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2021.1 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO INSTRUÇÕES PARA A AV2 – TRABALHO ACADÊMICO – RUMO AO DEZ! Prazo de encerramento: 30.5.2021, às 23h59min. Evite deixar para a última hora a elaboração do trabalho. 1. A prova deverá ser feita individualmente. Evite repassar o seu trabalho. 2. O aluno deverá enviar somente a FOLHA DE RESPOSTAS. (Arquivo: abaixo da prova em Espaço para a AV2) 3. A questão dissertativa é pessoal, não podendo ser repassada, tampouco deverá haver consultas na internet. A questão é sobre o texto da prova e é para ser escrita na terceira pessoa. Questões dissertativas copiadas de sites serão anuladas. 4. O prazo de entrega deverá ser respeitado. Não haverá prorrogação, pois não há segunda chamada. 5. Verifiquem se o arquivo foi enviado, conforme foto a seguir: Desejo a todos muito sucesso! Rumo ao DEZ! Abraço sempre fraterno, Marcio Comunicação e Expressão – AV2 – TRABALHO ACADÊMICO – Prof. Marcio – 2021.1. Leia os trechos a seguir. Texto I A censura ao direito de sonhar em “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus Por: Luciana Paiva Corone – Disponível em: a13n44.pdf (scielo.br) Acesso em 21.3.21 Em artigo intitulado “O direito à literatura”, o crítico literário Antonio Candido de Melo e Souza define o acesso à literatura como um dos direitos humanos básicos, indispensável não à sobrevivência física, mas ao pleno desenvolvimento do imaginário. Ressaltando o papel humanizador profundo exercido pelas manifestações literárias em nossa formação individual, Candido advoga a importância do conhecimento das mais variadas formas de expressão literária, sejam elas legitimadas pelo sistema cultural hegemônico, sejam oriundas de movimentos de negação do estado de coisas predominante. Mesmo no que diz respeito à literatura de forte viés social, o crítico paulista entende que “a eficácia humana é função da eficácia estética”, e que, portanto, “o que na literatura age como força humanizadora é a própria literatura, ou seja, a capacidade de criar formas pertinentes” (CANDIDO, 2004, p. 182). São, dessa forma, as palavras organizadas que, sugerindo ao leitor um modelo de ordenamento do mundo, lhe orientam no sentido da compreensão de si e do seu entorno. Os diários de Carolina Maria de Jesus, publicados no início dos anos 1960, sob o título “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, constituem exemplo cabal da assertiva de Cândido, pois não revelam apenas a palavra de uma mulher pobre, preta, mãe solteira por três vezes, favelada e semianalfabeta. Revelam o talento da autora na reconstrução textual da rotina de privações sofridas na favela do Canindé, em São Paulo, entre as quais se encontra com frequência a experiência da fome: “27 de maio de 1958 – A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago. Comecei a sentir a boca amarga. Pensei: já não basta as amarguras da vida? [...] O Léon pegou o papel, recibi seis cruzeiros. Pensei em guardar para comprar feijão. Mas vi que não podia porque o meu estômago reclamava e torturava-me. Resolvi tomar uma média e comprar um pão. Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos. A comida no estômago é como combustível nas máquinas. Passei a trabalhar mais depressa. Meu corpo deixou de pesar. [...] Eu tinha a impressão que eu deslizava no espaço. Comecei a sorrir como se eu estivesse presenciando um lindo espetáculo. E haverá espetáculo mais lindo do que ter o que comer? Parece que eu estava comendo pela primeira vez na minha vida (Jesus, 2007, p. 45-46).” https://www.scielo.br/pdf/elbc/n44/a13n44.pdf Ainda no caso de uma escrita tão próxima à experiência, são os recursos de linguagem que permitem à autora criar uma narrativa contundente acerca da experiência vivida, representando, por exemplo, a fome como uma vertigem amarela. “Quarto de despejo”, título do livro, é igualmente uma imagem-síntese capaz de traduzir a sensação de viver em um local onde as pessoas e o lixo se confundem. É nesse cenário, em que “o único perfume que exala […] é a lama podre, os excrementos e a pinga” (p. 48), que a autora desperta, no dia da Abolição, sentindo-se ainda escravizada em plena era desenvolvimentista dos anos 1950: “Hoje é o dia que comemora a libertação dos escravos. [...] A Vera começou a pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. [...] E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!” (p. 32). TEXTO II Disponível em: Carolina Maria de Jesus - 13 de maio - Literatura Afro-Brasileira (ufmg.br) “13 de maio – Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpático para mim. É o dia da abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos. ... Nas prisões os negros eram bodes espiatórios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos trata com despreso. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. Continua chovendo. E eu só tenho feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no seu Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair. Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisa de comer eles brada: – Viva a mamãe! A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o hábito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim: “– Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude catar papel. Agradeço. Carolina.” ... Choveu. Esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e o arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!” TEXTO III Na obra, há uma nota dos editores: Esta edição respeita fielmente a linguagem da autora, que, muitas vezes, contraria a gramática, incluindo a grafia e a acentuação das palavras, mas que por isso mesmo traduz com realismo a forma de o povo enxergar e expressar seu mundo. http://www.letras.ufmg.br/literafro/24-textos-das-autoras/63-carolina-maria-de-jesus-13-de-maio QUESTÃO 1 - Valor: 0,8 De acordo com o texto I, o sociólogo, crítico literário e professor universitário, estudioso da literatura brasileira e estrangeira, afirma que: I. a afluência à literatura, mesmo a que não guia ou lidera o sistema cultural, é importante, pois contribui para o desenvolvimento do imaginário. II. o acesso à literatura da língua formal, culta, é importante, pois, além de ser um direito básico, desenvolve o imaginário, que é o capital pensado do Homo Sapiens. III. o conhecimento de diversas formas de expressão literária não valida o texto como sendo um “texto literário”. IV. a literatura atua como força humanizadora. São verdadeiras as afirmações: a) I e III b) II e IV c) III e IV d) I e IV e) II e III (insira na folha de respostas a letra adequada) QUESTÃO 2 - Valor: 0,8 Podemos apreender a alma de uma pessoa por meio do relato autobiográfico, pois narrativas revelam o modo de pensar, de sentir e de agir do sujeito e também apresentam o entorno em que vivem, evidenciando os lados econômico, social, histórico, entre outros. Carolina de Jesus, em “Quarto de despejo”, mostra um Brasil desigual, apresenta a necessidade de trabalhar para um futuro mais justo. Esta autoranão teve a educação formal completa – ficou na escola somente por dois anos, cursando o primeiro e o segundo anos. Em que frases podem ser localizadas a presença da desigualdade socioeconômica de acordo com o texto I: I. “A tontura da fome é pior que a do álcool”. II. “A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer.” III. “Eu tinha a impressão que eu deslizava no espaço. Comecei a sorrir como se eu estivesse presenciando um lindo espetáculo.” IV. “Pensei em guardar para comprar feijão. Mas vi que não podia porque o meu estômago reclamava e torturava-me.” Assinale a opção adequada: a) em I e IV somente; b) em II, III e IV; c) em III e IV somente; d) em I e III somente; e) em I, II e IV; (insira na folha de respostas a letra adequada) QUESTÃO 3 - Valor: 0,8 https://pt.wikipedia.org/wiki/Soci%C3%B3logo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADtico_liter%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Professor_universit%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_brasileira A palavra “semianalfabeta”, de acordo com o Atual Acordo Ortográfico, não se separa por hífen. Do grupo de palavras a seguir, em quais deles todas as palavras não são separadas por hífen: I. (inter + galáctico); (supra + realidade); (ultra + especial); (co + autor); II. (auto + organização); (semi + reta); (infra + humano); (co + residente); III. (semi + círculo); (super + sensível); (auto + educação); (auto + ajuda); IV. (infra + estrutura; (anti + ético); (ultra + moderno); (semi + intensivo). Assinale a opção adequada: a) em II, III e IV; b) em III e IV somente; c) em I e III somente; d) em II e IV; e) em I, III e IV. (insira na folha de respostas a letra adequada) QUESTÃO 4 - Valor: 0,8 Compare o texto I e o texto III. O que podemos afirmar que os aproxima? Assinale a opção adequada. a) “São, dessa forma, as palavras organizadas que, sugerindo ao leitor um modelo de ordenamento do mundo, lhe orientam no sentido da compreensão de si e do seu entorno.” b) “A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar.” c) “Quarto de despejo, título do livro, é igualmente uma imagem-síntese capaz de traduzir a sensação de viver em um local onde as pessoas e o lixo se confundem.” d) “[...] Antonio Candido de Melo e Souza define o acesso à literatura como um dos direitos humanos básicos [...]” e) “Eu tinha a impressão que eu deslizava no espaço. Comecei a sorrir como se eu estivesse presenciando um lindo espetáculo. E haverá espetáculo mais lindo do que ter o que comer?” (insira na folha de respostas a letra adequada) QUESTÃO 5 - Valor: 0,8 Conforme apontado no Texto III, muitas vezes, a obra de Carolina de Jesus “contraria a gramática, incluindo a grafia e a acentuação das palavras, mas que por isso mesmo traduz com realismo a forma de o povo enxergar e expressar seu mundo”. No entanto, no trecho a seguir, não há contrariedade com relação à norma culta na utilização de pronome pessoal reto antes de verbo: “[...] para eu fazer uma sopa para os meninos.” Em que frase a seguir, pode-se usar o pronome reto em conformidade com a norma culta? a) Estudar diariamente facilita a compreensão para ______. b) Às vezes, para _____ estudar mais, faço resumos de toda a matéria. c) Posso garantir que, para _____, isso é novidade. d) Não há nada entre _____ e você. e) Para ____, estudar é fundamental. (insira na folha de respostas a letra adequada) Questão 6 - Valor: 0,8 Observe a charge a seguir. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/655696026976385494/ Acesso em 21.3.21 Com relação aos textos I, II e a charge, pode-se afirmar que: a) há indícios que envolvem a política, a cidadania, a pobreza extrema; b) é somente a fome que recebe maior destaque; c) o tema da escravidão é o centro dos três textos; d) o racismo deixou marcas profundas; e) a autora se mostra revoltada com a data em que escreveu: “o 13 de maio”. (insira na folha de respostas a letra adequada) Questão 7 - Valor: 0,8 Leia o trecho a seguir: “A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer.” A frase em destaque no retângulo pode ser reescrita sem a perda do sentido em: a) A tontura do álcool é igual a tontura da fome, logo ambas nos fazem tremer ou cantar. b) Tanto a tontura do álcool como a tontura da fome nos levam a tremer e nos impelem a cantar; entretanto, a da fome é pior. c) Não obstante, a tontura do álcool e a da fome nos motivam a cantar e a tremer. https://br.pinterest.com/pin/655696026976385494/ d) A despeito da tontura da fome e a do álcool, é preciso afirmar que ambas nos levam ao martírio. e) É pior a tontura da fome (que nos faz tremer) do que a do álcool (que nos motiva a cantar). (insira na folha de respostas a letra adequada) Questão 8 - Valor: 1,2 “A obra Quarto de despejo tem valor literário, pois é perceptível um traço autoral em relação à estética da autora. E tem valor sociológico/antropológico, uma vez que registra o discurso de uma moradora no início do processo de favelização no Brasil” e põe em evidência o preconceito. Em face do exposto, após a leitura do texto II, elabore somente a frase-núcleo (tópico frasal – o que você vai provar) para futura construção de um texto. Assunto: preconceitos. Delimitação do assunto: preconceitos raciais. Objetivo: apresentar argumentos contra preconceitos raciais. Frase-núcleo: ................................................................................................................................... ................................................................................................................................... ................................................................................................................................... (insira na folha de respostas e apague as linhas pontilhadas) Questão 9 Leia o texto a seguir. (Valor: 1,2 ) José Carlos Sebe Bom Meihy (2015), citado por Santos (2018), no artigo “Repensando Carolina Maria de Jesus”, apresentou uma importante informação em relação ao processo de edição da obra “Quarto de despejo”. Assim, Meihy (2015, p. 527) destacou que o critério dos cortes assumido pelo editor tinha por objetivo “evitar repetições e promover leitura palatável”; entretanto, removeu páginas e páginas, gerando um texto final de inegável brilho, mas com nítido filtro, principalmente, em face das questões espinhosas, como preconceitos”. Em face disso, Santos (2018, p. 378) questiona: “como essas questões espinhosas poderiam ser recebidas numa sociedade que acreditava na tão propagandeada ideia de democracia racial, naquele momento inicial da década de 1960, se elas tivessem feito parte da obra?” E complementa: “não tendo como saber, nos dedicaremos apenas às questões que fazem parte da obra” (p. 379). (SANTOS, Jorge. L.F. Quarto de despejo: uma análise acerca do racismo e da branquitude. In: Revista Crioula, nº 21, 1º semestre de 2018, São Paulo-USP). Disponível em: https://www.revistas.usp.br/crioula/issue/view/10521/1387. Acesso em21.3.2021. Pergunta-se: no que tange às “questões espinhosas”, no que se refere ao preconceito racial, nesta emblemática segunda década do terceiro milênio, como pode ser definido o sujeito preconceituoso, racista? Responda à questão em 5 (cinco) linhas, no máximo. Não ultrapasse o número de linhas solicitado. https://www.revistas.usp.br/crioula/issue/view/10521/1387 Construa a frase-núcleo, desenvolva-a e a conclua. Não faça consultas na internet. Baseie-se em seus conhecimentos (na sua experiência) e nos textos lidos. CTRL C/ V – anulação da questão. Não se dirija ao leitor. (Observe que o objetivo está na própria pergunta e a sua resposta deverá estar de acordo com o que foi perguntado.) ...................................................................................................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................... ................................................................................................................................... ................................................................................................................................... ................................................................................................................................... (insira na folha de respostas e apague as linhas pontilhadas)
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