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Módulo Introdução à Filosofia

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Prévia do material em texto

Manual de Tronco Comum 
Introdução à Filosofia 
 
Código A0010 
 
Universidade Católica de Moçambique (UCM) 
Centro de Ensino à Distância (CED) 
 
 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique (UCM), Centro de 
Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação e/ou 
reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer 
meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de 
entidade editora (Universidade Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância). O 
não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais. 
 
 
 
Elaborado Por: António Luís Rosa – Licenciado em Ensino de Filosofia pela Universidade 
Pedagógica – Moçambique, Delegação da Beira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Católica de Moçambique (UCM) 
Centro de Ensino à Distância (CED) 
Rua Correia de Brito No 613 – Ponta-Gêa 
Beira – Sofala 
 
Telefone: 23 32 64 05 
Cell: 82 50 18 440 
Moçambique 
 
Fax: 23 32 64 06 
E-mail: ced@ucm.ac.mz 
Website: www.ucm.ac.mz 
 
 
Agradecimentos 
 
A Universidade Católica de Moçambique (UCM) – Centro de Ensino à Distância (CED) e o autor 
do presente manual, António Luís Rosa, agradecem a colaboração de todos que directa ou 
indirectamente participaram na elaboração deste manual. À todos sinceros agradecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Introdução à Filosofia i 
 
Índice 
Visão geral 7 
Benvido à Introdução à Filosofia ................................................................................... 7 
Objectivos do curso ....................................................................................................... 7 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 7 
Como está estruturado este módulo................................................................................ 8 
Ícones de actividade ...................................................................................................... 8 
Acerca dos ícones ........................................................................................ 9 
Habilidades de estudo .................................................................................................... 9 
Precisa de apoio? ......................................................................................................... 10 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................ 10 
Avaliação .................................................................................................................... 11 
Unidade N0 01-A0010 12 
Tema: Introdução à Filosofia ....................................................................................... 12 
Introdução .......................................................................................................... 12 
Sumário ....................................................................................................................... 12 
Exercícios.................................................................................................................... 17 
Unidade N0 02-A0010 18 
Tema: Atitude filosófica .............................................................................................. 18 
Introdução .......................................................................................................... 18 
Sumário ....................................................................................................................... 18 
Exercícios.................................................................................................................... 31 
Unidade N0 03-A0010 32 
Tema: Breve contextualização histórica da Filosofia .................................................... 32 
Introdução .......................................................................................................... 32 
ii Índice 
 
Sumário ....................................................................................................................... 32 
Exercícios........................................................................................................................ 
Unidade N0 04-A0010 36 
Tema: A Pessoa Humana ............................................................................................. 36 
Introdução .......................................................................................................... 36 
Sumário ....................................................................................................................... 36 
Exercícios.................................................................................................................... 39 
Unidade N0 05-A0010 40 
Tema: A Consciência Moral ........................................................................................ 40 
Introdução .......................................................................................................... 40 
Sumário ....................................................................................................................... 40 
Exercícios.................................................................................................................... 43 
Unidade N0 06-A0010 44 
Tema: Aspectos da Ética Individual. ............................................................................ 44 
Introdução .......................................................................................................... 44 
Sumário ....................................................................................................................... 44 
Exercícios.................................................................................................................... 48 
Unidade N0 07-A0010 49 
Tema: A acção humana. .............................................................................................. 49 
Introdução .......................................................................................................... 49 
Sumário ....................................................................................................................... 49 
Exercícios.................................................................................................................... 51 
Unidade N0 08-A0010 52 
Tema: Introdução aos Valores ..................................................................................... 52 
Introdução .......................................................................................................... 52 
 Introdução à Filosofia iii 
 
Sumário ....................................................................................................................... 52 
Exercícios.................................................................................................................... 57 
Unidade N0 09-A0010 58 
Tema: Aspectos da Bioética......................................................................................... 58 
Introdução .......................................................................................................... 58 
Sumário ....................................................................................................................... 58 
Exercícios.................................................................................................................... 61 
Unidade N0 10-A0010 62 
Tema: Teoria do Conhecimento. .................................................................................. 62 
Introdução .......................................................................................................... 62 
Sumário ....................................................................................................................... 62 
Exercícios....................................................................................................................71 
Unidade N0 11-A0010 72 
Tema: Possibilidades do Conhecimento. ...................................................................... 72 
Introdução .......................................................................................................... 72 
Sumário ....................................................................................................................... 72 
Exercícios.................................................................................................................... 75 
Unidade N0 12-A0010 76 
Tema: Origem do Conhecimento. ................................................................................ 76 
Introdução .......................................................................................................... 76 
Sumário ....................................................................................................................... 76 
Exercícios.................................................................................................................... 81 
Unidade N0 13-A0010 82 
Tema: Natureza do Conhecimento ............................................................................... 82 
Introdução .......................................................................................................... 82 
iv Índice 
 
Sumário ....................................................................................................................... 82 
Exercícios.................................................................................................................... 84 
Unidade N0 14-A0010 85 
Tema: Níveis de Conhecimento ................................................................................... 85 
Introdução .......................................................................................................... 85 
Sumário ....................................................................................................................... 85 
Exercícios.................................................................................................................... 95 
Unidade N0 15-A0010 96 
Tema: Introdução à Lógica. ......................................................................................... 96 
Introdução .......................................................................................................... 96 
Sumário ....................................................................................................................... 96 
Exercícios.................................................................................................................... 99 
Unidade N0 16-A0010 100 
Tema: As dimensões do discurso humano. ................................................................. 100 
Introdução ........................................................................................................ 100 
Sumário ..................................................................................................................... 100 
Exercícios.................................................................................................................. 104 
Unidade N0 17-A0010 105 
Tema: Os princípios da razão .................................................................................... 105 
Introdução ........................................................................................................ 105 
Sumário ..................................................................................................................... 105 
Exercícios.................................................................................................................. 111 
Unidade N0 18-A0010 112 
Tema: A convivência políticas entre os Homens. ....................................................... 112 
Introdução ........................................................................................................ 112 
 Introdução à Filosofia v 
 
Sumário ..................................................................................................................... 112 
Exercícios.................................................................................................................. 120 
 
Unidade N0 19-A0010 121 
Tema: Os Direitos Humanos ...................................................................................... 121 
Introdução ........................................................................................................ 121 
Sumário ..................................................................................................................... 121 
Exercícios.................................................................................................................. 125 
Unidade N0 20-A0010 126 
Tema: A Filosofia Política na História ....................................................................... 126 
Introdução ........................................................................................................ 126 
Sumário ..................................................................................................................... 126 
Exercícios.................................................................................................................. 136 
Unidade N0 21-A0010 139 
Tema: Ciência ........................................................................................................... 139 
Introdução ........................................................................................................ 139 
Sumário ..................................................................................................................... 139 
Exercícios.................................................................................................................. 141 
Unidade N0 22-A0010 142 
Tema: A Estética ....................................................................................................... 142 
Introdução ........................................................................................................ 142 
Sumário ..................................................................................................................... 142 
Exercícios.................................................................................................................. 143 
Unidade N0 23-A0010 144 
Tema: A expressão artística ....................................................................................... 144 
Introdução ........................................................................................................ 144 
vi Índice 
 
Sumário ..................................................................................................................... 144 
Exercícios.................................................................................................................. 147 
Unidade N0 24-A0010 148 
Tema: A experiência Religiosa .................................................................................. 148 
Introdução ........................................................................................................ 148 
Sumário ..................................................................................................................... 148 
Exercícios.................................................................................................................. 150 
 
 
 Introdução à Filosofia 7 
 
Visão geral 
Benvindo à Introdução à Filosofia 
O mundo que nos rodeia é caracterizado pela multiplicidade de 
saberes, os quais fazem com que o Homem se questione sobre qual é 
a verdadeira sabedoria. Nesse contexto, o que importa não são as 
respostas, mas as perguntas levantadas pelo próprio Homem. Esta é 
a principal característica do filósofo: levantar perguntas constantes, 
profundas e radicais para buscar a verdade das coisas e do ser 
humano. Com a filosofia se é capaz de buscar o sentido davida, 
segundo Sócrates “uma vida sem filosofia não vale a pena ser 
vivida”. 
 
Objectivos do curso 
Quando terminar o estudo da Introdução à Filosofia, o estudante 
deve ser capaz de: 
 
 Identificar o sentido e o significado da Filosofia, através da reflexão 
sobre a relação que ela tem para com outras ciências, com a existência 
humana e toda a realidade, particularmente tudo o que se refere ao mundo 
actual. 
Quem deveria estudar este 
módulo 
Este módulo foi concebido para todos aqueles que frequentam os 
cursos à distância, oferecidos pela Universidade Católica de 
Moçambique (UCM), através do seu Centro de Ensino à 
Distância (CED). 
 8 Unidade 
 
Como está estruturado este 
módulo 
Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED 
encontram-se estruturados da seguinte maneira: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os 
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. 
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de 
começar o seu estudo. 
Conteúdo do curso / módulo 
O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma 
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade 
incluindo actividades de aprendizagem, um resumo da unidade 
e uma ou mais actividades para auto-avaliação. 
Outros recursos 
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos 
uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes 
recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. 
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação 
Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de 
cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais 
para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as 
completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo. 
Comentários e sugestões 
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer 
comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os 
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar 
este curso / módulo. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes icones servem para identificar 
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar 
 Introdução à Filosofia 9 
 
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, 
uma mudança de actividade, etc. 
Acerca dos ícones 
Os icones usados neste manual são símbolos africanos, 
conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo 
Ashante de África Ocidental, datam do século XVII e ainda se 
usam hoje em dia. 
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, 
cada um com uma descrição do seu significado e da forma como 
nós interpretámos esse significado para representar as várias 
actividades ao longo deste módulo. 
 
Habilidades de estudo 
Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões 
nomeadamente: o lado social, profissional e estudante, daí ser 
importante planificar muito bem o seu tempo. 
Procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo por dia e 
use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. 
Lembre-se que é necessário elaborar um plano de estudo 
individual, que inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como 
estudar e com quem estudar (sozinho, com colegas, outros). 
Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não 
produz bons resultados, use métodos mais activos, procure 
desenvolver suas competências mediante a resolução de 
problemas específicos, estudos de caso, reflexão, etc. 
O manual contém muita informação, algumas chaves, outras 
complementares, daí ser importante saber filtrar e apresentar a 
informação mais relevante. Use estas informações para a 
resolução dos exercícios, problemas e desenvolvimento de 
actividades. A tomada de notas desempenha um papel muito 
importante. 
Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um 
plano de desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte 
sobre os seus pontos fracos e fortes e perspectivas o seu 
desenvolvimento. 
Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o 
responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, 
organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso. 
 10 Unidade 
 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra 
situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida 
(falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros 
ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos, 
contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a 
situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente. 
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai 
o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o 
tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. 
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso 
de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser 
contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso 
e se o problema for da natureza geral, contacte a direcção do 
CED, pelo número 825018440. 
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas 
normais de expediente. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do 
CED, neste período pode apresentar dúvidas, tratar questões 
administrativas, entre outras. 
O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, 
busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me 
mutuamnte, reflictam sobre estratégias de superação, mas 
produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva 
suas competências. 
Juntos na Educação à Distância, vencendo a distância. 
 
Tarefas (avaliação e auto-
avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades 
e auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas 
é importante que sejam realizadas.As tarefas devem ser entregues 
antes do período presencial. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega , implica a não classificação 
do estudante. 
 Introdução à Filosofia 11 
 
As trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem 
ser dirigidos ao tutor/docentes. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 
(oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A 
honestidade, humildade cintífica e o respeito pelos direitos 
autorais devem marcar a realização dos trabalhos. 
 
Avaliação 
Vocé será avaliado durante o estudo independente (80% do 
curso) e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é 
regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação. 
Os trabalhos de campo por si desenvolvidos , durante o estudo 
individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de 
frequência da cadeira. 
Os testes são realizados durante as sessões presenciais e 
concorrem para os 75% do cálculo da média de frequência da 
cadeira. 
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões 
presenciais, eles representam 60% , o que adicionado aos 40% da 
média de frequência, determinam a nota final com a qual o 
estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de: (a) admissão ao 
exame, (b) nota de exame e, (c) conclusão do módulo. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 3 (três) trabalhos; 2 
(dois) testes escritos e 1 (um) exame escrito. 
Não estão previstas quaisquer avaliação oral. 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão 
utilizadas como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração: a apresentação; a coerência textual; o grau de 
cientificidade; a forma deconclusão dos assuntos, as 
recomendações, a indicação das referências utilizadas, o respeito 
pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. 
Consulte-os. 
Alguns feedbacks imediatos estão apresentados no manual. 
 12 Unidade 
 
Unidade N0 01-A0010 
Tema: Introdução à Filosofia 
Introdução 
A Filosofia é uma disciplina que está presente em todos os 
tempos e lugares. Desde a antiguidade foi considerada a mãe de 
todas as ciências, pois ela busca a verdade na sua totalidade. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Conhecer a origem do termo Filosofia; 
 Conhecer o conceito, método, objectivo e objecto de estudo da 
Filosofia; 
 Conhecer as Funções da Filosofia. 
 
 
Sumário 
O termo “filosofia” é composto de dois termos gregos: phílos, 
que significa amigo de, amante de, afeiçoado a, que gosta de, que 
tem gosto em, que se compraz em, que busca com afã, que 
anseia, etc., e sophía, que significa sabedoria, saber, ciência, 
conhecimento, etc. Assim pois, etimologicamente, o termo 
filosofia significa: amor à sabedoria, gosto pelo saber. 
Filósofo é aquele que ama o saber, tem gosto pela sabedoria, 
conhecimento e busca incansavelmente os conhecimentos de 
forma radical, profunda e total. 
Origem do termo “filosofia” 
O termo filosofia nasceu no “círculo socrático”, quer dizer, no 
círculo de Sócrates e dos discípulos dele, ou talvez antes ainda 
no “círculo pitagórico”, quer dizer, no círculo de Pitágoras e dos 
seus discípulos. 
Eram chamados de “filósofos” os homens que buscavam a 
“sabedoria suprema”, quer dizer, “a sabedoria última e radical 
 Introdução à Filosofia 13 
 
da vida e das coisas”, ou seja, o saber que busca a dimensão 
última e radical da vida e das coisas. 
O que é filosofia? 
Segundo a tradição, o criador do termo filosofia foi Pitágoras, o 
que, embora não sendo historicamente seguro, no entanto é 
verossimível. O termo certamente foi cunhado por um espírito 
religioso, que pressupunha só ser possível aos deuses uma sofia 
(sabedoria) ou seja, uma posse certa e total do verdadeiro, uma 
contínua aproximação ao verdadeiro, um amor ao saber nunca 
saciado totalmente, de onde, justamente, o nome, filosofia, ou 
seja, “amor pela sabedoria”. 
O Homem é naturalmente filósofo, isto é, “amigo da sabedoria”. 
Ávido de saber, não se contenta em viver o momento presente e 
aceitar passivamente as informações fornecidas pela experiência 
imediata, como acontece com os animais. Em seu olhar 
interrogativo quer conhecer o porquê das coisas, sobretudo o 
porquê da própria vida. 
No decorrer da história da filosofia, foi assumindo várias 
definições, de acordo com o filósofo e o tempo em que se 
encontrasse. Assim, Aristóteles (384-322 a.C) define filosofia 
como sendo a disciplina que estuda “as causas últimas de todas 
as coisas”; Cícero (106-46 a.C) define a filosofia como sendo “o 
estudo das causas humanas e divinas das coisas”; Descartes 
(1596-1650) afirma que filosofia “ensina a bem raciocinar”; 
Hegel (1770-1831) concebe a filosofia como “saber absoluto”. 
Whitehead (1861-1947) julga que a tarefa da filosofia é “fornecer 
uma explicação orgânica do universo”. 
Dentre as várias definições acima apresentadas, podemos 
concluir que a filosofia não estuda uma única realidade, mas 
várias. Assim, podemos levantar a seguinte pergunta: qual é o 
objecto de estudo da filosofia? No entender dos filósofos, a 
filosofia estuda tudo, ou seja, a filosofia pretende explicar a 
totalidade das coisas, toda a realidade, sem exclusão de partes 
ou momentos delas. Assim, a filosofia distingue-se das ciências 
particulares, que assim se chamam exactamente porque se 
limitam a explicar partes ou sectores da realidade, grupos de 
coisas ou de fenômenos. E a pergunta levantada pelos primeiros 
filósofos foi: “Qual é o príncípio de todas as coisas?” Esta 
pergunta já mostra a perfeita consciência desse ponto. 
No que se refere ao método, a filosofia recorre ao método 
racional. Mas os métodos racionais são múltiplos, e os mais 
importantes são indução e a dedução. A filosofia utiliza ambos: a 
indução para ascender dos factos aos princípios primeiros e a 
dedução para descer de novo dos primeiros princípios e iluminar 
posteriormente os factos, para compreendê-los melhor. O que 
vale em filosofia é a razão, a motivação lógica, o logos. 
Por último, o objectivo ou fim da filosofia está no puro desejo de 
conhecer e contemplar a verdade. Ela tem como objectivo único 
o conhecimento; tem em vista simplesmente pesquisar a verdade 
em si mesma, prescindindo de eventuais utilizações práticas. A 
 14 Unidade 
 
filosofia tem um objectivo puramente teórico, ou seja, 
contemplativo. 
Funções da Filosofia 
A principal função para a Filosofia não seriam os conhecimentos 
(que ficam por conta da ciência), nem as aplicações de teorias 
(que ficam por conta da tecnologia), mas o ensinamento moral e 
ético. A Filosofia seria a arte de bem-viver. Estudando as paixões 
e os vícios humanos, a liberdade e a vontade, analisando a 
capacidade de nossa razão para impor limites aos nossos desejos 
e paixões, ensinando-nos a viver de modo honesto e justo na 
companhia dos outros seres humanos e na virtude, que é o 
princípio de bem-viver. 
A Filosofia permite ao Homem ter mais de uma dimensão, além 
da que é dada pelo agir imediato, no qual o Homem “prático” se 
encontra mergulhado. É a Filosofia que dá o distanciamento para 
avaliação dos fundamentos dos actos humanos e dos fins a que 
eles se destinam; reúne o pensamento fragmentado da ciência e a 
reconstrói na sua unidade; retoma a acção pulverizada no tempo e 
procura compreendê-la. 
Portanto, a filosofia é a possibilidade da transcendência humana, 
ou seja, a capacidade que só o Homem tem de superar a situação 
dada e não escolhida. Pela transcendência o ser humano surge 
como ser de projecto, capaz de liberdade e de construir o seu 
destino. 
A filosofia recupera o processo perdido no imobilismo das coisas 
feitas e impede a estagnação. Por isso, o filosofar sempre se 
confronta com o poder, e sua investigação não fica alheia à ética 
e à política. A filosofia é crítica da ideologia, enquanto forma 
ilusória de conhecimento que visa a manutenção de privilégios. 
Karl Jaspers diz-nos que a Filosofia ensina, pelo menos, a não 
nos deixarmos iludir. Não permite que se descarte facto algum e 
nenhuma possibilidade. Ensina a enfrentar de frente a catástrofe 
possível. Em meio à serenidade do mundo, ela faz surgir a 
inquietude, mas proíbe a atitude tola de considerar inevitável a 
catástrofe. Com efeito, só ela tem o poder de alterar nossa forma 
de pensamento. 
Finalmente, a filosofia exige coragem. Filosofar não é um 
exercício puramente intelectual. Descobrir a verdade é ter a 
coragem de enfrentar as formas estagnadas de poder que tentam 
manter o status quo, é aceitar o desafio da mudança. Lembremo-
nos que Sócrates foi aquele que enfrentou o dasafio máximo da 
morte. 
 Introdução à Filosofia 15 
 
Exercícios 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
 
1- Qual é a origem e o conceito etimológico da palavra “Filosofia”. 
Resposta: A palavra “Filosofia” é de origem grega e divide-se em 
duas partes, que são: filos, que significa amigo, amor, gosto, 
afeicção e, sofia que significa sabedoria, conhecimento, ciência. 
Desse modo, Filosofia, significa: amor à sabedoria; gosto pelo saber 
ou pelo conhecimento, e, Filósofo é aquele que ama o saber, ou seja, 
busca incansavelmente os conhecimentos. 
2- Apresente o método, objecto e objectivos de estudo da Filosofia. 
Resposta: A Filosofia recorre ao método puramente racional; o seu 
objecto de estudo é toda a realidade e tem como objectivo o desejo 
de conhecer e contemplar a verdade. 
 
 
 
 
 16 Unidade 
 
Unidade N0 02-A0010 
Tema: Atitude filosófica 
Introdução 
Umas das atitudes do ser humano diante da realidade que o 
rodeia consiste na admiração.Pela admiração, o homem formula 
perguntas para encontrar a solução de suas inquietações. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 Conhecer as atitudes filosóficas; 
 Conhecer as disciplinas auxiliares da Filosofia; 
 Diferenciar a Filosofia das outras ciências. 
 
Sumário 
Entre os antigos gregos predominava inicialmente a consciência 
mítica, cuja maior expressão se encontra nos poemas de Homero 
e Hesíodo. Quando se dá a passagem da consciência mítica para a 
racional, aparecem os primeiros sábios, um deles chamado 
Pitágoras (séc. VI a.C.), que também era matemático e usou pela 
primeira vez a palavra filosofia. 
O trabalho filosófico é essencialmente teórico. Mas isso não 
significa que a filosofia esteja à margem do mundo, nem que ela 
constitua um corpo de doutrina ou um saber acabado, com 
determinado conteúdo, ou seja, um conjunto de conhecimentos 
estabelecidos de uma vez por todas. 
Para Platão (427-347 a.C), a primeira atitude do filósofo é 
admirar-se. A admiração é a condição de onde deriva a 
capacidade de problematizar, o que marca a Filosofia não como 
posse da verdade, mas como sua busca. 
Para Kant, filósofo alemão do século XVIII, “não há filosofia 
que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar”. Isto 
significa que a filosofia é, sobretudo, uma atitude, um pensar 
permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que 
questiona o saber instituído. 
 Introdução à Filosofia 17 
 
A atitude filosófica possui algumas características que são as 
mesmas, independentemente do conteúdo investigado, que são: 
- Perguntar o que a coisa, ou o valor, a idéia, é. A Filosofia 
pergunta qual é a realidade ou a natureza e qual é o significado de 
alguma coisa, não importa qual; 
- Perguntar como a coisa, a idéia ou o valor, é. A filosofia 
pergunta qual é a estrutura e quais são as relações que constituem 
uma coisa, uma idéia ou um valor; 
- Perguntar por que a coisa, a idéia ou o valor, existe e é como é. 
A filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de 
uma idéia, de um valor. 
A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas perguntas ao mundo 
que nos rodeia e as relações que mantemos com ele. Aos poucos, 
porém, descobre que essas questões se referem, afinal, a nossa 
capacidade de conhecer e de pensar. 
Por isso as perguntas de Filosofia se dirigem ao próprio 
pensamento: o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar? 
A Filosofia torna-se então, o pensamento interrogando-se a si 
mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si 
mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão. 
Disciplinas auxiliares da Filosofia 
Dentre as várias disciplinas auxiliares da Filosofia, passamos a 
enumerar as seguintes: Psicologia experimental, Lógica, Ética, 
Estética, Teoria do Conhecimento, Metafísica, Antropologia 
filosófica, Filosofia Politica, filosofia do Direito, filosofia da 
religião, ... 
Filosofia e outras Ciências 
No seu começo a ciência estava ligada à Filosofia, sendo o 
filósofo, o sábio que reflectia sobre todos os sectores da 
indagação humana. Nesse sentido os filósofos como Tales, 
Pitágoras, eram também geómetras, e Aristóteles escreveu sobre 
física e astronomia. 
Ora, apesar da separação entre a Filosofia e a ciência, aquela não 
deixou de ser uma ciência, porque se preocupa a investigar as 
causas primeiras e finais de toda a realidade. A filosofia 
distingue-se de outras ciências pelas seguintes razões: 
Pela profundidade da investigação: enquanto a ciência procura 
as causas próximas imediatas da s coisas, a Filosofia procura as 
causas últimas e finais das coisas; 
Pela reflexão crítica: enquanto a ciência pressupõe reflexão e 
crítica, a Filosofia põe em questão tudo o que se apresenta ao 
espírito para examinar, discutir, avaliar e descobrir o seu 
significado, inclusive o da própria ciência; 
 18 Unidade 
 
Pelo grau de generalidade e síntese: a ciência limita-se à 
realidade dos factos e ocupa-se dos fenómenos, enquanto que a 
Filosofia procura dar unidade total ao saber e pretende penetrar 
na realidade global; 
Pela humanidade e valorização: a ciência ocupa-se em geral, da 
realidade estranha ao homem, enquanto que a Filosofia é 
essencialmente humana e axiológica, ou seja, ela dá valor à acção 
e a existência humana. 
Se a ciência tende cada vez mais a especialização, a Filosofia, no 
sentido inverso, quer superar a fragmentação do real, para que o 
homem seja resgatado na sua integridade e não sucumba à 
alienacão do poder parcelado. Por isso a filosofia tem uma função 
de interdisciplinaridade, estabelecendo o elo entre as diversas 
formas do saber e do agir. 
A filosofia ainda se distingue da ciência pelo modo como aborda 
seu objecto: em todos os sectores de conhecimento e da acção, a 
filosofia está presente como reflexão crítica a respeito dos 
fundamentos desse conhecimento e desse agir. 
Portanto, a Filosofia não faz juízos da realidade, como a ciência, 
mas juízos de valor. O filósofo parte da experiência vivida do 
homem trabalhando na linha de montagem, repetindo sempre o 
mesmo gesto, e vai além dessa constatação. Não vê apenas como 
é, mas como deveria ser. Julga o valor da acção, sai em busca do 
significado dela. Filosofar é dar sentido à experiência. 
 
 Introdução à Filosofia 19 
 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
 
1- Qual é o motivo que levou Platão(427-347 a.C) a concluir 
que admiração era a primeira atitude do filósofo? 
Resposta: Porque a admiração é a condição de onde deriva a 
capacidade de problematizar, o que a faz a filosofia não como 
posse da verdade, mas como sua busca. 
2- Qual é a diferença existente entre a filosofia e outras 
ciências? 
Resposta: A ciência busca a especialização e a filosofia quer 
superar a fragmentação do real, para que o Homem seja 
resgatado na sua integridade; a filosofia tem uma função de 
interdisciplinaridade, estabelecendo o elo de ligação entre as 
diversas formas do saber e do agir; a filosofia se distingue 
ainda da ciência pelo modo de abordar o seu objecto. A 
filosofia está sempre presente em todos sectores de 
conhecimento e da acção como reflexão crítica a respeito dos 
fundamentos desse conhecimento e agir. 
 
 
 
 
 
 20 Unidade 
 
Unidade N0 03-A0010 
Tema: Breve contextualização 
histórica da Filosofia 
Introdução 
Os primeiros filósofos da humanidade foram os gregos. Isso 
significa que, embora tenhamos referências de grandes homens 
na China (Confúcio, Lao Tsé), na Índia (Buda), na Pérsia 
(Zaratustra), suas teorias ainda estão por demais vinculadas à 
religião para que se possa falar propriamente em reflexão 
filosófica. 
Neste tema veremos o processo pelo qual se tornou possível a 
passagem da consciência mítica para a consciência filosófica na 
civilização grega, constituída por diversas regiões politicamente 
autónomas. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Compreender a passagem da Filosofia da fase mítica para a fase 
racional. 
 As condições que levaram o surgimento da Filosofia. 
 As fases ou etapas da Filosofia Clássica. 
 
Sumário 
No período arcaíco surgiram os primeiros filósofos gregos, por 
volta de fins do século VII a. C. e durante o século VI a.C. 
alguns autores costumam chamar de “milagre grego” a passagem 
do pensamento mítico para o pensamento crítico racional e 
filosófico. 
O surgimento da racionalidade crítica foi o resultado de um 
processo lento, preparado pelo passado mítico, cuja 
características não desapareceram na nova abordagem filosófica 
do mundo, ou seja, o surgimento da filosofia na Grécia não é o 
resultado de um salto, um “milagre”, realizado por um povo 
privilegiado, mas a culminação de um processo que se fez através 
dos tempos e tem sua dívida com o passado mítico. 
 Introdução à Filosofia 21 
 
Algumas novidades surgidas no período arcaíco ajudaram a 
transformar a visão que o homem mítico tinha do mundo e de si 
mesmo. São elas:a invenção da escrita, o surgimento da moeda, 
a lei escrita, o nascimento da polis (cidade-estado), todas elas 
contribuiram para o surgimento da filosofia. 
Etapas da Filosofia Grega Clássica 
No decorrer dos séculos, a Filosofia teve um conjunto de 
preocupações, perguntas e interesses que lhe vieram de 
nascimento na Grécia. Para isso, devemos primeiro conhecer os 
principais períodos da Filosofia grega que definiram os campos 
de investigação filosófica na Antiguidade. A história da Grécia 
costuma ser dividida pelos historiadores em quatro fases ou 
épocas: 
a) a da Grécia Homérica, correspondente aos 400 anos narrados pelo 
poeta Homero, em seus dois grandes poemas, Ilíada e Odisséia; 
 
b) a da Grécia arcaica ou dos sete sábios, do século VII ao século V a. 
C, quando os gregos criam cidades como Atenas, Esparta, Tebas, Mégara, 
Samos, etc., e predomina a economia urbana, baseada no artesanato e no 
comércio; 
 
c) a da Grécia clássica, nos séculos V e IV a. C, quando a democracia 
se desenvolve, a vida intelectual e artística no apogeu e Atenas domina a 
Grécia com seu império comercial e militar; 
 
d) a helenística, a partir do final do século IV a. C., quando a Grécia 
passa para o poderio do império de Alexandre da Macedônia e, depois, 
para as mãos do Império Romano, terminando a história de existência 
independente. 
Os períodos da filosofia não correspondem exactamente a essas 
épocas, já que ela não existe na Grécia Homérica, e só aparece 
nos meados da Grécia arcaíca. O apogeu da Filosofia acontece 
durante o apogeu da cultura e da sociedade gregas; portanto, 
durante a Grécia clássica. Os quatro grandes períodos da 
Filosofia grega, nos quais seu conteúdo muda e se enriquece são: 
Período pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII 
ao final do século V a. C., quando a Filosofia se ocupa 
fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das 
transformações na Natureza. 
Período socrático ou antropológico, do final do século V e todo 
o século IV a. C., quando a Filosofia investiga as questões 
humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas ( em grego, 
antropos quer dizer homem; por isso o período recebeu o nome 
de antropológico). 
Período sistemático, do final do século IV ao final do século III . 
C., quando a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi 
pensado sobre a cosmologia e a antropologia, interessando-se 
sobretudo em mostrar que tudo pode ser objecto de conhecimento 
filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas 
 22 Unidade 
 
demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os 
critérios da verdade e da Ciência. 
Período helenístico ou greco-romano, do final do século III a. 
C. até o século VI depois de Cristo. Nesse longo período, que já 
alcança Roma e o pensamento dos Padres da Igreja, a Filosofia se 
ocupa sobretudo com as questões da ética, do conhecimento 
humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos 
com Deus. 
 Introdução à Filosofia 23 
 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1- Como foi feita a passagem da concepção mítica para a 
racionalidade? 
Resposta: A passagem da concepção mítica para a racionalidade 
foi o resultado de um processo lento, cujas características não 
desapareceram na nova abordagem filosófica do mundo, ou seja, 
a passagem da concepção mítica para a racionalidade não é o 
resultado de um salto, um “milagre”, realizado por um povo 
privilegiado, mas a culminação de um processo que se fez através 
dos tempos e tem sua dívida com o passado mítico. 
2- Apresente as condições que teriam contribuído para o 
surgimento da Filosofia. 
Resposta: As condições que teriam contribído para o surgimento 
da Filosofia são: a invenção da escrita, o surgimento da moeda, a 
lei escrita e o nascimento da polis (cidade-estado). 
3- Quais são as fases ou etapas que caracterizaram a Filosofia 
grega? 
Resposta: As fases ou etapas que caracterizaram a Filosofia grega são 
as seguintes: 
 
Primeira etapa: Grécia Homérica - correspondente aos 400 anos 
narrados pelo poeta Homero, em seus dois grandes poemas, Ilíada e 
Odisséia; 
 
 
Segunda etapa: Grécia arcaica ou dos sete sábios, do século VII ao 
século V a. C - quando os gregos criam cidades como Atenas, Esparta, 
Tebas, Mégara, Samos, etc., e predomina a economia urbana, baseada no 
artesanato e no comércio; 
 
Terceira atapa: Grécia clássica, nos séculos V e IV a. C - quando a 
democracia se desenvolve, a vida intelectual e artística no apogeu e 
Atenas domina a Grécia com seu império comercial e militar; 
 
Quarta: Helenística, a partir do final do século IV a. C. - quando a 
Grécia passa para o poderio do império de Alexandre da Macedônia e, 
depois, para as mãos do Império Romano, terminando a história de 
existência independente. 
 
 
 
 
 
 24 Unidade 
 
Unidade N0 04-A0010 
Tema: A Pessoa Humana 
Introdução 
Costuma-se dar um nome compreensível à singularidade do ser 
humano: diz-se que o Homem, ao contrário das outras coisas que 
o circundam, é uma pessoa. Muitos filósofos fizeram da pessoa o 
epicentro de suas reflexões, dando origem à uma visão filosófica 
que recebeu o nome de personalismo. O problema da pessoa é 
estudado pelos psicólogos, psicanalistas, educadores políticos e 
jurístas. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 Conhecer os diferentes conceitos de Pessoa de acordo com vários 
filósofos. 
 Conhecer a relação da pessoa com Deus, consigo mesmo, com o 
mundo e com o trabalho. 
 
Sumário 
Os estudiosos estão de acordo em reconhecer que o conceito de 
pessoa é estranho à Filosofia grega. Com efeito, o conceito de 
pessoa, acentua a singularidade, a individualidade, o concreto, 
enquanto que a filosofia grega dá importância só ao universal, ao 
ideal e ao abstracto. O singular, o individuo, o concreto, para o 
pensamento grego tem valor provisório, como momentânea 
fenomenização da espécie universal, ou então como instante 
transitório do grande ciclo, que tudo compreende da história. 
Uma memorável definição da pessoa, a mais célebre de todas, 
muito completa e precisa do ponto de vista ontológico deixou-nos 
Severino Boécio e diz o seguinte: “Pessoa é uma substância 
individual de natureza racional”. 
Para S. Tomás de Aquino: “Pessoa significa o que de mais 
nobre há no universo, isto é, o subsistente de uma natureza 
racional”. 
 Introdução à Filosofia 25 
 
Para Kant, “os seres humanos são chamados pessoas porque a 
sua natureza os distingue já como fins em si…o homem e em 
geral cada ser racional, existe como fim em si e não como um 
meio de que esta ou aquela vontade pode servir-se ao seu bel-
prazer”. 
Paul Ricoeur concebe a pessoa como um projecto da 
humanidade, a qual por sua vez é assim definida: “a humanidade 
é o modo de ser sobre a qual deve regular-se cada aparição 
empírica do que nós chamamos de ser humano”. 
Para Scheler, “a pessoa é antes a unidade, imediatamente vivida 
pelo vivente espiritual e não uma coisa pensada atrás e fora do 
imediatamente vivido”. A pessoa é a unidade essencial concreta 
do ser de actos de essências diferentes, que em si mesma precede 
todas as diferenças de actos. 
Romano Guardini elaborou um conceito de pessoa em que são 
fundidos habilmente os elementos mais característicos da 
concepção clássica e da moderna: a substancialidade, 
individualidade, a incomunicabilidade e a autoconsciência. A sua 
definição diz: “A pessoa é a forma da individualidade enquanto 
é determinada pelo espírito”. 
Assim, a pessoa significa que eu, no meu ser, em definitivo não 
posso ser possuido por nenhuma outra instância, mas que me 
pertenço; pessoa significa, que eu não posso ser habitado por 
nenhum outro, mas que, em relação à mim, estou só comigo 
mesmo; não posso ser representado por nenhum outro, mas eu 
respondo por mim mesmo; não posso ser substituído por nenhum 
outro, mas sou único. 
A interioridade da vida, o saber, o querer, o agir, o criar do 
espírito,etc., tudo isso não é ainda pessoa; pessoa significa que 
tudo isso, o Homem está em si mesmo. 
O fundamento último da personalidade é dado à seu juízo, pela 
autonomia no ser por parte de uma realidade racional, ou seja, 
pela posse de um próprio acto de ser: graças à tal posse, a 
realidade humana torna-se completa em si mesma, e não pode 
mais ser comunicada e associada a outros. Quando um acto de 
ser, próprio e proporcionado a uma certa essência particular ou 
substância individual intelectiva, a faz existir por si e em si, por 
isso mesmo é incomunicada e incomunicável, é pessoa. 
A pessoa quer dizer antes de tudo, autonomia de ser, domínio de 
si mesmo, inviolabilidade, individualidade, incomunicabilidade, 
unidade. O homem é pessoa porque é dotado de um modo de ser 
que supera nitidamente o modo de ser das plantas e dos animais. 
A Pessoa em suas relações 
Soren Kierkegaard (1813 – 1855), é um dos filósofos que 
procurou analisar os problemas da relação existencial do homem 
com o mundo, consigo mesmo e com Deus. 
 26 Unidade 
 
A relação do homem com o mundo - outros seres humanos e na 
natureza - são dominadas pela angústia. A angústia é entendida 
como o sentimento profundo que temos ao perceber a 
instabilidade de viver num mundo de acontecimentos possíveis, 
sem garantia de que nossas expectativas sejam realizadas. “No 
possível, tudo é possível”, escreve Kierkegaard. Assim, vivemos 
num mundo onde tanto é possível a dor como o prazer, o bem 
como o mal, o amor como o ódio, o favorável como o 
desfavorável. 
A relação do homem consigo mesmo é marcada pela inquietação 
e pelo desespero. Isso acontece por duas razões: ou porque o 
homem nunca está plenamente satisfeito com as possibilidades 
que realizou, ou porque não conseguiu realizar o que pretendia, 
esgotando os limites do possível e fracassando diante de suas 
expectativas. 
A relação do homem com Deus seria talvez a única via para a 
superação da angústia e do desespero. Contudo, é marcado pelo 
paradoxo de ter de compreender pela fé o que é incompreensível 
pela razão. 
O trabalho 
O termo trabalho vem do latim tripalium, que significa um 
instrumento de tortura feito de três paus. 
O trabalho é toda actividade no qual o ser humano utiliza sua 
energia física e psíquica para satisfazer suas necessidades ou para 
atingir um determinado fim. 
Por intermédio do trabalho, o homem acrescenta um “mundo 
novo” ( a cultura) ao mundo natural já existente. 
O trabalho é, portanto, elemento essencial da relação dialéctica 
entre o homem e a natureza, entre o saber e o fazer, entre a teoria 
e a prática. 
Nesse sentido, o trabalho é uma actividade tipicamente humana, 
porque implica a existência de um projecto mental que determina 
a conduta a ser desenvolvida para se alcançar um objectivo 
almejado. Pelo trabalho, o homem é capaz de expandir suas 
energias, desenvolver sua criatividade e realizar suas 
potencialidades; pelo trabalho o ser humano é capaz de moldar a 
natureza e, ao mesmo tempo, transformar a si próprio. Ou seja, 
trabalhando podemos transformar o mundo e a nós mesmos. 
Em seu aspecto social, isto é, como esforço conjunto dos 
membros de uma comunidade, o trabalho teria como objectivos 
últimos a manutenção da vida e o desenvolvimento da sociedade. 
Assim dentro da visão positiva, o trabalho poderia promover a 
realização do indivíduo, a edificação da cultura e a solidariedade 
entre os homens. 
 Introdução à Filosofia 27 
 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1- Qual é o conceito de pessoa segundo Severino Boécio? 
Resposta: Segundo Severino Boécio, a “Pessoa é uma substância 
individual de natureza racional”. 
2- Qual é a relação da Pessoa com outros e com a natureza, 
consigo mesmo, com Deus e com o trabalho? 
Resposta: A relação da pessoa com os outros e com a natureza é 
dominada pela angústia; a relação consigo mesma é marcada pela 
inquietação e desespero; com Deus é marcada pela superação da 
angústia e desespero. Porém, esta relação é marcada pelo paradoxo 
de ter de compreender pela fé o que é incompreensível pela razão e, 
pelo trabalho, o homem é capaz de expandir suas energias, 
desenvolver sua criatividade e realizar suas potencialidades; pelo 
trabalho o ser humano é capaz de moldar a natureza e, ao mesmo 
tempo, transformar a si próprio. Ou seja, trabalhando podemos 
transformar o mundo e a nós mesmos. 
 
 
 
 28 Unidade 
 
Unidade N0 05-A0010 
Tema: A consciência moral 
Introdução 
O homem é o único animal consciente de suas acções. A 
consciência é o conhecimento que acompanha as nossas 
vivências; é um conhecimento (das coisas e de si) e um 
conhecimento desse conhecimento (reflexão). 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 Explicar o conceito de consciência moral em diferentes perspectivas; 
 Conhecer os graus da consciência moral; 
 Diferenciar a ética da moral. 
Sumário 
A consciência pode ser definida na perspectiva psicológica, ético 
e moral, política e na da teoria de conhecimento. 
Na perspectiva psicológica, a consciência é um sentimento de 
nossa própria identidade: é o eu, um fluxo temporal de estados 
corporais e mentais, que retém o passado na memória, percebe o 
presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo 
pensamento. O eu é o centro ou a unidade de todos esses estados 
psíquicos. A consciência psicológica é formada por nossas 
vivências. 
Na perspectiva ético e moral, a consciência é a espontaneidade 
livre e racional, para escolher, deliberar, e agir conforme à 
liberdade aos direitos alheios e deveres. É a pessoa dotada de 
vontade livre e de responsabilidade. É a capacidade para 
compreender e interpretar sua situação e condição (física, mental, 
social, cultural, histórica), viver na companhia dos outros 
segundo as normas e os valores morais definidos por sua 
sociedade, agir tendo em vista fins escolhidos por deliberação e 
decisão, realizar as virtudes e, quando necessário, contrapôr-se e 
opôr-se aos valores estabelecidos em nome de outros, 
considerados mais adequados à liberdade e à responsabilidade. 
 Introdução à Filosofia 29 
 
Na perspectiva política, a consciência é o cidadão, isto é, tanto o 
indivíduo situado no tecido das relações sociais, como portador 
de direitos e deveres, relacionando-se com a esfera pública de 
poder e das leis, quando o membro de uma classe social, definido 
por sua situação e posição nessa classe, é portador e defensor de 
interesses específicos de seu grupo ou de sua classe, 
relacionando-se com a esfera pública do poder e das leis. 
Na perspectiva da teoria de conhecimento, a consciência é uma 
actividade sensível e intelectual dotada de poder de análise, 
síntese e representação. É o sujeito, que se reconhece como 
diferente dos objectos, cria e descobre significações, institui 
sentidos, elabora conceitos, idéias, juízos e teorias. É dotado de 
capacidade de conhecer à si mesmo no acto de conhecimento, ou 
seja, é capaz de reflexão. É saber de si e saber sobre o mundo, 
manifestando-se como sujeito que percebe, imagina, memoriza, 
fala e pensa. 
A consciência moral (pessoa) e a consciência política (o cidadão) 
formam-se pelas relações entre as vivências do eu e os valores e 
as instituições de sua sociedade ou de sociedade ou de sua 
cultura. São as maneiras pelas quais nos relacionamos com os 
outros por meio de comportamentos e práticas determinadas 
pelos códigos morais (que definem deveres, obrigações, 
virtudes), e políticos (que definem direitos, deveres e instituições 
colectivas públicas), a partir do modo como uma cultura e uma 
sociedade definem o bem e o mal, o justo e o injusto, o legítimo 
e o ilegítimo, o legal e o ilegal, o privado e o público. O eu é uma 
vivência e uma experiência que se realiza por comportamentos; a 
pessoa e o cidadão são consciência como agente (moral e 
político), como práxis. 
Em sua essência, a consciência é um vazio, um nada, um silêncio 
que nos possibilita sentire escutar, reflectir e querer. Nela 
ouvimos a voz do nosso ser. Na vida familiar, a consciência é 
considerada apenas uma vivência. 
Platão definiu a consciência como o “diálogo da alma consigo 
mesma”. A alma interroga a si mesma sobre que relação e 
compromisso tem ela com essa outra realidade, que se dá a 
conhecer no íntimo diálogo consigo mesma. 
 
Graus da consciência 
Distinguem-se três graus da consciência: 
1. Consciência passiva: aquela na qual temos uma vaga e 
uma confusa percepção de nós mesmos e do que se passa à nossa 
volta, como no devaneio, no momento que precede o sono ou o 
despertar, na anestesia, e sobretudo, quando somos muito criança 
ou muito idosos. 
 
2. Consciência vivida, mas não reflexiva: é nossa 
consciência afectiva, que tem a peculiaridade de ser egocêntrica, 
isto é, de perceber os outros e as coisas apenas a partir de nossos 
sentimentos com relação à elas, como por exemplo, a criança que 
 30 Unidade 
 
bate numa mesa ao tropeçar nela, julgando que a “mesa faz de 
propósito para machucá-lo”. Nesse grau de consciência não 
conseguimos superar o eu e o outro, o eu e as coisas. É típico por 
exemplo, das pessoas apaixonadas, para as quais o mundo existe 
a partir de seus sentimentos de amor, ódio, cólera, alegria, 
tristeza, etc. 
 
 
3. Consciência activa e reflexiva: aquela que reconhece a 
diferença entre interior e o exterior, entre si e os outros, entre si e 
as coisas. Esse grau de consciência é o que permite a existência da 
consciência em suas quatro modalidades, que são: o eu, a pessoa, 
o cidadão e o sujeito. 
 
 
Ética e moral 
A palavra ética vem do grego, ethos, que significa costume. É a 
ciência que tem por objecto o fim da vida humana e os meios 
para alcançá-los. Historicamente, a palavra ética foi aplicada à 
moral sob todas as suas formas, quer como ciência do 
comportamento efectivo dos homens, quer como arte de guiar o 
comportamento. Propriamente a ética deveria ocupar-se do bem 
como valor primário e ser assumido pela liberdade como guia das 
próprias escolhas. 
A palavra moral vem do latim, mores, que significa hábitos. 
Ética e moral, possuem com efeito, acepções muito próximas 
uma da outra; se o termo ética é de origem grega, e a moral, de 
origem latina, ambos remetem a conteúdos vizinhos, à ideia de 
costumes, de hábitos, de modos de agir determinados pelo uso. 
Portanto, a grande distinção entre ética e moral está no facto de 
que a primeira é mais teórica, pretende-se mais voltada à uma 
reflexão sobre os fundamentos que esta última. A ética se esforça 
por desconstruir as regras de conduta que forma a moral, os 
juízos do bem e do mal que se reúnem no seio desta última. 
A ética desígna uma “metamoral”, uma doutrina que se situa 
além da moral, uma teoria raciocinada sobre o bem e o mal, os 
valores e os juízos morais. 
Em suma, a ética desconstrói as regras de conduta, desfaz suas 
estruturas e desmonta sua edificação, para se esforçar em descer 
até os fundamentos ocultos da obrigação. Diversamente da moral, 
ela se pretende pois desconstrutora e fundadora, enunciadora dos 
prícipios ou de fundamentos últimos. 
 
 
 Introdução à Filosofia 31 
 
Exercícios 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
1- O que é a consciência na perspectiva Platónica? 
Resposta: Para Platão, a consciência é o diálogo da alma consigo 
mesma. A alma interroga a si mesma sobre que relação e 
compromisso ela tem com a outra realidade, que se dá a 
conhecer no íntimo diálogo consigo mesma. 
2- Indique os graus da consciência moral. 
Resposta: Os graus da consciência moral são: consciência 
passiva, consciência vivida, mas não reflectida e a consciência 
activa e reflexiva. 
 
 32 Unidade 
 
Unidade N0 06-A0010 
Tema: Aspectos da ética 
individual 
Introdução 
A pessoa humana em sua acção exige-se que seja responsável e 
livre de todas as suas escolhas e opções. Ao ser acusado e julgado 
pelo que assume de forma livre e responsável, exige-se que seja 
feita a justiça e sejam tomadas as sansões. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Conhecer e diferenciar os elementos da ética individual; 
 Conhecer os princípios da Justiça em John Rawls. 
 
Sumário 
A palavra liberdade, etimologicamente significa: isenção de 
qualquer coação ou negação de determinação para uma coisa. 
Pode-se entender como a faculdade de fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa. Ela tem sido entendida como a possibilidade de 
autodeterminação e de escolha, acto voluntário, espontaneidade, 
indeterminação, ausência de interferências, libertação de 
impedimentos, realização de necessidades, direcção prática para 
uma meta , ideal de maturidade, autonomia sapiencial ética, razão 
de ser da própria moralidade. 
A liberdade pode ser definida em dois sentidos imediatos: no 
nosso cotidiano e na linguagem filosófica. 
No nosso cotidiano, invocamos constantemente a palavra 
liberdade para reivindicar liberdade de opinião, de reunião, de 
livre circulação, considerando-se nesse sentido comum, a 
liberdade como ausência de constrangimentos externos; 
 Introdução à Filosofia 33 
 
Na linguagem filosófica, referimo-nos à liberdade em termos 
absolutos e, neste sentido, à um poder de agir independentemente 
de quaisquer obstâculos ou determinismos. Ora, as escolhas do 
ser humano exercem-se num campo onde há tendências e 
limitações de vária ordem (biológica, psicológica e sociológica), 
e apesar disso são livres porque conseguem superar 
racionalmente esses obstâculos que acabam por se transformar 
em força impulsionadora. 
 
Responsabilidade 
A palavra responsabilidade, deriva etimologicamente do latim 
respondere, que significa responder pelos próprios actos e ter a 
obrigação de prestar contas pelos actos praticados perante a nossa 
consciência e perante outras pessoas e a sociedade. 
A pessoa é moralmente responsável quando age livremente, isto 
é, na ausência de qualquer forma de constrangimento; quando se 
está plenamente consciente das intenções e das consequências de 
nossa acção, e quando, estando consciente da intenção, da acção 
e do seu efeito, se quer a sua realização. 
A responsabilidade pode assumir diferentes formas, que são: 
Responsabilidade civil: refere-se ao compromisso de ter de 
responder perante a autoridade social e a lei jurídica pelas 
consequências e implicações de nossos actos em relação à 
terceiros; 
Responsabilidade moral: refere-se à obrigação de responder 
perante nós mesmos, perante a nossa consciência, pela intenção 
dos nossos actos. 
O dever 
O dever pode ser entendido como um imperativo, isto é, como 
uma ordem a que o indivíduo se terá de submeter e que assume 
duas dimensões, que são as seguintes: 
Dimensão subjectiva: que traduz o sentimento de respeito devido 
à lei imposta pela consciência moral; 
Dimensão objectiva: que traduz uma obrigação de submissão e 
acatamento dessa lei. 
A Justiça 
As palavras hebraicas bíblicas que significam justiça (tzedek, 
tzedaká, mishpat) possuem muitas tonalidades de sentido (justiça, 
rectidão, bom comportamento, lealdade, integridade, etc). A 
palavra tzedaká veio a significar também bondade e, daí, 
caridade, sendo não raro discutível, por isso, a acepção em que os 
vários contextos bíblicos aplicam tais termos. 
Por justiça tem-se geralmente entendido a vontade firme e 
constante de reconhecer e atribuir o que é devido aos outros. 
Trata-se de uma virtude cardeal, a par da prudência, da fortaleza 
 34 Unidade 
 
e da temperança. E trata-se também de um ideal, situado no plano 
axiológico dos padrões que iluminam o espírito dos homens e 
dão sentido à vida na tradição clássica, a justiça acaba por 
confundir-se com o direito. Assim, a palavra grega “dikaion” 
tanto exprime a idéia de direito como a de justo, ou a de justiça. 
A justiça é comumente dividida em retributiva e distributiva. 
Justiça distributiva: aquela parte da justiça que se preocupa com 
a justa distribuição de benefícios e sofrimentosdentro de uma 
sociedade. Na medicina (“quem recebe o que por quê”) que 
afectam toda a sociedade, bem como as questões de 
racionamento, que afectam paciêntes em particular ou grupos de 
pacientes em particular. 
Justiça retributiva: parte da teoria da justiça que considera a 
punição sob as bases do mero merecimento em vez de sob as 
bases de detenção ou reabilitação, baseada na ideia da 
compensação por um dano; baseada na ideia de “olho por olho, 
dente por dente”. 
John Rawls em sua obra Teoria da Justiça (1971), apresenta dois 
princípios de justiça: 
O primeiro princípio exige a igualdade das distribuições dos 
direitos e dos deveres básicos. Cada pessoa, diz-nos Rawls, tem 
um direito igual ao conjunto mais extenso de liberdades 
fundamentais, iguais para todos. 
O segundo princípio põe que as desigualdades sócio-econômicas 
são justas se produzem, em compensação, vantagens para cada 
um, se beneficiam os indivíduos menos favorecidos. Não há 
nenhuma injustiça em um pequeno número obter vantagens 
superiores à média, sob a condição de que seja melhorada a 
situação dos desfavorecidos. 
Uma sociedade justa, de acordo com a nossa concepção, seria 
aquela onde as pessoas pudessem melhorar suas posições por 
meio de trabalho ( com oportunidades de trabalho disponíveis 
para todos), mas elas não aproveitariam posições superiores 
simplesmente porque nasceram com sorte. 
 Introdução à Filosofia 35 
 
Exercícios 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
 
1- Destaque os elementos da ética social. 
Resposta: Liberdade, responsabilidade, mérito, sansão, dever, 
justiça. 
2- Quando é que se diz uma pessoa agiu moralmente 
responsável? 
Resposta: Diz-se que uma pessoa agiu moralmente responsável 
quando age livremente, isto é, na ausência de qualquer forma de 
constrangimento; quando se está plenamente consciente das 
intenções e das consequências de nossa acção, e quando, estando 
consciente da intenção, da acção e do seu efeito, se quer a sua 
realização. 
3- Apresente os princípios de justiça em John Rawls. 
Resposta: Os princípios de justiça em John Rawls são: O primeiro 
princípio que exige a igualdade das distribuições dos direitos e 
dos deveres básicos e, o segundo princípio indica que as 
desigualdades sócio-econômicas são justas se produzem, em 
compensação, vantagens para cada um, se beneficiam os 
indivíduos menos favorecidos. 
 
 
 36 Unidade 
 
Unidade N0 07-A0010 
Tema: Acção Humana 
Introdução 
No contexto de uma Filosofia da Acção, o que se pretende é 
analisar a praxis humana, isto é, o modo como o ser humano 
actua enquanto tal, o que faz a diferença e a especificidade do seu 
comportamento. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Conhecer e diferenciar as palavras fazer e agir; 
 Conhecer e explicar os condicionantes da acção humana. 
Sumário 
Aristóteles, na ética e na Política, distinguia entre o fazer ou 
produzir (poiein) e o agir (praxein). Segundo ele: 
No fazer, a acção tem como finalidade dominar e organizar uma 
matéria exterior – produção técnica ou actividade centrada no 
objecto; 
No agir, a acção não tem como principal finalidade transformar 
uma matéria exterior, mas transformar o próprio agente, pois agir 
remete uma actividade centrada no sujeito ou no agente da acção. 
Apesar da diferença, o termo fazer continua ainda hoje a ser 
usado no domínio da actividade moral como sinónimo de agir, 
sendo por isso, que na linguagem cotidiana, se diz 
indiferentemente “fez bem” ou “agiu bem”. 
Contudo, para designar a actividade técnica, usamos o termo 
fazer e não dizemos que alguém “agiu uma casa ou um quadro 
ou um objecto de barro”. Nesse âmbito mantemo-nos à tradição 
aristotélica. 
 Introdução à Filosofia 37 
 
Agir é, pois, o termo usado para traduzir um determinado tipo de 
comportamento (intencional, consciente) e remete para uma rede 
de conceitos que aparecem interligados: agente, intenção e 
motivo. 
A acção reflecte um projecto, isto é, uma intenção do agente; 
supõe uma vontade, um querer e uma possibilidade de optar, isto 
é, de poder fazer ou poder não fazer algo; implica uma 
explicação ou justificação – um motivo ou razão de … 
Condicionantes da acção humana 
Contrariamente aos animais, sujeitos a um determinismo que os 
faz comportar-se de acordo com uma pré-programação biológica, 
o Homem é um ser com possibilidades de escolher e de decidir o 
que fazer de si mesmo e aberto em relação ao futuro. 
Na verdade, as suas características biológicas, as condições 
físicas de seu ambiente, as representações sociais, influênciam e 
condicionam a sua acção. O Homem toma-as como um conjunto 
de possibilidades e de alternativas que lhe são dadas para que, a 
partir delas, construa o seu ser e dê um sentido à própria vida. O 
ser humano possui um corpo, uma natureza biológica, que lhe dá 
um certo número de capacidades. 
As nossas características biológicas condicionam, naturalmente, a 
nossa acção, e é óbvio que os nossos hábitos e modos de agir 
dependem de aptidões que possuimos e que procuramos 
desenvolver e rentabilizar. 
As necessidades básicas ou primárias, tais como a necessidade 
de alimento, de água, de oxigênio e de repouso, determinam o 
próprio ritmo de nossas acções. 
Por outro lado, habitamos um determinado ambiente, um mundo 
de coisas e objectos materiais, recursos indispensáveis à nossa 
sobrevivência e a uma existência com qualidade. Os recursos e as 
matérias primas existentes numa determinada região, o clima e 
as outras condições ambientais, condicionam até hoje, o tipo de 
actividade produtiva, os costumes, as crença, os valores sociais, 
religiosos, estéticos, etc. 
O Homem, porém, vive inserido num meio sócio-cultural, que 
também condiciona o seu modo de agir e diversifica as formas de 
satisfação das suas necessidades básicas. Logo no acto de nascer, 
na maneira como se faz o parto, nos rituais que acompanham o 
nascimento, nas roupas com que se veste o bebé, começa a 
modelação sócio – cultural do ser humano. 
A cultura, que aprendemos a respeitar, permitindo-nos moldar a 
nossa natureza biológica e tornarmo-nos verdadeiramente 
homens é, pois, um factor indispensável à nossa construção como 
seres humanos – um factor de humanização. 
Assim, o Homem é capaz de crescer de forma humana, isto é, 
aprender a viver como vive o nosso grupo social; aprender a sua 
 38 Unidade 
 
linguagem e adoptar os seus costumes e formas padronizadas de 
comportamento social. 
O agente criador 
O ser humano, é o ser activo e criador, nasce inacabado e produz-
se a si próprio mercê da sua própria acção, a partir das 
características biológicas que recebe dos seus progenitores e da 
influência da cultura. 
O ser humano é, portanto, um agente criador: ao nível do fazer e 
através do trabalho, fabrica e produz artefactos e transforma a 
natureza. 
Ao nível do agir, nas suas acções intencionais: apropria-se e 
assume valores e normas socialmente estabelecidas; recria 
valores, através dos quais dá sentido à sua existência; constrói a 
sua própria natureza a partir de um conjunto de factores 
(biológicos e sócio-culturais), constituíndo-se como um ser que 
se inventa a si mesmo num processo criador sempre inacabado. 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1- Quem é o agente criador da cultura? 
Resposta: O agente criador da cultura é o ser humano em seus 
níveis do fazer e agir. 
2- Quais são as diferenças entre o fazer e o agir? 
Resposta: No fazer, a acção tem como finalidade dominar e 
organizar uma matéria exterior, como por exemplo uma produção 
técnica ou actividade centrada no objecto, enquanto que no agir, 
a acção tem como principal finalidade transformar o próprio 
agente, pois agir remete uma actividade centrada no sujeito ou no 
agente da acção. Por outro lado, o termo fazer é usado no 
domínio da actividade moral como sinónimo de agir, sendo por 
isso, que na linguagem cotidiana, se diz indiferentemente “fez 
bem” ou “agiu bem”.3- Mencione os condicionantes da acção humana. 
Resposta: Os condicionantes da acção humana são as 
características biológicas, as condições físicas de seu ambiente e 
as representações sociais. 
 
 
 
 
 Introdução à Filosofia 39 
 
 
 
 
 
 40 Unidade 
 
Unidade N0 08-A0010 
Tema: Valores. 
Introdução 
Na Sociedade em que nos encontramos somos impelidos a buscar 
o que é bom e o que não é bom. Diante disso, mesmo no nosso 
contexto cultural, buscamos o que é aceite e o que não é aceite 
pela colectividade humana. Aquilo que é aceite é chamado de 
valor e, o que não é aceite é um anti-valor. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 
 Explicar e caracterizar os valores; 
 Identificar a hierarquia dos valores. 
Sumário 
A nossa relação conosco, com a realidade e com os outros é 
mediada pela linguagem (no caso, conceptual), e a linguagem se 
serve de instrumentos lógicos para comunicar a nossa apreensão 
da realidade (ao formular juízos de facto); além de juízos de 
facto também fazemos juízos de preferência em que não nos 
limitamos a descrever a realidade, mas utilizamos valores com 
que predicamos essa mesma realidade (ao formular juízos de 
valor). 
Os juízos de facto se referem à ordem de ser e do real indicando 
os seus atributos, pois se referem a acontecimentos; 
Juízos de valor são apreciações subjectivas, implicam uma 
avaliação ou uma escolha, expressam a relação da consciência 
individual ou social com o que a realidade deve ser, e apontam 
para um horizonte de ordem ideal. 
A preocupação com os valores é tão antiga como a humanidade, 
mas só no século XIX, surge uma disciplina específica, a teoria 
dos valores ou axiologia (do grego axios, “valor”). A axiologia 
 Introdução à Filosofia 41 
 
não se preocupa com os seres, mas das relações que se 
estabelecem entre os seres e o sujeito que os aprecia. 
O conceito valor pode ter várias acepções. Com efeito: 
Um significado afectivo: ao significar o carácter das coisas que 
nos merecem estima; pode ter um significado moral ao ser 
atribuido por alguém a uma atitude: é o caso da coragem em 
frente ao perigo, da solidariedade ( o valor das acções da 
solidariedade social), da beleza de um gesto, do altruísmo e do 
egoísmo; e um significado técnico: por exemplo o valor de uma 
mercadoria ou o valor de uma incógnita. 
Os valores podem ter uma vertente subjectiva ou objectiva: 
Subjectiva: quando designam um padrão de comportamento a 
que alguém dá importância ou relevo (por exemplo, a 
honestidade, a parcimónia no uso dos prazeres, a preocupação 
com questões espirituais); 
Objectiva: quando designam padrões de comportamentos 
reconhecidos e adoptados por um grupo ou comunidade mais ou 
menos vasta (a moda de um abraço, uma determinada estação, a 
indumentária tradicional de uma região ou os valores de uma 
mercadoria). 
Características dos valores 
 
- A polaridade: visão positiva e negativa, ou seja, ausência de 
neutralidade perante os acontecimentos; 
- A hierarquização: organização dos valores em termos de mais 
importantes e menos importantes, o que permite depois, na acção, 
o estabelecimento de prioridades sem o que nenhum projecto é 
realizável; 
- A historicidade; 
 - A relactividade; 
 - A objectividade e subjectividade. 
 
 Hierarquia dos valores 
A hierarquia dos valores foi proposta pela primeira vez por Max 
Scheler, que forneceu cinco critérios para determinar a altura dos 
valores. A hierarquia dos valores proposta por Scheler é, no seu 
entender, objectiva, universal e eterna porque é constituida a 
priori pela sensibilidade. É constituida por quatro grupos 
fundamentais de valores: 
- Valores do agradável e do desagradável, correspondentes à 
função do gozo e do sofrimento; 
- Valores vitais (como saúde, a doença, etc.); 
- Valores espirituais, isto é, estéticos e cognitivos; 
- Valores religiosos. 
São critérios os cinco seguintes: 
 42 Unidade 
 
1º Os valores são tanto mais altos quanto maior for a duração, 
qualquer que seja aliás a duração do seu suporte real. Max 
Scheler, por exemplo, na peugada de Santo Agostinho, distingue 
entre tempo e duração. O amor, por exemplo, é sempre sentido 
como eterno. Amar por uma noite não é amar, mas fazer amor. E 
dizer: “amar-te-ei eternamente” seria um pleonasmo. 
2º Os valores são tanto mais altos quanto menos divisíveis forem. 
Diz-se bens materiais exactamente porque são divisíveis. E se no 
fundo da escala dos bens materiais colocarmos os bens 
económicos este serão os mais divisíveis que todos. Os bens 
espirituais são indivisíveis. Conclusão, os valores espirituais são 
mais altos, são superiores aos valores materiais. 
3º O valor que serve de fundamento a outros é mais alto que os 
valores que se fundam nele. Segundo Max Scheler, o valor do 
“útil” funda-se na valor do “agradável”. O agradável, por seu 
turno, funda-se sobre um valor vital, como a saúde, etc. 
Nas suas grandes linhas, os valores religiosos servem de 
fundamento aos valores espirituais, estes aos valores vitais e estes 
aos valores do agradável e do desagradável. 
4º Os valores são tanto mais altos quanto maior é a satisfação 
que a sua realização produz em nós. Max Scheler quando fala 
em “satisfação” está a pensar em satisfação duradoira. Um prazer 
duradoiro (os do espirito) é sempre um valor mais alto que um 
prazer transitório (porque sensível, ligado ao corpo). 
5º Um valor é tanto mais alto quanto menos relativo for. Por 
exemplo, os valores morais são mais altos que os valores vitais e 
estes mais altos que o simples agradável ou desagradável. 
Para Johannes Hessen, na sua obra Filosofia dos valores, nos 
seria de guia até aqui, qualquer escala de valores a construir 
deverá obedecer a três princípios gerais: 
1º Os valores espirituais prevalecem sobre os sensíveis; 
2º Na classe dos valores espirituais é fora de dúvida que o 
primado pertence aos valores éticos; 
3º Os mais altos de todos os valores são os valores do “sagrado” 
ou os valores religiosos porquanto todos os outros se fundam 
neles. 
 Introdução à Filosofia 43 
 
Exercícios 
 
Auto-avaliação 
 
 
1- Explique qual o significado afectivo e moral do termo valor. 
Resposta: Significado afectivo é o carácter das coisas que nos 
merecem estima; e o significado moral trata-se de uma atitude 
diante de uma situação: é o caso da coragem em frente ao perigo, 
da solidariedade ( o valor das acções da solidariedade social), da 
beleza de um gesto, do altruísmo e do egoísmo; e um significado 
técnico: por exemplo o valor de uma mercadoria ou o valor de 
uma incógnita. 
 
2- Quais são as caracteristicas dos valores? 
 
Resposta: Os valores são caracterisados pela sua polaridade, 
hierarquização, historicidade, relactividade, objectividade e 
subjectividade. 
3- Qual é a proposta da hierarquia dos valores apresentada por 
Max Scheler? 
Resposta: A hierarquia dos valores proposta por Scheler é, no seu 
entender, objectiva, universal e eterna porque é constituida a 
priori pela sensibilidade e, é constituida por quatro grupos 
fundamentais de valores que são: valores do agradável e do 
desagradável, correspondentes à função do gozo e do sofrimento; 
valores vitais (como saúde, a doença, etc.); valores espirituais, 
isto é, estéticos e cognitivos e, valores religiosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 44 Unidade 
 
Unidade N0 09-A0010 
 
Tema: Aspectos da Bioética 
Introdução 
A palavra “bioética” nasceu na América e se transformou 
profundamente, passando para o vocabulário corrente. Inventada 
nos Estados Unidos por R. Potter, a bioética designa, neste 
último, um projecto de utilização das ciências biológicas 
destinadas a melhorar a qualidade de vida. Na nossa linguagem, a 
palavra “bioética” se inscreve desde o início dos anos oitenta, em 
virtude dos progressos da biologia. Originalmente, a bioética se 
insere num plano com perspectiva pragmática e técnica, bem 
mais que um sistema reflectido

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