo no sistema prisional, cujo principal foco foi a práxis desse profissional nesses serviços, desafios e dificuldades. Nesse estudo, diferentes participantes de diversos Conselhos Regionais responderam um questionário on-line (176 psicólogos) e questões abertas (166 psicólogos)com perguntas sobre a prática desenvolvida no dia a dia; sobre os desafios e formas de lidar; sobre as práticas inovadoras; sugestões e comentários.
“A população atendida por esses profissionais é composta de pessoas presas em regime fechado, semiaberto, aberto, prisão provisória ou núcleo de custódia; familiares das pessoas presas; funcionários(as) e agentes penitenciários(as); alguns adolescentes em conflito com a lei ou egressos de medidas socioeducativas.” (CFP/CREPOP (2009).
“As respostas relacionadas às atividades realizadas no dia a dia, foram obtidas as seguintes respostas: 1. Elaboração de relatórios, laudos, pareceres e avaliações psicológicas; 2. Atenção psicológica individual e grupal; 3. Pronto-atendimento; 4. Encaminhamentos; 5. Reuniões de equipe; 6. acompanhamento extramuros; 7. Atuação nas relações institucionais; 8. Atuação em rede; 9. Elaboração de projetos, pesquisas e produções e práticas acadêmicas; 10. Promoção de eventos; 11. Recrutamento e seleção; 12. Atuação conjunta com a equipe de saúde.” (CFP/CREPOP (2009).
Em 2003, ano em que a da Lei 7.210/1984 sofreu alterações, foi criado o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (P.N.S.S.P), ampliando os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) à população carcerária. O PNSSP esteve vigente de 2003 a 2013 e foi substituído em 2014 pela Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (P.N.A.I.S.P.) Tanto a instituição do PNSSP e do P.N.A.I.S.P trouxeram aos psicólogos prisionais a oportunidade de se dedicarem a novos projetos, através da atenção integral à saúde.
CONCLUSÃO
A partir do que foi mencionado acerca das prisões, é notório que o papel do psicólogo na ressocialização dos condenados envolve uma complexa realidade, exigindo que ele trabalhe na criação de estratégias que propiciem mudanças dentro da realidade institucional. Desde a entrada do sujeito no sistema prisional, o trabalho do psicólogo deve estar orientado no sentido de promover recursos que aspirem uma saída sustentável e satisfatória que visem a promoção social daquele que teve sua liberdade circunscrita.
A Lei de Execução Penal determinou qual o papel do psicólogo prisional, contudo, ele deve sair deste lugar ao qual foi limitado e criar espaço no qual possa propiciar qualidade de vida ao sentenciado, na tentativa de atenuar os efeitos nocivos do encarceramento sobre esse sujeito.
 Lembrando que, não importando onde o psicólogo atue como profissional, sua práxis tem que estar pautada ético-tecnicamente nos direitos humanos, defendendo a vida e a saúde do cidadão.
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, C. R. Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
CFP - Conselho Federal de Psicologia - A prática profissional dos (as) psicólogos no Sistema Prisional. Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2009.
CFP – Conselho Federal de Psicologia. Referências Técnicas para atuação das (os) psicólogas (os) no Sistema Prisional. Conselho Federal de Psicologia, Brasília: CFP, 2012.
CFP – Conselho Federal de Psicologia. Referências Técnicas para atuação de psicólogas (os) no Sistema Prisional. Conselho Federal de Psicologia. Conselhos Regionais e Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas. Brasília: CFP, 2021.
COSTA, A. E. et al; A distinção e funcionalidade entre o sistema prisional comum e a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados – APAC. Universidade Vale do Rio Doce, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Governador Valadares, MG, 2010. 
DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional. https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-02/brasil-tem-mais-de-773-mil-encarcerados-maioria-no-regime-fechado
ESPEN - Escola de Formação e Aperfeiçoamento Penitenciário - A história das prisões e dos sistemas de punições. http://www.espen.pr.gov.br/Pagina/historia-das-prisoes-e-dos-sistemas-de-punicoes
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. 24ª ed. Petrópolis, RJ : Vozes,1987
MAMELUQUE, M. G. C. A. Subjetividade do Encarcerado, um Desafio para a Psicologia. Psicologia Ciência e Profissão, 2006, 26 (4), 620-631. http://ciênciaecultura.bvs.br/cielo
NUNES, D. H., LEHFELD, L. S., TOMÉ, S. C. Direitos Humanos Dos Encarcerados e Dignidade da Pessoa Humana: Aspectos materiais vigentes. 2019.
LOPES, H. R., PIRES, G. A. C., PIRES, C. L. C. Princípios norteadores da execução penal. https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-120/principios-norteadores-da-execucao-penal/
MEDEIROS, A. C. A.; SILVA, M. C. S. A Atuação Do Psicólogo No Sistema Prisional: Analisando E Propondo Novas Diretrizes. Revista Transgressões, v. 2, n. 1, p. 100-111, 9 fev. 2015.
ZAFFARONI, R. E. Em busca das penas perdidas: a perda de legitimidade do sistema penal. Rio de Janeiro: Revan, 1991.

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