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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Normas fundamentais do CPC e sua aplicação no Processo do Trabalho 41.As normas fundamentais previstas no CPC (arts. 4°-11) devem ser aplicadas ao processo do trabalho? Justifique, apresentando exemplos em relação a cada uma delas (primazia do julgamento de mérito, boa-fé objetiva, cooperação processual, vedação de decisões-surpresa e contraditório como influência prévia). R= Sim, conforme estabelece o Enunciado 48, aprovado no Fórum Nacional de Processo do Trabalho, tal princípio tem total aplicação na seara trabalhista: “O princípio da primazia do julgamento de mérito, inserido no sistema processual pelo art. 4.º do NCPC tem aplicação no direito processual do trabalho, uma vez que o Poder Judiciário deve buscar a solução definitiva da lide em qualquer espécie de conflito, com o fim de que a jurisdição possa atingir seus escopos jurídicos e sociais. Tal dispositivo se coaduna, ainda, com o princípio da simplicidade que permeia o processo do trabalho, observando, assim, a regra do art. 769 da CLT”. Dessa forma, o art. 4° do CPC, encontra-se em total conformidade com o processo do trabalho, uma vez que um dos principais pilares deste é a celeridade processual. Quanto a boa-fé do art. 5° e a Cooperação do art. 6°, são plenamente aplicáveis ao processo do trabalho. Já quanto à Isonomia do art. 7°, embora seja aplicada ao processo do trabalho, deve haver uma observância maior, pois o magistrado deverá ter uma atuação destinada a garantir a efetiva paridade de armas; como por exemplo: a exigência de depósito para interposição de recursos apenas para o empregador; a possibilidade de a execução ser iniciada de ofício pelo juiz; as diferentes consequências do não comparecimento numa audiência inaugural, no caso, a revelia para ausência do empregador e arquivamento do feito na hipótese de ausência do empregado; e, ainda, a possibilidade de inversão do ônus da prova pacificamente admitido pela doutrina e jurisprudência. Na seara trabalhista, é plenamente aplicável o art. 9° do CPC, uma vez que é vedada as decisões-surpresa, devendo as partes terem conhecimento prévio, assim, determinando a indispensabilidade de oitiva das partes de forma prévia. Quanto ao art. 11 do CPC, este também aplica-se ao Processo trabalhista, tendo em vista que o próprio TST entendeu pela nulidade das decisões que não observam os deveres de publicidade e fundamentação. Convenções processuais na Justiça do Trabalho 42. É possível a realização de convenções processuais atípicas no processo do trabalho (art. 190 do CPC)? E a fixação de um calendário processual (art. 191 do CPC)? Justifique. R= O TST entendeu ser inaplicável ao Processo do Trabalho o art. 190 do CPC, com o seguinte: “Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho, em razão de inexistência de omissão ou por incompatibilidade, os seguintes preceitos do Código de Processo Civil: (...) II – art. 190 e parágrafo único (negociação processual)”. Porém, a doutrina entende que as convenções processuais atípicas, previstas no art. 190 do CPC, se aplicam ao Processo do Trabalho, independentemente do conflito submetido ao Judiciário ou das partes envolvidas. Mas, cada caso será analisado de uma forma e somente essa análise do caso concreto, observando se não há prejuízos ao litigante mais fraco, assim poderá impedir a convenção formada pelos litigantes. No caso do calendário processual, também deve ser submetido à apreciação do Juiz do Trabalho e também à disponibilidade da pauta, para que possa haver a fixação do calendário estabelecido pelas partes. Produção antecipada de provas na Justiça do Trabalho 43.A produção antecipada de provas (arts. 381-383 do CPC) pode facilitar o acesso à Justiça do Trabalho? Justifique. Quais são as hipóteses de cabimento deste instituto? Há litígio concreto entre as partes a ser solucionado pelo juiz? Qual é o valor da prova produzida no sistema de produção antecipada em relação ao procedimento posterior de ordem conflituosa? Em sede de produção antecipada de provas, caso o reclamante beneficiário da justiça gratuita perca no objeto perícia, a União deve arcar com os honorários periciais mesmo não havendo litígio concreto no procedimento? Qual é a consequência jurídica da ausência de juntada de documento, pela empresa, prescrição? R= Sim, tendo em vista que o momento atual é o de desjudicialização dos conflitos, dando bastante atenção aos meios alternativos de resolução de litígios. Assim, ao permitir a aplicação de meios, que de forma natural não fariam parte da justiça do Trabalho, pode evitar o agravamento da sobrecarga do judiciário, bem como dar cumprimento aos princípios da celeridade e da economia processual. Esse instituto poderá ser aplicado quando: “a) haja fundado receio de que venha tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência do processo; b) a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; c) o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação”. Não comporta valoração ou formação de convencimento, pois seu objetivo é, tão somente, viabilizar a produção da prova, e a análise dessas provas ocorrerá no decorrer de uma ação futura ou em curso, resguardando o contraditório a ambas as partes. Quanto ao beneficiário, caberá ao juízo a aferição, no caso concreto, da condição de insuficiência de recursos. Caso não haja a juntada de documentos, pela empresa, sem que haja plausível justificativa, importa em confissão ficta. Competência da Justiça do Trabalho 44.Art. 114, I, da CF. “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei”. Responda as seguintes questões: (A) Qual o conceito de relação de trabalho, para fins de fixação da competência material trabalhista? Cite alguns exemplos; (B) Existe contradição entre os incisos I e IX do art. 114 da CF? Justifique sua resposta; (c) A Justiça do Trabalho julga litígios entre pessoas jurídicas? Exemplifique, inclusive em um dos casos de intervenção de terceiros. R= A) Para a doutrina, relação de trabalho mencionada no art. 114, inciso I, conceitua-se como aquela que abarca toda e qualquer atividade humana em que haja prestação de trabalho, como: autônomo, eventual, de empreitada, avulso, cooperado, doméstico, etc. Assim, há essa relação de trabalho pela presença dos seguintes elementos: aquele que presta o serviço, o trabalho (subordinado ou não) e o tomador do serviço. B) Para alguns doutrinadores há contradição nos dois incisos, pois dá a entender que os litígios de correntes da relação de trabalho que não estiverem elencados nos incisos anteriores, necessitam de previsão legal para que sejam submetidos à Justiça do Trabalho. C) A Justiça do Trabalho é incompetente para julgar dissídios entre duas pessoas jurídicas, conforme jurisprudência da 9° Turma, do TRT de Minas Gerais. Um exemplo de intervenção de terceiros é o chamamento ao processo, no caso de a medida ir ao encontro dos interesses do acionante. 45.De acordo com o entendimento do STF, existe relação de trabalho entre a Fazenda Pública e alguém que lhe presta serviços diretamente? R= Depende, o STF entendeu que a relação de trabalho entre a Fazenda Pública e aquele que lhe prestas serviços diretamente tem caráter jurídico-administrativo. Assim, a Justiça do Trabalho não seria competente para julgar causas instauradas pelo Poder Público e seus servidores, que estivessem vinculados a ele por ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. Dessa forma, o STF afastou toda e qualquer interpretação do art.114, I, da CF, que venha a inserir, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculadospor típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. 46.A Justiça do Trabalho julga servidores dos cartórios extrajudiciais? R= Sim, a jurisprudência é firme no sentido de que os servidores dos cartórios extrajudiciais estão sujeitos ao regime da CLT mesmo antes do advento da Lei n° 8.935/1994. Assim, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar, uma vez que estes servidores não são funcionários públicos, apenas exercem uma atividade que é delegada pelo poder público. 47.Cite dez exemplos de pedidos de indenização por danos morais julgados pela Justiça do Trabalho. R= Pedido de indenização por danos morais por acidente de trabalho ou doença profissional, julgado pelo TRT-3. Pedido de indenização feito pela esposa e filhos do empregado, em virtude de acidente de trabalho que resultou em óbito, no percurso utilizando transporte fornecido pelo empregador. Pedido de indenização por danos morais em face do dano decorrente de acidente ocasionado por ônibus de empresa contratada pela empregadora para o transporte de seus empregados. Pedido de indenização por danos morais por atos praticados pelo ex-empregador em decorrência da relação de trabalho havida entre as partes. Petição de indenização por danos morais ocasionada por assédio moral, em abuso de poder diretivo, julgado TRT-4. Pedido de indenização por danos morais decorrente de atraso reiterado de salários, julgado pelo TST. 48.A Justiça do Trabalho tem competência criminal? Justifique. R= Não, com base no entendimento do STF, a Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar ações penais, tendo em vista que o art.114, inciso Ida CF não compreende outorga de jurisdição sobre matéria penal. Assim, buscou-se dar interpretação conforme a Constituição para afastar qualquer interpretação que entenda competir à Justiça do Trabalho processar e julgar ações penais. 49.Art. 109 da CF. “Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho”. Art. 114, I, da CF. “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VI – as ações de indenização por dano moral ou material, decorrentes de relações de trabalho”. Responda as seguintes questões: (A) A Justiça do Trabalho julga os pedidos de indenização por danos morais e/ou materiais fundamentados em ilícito pré-contratual, contratual e pós-contratual trabalhista? Exemplifique; (B) A Justiça do Trabalho julga os litígios oriundos ou decorrentes de acidente do trabalho? Em sua resposta, diferencie as seguintes situações: I – o empregador como réu; II – o INSS como réu. R= A) É competência da Justiça do Trabalho julgar os pedidos de indenização por danos morais e materiais fundamentados em ilícito contratual, bem como, segundo entendimento da 3° Turma do Tribunal Regional do Trabalho, a Justiça do Trabalho também tem competência para julgar pedidos de indenização por dano moral e material fundamentado em ilícito pré-contratual e pós-contratual, uma vez que o contrato de trabalho impõe obrigações e produz efeitos também nessas fases. Exemplo: “um trabalhador rural que acionou a Justiça do Trabalho pedindo indenização por danos morais porque seu antigo empregador, depois a rescisão, tendo afirmado à polícia que ele teria praticado um crime na fazenda onde trabalhava. A denúncia foi feita depois que o proprietário rural recebeu carta anônima afirmando que seu ex-empregado teria vendido duas vacas sem autorização”. B) Sim, de acordo com a Súmula Vinculante n°22, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador. I- Contra empregador, será competente a Justiça do Trabalho; II- No caso da ação acidentária proposta contra o INSS, será competente a Justiça Comum Estadual. 50.Art. 114, I, da CF. “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: II – as ações que envolvam exercício do direito de greve; III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e empregadores; VII – as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho”. Comente e exemplifique a respeito dessas hipóteses de competência material da Justiça do Trabalho. R= Quanto as ações que versem sobre o direito de greve, previsto no inciso II, a competência da Justiça do Trabalho é ampla, em tese, abrangendo todas as ações que envolvam o exercício desse direito, independentemente se o enfoque é trabalhista, civil ou penal. Exemplo: as ações (coletivas, geralmente) que sejam necessárias ao resguarde de seus direitos. Quanto ao inciso III, a Justiça do Trabalho é competente para julgar litígios entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores, tanto nas causas intrasindicais como nas intersindicais. Exemplo: um caso julgado pela Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10° Região, que consistia no pedido de um trabalhador à Justiça do Trabalho, a condenação do sindicato porque o advogado contratado por este para ingressar com ação trabalhista, além de receber os honorários advocatícios da empresa condenada, ainda cobrou do trabalhador um percentual a ‘título de honorários’; fato este que violava o art. 514, inciso b, da CLT, que impõe aos sindicatos o dever de manter assistência judiciária aos seus associados. E, quanto ao inciso VII, a doutrina entende que as penalidades administrativas referem-se tão-somente ao empregador. Assim, apenas as penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização seriam de competência da Justiça do Trabalho; há quem discorde dessa interpretação. Exemplo: penalidade imposta pelo não recolhimento de FGTS. 51.Cite exemplos de litígios sindicais que são da competência da Justiça do Trabalho. R= A Justiça do Trabalho é competente para julgar litígios entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores, tanto nas causas intrasindicais como nas intersindicais. Como por exemplo, um caso julgado pela Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10° Região, que consistia no pedido de um trabalhador à Justiça do Trabalho, a condenação do sindicato porque o advogado contratado por este para ingressar com ação trabalhista, além de receber os honorários advocatícios da empresa condenada, ainda cobrou do trabalhador um percentual a ‘título de honorários’; fato este que violava o art. 514, inciso b, da CLT, que impõe aos sindicatos o dever de manter assistência judiciária aos seus associados. 52.Cite exemplos de litígios de greve que são da Competência da Justiça do Trabalho, diferenciando-os dos casos que não são da competência trabalhista. R= O inciso II, do art. 114 da CF trata do direito de greve, tendo a Justiça do Trabalho competência material para todas as ações que sejam relacionadas, direta ou indiretamente, ao exercício do direito de greve para a classe trabalhadora. Assim, tanto as ações prévias para assegurar o exercício do direito de greve dos trabalhadores, quanto as ações possessórias, ou seja, para defesa do patrimônio do empregador. Exemplo: as ações para reparação de danos aos trabalhadores ou aos empregadores ou até danos a terceiros. Porém, a Justiça do Trabalho não tem competência para os litígios que englobam entre Poder Público e servidores vinculados à Administração, ou seja, não é de competência da Justiça do Trabalho greve de servidores públicos. Dessa forma, caberá à Justiça Estadual julgar as causas dos servidores públicos estaduais e municipais, bem como as causas envolvendo os própriosservidores da Justiça do Trabalho; e no caso dos servidores da área federal, serão julgados pela Justiça Federal. 53. Cite exemplos de casos da competência da Justiça do Trabalho envolvendo “penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos da fiscalização do trabalho”. Há execução fiscal dentre esses casos? Justifique. R= Um exemplo são as penalidades impostas pelo não recolhimento do FGTS. E sim, há execuções nesse caso, tendo em vista que quando o art. 114, inciso VII menciona “ações”, inclui as ações de execução fiscal. Assim, tal competência está implícita no mencionado dispositivo, não fazendo sentido que a Justiça do Trabalho fosse competente para algumas ações que visam impugnar as penalidades impostas pelos órgãos de fiscalização do trabalho e a execução tivesse que ser levada à outra jurisdição, como a Justiça Federal. 54.Disserte sobre a competência territorial na Justiça do Trabalho, inclusive sobre o procedimento da exceção de incompetência. R= A competência territorial na Justiça do Trabalho é definida pelo local da prestação dos serviços, com exceção ao empregado agente ou viajante comercial e ao empregado que realizada suas atividades em localidade diversa da contratação, previstas no art. 651, §§1° e 2° da CLT. Ainda, a competência territorial não pode ser alegada de oficio pelo órgão jurisdicional. Quanto à exceção de incompetência, deve ser apresentada antes da audiência, no prazo de cinco dias contados a partir do recebimento da notificação pela empresa reclamada e em peça apartada, devendo sinalizar explicitamente a existência da exceção, de acordo com o art. 800 da CLT. Dessa forma, uma vez apresentada a exceção de incompetência territorial, o processo será suspenso até que seja decidida a exceção, e o juiz procederá a intimação das demais partes para manifestação no prazo comum de cinco dias, designando audiência de instrução para produção de prova oral, se entender necessário. 55.Disserte sobre a competência da Justiça do Trabalho envolvendo a execução das contribuições previdenciárias e do imposto de renda. R= Conforme entendimento previsto no inciso I, da Súmula 368 do TST: “A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição”; bem como a Súmula 53 do STF, “A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição”. Assim, conforme descrito nas mencionadas Súmulas, a execução das contribuições previdenciárias está limitada às sentenças condenatórias em dinheiro e valores que integrem o salário de contribuição. E, quanto ao imposto de renda, a Justiça do Trabalho é competente quanto a execução do imposto de renda incidentes sobre as verbas remuneratórias da condenação, tendo em vista que se trata de fato gerador ocorrido no curso de uma relação de trabalho, em um processo trabalhista. 56.A Justiça do Trabalho tem competência para julgar ações envolvendo o meio ambiente do trabalho de órgãos públicos? R= Sim, conforme entendimento jurisprudencial, a Justiça do Trabalho tem competência para julgar também as ações relativas ao meio ambiente do trabalho dos estatutários, tendo em vista a Súmula 736 do STF. Ainda, conforme jurisprudência do TST, a Justiça do Trabalho seria competente para julgar, tendo em vista que a redução dos riscos inerentes ao trabalho é um direito que atinge também servidores estatutários, considerando que o que se tutela é a higidez do local de trabalho, e não o indivíduo em si, sendo irrelevante a qualificação do vínculo jurídico que os servidores possuam com o ente público. 57.A Justiça do Trabalho tem competência para julgar as ações sobre o FGTS movidas em face da CEF – Caixa Econômica Federal? Justifique. R= Conforme jurisprudência e com base na súmula 82 do STJ, a competência para julgar ações envolvendo movimentação do FGTS seria da Justiça Federal. Ainda, conforme jurisprudência, a Justiça do Trabalho seria incompetente para julgar demanda contenciosa em face da CFE para levantamento de FGTS e outros fundos. 58.Cite exemplos de matérias tratadas em ações civis públicas pelo MPT perante a Justiça do Trabalho. R= Como exemplo de matérias tratadas em ações civis públicas pelo MPT perante a Justiça do Trabalho, temos: Defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos; proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Intervenção de terceiros na Justiça do Trabalho 59.Cite exemplos de assistência na Justiça do Trabalho. R= Simples e litisconsorcial, conforme a súmula 82 do TST. Segundo José Ribeiro de Campos, um exemplo de assistência simples seria:” a hipótese de, em um caso, onde ocorreu terceirização, o autor promover a ação em face da empresa prestadora dos serviços, seu empregador, o pagamento de adicional de insalubridade e o local a ser vistoriado estar nas dependências da empresa tomadora. Nesse caso, o tomador tem interesse em auxiliar o réu a ser vencedor na causa, visto que, sendo procedente o pedido, esta situação poderá ter reflexos na relação jurídica da empresa tomadora com os seus empregados e com os demais empregados da empresa contratada”. 60.É cabível a denunciação da lide no Processo do Trabalho? Justifique e exemplifique. R= A doutrina entende ser plenamente cabível a denunciação da lide no Processo do Trabalho na hipótese do artigo 70, inciso III do Código de Processo Civil, mesmo que não haja previsão legal para o procedimento da denunciação da lide. Assim, com fundamento no art. 769 da CLT, aplicam-se as normas do Código de Processo Civil. Assim, após a emenda constitucional, passou-se a admitir a competência da Justiça do Trabalho para essa intervenção, desde que a relação entre denunciante e denunciado se inserisse na competência material. Exemplo caso julgado: “RECURSO DE REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA EM FACE DO TOMADOR DE SERVIÇOS. DESCUMPRIMENTO DE NORMAS DE MEDICINA E SEGURANÇA DO TRABALHO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DO PRESTADOR DE SERVIÇOS. Embora a OJ 227 da SbDI-1 do TST tenha sido cancelada, esta Corte Superior firmou o entendimento de que o cabimento da denunciação da lide no processo do trabalho deve ser examinado caso a caso, sob o enfoque da competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar a controvérsia entre o denunciante e o denunciado. No caso em exame, a questão relativa ao direito de regresso, previsto em lei ou em contrato, entre o tomador e o prestador de serviços é de natureza cível e não trabalhista. Tratando-se de hipótese não se inserta no rol de competências desta Especializada (art. 114 da Constituição Federal), incabível a pretensão de denunciação da lide. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (…)” (RR-1440-68.2012.5.22.0003, 8ª Turma, Relator Ministro marcio eurico vitral amaro, DEJT 15/03/2019).” 61.O que você entende por nomeação à autoria? Esse instituto é aplicável na Justiça do Trabalho? Exemplifique. R= Nomeação à autoria seria o incidente pelo qual o réu indica o sujeito verdadeiro que deve figurar no polo passivo da ação, ou seja, nomeia terceiro estranho à relação processual. Parte da doutrina entende que esse instituto só será admitido nos conflitos derivados das relações de trabalho latu sensu, desde que não implique em relação de emprego e em litígio entre duas pessoas jurídicas. Por exemplo: “‘na ação de indenização intentada pelo empregador em face do empregado, sob a alegação de danos causados par dolo ou culpa a veículo, que se encontrava na posse do empregado. Com espeque no art.63 do CPC, o empregado poderá aduzir que praticou o ato por ordem ou em cumprimento de instruções de superior hierárquico e, em razão disso, nomear a autoria o seu superior hierárquico, o qual poderá ser até o administrador do empregador, que presta serviços na condição de autônomo”. Tutelas jurisdicionais provisórias na Justiça do Trabalho 62.A tutela cautelar é cabível no processo do trabalho? Exemplifique. R= Sim, tendo em vista a previsão contida na CF, em seu art.5°, que assegura os direitos fundamentais do amplo acesso ao Judiciário, tanto nas lesões como nas ameaças ao direito e, ainda, ao da duração razoável do processo e, os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Assim, a legislação reconheceu a necessidade de buscar outros meios que possam tornar o processo mais célere, evitando a prestação jurisdicional tardia. Com base nisso, a tutela cautelar será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (periculum in mora). A tutela cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. 63.A estabilização da tutela antecipada (arts. 303-304 do CPC) é cabível no processo do trabalho? Exemplifique. R= Sim, uma vez que não havendo interposição de recurso pela parte contrária, estabelece-se o instituto da estabilização da tutela antecipada, sendo o processo extinto. Assim, no processo trabalhista ela também se aplica, tendo em vista que as decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, para que ocorra a plena aplicação desse instituto, não deve haver a impetração de Mandado de Segurança (único instituto cabível). 64.A tutela da evidência (art. 311 do CPC) é cabível no processo do trabalho? Exemplifique. R= Sim, embora o TST tenha disciplinado apenas a aplicação do novo diploma por meio da Instrução Normativa n° 39/2015, sem mencionar a tutela de evidência, a doutrina entende que ela é plenamente cabível no processo do trabalho, quando requeridos e preenchidos os requisitos pela parte que solicita. Assim, em casos de omissões utiliza-se o CPC de forma subsidiária, naquilo que for compatível com as regras trabalhistas, conforme previsto no art.769 da CLT. Dessa forma, estando presentes os requisitos presentes no art. 311 do CPC: “petição inicial instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável”. Precedentes e recursos no Processo do Trabalho 65.Qual é a consequência jurídica decorrente da inobservância, pelo árbitro, de uma decisão judicial vinculante (ou de um precedente jurisprudencial)? Em outras palavras, a decisão arbitral deve sujeitar-se aos precedentes dos tribunais superiores? Justifique. R= Caso o árbitro não observe um precedente judicial, configura-se error in iudicando, não cabendo, nesse caso, ação anulatória da sentença, porque é vedado ao judiciário o controle intrínseco da justiça ou injustiça do julgamento do processo arbitral. Assim, a doutrina entende que, mesmo que a tese jurisprudencial, embora relevante, não seja invocada pela parte interessada, a sentença encontra-se contaminada de nulidade, se o árbitro a desprezar de forma injustificada. O árbitro deve observar os precedentes, e em caso destes, mesmo sendo relevantes, não encaixarem no caso, ele deve ter o cuidado de justificar que este não se aplica ao caso concreto. 66.Explique o cabimento e o procedimento do recurso ordinário trabalhista. R= De acordo com o art. 895 da CLT, o recurso ordinário trabalhista é cabível: das decisões definitivas ou terminativas das Varas do Trabalho e dos Juízes de Direito investidos na jurisdição trabalhista para os Tribunais Regionais do Trabalho da respectiva região. Nesse caso, cabendo recurso ordinário que será julgado pelo TRT; das decisões definitivas ou terminativas proferidas pelo Tribunal Regional do Trabalho em processos de sua competência originária, como: dissídios coletivos, ação rescisória, habeas corpus e mandado de segurança. Nesse caso, cabendo recurso ordinário que será julgado pelo TST; da decisão que julga procedente exceção de incompetência material, declarando incompetente a Justiça do Trabalho, determinando a remessa dos autos à Justiça Estadual ou Federal; e, da decisão que conclui pelo arquivamento do processo, em decorrência da ausência do reclamante. Quanto ao procedimento, prolatada a decisão terminativa ou definitiva, a aparte terá oito dias para interpor o recurso ordinário diretamente ao órgão prolator. Para interposição desse recurso deverão ser respeitados os pressupostos intrínsecos e extrínsecos aos recursos, sendo necessário o pagamento de depósito recursal e custas judiciais, comprovados no ato da interposição do apelo, sob pena de deserção. 67.Explique o cabimento e o procedimento dos embargos de declaração na Justiça do Trabalho. R= Conforme previsto no art. 1022 do CPC, os embargos de declaração cabem contra qualquer decisão judicial para: estabelecer obscuridade ou eliminar contradição; suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; corrigir erro material. Porém, como o CPC é aplicado subsidiariamente às normas da CLT, existem dúvidas quanto a aplicabilidade do termo “qualquer decisão judicial’ nos embargos de declaração trabalhista. Assim, de acordo com a Instrução Normativa n° 39/2016 do TST, em seu art.9°, “o cabimentos dos embargos de declaração no Processo do Trabalho, para impugnar qualquer decisão judicial, rege-se pelo art.897-A da CLT e, supletivamente, pelo Código de Processo Civil (arts. 1022 a 1025; §§2°, 3° e 4° do art. 1026) excetuada a garantia de prazo em dobro para litisconsortes (§ 1° do art. 1023)”. Com base nisso, o TST entende que passam a ser aceitos os embargos de declaração trabalhista em face de qualquer decisão judicial. Quanto ao seu procedimento, após delimitar os casos de cabimento, o prazo para a oposição dos embargos de declaração trabalhista será de cinco dias, contados em dias úteis. Caso esse prazo de cinco dias não seja observado, pode implicar em intempestividade, gerando efeitos prejudiciais à parte que pretende sanar eventuais equívocos. Assim, depois da oposição, a parte contrária terá o mesmo prazo para se manifestar. O juiz deverá julgar na primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação. E, até que haja o julgamento desses embargos de declaração trabalhista, os prazos para a interposição de outros recursos está interrompido, em regra. 68.Explique o cabimento e o procedimento do agravo de instrumento trabalhista. R= O agravo de instrumento trabalhista é cabível contra decisão que denega seguimento ao recurso de um grau para outro de jurisdição. Assim, tema função de destrancar o recurso que ainda não subiu para análise do órgão superior, quando o juiz negar provimento por erro na observância dos pressupostos de admissibilidade. O agravo de instrumento trabalhista possui efeito devolutivo e, de acordo com o art. 897, alínea b da CLT, depende dos requisitos de admissibilidade e preparo, ainda, possuindo prazo de 8 dias para a sua interposição. Com base nisso, o agravo deverá ser instruído ‘com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao recurso que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito recursal do próprio agravo de instrumento”. 69.Explique o cabimento e o procedimento do agravo de petição. R= O agravo de petição é cabível contra as decisões proferidas em embargos à execução, impugnação à sentença de liquidação e em sede de embargos de terceiro. Assim, de acordo com o art. 897, a, da CLT, é o recurso específico para impugnar decisões terminativas proferidasno curso do processo ou na fase de execução. Quanto ao seu procedimento, o prazo de interposição é 8 dias, e não é necessário o pagamento das custas, que somente deverão ser pagas ao final pelo executado, conforme previsto no art. 789-A da CLT. Não há depósito recursal, em regra. Porém, se a parte ainda não tiver garantido o juízo, deverá fazê-lo dentro do prazo para a interposição do agravo de petição, sob pena de negativa de seu seguimento e, ainda, na hipótese de elevação do valor do débito exequendo poderá ser exigida a complementação da garantia do juízo. 70.O que você entende por prequestionamento? R= Prequestionamento seria tratar da matéria previamente, ou seja, fazer a alegação prévia e análise pelo órgão julgador a quo da matéria de interesse do recorrente, para que um recurso excepcional seja recebido pelas instâncias superiores, como: STF (Recurso Extraordinário), STJ (Recurso Especial) e TST (Recurso de Revista). 71.Quais são as hipóteses de cabimento do recurso de revista? R= O recurso de revista é cabível nas hipóteses de divergência jurisprudencial, prevista no art. 896, a, da CLT; divergência de interpretação, prevista no art. 896, b, da CLT; e violação de lei ou da Constituição Federal, prevista no art. 896, c, da CLT. Assim, quanto a primeira hipótese, o recurso de revista é cabível das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos TRTs que derem ao mesmo dispositivo de lei Federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro TRT, no seu pleno ou turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do TST, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal. Quanto a segunda hipótese, derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a. E, quanto à terceira hipótese de cabimento, sentenças proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. 72.Explique o procedimento do recurso de revista repetitivo ( RRR ). R= No recurso repetitivo, todos os recursos que estiverem nos TRTs sobre o mesmo tema ficam sobrestados aguardando a decisão do primeiro caso. Decidido o paradigma, todos os demais que estavam sobrestados deverão ser julgados no mesmo sentido. Quanto ao procedimento, o presidente ou vice-presidente do tribunal de origem escolherá um ou mais recursos para representar a controvérsia, admitindo-o como recurso representativo de controvérsia. Assim, conforme já mencionado, o andamento dos demais recursos será suspenso, e se encaminhará o “recurso representativo (ou recursos) de controvérsia” ao STJ para julgamento. Os recursos suspensos assim permanecerão até o pronunciamento definitivo do STJ sobre o ‘recurso representativo de controvérsia”. O ministro relator do processo no STJ poderá determinar a suspensão dos recursos especiais nos tribunais de segunda instância, caso verifique que há jurisprudência dominante sore a controvérsia ou que a matéria já está afeta ao colegiado, como disposto no art. 543-C, §2°, do Código de Processo Civil. Caso o recurso esteja suspenso, o acompanhamento processual deve ser feito pelo recurso representativo da controvérsia. 73.Quando se revelam cabíveis o recurso de embargos no TST? R= Com a lei 13.015/14, que alterou o art. 894, inciso II, da CLT, passou a dispor que no âmbito do TST, são cabíveis embargos, no prazo de 8 dias, das decisões das turmas que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a Súmula ou orientação jurisprudencial do TST ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.
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